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CONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE IPÊ ( 1 )

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CONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE IPÊ (

1

)

JOCELY ANDREUCCETTI MAEDA, Seção de Sementes, e LUIZ ANTONIO FERRAZ MATTHES,

Seção de Floricultura e Plantas Ornamentais, Instituto Agronômico.

(1) Trabalho apresentado no I I I Congresso da Sociedade Brasileira de Floricultura e Plantas Ornamentais, realizado em Salvador (BA), de 28 de j u n h o a 3 de julho de 1982 Recebido para publicação a 9 de j u n h o de 1982.

RESUMO

Sementes de algumas espécies de ipê foram submetidas a diferentes temperaturas de armazenamento, determinando-se a sua porcentagem de germinação a cada quarenta dias, por um período de trinta meses. Nas condições fornecidas de 10 °C, 20 °C e 30 °C em embalagem hermeticamente fechada, e em saco de papel, a condições ambientes foram avaliadas as seguintes espécies :Tabebuia avellanedae var. paulensis Tol., Tabebuia chrysotricha (Mart. ex-DC.) Standley, Tabebuia impetiginosa (Mart.) Standley, Tabe-buia rosea (Bertol.) DC. e TabeTabe-buia heptaphylla (Veil.) Tol. Dentre as condições de armazenamento, o tratamento a 10 °C em vidro hermético foi o que manteve a viabilidade da semente por maior tempo, sendo 20 °C também em vidro hermético o segundo melhor resultado. A germinação das sementes armazenadas em saco de papel a temperatura ambiente foi melhor do que a das que foram armazenadas em vidro hermético a 30 °C, sendo esta a pior con-dição de armazenagem. A comparação entre as espécies mostrou que Tabebuia heptaphylla, apresenta, além de sementes de maior longevidade, maior resistência às condições adversas de arma-zenamento.

1. INTRODUÇÃO

Os ipês p e r t e n c e m a o gênero Tabebuia (Bignoniaceae) que c o m p r e e n d e cerca de c e m espécies e t e m a m p l a distribuição, desde o

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México e Antilhas até o Norte da Argentina (10). Além de fornecerem boa madeira, são árvores muito ornamentais (3, 5), principalmente devi-do à profusão de suas flores de diferentes matizes.

Seu cultivo, no Estado de São Paulo, tem aumentado nos últimos anos, sendo empregado na arborização de ruas e parques. Suas espécies podem ser agrupadas, de acordo com a cor da flor que produzem, em: amarela, roxa e branca. Das mais cultivadas, as que produzem flores amarelas são: Tabebuia chrysotricha, T. ochracea, T. alba e T. vellosoi; flores roxas: T. impetiginosa, T. avellanedae e T. rosea; flores brancas: T. roseo-alba, todas espécies nativas, exceto T. rosea, que foi introduzida da América Central (2, 4, 9).

A época do florescimento de uma espécie florestal depende muito das condições climáticas, do solo e, especialmente, do vigor de cada indivíduo. Algumas árvores começam a florescer alguns ou muitos anos antes de produzirem sementes. Neste caso, ou a maturação fisio-lógica da árvore é retardada ou a inflorescência é precoce (6). Em nosso clima de chuvas e temperaturas instáveis, é difícil determinar a época do florescimento e da frutificação das árvores. Esse fato, aliado à matu-ração desuniforme das sementes até na mesma árvore, além da dispersão que se dá através dos ventos, dificulta seriamente a coleta das sementes. Além disso, outros fatores contribuem para minimizar a inicia-ção de sua cultura. Assim, em "Notas sobre semillas forestales" (7), foi salientado o baixo poder germinativo de sementes de Tabebuia pentaphylla, assim como a curta longevidade de suas sementes, que, se não diminuídas de 25% em seu conteúdo higrocópico em relação à semente fresca, perdem sua viabilidade em poucas semanas. Também PASZTOR (8) inclui o ipê entre as espécies de sementes que rapidamente perdem sua viabilidade.

Dessa maneira, na tentativa de determinar a melhor condição de armazenamento para cada espécie, estudou-se o efeito de diferentes temperaturas de conservação sobre as sementes de algumas espécies de ipê.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Sementes d e : Tabebuia avellanedae var. paulensis Tol., Tabebuia chrysotricha (Mart, ex DC.) Standley, Tabebuia impetiginosa (Mart ) Standley, Tabebuia rosea (Bertol.) DC. e Tabebuia heptaphylla (Veil.) Tol. foram colhidas manualmente durante o período setembro-dezembro de 1976, em três diferentes localidades paulistas (Campinas, Valinhos e Paulínia) e em mais de um indivíduo por espécie. Tais sementes foram perfeitamente homogeneizadas para constituir uma amostra por espécie

O processo de conservação foi iniciado imediatamente após a sua colheita, e como as amostras de sementes de cada espécie foram

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obtidas e m diferentes épocas, todos os testes iniciais e os subseqüentes n ã o f o r a m efetuados ao m e s m o t e m p o .

Após secagem n a t u r a l , até alcançar a p r o x i m a d a m e n t e 8% de u m i d a d e , foi realizado o p r i m e i r o teste de g e r m i n a ç ã o , o peso de mil sementes e a d e t e r m i n a ç ã o do seu teor de u m i d a d e .

As a m o s t r a s de sementes p o r espécie f o r a m subdivididas em q u a t r o s u b a m o s t r a s , e n c a m i n h a d a s p a r a as seguintes condições:

10 °C — em vidro h e r m é t i c o ; 20°C — em vidro h e r m é t i c o ; 3 0 ° C — em vidro h e r m é t i c o ;

Condições a m b i e n t e s — em saco de papel.

A c a d a q u a r e n t a dias foi r e t i r a d a u m a a m o s t r a g e m por trata-m e n t o e realizado o teste de gertrata-minação, até findar a viabilidade do p r o d u t o ( 0 ¾ de g e r m i n a ç ã o ) , ou até t e r m i n a r e m as sementes.

O t e s t e de g e r m i n a ç ã o foi efetuado e m g e r m i n a d o r de sementes com t e m p e r a t u r a a l t e r n a d a de 20-30 °C, e m s u b s t r a t o de papel especial para a germinação, sendo a p r i m e i r a contagem realizada aos sete dias após a s e m e a d u r a e a final, aos catorze dias ( 1 ) .

A d e t e r m i n a ç ã o do peso de mil sementes foi realizada com oito repetições, procedendo-se conforme as Regras p a r a Análise de Sementes (in 1).

O t e o r de u m i d a d e foi d e t e r m i n a d o com duas repetições de 10 g r a m a s de sementes em estufa elétrica de d e s i d r a t a ç ã o , em tempe-r a t u tempe-r a de 105 ± 3 °C p o tempe-r 24 h o tempe-r a s , sendo a p o tempe-r c e n t a g e m de u m i d a d e d e t e r m i n a d a com b a s e n o peso ú m i d o ( 1 ) .

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

No q u a d r o 1, observa-se que Tabebuia impetiginosa se caracte-riza p o r a p r e s e n t a r sementes mais p e s a d a s , e n q u a n t o Tabebuia chryso-tricha a p r e s e n t a sementes mais leves. Q u a n t o ao t e o r de u m i d a d e inicial das sementes n ã o houve g r a n d e s diferenças entre as espécies estudadas e, p o r conseqüência, esse fator n ã o contribuiu p a r a a d e t e r i o r a ç ã o m a i s r á p i d a de a l g u m a espécie devido ao excesso de u m i d a d e .

Analisando o c o m p o r t a m e n t o da Tabebuia avellanedae var. paulensis d u r a n t e o a r m a z e n a m e n t o — Figura 1 — pode-se n o t a r que a m e l h o r condição de a r m a z e n a m e n t o foi a 10 °C e que o p o d e r germina-tivo das s e m e n t e s se m a n t e v e quase inalterado a t é , o 20.° teste, ou seja, após 760 dias de conservação.

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Quando a 20 °C, a deterioração iniciou-se por ocasião do 7.° teste, aos 240 dias, e em condições ambientes, notou-se diminuição da porcentagem de germinação após 40 dias de tratamento, sendo que após 200 dias as sementes já estavam totalmente inviáveis.

Em relação a Tabebuia chrysotricha — Figura 2 — observa-se que a deterioração da semente armazenada a 10 °C só teve início após 760.dias (20.° teste). A 20 °C, após 400 dias (11.° teste), nota-se dimi-nuição rápida da porcentagem de germinação das sementes e, em condi-ções ambientes, depois de 120 dias (4.° teste).

Por ocasião do armazenamento, as sementes de Tabebuia impe-tiginosa — Figura 3 — que apresentavam cerca de 60% de germinação inicial, tiveram este valor praticamente mantido durante todo o tempo de conservação a lOT^C, o que não aconteceu quando armazenada a 20 °C, pois aos 240 dias (7.° teste), não havia mais sementes viáveis. Em condições ambientes, elas se mostraram totalmente inviáveis a partir de 160 dias (5.° teste).

Nas sementes de Tabebuia rosea, a baixa germinação inicial foi mantida por todo o tempo do experimento quando a 10 °C — Figura 4. Também a 20 °C houve razoável conservação da germinação por até

16 meses, enquanto em condições ambientes perdeu-se 71,5% da viabi-lidade com quarenta dias de conservação.

Quanto a Tabebuia heptaphylla — Figura 5 — somente após 760 dias (20.° teste) notou-se queda de,germinação, quando as sementes foram conservadas a 10 °C. A 20 °C, por ocasião do 9.° teste (320 dias), iniciou-se sua rápida deterioração. Em condições ambientes e a 30 °C, 50% do poder germinativo já se havia perdido aos 160 dias de conser-vação. A partir daí, foi marcante a deterioração das sementes em vidro hermético, quando a 30 °C.

O tipo de acondicionamento não hermético, como é o caso do saco de papel, possibilita trocas gasosas da semente com o meio ambiente, retardando, portanto, a deterioração do material. O efeito da conservação em ambiente hermético foi agravado quando, aliado a alta temperatura, como no caso de 30 °C.

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4. CONCLUSÕES

As espécies d e ipê aqui e s t u d a d a s a p r e s e n t a r a m sementes de curta longevidade, e m especial q u a n d o e m b a l a d a s em vidro h e r m é t i c o à t e m p e r a t u r a c o n s t a n t e de 30 °C.

A espécie q u e apresentou sementes de m a i o r poder germinativo ant?s do a r m a z e n a m e n t o foi a Tabebuia chrysotricha ( 8 6 % ) , ao p a s s o que a Tabebuia rosea m o s t r o u sementes de m e n o r qualidade inicial (28¾ de g e r m i n a ç ã o ) .

Ao c o m p a r a r o c o m p o r t a m e n t o d a s sementes sob a m e l h o r cocdição de a r m a z e n a m e n t o ( 1 0 ° C em v i d r o h e r m é t i c o ) , Tabebuia impetiginosa m o s t r o u m a i o r tempo de viabilidade, com apenas 14% de queda de g e r m i n a ç ã o após 880 dias de a r m a z e n a m e n t o

E m r e l a ç ã o à pior condição de a r m a z e n a m e n t o a que foram sujeitas as s e m e n t e s (30 °C em vidro h e r m é t i c o ) , Tabebuia heptaphylla m o s t r o u m e l h o r e s condições de sobrevivência, c o m 5 3 % de g e r m i n a ç ã o após q u a t r o m e s e s d e conservação. Além de a p r e s e n t a r m a i o r longevi-dade q u a n d o c o m p a r a d a às outras espécies e s t u d a d a s , t a m b é m resistiu melhor às condições não ideais de a r m a z e n a m e n t o .

SUMMARY

CONSERVATION OF "IPÊ" SEEDS

Seeds of some species of "ipê" were stored at different temperatures and the germination percentage was determined at forty-day intervals during thirthy months. Seeds were subjected to the following conditions: storage in sealed flasks at 10 °C, 20 °C and 30 °C, and in paper hags at room temperature. The following species were evaluated: Tabebuia avellanedae var. paulensis To)., Tabe-buia chrysotricha (Mart, ex DC.) Standley, TabeTabe-buia impetiginosa (Mart.) Standley, Tabebuia rosea (Bertol.) DC. e Tabebuia heptaphylla (Veil.) Tol. Among the treatments studied, storing seeds in sealed flasks at 10 °C maintained seed viability for the longest period of time. The second best result was obtained when seeds were kept in sealed flasks at 20 °C. The germination of seeds stored in paper bags at room temperature was higher than that of seeds kept in sealed flasks at 30 °C which was the least favorable condition for seed storage. Among the species compared Tabebuia heptaphylla showed the highest longevity but also resisted better the adverse storage conditions.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 BRASIL. Ministério da Agricultura. Divisão de Sementes e Mudas.Regras para análise de sementes. Brasília, 1976. 120p.

2. BUREAU, E. & SCHUMANN, C. Bignoniaceae in Martius. In: MARTIUS, C. S. P. von; EICHLER, A. C ; URBAN, I., eds. Flora Brasiliensis. Muni-que, Typographia Regia, 1896-1897. v.8, part. 2. , 451p.

3. FALANDO de ipês, jóias da flora do Brasil: ipê preto e ipê amarelo. Cháca-ras e Quintais, São Paulo, 63(5):590-592, 1941.

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4. GENTRY, A. H . A revision of Tabebuia (Bignoniaceae) in Central America. Britonia, 22:246-264, 1970.

5 . HERINGER, E . P . Bignoniaceas de valor o r n a m e n t a l e algumas raras de Minas Gerais, Brasil. Lisboa, Coimbra Editora, 1956. Separata do

Boletim da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais, 6, 2.a série: 220-226,

1956.

6. KOSCINSKI, M . E . Quando floresce o ipê. Chácaras e Quintais, São Paulo,

79(5):579-580, 1949.

7. NOTAS sobre semillas forestales. I . Zonas á r i d a s . I I . Zonas tropicales húmedas. Roma, Organización de las Naciones Unidas p a r a la Agricultura y la Alimentación, 1956. p a r t e 2, p.346-7. (Colección FAO: cuaderno de fomento florestal, 5)

8. PASZTOR, Y. P . de C. A conservação de sementes florestais. In: SEMI-NÁRIO PAN-AMERICANO DE SEMENTES, 4., Rio de Janeiro, 1963. Anais p . 156-157.

9. TOLEDO, J. F . Notulae de aliquot plant's brasiliensibus novis vel minus cognitis. Arquivos de Botânica do Estado de São Paulo, São Paulo, 3(1):

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10. WILLIS, J. C. A dictionary of the flowering plants and ferns. Rev. por SHAW, H. K. A. 8ed. Cambridge, University Press, 1973. 1103p. 11. ZIKAN, W. C. Quando os ipês florescem — pro-reflorestamento. Chácaras

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