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VARIAÇÃO TEMPORAL DAS CONDIÇÕES FÍSICAS E QUÍMICAS DE UM LATOSSOLO SOB DIFERENTES MATERIAIS ORGÂNICOS

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Academic year: 2021

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VARIAÇÃO TEMPORAL DAS CONDIÇÕES FÍSICAS E QUÍMICAS DE

UM LATOSSOLO SOB DIFERENTES MATERIAIS ORGÂNICOS

Marcos Pires de Almeida; Lorenna Melissa Ferreira

Escola Técnica Estadual de Educação Profissional e Tecnológica De Rondonópolis – Secitec Mt

marcosceprotec@yahoo.com.br; lorenna.ferreira@outlook.com.br

Introdução: Compreender a caracterização dos solos é considerado como bastante complexo, tanto devido aos fatores que determinam a composição (a fase mineral, a matéria orgânica, a solução do solo e a sua atmosfera) como as interações dos solos com o ambiente (o clima ao longo do ano) e com os seres vivos (as plantas, os microorganismos e a mesofauna). Como são muitos os fatores, são poucos os estudos que descrevam e avaliem estas interações, seja de forma mais imediata por coletas de solos locais quanto de estudos de médio ou longo prazo. Especificamente em solos latossólicos, que predominam em solos tropicais, as interações são mais intensas e variáveis tanto ao longo do ano (as estações, com períodos bem delimitados de chuva e seca), quanto ao longo dos anos (com grande produção de matéria orgânica nos solos, mas também alta decomposição). Dessa forma, também aumentam as interações com as raízes das plantas, com microorganismos decompositores do solo, e com a mesofauna (principalmente minhocas, cupins e formigas). A compreensão e visualização dessas interações complexas são difíceis por alunos de cursos técnicos. Mas essas interações devem ser plenamente compreendidas, pois são necessárias no sentido que a fertilidade dos solos não se dá apenas pela aplicação de calcário e de adubação, mas também das interações no solo (física e química), com as raízes das plantas e outros seres vivos. Objetivo: Avaliar a evolução das características de um Latossolo Vermelho-amarelo após quatro anos de coberturas de materiais orgânicos: palhada de braquiária, restos de poda de baru, palhada de coqueiro, restos de papelão e solo limpo sem cobertura. Especificamente, com relação ao solo, estudar a decomposição dos materiais orgânicos durante o período de estudo, avaliando a evolução da característica física estrutura do latossolo nos primeiros 10 centímetros, bem como descrever a evolução da meso-fauna (formigas, cupins e minhocas) na superfície e na subsuperfície (primeiros 5 centímetros) do latossolo. Também há possibilidade de desenvolver a capacidade de avaliação do solo pelos alunos do curso Técnico em Agricultura, em relação a dinâmica de decomposição de diversos materiais orgânicos. Métodos: A área que recebeu os tratamentos está localizada aos fundos da Escola Técnica de Rondonópolis. É um solo classificado como Latossolo Vermelho-amarelo distrófico, sendo que originalmente

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estava com a presença de braquiária (Bachiaria brizantha, sin. Urochloa brizantha) e a cada 10 metros com a árvore chuva-de-ouro (Cassia sp). Durante os quatro anos de avaliação não foi realizado nenhum procedimento como plantios, adubação, calagem, capinas, trabalhos mecanizados (gradagem e subsolagem), ou semelhante interferência que alterasse as condições das características originais do solo. A área pode ser caracterizada como de pousio durante o período avaliado. A área total avaliada possui as dimensões de 5 x 15 metros, sendo que cada diferente material orgânico foi colocado em área de 1 x 2 metros, sem repetições. Dessa forma não foram realizadas análises estatísticas, sendo que cada tratamento avaliado como Unidades Demonstrativas (UD) e direcionado ao ensino e aprendizagem de alunos do curso Técnico em Agricultura. Cada UD, originalmente ocupada por braquiária, recebeu diretamente em sua superfície quantidades variadas dos seguintes materiais em quatro anos: UD-1: área mantida limpa, capinada e exposta às condições externas do clima local. UD-2: cobertura morta de folhas de coqueiro (Cocos nucifera), uma única camada com 10 centímetros de altura. UD-3: restos de podas de baru (Dipteryx alata), com folhas e com galhos de no máximo 10 centímetros de diâmetro. A primeira camada foi há quatro anos com 40 centímetros de altura, e uma segunda camada há dois anos com 30 centímetros. UD-4: cobertura morta de palhada de braquiária (Bachiaria brizantha, sin. Urochloa brizantha). Durante os quatro anos de avaliação, a cada ano foram depositadas camadas com 40 centímetros de altura. Assim foram totalizadas quatro deposições de palhada nesta UD. UD-5: cobertura com papelão rasgado, pedaços grandes com cerca de 20 a 30 centímetros. Foi colocada uma única camada com 10 cm de altura. Durante os quatro anos, foram avaliados a evolução da característica física da estruturação da camada superficial do solo e também dos primeiros 10 centímetros. Foram avaliados também no período a evolução da presença da mesofauna local (formigas, cupins e minhocas). A caracterização final após os quatro anos das características da química do solo (matéria orgânica, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e alumínio) foi através da coleta, com enxadão, de 20 centímetros de cinco subamostras de solo em baixo de cada resto de material orgânico ainda não decomposto. Das misturas das cinco subamostras é retirada 500 gramas, caracterizando uma amostra completa de cada unidade demonstrativa, e cada amostra completa enviada ao laboratório de solos, sendo que os testes ainda estão em avaliação e com posterior discussão. Durante os quatro anos, a evolução das características físicas e da colonização pela mesofauna e também por raízes da árvore chuva-de-ouro foram avaliadas pelo professor e usadas em aulas práticas de diversas turmas dos alunos dos cursos técnicos em Meio Ambiente e de Agricultura. No presente momento a avaliação se dá pelos alunos do curso Técnico em Agricultura, período vespertino, incluindo

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as análises químicas. As avaliações e anotações pelos alunos variaram de acordo com o progresso das aulas com o professor. As avaliações pelo professor, independente da presença dos alunos, foram caracterizadas a cada 15 dias, aproximadamente. Os acréscimos de material (palhas e restos orgânicos) em cada UD, sempre no mês de outubro, logo quando do início de cada período de chuvas. Resultados e Discussão: Na Unidade Demonstrativa (UD) em que se manteve o solo limpo e capinado (UD-1), sem nenhum tipo de material orgânico e sem colonização de plantas, teve-se como objetivo avaliar a caracterização do Latossolo Vermelho-amarelo em suas características mais evidentes em cor e estruturação. Deve-se considerar que em solos latossólicos predominam argilas cauliníticas, com baixo poder de agregação ou estruturação. Tais argilas possuem baixa superfície específica e, consequentemente, baixo poder natural de agregação e com poça presença de micro e de macroporos. Assim, baixo poder de infiltração de água e colonização por raízes e mesofauna (principalmente insetos e minhocas). Nesses solos, a principal substancia com poder estruturante é a matéria orgânica. Assim, na UD-1 observou-se nos quatro anos que a cor do solo tende a manter um matiz mais claro, com pouquíssimo poder de infiltração de água. Como as águas das chuvas tendiam a escorrer, observou-se a manutenção de uma crosta superficial e permanente com cerca de 5 mm de profundidade (estrutura laminar). Durante todo o período não houve colonização pela mesofauna (cupins, formigas e minhocas), havendo poucas raízes das árvores locais. Nas UDs em que foram colocados materiais orgânicos, observou-se que houve a morte das touceiras de braquiária, tanto pela cobertura morta que impediu o crescimento das gemas apicais sem receber luz solar, como também da fermentação das brotações que houve no período. Especificamente na UD-2 (palhada de coqueiro), observou-se pouca atividade microbiana de decomposição, a qual foi muito lenta. A evolução da estruturação da superfície do solo foi pouco efetiva, pela decomposição lenta do material, com pouca presença de macroporos e menor infiltração de água. Houve muito pouca presença de cupins e nenhuma presença detectada de formigas ou minhocas. A presença de raízes das árvores foi atribuída a cobertura morta e menor temperatura da superfície. Restos de folhas de coqueiro, ou palmeiras em geral, apresentam pouco poder agregante devido a elevada relação C/N, o que dificulta a decomposição microbiana. Também deve ser considerado que normalmente as palmeiras (Palmae) mobilizam muito silício para sua constituição orgânica, dificultando a decomposição dos seus restos orgânicos. Na UD-3 (poda de baru), observa-se intensa atividade de decomposição, havendo muita presença de fungos por micélios brancos decompondo folhas e diversas espécies de “orelhas-de-pau” (espécies não identificadas) colonizando os galhos. Também identificado cupim

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(possivelmente uma espécie de Anoplotermes sp), nos primeiros dois anos colonizando a madeira e há dois anos iniciando a construção do cupinzeiro na superfície, a qual atualmente está com cerca de 30 cm de altura e 40 cm de diâmetro. A estruturação da camada superficial do solo apresenta-se com grande presença de macroporos, muito alta infiltração e retenção de água e intenso enraizamento das árvores vizinhas. Avalia-se a presença de intensa decomposição das folhas de baru pela baixa relação C/N. A continuidade da presença dos restos de galhos com 10 cm de diâmetro ainda sendo decompostos por micélios fungos é pela pouca exposição às condições do meio ambiente, sendo melhor visíveis os corpos de frutificação (“orelhas-de-pau”). Pela proteção às condições externas, a colonização inicial se deu por cupins. Na UD-4 (palhada de braquiária) houve muito intensa decomposição por microorganismos. O motivo de nos quatro anos de avaliação ter sido colocado quatro vezes camadas com 40 cm de altura, uma vez a cada ano e sem revirar, deve ser avaliado com a observação de que sempre foi o material mais intensamente decomposto. Há um ano não foi mais colocado o material, observando-se que na superfície não se encontra mais palhada sendo decomposta, mas apenas a superfície do solo está visível. Atualmente apenas sendo observado o solo desnudo, mas no entanto ainda se observa o alto poder estruturante da matéria orgânica, com desenvolvimento de cores mais escuras, presença de macroporos e boa infiltração de água. Como não foi mais reposta a cobertura de solo há um ano, atualmente a camada superficial desenvolve uma cor mais clara em relação a UD-3, em que os galhos de baru continuam a cobrir o solo. Em relação a decomposição do material palhoso desta UD-4, visualmente foi observado apenas a presença de micélios de fungos. A presença de cupins era rara, mas houve intensa colonização por minhocas nos três primeiros anos. Atualmente, como não houve reposição de palhada, diminuiu a presença de minhocas mas iniciou a colonização por cupins, porém com ausência de cupinzeiro. Palhadas de braquiária são utilizadas na agricultura, sistema de plantio direto, porque formam uma camada de fácil desenvolvimento de fungos e bactérias devido a melhor aeração natural. Assim há intensa decomposição e desenvolvimento acelerado da estruturação da superfície do solo. Assim, nesta UD-4 houve a necessidade de reposições frequentes e intensas do material palhoso. O solo melhor estruturado levou a intensa colonização por minhocas e ao desenvolvimento melhor das raízes das árvores locais, sendo visível nos primeiros 5 cm uma verdadeira teia de raízes finas. Mesmo sem a reposição de palhada, ainda há visualmente uma estrutura grumosa na superfície, resistindo ao impacto das chuvas do período. Na UD-5 (cobertura com papelão rasgado) houve pouca atividade microbiana visível. A presença de micélios de fungos deu-se mais intensamente no primeiro ano, no primeiro centímetro da camada de papelão, onde

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houve umedecimento pelas águas das chuvas. Como houve um emplastramento das camadas de papelão, com difícil infiltração de água, a camada superficial do solo apresentou-se sempre menos úmida em comparação às outras UDs com cobertura. Dessa forma, as camadas de papelão foram colonizadas por colônias de formigas (espécie não identificada) que impediram a colonização por cupins. Somente agora, após quatro anos, com a decomposição mais avançada da camada de papelão, é que se nota a mudança da colonização por insetos: poucas colônias de formigas, e o local sendo colonizado por cupins. Atualmente observa-se uma camada ainda em decomposição com cerca de 3 cm de papelão. Mas não é visível o desenvolvimento de estruturação do solo, com cor menos expressiva da matéria orgânica decomposta. Há pouco enraizamento e sem minhocas visíveis. Atribui-se a colonização principalmente por formigas embaixo do papelão por condições de proteção às variações de umidade e temperatura do ambiente superficial. Como houve colônias de formigas, houve poucas colônias de cupins devido à competição pelo ambiente local. Também avalia-se como pouco intensa a decomposição pelo selamento das camadas de papelão, dificultando a entrada de ar atmosférico para a camada superficial do solo. Concomitante, houve pouca observação de raízes e ausência de minhocas. Atualmente as Unidades Demonstrativas como um todo estão em fase de coleta de solo e a análise química ainda aguardando resultados. As análises observadas serão a matéria orgânica, o quanto houve em possível acréscimo em relação a quatro anos e comparando ao solo limpo, e também as variações quanto à disponibilidade da solubilização de potássio advindo da palhada e da matéria orgânica (húmus) obtido pelas fermentações microbianas. As variações quanto ao fósforo, cálcio e magnésio serão avaliados tanto pela solubilização das palhadas, mas principalmente pelas possíveis melhoras de desenvolvimento das relações da matéria orgânica com o solo. Conclusões: Os restos de palhada de braquiária promoveram a decomposição mais intensa, seguida de folhas e galhos de baru. Papelão rasgado e folhas de coqueiro, decomposição mais lenta e ainda com material não decomposto. Nos 10 cm superficiais, houve melhor estruturação do solo com folhas de braquiária e de baru. Pouco desenvolvimento de estrutura em cobertura de papelão e de folhas de coqueiro. Em solo descoberto houve encrostamento superficial. Em relação a evolução da mesofauna, houve colonização por minhocas e cupins em folhas de braquiária, intensamente por cupins em folhas de baru e de coqueiro, e intensamente por formigas em papelão. Em solo limpo, pouca presença visível de colonização continuada. Quanto ao desenvolvimento da capacidade avaliativa dos alunos, nota-se a melhor compreensão da evolução das relações no solo local ao longo do ano, período mais chuvoso até o período de seca.

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Palavras-chave: Latossolo Vermelho-amarelo; húmus; decomposição; atividade microbiana; mesofauna do solo.

Imagens:

Figura 1. Latossolo vermelho-amarelo sem cobertura morta.

Fonte: Marcos Pires de Almeida

Figura 2. Latossolo vermelho-amarelo com folhas e galhos de baru.

Fonte: Marcos Pires de Almeida

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