Discurso pronunciado pelo Deputado Gonzaga Patriota (PSB/PE), na Sessão de 23/05/2006.
Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados,
PRODUTORES DO VALE PARAM PETROLINA E JUAZEIRO
Acompanhando os grandes movimentos de produtores rurais em todo país, os agricultores e fruticultores do submédio São Francisco, promoveram, hoje, uma grande manifestação que contou com mais de dez mil pessoas, centenas de tratores e outros veículos ligados a agricultura.
O vale do São Francisco, situado em pleno semi-árido nordestino, é considerado um dos pólos econômicos mais dinâmicos dos Estados da Bahia e de Pernambuco, e o maior exportador de uva e manga do país. A fruticultura irrigada, que têm contribuído para melhorar as condições de uma das regiões mais secas do Brasil, já representa mais de um terço da economia dos municípios do Vale, empregando mais de 160 mil trabalhadores rurais assalariados, e fonte de renda para milhares de colonos e suas famílias.
Parte importante do comércio é ligado aos produtos e insumos agrícolas, daí dependendo também do emprego, milhares de pessoas na área urbana. O Vale do São Francisco conta atualmente com mais de 120.000 hectares de terras irrigadas e deve entrar em operação mais 70.000
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0 63 0D F C 5 1 2hectares, nos projetos Pontal e Salitre nos próximos anos, tendo como perspectiva a geração de mais de 100.000 novos empregos diretos. Isso mostra que a fruticultura irrigada é um dos pilares do desenvolvimento da região.
No entanto, nos últimos cinco anos, a partir dos atentados às torres gêmeas em Nova York em 2001 e as chuvas de 2004 e 2006, uma forte crise atingiu a agricultura irrigada em todo o Vale, causando quebra na produção e conseqüentemente, demissões de trabalhadores assalariados.
Neste sentido, os Sindicatos de Trabalhadores Rurais de Petrolina-PE, Juazeiro, Casa Nova e Sindicato dos Empregados no Comércio de Petrolina-PE e de Juazeiro-BA, se incorporaram ao movimento dos colonos, pequenos, médios e grandes produtores rurais nesta terça-feira, dia 23 de maio, em defesa do emprego dos milhares de trabalhadores rurais assalariados e do desenvolvimento econômico e social do Vale do São Francisco, levando seus associados e dando apoios logístico e de organização. Até entendemos que o governo federal renegocie as dívidas atuais dos produtores e que sejam alocados novos recursos através dos bancos oficiais, alavancando a produção, evitando-se assim um colapso na economia, o que poderia trazer conseqüências dramáticas para toda a sociedade.
Queremos reforçar que através do Grito da Terra Brasil, os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, a FETAPE, a FETAG-BA, a CONTAG e a CUT, obtiveram importantes conquistas junto ao governo federal para a agricultura familiar, como o financiamento de 10 bilhões de reais para o PRONAF safra 2006/2007.
Continuaremos na luta pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário, seguro desemprego para os trabalhadores e trabalhadoras temporários, a revitalização dos perímetros dos perímetros
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0 63 0D F C 5 1 2públicos irrigados do Vale do São Francisco e modernização das técnicas de irrigação aplicadas, pela imediata aprovação do Projeto de Lei 6852/2006 que trata do Regime Geral da Previdência Social para os trabalhadores rurais na qualidade de segurado especial, e em defesa de um projeto de desenvolvimento nacional, com soberania e valorização do trabalho.
A Fruticultura brasileira é um dos segmentos da economia brasileira mais destacado, apresentando evolução contínua, e que busca atender um grande mercado interno em crescimento e um melhor acesso ao mercado externo. O setor da Fruticultura tem grande importância sócio-econômica, em razão do seu potencial empregador e de geração de renda.
O nordeste brasileiro é um grande centro por excelência para a Fruticultura, com destaque para o Vale do São Francisco que, só com a manga, produziu no ultimo ano mais de 300.000 toneladas.
A Fruticultura no Brasil gera em torno de cinco milhões de empregos, o qual emprega entre 3 e 5 pessoas por hectare. São produzidos mais de 40 milhões de toneladas de frutas no país, sendo que dois bilhões de dólares correspondem à exportação. A receita de frutas no Brasil chega a 15 bilhões de reais por ano.
Apesar dos números positivos apresentados, a Fruticultura no Brasil não é vista como merece. Enquanto o setor de grão tem crédito suficiente para atender as demandas, entre 20 e 40%, a Fruticultura recebe menos de 2% dos créditos oficiais.
Com a finalidade de procurar soluções para estes e outros problemas enfrentados pela fruticultura brasileira, é que foi criada a FRENTE PARLAMENTAR DA FRUTICULTURA BRASILEIRA com o objetivo de incrementar uma política nacional para o desenvolvimento da fruticultura no país, canalizando as demandas no setor, principalmente para aumentar o crescimento da produção, com agregação de valores, exportação,
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0 63 0D F C 5 1 2comercialização, geração de emprego e renda, registro de insumos pela ANVISA, inclusão destes produtos na cesta básica, na merenda escolar e segurança alimentar, abertura de linhas de créditos, entre outras providências para o setor.
O movimento de hoje foi pacífico e contou com o apoio e a compreensão das populações de Petrolina-PE e Juazeiro-BA, bem como do comércio que, em solidariedade fechou as suas portas.
Os produtores e fruticultores do submédio São Francisco, através das suas organizações; Valexport; Sindicatos; Associações; Cooperativas; Ongs e importantes apoios das entidades ligadas aos trabalhadores assalariados, como sindicatos e associações, virão à Brasília na próxima semana apresentar, em audiência pública, aos Ministros da Agricultura, do Planejamento e Dilma Roussef, da Casa Civil, suas reivindicações, dentre elas estão:
1) Sanção, sem veto, da Medida Provisória nº 285, com o Parecer do Deputado Nélio Dias;
2) Criação de novas linhas de créditos para a fruticultura;
3) Maior agilidade nas operações de contratação e liberação do Banco do Nordeste via FNE (Fundo Constitucional do Nordeste);
4) Que os recursos do FNE sejam operados, também, pelo Banco do Brasil;
5) Renegociação das dívidas da agricultura e fruticultura;
6) Sejam adotadas na região as mesmas condições de rolagem das dívidas do setor.
7) Incentivar e fomentar, através de ações dos Governos Federal, Estaduais e Municipais, a implantação de agroindústrias para absorverem os excessos de frutas dos Projetos implantados nos
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0 63 0D F C 5 1 2municípios de Petrolina, Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista em Pernambuco e Juazeiro, Casa Nova e Curaçá, no Estado da Bahia;
8) Subsidiar o custo da energia elétrica, que onera o custo de produção das frutas;
9) Fazer drenagem dos lotes, que de forma visível está causando problemas de salinidade do solo e em conseqüência perda de produtividade e de produção;
10) Pavimentar as estradas de acesso e de circulação dos projetos irrigados, que em razão da infra-estrutura deficiente, causa perda de produção no pós-colheita;
11) Implantar saneamento e serviço de água tratada nos núcleos habitacionais dos projetos, evitando assim a proliferação de doenças; 12) Construir novas salas de aula nas escolas dos núcleos habitacionais,
em razão das existentes não atender às demandas;
13) Implementar política de incentivo financeiro aos professores das escolas dos projetos irrigados, voltando a motivar e suprir a carência de profissionais da educação;
14) Implementar política de capacitação profissional e gerencial dos produtores, técnicos e gerentes dos projetos de irrigação;
15)Assegurar recursos para continuidade da contratação de assistência técnica para os projetos irrigados;
16) Promover ação governamental junto às instituições bancárias, para acesso ao crédito e repactuação dos débitos;
17) Patrocinar incentivos fiscais às agroindústrias que queiram se instalar na região, para transformar industrialmente os produtos, agregando valor à produção, gerando emprego e renda;
18) Criar mecanismos para redução dos custos de produção, o que causa perda de competividade;
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0 63 0D F C 5 1 219) Promover gestão junto aos Governos Estadual e Federal, para reduzir a carga tributária;
20) Criar mecanismos para facilitar o financiamento da exportação de frutas, com taxas especiais;
21) Promover gestão junto ao Governo Federal para eliminarem impostos incidentes na cadeia produtiva destinada à produção;
22) Fazer cumprir a lei Kandir por parte dos Estados, repassando a desoneração do ICMS;
23) Atualizar a lei de irrigação, para que acabem com as amarras administrativas aos órgãos gestores dos projetos e prejuízos financeiros aos produtores;
24) Regularizar o registro de insumos pela ANVISA, para o uso de agrotóxicos em outras culturas;
25)Diminuir o excesso de encargos sociais que dificulta a formalização do emprego rural, com reflexo negativo no caixa do INSS e desproteção do trabalhador rural;
26) Disponibilizar recursos para montar estruturas de laboratórios de pesquisas regionais;
27) Implementar políticas públicas no sentido da inclusão de frutas produzidas na região na alimentação de hospitais, quartéis militares, merenda escolar, proporcionando o aumento de consumo e venda dos produtos frutícolas;
28) Implementar políticas para propiciar uma melhor segurança pública à população nos núcleos habitacionais dos projetos irrigados;
29) Buscar a captação de mais investimentos compartilhados entre o governo e a iniciativa privada destinados à produção das frutas e seus derivados.
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0 63 0D F C 5 1 2Cinco milhões de empregos no Brasil estão ligados a fruticultura, que ocupa entre 3 e 5 pessoas por hectare. 40 milhões de toneladas de frutas são produzidas no País, das quais, dois bilhões de dólares correspondem a exportação, representando um terço da produção de grãos que tem um peso extraordinário na balança de exportação. A receita de frutas no Brasil chega a 15 bilhões de reais por ano.
Concluímos, Senhor Presidente, apelando para que as autoridades do Governo se sensibilizem com esses e outros graves problemas que estão afligindo os produtores do Sub-médio São Francisco.
Onde há fruticultura deveria não haver miséria.
Deputado GONZAGA PATRIOTA PSB/PE