Ensino
Ensino Religioso:
Religioso:
O FENÔMENO RELIGIOSO NAS
TRADIÇÕES RELIGIOSAS DE MATRIZ
INDIGENA
14/09/2011 1
Ângela Maria Ribeiro Holanda email: ribeiroholanda@gmail.com
Questionamentos
Quais os conhecimentos que temos sobre os povos
indígenas?
Como o índio se relaciona com Deus?
Quais os fundamentos legais e pedagógicos desse Quais os fundamentos legais e pedagógicos desse
estudo no currículo da educação básica ?
Quais as aprendizagens a serem inseridos no currículo
do Ensino Religioso?
BASE LEGAL: Nacional –
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
A Lei Federal nº 11.645/2008 ( Art. 26 A da LDB ) que estabelece no currículo da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura obrigatoriedade da temática História e Cultura Afrobrasileira e Indígena , é parte das ações implementadas pelo Estado Brasileiro, em consonância com as declarações e resoluções assumidas como estado membro da ONU (Organização das Nações Unidas).
BASE LEGAL: Nacional –Constituição Federal
Constituição Federal de 1988
Art.231 – São reconhecidos aos índios sua Art.231 – São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo a União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
BASE LEGAL: ESTADUAL – RESOLUÇÃO CEB/CEE/AL Nº 003/2002
ENSINO RELIGIOSO
A cosmovisão das sociedades nativas do atual A cosmovisão das sociedades nativas do atual território brasileiro: o fenômeno religioso nessas sociedade.
POVOS INDIGENAS
750 mil pertencentes a 235 etnias no Brasil (Eram
912 etnias )
São faladas mais de 180 línguas e dialetos No Nordeste são cerca de 60 etnias
Em Alagoas – 11 etnias Em Alagoas – 11 etnias
POVOS INDIGENAS EM ALAGOAS 1- Aconã - município de Traipu
2- Xukuru-Kariri – município de Palmeira dos Índios; 2- Kariri-Xokó – município de Porto Real do Colégio;
3- Karapotó– Terra Nova – município de São Sebastião 4- Karapotó Plakiô – município de Feira Grande
5-Tingui-Botó – município de Feira Grande; 5-Tingui-Botó – município de Feira Grande;
6- Wassu- Cocal – município de Joaquim Gomes;
7 Karuazu, 8 Geripankó; 9 katokin; 10 kalankós -município de Pariconha;
QUESTIONAMENTOS COTIDIANO – COMO O ÍNDIO PERCEBE DEUS?
É verdade que adoram o sol?
Deus é tão grande, onipotente que a ideia sobre o sol perpassa pelos seguintes aspectos:
grande reflexo de Deus, aquele que banha a terra de grande reflexo de Deus, aquele que banha a terra de
vida e de ânimo,
ao entardecer vai embora,
mas a esperança é que ele volta trazendo novamente
Ideia sobre Deus
Deus é um grande mistério É majestoso
Na língua tupi guarani:
Tu – magnífico/majestoso Tu – magnífico/majestoso
Pã – Quem és?
Há outras linguagens – índios Terena - ITOKOÓVITI
ESTRUTURA DAS RELIGIÕES INDIGENAS
Permite o equilíbrio humano e a harmonia com a Mãe
Terra – condição básica para a sobrevivência e elemento inseparável de seus ritos e encontro com o transcendente;
Caracterizam-se pela praticidade, tudo gira em torno
da experiência do sagrado e não numa fundamentação da experiência do sagrado e não numa fundamentação teórica;
O cotidiano da vida está impregnado de religiosidade As práticas religiosas caracterizam-se de ritos de
defumação, cantos, uso de instrumentos musicais, incorporação, transe e uso de remédios retirados das plantas e ervas.
RELAÇÃO – INDIO E TERRA NATUREZA - LUGAR SAGRADO Mãe Terra
Espaço de Vida,
Lugar para viver bem
Terra é de todos – é propriedade coletiva Terra é de todos – é propriedade coletiva
Passa pela questão religiosa - o índio estabelece um
relacionamento de afeto e acolhimento.
DEUS , “ o Grande Espírito” o “ Grande Pai” ou o “
Grande Avô”, ordena e orienta para que se trate bem a natureza por que dependemos dela.
As cachoeiras – lugar de inspiração para os Pajés. As aldeias ficam sempre próximas a cachoeiras e rios.
POVOS SEM PROSELITISMO
Importante não é o código escrito e imutável, mas as
tradições orais baseadas em mitos e falas dos mais velhos
Não há separação do profano e sagradoNão há separação do profano e sagrado
VISÃO ORGANICA DE MUNDO E ORGANZIAÇÃO DA VIDA SOCIAL
Tudo está em harmonia – os elementos da natureza
(terra, água, ar e fogo), os astros
A aldeia é uma grande família, todos cuidam das
crianças, protegendo-a e ensinando os costumes da tribo;
tribo;
Os alimentos vindos da pesca, da caça, da agricultura
são socializados entre todos
Os direitos são iguais para todos: casa, alimento,
educação e medicina das ervas dos Pajés
A generosidade é a marca da cultura indígena, não há
propriedade particular, o que é de um é de todos.
Os idosos não são desprezados e nem abandonados,
RITOS : ONDE TUDO TEM SENTIDO
Marcos que pontuam momentos importantes na vida
das pessoas;
Os rituais estão associados a vida cotidiana e as
normas religiosa que lhes acompanham as várias fases da vida: gestação, nascimento das crianças, passagem da vida: gestação, nascimento das crianças, passagem para vida adulta, casamento e a morte e outras situações
As festas acontecem na época de abundância de
colheita do milho, da caça, da pesca e coleta do mel.
Nestas festas utilizam-se várias cores: vermelho,
preto e o branco cujas tintas são extraídas do urucum, jenipapo. Na ausência é usado o pó de carvão ou barro e calcário
RITOS DE TRADIÇÕES INDIGENAS
RITOS DE NASCIMENTO
1- Entre os Tupinambá, quando nascia uma criança, se fosse menino, o pai cortava cordão umbilical com os dentes e se fosse menina, era a mãe quem o fazia.
2- Levavam a criança num rio para ser banhada
3- Em casa era colocada numa rede, colocando um arco e flecha, para o menino, unhas de gavião ou arco e flecha, para o menino, unhas de gavião ou garras de onça enfeitavam a rede para que o menino quando adulto se tornasse um valente guerreiro
RITOS DE TRADIÇÕES INDIGENAS
4-No caso de menina , recebia uma cabaça, as jarreteiras para as pernas que eram braceletes de algodão que iriam deixar as pernas fortes e um colar de dente de capivara para que crescesse com dentes para bem mastigar a mandioca no preparo da bebida chamada cauim.
5- Durante 3 dias o pai só podia comer uma espécie de 5- Durante 3 dias o pai só podia comer uma espécie de farinha, sendo proibido qualquer outro alimento.Não faziam nenhum trabalho até o umbigo da criança cair, pois caso contrário a criança e a mãe iam ter cólicas. 6- Caindo o umbigo este era cortado em pedacinhos e
ficavam dependurados nas vigas da casa a fim de que o menino tornasse um bom chefe de família.
RITOS DE TRADIÇÕES INDIGENAS
RITOS DE CASAMENTO
- Entre os Xavantes são os pais que escolhem os cônjuges para seus filhos. As mães trazem suas filhas ainda menina e as deitam junto a seus noivos, que cobrem o rosto com as mãos e estes ficam de costas para elas. Ficam apenas um momento nessa posição, sendo retiradas logo em seguida. O rapaz deve sendo retiradas logo em seguida. O rapaz deve esperar que a noiva cresça para morar com ela e, ao nascer o primeiro filho passa a morar na casa da família da esposa.
- Entre os Bororo – é sempre a moça que toma iniciativa, por isso prepara uma refeição e, acompanhada pela mãe, leva-a à cabana onde mora o rapaz, por volta de meio dia. A mãe da moça é quem entrega o alimento, dizendo: Meu genro, vi com minha filha que deseja viver contigo, porque te quer bem
RITOS DE TRADIÇÕES INDIGENAS
RITOS DE CASAMENTO
- Entre os Bororo – é sempre a moça que toma iniciativa, por isso prepara uma refeição e, acompanhada pela mãe, leva-a à cabana onde mora o rapaz, por volta de meio dia. A mãe da moça é quem entrega o alimento, dizendo: Meu genro, vi com minha filha que deseja viver contigo, porque te quer bem. Em filha que deseja viver contigo, porque te quer bem. Em geral o rapaz não responde imediatamente e continua e continua a fazer o trabalho como nada tivesse acontecido. Após a saída da moça e da mãe o jovem toma decisão: se quer casar saboreia o alimento, se não quer casar não come. Encarrega então sua mãe para devolver o recipiente cheio ou vazio.
- Há sociedades indígenas que não marcam o casamento com ninguém ritual.
RITOS DE TRADIÇÕES INDIGENAS
RITOS FUNERÁRIOS
- Os Kaingâng (PR) o Pajé recita uma fórmula tradicional ao som do maracá, três homens levam o cadáver para o cemitério, toda vez que colocam o cadáver no chão para descansar fazem um sinal numa árvore próxima, acreditam que há uma vida além dessa. O espírito do morto deve ser afugentado para não oferecer perigo à morto deve ser afugentado para não oferecer perigo à comunidade pois pode trazer doença. Nos meses seguintes realiza-se um rito com danças, cantos e bebidas para que o morto vá embora.
- Os Bororo – quando percebe que vai morrer deixa de se alimentar e até relata como deseja o funeral. A morte não é uma festa, mas não é uma tragédia.
RITOS DE TRADIÇÕES INDIGENAS
RITOS PARA SE TORNAR ADULTO
A pessoa começa a participar da vida adulta muito cedo. A mulher se torna mãe aos 13 ou 14 anos e o homem, com 15 ou 16 anos já pode estar assumindo homem, com 15 ou 16 anos já pode estar assumindo uma família.
ESPAÇOS SAGRADOS
OURICURI – espaço onde os povos indígenas se
encontram e realizam ritos sagrados de resistência;
PORÓ
- um lugar sagrado onde acontecem quase
PORÓ
- um lugar sagrado onde acontecem quase
todos os rituais. Esse espaço é fechado e
quem
participa é à comunidade, exceto para aqueles que têm
permissão de frequentar. Mulheres e meninas não
participam desses rituais dentro do Poró.
É um lugaronde acontecem também reuniões de interesse de todo povo, em especial, no que se refere às questões religiosas. Lá se vivenciam as relações entre o sagrado e o mundo real.
DANÇAS SAGRADAS DOS POVOS INDIGENAS TORÉ
Dançado ao ar livre por homens, mulheres e crianças,
em qualquer época do ano, dependendo apenas da disposição da comunidade;
disposição da comunidade;
Dança-se preferencialmente final de semana sem hora
para terminar, varando noite e dia em certas ocasiões.
O ritmo é marcado pelo baque surdo dos pés ao ritmo
DANÇAS SAGRADAS DOS POVOS INDIGENAS
INDIOS TINGUI BOTÓ FEIRA GRANDE
DANÇANDO O TORÉ
DANÇAS SAGRADAS DOS POVOS INDIGENAS PRAIÁ
DANÇAS SAGRADAS DOS POVOS INDIGENAS PRAIÁ – abençoando a dona da casa
DANÇAS SAGRADAS DOS POVOS
INDIGENAS
• PRAIÁ
- Ritual dos povos Pankararu e
Gerinpánkó – representa o centro do segrego
religioso indígena.
• Os Praiá externam o mundo sagrado por meio
• Os Praiá externam o mundo sagrado por meio
dos encantados presentes nos rituais
• É
uma
representação
da
divindade,
incorporado simbolicamente por um ser vivo
representado
com vestimenta própria e
única.
DANÇAS SAGRADAS DOS INDÍGENAS EM ALAGOAS
PRAIÁ - GERIPANKÓ
E PANKARAU
DANÇA SAGRADAS DOS POVOS INDIGENAS PRAIÁ
CAROÁ PARA INDUMENTÁRIAS DO PRAIÁ
COMUNIDADE INDÍGENA GERINPANKÓ
OS ENCANTADOS
• Os
encantados
são
antepassados
que
enquanto estavam vivos se transformaram e
se tornaram parte da natureza.
• Estão associados a algum elemento natural,
• Estão associados a algum elemento natural,
como
por
exemplo,
o
encantado
Cinta
Vermelha que está associado ao umbu.
• Os encantados estão diretamente ligados ao
sistema medicinal kalankó e atuam de forma a
prevenir e curar doenças.
OS ENCANTADOS
• Havia encantados como a Sereia do Mar que
apesar de não possuir veste e não atuar mais
no Praiá mantinha seus Torés na comunidade
• Além da Sereia do Mar, existiam outros
• Além da Sereia do Mar, existiam outros
encantados que se destacavam no “tempo dos
antepassados”: Manoel Brabo, Caboclo da
Meia Noite, Caboclo da Imburana, Caboclo
Xofreu, Lenço Branco, Mestre Bizunga e
Quebra Pedra.
OS ENCANTADOS
• Cada encantado tem um número específico de músicas. Quanto mais cantos possuir, mais forte ele é. Os encantados mais fortes entre os Kalankó são Carro Branco, Sereno, Lambuzinho e Cinta Vermelha.
• O mundo encantado se assenta em uma ordem • O mundo encantado se assenta em uma ordem hierárquica: comandante, capitão, dono de batalhão, mestre e caboclo.
• Os encantados do alto sertão alagoano também fazem parte de um sistema mais abrangente e acabam atuando em todas as comunidades indígenas do alto sertão nordestino
.
OS ENCANTADOS
• Para os Kalankó, a “força encantada” decorre
da presença e atuação dos encantados no
terreiro.
• Esta força atua em três níveis: no Toré,
quando a partir do canto, os encantos apenas
quando a partir do canto, os encantos apenas
observam o evento; no Praiá, quando a “força
encantada”
chega
ao
terreiro
e
é
compartilhada com todos os dançadores; e no
Serviço de Chão, quando é incorporada pelo
cantador e, dessa forma, o encantado fala
diretamente com os presentes.
INSTRUMENTOS E INDUMENTÁRIAS
Maracá Flauta Chocalho
Flecha- utilizados nas cerimônias Cocá – utilizados nas cerimônias Cocá – utilizados nas cerimônias
Alimentação
Feijão; Farinha de mandioca; Milho; Abóbora, Tomate;
Batata doce; Cará – inhame; Abacate; Caju; Goiaba; Jabuticaba; Abacaxi ; Cacau
Milho Avaty – alimento sagrado usado nas cerimônias e
nas viagens. nas viagens.
LINHAS MESTRAS /PILARES DA CULTURA INDÍGENA
Vida e Morte – viver bem ajuda a morrer bem, quando
trabalho bem a vida a morte não é chocante; Deus não os proíbe de nada, lhe deixa livre para viver.
Deus – quem é e como entende Deus – não é fiscal, não
tem chicote, não há inferno na concepção indígena, não precisam andar com cuidado com medo do castigo, bondoso, criador, cuida de todos e quer vê-los felizes
LINHAS MESTRAS /PILARES DA CULTURA INDÍGENA
Equilíbrio - está em Deus, não há diabo lutando, não
tem adversário, o cosmo está em paz, Deus está em paz por isso vive-se e morre-se em paz. Deus ordenou tudo no devido lugar – harmonia,
Educação – de que forma passam os ensinamentos
para seus filhos? Valorizam os ensinamentos dos mais velhos. Os velhos são reverenciados. Ensinam a partir da prática, aprendem para não terem dúvida.