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Fertilidade Do SoloApostila

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Academic year: 2021

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APRESENTAÇÃO

A análise de solo ocupa lugar de destaque como instrumento de diagnose da fertilidade, bem como é base para recomendação de corretivos e fertilizantes.

O uso eficiente de corretivos e fertilizantes, juntamente com outras práticas de manejo, constituem-se fatores da maior importância para o aumento da produtividade, a modernização e a racionalização da agricultura.

Entretanto, para que esses objetivos sejam atingidos, torna-se necessário que o agricultor utilize, de forma racional, os vários instrumentos de diagnose da fertilidade do solo, destacando-se a análise do solo e a análise foliar.

Com este objetivo foi elaborado este módulo que, além de discutir alguns conceitos básicos de fertilidade do solo, utiliza-os na solução de problemas práticos do dia-a-dia daqueles que atuam nesta importante área da ciência do solo.

Nesta sistematização de informações estão incluídas: orientação básica para coleta de amostras de solo, interpretação dos resultados e recomendação de corretivos e fertilizantes.

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INTRODUÇÃO

No processo de recomendação de corretivos e fertilizantes é indispensável a utilização dos resultados das análises de solo da maneira mais eficiente possível.

O ponto de partida para uma correta avaliação da fertilidade do solo é a análise de uma amostra representativa do solo da área a ser cultivada. Esta prática é indispensável quando se pensa em efetivamente aumentar a produtividade das mais diversas culturas e, como conseqüência, a produção e os lucros.

Infelizmente, esta tecnologia simples, barata e de crucial importância, não é utilizada pela maioria dos agricultores brasileiros.

Apenas por meio da análise do solo é possível definir as doses mais adequadas de calcário e de fertilizante para atingir a Produtividade Máxima Econômica (PME).

De certa forma, o processo de análise química do solo pode ser dividido em três etapas: amostragem do solo, análise em laboratório e interpretação dos resultados, até se chegar ao uso deste método de avaliação da fertilidade para recomendação de práticas corretivas e ou de adubação.

Para uma correta recomendação, o técnico tem um importante papel em todas as três etapas, notadamente na amostragem do solo e na interpretação dos resultados.

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Solos são o meio no qual as culturas desenvolvem-se para alimentar e abrigar o mundo. Entender a fertilidade do solo é compreender a necessidade básica para a produção vegetal.

A fertilidade do solo é vital para a produtividade, mas um solo fértil não é necessariamente um solo produtivo. A má drenagem, os insetos, a seca e outros fatores podem limitar a produção, mesmo quando a fertilidade é adequada.

Para compreender a produtividade do solo, é preciso conhecer as relações solo-planta existentes. Certos fatores externos controlam o crescimento das plantas: ar, calor (temperatura), luz, suporte mecânico, nutrientes e água. A planta depende do solo, pelo menos em parte, para obtenção de todos estes fatores, com exceção da luz.

Para aumentar a eficiência do trabalho de diagnose de problemas de fertilidade do solo, é necessário que o técnico esteja familiarizado com conceitos básicos sobre o assunto e como estes podem ser utilizados de uma forma mais abrangente.

Dessa forma, uma recapitulação sobre alguns conceitos básicos em fertilidade do solo permite trabalhar melhor os resultados de análises de solo na proposição de soluções para os problemas de fertilidade.

1.1 NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS

A essencialidade de certos elementos químicos às plantas está relacionada, em resumo, ao fato de o elemento ser constituinte de um metabólito essencial ou ser requerido para ação de um processo metabólico, por exemplo, para ação de uma enzima (Arnon e Stout, 1939).

Dezesseis elementos químicos são chamados essenciais para o crescimento das plantas. Eles são divididos em dois grupos principais: os não minerais e os minerais.

Os nutrientes não minerais são: o carbono (C), o hidrogênio (H) e o oxigênio (O), encontrados na atmosfera e na água.

Os treze nutrientes minerais fornecidos pelo solo são: nitrogênio (N), fósforo (P), enxofre (S), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), ferro (Fe), manganês (Mn), cobre (Cu), zinco (Zn), molibdênio (Mo), boro (B) e cloro (Cl).

Os nutrientes supridos pelo solo não são exigidos em iguais quantidades pelas plantas. O principal fator que controla o teor de nutrientes nas plantas é o potencial de absorção, que é geneticamente fixado.

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Uma divisão, de certa forma arbitrária, quanto à exigência, classifica os nutrientes que ocorrem em teores mais elevados nas plantas como macronutrientes: N, P, K, Ca, Mg e S. Estes conseqüentemente, são requeridos em maiores quantidades. Por sua vez, os menos exigidos são denominados micronutrientes: Fe, Mn, Zn, Mo, B, Cl e Cu. Deve-se observar que a classificação em macro e micronutrientes não está relacionada com uma maior ou menor importância de determinado nutriente para o desenvolvimento vegetal.

Portanto, os nutrientes são indispensáveis para o crescimento e desenvolvimento das plantas. Numa agricultura cada vez mais tecnificada e competitiva, o agricultor tem de estar muito atento para a capacidade do solo em suprir os nutrientes às plantas.

1.2 DISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES

Diversos fatores influenciam a dinâmica dos diferentes nutrientes no solo, condicionando a sua capacidade de supri-los às plantas. A disponibilidade de nutrientes é variável espacialmente e no tempo.

De forma simplificada, pode-se considerar como disponível o somatório da quantidade de nutrientes na solução do solo, capaz de chegar até a superfície da raiz, mais a quantidade que se encontra na fase sólida, capaz de ressuprir prontamente a solução do solo à medida que o nutriente da fase líquida vai sendo absorvido.

A disponibilidade de nutrientes é influenciada também pelo fator planta. Cada vez mais é reconhecido o papel da planta na aquisição dos nutrientes do solo, alterando e, em alguns casos, controlando a disponibilidade de nutrientes no solo.

1.3 COLÓIDES E ÍONS DO SOLO

O solo pode ser considerado como um sistema disperso, pois é constituído de mais de uma fase, estando a fase sólida em estado de acentuada subdivisão. Há, portanto, um sistema constituído de partículas diminutas, de tamanho coloidal, minerais ou orgânicas, ou organo-mineral. Nesse sistema ocorrem reações químicas, físico-químicas e microbiológicas da maior importância no estudo dos solos.

Em termos práticos, o tamanho das frações da fase sólida do solo pode ser identificado de acordo com a seguinte classificação:

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Frações Dimensões (mm) Calhaus 20 a 2 Areia grossa 2 a 0,2 Areia fina 0,2 a 0,02 Silte 0,02 a 0,002 Argila < 0,002 ou < 2 micra

Os colóides argilosos são frações menores que 0,001 mm ou 1 micra. Os colóides orgânicos constituem-se no húmus, que é produto de decomposição da matéria orgânica, transformado biologicamente. Na maioria dos solos, os colóides argilosos excedem em quantidade os colóides orgânicos. Os colóides são os principais responsáveis pela atividade química dos solos.

Cada colóide (argiloso ou orgânico) apresenta uma carga líquida negativa (-), ou positiva (+), desenvolvida durante o processo de formação. Isto significa que ele pode atrair e reter partículas com carga positiva (+) ou negativa (-) respectivamente, do mesmo modo que pólos diferentes de um ímã se atraem. Os colóides repelem outras partículas de mesma carga, da mesma forma que pólos idênticos de um ímã se repelem.

Um elemento com uma carga elétrica é chamado de íon. Potássio, sódio, hidrogênio, cálcio e magnésio apresentam cargas positivas e são chamados “cátions”. Os íons com cargas negativas, tais como o nitrato e o sulfato (SO42-),

são chamados de ânions (Tabelas 1.1 e 1.2).

Tabela 1.1 Cátions comuns do solo, seus símbolos químicos e formas iônicas

Cátion Símbolo químico Forma iônica

Potássio K K+

Sódio Na Na+

Hidrogênio H H+

Cálcio Ca Ca2+

Magnésio Mg Mg2+

Tabela 1.2 Ânions comuns do solo, seus símbolos químicos e formas iônicas.

Ânion Símbolo químico Forma iônica

Cloreto Cl Cl

-Nitrato N NO3

-Sulfato S SO42-

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-1.4 CAPACIDADE DE TROCA DE CÁTIONS (CTC) E CAPACIDADE

DE TROCA DE ÂNIONS (CTA)

Uma característica fundamental dos solos diz respeito à capacidade dos colóides em desenvolver cargas negativas ou positivas. O desenvolvimento de cargas promove a adsorção de cátions e de ânions da solução do solo, os quais tendem a ser trocáveis com outros cátions e ânions presentes em solução.

Este fenômeno, de extrema importância na natureza, é chamado adsorção iônica. A adsorção iônica pode ser catiônica (Al+3, Ca+2, Mg+2, K+, Na+, NH4+, etc)

ou aniônica (NO3-, H2PO4-, HCO3-, SO4-2, etc.).

Os cátions retidos nos colóides do solo podem ser substituídos por outros cátions. Isto significa que eles são trocáveis. Por exemplo, o cálcio pode ser trocado por hidrogênio e/ou potássio ou vice-versa. O número total de cátions trocáveis que um solo pode reter é chamado de sua capacidade de troca de cátions ou CTC. Quanto maior o valor da CTC do solo, maior o número de cátions que ele pode reter.

Como nos solos, em geral, predominam as cargas negativas, os estudos envolvendo CTC são muito mais abundantes do que aqueles sobre CTA, que é a capacidade do solo reter e trocar ânions.

Onde os solos são altamente intemperizados e com baixos teores de matéria orgânica, os valores da CTC são baixos. Onde ocorreu menos intemperização e os níveis de matéria orgânica são normalmente mais altos, os valores da CTC podem ser bastante altos. Os solos argilosos, com alta CTC, podem reter grandes quantidades de cátions contra o potencial de perda por lixiviação. Os solos arenosos, com baixa CTC, retêm somente pequenas quantidades de cátions. Nestas condições, existe predisposição para as altas taxas de lixiviação, fazendo com que o parcelamento da adubação nitrogenada e, às vezes, da adubação potássica, seja determinante para aumentar a eficiência das adubações, por exemplo.

Isto faz com que a época e as doses de fertilizantes a serem aplicadas sejam importantes ao se planejar um programa de adubação. Por exemplo, pode não ser aconselhável aplicar potássio em altas doses em solos muito arenosos, sob climas em que as chuvas podem ser muito intensas e abundantes. A aplicação de fertilizantes, nestas condições, deve ser parcelada para evitar a lixiviação e as perdas por erosão, especialmente nos trópicos úmidos. Além disso, o parcelamento nas aplicações de nitrogênio, o uso de inibidores da nitrificação e a aplicação em épocas adequadas para atender os picos da demanda das culturas são importantes para diminuir o potencial de lixiviação de nitratos em solos arenosos.

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Algumas aplicações práticas

Solos com CTC entre 11 e 50 Solos com CTC entre 1 e 10

Alto teor de argila Alto teor de areia

Mais calcário é necessário para corrigir um dado valor de pH

Maior predisposição para a lixiviação de nitrogênio e potássio

Maior capacidade para reter nutrientes a uma certa profundidade do solo

Menos calcário é necessário para corrigir um dado valor de pH Características físicas de um solo com

alto teor de argila

Características físicas de um solo com alto teor de areia

Alta capacidade de retenção de água Baixa capacidade de retenção de água

A capacidade de troca de cátions dos solos, conforme já discutido, é de grande importância na agricultura. Assim sendo, o conhecimento de alguns conceitos a ela relacionados são muito relevantes para o manejo da fertilidade do solo.

a) CTC efetiva

É representada pela letra “t” e reflete a capacidade de troca de cátions efetiva do solo, ou melhor, a capacidade do solo em reter cátions em seu pH natural. Qualquer que seja o valor e pH do solo, as cargas negativas ocupadas pelo H+ não estão disponíveis para retenção de outro cátion, por troca.

Supondo-se o cultivo do solo ao valor do pH natural, a correta interpretação do valor da CTC efetiva fornece uma idéia das possibilidades de perdas de cátions por lixiviação, do potencial de salinidade e necessidade de parcelamento das adubações potássicas.

Um valor de t menor que 2,3 cmolc/dm3 é baixo, segundo a Comissão de

Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais – CFSEMG (CFSEMG, 1999). Ele é indicativo de solo arenoso, com baixo teor de matéria orgânica e, mesmo se mais argiloso, com predomínio de argilas de baixa atividade. Nesta condição, se for feita uma adubação pesada, poderão ocorrer perdas de cátions por lixiviação e elevada salinidade para as sementes ou plântulas.

b) Soma de bases

É representada pelas letras “SB” e, como o próprio nome indica, reflete a soma de cálcio, magnésio e potássio trocáveis.

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A soma de bases por si só não é um parâmetro muito importante, por englobar três bases e, por conseguinte, não dar uma idéia dos valores absolutos de cada uma delas.

c) Percentagem de saturação de alumínio

É representada pela letra “m”, expressando a fração da CTC efetiva que é ocupada por alumínio trocável: m% = (Al+3/t) x 100

Quando se faz a interpretação de resultados da análise química de um dado solo, um dos pontos mais importantes é avaliar o teor de alumínio trocável. Acima de 1,0 cmolc/dm3, o teor é considerado elevado pela CFSEMG e será

prejudicial ao crescimento da maioria das espécies vegetais. Todavia, considerando a variação de CTC entre os solos, o parâmetro que melhor expressa o potencial fitotóxico do alumínio é justamente o valor “m”.

Os conceitos até então discutidos estão relacionados com a CTC do solo em seu pH natural ou, de outra forma, com as condições prevalecentes no solo em seu pH natural. Todavia, sabe-se que, muitas vezes, o solo não será cultivado na sua condição natural de pH. Assim, sendo, os dois conceitos a seguir aplicam-se para uma condição de solo com valor de pH ajustado para 7,0.

O termo pH define a acidez ou a alcalinidade relativa de uma substância. A escala de pH cobre uma amplitude de 0 a 14. Um valor de pH igual a 7,0 é neutro. Valores abaixo de 7,0 são ácidos e acima de 7,0 são básicos. O pH da maioria dos solos produtivos varia entre os valores de 4,0 e 9,0.

d) CTC potencial

É representada pela letra “T”, e reflete a capacidade do solo em reter cátions a pH 7,0. Portanto, é também conhecida por CTC a pH 7,0.

Sob o ponto de vista prático, é o valor da CTC de um solo, caso a calagem deste solo fosse feita para elevar o pH a 7,0. Partindo-se de um solo ácido, a elevação do pH para 7,0 promove a neutralização de cátions H+ que se encontram em ligações covalentes com o oxigênio de colóides orgânicos e de óxidos de ferro e de alumínio.

Finalmente, deve-se destacar que o ganho em CTC pela neutralização de H+ adsorvido será tanto maior quanto mais baixo for o pH natural do solo e quanto maior for o teor de matéria orgânica e de óxidos de ferro e de alumínio do solo. Os colóides orgânicos são os principais responsáveis por tal ganho.

e) Percentagem da saturação de bases da CTC a pH 7,0

Este parâmetro, representado por “V”, reflete quantos porcento da CTC a pH 7,0 estão ocupados pelas bases existentes no solo.

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Supondo-se a elevação do pH do solo para 7,0, sem aumento no teor das bases Ca, Mg e K, a percentagem de saturação de bases no complexo de troca será reduzida, pois há aumento da CTC; com o aumento de pH – CTC passa de t para T.

Portanto, visando ao manejo da fertilidade do solo, o aumento do seu pH tem de ser feito com corretivos que adicionem bases ao solo, de forma a elevar também a saturação por bases. Esta é uma das razões do uso de calcário, pois, além de elevar o pH do solo, este corretivo adicionará a ele cálcio e magnésio. Assim sendo, a percentagem de saturação de bases é um parâmetro muito usado para recomendação de calagem.

Para cada uma das bases, além dos teores absolutos, pode-se calcular a fração da CTC potencial ocupada por cada uma, da seguinte forma: % Ca = (Ca+2/T) x 100; % Mg = (Mg+2/T) x 100; % K = (K+/T) x 100.

Generalizando para uma condição ideal de suprimento das bases, a percentagem de saturação de Ca, Mg e K na CTC potencial deve ser de 60% a 70%; 10% a 20% e 2% a 5%, respectivamente.

1.5 ACIDEZ DO SOLO

Os conceitos básicos de acidez e capacidade de troca de cátions (CTC) são bastante conhecidos, tanto na região temperada como na região tropical. Apesar disso, ainda existe muita confusão gerada pelo uso inadequado destes conceitos na solução de problemas ligados à fertilidade do solo.

Deve-se salientar que nem os princípios fundamentais da acidez do solo, nem aqueles ligados à CTC podem ou devem ser considerados em termos isolados. É óbvia a necessidade de avaliar as inter-relações entre os mesmos.

É acentuada a importância do estudo da acidez no solo, pois ela interfere nas propriedades físicas em relação à sua gênese e nas propriedades químicas, ressaltando o aspecto de sua fertilidade. A reação do solo é, talvez, uma das características que mais informa acerca do estado geral e do comportamento do solo. Ela pode ser ácida, básica ou neutra. Nos solos situados em regiões sob clima tropical e subtropical predominam solos com reação ácida.

A acidificação dos solos ocorre, de modo especial, em regiões tropicais úmidas e deve-se à substituição das “bases trocáveis” por íons H+

e Al+3 no complexo de troca. Esta substituição é resultante da percolação da água, absorção de cátions básicos pelas plantas e, também, pelo uso de fertilizantes de caráter ácido.

A maneira usualmente conhecida de se verificar uma reação ácida ou alcalina de uma solução é por meio de seu pH.

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Os valores de pH variam grandemente, numa faixa entre 3 e 10. A reação do solo é o fator que, em geral, mais afeta a disponibilidade dos nutrientes às plantas. Sabe-se que a maior disponibilidade ocorre na faixa de pH entre 6 e 7. Sob acidez ou alcalinidade excessiva, entre outros problemas para as plantas, tem-se uma baixa disponibilidade de nutrientes. Portanto, antes da adubação e, na verdade, antes do preparo do solo, deve-se procurar conhecer as suas condições de acidez (Furtini Neto et al., 2001).

No Brasil, o maior problema relacionado à reação do solo é que cerca de 70% dos solos cultivados apresentam acidez excessiva. Assim, a prática da calagem torna-se de vital importância no manejo da fertilidade.

Dentre os vários efeitos da calagem em solos ácidos, destaca-se o aumento da disponibilidade da maioria dos nutrientes essenciais para as plantas. Com exceção do ferro, cobre, manganês e zinco, que apresentam diminuição na sua disponibilidade com a elevação do pH, todos os demais (nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, molibdênio e cloro) têm sua disponibilidade aumentada pelo uso racional da calagem em solos ácidos.

O conhecimento deste fato é da maior importância, pois indica que uma das maneiras mais adequadas para aumentar a eficiência dos fertilizantes contendo macronutrientes primários e secundários, em solos ácidos, é o uso de calcário na dosagem correta.

1.5.1 Efeito da acidez no solo

- Concentração de elementos, tais como alumínio, ferro e manganês, pode atingir níveis tóxicos, porque sua solubilidade aumenta nos solos ácidos; - a toxidez de alumínio é, provavelmente, o fator limitante mais importante

para as plantas em solo muito ácidos;

- os organismos responsáveis pela decomposição da matéria orgânica e pela liberação de nitrogênio, fósforo e enxofre podem estar em pequeno número e com pouca atividade;

- o cálcio pode ser deficiente quando a CTC do solo é extremamente baixa. O mesmo acontece com o magnésio;

- a performance dos herbicidas aplicados ao solo pode ser afetada, de modo adverso, quando o pH do solo é muito baixo;

- a fixação simbiótica de nitrogênio pelas leguminosas é severamente reduzida. A relação simbiótica requer uma amplitude de pH mais estreita para o crescimento ótimo das plantas do que no caso de plantas não fixadoras de nitrogênio;

- os solos argilosos, com alta acidez, são menos agregados. Isto causa baixa permeabilidade e aeração, um efeito indireto, motivo pelo qual os solos que receberam calagem produzem mais resíduos das culturas;

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- a disponibilidade de nutrientes como o fósforo e o molibdênio é reduzida; - há aumento na tendência de lixiviação de potássio.

Os principais sintomas de toxidez podem ser observados no sistema radicular: - raízes caracteristicamente curtas ou grossas;

- inibição do crescimento das raízes, que se tornam castanhas;

- raízes laterais engrossadas e pequena formação de pêlos radiculares; - se observa também predisposição da planta injuriada à infecção por fungos.

A maneira mais fácil, correta e economicamente viável de corrigir a acidez do solo, notadamente na camada arável, diz respeito ao uso de calcário por meio da calagem. Essa prática tem dois objetivos fundamentais: correção da acidez do solo para diminuir ou até anular os efeitos tóxicos das altas concentrações ou saturações de alumínio e manganês, e correção das deficiências de cálcio e magnésio.

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2.1 AMOSTRAGEM DO SOLO

2.1.1 Área homogênea

A amostragem constitui a primeira etapa de um programa racional de avaliação da quantidade de calcário e adubos a serem aplicados em uma propriedade agrícola. Deve-se lembrar, entretanto, que, por mais cuidadosa que seja a análise do solo, ela não corrige erros cometidos durante a retirada da amostra. A amostragem é uma fase crítica e deve ser feita com todo o cuidado; quando mal feita, origina uma interpretação errada, causando prejuízos muitas vezes irreparáveis aos agricultores.

Apesar de a amostragem do solo ser uma tarefa relativamente simples, ela deve ser executada com bastante critério, visto que os solos são naturalmente heterogêneos e essa heterogeneidade tende a aumentar quando são cultivados.

Os métodos analíticos e os laboratórios de análises de solo estão em constante evolução, mas nada disso adianta se a amostragem não for representativa da área que se queira avaliar quanto às suas características químicas, físicas e biológicas.

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O primeiro passo para a correta amostragem de solo reside na definição do plano de amostragem e, por conseqüência, na determinação do número de amostras a coletar. As características locais da lavoura, como a topografia, cor e profundidade do solo, uso anterior da área, manejo da fertilidade do solo, incluindo tipos, quantidades de adubos e de corretivos aplicados, etc., irão determinar o número de glebas distintas a serem amostradas e o número de subamostras por amostra.

Para que o resultado analítico expresse a fertilidade média da área amostrada, na composição de uma amostra, cada subamostra deve contribuir com igual quantidade de terra. Da mesma forma que, quanto maior a área a ser caracterizada, maior deve ser o número de subamostras. Alguns dados sugerem que são necessárias cerca de dez subamostras para representar adequadamente 2,0 hectares (ha), quinze para representar 4,0 ha e vinte para representar 8,0 ha.

A segunda etapa é a amostragem de solo propriamente dita. O equipamento a ser utilizado depende das condições locais. Entre os equipamentos existentes, incluem-se o trado de rosca, o trado holandês, o calador e a pá-de-corte. O trado holandês apresenta, em geral, boa performace, não sendo muito influenciado pelo teor de umidade e pela textura do solo, como é o caso do calador e do trado de rosca. O trado de rosca requer um número maior de subamostras em solo onde foi aplicado adubo em linha e que não foi revolvido. Neste caso, a pá-de-corte é a melhor opção. Deve-se proceder-se à abertura de uma cunha no solo, com largura correspondente à do espaçamento entre as linhas, centralizando-a a partir da linha de localização do fertilizante. Quanto aos demais cuidados relativos à profundidade de amostragem, bem como à homogeneização, à pré-secagem à sombra, à embalagem da amostra, ao preenchimento do formulário e ao envio do material ao laboratório, recomenda-se seguir as indicações de praxe.

2.1.2 Época de amostragem

A tomada de amostra do solo deve ser feita com bastante antecedência à época do preparo e semeadura. Assim, haverá tempo suficiente para o laboratório analisar as amostras e para que as recomendações cheguem ao produtor em época propícia à aquisição dos insumos necessários, sem atropelos que lhe possam acarretar prejuízo, em termos de preço e entrega do produto, por exemplo.

A época ideal para a retirada de amostras do solo varia de acordo com o tempo de cultivo que a área está submetida e com a necessidade ou não de calagem. Em áreas que não necessitam de calagem, a amostragem para fins de recomendação de fertilizantes poderá ser feita logo após a maturação fisiológica da cultura anterior àquela que será instalada. Caso haja necessidade de calagem,

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a retirada da amostra tem que ser feita de modo a possibilitar que o calcário esteja incorporado pelo menos três meses antes da semeadura.

Visando à implantação da lavoura, tanto de cultura anual quanto de perene, a amostragem do solo deve ser feita cerca de seis meses antes do plantio. Em pastagens já estabelecidas, sugere-se proceder à amostragem cerca de três meses antes do máximo crescimento vegetativo.

No caso de culturas perenes, a amostragem pode ser feita cerca de dois meses após a última adubação de produção, ou logo após a colheita. De qualquer forma, precisa ser feita também com a devida antecedência, dada à possibilidade de se aplicar calcário novamente, o que necessita ser feito com boa antecedência das adubações da próxima safra.

No caso de cultivo intensivo, sob irrigação, a amostragem pode ser feita a qualquer época, desde que se tome o cuidado de evitar a retirada de amostras nos sulcos de plantio, para não superestimar a fertilidade do solo.

A amostragem do solo não deve ser feita em condições de solo muito úmido, entre outras razões, pela dificuldade de se obter uma adequada mistura das amostras simples.

2.1.3 Local e profundidade de amostragem

Na retirada de amostras do solo com vistas à caracterização da fertilidade, o interesse é pela camada arável do solo que, normalmente, é a mais intensamente alterada, seja por arações e gradagens, seja pela adição de corretivos, fertilizantes e restos culturais. Entretanto, é de valor muito limitado para avaliar a fertilidade do solo, tanto para instalação da lavoura quanto para culturas perenes já instaladas, pois as raízes exploram o solo em profundidades muito maiores.

Visando a implantação da lavoura, notadamente de culturas perenes, o solo deve ser amostrado, pelo menos, nas camadas de 0 a 20 e 20 a 40 cm. Idealmente, pode-se também retirar amostras na profundidade de 40 a 60 cm. Mesmo os solos já cultivados devem ser amostrados também abaixo da camada de 20 cm.

Análise em profundidade, abaixo da camada arável, é importante para avaliar os seguintes aspectos:

a) ocorrência de barreiras químicas (deficiência de cálcio e ou excesso de alumínio) para o normal aprofundamento do sistema radicular. Portanto, é um procedimento indispensável para a correta recomendação de calagem e de gessagem;

b) acúmulo de nutrientes móveis, principalmente NO3-, SO4-2, K+ e B, nos

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c) descoberta de possível existência de camadas compactadas ou pedregosas.

No caso de culturas perenes já instaladas, ainda há diferentes recomendações quanto ao local de amostragem. Malavolta (1989) recomenda, para pomares implantados de citros, a retirada, em cada área homogênea, de 20 subamostras no meio da faixa adubada, na profundidade de 0 a 20 cm e 20 subamostras, no mesmo local, na profundidade de 20 a 40 cm.

Na cafeicultura, a aplicação localizada de fertilizantes nitrogenados na projeção da copa resulta em acidificação localizada. A arruação, que consiste em puxar os resíduos para o meio da rua antes da colheita, concentra solo com resíduos de fertilizantes ou solo mais fértil no meio da rua, caso não se proceda à esparramação após a colheita. Para o café em lavouras implantadas, a CFSEMG (1999) recomenda fazer amostragem anual da área adubada na projeção da copa e periodicamente (a cada 4 anos) da área nas entrelinhas ou meio da rua, especialmente quando se pretende avaliar a possibilidade de amostras compostas por área homogênea. Ou, se pretende correção da área toda, pode-se fazer apenas uma amostra composta, coletando metade das amostras simples na área adubada e a outra metade no meio da rua.

Quaggio (1994) recomenda que a amostragem somente na projeção da copa das plantas perenes seja revisada, pois, pelo menos para o citros, este local não representa o ambiente radicular. Este autor obteve maior correlação entre os resultados de análise do solo e de folhas e maior facilidade para interpretação dos resultados quando amostrou-se na projeção da copa e no meio da rua, obtendo-se apenas uma amostra composta por área homogênea.

2.1.4 Freqüência de amostragem

Segundo Raij (1985), a análise do solo deve ser repetida em intervalos que podem variar de um a quatro anos. A variação neste intervalo depende do poder tampão do solo, da quantidade e tipo de fertilizante utilizado, do manejo da palhada, do número de cultivos por ano e das produtividades obtidas. Por exemplo, áreas cultivadas intensivamente com duas a três culturas por ano, sob irrigação, devem ser analisadas anualmente.

Em princípio, tanto em culturas anuais quanto perenes em fase de produção, o agricultor deveria considerar seriamente a análise do solo como prática a ser feita anualmente. Isto porque, diante de todo o investimento a ser feito com corretivos e fertilizantes, a análise do solo torna-se de crucial importância e de custo irrisório. Enfim, o técnico tem de estar consciente dos riscos de se fazer recomendações de práticas corretivas e ou de adubação com base em resultados de análise do solo realizada há mais de um ano.

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2.1.5 Procedimentos na amostragem

O local de retirada de cada amostra simples deve ser limpo, não deixando restos de plantas, sem, contudo, revirar o solo. Existem equipamentos apropriados para a coleta de solo para análise, tais como trados, sondas e outros. Quando se utilizar a pá de corte ou enxadão, abrir um buraco de 20 cm de profundidade (para o caso de amostragem de 0 a 20 cm), cortar num dos lados uma fatia de cima para baixo até o fundo, eliminando as porções laterais. Prosseguir desse modo, caminhando em ziguezague até limitar a área homogênea, coletando em torno de 20 amostras simples por profundidade para se fazer uma amostra composta. Após homogeneização das amostras simples, retirar de 200 a 300 g de terra, que será enviada ao laboratório devidamente identificada (CFSEMG, 1999).

A CFSMG (1999) recomenda ainda não se retirar amostras próximo a casas, brejos, voçorocas, árvores, sulcos de erosão, formigueiro e caminho de pedestres. As amostras não devem ser colocadas em recipientes usados ou sujos, tanto durante o processo de coleta de amostras simples quanto para envio da amostra composta ao laboratório.

Raij (1991) indica que se a terra estiver molhada, convém secá-la ao ar antes de colocá-la na embalagem para a remessa ao laboratório. De qualquer forma, conforme já ressaltado, a amostragem deve ser feita quando o solo estiver menos úmido.

Segundo Siqueira et al. (1989), quando se utilizam trados para a amostragem do solo, a amostra deve ser colocada diretamente no balde ou saco receptor. O uso do calador requer uma espátula para a retirada do cilindro de solo amostrado. Quando se usa o trado holandês, deve-se retirar o material excedente com uma faca, deixando-se somente um fatia central do cilindro de solo coletado, reduzindo assim, o tamanho da amostra e facilitando a retirada do material do trado com as mãos.

2.2 ANÁLISE EM LABORATÓRIO

Uma análise completa para avaliação da fertilidade do solo deve incluir as seguintes determinações: pH, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, zinco, manganês, cobre, ferro, boro, alumínio, hidrogênio mais alumínio, teor de matéria orgânica e análise granulométrica (textura).

Em países desenvolvidos, também é determinado o teor de nitrogênio mineral residual, notadamente de nitrato, como índice da disponibilidade de nitrogênio no solo. Apesar de alguns laboratórios do Brasil terem condições de realizar tal análise, a interpretação de resultados para nossas condições ainda não está definida. Por isso, a determinação do teor de matéria orgânica, entre outros

(16)

benefícios, pode dar um idéia da capacidade do solo de suprir nitrogênio para as plantas, conforme proposto por Siqueira et al. (1989).

A determinação de molibdênio ainda apresenta problemas analíticos e de interpretação.

A determinação da percentagem de areia, silte e argila (análise granulométrica) é de grande importância na avaliação da fertilidade do solo e, por conseqüência, no manejo da fertilidade do solo. Entretanto, essa análise é feita uma única vez, ou seja, não há necessidade de repetição da análise textural sempre que for feita análise química da área.

Em solos sob suspeita de salinidade deve-se analisar o teor de sódio e determinar a condutividade elétrica.

A participação do técnico na análise do solo propriamente dita, praticamente se resume na escolha de um laboratório confiável e com capacidade de realizar todas as determinações necessárias ou capacidade de fazer uma análise completa.

2.3 REPRESENTAÇÃO E CONVERSÃO DOS RESULTADOS DA

ANÁLISE DO SOLO PARA AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO

SOLO

A amostra recebida no laboratório é colocada para secar ao ar, na sombra e peneirada em peneira de malha de 2mm de abertura. Feitas as respectivas análises, os resultados são expressos com base em volume de terra.

Nos laboratórios integrados ao PROFERT-MG, as seguintes análises são executadas:

 pH em água;

 Ca+2: cálcio trocável (cmolc/dm3);

 Mg+2: magnésio trocável (cmolc/dm3);

 Al+3: alumínio trocável (cmolc/dm3);

 H + Al: hidrogênio mais alumínio ou acidez potencial, medida a pH 7,0 (cmolc/dm3);

 K+: potássio disponível (mg/dm3);

 P: fósforo disponível (mg/dm3);

 SB: soma de bases (cmolc/dm3);

 t: capacidade efetiva de troca de cátions (CTC efetiva) = t = SB + Al+3 ou (Ca+2 + Mg+2 + K+) + Al+3 (cmolc/dm3);

 m: saturação de alumínio na CTC efetiva (%) = m = 100 x Al+3/t ou 100 x Al+3/ Ca+2 + Mg+2 + K+ + Al+3 (%);

(17)

 T: capacidade de troca de cátions a pH 7,0 = T = SB + (H+ Al) ou (Ca+2 + Mg+2 + K+) + (H +Al+3) (cmolc/dm3);

 V: porcentagem de saturação por bases da CTC a pH 7,0 (%) = V = 100 x SB/T ou 100 x (Ca+2 + Mg+2 + K+)/(Ca+2 + Mg+2 + K+) + (H +Al+3).

2.3.1 Variação em métodos de análise

Considerando-se os diferentes procedimentos analíticos empregados nos diversos laboratórios do Brasil e a possibilidade de consulta a boletins de recomendação de corretivos e de fertilizantes de diferentes estados e, até mesmo, de outros países, é preciso atentar para as seguintes situações:

a) Determinação do pH

A acidez ativa do solo é mais comumente medida pelo índice de pH em água. Todavia, seu valor pode ser reduzido pela maior presença de sais, pela adição recente de fertilizantes ou pela mineralização da matéria orgânica de amostras úmidas mantidas por tempo mais longo em recipiente fechados, como os sacos plásticos usados para envio ao laboratório.

Alguns laboratórios, objetivando contornar possíveis problemas neste sentido, determinam a acidez ativa em solução salina, principalmente em CaCl2

0,01 M. Assim é possível manter constante a concentração salina, comparável a concentrações de soluções de solo de alta fertilidade. Em média, o pH em CaCl2

0,01M é cerca de 0,5 unidade menor que o pH em água.

Esta diferença na metodologia analítica do pH, que resulta em resultados nem sempre facilmente comparáveis, não traz maiores problemas de interpretação dos resultados, visto que o valor de pH, normalmente, não é usado para fins de recomendação de calagem.

b) Determinação do fósforo disponível

No Brasil, a maioria dos laboratórios determina o teor de fósforo disponível pelo uso do extrator ácido formado pela mistura de H2SO4 0,025 N + HCl 0,05 N. É

o extrator ou método de Mehlich ou Carolina do Norte.

Na interpretação dos resultados obtidos por este extrator ácido, leva-se em consideração a textura do solo. Muitas vezes isto é considerado uma desvantagem no uso deste extrator, considerando que, muitas vezes, não se tem análise textural da área. Todavia, é difícil imaginar qualquer atuação do técnico em termos de manejo da fertilidade de um dado solo sem conhecer a sua textura.

Também, o uso de extratores ácidos é criticado por promover a solubilização de grande quantidade de fósforo ligado a cálcio, superestimando a disponibilidade de fósforo em solo adubado com fosfato natural, fertilizante constituído de fosfato de cálcio de baixa solubilidade. Todavia, antes de

(18)

compartilhar tal crítica, o técnico tem de atentar para o fato de que o uso de fosfato natural de baixa solubilidade não tem sido indicado para adubação convencional, por representar fonte não renovável, com reduzida abundância no Brasil e de baixa eficiência agronômica.

Em todos os laboratórios do estado de São Paulo, o teor de fósforo disponível é determinado pelo uso da resina trocadora de ânions, que parece extrair apenas as formas de P disponível (Raij, 1991). Trata-se de um método ainda pouco empregado – no mundo, o uso da resina tem-se restringido ao estado de São Paulo. Estes dois métodos fornecem resultados diferentes, de forma que não são comparáveis, necessitando, portanto, de procedimentos distintos – uso de tabelas específicas – para interpretação.

c) Determinação da disponibilidade de micronutrientes catiônicos

No Brasil, o teor disponível de micronutrientes catiônicos tem sido determinado pelo uso de HCl 0,1N (Rio Grande do Sul e Santa Catarina), do extrator Mehlich (Minas Gerais) e DTPA (São Paulo).

Em todos os casos existem ainda dificuldades para interpretação da fertilidade do solo e indicação apropriada de fertilizantes com base nos resultados de análise. Em parte, isto se deve ao fato de que os estudos envolvendo micronutrientes são de desenvolvimento relativamente recente no país.

2.3.2 Unidades de expressão dos resultados

Em conformidade com o sistema Internacional de unidades, as unidades atualmente em uso nos laboratórios de análise do solo do Brasil são: mg/dm3, mmolc/dm3 e g/kg. Entretanto, bibliografias importantes publicadas anteriormente à

década de 1990 apresentam as antigas unidades ppm, meq/100 cm3 e %.

Para os íons trocáveis, usa-se o milimol de carga (mmolc) ou centimol de

carga (cmolc) por dm3. Considerando que o mmolc é a massa atômica do cátion

dividida pela sua carga, tem-se que mmolc tem o mesmo valor do miliequivalente

(meq). Assim, sendo necessária a conversão de meq/100 cm3 (unidade antiga) para mmolc/dm3 (sistema internacional) basta multiplicar por 10, simplesmente

devido ao aumento de 10 vezes no volume de solo (Quadro 2.1). No estado de Minas Gerais, a CFSEMG (1999) recomenda adotar-se a unidade cmolc/dm3, para

a qual a conversão é direta.

No caso do fósforo, enxofre e micronutrientes, em vez de ppm, passa-se a usar mg/dm3, mantendo-se o valor na transformação (Quadro 2.1).

Nos casos dos teores de C, N total e matéria orgânica e análise granulométrica, a representação em % é transformada para g/kg, com fator de conversão de 10. Em Minas Gerais, tem-se usado dag/kg (decagrama por kg) como unidade equivalente a % (Quadro 2.1).

(19)

Também, considerando-se o sistema internacional, a condutividade elétrica da solução é expressa em Siemen por metro (Quadro 2.1).

Quadro 2.1 Unidades antigas e atuais usadas para representar resultados de

análises de solos e fatores de conversão.

Representação antiga Representação atual Fator de conversão

meq/100 cm3 mmolc/dm3 10

meq/100 cm3 cmolc/dm3 (Minas Gerais) 1

ppm mg/dm3 1

% g/kg (ou g/dm3) 10

% dag/kg (Minas Gerais) 1

mmho/cm S/m 0,1

Muitas vezes, os resultados das análises de solos, expressos em mg/dm3, mmolc/dm3 e g/kg não transmitem ao técnico, que interpreta os mesmos, uma

idéia “quantitativa relativa” da disponibilidade de um nutriente. Um resultado de análise de fósforo em mg/dm3 passa a ter mais sentido quando se transforma este resultado em quantos kg de P2O5 estão disponíveis por hectare, por exemplo. Da

mesma forma pode ser interessante saber quantos mg/dm3 correspondem ao uso de 3 toneladas/ha de um determinado calcário.

Alguns exemplos adicionais de cálculos são apresentados a seguir.

1) Uma análise de solo apresentou o resultado de 0,54 cmolc K/dm3.

Pergunta-se:

a) este resultado equivale a quantos mg/dm3 de K?

b) a quantos kg/ha de KCl (60% de K2O) este resultado eqüivale?

a) Primeiro transforma-se os cmolc de K em mg/dm3. Basta usar a fórmula:

mg/dm3 = cmolc x PE x 10, sendo PE = PA/valência

mg/dm3 = 0,54 x 39,1 x 10

mg/dm3 = 211,14 de K

b) Para transformar mg/dm3 de K em kg/ha basta multiplicar por 2.

211,14 de mg/dm3 K x 2 = 422, 3 kg/ha

(considerando-se 1 ha, na camada de 0 a 20 cm e densidade do solo = 1)

Como o KCl apresenta 60% de K2O, é necessário primeiro transformar K

(20)

422,3 kg K/ha x 1,205 = 508,9 kg de K2O/ha

100 kg de KCl 60 kg de K2O

X kg de KCl 508,9 kg de K2O

X = 508,9 kg de K2O x 100 kg de KCl  60 kg de K2O

X = 848,17 kg de KCl

Portanto, uma análise de solo que apresente 0,54 cmolc K/dm3 corresponde

a uma disponibilidade de 848,17 kg de KCl/ha.

2) A aplicação de 4 toneladas de calcário/ha (CaO = 40%; MgO = 8%) corresponderia a quantos cmolc Ca+2/dm3 e Mg+2/dm3?

100 kg de calcário 40 kg de CaO 4.000 kg de calcário X kg de CaO

X kg de CaO = 4.000 kg de calcário x 40 kg de CaO 100 kg de calcário

X = 1.600 kg de CaO

100 kg de calcário 8 kg de MgO 4.000 kg de calcário X kg de MgO

X kg de MgO = 4.000 kg de calcário x 8 kg de MgO 100 kg de calcário

X = 320 kg de MgO

Transforma-se CaO e MgO em Ca e Mg, respectivamente, pelo uso dos fatores 0,7147 e 0,60311.

1.600 kg de CaO/ha x 0,7147 = 1.143,5 kg Ca/ha 320 kg de MgO/ha x 0,60311 = 193,0 kg Mg/ha

Para transformar kg/ha em cmolc/dm3, basta usar a fórmula:

Para o Ca:

Kg/ha = mg/dm3 x 2 = cmolc x PE x 10 x 2 = 1.143,5 = cmolc x 20 x 10 x 2

cmolc = 1.143,4/400 = 2,85 cmolc/dm3

Para o Mg:

Kg/ha = mg/dm3 x 2 = cmolc x PE x 10 x 2 = 193 = cmolc x 12,1x 10 x 2

cmolc = 193/242 = 0,79 cmolc/dm3

2.3.3 Classes de fertilidade

Para a interpretação dos resultados de análise de solo emitidos por um dado laboratório existem tabelas elaboradas, normalmente, por pesquisadores do

(21)

estado em que está inserido o laboratório. Logicamente, tais tabelas, especificamente os limites de classes de teores de nutrientes, refletem os métodos em uso no estado, bem como todo o avanço do conhecimento gerado pelos pesquisadores envolvidos em fertilidade do solo no referido estado. Mais adiante, no estudo das recomendações de adubação, para o que também existem tabelas preparadas regionalmente, será enfatizado que, desde que o método de análise seja o mesmo, o técnico pode fazer a interpretação dos resultados e emitir sua recomendação com base na consulta a tabelas de diferentes estados.

Em Minas Gerais, a CFSEMG (1999) estabeleceu os critérios para interpretação de resultados de análise de solo, que são apresentados nos Quadros 2.2; 2.3; 2.4; 2.5 e 2.6.

O princípio geral de separação das classes, grosso modo, baseia-se numa produção relativa de 0% a 70%, 71% a 90%, 91 a 100%, e > 100%, respectivamente, para os níveis muito baixo, baixo, médio e alto ou muito alto.

Para certas culturas, como, por exemplo, o café, em fase de estudos mais avançados de correlação e calibração, têm-se alterações nestes critérios de interpretação no que diz respeito aos limites para as classes de teores dos nutrientes.

Com relação aos Quadros 2.4 e 2.5, cabe destacar a introdução pela CFSEMG (1999) da determinação do fósforo remanescente – P-rem – como critério auxiliar na interpretação da disponibilidade de fósforo e enxofre. Tal determinação consiste em se medir o teor de P disponível – P-remanescente – após certo tempo de contato entre uma amostra do solo com solução de CaCl2

contendo 60 mg de P/L (Alvarez et al., 2000), como forma de inferir sobre a capacidade tampão do solo. Dessa maneira, no Quadro 2.4, por exemplo, quanto menor o valor de P-rem, de forma análoga à presença de maiores teores de argila, maior a capacidade do solo de promover a fixação de fosfato – maior capacidade tampão. Portanto, o valor de P-rem depende da ocorrência e poder de fixação de fósforo de certos constituintes do solo, os quais afetam intensamente a disponibilidade de P.

Nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que apresentam metodologias analíticas iguais às realizadas em Minas Gerais, extrator Mehlich para P e K e extrator KCl 1N para Ca e Mg, “Comissão de Fertilidade do Solo do RS e SC (1994)” estabeleceu as seguintes classes e limites de fertilidade (Quadros 2.7, 2.8 e 2.9).

Em São Paulo, a partir de 1983, a interpretação da análise de solo foi alterada visando adaptá-la ao método de análise pelo uso de resina trocadora de ânions e de cátions (Raij e Quaggio, 1983; Raij et al., 1996). E, para os micronutrientes catiônicos, foi adotado o extrator DTPA (Quadros 2.10 e 2.11).

(22)

Não são fornecidas, em São Paulo, classes de teores para matéria orgânica e outros valores fornecidos pela análise de solo, que são acidez potencial, soma de bases e capacidade de troca de cátions. Isso porque não se encontrou um critério lógico, em termos de fertilidade do solo, que relacione essas variáveis com produtividade ou necessidade de diferenciar o manejo (Raij, 1991).

Finalmente, uma vez mais torna-se necessário enfatizar que é inadmissível conceber qualquer atuação do técnico no sentido de interpretar os resultados do laudo da análise do solo sem se preocupar ou ter participado das etapas de amostragem do solo e escolha do laboratório. Ou seja, é discutível qualquer recomendação de calagem e de adubação a partir de um laudo de análise do solo, de cuja obtenção o técnico não tenha completo domínio.

Os solos apresentam uma grande variedade em suas características físicas, químicas e mineralógicas. As espécies vegetais e, dentro delas, as cultivares, diferem entre si na capacidade de absorção e utilização de nutrientes. Assim, ao se preconizar determinada técnica de adubação, deve-se ter, além do resultados da análise de solo, informações sobre o tipo de solo e um histórico de sua utilização e tratamentos anteriores como calagem, adubação, culturas semeadas, rendimentos obtidos. As recomendações de adubação devem ser orientadas pelos teores dos nutrientes determinados na análise de solo.

Quadro 2.2 Classes de interpretação para a acidez ativa do solo (pH)*.

Classificação química Ac. muito elevada Acidez elevada Acidez média

Acidez fraca Neutra Alcalinidade fraca

Alcalinida de elevada

< 4,5 4,5 - 5,0 5,1 - 6,0 6,1 - 6,9 7,0 7,1 - 7,8 > 7,8

Classificação agronômica**

Muito baixo Baixo Bom Alto Muito alto

< 4,5 4,5 - 5,4 5,5 - 6,0 6,1 - 7,0 > 7,0

* pH em H2O, relação 1:2,5, TFSA:H2O. ** A qualificação utilizada indica adequado (bom) ou inadequado (muito baixo e baixo ou alto e muito alto).

(23)

Quadro 2.3 Classes de interpretação de fertilidade do solo para a matéria

orgânica e para o complexo de troca catiônica.

Característica Unidade Classificação Muito

baixo

Baixo Médio* Bom Muito Bom

Carbono orgânico (C.O.) dag/kg  0,40 0,41-1,16 1,17-2,32 2,33-4,06 > 4,06 Matéria orgânica (M.O.) “  0,70 0,71-2,00 2,01-4,00 4,01-7,00 > 7,00 Cálcio trocável (Ca2+) cmolc/dm

3

0,40 0,41-1,20 1,21-2,40 2,41-4,00 > 4,00 Magnésio trocável (Mg2+) “  0,15 0,16-0,45 0,46-0,90 0,91-1,50 > 1,50 Acidez trocável (Al3+)** “  0,20 0,21-0,50 0,51-1,00 1,01-2,00 > 2,00 Soma de bases (SB) “  0,60 0,61-1,80 1,81-3,60 3,61-6,00 > 6,00 Acidez potencial (H + Al)** “  1,00 1,01-2,50 2,51-5,00 5,01-9,00 > 9,00 CTC efetiva (t) “  0,80 0,81-2,30 2,31-4,60 4,61-8,00 > 8,00 CTC pH 7 (T) “  1,60 1,61-4,30 4,31-8,60 8,61-15,00 > 15,00 Saturação por Al3+ (m)** %  15,0 15,1-30,0 30,1-50,0 50,1-75,00 > 75,0 Saturação por bases (V) “  20,0 20,1-40,0 40,1-60,0 60,1-80,0 > 80,0 O limite superior desta classe indica o nível crítico. ** A interpretação destas características, nestas classes, deve ser alta e muito alta, em lugar de bom e muito bom.

(24)

Quadro 2.4 Classes de interpretação da disponibilidade para o fósforo, de acordo

com o teor de argila do solo ou do valor de fósforo remanescente (P-rem) e para o potássio

Característica Classificação

Muito baixo Baixo Médio Bom Muito bom

_______________________________(mg/dm3)_________________________ ...Fósforo disponível (P)*... Argila (%) 60 – 100  2,7 2,8-5,4 5,5-8,0 8,1-12,0 > 12,0 35 – 60  4,0 4,1-8,0 8,1-12,0 12,1-18,0 > 18,0 15 – 35  6,6 6,7-12,0 12,1-20,0 20,1-30,0 > 30,0 0 – 15 10,0 10,1-20,0 20,1-30,0 30,1-45,0 > 45,0 P-rem (mg/L)** 0 – 4  3,0 3,1-4,3 4,4-6,0 6,1-9,0 > 9,0 4 – 10  4,0 4,1-6,0 6,1-8,3 8,4-12,5 > 12,5 10 – 19  6,0 6,1-8,3 8,4-11,4 11,5-17,5 > 17 19 – 30  8,0 8,1-11,4 11,5-15,8 15,9-24,0 > 24,0 30 – 44  11,0 11,1-15,8 15,9-21,8 21,9-33,0 > 33,0 44 – 60  15,0 15,1-21,8 21,9-30,0 30,1-45,0 > 45,0 ...Potássio disponível (K)... ≤ 15 16-40 41-70 71-120 > 120

* Método Mehlich-1. ** P-rem = Fósforo remanescente, concentração de fósforo da solução de equilíbrio após agitar durante 1 h a TFSA com solução de Ca Cl2 contendo 60 mg/L de P, na relação 1:10.

(25)

Quadro 2.5 Classes de interpretação da disponibilidade para enxofre, de acordo

com o valor de fósforo remanescente (P-rem).

P-rem

Classificação

Muito baixo Baixo Médio Bom Muito bom

(mg/L) _______________________________(mg/dm3)_________________________ ...Enxofre disponível (S)*... 0 – 4  1,7 1,8-2,5 2,6-3,6 3,7-5,4 > 5,4 4 – 10  2,4 2,5-3,6 3,7-5,0 5,1-7,5 > 7,5 10 – 19  3,3 3,4-5,0 5,1- 6,9 7,0-10,3 > 10,3 19 – 30  4,6 4,7-6,9 7,0-9,4 9,5-14,2 > 14,2 30 – 44  6,4 6,5-9,4 9,5-13,0 13,1-19,6 > 19,6 44 – 60  8,9 9,0-13,0 13,1-18,0 18,1-27,0 > 27,0 Método do Ca(H2PO4)2.

Quadro 2.6 Classes de interpretação da disponibilidade para os micronutrientes.

Micronutriente

Classificação Muito

baixo

Baixo Médio* Bom Muito

bom ...(mg/dm3)...

Zinco disponível (Zn)  0,4 0,5-0,9 1,0-1,5 1,6-2,2 > 2,2

Manganês disponível (Mn)  2 3-5 6-8 9-12 > 12

Ferro disponível (Fe)  8 9-18 19-30 31-45 > 45

Cobre disponível (Cu)  0,3 0,4-0,7 0,8-1.2 1,3-1,8 > 1,8 Boro disponível (B)  0,15 0,16-0.35 0,36-0,60 0,61-0,90 > 0,90 O limite superior desta classe indica o nível crítico.

Quadro 2.7 Interpretação geral dos resultados de análise do solo para o Rio

Grande do Sul e Santa Catarina.

Classes pH em água Matéria orgânica Ca Mg K dag/kg ...cmolc/dm 3 ... mg/dm3 Limitante - - - - ≤ 20 Muito baixo  5,0 - - - 21-40 Baixo 5,1 -5,5  2,5  2,0  0,5 41-60 Médio 6,6-6,0 2,6-5,0 2,1-4,0 0,6-1,0 61-80 Suficiente - - - - 81-120 Alto >6,0 >5,0 >4,0 >1,0 >120

(26)

Quadro 2.8 Interpretação dos resultados de fósforo “extraível” do solo para as

principais culturas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

Interpretação do P no solo (Níveis) Classes de solos* 1 2 3 4 5 6 ...mg/dm3... Limitante  1,0  1,5 2,0  3,0  4,0 - Muito baixo 1,1-2,0 1,6-3,0 2,1-4,0 3,1-6,0 4,1-8,0 - Baixo 2,1-4,0 3,1-6,0 4,1-9,0 6,1-12,0 8,1-16,0  3,0 Médio 4,1-6,0 6,1-9,0 9,1-14,0 12,1-18,0 16,1-24,0 3,1-6,0 Suficiente >6,0 >9,0 >14,0 >18,0 >24,0 >6,0 Alto >8,0 >12,0 >18,0 >24,0 >30,0 -

* Classe 1: >55% argila; Classe 2: 41%-55% argila; Classe 3: 26%-40% argila; Classe 4: 11%-25% de argila; Classe 5: <10% argila; Classe 6: solos alagados (arroz irrigado por inundação).

Quadro 2.9 Interpretação dos resultados de análise de solo para enxofre, cobre,

zinco e boro, para os solos e condições do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

Classes Enxofre1 Cobre2 Zinco2 Boro3

...mg/dm3...

Baixo <2,0 <0,15 <0,20 <0,1

Médio 2,0-5,0 0,15-0,40 0,20-0,50 0,1-0,3

Suficiente >5,O4 >0,40 > 0,5 >0,3

1. Extraído com fosfato de cálcio com 500 mg P/dm3; 2. Extraídos com HCl 0,1 M;

3. Extraído por água quente;

4. 10 mg/dm3 para leguminosas e culturas mais exigentes em enxofre, como brássicas

Quadro 2.10 Limites de interpretação da análise de solo adotados pelo Instituto

Agronômico de Campinas para fósforo e potássio.

Teor Produção relativa (%) P-resina (mg/dm3) K-trocável (mmolc/dm 3 )

Florestais Perenes Anuais Hortaliças

Muito baixo 0-70 0-2 0-5 0-6 0-10 0,0-0,7

Baixo 71-90 3-5 6-12 7-15 11-25 0,8-1,5

Médio 91-100 6-8 13-30 16-40 26-60 1,6-3,0

Alto >100 9-16 31-60 41-80 61-120 3,1-6,0

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Quadro 2.11 Limites de interpretação adotados pelo Instituto Agronômico de

Campinas para os macronutrientes secundários e micronutrientes.

Nutriente Unidade Teor

Baixo Médio Alto

Cálcio mmolc/dm 3 <3 4-7 >7 Magnésio “ <4 5-8 >8 Enxofre mg/dm3 <6 5-10 >10 Boro1 “ <0,20 0,21-0,60 >0,60 Cobre2 “ <0,2 0,3-0,8 >0,8 Ferro2 “ <4 5-12 >12 Manganês2 “ <1,2 1,3-5,0 >5,0 Zinco2 “ <0,5 0,6-1,2 >1,2

1. Extraído com água quente; 2. Extraídos com DTPA

3

3

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3.1 NITROGÊNIO

O nitrogênio (N) é essencial para o crescimento das plantas, pois é parte de cada célula viva.

O N destaca-se dos demais nutrientes por apresentar acentuado dinamismo no sistema solo e por ser normalmente exigido em maior quantidade pelas culturas.

Esse nutriente apresenta uma dinâmica complexa, traduzida por grande mobilidade no solo e por diversas transformações em reações mediadas por microrganismos. Inclusive, além da movimentação em profundidade, principalmente na forma nítrica, o N pode transformar-se em formas gasosas, resultando em perdas por volatização.

Em função de seu dinamismo, o N, quando comparado com os demais nutrientes, é muito difícil de ser mantido no solo ao alcance das raízes.

A quantidade de nitrogênio em forma disponível no solo é pequena. Muito pouco é encontrado nas rochas e nos minerais que formaram os solos. Quase todo o N do solo é proveniente da atmosfera da Terra, a qual contém um

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suprimento quase ilimitado. Cerca de 80% do ar que respiramos é composto por nitrogênio.

Uma certa quantidade de N ocorre no solo em três formas principais:

- N orgânico: parte da matéria orgânica do solo não disponível para a planta em crescimento;

- N amoniacal: fixado pelos minerais argilosos e é muito lentamente disponível para as plantas;

- Íons de amônio e nitrato ou compostos solúveis, o N que as plantas usam.

3.1.1 Fontes de nitrogênio

A decomposição da matéria orgânica fornece praticamente mais de 90% do N do solo, mas a maioria dos solos contém pouca matéria orgânica, geralmente 2% ou menos. A matéria orgânica do solo contém cerca de 5% de N, mas somente cerca de 2% da MO são decompostos a cada ano, em geral menos que isto.

Assim, cada 1% de MO libera somente cerca de 10 a 40 kg de N a cada ano – muito aquém das necessidades da maioria das plantas cultivadas. Além disso, a taxa de liberação é afetada pelas práticas de manejo. O preparo conservacionista, que vem sendo praticado em maior área a cada ano na América do Norte, por exemplo, leva a solos mais frios, menor velocidade de decomposição da MO e menores taxas de liberação de N.

Houve época em que todo o fertilizante nitrogenado estava na forma de materiais orgânicos naturais. Materiais orgânicos, tais como esterco de curral, o esterco de galinha, a torta de caroço de algodão e a farinha de ossos, foram também usados. Alguns destes materiais ainda estão sendo usados em muitos países.

A maior parte dos fertilizantes nitrogenados vem hoje da fixação sintética do nitrogênio atmosférico em amônia, com posterior processamento da amônia em outros compostos.

3.1.2 Sintomas nas plantas

O N em nível adequado produz uma cor verde escura nas folhas, devido a uma alta concentração de clorofila. A deficiência de nitrogênio causa a clorose (um amarelecimento) das folhas, pela diminuição da clorofila. Este amarelecimento começa primeiro nas folhas mais velhas e então aparece nas folhas jovens, à medida que a deficiência torna-se mais severa.

(29)

Um crescimento lento e plantas “atarracadas” são também indicações de deficiência de N. Culturas de pequenos grãos e outras plantas graminóides perfilham menos quando há deficiência de nitrogênio.

As plantas deficientes usualmente têm menos folhas e certas culturas, como o algodão, podem atingir a maturidade mais cedo do que plantas supridas com adequado nitrogênio.

O milho adequadamente adubado com nitrogênio terá menor percentagem de água nos grãos do que o milho suprido de modo insuficiente com este nutriente.

O nitrogênio é, algumas vezes, considerado responsável por atraso na maturação. O excesso de N pode aumentar o crescimento vegetativo, reduzir a formação dos frutos e afetar, de maneira adversa, a qualidade da produção. O atraso na maturação, entretanto, é usualmente resultado da deficiência de outros nutrientes, não de N.

3.2 FÓSFORO

O fósforo (P) é essencial para o crescimento das plantas e nenhum outro pode substituí-lo. A planta precisa do P para completar seu ciclo normal de produção.

Dentre os macronutrientes, o P é exigido em menores quantidades pelas plantas. Todavia, trata-se do nutriente aplicado em maiores quantidades em adubação no Brasil.

A explicação para esse fato relaciona-se com a baixa disponibilidade de P nos solos do Brasil e também com a forte tendência do P aplicado ao solo de reagir com componentes do mesmo para formar compostos de baixa solubilidade – fixação de fósforo.

Além de promover a formação e o crescimento prematuro das raízes, o P melhora a qualidade de muitas frutas, verduras e culturas graníferas. Ele é vital para a formação de sementes, melhora a eficiência no uso da água, favorece a resistência às doenças em algumas plantas e acelera a maturidade.

Sem dúvida, trata-se do nutriente que mais limita a produção vegetal no Brasil e a elevação de sua disponibilidade, de forma a vencer a barreira imposta pela „fome do solo” por este nutriente, é um dos desafios no manejo da fertilidade do solo.

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3.2.1 Fontes e quantidades de P nos solos

A maior parte do P do solo é proveniente da intemperização da apatita, um mineral que contém fósforo e cálcio, além de outros elementos, como o flúor e o cloro. À medida que a apatita desintegra-se e libera o P no solo, vários compostos de P são formados.

A maioria das culturas tem dificuldade em obter o P suficiente. A deficiência de P pode ser mais limitante para a produção das culturas no mundo do que qualquer outra deficiência, toxicidade ou doenças. É difícil manter o P disponível para as plantas. Este nutriente sempre tende a manter ligações químicas com o cálcio e o ferro, para formar compostos que não se movimentam bem para as raízes.

Os métodos de aplicação podem influenciar na eficiência de uso do P. O fósforo movimenta-se muito pouco na maioria dos solos. Ele geralmente permanece onde é colocado pela intemperização dos minerais ou pela adubação. Assim, pouco P é perdido por lixiviação, apesar dele movimentar-se um pouco mais em solos arenosos do que em solos argilosos.

3.2.2 Sintomas nas plantas

O primeiro sinal da fome de P é um desenvolvimento subnormal de toda a planta. A forma da folha pode ficar distorcida. Quando a deficiência é severa, áreas mortas podem aparecer nas folhas, frutos e pecíolos. As folhas mais velhas serão afetadas antes das mais novas. Uma cor púrpura (arroxeada) ou avermelhada é freqüentemente observada em plantas deficientes de milho e de algumas outras culturas, especialmente em baixas temperaturas.

A deficiência de P atrasa a maturidade. Culturas de pequenos grãos, cultivadas em solos sem teor adequado de P, perfilham menos.

A deficiência de P é difícil de ser detectada em muitas culturas. Em alguns estádios, pode fazer com que a cultura pareça de cor verde mais escura. Deve-se sempre estar alerta para a característica do desenvolvimento subnormal e, quando possível, confirmar o que os olhos vêem, com a análise do solo e das plantas.

3.2.3 Fatores que afetam a disponibilidade do P

A maioria das culturas recupera somente 10% a 30% do P dos fertilizantes durante o primeiro ano após a aplicação. A porcentagem de recuperação depende da fonte de P, do tipo do solo, da cultura, do método de aplicação e do clima. Em geral, a maior parte do P residual estará disponível para as culturas subseqüentes. A disponibilidade do P depende de várias condições:

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