PRESENÇA DO BRASIL EM CABO VERDE
Cassiano Nunes
Não há nada mais agradável que, de repente, surgir na nossa
vida quotidiana, rotineira, a irrupção do imprevisível e aparecendo
este como sinônimo de encantamento, significando episódio alegre,
delicioso. O acontecimento ainda mais se valoriza, se magnifica, se
for oriundo da lembrança generosa de um amigo oculto. Não é o amigo
oculto, o admirador secreto, um anseio da nossa individualidade, num
mundo cada vez mais despersonalizado, interesseiro e, às vezes, até
cruel? Pois foi algo assim que me ocorreu na terceira idade, neste
período tranqüilo da minha vida de aposentado, o que, nesta época
desejosa de modernidade, quer dizer abandono, olvido e desolamento
para os que já não são mais jovens. Acresce, a esta situação
desfavorável, o fato de morar em Brasilia, isto é, fora do eixo cultural
Rio-São Paulo, que ignora e ensina a ignorar quaisquer valores
intelectuais que existam no resto do país.
Acontece que, num dia feliz, liii chamado pelo Departamento
de Assuntos Estrangeiros da Universidade de Brasília, onde me
perguntaram se eu estava interessado em ir dar um curso, de duração
de um mês, em Cabo Verde. E claro que eu estava interessado e pronta
foi a minha resposta afirmativa, pois como o clérigo das
Histórias deCantuária