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Corinho de fogo é para guerrear : êxtase e ritual nos corinhos de fogo pentecostais 1

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Academic year: 2021

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“Corinho de fogo é para guerrear”: êxtase e ritual nos corinhos de fogo

pentecostais

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Réia Sílvia Gonçalves Pereira

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Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG

RESUMO

A intenção do texto é analisar uma vertente musical religiosa conhecida, em expressão êmica, como corinho de fogo. Com suas letras e melodias, os corinhos têm papel importante no momento do avivamento pentecostal, ensejando a experiência extática das cerimônias. Observei que os corinhos são fartamente difundidos para além dos templos pentecostais, notadamente na internet, na plataforma de vídeos Youtube, atestando a complexidade comunicativa das expressões pentecostais. Argumento que os corinhos atuam como sensational form (MEYER, 2011). Para a pesquisa, foi realizada a observação participante em uma igreja pentecostal localizada em uma favela de Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro.

PALAVRAS-CHAVE: rituais, internet, pentecostais, corinhos de fogo, youtube 1. Introdução

“Deus mandou dos altos céus milícias neste lugar. Um exército de anjos chegou para guerrear. Ele toca na tua vida, feitiços vai desmanchar. Vai quebrar laços de morte”3. Foram esses versos tocados em ritmo binário que chamaram a minha atenção naquele culto realizado na igreja Caminho das Águas, localizada na favela Tira-gosto (DO PRADO VALLADARES, 2016), em Campos do Goytacazes.

Na ocasião, a música tocada ao som do pandeiro e de uma bateria ecoava para além do templo, a uma significativa distância do “corredor das flores”, onde se localizava a igreja. Era uma sexta-feira, 26 de agosto de 2018. A Caminho das Águas não era a única igreja a emitir suas músicas para os becos e corredores da favela. Na localidade, em dezenas de outras igrejas - também pequenas denominações pentecostais -, era possível

1Trabalho apresentado no GP Comunicação e Religião XX Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicação, evento componente do 43º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.

2 Doutoranda em Ciências Sociais da UFJF. pereirasilvia015@gmail.com 3 O Varão que corta laços. Autoria: grupo Fogo no pé

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ouvir o coro ruidoso que formava a paisagem sonora específica formada pelo som das preces, os clamores de aleluia e a celebração da guerra em forma de corinho de fogo. Neste trabalho, o objetivo é analisar os corinhos como uma vertente musical evangélica (CUNHA, 2007), compondo uma especificidade do repertório pentecostal de

sensational forms, que segundo Birgit Meyer (2006; 2011) são “modos fixos de

invocação e organização e acesso ao transcendental (MEYER, 2011, p. 30). Compreendo tal formulação, a partir de um dos rituais da igreja Caminho das Águas, onde fiz observação participante entre janeiro e dezembro de 2018. Além disso, também apresento alguns temas de corinhos colhidos na plataforma Youtube. Sobre a pesquisa no Youtube, o objetivo não é promover uma análise extensa e exaustiva sobre as formulações discursivas dos corinhos de fogo, nem sobre os vídeos veiculados. Neste trabalho, apenas serão mencionados alguns temas tratados nos corinhos, evidenciando da diversidade das temáticas. Desta forma, destaco a relevância do trabalho ao trazer uma interface entre pesquisa etnográfica realizada em uns lócus específicos, no qual se percebeu a importância de uma expressão musical comunicativa evangélica (CUNHA, 2015), no caso em questão, os corinhos de fogo, para a experiência religiosa.

Este trabalho se insere, assim, na vertente da Antropologia urbana, a partir dos estudos de tradição Dumoniana, que norteou uma série de pesquisas de autores que versaram sobre os modos de vida das camadas4 populares (VELHO, 2004), entre os quais, Heilborn (1999); Leal & Boff (1996); Heilborn & Gouveia (1999); Guedes (2006). Além da Antropologia urbana, o artigo se fundamenta teoricamente a partir dos aportes da Antropologia da Religião, em especial nas pesquisas sobre os pentecostalismos no Brasil, tendo como expoentes as obras de Mafra (1999, 2009,2012); Mariz(1999, 2005, 2010) e Birman(1996, 2012), autoras que — tendo em suas bases teóricas as fundamentações weberianas, interacionistas e Maussianas — se aliam à uma interpretação relacional, que coloca em relevo as relações e os sentidos postos pelos próprios interlocutores quanto às suas vivências religiosas.(CAMPOS, 2011, 2013; MARIZ, 2011). Ainda sobre a fundamentação teórica, para a aproximação com Antropologia da Religião (a partir de sua vertente mais relacional) ao campo

4 O termo “camadas” é tributário da conceituação de Gilberto Velho (1999), que ampliou o viés puramente classista e formulou uma compreensão do conceito de “camadas” abarcando o universo simbólico, os níveis das interações sociais e os modos de vida.

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comunicacional, no artigo, busco a articulação na recente vertente de teórica fundamentada nos estudos sobre materialidade religiosa e mídia, notadamente nos trabalhos de Oosterbaan (2009, 2010,2020); Meyer (2011, 200) e Van de Kamp (2013, 2019).

O trabalho está dividido em duas partes. Na primeira delas, apresento a igreja Caminhos das Águas e o bairro em que está localizada. Na segunda etapa, analiso os corinhos de fogo como possibilidades de sensational forms (MEYER, 2006; 2011)

2. A igreja, a favela e a barricada

A Caminho das Águas é uma das dezenas de diminutas igrejas pentecostais presentes na Tira-Gosto, uma das seis pequenas favelas (Valadares, 2008) localizadas às margens do Rio Paraíba, em Campos dos Goytacazes (RJ). A divisão entre cada localidade era delimitada por barricadas erguidas pela facção narcotraficante Terceiro Comando Puro (TCP), deixando explícita a relação de domínio que exercia.

A Tira-Gosto, formada por corredores e casas interligadas, remete à densidade das favelas, descritas por Oosterbaan (2009). Naquele contexto marcado por relações de proximidade e hierárquicas (DUARTE, 1988, 2005, 2006 2009), a diversidade de pequenas igrejas também era um dado significativo. Tais denominações pareciam estar em consonância nos moldes do que Clara Mafra denomina como “comunidades morais”. Formada por poucos integrantes, tais comunidades teriam como marcador a centralidade dos rituais de “maravilhamento do espírito”, a hierarquia flexível e as redes de solidariedade.

Por mais que exista uma grande flexibilidade no estabelecimento da relação hierárquica entre as redes [...] e pouca fiscalização e intervenção da hierarquia no «domínio» do pastor presidente (...), estas características de uma organização institucional «flexível» são somadas para compor «comunidades morais» localizadas: agregados com fortes redes de solidariedade interna e noção clara das ações limite, aquelas consentidas e não consentidas pelo coletivo (MAFRA, 1999, p. 36).

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Na Tira-Gosto, para a pesquisa, participei dos cultos de uma de suas denominações pentecostais, a Caminho das Águas. Pequena, a igreja tinha um fundo em azul claro que remetia a uma sensação de suavidade, em contraste ao denso ambiente da favela. Dezenas de cadeiras abrigavam um público com cerca de vinte integrantes, um pequeno púlpito com uma bíblia, além de um vidro de óleo completando a decoração discreta do templo. Ao lado do púlpito, havia uma bateria tocada por uma jovem que aparentava ter cerca de 20 anos de idade e uma mulher, com cerca de 30 anos, tocava o pandeiro.

Para este texto, apresento a descrição de um dos cultos de sexta-feira, geralmente os mais frequentados. Reuniam não apenas os integrantes oficiais, mas também muitos “visitantes”, ou seja, frequentadores ocasionais.

Era uma cerimônia de batalha espiritual (MARIZ, 1999), na qual o embate se conclamava logo no início quando o dirigente litúrgico, na figura do pastor se deu com as seguintes palavras:

“Nós sabemos que o inimigo não dorme. O mistério dele é roubar, matar e destruir. Hoje, toda a seta lançada será perdida”. Em muitos momentos, ele começa a pronunciar símbolos utilizados pela umbanda, associando-os à “maldição”: “toda macumbaria, toda maldição, farofa”. Além das alusões aos marcadores da umbanda, o pastor evoca outras referências: “Vai cair por terra os maus pensamentos, o adultério, a cobiça” (diário de campo, 26 de agosto de 2018) Durante sua “pregação”, o tom da fala do pastor se ampliava, tornando-se cada vez mais ruidoso. A certa altura, percebi o tom choroso misturado aos gritos, ao mesmo tempo em que as palavras em português se misturavam à glossolalia.

As orações dos demais participantes também se fazem ouvir. Logo, a primeira música foi executada:

Entra debaixo do milagre. Que a glória de Deus vai passar. Entra debaixo do milagre que o senhor vai operar. Quem está debaixo do milagre a morte não pode lhe deter. Na casa da viúva de Naim, Ele fez o milagre acontecer. Ele parou o enterro no meio da rua e fez aquele moço reviver. Entra debaixo do milagre que a benção você vai receber. Quem está debaixo do milagre, a vitória vai receber. De uma rajada de glória que o milagre vai acontecer Entra debaixo do milagre de Deus, hoje tem benção para você.

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A próxima música foi “Divisa de Fogo”, do grupo Fogo no Pé:

Divisa de fogo, varão de guerra. Ele desceu na Terra, Ele chegou para guerrear (4x) foi no quartel general, de Jeová, você tem que aprender, você tem que adorar. E uma bola de fogo aqui descerá, se você tem olhos ungidos, pode contemplar. Mas desceu um Varão Resplandecente lá da glória. Glorificado, esse é o Deus que da vitória, olho de fogo, sapato de fogo, olha o renovo. Mas desceu o Miguel Arcanjo de guerra lá do céu (DIVISA DE FOGO. Fogo no pé. Grifos meus)

Composto por uma introdução e poucos acordes de harmonização, há também em “Divisa de Fogo” a preocupação com as rimas. Além disso, junto com a repetição, forma-se um padrão rítmico binário formado por 18 compassos. “Divisa de Fogo” é um clássico corinho de fogo. Tal categoria se refere a uma vertente musical bastante específica e executada com grande frequência em igrejas pentecostais localizadas nas favelas, como a Caminho das Águas.

Historicamente, antes dos corinhos de fogo, os corinhos eram categorias musicais conhecidas no campo protestante e pentecostal. Como destacado por autores como Baggio (2005), a música sempre teve importante papel litúrgico na religiosidade protestante e pentecostal.

No Brasil, a liturgia cantada surgiu a partir da chegada das primeiras expressões protestantes. Quanto aos pentecostais, já na segunda década de 1900, surgia a Harpa Cristã, uma compilação de hinos religiosos da Assembleia de Deus. Com a maioria das músicas traduzidas do inglês, os hinos da Harpa Cristã apresentavam melodias relativamente complexas e arranjos sugeridos com instrumentos de sopros e órgão. Os coros também faziam parte do hinário. De acordo Néder (2016) e Lima (1991), mesmo na Harpa Cristã, o corinho já demonstrava ser uma simplificação dos coros mais populares usados pela igreja (LIMA,1991, p.54). Os primeiros corinhos evangélicos teriam como características as melodias simples e intuitivas, a linguagem coloquial e o conteúdo emocional; a preocupação com o ritmo, tornando-o mais próximtornando-o da música ptornando-opular (LIMA, 1991, p.54).

Com a difusão das Assembleias de Deus, também ocorre a difusão dos corinhos e demais músicas. Especificamente sobre os corinhos de fogo, um elemento que pode ter contribuído ao seu desenvolvimento é a utilização do pandeiro. Presente na

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maioria das igrejas, mesmo as mais simples, o pandeiro se estabelece como um diferenciador do gênero. O etnomusicólogo Artur Costa Lopes destaca a difusão do pandeiro nesse contexto:

A utilização do pandeiro, principalmente nos “corinhos de fogo”, está intimamente associada ao baião, ou mesmo ao toque dos versadores do gênero conhecido como embolada, que costumam usar a mesma confecção no instrumento. Segundo, pelo baixo custo, visto que todos os pandeiros observados eram de preço bastante acessível. Terceiro, porque o pandeiro de couro não oferece um volume tão alto quanto o de nylon, e como o sistema de amplificação nesses templos (quando existem outros instrumentos além do pandeiro) privilegia normalmente a guitarra ou o microfone, acaba sendo uma função do pandeirista, tocar com bastante intensidade, ou nas palavras dos mesmos “meter o braço para que anime o povo”, para poder ser percebido junto dos outros por toda a igreja. (LOPES, 2015, p.14-15).

Além da inserção do pandeiro e da difusão dos coros e hinos da Harpa Cristã, os

corinhos de fogo são, também, frutos do desenvolvimento do mercado gospel, que

ganha relevo no Brasil a partir da década de 1960 (BAGGIO, 1995; CUNHA, 2004). Gospel nos Estados Unidos está relacionado à música produzida pelos negros daquele país. O estilo musical, surgido no seio das igrejas protestantes, diversificou-se em vários gêneros musicais, entre os quais o blues e o jazz. No Brasil, gospel está relacionado à música com mensagens religiosas evangélicas. De acordo com Magali do Nascimento Cunha (2014, p. 123), o gospel brasileiro se refere à inserção de ritmos mais seculares às clássicas músicas protestantes. Assim, diversificado e popular, o mercado gospel brasileiro, atualmente, frutifica tanto nas rádios quanto

nas gravadoras evangélicas.

O professor e pesquisador Waldney Costa5 destaca, contudo, que a composição em compassos duplos não era uma especificidade do hinário da Harpa Cristã. Melodicamente, corinhos de fogo se desenvolveram posteriormente. Para Costa, por sua composição melódica, eles remetem a pontos da umbanda relacionados a orixás guerreiros, entre os quais Iansã e Ogum. Como destaco anteriormente, não é intenção comparar a ritualística da igreja Caminho das Águas com os rituais umbandistas.

5 Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=oY0u96iGy1M&t=1207s&fbclid=IwAR3YsJPpatY2glah_Sdl95bPF G4yTCjLhYC4AHhALb3mvDnY2pHQCygZ9ig

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Das considerações do professor Waldney, gostaria de destacar, porém, a alusão a uma conotação bélica que se faz não apenas pelas letras.

Para Gilbert Rouget (1980), os significantes musicais têm uma dimensão denotativa e afetivo-emotiva, que remeteriam a estados emocionais como a alegria, a tristeza, a raiva (ROUGET, 1980, p.150). Todas essas dimensões, que são construídas culturalmente, podem possibilitar o estado de transe (AUBREÉ, 1996). Assim, acredito que, como a maioria dos corinhos de fogo, a música “Divisa de Fogo”, com suas repetições harmônicas, conduza a uma dimensão afetiva que remete a um caráter beligerante conhecido e reconhecido. Quando corinhos expressivos como o “Divisa de fogo” eram executados na Caminho das Águas, havia uma evidente mudança de tom. As palmas ficavam mais fortes; os cânticos, mais intensos; os gritos de aleluia ganhavam mais força.

Assim, em um movimento ascendente, naquele culto de sexta-feira, outros corinhos foram executados. Um deles, também em compassos binários e com a seguinte letra:

Varão de guerra acabou de chegar. Varão de guerra está neste lugar. Com vestes na mão para te trocar. E azeite da glória para renovar. A sua bênção acabou de chegar; ataviado daqui sairá. Azeite puro para renovar. Com vestes de guerra, Ele é Jeová. A sua bênção acabou de chegar. Ataviado daqui sairá. Azeite puro para renovar. Com vestes de guerra, Ele é Jeová. Vem! Vem conhecer Jesus! Ele vai te abençoar! Ele vai te restaurar! Ele vai te abençoar! Ele vai te restaurar! Essa é a noite da tua vitória. Vem descendo agora o anjo lá da glória. Se você orou e Deus te prometeu. Abre a tua boca agora e glorifica a Deus. Essa é a noite da tua vitória. Vem descendo agora o anjo lá da glória. Se você orou e Deus te prometeu. Abre a tua boca agora e glorifica a Deus. Jesus, Cavaleiro do Céu. Nunca perde a peleja no campo de batalha. Jesus, Cavaleiro do Céu. Nunca perde a peleja no campo de batalha. Ele venceu a serpente perigosa. E as nações viram seu grande poder. Toda glória a Jesus, o Nazareno (CAVALEIRO DO CÉU. Ednardo do Rio).

Após a execução de “Divisa de Fogo” e de “Cavaleiro de Fogo”, o momento de avivamento chegou a uma exaltação coletiva ascendente. As orações e clamores eram gritados. Nas performances corporais, as pessoas giravam, suspirava, tremiam. Com o término das músicas, porém, para algumas pessoas era chegado o momento de “entregar o mistério”, quando as “revelações” eram verbalizadas. Revelações são profecias. Aqueles agraciados pelos dons da revelação, aqueles que têm contato próximo aos

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mistérios são considerados profetas6. Percebo que os profetas têm grande prestígio nas relações travadas dentro templo. Considerados os mais ungidos, geralmente os profetas exercem funções de liderança (PEREIRA, 2019). Durante os cultos, a revelação profética costuma acontecer durante o avivamento. As orações são irrompidas com expressões utilizadas pelos profetas bíblicos: “Eis que te digo! ”, “Assim diz o Senhor! ”, “Deus manda dizer! ”. São algumas das expressões que costumam proferir aqueles agraciados pelo dom da revelação. É a senha para o momento de “entregar a profecia” ou “entregar o mistério”. O profeta revela a profecia individualmente. Cada um dos participantes dos cultos pode ser escolhido para uma revelação. As revelações podem dizer respeito a supostas “feitiçarias” ou “macumbarias”; a pecados cometidos por algum fiel; a um “livramento” recebido.

Parece-me que a revelação da profecia é um momento bastante tenso da cerimônia. Em conversa com interlocutores, alguns integrantes revelaram o temor de que supostos pecados fossem revelados. Confesso que senti tal tensão na única vez em que o profeta fez uma revelação a meu respeito. Temi especialmente que minha simpatia com a umbanda fosse revelada. Entrevistando alguns profetas, percebi que o dom exige uma preparação específica com jejuns e orações. Isso porque são “usados” por Deus. Dessa forma, o corpo deve ser purificado (DOUGLAS, 1991).

Naquele dia especificamente, o pastor dissera ter uma revelação comigo. Relatou algo como: “Deus manda dizer. Você está indecisa. Confusa, confusa. Não sabe para que ir. Não sabe. Você precisa ver. Precisa enxergar”.

As relações entre vizinhos, aliás, foram temas de algumas revelações. Em uma das ocasiões, uma das pregadoras visitantes, no momento avivamento, proferiu palavras como: “Hoje vamos descobrir quem é nosso amigo de verdade”; “Jesus vai revelar o falso amigo que ver o nosso mal”; “Que a seta de satanás se revele”; “Que a capa no inimigo se revele na boca de quem fala de você”. Durante a fala da pregadora, um intrigante corinho de fogo fora executado:

Bate no teu ombro e diz que é teu amigo. Mas quando você vira a costa ele quer te vender. Hoje essa cobra vai se converter. Deus vai revelar quem é e quem não é, meu irmão. Fica ligado

6 Em minhas observações noto que a maioria dos carismas relacionados às profecias são direcionado às mulheres. Reitero, contudo, a caráter apenas inicial dessa observação.

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aí, essa cobra hoje vai se converter. Estava tudo preparado na mente do inimigo. A forca estava armada para me ver destruído. Mas meu Deus desceu na terra para peleja. Quem preparou a forca, morreu em meu lugar. (HOJE ESSA COBRA VAI SE CONVERTER. Muro de fogo)

Liturgicamente, os corinhos são geralmente executados como uma espécie de “evocação” ao espírito santo para o momento do avivamento. Argumento que a própria estrutura melódica é geralmente composta por um padrão rítmico. De acordo com Arthur Costa Lopes (2016. p. 615), a estrutura costuma ser composta “por duas colcheias e uma semínima (compasso binário, na qual a semínima é a referência) ” (LOPES, 2016. P. 615), o que, para o estudioso, remetem ao ritmo do forró7. Acredito que o forró executado pelos corinhos reflita o tom de euforia das cerimônias de avivamento. Além disso, sua composição poética é marcada pelas várias e criativas rimas, conferindo musicalidade às letras. Cito, novamente, um corinho para o qual confesso a predileção, “Divisa de Fogo”:

Divisa de fogo, varão de guerra, Ele desceu na Terra, Ele chegou para guerrear (4x) foi no quartel general, de Jeová, você tem que aprender, você tem que adorar. E uma bola de fogo aqui descerá, se você tem olhos ungidos, pode contemplar. Mas desceu um Varão Resplandecente lá da glória. Glorificado, esse é o Deus que da vitória, olho de fogo, sapato de fogo, olha o renovo. Mas desceu o Miguel Arcanjo de guerra lá do céu (DIVISA DE FOGO. Fogo no pé. Grifos meus).

Composto por uma introdução e poucos acordes de harmonização, percebe-se pelos grifos na citação a preocupação com as rimas. Além disso, junto com a repetição, forma-se um padrão rítmico binário formado por 18 compassos8. Por sua estrutura harmônica, é possível uma comparação com o ritmo trance. Para Gilbert Rouget (1980), os significantes musicais têm uma dimensão denotativa e afetivo-emotiva, que remeteriam a estados emocionais como a alegria, a tristeza, a raiva (ROUGET, 1980, p.150). Todas essas dimensões, que são construídas culturalmente, podem possibilitar

7 Em interessante artigo (2016), Artur Costa Lopes analisa que a estrutura melódica do forró perpassa as manifestações religiosas da umbanda, do catolicismo popular e do pentecostalismo.

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o estado de transe (AUBREÉ, 1996) Assim, acredito que, como a maioria dos corinhos de fogo, a música “Divisa de Fogo”, com suas repetições harmônicas, conduzam a uma dimensão afetiva que remete a um caráter beligerante conhecido e reconhecido entre os integrantes da denominação. Destaco que tal caráter beligerante não se estabelece apenas pela melodia, mas também pelas letras. “Varão de guerra”, “guerrear”, “quartel general”, “vitória”, são expressões presentes na letra de “Divisa de Fogo”. São expressões conhecidas pelo grupo. Lembro-me que quando corinhos expressivos como o “Divisa de Fogo” eram executados, havia uma evidente mudança de tom. As palmas ficavam mais fortes; os cânticos, mais intensos; os gritos de aleluia ganhavam mais força.

Ao som dos corinhos de fogo, a performance corporal (TURNER, 1982, 1988) nos cultos também reflete a associação com o sobrenatural. Sob o contato com o espírito santo, no momento do avivamento, os fiéis parecem reproduzir um padrão corporal de uma dança. Os integrantes, aparentando transe, costumam “rodar”, como um balé giratório. Alguns fiéis usam a expressão “manto” para se referirem a essa performance. Novamente, cito um corinho de fogo que aborda a tal dança rodada. Na música, os versos em repetição “deixa o menino rodar” parecem uma exaltação e afirmação ao momento da performance.

Deixa o menino rodar, deixa o menino rodar, deixa o menino rodar, deixa o menino rodar. Que que tem, que que tem se eu rodo assim?

Que que tem, que que tem se eu dou lugar assim? Que que tem se eu adoro assim? É melhor pular aqui do que lá na Sapucaí (CRENTE MENINO, Ministério Ardendo em Fogo. Grifos meus)9

Cito outro corinho, “O manto é forte”, no qual há uma descrição da intensidade da experiência extática com o espírito santo. Entre os adjetivos utilizados estão “forte”, “extraordinário”, “explosivo”:

Esse manto é Forte, é mistério de Fogo, irmão, posso ver. É mistério de Glória Extraordinária, Unção e Mover, já explodiu como Bomba e não sobrou nada do mal, posso crer”. Tudo foi destruído, ficaram os ungidos para receber. Esse manto é Forte, entra debaixo Dele. Esse Manto é forte, deixa te cobrir. Esse Manto é Forte, se envolva na Glória, deixa o Fogo cair (ELIANE SILVA, O manto é forte. Grifos meus)10

9 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=rD-1hhRqT34 10 https://www.youtube.com/watch?v=17ZHfPA24ys

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Assim, a partir da experiência na Caminho das Águas, percebi corinhos de fogo como importantes possibilidades de acesso à experiência extática, uma sensational form, tal como define Birgit Meyer (2006; 2011). Para a autora, sensational forms seriam modos como o acesso à transcendência são organizados, evocados e fixados:

Sensational forms are relatively fixed modes for invoking and organising access to the transcendental, offering structures of repetition to create and sustain links between believers in the contexto of particular religious regimes. These forms are transmitted and shared; they involvereligious practitioners in particular practices of worship, and play a central role in modulating them as religious moral subjects and communities. (MEYER, 2011, p.

Dessa maneira, a partir da concepção de Birgit Meyer, aduzo os corinhos de fogo como

sensational form, se estabelecendo como modos de acesso à transcendência.

Especificamente sobre os corinhos evocados na Caminho da Águas, atesto que tais canções, ao abordarem relações cotidianas e mesmo a violência em que as populações das favelas estão inseridas (VITAL DA CUNHA,2015), recebem a possibilidade de que tais questões possam ser ritualizadas a partir dos ritmos e das letras dos corinhos.

2. Os corinhos de fogo e o Youtube

Além da presença nos cultos usuais nas denominações pentecostais, em minhas observações, notei que há uma rede de cantores e compositores de corinhos de fogo. Alguns inseridos no mercado gospel (CUNHA,2007) mais amplo e profissionalizado como o grupo “Fogo no pé” e as cantoras Damares e Cassiane. Mas, além disso, percebo uma rede entre as próprias igrejas. Alguns cantores e compositores costumam circular entre as denominações apresentando suas músicas. Presenciei um desses cantores. Durante o culto, cantou uma música. Um forró em ritmo acelerado. Anotei alguns versos: Derrama, jeová. Nesse templo faz esse altar fumegar. Derrama com fogo teu

povo e opera de novo hoje neste lugar.

Depois da música, deu seu testemunho aos presentes, dissera que, antes de se converter, era cantor de forró, mas que agora se dedicava a cantar música para louvar a Deus. Vendia seus CDs por cinco ou 10 reais. Conhecendo as pessoas que frequentavam a igreja Caminho das Águas, sei que era uma quantia alta para eles. Contudo, alguns compraram.

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Além das redes entre as igrejas, a internet, em especial o canal de vídeos Youtube, parece ser terreno propício para a divulgação dos corinhos de fogo. Uma pesquisa rápida é suficiente para perceber a diversidade de artistas que se dedicam aos corinhos. Os temas são diversos (ALBUQUERQUE Jr, 2014). Há corinhos de caráter pedagógico, como “Crente Disfarçado”, que trata da hipocrisia nas relações dentro da igreja: “Diz que é do manto, diz que é mulher de oração, mas usa a língua para falar mal dos irmãos”. “Crente Estrela”, que fala da vaidade e, acredito, também é uma crítica às celebridades gospel evangélicas: “Estrela você não é. Estrela aqui é Jesus de Nazaré”. Há, também, os corinhos com críticas diretas a outras denominações religiosas, destacando o caráter exclusivista dessa vertente religiosa. Deste tema, cito “macumba não mata crente”, sobre as religiões de matrizes africanas, em especial à umbanda: “Mas porque eu sou protegida, revestida de poder. Podem até fazer macumba, mas quem fez é quem vai morrer”. Há, também, críticas ao catolicismo. Em “Deixa Maria por Jesus”, o corinho começa com a introdução de “Ave Maria”, clássico do francês Charles Gounod. Após a introdução, o ritmo de forró irrompe: “Deixa Maria por Jesus. Quem morreu na cruz para me salvar não foi Maria, foi Jesus”. Contudo, apesar da diversidade de temas, a maioria das músicas possui um tom beligerante e bélico, o que é de extrema importância litúrgica.

A inserção dos corinhos de fogo no Youtube coloca em evidência os estudos sobre a mídia e sua relação com a religiosidade, em especial, a religiosidade pentecostal. Nesse sentido, advogo das formulações de Oosterbaan (2006, 2010. 2009). Para o autor, que empreendeu longa pesquisa entre os pentecostais dos Morros do Cantagalo, e do Alemão no Rio de Janeiro, a análise sobre as mídias devem abordar a relação que se estabelece em conjunto com a vida social, numa configuração dinâmica que apresenta, cria e recria narrativas. Por tal abordagem, os meios de comunicação não devem ser analisados por si. (OOSTERBAN, 2020, p. 20). Destaca o autor:

I take as one of my points of departure the work of Arvand Rajagopall (2001), who has done insightful work on the relation between Hindu nationalismm and mass media in India. According to Rajagopal, to understand the influencee of mass media in society, we should be mindful not to focus only on the mediumm itself but also on the social life where images, sounds and narratives presented byy mass media intersect with other experiences, discourses and institutions. (OOSTERBAN, 2006, p.15)

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Em consonância com Oosterbaan, advogo que os corinhos de fogos e seus temas apresentados no Youtube devem ser analisados como frutos de uma conformação social mais ampla, formando uma relação que encontra ecos nos rituais das diversas pequenas igrejas pentecostais localizadas nas favelas, como é o caso da Caminho das Águas. Dessa feita, o que se coloca em perspectiva é a formulação de comunidades religiosas, adesão e, em última instância, os estilos estéticos como são os corinhos de fogo. Novamente, tal relação foi analisada por Oosterbaan:

Thee establishment of Pentecostal communities through mass media also links up withh discussions on the place of style in community formation. In his effort to elevate stylee from being die mere outer surface Maffesolii identifies style as: 'a "forming form" that gives birth to whole manners of being, to customs, representations, and the various fashions by which life in society is expressed'' (Maffesoli 1996: 5). According to Maffesoli, aesthetic style - the conjunction off the material and the immaterial - lies at the heart of the contemporary experience of community. The often given primacy of religious doctrine over style obscures the factthatt styles are crucial elements in invoking a sense of belonging that lies at the heart of manyy religious communities in contemporary society (OOSTERBAAN, 2006, p. 21)

Sobre essa questão, novamente, Meyer (2011) destaca que as mídias e sua relação especificamente com a transcendência pentecostal se estabelece como novas possibilidades de acesso ao espírito santo e de formação de comunidade:

At stake is, in other words, a confluence of new media technologies and the spirit that they claim to make accessible. In this sense, spiritual power materialises in themedium, and is predicated to touch people in an immediate manner. Instead of vanishing into mediation, media here become hyper-apparent. As Bolter and Grusin (1999) have shown, often the introduction of new media, as for instance mobile phones, stresses the capacity of the new medium to enable immediate communication (see also Van de Port in this volume). Both the ‘disappearing’ and ‘hyper-apparent’ medium suggest complete consonance between medium and what it conveys, thereby blurring ‘form’ and ‘substance’. In this sense, a ‘hyper-apparent’ medium gains another kind of appearancethan is the case when we refer to media in terms of particular technologies (MEYER, 2011, p. 34)

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Dessa forma, a apresentação dos corinhos de fogo na plataforma youtube coloca novos elementos de tensão na relação entre mídias e a transcendência pentecostal (MEYER, 2006). Em minha análise, ao utilizarem da plataforma de vídeo para difusão dos corinhos de fogo, os pentecostais que se associam à vertente ampliam as possibilidades de acesso e de compartilhamento simbólicos, complexificando as noções de rede, de adesão e de comunidade religiosa (ASAD, 2007; MEYER, 2006)

3. Considerações Finais

No artigo, o objetivo foi analisar os corinhos de fogo, uma vertente musical pentecostal (CUNHA, 2007), como uma possibilidade de sensational form (MEYER, 2016), capaz de ensejar a experiência extática do avivamento no ritual pentecostal.

Para o trabalho, apresentei a observação participante realizada em uma igreja, a Caminho da Águas, localizada em uma favela de Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro. Na localidade, a denominação é uma entre a dezenas de igrejas pentecostais do mesmo modelo organizativo e teológico, que pode ser associado ao que Clara Mafra (1999) definiu como comunidades morais.

No ritual analisado, um culto de batalha espiritual (MARIZ, 1999), os corinhos foram observados não apenas por suas letras, marcadas pelo caráter beligerante, mas também pelo ritmo, em compassos binários, que, segundo o etnomusicólogo Arthur Costa Lopes, possibilitam um ritmo vigoroso e dançante, próximo ao forró.

Também analisei alguns temas de corinhos apresentados na plataforma de vídeos Youtube. A observação se ateu apenas às temáticas. Não foram analisados os vídeos em seus aspectos performáticos e cenográficos (GOFFMANN, 1974). Contudo, mesmo em uma observação menos aprofundada, percebi temáticas pedagógicas e teológicas. Dessa forma, observo que os corinhos compõem uma criativa possibilidade de comunicação que atravessa os templos, chegando à internet, ampliando as possibilidades de difusão e adesão.

Nesse sentido, advogo das considerações de Oosterbaan (2006), o qual aduz que a análise sobre a relação entre mídia e religião deve levar em consideração as relações

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sociais mais amplas. Dessa forma, aproximando a discussão teórica para os elementos etnográficos apresentados, argumento que se na observação da Caminho das Águas, os corinhos de fogo possuem um papel litúrgico, tal papel deve ser observado quando esses mesmos corinhos são analisados nas mídias, no caso em questão, a internet

Desta forma, a intenção mais ampla do trabalho foi apresentar elementos, a partir do trabalho etnográfico in loco na igreja analisada e na observação de temas dos corinhos de fogo postados no Youtube, que coloquem em tensão as possibilidades analíticas sobre formação de comunidades religiosas, à adesão e à amplitude da noção de pertencimento por meio da relação entre mídia e religião.

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