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ATENDIMENTO HUMANIZADO À CRIANÇAS NO SETOR DE IMAGEM E DIAGNÓSTICO DE HOSPITAIS INFANTIS

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 95

ATENDIMENTO HUMANIZADO À CRIANÇAS NO SETOR DE

IMAGEM E DIAGNÓSTICO DE HOSPITAIS INFANTIS

Anderson Pedro Laurindo * alaurind@gmail.com Josie Agatha Parrilha da Silva**

josieaps@gmail.com

Luciane Rutes***

lu_rutes@hotmail.com

* Universidade Federal Tecnológica do Paraná, Curitiba/PR, Brasil **Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa/PR, Brasil *** Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais, Ponta Grossa/PR, Brasi

RESUMO: O termo ‘humanização’ é bastante utilizado na saúde e abrange diversos aspectos, desde o discurso oficial até a prática profissional diária, é um processo conjunto em todos os componentes de um hospital, mas isso funciona mais na teoria do que na prática. A falta de materiais hospitalares, condições inadequadas de trabalho, carga horária desgastante, remuneração insuficiente, o pouco reconhecimento de seus esforços, colabora para que os profissionais fiques esgotados, o que se reflete no atendimento inadequado aos pacientes. O objetivo desta pesquisa é identificar algumas das diferentes formas de humanização na saúde apresentadas nas literaturas, e apresentar a importância da humanização nos procedimentos realizados no trabalho do técnico e tecnólogo em radiologia, em especial com pacientes pediátricos. No decorrer da pesquisa verificou-se carência de padrões e protocolos direcionados a humanização no setor de imagem e diagnóstico. Com base nas sugestões dos profissionais da área, foi criado um modelo de manual prático com dicas para abordagem humanizada ao paciente pediátrico. Estima-se que após a construção do manual os mesmos tenham subsídios teóricos para sua prática no cotidiano do trabalho. Além da compreensão e visualização dos saberes atrelados a temática da pesquisa, almeja-se que os técnicos e tecnólogos desenvolvam habilidades teórico/práticas para que seu trabalho posterior na realização de exames, seja ainda mais produtiva e que possam sempre estar contribuindo para a humanização infantil dentro do setor.

Palavras-chave: Ambiente Hospitalar; Humanização; Radiologia; Crianças; Manual. RESUMEN: El término 'humanización' se usa ampliamente en salud y cubre varios aspectos, desde el discurso oficial hasta la práctica profesional diaria, es un proceso conjunto en todos los componentes de un hospital, pero esto funciona más en teoría que en la práctica. La falta de suministros hospitalarios, las condiciones de trabajo inadecuadas, la carga de trabajo estresante, la remuneración insuficiente, el poco reconocimiento de sus esfuerzos, contribuye al agotamiento de los profesionales, lo que se refleja en una atención inadecuada para los pacientes. El objetivo de esta investigación es identificar algunas de las diferentes formas de humanización en salud

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 96 presentadas en la literatura, y presentar la importancia de la humanización en los procedimientos realizados en el trabajo del técnico y tecnólogo en radiología, especialmente con pacientes pediátricos. Durante la investigación hubo una falta de estándares y protocolos destinados a la humanización en el sector de diagnóstico por imágenes. Basado en las sugerencias de profesionales en el campo, se creó un modelo de manual práctico con consejos para un enfoque humanizado para pacientes pediátricos. Se estima que después de la construcción del manual tienen apoyo teórico para su práctica en el trabajo diario. Además de comprender y visualizar el conocimiento relacionado con el tema de investigación, se espera que los técnicos y tecnólogos desarrollen habilidades teóricas / prácticas para que su trabajo posterior en la realización de exámenes sea aún más productivo y que siempre puedan contribuir a la humanización de los niños. dentro del sector.

Palabras-Clave: Ambiente Hospitalar; Humanización; Radiología; Niños; Manual. ABSTRACT: Humanization in the hospital environment is a necessary concept to be implemented. The term 'humanization' is widely used in health and includes several aspects from official discourse to daily professional practice, a joint process in all components of a hospital, but this works more in theory than in practice. The lack of hospital supplies, inadequate work conditions, worn hours, insufficient remuneration or little recognition of their symptoms, helps this professional to be exhausted, just work out of necessity, so either the patient becomes not the center of his attention. The objective of this research is to identify some of the different forms of humanization in health related to the literature, and to present the importance of humanization in the work of the technician and technologist in radiology in the procedures performed, especially with pediatric patients. In this research, we concluded the lack of standards and protocols aimed at humanization in the imaging and diagnosis sector, based on the suggestions of professionals in the field, a model of a practical manual with tips on humanized approach for pediatric patients was created. Estimate that after the construction of the manual the same items as theoretical subsidies for your daily practice in addition to reading and answering the flavors related to the research theme, you can also find out who are the technicians and technicians who develop theoretical techniques / practices for your work later work in conducting exams, be even more productive and that can always be contributing to a humanization of children within the sector.

Keywords: Hospital Environment; Humanization; Radiology; Children; Manual.

1 INTRODUÇÃO

Muito se fala sobre a humanização no ambiente hospitalar, sobre como tratar o paciente, acolhê-lo na hora de realizar um exame, explicar os procedimentos e fazer com que ele se sinta confiante no procedimento que será realizado, independente, de sua posição social ou instrução acadêmica. É necessário que ele tenha confiança no

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 97 profissional que irá atendê-lo, principalmente quando se trata de pacientes pediátricos, pois sua fragilidade é mais aparente que nos adultos, e seu grau de desconfiança se faz ainda mais latente nestes momentos.

Questiona-se: é possível pensar num cuidado que não seja humanizado? Por que a necessidade de um trabalho denominado “humanização”, mesmo já existindo o Código de Ética e Constituição Federal? (BACKES et al, 2006). Para que humanizar o paciente com tantos empecilhos para esse atendimento?

Outros indicadores da precariedade podem ser citados como: o número de consultas não compatível com o aumento na demanda das Unidades; a “ burocracia” no atendimento ao invés de atender no sentido “ humanizador” à população carente do seu município ou região, distanciam as Unidades do seu objetivo apresentado publicamente como primordial (MACIEL – LIMA, 2004, p.510).

Para responder esse questionamento, se propõe nessa pesquisa, abrir espaço para discussões e subsídios teóricos para a prática efetiva da humanização infantil em setores de imagem e diagnóstico da região.

Uma ótima ferramenta de trabalho que pode auxiliar na hora da realização de exames radiológicos, é um manual prático sobre humanização. No caso de uma instituição de saúde que tenha caráter de atendimento infantil, em que o prédio inteiro é voltado para os seus pequenos pacientes, esse material tem importância e eficácia extrema, pois reduz a possibilidade de trauma psicológico de hospitais e procedimentos, além de minimizar o uso de sedativos (RADIS, 2013).

O artigo, apresenta uma pesquisa realizada com técnicos e tecnólogos que trabalham na região de Ponta Grossa – Paraná. Os participantes responderam ao questionário que continha dez questões sendo três abertas sobre o atendimento que eles prestavam aos pacientes infantis, qual seu tipo de abordagem e qual seu conhecimento sobre humanização. Teve abordagem quantitativa e uma abordagem exploratória, pois visou gerar familiaridade com o problema abordado, com vistas a torná-lo explícito ou constituir hipóteses. Com relação aos procedimentos técnicos corresponde a uma pesquisa de campo (GIL, 2008).

O técnico ou tecnólogo em radiologia deve estar preparado e ciente de sua importância, explicando com segurança e clareza tudo o que vai acontecer, tratando o paciente pediátrico com educação, posicionando-se na altura do mesmo para poder passar a ele as informações necessárias, e, principalmente ter paciência e compreensão.

Assim, o principal objetivo foi identificar algumas das diferentes formas de humanização na saúde apresentadas nas literaturas e propiciar subsídios teóricos para criar um manual simples e prático para a efetiva humanização infantil no setor de imagem e diagnóstico, em especial no setor de tomografia computadorizada. Como resultado, foi desenvolvido um manual com sugestões de atendimento humanizado.

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 98 2 REVISÃO DE LITERATURA

A humanização é um conceito necessário a ser implantado, os profissionais da área da saúde, muitas vezes não têm condições adequadas para executar o trabalho (ASSIS SIMÕES, 2007). De acordo com Tavares (2006, p.26) “o termo humanização é bastante utilizado na saúde e abrange diversos aspectos, desde o discurso oficial até a prática profissional diária”. Ela afirma que é um processo conjunto em todos os componentes de um hospital, mas que isso funciona mais na teoria do que na prática.

A deficiência ou inexistência de materiais hospitalares básicos, condições inadequadas de trabalho, carga horária exagerada e desgastante, remuneração insuficiente, o não reconhecimento de seus esforços, tudo isso faz com que esse profissional fique esgotado, apenas trabalhe por necessidade, por dinheiro, então o paciente passa a não ser o centro de sua atenção.

A necessidade de atendimento humanizado em pacientes pediátricos, requer preparo físico e psicológico dos profissionais da área da saúde, apesar das diversas dificuldades que o setor apresenta. O profissional da área da saúde deve deixar de lado os problemas e dificuldades que existem no setor e focar-se apenas no seu paciente, deve dar atenção máxima a ele, lembrar que aquele paciente se sente indefeso e vulnerável.

Falar em humanização, nos cuidados pediátricos, adquire um significado mais relevante. Tal relevância deve-se, por um lado, à maior imaturidade da criança para compreender a sua situação clínica, o internamento hospitalar e todos os tratamentos a que é sujeita; e, por outro, à vulnerabilidade acrescida que o afastamento do seu meio familiar, o contacto com pessoas, ambientes e equipamentos estranhos ou, por exemplo, a privação do brincar poderão acarretar (ESTEVES; ANTUNES; CAIRES, 2014, p. 3).

A humanização tem respaldo pela Constituição Federal, no artigo primeiro, Inciso III, que assinala “a dignidade da pessoa humana” como um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito. (BRASIL, 1988).

Com a humanização do paciente, o principio ‘ALARA’ (As Low As Reasonable

Achievable - que pode ser traduzido como “tão baixa quanto razoavelmente exequivel”)

é colocado em prática, e de acordo com a Portaria 453/98 da Agência Nacional De Vigilância Sanitária (ANVISA) que explica que “As exposições médicas de pacientes devem ser otimizadas ao valor mínimo necessário para obtenção do objetivo radiológico (diagnóstico e terapêutico), compatível com os padrões aceitáveis de qualidade de imagem”. Refere-se à otimização de doses de radiação ionizante nos pacientes, este por sua vez, terá menor exposição a radiação.

Tratando-se de pacientes pediátricos, fica ainda mais difícil aplicar essas diretrizes humanísticas, pois uma criança exige o dobro de atenção e paciência por parte do técnico ou tecnólogo em radiologia. Por diversas vezes, perde-se muito tempo tentando

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 99 convencer esse paciente a entrar na sala de exame, posicioná-lo e realizar o exame (TAVARES, 2006).

A criança internada em instituição hospitalar, passa a ter, além do corpo doente, a mente confusa, pois encontra-se impossibilitada de ficar com seus familiares em tempo integral, deixando-a assustada, acuada, estressada (ESTEVES; ANTUNES; CAIRES, 2014). A comunicação entre as partes deve ser respeitosa, fazendo com que a criança se sinta como um indivíduo único com suas particularidades (PUCCINI; CECILIO, 2004).

Atualmente, várias instituições estão buscando formas de humanizar os pacientes pediátricos sendo com um ambiente temático ou até mesmo brinquedotecas. Com intuito de melhorar e facilitar a relação profissional – paciente e diminuir a relação profissional – cliente. (BERGAN, 2009). Estudos recentes também apontam os benefícios que a humanização traz a esses pacientes, diminuindo a ansiedade perante a situação que estão passando. Um ambiente temático, faz com que esse paciente deixe de pensar, nem que seja por alguns instantes, na sua doença, logo, os benefícios aparecem.

Demir et al (2012, p.515), afirma que pacientes pediátricos precisam de sedação para ficarem imóveis nas unidades de radiologia e exames de imagens, principalmente durante os procedimentos em tomografia computadorizada (TC), além disso se o paciente é sedado incorretamente há perda de tempo, de receita para a instituição e lentidão no diagnóstico. Portanto, faz-se necessário uma abordagem diferenciada, uma parede colorida, uma sala e equipamentos ornamentados com uma temática infantil. Com os resultados de suas pesquisas, Bergan et al (2009) confirma a extrema importância de ambientes projetados arquitetonicamente voltados para a cura da criança.

Devido ao trabalho diário que o técnico e tecnólogo em radiologia possuem, a rotina hospitalar pode prejudicar a aplicação dos princípios da humanização. A criança também pode estar exausta com essa rotina de exames (DEMIR, G et al., 2012), essa exaustão de ambos os lados, acaba por afetar diretamente a qualidade do exame, o profissional pode errar em algum momento do procedimento e ter que repetir e o paciente pode estar sendo irradiado desnecessariamente, entrando em desacordo com o princípio ALARA.

Muitas vezes o profissional acaba fazendo seu trabalho de forma tão automática, que o paciente acaba se tornando um objeto a ser manipulado, e esse não é o objetivo da humanização. A humanização requer que o paciente seja o centro das atenções e seja atendido com cuidado e respeito, levando em conta suas particularidades.

Em geral, um exame radiográfico é muito rápido, o técnico ou tecnólogo em radiologia tem antecipadamente as informações do paciente, e dados clínicos. Essa rotina acaba por fazer com que esse profissional automatize suas ações, já que é treinado para operar equipamentos tecnológicos. O sucesso do procedimento é garantido e o paciente terá um diagnóstico preciso para levar para seu médico, entretanto, por mais que esse momento seja breve, é de extrema relevância e pode ser altamente estressante para o paciente. (BONTRAGER, 2003).

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 100 Houve uma larga expansão dos conhecimentos científicos em relação a

equipamentos tecnológicos e procedimentos. Esses recursos oferecidos servem para tratamento e diagnóstico da doença do paciente, ao mesmo tempo que lhe traz sofrimento, porém esses recursos isolados não trazem resultados plenos. Falta o toque humano para aplicá-los e amenizar o sofrimento desse paciente. (TAVARES, 2006).

Dentro das instituições, o setor de radiologia, mesmo não sendo o único, é considerado o braço tecnológico da medicina, pois é uma das poucas especialidades que depende de aparelhos para ser desenvolvida. Os exames são realizados por um profissional técnico ou tecnólogo em radiologia, dependendo do funcionamento do aparelho, e a interpretação é realizada pelo médico. Em muitos casos, é necessário um complemento do exame clinico para descartar ou confirmar hipóteses, um dos principais métodos é o de imagem (TAVARES, 2006).

Para que exerçam sua profissão dignamente, respeitando o outro e levando em conta sua condição humana os trabalhadores da área da saúde também devem ter sua condição humana respeitada, ou seja, com remuneração justa, ambiente de trabalho em condições adequadas e reconhecimento de suas tarefas e iniciativas. Na maioria das instituições de saúde, fica evidente que os profissionais estão longe da devida valorização de si e profissional (BACKES, LUNARDI, LUNARDI, 2006).

A estrutura de trabalho influencia diretamente nas condições humanas do trabalhador, sem um investimento nessa área, sendo ela precária, fica muito difícil para esse profissional atender o paciente de forma humanizada. De acordo com Assis Simões (2007, p.440):

As instituições não oferecem um ambiente adequado, recursos humanos e materiais quantitativos e qualitativos suficientes, o que desmotiva o profissional para uma mudança de atuação. Deve-se ressaltar que humanização implica também investir no trabalhador para que ele tenha condições de prestar atendimento humanizado.

A colaboração do paciente pediátrico será muito mais fácil, ele se sentirá numa brincadeira, o que o deixará feliz e com vontade de participar. Além disso, também diminui a ansiedade dos pais. A seguir apresenta-se um exemplo de uma sala de Tomografia Computadorizada em um hospital infantil no Brasil.

Figura 1- Tomógrafo do Hospital Municipal Bom Jesus, em Vila Isabel no Rio de Janeiro

Figura 2 - Tomógrafo do Hospital Municipal Bom Jesus, em Vila Isabel no Rio de Janeiro

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 101 Fonte: www.hypeness.com.br

Fonte: www.hypeness.com.br

Uma sala bem decorada com uma temática própria para crianças, aparelhos decorados estrategicamente para deixar a criança mais confortável e menos assustada, são formas de humanizar. Goldenstein (2006, p.36) ressalta que a arquitetura hospitalar “ não é somente um “cenário” mais agradável, pois o movimento que lhe deu origem assenta-se em pesquisas que constataram a influência do meio ambiente nas condutas”.

De acordo com Bergan et al (2009, p.11) “as instituições voltadas para a assistência as crianças surgiram como pioneiras na implementação do conceito de humanização no tratamento e concepção dos espaços”. Segundo ela, a arquitetura à saúde infantil contribuiu essencialmente em seu trabalho, o que permitiu uma análise dos dados obtidos com a pesquisa, afirmando a importância para o desenvolvimento de projetos arquitetônicos de ambientes de saúde para o paciente pediátrico.

Tais estudos partem do princípio de que, se nossos comportamentos acontecem em um determinado meio físico, este não funciona somente como um cenário para nossas condutas, mas produz estímulos que conjugados com outros, provenientes do meio social ou interpessoal ou do próprio sujeito, irão configurar o comportamento dos indivíduos. (GOLDENSTEIN, 2006, p. 36-37).

É preciso compreender que a tecnologia e a humanização devem ser atreladas para obter-se sucesso, mesmo com todo treinamento e capacitação que o técnico e o tecnólogo em radiologia têm para operar os equipamentos, eles por si só, não humanizam o paciente, não satisfazem suas necessidades de atenção e cuidado, não perguntam o que ele está sentido e se está bem. (TAVARES, 2006). O paciente pediátrico juntamente com seu acompanhante, que pode ser um dos pais ou um responsável, deve ser bem tratado desde a recepção ao setor de imagem e diagnóstico, até a hora em que estiverem indo embora. O acolhimento faz parte da humanização, a relação profissional – paciente deve ser integral, ainda de acordo com Tavares (2006, p.35):

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 102 O cuidado está intimamente ligado aos conceitos de integralidade e

acolhimento e sua aplicação na radiologia se dá de forma conjunta. O cuidado pode ser considerado o fator determinante da humanização, ele envolve a ação integral e o respeito ás necessidades de cada usuário, somados a busca da excelencia no atendimento em todas as suas etapas.

Analisando todos esses aspectos e diretrizes citados anteriormente, ve-se que a humanização, o excelente atendimento,a atenção e o cuidado com o paciente, são essenciais para o bem-estar do ser humano, atrelados a modernização de equipamamentos que operam com radiação ionizante, o sucesso é garantido. Ferramentas que possibilitem a facilidade de acolhimento, como manuais, ambientes temáticos para a realização de procedimentos são muito bem vindas, com isso, pode-se ter um padrão no atendimento prestado. Na atenção básica, o contexto no qual a pessoa está inserida interfere diretamente nas ações de saúde. (ASSIS SIMÕES, 2007). Para atender ás necessidades do paciente, as instituições hospitalares deveriam trabalhar de forma integrada, estimulando como fator indispensável o cuidado humanizado, além de proporcionar meios para que aconteçam programas institucionais sobre o tema (CUSTÓDIO DUARTE, 2013).

Segundo Echer (2005), a necessidade de desenvolvimento de projetos de aperfeiçoamento, de buscar o conhecimento científico do tema tratado, de optar por uma linguagem clara e informações pertinentes, de ter os profissionais participando, assim como pacientes e familiares e, por fim, da necessidade constante de atualização dos mesmos, além da confiança de que a exatidão científica é vital para garantir a qualidade. Tais manuais de orientação têm como objetivo propiciar direção aos profissionais da saúde, aos pacientes e familiares, intensificando assim, a educação em saúde.

Na pesquisa realizada por Echer (2005), ela percebe que, por diversas vezes, numa mesma equipe, que tem vários tipos de profissionais envolvidos, eles apresentam muita diversidade em relação aos cuidados com o paciente em tratamento. A elaboração de manuais é também, uma oportunidade para padronizar e regularizar, com a participação de todos, os comportamentos no cuidado ao paciente. A elaboração de manuais no atendimento à saúde, vem crescendo e facilitando o trabalho das equipes nos setores, assim dispor de um material instrutivo, facilita e organiza as orientações a serem realizadas.

Diante do apresentado neste capítulo infere-se que algumas das formas de humanização na saúde vão desde projetos arquitetônicos voltados inteiramente a humanização infantil, equipamentos ornamentados estrategicamente, até ambientes temáticos em um setor da instituição. O reconhecimento e valorização pelas instituições de saúde aos profissionais das técnicas radiológicas que atendem os pacientes, apresenta-se como forma de humanização, pois desse modo, com o profissional sentindo–se valorizado e reconhecido consegue praticar a humanização corretamente e com entusiasmo.

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 103 Manuais instrutivos também foram considerados uma ótima forma de humanização, pois com a aplicação deste material, nota-se que as diretrizes humanísticas ficam extremamente organizadas e padronizadas para os técnicos e tecnólogos em radiologia.

3 MATERIAIS E METÓDOS

Esta pesquisa foi realizada com técnicos e tecnólogos que trabalham no setor de imagem e diagnóstico da região de Ponta Grossa-Paraná. Considerando o objetivo da presente pesquisa, a mesma é caracterizada como aplicada. Este tipo de pesquisa, segundo Gil (2002), propõe gerar conhecimento para aplicação prática. Sendo assim parte-se da teoria para a construção do modelo, o qual foi quantificado posteriormente, classificando como quantitativa a abordagem do problema. Ainda, segundo Gil (2002), como a pesquisa pretende estabelecer relações entre variáveis, o objetivo se apresenta como exploratório, enquanto os procedimentos técnicos empregados classificam a pesquisa como estudo de caso, pois envolve estudo profundo e exaustivo de uns poucos objetos de maneira que permita o amplo e detalhado conhecimento.

A pesquisa foi dividida em cinco momentos para que possa ficar mais transparente e clara a forma de trabalho que foi executada, baseando-se em momentos de pesquisa bibliográfica, coleta de dados, apresentação de resultados e elaboração de manual.

1º Momento: Levantamento e Pesquisa Bibliográfica

Foi feito um trabalho de pesquisa bibliográfica e fundamentação de temas que se referem a humanização em ambiente hospitalar; utilizando de teóricos clássicos do tema e de teóricos contemporâneos através das palavras chave como: Humanização, Paciente pediátrico, radiologia, ambiente hospitalar, sedação infantil, que puderam dar respaldo para a pesquisa, Autores como Paulo de Tarso Puccini (2004), Luiz Carlos de Oliveira Cecílio (2004), Dirce Stein Backes (2006), Guray Demir (2012), Ana Lúcia de Assis Simões (2007), Rosana Prado (2011), Isabel Cristina Echer (2005) dentre outros. Busca-se contexto prático sobre a humanização em ambientes hospitalares e a humanização pediátrica. As formas de humanizar praticamente, sem que isso venha a se tornar um trabalho árduo, que seja feito naturalmente.

2º Momento: Autorização do Comitê de Ética

O projeto de pesquisa foi inscrito na Plataforma Brasil e posteriormente submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) das Faculdades Ponta Grossa com parecer favorável sob o número 2.384.358 para que então se pudesse iniciar a fase de pesquisa direta com pessoas que serviram para as conclusões do projeto.

3º Momento: Questionário com os Técnicos e Tecnólogos em Radiologia Foi elaborado um questionário que apresentou questões sobre o cotidiano do entrevistado no setor de imagem e diagnóstico, com ênfase na Tomografia Computadorizada, visto que este instrumento de coleta de dados, foi elaborado

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 104 previamente seguindo as regras práticas que são descritas por Gil (2008). Estas regras servem para auxílio na elaboração de um questionário para a pesquisa e que, quando precise ser mensurado de maneira fidedigna ao descrito e respaldado em fundamentação teórica em conformidade com os padrões estabelecidos. GIL (2002, p. 114-115), afirma que “por questionário entende-se um conjunto de questões que são respondidas por escrito pelo pesquisado”. Portanto, não há a necessidade de um encontro, o questionário pode ser enviado por e-mail, ou entregue em outra data, esta forma de coleta de dados não exige a presença do pesquisador com o pesquisado.

Primeiramente foi apresentado o questionário, de forma que os entrevistados pudessem ter uma ideia geral do que os pesquisadores pretendiam e assim tirar todas as possíveis dúvidas que pudessem surgir nesta ocasião. Neste mesmo momento assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e o Termo De Autorização De Uso De Imagem e Entrevista (TCUI). O questionário lhes foi entregue, para que lessem atentamente todas as questões, alguns preferiram leva-lo para casa e entregar respondido posteriormente.

4º Momento: Tabulações das Informações e Discussão dos Resultados

A interpretação dos dados foi feita com base nas respostas de 08 técnicos e tecnólogos em radiologia da região de Ponta Grossa – PR. Para manter a privacidade de cada um dos participantes da pesquisa o pesquisador os citará como Téc. 1, Téc. 2, Téc. 3, e assim por diante.

Finalizado o questionário com os técnicos e tecnólogos de radiologia, ocorreu a tabulação de dados pelo pesquisador. Desta tabulação foi feito o relatório final sobre os dados coletados. Nesta etapa, seguiu-se usando as etapas descritas por Bardin (1977, p.95), e criada a inferência por meio de gráficos “a) A pré-análise; b) a exploração do material; c) o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação”.

5º Momento: Criação do Manual

Este foi o momento da elaboração, personalização, lançamento de demonstração de funcionalidade do produto/manual que irá contribuir de forma prática na rotina de trabalho do setor. Depois de executados os passos anteriores, chega o momento da montagem do manual. Nele há tópicos importantes a serem aplicados na humanização do paciente pediátrico, desde o momento em que ele entra no setor, até o momento de ir embora com seus responsáveis.

4 RESULTADO DOS QUESTIONÁRIOS E DISCUSSÃO

A apresentação dos resultados foi embasada pelo questionário respondido pelos técnicos e tecnólogos em radiologia da região de Ponta Grossa, PR. Eles seguem dois dos três pontos apresentados por Bardin (1977, p.95) “a) A pré–análise; b) a exploração do material; c) o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação”.

A pré-análise ocorreu após leitura de todos os dados coletados, com o objetivo de organizá-los da melhor maneira possível, após a organização dos dados, o pesquisador

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 105 pode explorar os materiais para posteriormente tratá-los, interpretá-los e montar os gráficos e inferências.

A primeira indagação foi sobre o tempo de trabalho que o técnico ou tecnólogo possui, essa questão continha 4 alternativas (menos de 1 ano, de 1 a 5 anos, de 6 a 10 anos e mais de 11 anos). Dos técnicos e tecnólogos entrevistados, 71% têm entre 1 a 5 anos e 29% mais de 11 anos de profissão. Essas afirmações estão representadas no gráfico 01:

Gráfico 1 – Há quanto você exerce esse cargo?

Fonte: Os autores (2019)

O quesito número 2, abordava a quantidade de exames de tomografia computadorizada realizados por mês, em crianças de 2 a 12 anos de idade. Com base em suas respostas, obteve-se o gráfico número 2.

Os dados apontam que cerca de 86% dos técnicos e tecnólogos questionados realizam de 11 a 15 exames por mês, e 14% de 16 a 20.

Gráfico 2– Quantidade de exames de Tomografia Computadorizada em um mês.

0% 71% 0% 29% Menos de 1 ano 1 a 5 anos 6 a 10 anos 11 anos ou mais

Há quanto tempo você exerce esse cargo?

86% 14%

Qual o número médio de exames de Tomografia Computadorizada em crianças entre 2 a 12 anos

que você faz por mês? de 11 a 15

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 106 Fonte: Os autores (2019)

As questões número 3 e 4, abordam sobre o uso de sedação nos pacientes pediátricos, e se os técnicos e tecnólogos acham importante o uso dela nos exames de tomografia computadorizada.

Conforme mostram os gráficos 3 e 4, com relação ao uso de sedação em pacientes pediátricos,71% dos técnicos e tecnólogos não usam durante o exame de tomografia computadorizada, porém, consideram seu uso um recurso importante que deve ser utilizado, quando após análise do paciente, não haja colaboração.

Gráfico 3 - Uso de sedação Gráfico 4 – Importância da sedação.

Fonte: Os autores (2019) Fonte: Os autores (2019).

O item número 5 do questionário, aborda a importância de um ambiente temático para realização dos exames de tomografia computadorizada, como uma sala ornamentada e equipamentos plotados com temas infantis. Segundo autores como Goldenstein (2006) e Bergan (2009) a temática do ambiente influencia diretamente no comportamento humano, então foi questionada a importância desses recursos quanto a diminuição do uso de sedação nos pacientes e sua colaboração. De acordo com 71% dos entrevistados, um ambiente temático é muito importante para tranquilizar o paciente pediátrico, e diminuir o uso de sedação. De outro lado, 29% afirma que esse recurso não influencia na hora do exame

O gráfico número 5 representa a questão número 6 do questionário, que abordava sobre as vantagens que o entrevistado passa ao não usar sedação no paciente pediátrico, sobre as vantagens que isso lhe traz como profissional, 71% destes profissionais afirmam sentir satisfação consigo mesmo e sensação de bem-estar por não usar sedação no paciente pediátrico, porém alegam que muitas vezes sedar é muito mais prático e rápido e entendem os riscos a que se submetem ao optarem por tal recurso.

Gráfico 5 - Vantagens que o não uso da sedação traz para a rotina de trabalho

29% 71%

SIM NÂO

Em todos os exames há uso de algum tipo de

sedação? 71%

29%

SIM NÂO

Você considera importante o uso da sedação?

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 107 Fonte: Os autores (2019)

A indagação número 7 foi aberta, o pesquisador questiona qual o tipo de abordagem que o profissional tem com o paciente pediátrico para conseguir realizar o exame. Foi pedido que descrevessem sua abordagem. Foi decidido transcrever algumas respostas de forma amostral para dar maior embasamento no que será discutido posteriormente, desta forma, segue o comentário de alguns dos profissionais:

Téc. 1: Primeiramente tenho uma conversa franca, explico que não sou

enfermeiro, que minha função é “tirar foto para o médico”. Em alguns casos, olho nos olhos da criança de mesma altura (ajoelhando-se), assim transmito confiança.

Téc. 2: Tento conversar com o paciente pediátrico e com a mãe para explicar o

procedimento, tento deixá-los calmos, até mostro o aparelho para eles, porém, tal abordagem nem sempre funciona.

Téc. 7: Sempre com um timbre de voz suave tentando passar confiança a criança.

Explicando na linguagem deles como será o procedimento.

A questão número 8 do questionário também foi aberta, nela os profissionais relataram sua opinião sobre a existência de um manual prático, com dicas para ajudar na humanização do paciente pediátrico, e se tal ferramenta facilitaria seu trabalho com esses pacientes. Seguem alguns comentários feitos pelos profissionais:

Téc. 2: Um manual não faria diferença, porque se trabalha com diversas crianças

e cada uma reage de forma diferente, umas mais calmas e outras mais nervosas.

O Téc. 3: Sim, pois trariam uma abordagem padrão para todos os atendimentos

com crianças. Um manual seria ótimo para agregar novas dicas de conhecimento e abordagem.

Téc. 8: Para iniciantes sim, mas com a experiência adquirida no dia a dia, cada

profissional adota um método de trabalho.

O item número 9 abordou se os questionados já haviam lido algum livro sobre humanização infantil, esta questão remete ao conhecimento dos técnicos e tecnólogos sobre o tema, e como mostra o gráfico número 6, 57% afirma que nunca leu nada sobre humanização.

29%

14%

43% 71%

Quais as vantagens que o não uso da sedação em crianças traz para a rotina no seu trabalho:

Economia com o uso de sedativos A confiança que o paciente depositará em você

Colaboração efetiva do paciente para a realização do exame

Satisfação com você mesmo,sensação de bem estar por não sedá-lo

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 108 Gráfico 6 - Você já leu algum livro ou texto que aborde temas de humanização infantil?

Fonte: Os autores (2019)

O item 10 do questionário trazia a seguinte transcrição: “Caso queira, este é o

momento para você fazer algum comentário a pesquisa, seja sobre sedação ou humanização no Exame de Tomografia Computadorizada”, aqui os técnicos e

tecnólogos em radiologia poderiam sugerir métodos e opinar sobre a pesquisa, assim sendo, seguem os comentários dos profissionais.

Téc. 2: Acredito que os médicos solicitantes deveriam ter um pouco mais de

critério ao expor uma criança as radiações ionizantes, e evitando na maioria das vezes ter que passar por sedação.

Téc. 3: As crianças já vêm com um preconceito, uma pessoa com jaleco branco é

sinônimo de injeção, dor, então chegam no setor de imagem com muito medo. Um ambiente humanizado e uma abordagem diferenciada faz toda a diferença.

Téc. 7: Crianças que sempre necessitem de sedação por medo físico, será um

candidato a um adulto que fará seus exames com sedação.

Após todo o apresentado, decidiu-se ao final deste capítulo fazer as discussões sobre as respostas feitas pelos profissionais do setor de imagem e diagnóstico. Esta discussão acontece, conforme já descrito no trabalho, com referência a Bardin (1977) e os outros dois passos, dos três descritos por ela. A pré-análise foi explicada no início do capítulo, agora segue-se com: a exploração do material e o tratamento dos dados, inferência e interpretação.

A exploração do material consiste basicamente em definição das categorias e da codificação, é a concretização das decisões tomadas na pré-análise, os dados obtidos são organizados de maneira pertinente para que permitam a descrição das características adequadas ao tema. 43% 57% Si m o

Você já leu algum livro ou texto que aborde temas de humanização infantil?

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 109 O tratamento dos dados, inferência e interpretação, esta fase consiste no

tratamento estatístico dos resultados, o que remete a produção de gráficos que extraem e evidenciam as informações fornecidas para a pesquisa.

Dentre os artigos levantados na revisão de literatura, a maioria dos autores realizou pesquisas de campo sobre humanização em ambientes hospitalares, entrevistas com profissionais ligados ao atendimento direto com o paciente. Nos relatos dos pesquisados deste trabalho de conclusão de curso, evidencia-se uma preocupação com seu tipo de abordagem ao paciente pediátrico. Muitos relatam não ter o dom de interagir com esses pacientes, alguns já desanimados, afirmam que, por mais que existam ambientes temáticos e manuais, não os ajudará no seu modo de abordagem. De acordo com o Téc. 3: “Um manual não faria diferença, porque se trabalha com diversas crianças e cada uma reage de forma diferente, umas mais calmas e outras mais nervosas ”.

Ao comparar afirmações de Goldstein (2006) e Bergan (2009), nota-se à similaridade de pensamentos com relação a estrutura dos edifícios e ambientes. Bergan sugere projetos estruturados voltados completamente para a humanização, já Goldstein defende que apenas um ambiente temático surte efeito humanizador nos usuários, ainda segundo ele, o ambiente reflete intimamente no comportamento humano. Para os Téc. 3 e Téc. 6 questionados neste trabalho, o ambiente ajuda sim a realizar um atendimento bom, mas que com um manual para o profissional, o atendimento será muito melhor. Para o Téc. 3: “As crianças já vêm com um preconceito, uma pessoa com jaleco branco é sinônimo de injeção, dor, então chegam no setor de imagem com muito medo. Um ambiente humanizado e uma abordagem diferenciada faz toda a diferença. Um manual seria ótimo para agregar novas dicas de conhecimento e abordagem”. Tal afirmação se confirma com Echer (2005) “Dispor de um material educativo e instrutivo facilita e uniformiza as orientações a serem realizadas, com vistas ao cuidado em saúde”.

Maciel-Lima (2004) afirma em seu estudo sobre o tema, que a dificuldade de praticar a humanização está na tecnologia cada vez mais moderna, e que esta tecnologia corta os laços entre profissional da saúde-paciente, o aumento da demanda de equipamentos e poucos profissionais para operá-los. O que remete ao esgotamento desse profissional. De outro lado, Ferreira (2009) baseia seu estudo no período em que esse profissional está sendo formado, segundo a autora, a humanização deve ser introduzida ainda no curso para “ampliar os olhares” dos futuros profissionais. Ao analisar as respostas obtidas com este questionário, nota-se que o contato com o paciente e a forma de tratá-lo depende do “dom” de cada um em interagir com os pacientes pediátricos, para aqueles que não tem jeito em conversar com este paciente, fica muito difícil praticar a humanização e a atenção primária que ele necessita. Afirma o Téc. 3: “ Muitos técnicos não têm o dom de interagir com crianças, usar da psicologia e conversa para convence-las a colaborar com o exame que será realizado”.

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 110 Para os que conseguem colocar em pratica essa abordagem humanizada, percebe-se que necessitam de padrões ou protocolos para tornar esse atendimento uma experiência melhor para o paciente, “Um manual seria ótimo para agregar novas dicas de conhecimento e abordagem”, conclui o Téc. 3.

Para o Téc. 2: “Um manual não faria diferença, porque se trabalha com diversas crianças e cada uma reage de forma diferente, umas mais calmas e outras mais nervosas”. Tendo como base o referencial teórico desta pesquisa, Echer (2005), acaba afirmando o contrário e diz que a elaboração de manuais é também, uma oportunidade para padronizar e regularizar, a elaboração de manuais no atendimento à saúde, vem crescendo e facilitando o trabalho das esquipes nos setores.

Para Demir et al (2012), pacientes pediátricos precisam de sedação para ficarem imóveis nas unidades de radiologia e exames de imagens, principalmente durante os procedimentos em tomografia computadorizada (TC), além disso se o paciente é sedado incorretamente há perda de tempo, de receita para a instituição e lentidão no diagnóstico. Defende o Téc.1: “A sedação além de afetar a criança no sentido físico, afeta o psicológico, dificultando posteriormente exames mais simples. A instituição só tem a ganhar com redução de custos e aumento da credibilidade junto à comunidade”. O Téc. 7 concorda com a afirmação do Téc. 1 e acrescenta: “Crianças que sempre necessitem de sedação por medo físico, será um candidato a um adulto que fará seus exames com sedação”.

Após a pesquisa feita com técnicos e tecnólogos em radiologia pode-se inferir que a humanização em setores de imagem e diagnóstico é de suma importância, haja visto que os pacientes pediátricos que passam por estes setores podem ser submetidos ao uso de sedação desnecessária, pelo simples fato de o profissional não saber abordá-lo corretamente, orientando-o e confortando-o para que colabore na realização de exames que necessitem de radiação ionizante.

Com os resultados obtidos nesta pesquisa, foi elaborado um manual instrutivo com dicas práticas sobre a abordagem mais adequada ao paciente pediátrico, desde o momento em que ele chega ao setor até o momento em que vai embora, nele há também tópicos que explicam o que é a humanização, quem é o paciente pediátrico e qual o papel do técnico e tecnólogo em radiologia no setor de imagem e diagnóstico.

5 CONCLUSÃO

Feita a revisão de literatura através de pesquisa bibliográfica e fundamentação de temas que se referem a humanização em ambiente hospitalar, utilizando-se de teóricos clássicos e de teóricos contemporâneos que deram respaldo para esta pesquisa. Foram identificadas algumas formas de humanização, entre as mais citadas pelos autores estão a temática do ambiente e protocolos de atendimento para os profissionais que atendem o paciente pediátrico.

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 111 A importância da humanização no trabalho de técnicos e tecnólogos em radiologia

mostra-se como ganhar a confiança do paciente, acalmá-lo, fazer com que se divirta no procedimento a que será submetido, traz benefícios para ele e para o profissional que realiza o exame, como por exemplo, a diminuição no uso de sedativos, pois o paciente pediátrico colabora efetivamente para que tudo aconteça naturalmente. O desenvolvimento do manual prático sobre o tema foi baseado em sugestões dos técnicos e tecnólogos em radiologia que têm algum tipo de dificuldade em abordar esse paciente.

Para a maioria dos técnicos e tecnólogos que participaram da pesquisa para esse trabalho, há a necessidade de padrões e protocolos para atenderem melhor o paciente pediátrico, pois nem todas as instituições em que trabalham possuem condições para desenvolver ambientes temáticos, portanto, esse profissional é quem deverá suprir essa necessidade de atenção e cuidado que esse paciente necessita. Os profissionais que não acreditam nessa abordagem e preferem sedar o paciente, têm interesse em aprender novas formas de atender e praticar a humanização, são profissionais sistemáticos, necessitam de padrões. Além disso, os benefícios que a humanização praticada corretamente traz, aparecem logo, os pacientes poderão ser submetidos a sedação desnecessária, pelo simples fato de o profissional das técnicas radiológicas não saber abordá-lo, passar segurança para ganhar a confiança deste paciente.

O referencial teórico apresentado nesta pesquisa fica como base para futuros pesquisadores sobre o tema, pois dentro do levantamento bibliográfico não há teóricos muito recentes, este trabalho veio para agregar conhecimento sobre o que acontece no setor de imagem e diagnóstico de instituições hospitalares, tendo em vista que a maioria dos artigos encontrados são voltados para a enfermagem.

Para os profissionais que trabalham em setores de imagem e diagnóstico, nota-se a carência de protocolos e padrões no atendimento ao paciente pediátrico, a maioria sugere a criação de um manual prático para ajudá-los a melhorar sua abordagem. O trabalho foi concluído com a criação de um modelo de manual, e espera-se que através dele, hajam mais pesquisas e aprofundamento neste tema, voltados para o setor de imagem e diagnóstico. O conhecimento científico está em constante renovação, portanto, o material elaborado deve ser atualizado sempre, afim de que, se mantenha como novidade e alcance seus objetivos, padronizar condutas no atendimento ao paciente pediátrico, somando conhecimentos existentes para que manuais específicos sejam elaborados.

Além da compreensão e visualização dos saberes atrelados a temática da humanização, almeja-se que os técnicos e tecnólogos em radiologia desenvolvam habilidades teórico/práticas para que seu trabalho antes, durante e posterior a realização de exames, seja ainda mais produtiva e que possam sempre estar contribuindo para a humanização infantil dentro do setor.

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 112 6 MANUAL DE ATENDIMENTO HUMANIZADO A CRIANÇAS NO SETOR DE IMAGEM E DIAGNÓSTICO

Figura 3: Capa Manual

Fonte: Os autores (2019)

Figura 4: Humanização

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 113 Figura 5: O Profissional do Setor

Fonte: Os autores (2019)

Figura 6: Humanização

Fonte: Os autores (2019)

Figura 7: Importância desse Material

Fonte: Os autores (2019)

Figura 8: O Primeiro Contato com o Paciente

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 114 Figura 9: Na Hora do Exame

Fonte: Os autores (2019)

Figura 10: O Exame Acabou

Fonte: Os autores (2019)

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| Revista GETS, Sete Lagoas, v.3 n.1: p. 95-117, jan/jun 2020. | 117 Recebido em: 15/05/2020

Aceito em: 16/06/2020

Endereço para correspondência: Nome: Anderson Pedro Laurindo

Email: alaurind@gmail.com Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative

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