Lendo o racismo no Brasil de fins do século XIX através da poesia de Cruz e Sousa
Anderson Ibsen Lopes de Souza1, Samara Sales Castro2, Francisco José Sousa Rocha3, Fabiana Mendes Vieira41
Mestre em Letras (UFC) e professor de Línguas Portuguesa e Inglesa do IFCE Campus Avançado Umirim
2, 3 e 4 Alunos do curso técnico em Agropecuária integrado ao Ensino Médio do IFCE Campus Avançado Umirim
Resumo: O presente trabalho é fruto de uma pesquisa desenvolvida no IFCE Campus Avançado Umirim,
sob o título: Leitmotive do Simbolismo brasileiro: uma análise da poesia de Cruz e Sousa, onde
abordamos os motivos condutores da poesia do autor de Broquéis (1893). Foi na observância de dois
sentimentos bastante presentes em seus poemas, o amor e o medo, que procuramos auxílio na História
para entender as metáforas e os demais processos de construção de sua poesia, a partir do que
evidenciamos a latência do racismo social influenciando no psicológico desse poeta, no seu modo de
pensar, sentir e agir. É assim que buscamos nos fatos históricos pressupostos para melhor entender o fazer
poético de Cruz e Sousa, chegando a uma maior compreensão dos transtornos que o racismo presente no
meio populacional em fins do século XIX pôde causar na mente das vítimas desse tipo de preconceito.
Palavras-chave: Simbolismo, Cruz e Sousa, poesia, racismo
1. INTRODUÇÃO
A literatura praticada no Brasil, recebendo os influxos das teorias filosóficas desenvolvidas em
todo o Ocidente, pode constituir-se em um objeto de análise do momento histórico-social vivenciado à
época de suas publicações. Assim sendo, a análise das produções literárias que se sucederam
cronologicamente viabiliza o entendimento do processo cultural modificado pelo contato com a nova
realidade.
Sofrendo a influência de poetas estrangeiros (basicamente europeus), a literatura brasileira seguiu
certos paradigmas pré-estabelecidos, acentuando em seu fazer literário características ora de cunho
materialista, ora de cunho espiritualista. Assim é que casos como o do francês Théophile Gautier, já no
prefácio de sua obra Mademoiselle de Maupin (1835), onde afirma sua posição estética e seu culto da arte
pela arte, influencia nossos poetas neoclássicos; bem como poetas como Verlaine, Baudelaire, Mallarmé e
Rimbaud, os quais desenvolveram um espiritualismo nas artes, influenciaram sobremaneira os nossos
poetas simbolistas em fins do século XIX.
Em cada posicionamento científico-filosófico adotado pela poesia, um novo estilo surgia no meio
literário, alternando entre as correntes positivistas e as transcendentais: matéria e espírito, portanto,
constituíram-se princípios básicos que nortearam a diferenciação entre as obras literárias produzidas e,
consequentemente, os estilos literários surgidos.
Ao observarmos o fazer poético do maior representante do Simbolismo no Brasil, o jovem poeta
Cruz e Sousa, detectamos claramente a ruptura de suas obras com a estética vigente à época. Publicando
as obras Missal (prosa poética) e Broquéis (livro de poesia), ambas no ano de 1893, dá início ele, aqui no
Brasil, a um fazer estético-literário já trabalhado na Europa, porém ainda incipiente em nossas terras, o
qual fez uso do pensamento desenvolvido por correntes filosóficas surgidas contra o materialismo de
meados do século XIX, como a metafísica e o espiritualismo. Tal ruptura, entretanto, não foi bem aceita
pelo público em geral, o que levou o Poeta Negro a ter seu mérito reconhecido tão somente após sua
morte.
Acaso a aversão à produção literária de Cruz e Sousa fosse fruto de um apego à estética parnasiana,
pelo Simbolismo ter fisionomia compósita, não obedecendo a critérios, categorias ou a esquemas
rigorosos (conf: COUTINHO, 1997, p. 483), como quer afirmar boa parte da crítica, o problema residiria
na questão de gosto; contudo, o que parece é que atrás do apego aos poetas do Parnasianismo, há algo
mais sombrio e perverso: o preconceito racial, essa mácula da nossa sociedade; sociedade esta que,
ISBN 978-85-62830-10-5 VII CONNEPI©2012
ofuscada pelos padrões nórdicos, desrespeitava as demais etnias, menosprezando-as e tirando qualquer
mérito que seus membros pudessem ter.
O objetivo do nosso estudo é mostrar os resquícios dos transtornos psicológicos causados pelo
racismo ainda bastante forte na sociedade brasileira do século XIX a partir de análise hermenêutica de um
poema de Cruz e Sousa, mostrando as conclusões a que chegamos por meio do auxílio de outras áreas do
saber, como a História e a Sociologia.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Para o desenvolvimento do nosso trabalho, realizamos uma análise crítica e investigativa da poesia
de Cruz e Sousa, catalogando os principais motivos condutores de seu fazer poético. Para tal fim, além
dos livros de poesia do autor de Broquéis, também fizemos uso da fortuna crítica a seu respeito, lendo a
crítica renomada, além de alguns artigos e monografias cujo tema central era a sua poesia. Após a leitura
de obras críticas e debate em encontros no nosso Campus, recitávamos alguns poemas e desenvolvíamos
textos escritos sobre o fazer literário ali apresentado, procurando desvendar os Leitmotive de cada poema
selecionado.
O estudo sobre a poesia de Cruz e Sousa é por nós realizado em encontros ocorridos semanalmente,
em horário posterior às aulas convencionais, nas dependências da instituição de ensino a que
pertencemos, onde a fortuna crítica do autor de Missal é explanada e a sua poesia interpretada
coletivamente. Por considerarmos a palavra um poderoso veículo instrucional, adotamos dois métodos de
investigação literária para que o estudo da poesia de Cruz e Sousa pudesse se dar de modo mais amplo
nas nossas discussões: o estilístico – para se entender os recursos artísticos e a essência das expressões
utilizadas pelo poeta – e o hermenêutico – pois é a hermenêutica “a ciência ou a arte da interpretação”
(EAGLETON, 1994, p. 91) –, para que assim fôssemos capazes de estudar a forma e o conteúdo dos
poemas, além de podermos chegar a uma visão global de sua obra, ou melhor, de detectarmos o objetivo
do escritor na sua arte poética.
Tal análise possibilitou-nos compreender um pouco mais do que se passava na mente do poeta,
entendendo sua angústia e sofrimento por causa do preconceito racial de que fora vítima. Por isso também
tivemos de ler algumas obras históricas referentes ao século XIX, o que nos ajudou a entender melhor o
pensamento do homem que viu tanto o processo escravagista quanto a sua extinção, compreendendo cada
vez mais as metáforas e recursos estilísticos utilizados pelo poeta estudado.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Vivendo no porão alto da casa de seus senhores, o Marechal Guilherme de Sousa e D. Clarinda
Fagundes Xavier dos Santos, os quais não tinham filhos, Cruz e Sousa recebeu uma educação árdua e de
qualidade, frequentando as melhores escolas da época. Prova desse fato é que, ainda aos sete anos de
idade, ele já era capaz de produzir versos.
Embora aprimorando a cada dia a construção de versos, tendo adquirido na fase adulta excelência
em seu labor artístico, adotando técnicas empregadas por conceituados mestres franceses de meados do
século XIX, Cruz e Sousa não obteve o reconhecimento de sua maestria poética em vida. O caso é que,
mesmo após o advento da Lei Áurea em 1888, proibindo a escravidão do negro no Brasil, permaneceu em
nossa sociedade, em especial nos primeiros anos precedentes à referida lei, um grande estigma contra a
etnia negra, fato que influenciou sobremaneira a não aceitação das produções poéticas de Cruz e Sousa no
meio letrado. O preconceito racial de que o referido poeta fora vítima era tão patente que, mesmo
passando em concurso para o cargo de promotor de Laguna, cidade do interior catarinense, foi recusado
pelo simples fato de ser negro.
Em sua poesia, Cruz e Sousa lança de forma velada toda a conturbação psíquica de um homem que,
imerso em uma sociedade que tinha como padrão de beleza o europeu, não correspondia a esse arquétipo,
sendo por isso relegado à sua margem. Exemplo disso é o poema “Braços”, do livro Broquéis, que
reproduzimos na íntegra a seguir:
“Braços”
Braços nervosos, brancas opulências, Brumais brancuras, fúlgidas brancuras, Alvuras castas, virginais alvuras, Lactescências das raras lactescências As fascinantes, mórbidas dormência Dos teus abraços de letais flexuras, Produzem sensações de agres torturas, Dos desejos as mornas florescências Braços nervosos, tentadoras serpes Que prendem, tetanizam como os herpes, Dos lírios da trêmula coorte...
Pompa de carnes tépidas e flóreas, Braços de estranhas correções marmóreas
Abertos para o Amor e para Morte! (CRUZ E SOUSA, 2002, p. 16)
O poema selecionado é um dentre os vários que evidenciam o abalo mental de um homem que
tinha consciência dos desejos de sua carne e das limitações impostas pela sociedade da qual fazia parte.
No poema, Cruz e Sousa analisa o seu plano de existência, reconhecendo a si próprio como parte
integrante de uma sociedade que o punha à margem dela. Mais do que como poeta, Cruz e Sousa aborda o
mundo com olhar de um clínico, como um analista das questões sociais. O poeta recorre a um processo de
interiorização para encontrar a si mesmo, homem negro em um meio ainda bastante racista, sendo por
isso mesmo vítima de uma parcela da população que mantinha como tradição o pensamento da
superioridade da etnia branca.
“Braços” é um poema constituído a partir da adoração da brancura, revelando o incontrolável
desejo do poeta pela mulher de cor clara. O poeta faz referência à conturbação psíquica por ele acometida,
trazendo já no primeiro verso o adjetivo “nervosos”, que na verdade não se refere ao substantivo ao qual
está ligado, “braços”, mas à sua própria condição de homem que deseja a amada e não pode tocá-la, o que
talvez o tenha deixado alucinado, transtornado, ou quem sabe até mesmo nervoso por recear ter os seus
sentimentos descobertos por alguém, o que poderiam coloca-lo em situação muito delicada, já que a
sociedade não aceitaria o romance de um homem negro com uma mulher branca.
Os braços brancos da mulher desejada, única parte corporal supostamente por ele vista, acaba por
ser erotizado pelo poeta, como fica claro na palavra “lactescências”, que se refere mais aos seios (e toda a
conotação sexual daí advinda) do que à simples coloração láctea. O autor de Broquéis faz uma associação
mental da brancura dos braços da mulher amada à alvura dos seios dela, como se estivesse num sonho,
passando para o plano artístico os símbolos que podiam expressar subjetivamente toda a sensualidade que
emanava de seu íntimo. É desse modo que Cruz e Sousa acaba por realizar um fazer poético libidinoso,
onde a visão da mulher como objeto de desejo e de volúpia se mesclava a inúmeros outros sentimentos,
gerando assim um amontoado de imagens disformes, somente capazes de serem compreendidas quando
adentramos no seu mundo onírico. Dotado de sensibilidade singular, Cruz e Sousa escreveu poemas
capazes de trazer à tona sentimentos os mais indecifráveis; isso porque o simbolismo, como movimento
literário, foi “uma tentativa, através de meios cuidadosamente estudados – uma complicada associação de
ideias, representadas por uma miscelânea de metáforas – de comunicar percepções únicas e pessoais”
(WILSON, 1984, p. XIV).
Mas qual a justificativa de tanto desejo por uma etnia diversa da sua, por mais que a própria
sociedade da época discriminasse essa relação? A questão é que, porque a sociedade sempre imputou toda
a culpa das desgraças da qual a população negra era vítima a ela própria, os negros acabaram por acreditar
na sua própria culpa, aceitando a opressão sem nenhum ressentimento, achando tudo muito natural. É
interessante a visão do antropólogo Darcy Ribeiro, cujos apontamentos acerca de tal pensamento nos
ajudam a entender a mente de Cruz e Sousa diante da mulher branca:
“[...] a luta mais árdua do negro africano e de seus descendentes brasileiros foi, e ainda é, a conquista de um lugar e de um papel de participante legítimo na sociedade nacional. Nela se viu incorporado à força. Ajudou a construí-la e, nesse esforço, se desfez, mas, ao fim, só nela sabia viver, em razão de sua total desafricanização.” (RIBEIRO, 1995, p. 220)
Uma análise existencial-ontológica pode nos levar a entender que Cruz e Sousa encontra sua
própria interioridade, embora esta já esteja impregnada pela cultura do dominador. É por isso que o
arquétipo nórdico é o que prevalece em sua mente; a mulher de traços europeus chama mais a sua atenção
do que a mulher negra, imposta na mentalidade da época como de beleza inferior. A poesia de Cruz e
Sousa é fruto de sua meditação sobre seus pensamentos e sua condição enquanto indivíduo; e esta atitude
é inteligível, pois conforme assevera o estudioso Jean-Paul Resweber: “O homem é pastor do ser, o que
dizer que ele é o único ser que tem a experiência da fraternidade dos seres e das coisas e que projeta na
arte e na cultura o fruto da sua meditação” (RESWEBER, 1979, p. 149).
O fruto do meditar de Cruz e Sousa foi externado em forma de poesia. Seu pensar corresponde
mais do que à simples observância da vida ou da condição humana; ele se estende à amplitude dos seres,
mostrando aí não somente sua vontade ou os desejos de todos os homens, mas também as restrições e
amarguras daí advindas em virtude das convenções sociais. Isso porque “O poeta é o pedreiro que dispõe
o quadrado onde permanece o homem; ele é um construtor por que é um ser-que-mostra” (RESWEBER,
Ibidem, p. 139).
É assim que, além de suscitar o desejo, os braços da amada também “Produzem sensações de agres
torturas”, ou seja, produzem nele uma sensação de dor, o receio em externar um amor socialmente
proibido. É assim que os braços recitados no poema deixam então de apresentar as “virginais alvuras”
para se tornarem as “tentadoras serpes”, o que sugere a um só tempo o seu fascínio pela mulher de
padrões nórdicos (pelo adjetivo “tentadoras”) e o perigo para ele em se envolver com a mesma.
Cruz e Sousa vai criando, ao longo do poema, uma ambiência semântica que remete à dor e ao
sofrimento, por meio de uma seleção vocabular cuidadosa e sugestiva, como “letais”, “agres torturas”,
“herpes”, “tépidas”, “estranhas” e “Morte”. A última palavra dessa lista, que também corresponde à
última do poema, deixa muito claro o pensamento do poeta e vem explicar a origem da angústia sofrida
pela voz do poema: a morte, última possibilidade para a qual está orientada a existência humana, seria a
sua supressão total do convívio com os outros, com o mundo que embora o rejeitasse, ainda assim era a
fonte de seus desejos.
A angústia de Cruz e Sousa diante de sua finitude como ser humano leva-o a refletir, na poesia em
apreço, sobre a existência do homem, o que envolve a temporalidade e seu caráter histórico. Do medo da
morte, o poeta é conduzido ao lado oposto da vida: a procriação. Desse modo, o poeta se lança ao desejo
sexual, como uma forma de perpetuar uma parte de si, para não morrer por completo. Para Georges
Bataille, “A sexualidade e a morte são apenas os momentos intensos de uma festa que a natureza celebra
com a multidão inesgotável dos seres, uma e outra tendo o sentido do desperdício ilimitado que a natureza
executa contra o desejo de durar que é próprio de cada ser” (BATAILLE, 1987, p. 58).
Embora o desejo do poeta pela mulher impossível seja um sentimento gerado em seu intimo e,
portanto, fora de seu controle, ele é entendedor de seu desejo, dessa parte de sua natureza humana, bem
como de suas possíveis consequências. Para o teólogo Nunes Filho, o desejo não deve gerar conflitos,
uma vez que é a participação do homem na natureza. Para o teólogo,
“O desejo é a própria essência do homem enquanto concebida como determinada a fazer algo por sua afecção nela encontrada. (...) Portanto, pelo nome de desejo entendo todos os esforços, impulsos, apetites e volições do homem que variam segundo a disposição variável de um mesmo homem e não raro são de tal maneira opostos entre si que o
homem é puxado em sentidos contrários e não sabe para onde voltar-se”. (NUNES FILHO, 1994, p. 23).
A origem étnica de Cruz e Sousa abriu uma série de indagações desde a época em que suas obras
foram publicadas até nossos dias. Por sua condição de homem negro, escrevendo poesia simbolista num
espaço literário dominado pelo positivismo e pelo evolucionismo, ele foi considerado um “excêntrico”,
um “poeta menor”. Contudo, sua magnitude é despontada quando ele entra no cerne do ser humano,
provocando discussões intrigantes, pois pelo fato de desvendar mistérios de sua própria mente
conturbada, acaba por tratar sobre a questão do ser humano em geral, além de também nos informar como
a sociedade da qual ele fazia parte se comportava. A partir dos transtornos deixados no psicológico de
Cruz e Sousa, podemos entender um pouco mais do quão árduo foi enfrentar uma comunidade
preconceituosa com seus poemas oníricos, com a musicalidade acentuada que dos versos emanava, com a
própria presença altiva do poeta que não se curvou perante a sociedade elitista, expondo em arte o que
possivelmente em nenhum outro veículo, à época, ele pudesse dizer.
4. CONCLUSÕES
Por meio de uma interpretação hermenêutica chegamos ao entendimento de que o poema analisado
apresenta certa resignação do poeta, pois inserido como estava Cruz e Sousa em um meio escravagista e
racialmente preconceituoso, fora ele vítima de preconceito racial por ser negro. Quem sabe as angústias
por ele sofridas e o ideário de brancura que psicologicamente foi moldado em seu inconsciente como
sendo o padrão de beleza e do que era bom? O que entendemos é que somente através de uma linguagem
subjetiva, de considerável poder metafórico (dado pela latência consciente ou inconsciente da brancura) é
que o poeta consegue realmente externar tudo aquilo que ele carregava em seu âmago; sentimentos
confusos e desconexos, todos em ebulição, que aparecem no poema como a verdadeira face do seu estado
de alma, também assaz confuso.
A linguagem espiritualista do Simbolismo brasileiro, mais do que na tentativa de apresentar uma
visão platônica do mundo guiada pelo lado egocêntrico do poeta, revela nos poemas a angústia vital da
qual padeciam os poetas e o povo como um todo, as alegrias e sofrimentos das pessoas, enfim, o
sentimento que reinava à época na sociedade. Essa visão não é difícil de ser compreendida, pois como
assevera o crítico literário Eduardo Portella,
A literatura parte do sistema de signos para chegar à fonte da nova estrutura. A sua originalidade se mede pelo grau de criação revelado na instauração do signo. Por isso o verdadeiro escritor é aquele que condensa numa obra literária a ação fundadora da linguagem, a força de expressividade de uma época (PORTELLA, 1973, p. 102).