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O ENFERMEIRO PROFESSOR E A SUA FORMAÇÃO PEDAGÓGICA

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532 ISBN 978-85-7846-516-2 O ENFERMEIRO PROFESSOR E A SUA FORMAÇÃO PEDAGÓGICA

Andressa Cristina Novaes Universidade Estadual de Londrina

www.uel.br Eixo 2: Didática e práticas de ensino na educação superior

RESUMO

Trata-se de um estudo sobre o enfermeiro professor e a sua formação pedagógica. Tem como objetivo verificar como a formação pedagógica dos docentes que atuam nos cursos de graduação de Enfermagem contribui para que os mesmos sejam bem sucedidos na atuação profissional, considerando a perspectiva de cuidado humanizado e o seu potencial transformador de vidas. Para tanto a autora utilizou os pressupostos da pesquisa qualitativa conduzida pela exploração bibliográfica. As principais temáticas abordadas pelos autores consultados foram: a docência no ensino superior; a docência de enfermagem; a formação pedagógica do enfermeiro e os desafios de se ensinar, por meio de metodologias ativas, uma profissão de cunho tradicional. Concluiu-se que o preparo pedagógico dos docentes de enfermagem é uma preocupação atual das instituições de ensino superior. Sugere-se que estas instituições ofertem espaços nas grades curriculares para apresentar e discutir a docência superior afim de que os discentes possam ter um primeiro contato com estes conteúdos e sejam direcionados a buscar maiores qualificações nos cursos de pós-graduação.

Palavras chave: Formação de professores, Docência superior, Curso de enfermagem.

Introdução

A enfermagem é uma ciência cuja essência e especificidade é o cuidado ao ser humano, individualmente ou na comunidade, de modo integral e holístico, ou seja, visa o ser humano como um todo, seu físico, psíquico, emocional, social e espiritual. Engloba, para tanto, atividades de promoção, proteção, prevenção e recuperação da saúde.

Esta profissão surgiu da necessidade de cuidados básicos de saúde e se desenvolveu no decorrer dos períodos históricos. A princípio esses cuidados eram instintivos e foram as primeiras formas de prestação de assistência, as quais garantiam ao homem a sua sobrevivência.

Contudo, com o decorrer do tempo esta profissão foi se aprimorando e hoje o enfermeiro deve ter responsabilidade política e profissional e realizar um trabalho

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533 intencional tornando-se um agente de transformação social. Todavia, para que se forme este sujeito, a educação deve ser entendida como uma prática social que contribua para o desenvolvimento do ser humano na sua integralidade, viabilizando ações transformadoras da realidade.

Sendo assim, para formar enfermeiros aptos a prestar um cuidado humanizado, de qualidade e livre de danos, devemos voltar o nosso olhar para a formação do profissional enfermeiro e, não obstante, do docente de enfermagem.

Este estudo pretende, portanto, verificar como a formação pedagógica dos docentes que atuam nos cursos de graduação de Enfermagem contribui para que os mesmos sejam bem sucedidos na atuação profissional, considerando a perspectiva anunciada anteriormente de cuidado humanizado e o seu potencial transformador de vidas.

Segundo Minayo (2010), a pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, trabalha com um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos a operacionalização das variáveis.

Sendo assim, a escolha dessa abordagem se deu por acreditarmos que a mesma adequava-se ao alcance dos objetivos propostos, permitindo um levantamento sobre como a formação dos docentes de enfermagem os auxilia na prática nos diversos contextos de ensino.

Canzonieri (2010) considera que a pesquisa qualitativa busca entender o contexto onde o fenômeno ocorre. A intensificação do estudo sobre o fenômeno em questão auxilia na compreensão das relações sociais e as possíveis consequências na construção da história humana.

Neste caso em particular, a pesquisa qualitativa proporcionou uma análise mais centralizada da temática da formação dos docentes de enfermagem, diante do material obtido na literatura. A pesquisa bibliográfica constituiu-se portanto, do eixo condutor para a referida análise. Diante do exposto, a pretensão deste artigo em contribuir com a discussão da formação de professores para a educação superior, em

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534 especial no curso de enfermagem, se apresenta como uma possibilidade em tão vasto e importante debate contemporâneo.

Desenvolvimento

Estudos realizados nas universidades brasileiras constataram que a formação exigida do professor universitário tem sido restrita ao conhecimento aprofundado da disciplina a ser ensinada, sendo, portanto, este conhecimento prático (decorrente do exercício profissional) ou teórico (decorrente do exercício acadêmico), de maneira que pouco, ou nada, tem sido exigido em termos pedagógicos (PACHANE; PEREIRA, 2004).

No entanto, muito embora os docentes universitários possuam, em sua maioria, ampla experiência profissional, lhes falta conhecimento científico do processo de ensino-aprendizagem. Sendo assim, a dimensão educativa das práticas em saúde está muito mais voltada para os saberes das práticas cotidianas do que das metodologias pedagógicas em si (CAVALCANTE et. al., 2011).

A idéia da preparação para a docência no ensino superior vista como algo desnecessário vem se constituindo historicamente e os critérios de avaliação docente têm se concentrado na produtividade acadêmica. Portanto, a tentativa de promover a valorização da atividade docente e do ensino de graduação, e consequentemente, da formação pedagógica do professor universitário necessita passar pela mudança na cultura acadêmica (PACHANE; PEREIRA, 2004).

Rodrigues e Sobrinho (2008) indicam que a formação, o desempenho e o desenvolvimento profissional do professor têm sido objeto de análise e estudos a partir do movimento de transformação do ensino superior no Brasil.

Segundo Veiga (2014), o docente da educação superior precisa ser um múltiplo profissional, capaz de ensinar, pesquisar, realizar a extensão e avaliar. Além disso, ainda precisa estar apto a formar o profissional, fazer orientações acadêmicas (trabalho de conclusão de curso, dissertação de mestrado, tese de doutorado) e ser gestor. Assim, ao iniciar a carreira, o professor possui uma gama de conhecimentos limitada à sua área de atuação, não tendo, portanto, os conhecimentos pedagógicos necessários à realização do ensino.

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535 Nesse sentido, a docência superior é um empreendimento que articula diferentes possibilidades e exige formação pedagógica, pois pressupõe base de conhecimentos fundamentados na relação teórica e prática sobre as peculiaridades da profissão docente (VEIGA, 2014).

Pinhel e Kurcgant (2007) afirmam que as competências docentes são construídas ao longo das trajetórias pessoais e profissionais do professor, no cotidiano do trabalho, expandido para além da sua área técnica de formação, invadindo os espaços sociais das relações interpessoais, tanto na sociedade, quanto nas instituições de ensino.

Assim sendo, o papel do professor universitário deve ser repensado a partir de três competências para a docência no ensino superior: ser competente em uma determinada área de conhecimento, ter domínio na área pedagógica e exercer a dimensão política (RODRIGUES; SOBRINHO, 2008).

Conclusões

Com base nos estudos levantados pudemos evidenciar que o preparo pedagógico dos docentes de enfermagem é uma preocupação atual. No entanto, o manejo desta situação pelas instituições de ensino superior ainda é ineficaz.

Nessa perspectiva, um fator primordial para que o enfermeiro professor seja competente no exercício da docência universitária é que ele identifique e supere os obstáculos didáticos que se lhe apresentam no dia a dia da docência e busque alternativas viáveis para saná-los.

Estudar constitui a principal forma de superação dos obstáculos encontrados no ofício docente e a adequada formação pedagógica será um diferencial para os novos enfermeiros.

O reconhecimento de que o enfermeiro está inserido em processos educativos em diversos momentos (assistindo pacientes, promovendo educação para saúde, exercendo atividades administrativas junto à equipe de enfermagem, etc.), já são indicadores para repensar a formação de enfermeiros.

Este estudo não pretende encerrar o assunto tratado, mas levantar subsídios para que novas pesquisas sejam realizadas nesta área e, deste modo, possam melhorar a problemática aqui tratada.

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536 Sugere-se que as instituições de ensino superior de enfermagem ofertem espaços nas grades curriculares, mesmo que nos formatos optativos ou eletivos, que apresentem e discutam a docência superior afim de que os discentes possam ter um primeiro contato com estes conteúdos e sejam direcionados a buscar maiores qualificações nos cursos de pós-graduação. Sugere-se também incluir a temática em eventos científicos, como a semana da enfermagem, no formato de mini cursos ou mesas redondas que possibilitem maior interação com os alunos e quiçá o despertar de novos docentes.

Referências bibliográficas

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