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I FÓRUM DA ENTIDADE REGULADORA DA SAÚDE

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Academic year: 2021

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Sessão de Encerramento

Presidente do Conselho Directivo da ERS, Prof. Doutor Jorge Simões

Senhor Ministro da Saúde,

Senhora Presidente da Comissão Parlamentar da Saúde,

Minhas Senhoras e Meus Senhores,

Muito agradeço, Senhor Ministro da Saúde e Senhora Presidente da Comissão Parlamentar da Saúde, a vossa presença. É um privilégio poder beneficiar das vossas palavras neste Fórum, enquanto espaço de reflexão e de partilha de conhecimento, tão importante quanto a dificuldade dos tempos actuais exigem.

Quero também agradecer a todos os oradores pela qualidade das suas intervenções e que deram corpo a este Fórum.

Vivemos momentos particularmente exigentes. E no centro dos esforços que se empreendem para os vencer encontra-se, pela sua natural importância, o sector da saúde, em geral, e o SNS, em particular.

A cada momento de tais esforços se torna evidente, e não raras vezes conflituante, a característica dual do nosso SNS, ou seja possui uma dupla dimensão ou

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perspectiva, que deve sempre ser considerada, de financiador e de prestador de cuidados de saúde.

É por esta dualidade que se preocupam os Portugueses quando se anunciam reduções de despesa, inquietando-se sobre o impacto da redução de financiamento no acesso, com qualidade, aos cuidados de saúde.

A esse propósito, não deixa de ser oportuno relembrar que já no preâmbulo do Decreto-Lei de 2003, que criou a ERS, eram precisamente referidas a “Separação

da função do Estado como regulador e supervisor, em relação às suas funções de operador e de financiador” e a “necessidade de estabelecer uma adequada distância entre a política e o mercado, conferindo à actuação reguladora uma estabilidade que só uma autoridade independente pode proporcionar, justamente porque não sujeita a evoluções conjunturais”.

Ou seja, a ERS está no “meio”, no centro, avisando, de forma independente, não somente quando por via do financiamento se pode colocar em causa o acesso aos cuidados de saúde, mas também quando a vertente da prestação de cuidados falha, seja por dificuldades de acesso, por questões relacionadas com qualidade, com eficiência económica - ou falta dela - , ou porventura até mesmo por redundâncias na oferta de cuidados de saúde.

É, portanto, este posicionamento específico da ERS que lhe confere características únicas e essenciais. Tem-lhe competido reflectir, recomendar e intervir, sempre que necessário ou adequado, em prol da difícil equação “defesa dos direitos de acesso – qualidade dos cuidados de saúde - fomento da transparência, da eficiência e da equidade do sector, conjugado com a defesa do interesse público e dos interesses dos utentes”.

Julgo, sem falsa modéstia, que temos sabido aproximar-nos de tal equação, como o demonstram as nossas múltiplas análises que, em regra, identificam antecipadamente os problemas e propõem os caminhos alternativos a trilhar. Vejam-se os trabalhos sobre HemodiáliVejam-se, Convenções, Licenciamentos, entre muitos outros.

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Somos a entidade, que de forma independente e equidistante de todos os agentes do sistema – mas com a colaboração, repito, com a colaboração de todos – tem por missão defender os direitos dos utentes, e de cada um dos utentes, ao mesmo tempo que defende a equidade e a eficiência do sistema de saúde, em prol da sua sustentabilidade.

Julgo que este Fórum, que teve hoje a sua primeira realização, e que terá uma periodicidade anual, representa bem este equilíbrio da missão desenvolvida pela ERS: cidadãos mais bem informados e mais esclarecidos são também utentes mais atentos à necessidade de contribuir para a eficiência do Sistema de Saúde. E prestadores de cuidados de saúde atentos ao quadro regulatório beneficiam de maior certeza e segurança na adequação dos seus comportamentos.

A regulação independente da Saúde é um movimento relativamente recente.

Criada no final de 2003, a ERS encontra-se hoje em plenitude de aproveitamento das suas capacidades. O conhecimento e experiência acumulados dos seus recursos humanos são activos valiosos, que são colocados ao serviço da sua missão.

Uma evolução importante para a actividade da ERS foi a entrada em vigor do seu actual regime jurídico, aprovado em 2009. Mantendo os objectivos da regulação independente, o novo regime jurídico da ERS introduziu algumas alterações substantivas, como um Conselho Consultivo, uma delimitação mais rigorosa das suas atribuições e poderes, ao mesmo tempo que procedeu ao alargamento dessas atribuições em áreas tão relevantes quanto a regulação económica.

Em Setembro de 2010 assumi o compromisso de prosseguir as principais linhas orientadoras da intervenção da ERS, mas trilhando agora um percurso de adicionais e relevantes desafios, dos quais a confiança é seguramente um dos mais importantes; a confiança do Estado, a confiança da administração pública, a confiança do mercado, a confiança das profissões e, em especial, a confiança dos utentes do sistema de saúde. Essa orientação estratégica tem estado patente nas actividades da ERS durante este ano de 2011.

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O estatuto de independência e universalidade da Entidade Reguladora da Saúde colocam-na como elemento central do sistema de regulamentação e supervisão do sector da Saúde em Portugal. Este sistema assenta num conjunto diverso de instituições, do qual fazem parte, além da ERS, as estruturas directamente dependentes do Governo, os institutos públicos indirectamente dependentes do Governo, as ordens profissionais da Saúde e os tribunais.

Nesse contexto, é requisito fundamental para o bom funcionamento do sistema de regulação que o âmbito, missão e competências de cada instituição sejam claramente delimitados e respeitados. É neste quadro que entendemos ser importante que se reconheça inequivocamente a complementaridade entre a regulação, de âmbito global e independente, exercida pela Entidade Reguladora da Saúde, e a actividade das demais instituições com responsabilidades de regulamentação e de auto-regulação.

Do integral entendimento e respeito por essa complementaridade resultará um ambiente regulatório estável e propício ao bom funcionamento do sistema de saúde e à eficiência dos mercados.

A missão da ERS é a regulação da actividade de todos os estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde do território continental, sejam do sector público, privado ou social e independentemente da sua natureza jurídica. Ao longo dos anos, a ERS construiu e desenvolveu o registo dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde, imperativo legal que nasceu consigo, e que constitui o único instrumento existente de reconhecimento do universo de prestadores e um factor de segurança acrescida para os utentes dos serviços de saúde.

Foi com a ERS que Portugal passou a ter conhecimento de quantos prestadores de cuidados de saúde, nas suas diferentes naturezas, existem, onde se encontram, o que fazem e como o fazem, o que constitui um acervo de informação absolutamente inédito, pela exaustividade do sector e natureza da informação recolhida, e pela criação do igualmente único canal de comunicação directo e privilegiado com todos os prestadores actualmente existentes.

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Estão registados na ERS mais de 14.500 estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde, de natureza pública, privada e social.

A monitorização de queixas e reclamações dos utentes é igualmente um dos objectivos da regulação. O acto de reclamar é um acto sério e, sublinhe-se, tomado com seriedade pelos prestadores de cuidados de saúde. É um avanço civilizacional que deve aqui ser destacado, seja enquanto exercício de cidadania com efeitos práticos, seja enquanto instrumento que os prestadores de cuidados de saúde podem e devem utilizar para permanente melhoria.

O campo da avaliação e promoção da qualidade dos cuidados de saúde teve, com o SINAS (o Sistema Nacional de Avaliação em Saúde), uma evolução inédita em Portugal. Este sistema, que assenta num modelo de avaliação da qualidade dos cuidados de saúde com base em indicadores que permitem constituir um rating dos prestadores de cuidados, é o único existente em Portugal que permite o acesso pelos utentes a informação útil e inteligível sobre a qualidade dos cuidados de saúde prestados. Hoje, os utentes que o pretendam, podem por simples consulta do

website do SINAS encontrar os ratings da avaliação da qualidade dos serviços de

ortopedia, ginecologia, obstetrícia e pediatria, em prestadores de natureza pública, privada e social, de todo o território continental.

A defesa dos direitos dos utentes, velando pelo acesso e fazendo cessar todas as rejeições discriminatórias ou infundadas, prevenindo-se a prática de selecção adversa ou de outro tipo de iniquidades no acesso, é um eixo central da actividade da ERS. As múltiplas análises, estudos, pareceres, recomendações e instruções já emitidas pela ERS constituirão, porventura, o maior acervo documental existente em Portugal com análise técnico-jurídica dos direitos dos utentes de saúde. Encontrando-se todas as intervenções da ERS publicadas no seu website, tal acervo é público e espera-se, com isso, auxiliar quer os utentes, quer os prestadores, mas também a investigação em sistemas de saúde.

Relacionada com o direito de acesso, mas de âmbito ainda mais alargado, a “Carta dos Direitos dos Utentes” dos serviços de saúde foi elaborada e transmitida, em Julho deste ano, após audição pública, ao Governo e à Assembleia da República.

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Como principal inovação, temos hoje uma Carta que se refere aos direitos dos utentes de forma transversal, considerando o utente independentemente do local (público, social ou privado) onde recebe os cuidados de saúde, e de quem os financia, reunindo num só documento um conjunto vasto de direitos que se encontravam dispersos por uma multitude de diplomas legais.

Também relacionado com a protecção do direito de acesso aos cuidados de saúde, destaco a análise do impacto sobre o sistema de Saúde Português da Directiva do Parlamento Europeu e do Conselho, de Março de 2011, relativa ao Exercício dos Direitos dos Doentes em Matéria de Cuidados de Saúde Transfronteiriços. Este estudo esteve recentemente em audição pública e será brevemente revisto para produção da sua versão final.

Mas o acesso aos cuidados de saúde deve ser realizado no quadro de um sistema de saúde e, em particular, de um Serviço Nacional de Saúde, eficientes. A regulação económica apresenta-se, assim, como essencial à contínua análise do funcionamento eficiente do sistema de saúde, procurando-se que nem a busca de eficiência seja feita com prejuízo do acesso aos cuidados, nem este último seja realizado sem atenção à eficiência.

As análises realizadas pela ERS sobre estas matérias permitem que o decisor político se encontre na posse de elementos que devem ser considerados para efectuar as escolhas mais adequadas.

A este título, assumem particular relevo os estudos de avaliação da Carta Hospitalar e a Análise da Sustentabilidade Financeira do SNS, ambos actualmente em curso na ERS.

Também a concorrência nos mercados da prestação de cuidados de saúde é um tema central. Como resultado das análises e pareceres emitidos pela ERS, os prestadores de cuidados de saúde operam hoje em mercados mais transparentes e com um funcionamento mais eficiente e mais justo, requisitos essenciais para uma concorrência saudável.

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Olhando para o futuro, a Entidade Reguladora da Saúde quer continuar a afirmar-se por uma postura de regulação activa e sólida, podendo em 2012 proceder à criação das bases para a ampliação da sua actuação a novas áreas e âmbitos.

Senhor Ministro da Saúde,

Senhora Presidente da Comissão Parlamentar da Saúde, Minhas Senhoras e meus Senhores,

Os importantes compromissos assumidos pelo Estado Português com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional, no âmbito do apoio financeiro externo a Portugal, têm na área da Saúde um dos seus campos mais ambiciosos e difíceis.

É necessário que o Estado antecipe os problemas, reuna o conhecimento e a informação necessários para lidar com uma situação nova e complexa e avalie, permanentemente, o impacto da mudança.

Por isso, também, é importante que se instale uma permanente cultura de avaliação e de prestação de contas.

Conhecer com rigor os resultados das reformas é matéria fundamental, já que se pretende alcançar um funcionamento diferente, que melhore os efeitos sociais e económicos do sistema de saúde.

Da avaliação devem ser retiradas consequências e ela deve funcionar como um processo de fundamentação das próprias decisões, de modificação e aperfeiçoamento das políticas públicas, de melhoria da resposta dos serviços, de produção de conhecimento e de responsabilização perante a comunidade.

E esta responsabilização perante a comunidade, a prestação de contas, deve constituir uma forma de exposição democrática à luz crítica do exame público.

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Todos nós nos devemos sentir empenhados em que a confiança dos cidadãos, em especial a confiança dos utentes no seu sistema de saúde, se reforce e que as respostas se aproximem, tanto quanto possível, das suas expectativas e das suas efectivas necessidades.

Nesse contexto, e assim concluo, é necessário que, em conjunto, saibamos encontrar este caminho de conciliação entre as exigências da universalidade do acesso aos cuidados e a procura da eficiência.

A ERS, pelo seu lado, está totalmente dedicada ao seu compromisso com uma actuação independente e isenta, centrada no bom funcionamento do sistema de saúde. Essa é a melhor forma de garantir a defesa dos interesses dos utentes dos cuidados de saúde.

Referências

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