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V Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e XI Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental. 6 a 9 de setembro de 2012

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V Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e XI Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental

6 a 9 de setembro de 2012 Ponta Mar Hotel – Fortaleza, Ceará, Brasil

Posteres

P.1. Aspectos psicológicos da sexualidade feminina em uma paciente histerectomizada – um estudo de caso

Carolina Miralha de Castro (Corpo Freudiano – Escola de Psicanálise – Seção Belém, PA/Br.). Resumo:

Segundo Banoli & Cavalcante (2002), a função da sexualidade feminina, na cultura ocidental, esteve voltada durante séculos para a procriação. Nos últimos anos, mudanças econômicas, religiosas, sociais e novas descobertas científicas produziram transformações comportamentais, tanto em mulheres quanto em homens, propiciando o reconhecimento da sexualidade feminina. É neste sentido, que este trabalho tem como objetivo compreender a partir da teoria psicanalítica, os aspectos psicológicos da sexualidade feminina de uma paciente, internada na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, que se submeteu à cirurgia de histerectomia.

P.2. O corpo e o afeto das mães biológicas no processo de adoção

Lara Patrícia Wunderlich (Pontifícia Universidade Católica do Paraná, PR/Br.). Resumo:

Nas Novas Regras para Adoção há uma preocupação com as mães biológicas que entregam seus filhos para a adoção em obrigatoriamente ser o encaminhamento à Justiça da Infância e da Juventude e proporcionar assistência psicológica a estas mães e, para isso aponta-se a necessidade de que os profissionais estejam preparados para atendê-las. Esta pesquisa teve como objetivo investigar quais as possíveis influências na decisão das mães biológicas em entregar um filho para adoção. As informações analisadas qualitativamente revelaram que o aspecto do ambiente social, econômico e cultural das participantes da pesquisa é de uma classe econômica baixa, sem renda fixa e, na maioria, sem companheiros. Os resultados da pesquisa quantitativos demonstraram que a dificuldade em exercer a função materna é atravessada por seus próprios conflitos internos, do sentimento de rejeição e abandono quando crianças. Dessa forma reatualizam o abandono vivido quando crianças, de forma a projetar o que está em sua subjetividade.

P.3. Nova Rapunzel: os excessos maternos na anorexia nervosa

Fernanda Cristina Gomes de Carvalho (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e PROATA - Programa de Atenção aos Transtornos Alimentares da Universidade Federal de São Paulo, SP/Br.) e Teresa Cristina Bailoni Martins Passos (PROATA - Programa de Atenção aos Transtornos Alimentares da Universidade Federal de São Paulo, SP/Br.).

Resumo:

A cultura atual veicula a imagem de corpo magro e hábitos alimentares saudáveis como modelo feminino a ser desejado. Em busca desse modelo, jovens buscam para si esse ideal feminino. Algumas o fazem com tal tenacidade que desenvolvem Anorexia Nervosa, denunciando as dificuldades de elaborar uma identidade própria e subjetiva. Em muitos desses casos, a identificação com o modelo materno traz conflitos e impossibilidades, e um desses fatores é a relação com uma figura intrusiva que não permite o desenvolvimento da individualidade. No presente trabalho, relatamos o caso clinico de uma adolescente com Anorexia Nervosa, onde a intrusão é tão intensa que não lhe permitem sequer o desejo expresso pelo sintoma – emagrecer. Durante seu tratamento no CAPS Proata, sai com o grupo para assistir o filme ‘Enrolados”, uma adaptação do conto Rapunzel. Ao sair, diz: “mas aquela bruxa é meu pai!”. Fala assim de uma situação familiar na qual há uma disputa pelo papel materno que a inunda de excessos e impede sua identificação feminina e crescimento.

P.4. Os efeitos da acídia do melancólico, nele e no analista

Marcia Schivarche (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, SP/Br.) Resumo:

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Este trabalho pretende, através da exposição de um caso clínico, discorrer sobre os conceitos de acídia e melancolia e examinar os efeitos que um paciente melancólico provoca em seu analista, mais especificamente o desespero. Para tanto, autores como Freud, Berlinck, Magtaz, Agamben, Kehl, entre outros, serão referenciados para conceituar a melancolia a acídia e a contratransferência. O melancólico, aquele que se encontra numa em um mal-estar sem saída, carrega consigo a acídia, marcada pela imobilidade, retraimento, falta de animo e indisposição para o trabalho. O analista, ao tomar como paciente um melancólico, enfrentará a cada sessão a sua interminável lamúria, que abrirá espaço para o desespero se colocar.

P.5. Trabalho, sofrimento e as narrativas de alguns psicanalistas

Francisco Ronald Capoulade Nogueira (Universidade Federal de São Carlos, SP/Br.). Resumo:

Esta comunicação visa à apresentação dos resultados de uma pesquisa de mestrado – realizada entre 2009 e 2011 na PUC de Campinas-SP, com financiamento CAPES – que teve por objetivo verificar como alguns psicanalistas, de orientação lacaniana, escutavam e lidavam com pacientes cujas principais queixas advinham das relações de trabalho. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com cinco psicanalistas orientadas por um roteiro flexível que continha fundamentalmente duas questões que os interrogavam – de modo indireto – sobre o reconhecimento do sofrimento de seus pacientes devido aos aspectos laborais e acerca do tratamento aplicado a esses pacientes. Com base no conteúdo das entrevistas, foi possível observar uma discussão intensa acerca da tensão entre o social e o individual, na medida em que se buscava esclarecer quais aspectos eram determinantes para o sofrimento, ou seja, o mundo social do trabalho pode ser um elemento nocivo ao sujeito? Como a clínica psicanalítica pode lidar com essas questões?

P.6. Adolescer: tempo de desafios na contemporaneidade

Fernanda Cristina Gomes de Carvalho (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e PROATA - Programa de Atenção aos Transtornos Alimentares da Universidade Federal de São Paulo, SP/Br.), Maria Martins Baptista Castanheira (PROATA - Programa de Atenção aos Transtornos Alimentares da Universidade Federal de São Paulo, SP/Br.), Patrícia Muniz João (PROATA - Programa de Atenção aos Transtornos Alimentares da Universidade Federal de São Paulo, SP/Br.) e Teresa Cristina Bailoni Martins Passos (Universidade Federal de São Paulo e PROATA - Programa de Atenção aos Transtornos Alimentares da Universidade Federal de São Paulo, SP/Br.)

Resumo:

Os transtornos alimentares possuem uma etiologia multifatorial e acometem principalmente adolescentes do sexo feminino. A adolescência é uma fase que desencadeia angústias e inseguranças devido as transformações que ocorrem em vários aspectos da vida e que iniciam a partir das mudanças corporais. Diferentemente dos tratamentos que tem como foco as alterações alimentares, sociais e psíquicas que ocorrem nos transtornos alimentares, o PROATA (Programa de Atenção aos Transtornos Alimentares da Universidade Federal de São Paulo) tem, em fase de implementação, como projeto terapêutico de atendimento, um grupo para pacientes adolescentes que prioriza questões pertinentes a essa fase da vida. Por meio de 15 sessões com temas definidos, tais como corpo, sexualidade, autonomia, propõe-se uma maior elaboração das questões enfrentadas pelas pacientes.

P.7. Alcoolismo, depressão e suicídio de pessoas idosas

Ana Célia Sousa Cavalcante (Universidade Estadual do Piauí e Faculdade Integral Diferencial, PI/Br.)

Resumo:

Apresenta-se uma análise sobre o uso contínuo e abusivo de álcool como um fator preponderante para o suicídio de idosos. A proposta aqui é socializar uma experiência relacionada à pesquisa “É possível prevenir antes do fim? Suicídios de idosos no Brasil e possibilidades de atuação do setor saúde” (FIOCRUZ, 2010-2012). Diz respeito à pesquisa de campo realizada em Teresina-PI, utilizando a metodologia autópsia psicossocial construída com familiares daqueles que optaram pelo autoextermínio. O estudo está baseado em entrevistas com familiares de seis idosos suicidas da cidade de Teresina. Foram vários os temas analisados na investigação. Mas esta apresentação enfatiza os comportamentos destrutivos relacionados ao uso contínuo de álcool como potencializador do sofrimento e tornando os indivíduos mais vulneráveis ao suicídio. A partir da análise compreensiva dos depoimentos, foram construídos os seguintes sentidos: a história de vida de idosos suicidas

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contempla sofrimentos e estressores para o suicídio relacionado ao uso abusivo de álcool, depressão, traços de personalidade impulsiva-agressiva, comportamento retraído, dinâmica familiar conturbada, relações afetivas fragilizadas, pouca rede social, sentimento de culpa, solidão, histórico de tentativas de suicídio como vivências recorrentes na vida de idosos que contribuíram para a construção e execução da própria morte.

P.8. Um percurso histórico sobre a recusa alimentar das mulheres – do jejum religioso à recusa anoréxica

Fernanda Freire de Carvalho Pimentel (Universidade do Estado do Rio de Janeiro, RJ/Br.) Resumo:

Referimo-nos à anorexia como uma nova forma de mal-estar, contudo, o sintoma anoréxico não é exclusividade da contemporaneidade. O jejum e as restrições alimentares sempre estiveram presentes na cultura ocidental como um comportamento recorrente entre as mulheres, aparecendo em vários momentos ao longo da história e enlaçando aspectos específicos da cultura de várias épocas. A partir de uma revisão crítica da literatura existente a respeito da história da anorexia e do jejum, este trabalho pretende contextualizar, histórica e culturalmente, as idéias propostas sobre as questões alimentares nas diferentes épocas, destacando três momentos distintos: o jejum místico como um ideal ascético relacionado ao discurso religioso que prevalece na Antiguidade; a entrada do pensamento científico e psiquiátrico que eleva o jejum ao estatuto de uma psicopatologia; e a entrada do discurso psicanalítico, a partir das teorias freudianas, que introduz a ideia do sintoma com um significado inconsciente.

P.9. Fenomenologia do corpo e suas contribuições para uma compreensão da depressão Camila Pereira de Souza (Universidade de Fortaleza, CE/Br.), Juliana Ribeiro de Paiva (Universidade de Fortaleza, CE/Br.), Virgínia Moreira (Universidade de Fortaleza, CE/Br.) e Anna Karynne da Silva Melo (Universidade de Fortaleza, CE/Br.)

Resumo:

Pensar a questão da corporeidade é de grande relevância para compreensão da subjetividade e da psicopatologia fenomenológica, uma vez que concebemos o corpo para além de seus aspectos somáticos, mas compreendendo-o como corpo vivido, onde o ser humano se apresenta enquanto existência encarnada, não desvinculado do mundo. Para compreender a ambigüidade da corporeidade e suas implicações na constituição de uma subjetividade melancólica, desenvolvemos uma revisão bibliográfica das obras do psiquiatra francês Arthur Tatossian, que possui uma contribuição no campo da Psicopatologia Fenomenológica. Tatossian faz uma distinção, entre o corpo que eu sou e o corpo que eu tenho, sendo o primeiro referente ao corpo-sujeito e o segundo, ao corpo-objeto. É no desequilíbrio entre ambos que reside a possibilidade de uma patologia depressiva, manifestando-se como uma impotência vital para agir no mundo, sendo o corpo visto como instrumento. O corpo-objeto é perdido, estando o deprimido identificado apenas ao corpo-sujeito.

P.10. A manifestação da histeria e a estética do corpo feminino na atualidade: um estudo psicanalítico

Irajara Lacerda Santana (Universidade da Amazônia, PA/Br.), Marlene da Costa Frota (Universidade da Amazônia, PA/Br.) e Elizabeth Samuel Levy (Universidade da Amazônia, PA/Br.)

Resumo:

O objetivo deste é identificar e analisar o pathos na mulher atual em sua relação com a imagem corporal e a busca compulsiva por escolhas de torná-las perfeitas. Freud (1930) afirmava “que a valorização da estética em relação à vida oferece pouca proteção contra o sofrimento psíquico, como a histeria feminina”. É preciso entender por que a histeria está ativa nos debates da saúde e causando reações adversas no contexto sociocultural. Vivemos na cultura do imediatismo, da tecnologia a serviço dos desejos, buscando respostas rápidas no campo da beleza. O presente estudo foi realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica, de base psicanalítica, especificamente nos textos freudianos e de seus comentadores e com a contribuição da Psicopatologia Fundamental. Conclui-se que o culto à beleza excessiva oferecido pela sociedade ocidental é causador de sintomas, postulando uma desordem do Eu em forma de conversão histérica levando a compulsão e repetição, dispondo assim, de uma incompletude inerente a todo ser vivente.

P.11. Quando a política pública atualiza o modelo manicomial: o consumo de drogas na contemporaneidade e a posição do sujeito como objeto a.

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Cláudia Henschel de Lima (Universidade Federal Fluminense, RJ/Br./AUPPF) e Adriana Lipiani (Universidade Federal Fluminense, RJ/Br.)

Resumo:

O trabalho decorre da pesquisa, no LAPSICON (ICHS. UFF. Volta Redonda), sobre o fundamento epistemológico das políticas públicas para álcool e drogas, no Brasil. Seu objetivo é discutir a elaboração da política pública brasileira para álcool e drogas a partir das consequências extraídas, pela psicanálise lacaniana, do horizonte da Reforma Psiquiátrica. A Reforma Psiquiátrica no Brasil concentrou-se na ruptura com o paradigma manicomial que fundamentava a direção de tratamento da psicose - a despeito do elevado índice de internação por alcoolismo em relação ao índice de internação por outras psicopatologias indicar a relevância de ações públicas que contemplassem a elaboração de uma política para a direção efetiva de tratamento desses casos, que contemplassem o sujeito sem reduzi-lo à condição de dejeto da civilização. O trabalho apresenta o modo como a formulação de Lacan sobre a ascensão do objeto a em detrimento da ação do Nome-do-Pai, permitiu interrogar o fundamento epistemológico das políticas públicas para esses casos: não traria elementos do paradigma manicomial (internação compulsória com forte orientação higienista e recurso à ação da polícia), que fixariam o sujeito contemporâneo na condição de dejeto?

P.12. Entre a psicanálise e a ciência um Outro: o feminino e seu enigma Taina Cavalcanti Rocha (Universidade do Estado do Rio de Janeiro, RJ/Br.) Resumo:

O presente trabalho visa apresentar algumas considerações em torno de duas grandes áreas: a psicanálise e a ciência. Sendo que, nesta última, compreendemos a medicina sendo um ramo do discurso cientificista, um lugar de mestria, perante as questões que concernem à saúde mental, à práxis terapêutica e ao saber sobre a sexualidade. Ao avesso, a psicanálise se apoia no discurso do Outro, diante do sujeito que chega para fazer falar seus não ditos. Da visada psicanalítica e seus questionamentos sobre a sexualidade humana, encontramos no cerne de suas perguntas o que jaz enigmático, o “continente negro”, o feminino e seus deslocamentos. O interesse aqui se esmera em percorrer o caminho da invenção de Freud, deslocando-a ora em um debate com a ciência e a medicina, ora indo de encontro com as descobertas freudianas e lacanianas para, mais uma vez, perguntar-nos: o que é o feminino? O que é uma mulher? E, o que há de verdade se decidirmos afirmar algo? Afinal, as verdades são não todas e a psicanálise se depara com o impossível do Real.

P.13. A pele que habito e a alteridade do corpo

Paulo Roberto Mattos da Silva (Universidade Federal Fluminense, RJ/Br.) e Pedro da Cunha Ramos (Universidade Federal Fluminense, RJ/Br.)

Resumo:

O filme de Almodóvar - A pele que habito - carrega uma possibilidade de entrada privilegiada no campo investigativo da Psicopatologia e da Psicanálise. A narrativa traz à tona o caráter fundamental e ao mesmo tempo paradoxal que o corpo desempenha na experiência humana. O protagonista apresenta-se na figura do cirurgião que procura superar a morte lançando mão de recursos cirúrgicos capazes de transformar gradualmente o corpo de um jovem no de sua falecida esposa, ao mesmo tempo em que, através desse mesmo ato, pune aquele que potencializou o trauma vivido por sua filha ao ser objeto do desejo sexual desse mesmo rapaz. O jovem Vicente, vítima desta intervenção cirúrgica, enfrenta a difícil tarefa de habitar um corpo profundamente incompatível com aquele identificado como seu, um corpo estranho, o corpo de uma mulher, síntese do amor e do ódio de seu criador. Para além da questão ético-biológica, também evidenciada no filme, propõe-se discutir no campo psicopatológico o drama do sujeito que habita um corpo incongruente, tomando como referência o desfecho do filme que nos mostra a possibilidade de um corpo que apesar de circunstâncias adversas ainda é lócus da pulsão sexual, ensejando a possibilidade de um “retorno” do desejo a um objeto inusitado.

P.14. Crônicas da dor: reflexões acerca do pathos psíquico em pacientes com disfunção temporomandibular (DTM)

Vívian Anijar Fragoso Rei (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, SP/Br.) e Augusta Renata Almeida do Sacramento (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, SP/Br.). Resumo:

Este estudo é fruto de reflexões suscitadas a partir de atendimentos clínicos realizados junto aos pacientes portadores de Disfunção Temporomandibular (DTM) no ambulatório de uma instituição hospitalar. Por ser considerada uma dor crônica, no tratamento da DTM a escuta

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do pathos psíquico recebe relevância, fato este que possibilitou a inserção da psicoterapia como estratégia terapêutica. Em decorrência da relação íntima estabelecida pela espécie humana com a dor, pode-se dizer que esta é um fenômeno próprio do psiquismo, pois funciona como uma defesa a qual protege contra a ameaça interna e externa. A dor sinaliza, também, a insuficiência do humano, onde, nos limites do corpo, sublinha-se a finitude. Neste contexto, o presente trabalho tem por objetivo analisar alguns fragmentos de narrativas clínicas os quais emergiram ao longo de atendimentos individuais e grupais. Diante disto, observou-se nestes pacientes a recorrência da função de cuidador, o qual denota, ao cuidar da dor do outro, o contato diário com a experiência dolorosa.

P.15. Direção do tratamento na Psicanálise: a psicopatologia contemporânea para além dos levantamentos epidemiológicos.

Cláudia Henschel de Lima (Universidade Federal Fluminense, RJ/Br./AUPPF) e Fernanda Freire de Carvalho Pimentel (Universidade do Estado do Rio de Janeiro, RJ/Br.) e Adriana Lipiani (Universidade Federal Fluminense, RJ/Br.)

Resumo:

O poster propõe apresentar os achados da pesquisa conduzida pelo Laboratório de Investigação das Psicopatologias Contemporâneas (LAPSICON), referente aos determinantes psíquicos das formas atuais do sofrimento psíquico: toxicomania e anorexia. Os Levantamentos Nacionais sobre consumo de drogas detectam a elevada morbidade do problema do consumo abusivo de substâncias psicoativas. O mesmo sucede com a anorexia, onde se constata alta taxa de mortalidade, comparada a outras psicopatologias. A orientação da pesquisa tem mostrado que os levantamentos epidemiológicos, apesar de constatarem a gravidade do problema e sua relação com índices sociais, não abordam aspectos considerados centrais pela psicanálise: as condições psíquicas que levaram ao desencadeamento desses sintomas que invadem o corpo e o estatuto dessa invasão a partir da referência ao diagnóstico diferencial entre neurose e psicose. A partir disso, objetiva-se destacar dentre estes determinantes psíquicos, a queda dos ideais simbólicos e a inconsistência da função paterna, comuns tanto nos casos de toxicomania como nos de anorexia, sintomas que se instalam no ponto de desestabilização desta função.

P.16. A concepção da população do Entorno Sul do Distrito Federal sobre criminalidade e saúde mental

Heron Flores Nogueira (Centro Universitário de Desenvolvimento do Centro-Oeste, DF/Br.) Resumo:

Alguns estudos apontam o aumento da criminalidade em diversos estados brasileiros. Embora a grande maioria dos crimes não seja praticada por portadores de psicopatologias, existem muitas associações e relações do senso comum desse fato com a saúde mental. Desse modo, o objetivo principal do trabalho foi conhecer a concepção da população da região do entorno sul do Distrito Federal sobre a criminalidade e a saúde mental. É importante destacar que a região estudada aparece nas estatísticas com um dos mais elevados índices de criminalidade no país.

P.17. Adoecimento psíquico: a relevância da fala para a leitura de um caso

Daniele Vasconcelos Martins (Universidade de Fortaleza, CE/Br.), Lorena Araújo Vasconcelos (Universidade de Fortaleza, CE/Br.) e Márcia Batista dos Santos (Universidade de Fortaleza, CE/Br.).

Resumo:

Este escrito retrata a experiência clínica num hospital de saúde mental na cidade de Fortaleza. O estudo teve como objetivo a realização de anamnese com vistas a identificar o quadro psicopatológico dos pacientes entrevistados. Foi desenvolvida uma pesquisa de cunho qualitativo, através de um estudo de caso clínico, que se deu a partir de seis visitas ao hospital, onde foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com a paciente, e consulta ao prontuário. A análise dos dados foi realizada a partir do referencial teórico psicanalítico onde se considerou o sofrimento psíquico e as estruturas em psicanálise. Como resultado, apontamos a neurose como sua possível estrutura por entender que não se concretiza uma foraclusão do Nome-do-Pai como nos quadros de psicose, que se caracteriza pela expulsão da representação inconsciente da castração no Eu.

P.18. O diálogo do pensamento clínico de Ludwig Binswanger com a psicanálise de Freud Juliana Pita (Universidade de Fortaleza, CE/Br.) e Virgínia Moreira (Universidade de Fortaleza, CE/Br.)

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Resumo:

Ludwig Binswanger era um jovem psiquiatra quando encontrou pela primeira com Freud em 1907. Após este encontro, Binswanger iniciou sua prática clínica psicanalítica por entender que quase todos seus pacientes deveriam ser analisados. No entanto, por mais que admirasse a obra freudiana, Binswanger se afastou da psicanálise ao ter contato com as obras de Husserl, em 1913, e de Heidegger, em 1930. Binswanger começou a questionar a ideia de aparelho psíquico psicanalítico e a recusar a concepção freudiana de homem, o Homo Natura, pensado através das ciências naturais, e fundado a partir da noção de pulsão. Definia a psicanálise como um materialismo, o que incitou o surgimento de sua proposta de diferenciação entre psicanálise e Daseinsanálise psiquiátrica. Diferentemente do propósito psicanalítico, Binswanger seguiu em direção a uma abordagem da consciência e não do inconsciente como já considerava Freud, o que o levou a reconhecer a “impossibilidade de dialógo” teórico com Freud e de sua aproximação com a fenomenologia husserliana.

P.19. Transtornos psicóticos induzidos pelo alcoolismo

Rafael Miranda de Oliveira (Hospital Escola Instituto Raul Soares e Fundação Hospitalar de Minas Gerais, MG/Br.)

Resumo:

Abordar as características semiológicas e psicopatológicas descritivas dos transtornos psicóticos induzidos pelo álcool a partir de uma revisão da psiquiatria fenomenológica clássica até os conceitos atuais. São discutidos termos e conceitos e apontados os aspectos semiológicos de estados clínicos induzidos pelo álcool como alucinose alcoólica, estados deliróides das intoxicações agudas, delírium tremens, delírios alcoólicos crônicos, paranoia alcoólica de Kraepelin.

P.20. Implicações da Reforma Psiquiátrica nas práticas de profissionais em hospital psiquiátrico

Cláudio Rossano Dias de Lima (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN/Br.) Resumo:

O presente trabalho apresenta a pesquisa de mestrado em execução no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFRN, que objetiva compreender a vivência dos profissionais que trabalham no Hospital Psiquiátrico público da cidade de Natal-RN. A pesquisa parte da problemática de que embora, atualmente, sejam reconhecidas em lei novas práticas em saúde mental, nem sempre se verifica a sua execução em campo. As novas formas de atuar e novos serviços que reforma psiquiátrica brasileira propõem, evidenciam a iminência de alterações no fluxo de trabalho daqueles que atuam nos hospitais psiquiátricos. Surge, nesse contexto, a importância de conhecer o cotidiano das práticas dos profissionais que atuam nos hospitais psiquiátricos e como eles estão vivenciando este processo de mudança. Os dados serão construídos por meio de narrativas dos profissionais que atuam na referida instituição. As análises das narrativas realizar-se-ão à luz da fenomenologia-hermenêutica de Heidegger e do diálogo com os autores/pesquisadores do tema.

P.21. A repetição de um gozo incessante: a drogadição e a violência

Rebeca Stella Silva Santos (Universidade de Fortaleza, CE/Br.), Igor Guidetti (Universidade de Fortaleza, CE/Br.) e Henrique Figueiredo Carneiro (Universidade de Fortaleza, CE/Br./AUPPF).

Resumo:

Neste artigo é apresentada uma articulação entre a drogadição e violência, com o objetivo de se pensar a relação entre esses dois temas a partir de uma ótica psicanalítica. Serão apresentados dados estatísticos em relação ao consumo de drogas e suas consequências, além de uma elaboração teórica tendo como base textos da obra de Sigmund Freud e Jacques Lacan. A violência se configura como um fenômeno fundamental para o estudo da subjetividade humana.

P.22. Há marcas do HIV adquirido via transmissão vertical na constituição do Eu no adolescente soropositivo?

Ocilene Fernandes Barreto (Universidade Federal do Pará, PA/Br.) Resumo:

O imaginário social circunscreve o HIV-aids à morte, à promiscuidade e à homossexualidade. Sendo o Eu constituído através das identificações narcísicas e pelas tramas eróticas infantis, quais os registros psíquicos do HIV-aids nos nascidos à sombra do estigma da aids, os contaminados através da transmissão vertical - a transmissão materno-infantil ocorrida na

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gravidez, parto e amamentação? Trata-se de uma pesquisa em psicanálise feita através de entrevistas semiestruturadas realizadas com adolescentes HIV+ via transmissão vertical e

atendidos nas unidades e no hospital de referência aos portadores de HIV-aids. Espera-se com os resultados reafirmar a presença da alteridade na constituição psíquica e a intersubjetividade do Eu pela identificação entre o Eu e o outro.

P.23. Narrativas psicanalíticas: escuta e acolhimento no processo de ensino-aprendizagem de psicopatologia

Marly A. Fernandes (Pontifícia Universidade Católica de Campinas, SP/Br.) Resumo:

Este estudo tem o objetivo de analisar e discutir a narrativa psicanalítica como uma metodologia utilizada no ensino da disciplina Psicopatologia dentro do Curso de Psicologia. Considera-se a narrativa como uma estratégia pedagógica que oferece um espaço de escuta e acolhimento para a experiência emocional inerente à prática de psicopatologia. Discute-se a importância deste recurso para o processo ensino-aprendizagem visando a construção integrada do conhecimento em Psicopatologia assim como, o amadurecimento e o desenvolvimento de um verdadeiro self profissional.

P.24. O sujeito foracluído da ciência e o discurso do psicanalista na instituição

Roseane Freitas Nicolau (Universidade Federal do Pará, PA/Br.), Alcione Alves Hummel Monteiro (Universidade Federal do Pará, PA/Br.), Ingrid de Figueiredo Ventura (Universidade Federal do Pará, PA/Br.), Jamile Luz Morais (Universidade Federal do Pará, PA/Br.), Patrícia do Socorro Nunes Pereira (Universidade Federal do Pará, PA/Br.), Roseane Madeiro Torres (Universidade Federal do Pará, PA/Br.), Sandra Helena Gomes (Membro do grupo de pesquisa “Psicanálise, sujeito e instituição”, PA/Br.) e Vanusa Balieiro do Rego Barra (Universidade Federal do Pará, PA/Br.).

Resumo:

Este trabalho apresenta os resultados parciais da pesquisa desenvolvida na UFPA, intitulada “A Psicanálise, o Sujeito e a Instituição”, a qual objetiva discutir o lugar do sujeito na instituição, considerando o discurso do analista e os outros discursos que nela circulam. Desse modo, questionamos como o discurso do analista pode operar em um contexto onde o saber da ciência abole o sujeito do desejo, em nome da premissa da massificação de atendimentos e contabilização de resultados. A partir dos relatos dos profissionais entrevistados, constatamos que muitos ignoram os efeitos da psicanálise e desconsideram a especificidade da direção do tratamento psicanalítico, dificultando a transferência de trabalho em uma atuação multidisciplinar. Dessa forma, indagamos como pode ocorrer a inserção do psicanalista na instituição, de maneira que opere na contramão do discurso da ciência para propor um giro nos discursos, abrindo espaço para a construção de um outro saber que aponte para o sujeito, outrora foracluído na instituição.

P.25. Processo de adoção em famílias de baixa renda

Renata Lima de Pádua (Universidade Católica de Pernambuco, PE/Br.) Resumo:

A adoção se caracteriza por um tipo particular de filiação, por estar ausente à herança biológica e o vínculo se fazer por laços jurídicos e afetivos. Adoção intra-familiar e extra-familiar devem tramitar na justiça, mas existem adoções ilegais. Ao cartografar famílias adotivas, na abrangência dos núcleos de práticas jurídicas da ASTEPI/UNICAP, para identificar possíveis dificuldades, necessidades e sentimentos no processo de filiação identificamos 20 famílias adotivas, a partir das visitas de 18 escolas e três postos de saúde nas comunidades de Águas Compridas, Santo Amaro, Ibura, Pina e Jardim São Paulo em Recife. Encontramos dificuldades das pessoas informarem sobre casos de adoção. Diferentemente da pesquisa sobre o perfil psicológico de pais adotivos, em 2007, na qual os sujeitos eram da classe média e as adoções legais; nesta, a população era de baixa renda e as adoções ilegais e nem sempre por desejo de filiar. Tais adoções apresentam vínculos de filiação frágeis, gerando medo permanente de perder os filhos para os genitores.

P.26. Sofrimento psíquico de mulheres encarceradas diante da separação mãe bebê: um estudo psicanalítico

Ítala Suzane da Silva Figueiredo (Universidade da Amazônia, PA/Br.) Resumo:

O presente artigo é fruto de um Trabalho de Conclusão de Curso que teve como objetivo identificar e analisar o sofrimento psíquico de mulheres encarceradas que atravessam o

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processo de afastamento de seus filhos, determinado pelo Estado, após o período de amamentação. Trata-se de uma pesquisa de campo de caráter qualitativo. Foi realizado em um Centro de Reeducação Feminina (CRF) em Belém do Pará. Foram entrevistadas quatro mulheres encarceradas, com faixa etária entre 21 e 30 anos, que passaram por este momento de separação com seus filhos. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas, gravados e posteriormente submetidos a análise de conteúdo, subsidiada pela teoria psicanalítica. Concluiu-se que o processo de separação que estas mães enfrentam no cárcere, está permeado de angústia e culpa que produzem um sofrimento psíquico intenso. Estas mulheres no momento de separação dos bebês revivem suas perdas e seu desamparo originário.

P.27. A anorexia nervosa na adolescência e suas consequências na imagem corporal: um olhar psicanalítico

Barbara Raquel Alves de Carvalho (Faculdade Leão Sampaio, CE/Br.), Helena Carolina de Sousa Rosa (Faculdade Leão Sampaio, CE/Br.), Jonas Gomes de Oliveira (Faculdade Leão Sampaio, CE/Br.), Lourisnédia E. Lopes dos Santos (Faculdade Leão Sampaio, CE/Br.), Thaís Alves de Moura (Faculdade Leão Sampaio, CE/Br.) e Nayanny Sampaio Moreira (Faculdade Leão Sampaio, CE/Br.)

Resumo:

Este trabalho consiste em uma pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico que busca apresentar a anorexia nervosa a partir de uma vertente psicanalítica enfatizando a relação mãe e filha como preponderante para o desenvolvimento desta na adolescência. Apresenta-se um breve histórico desta psicopatologia que apesar de Apresenta-ser considerada como uma doença da atualidade, pôde-se ver que esta remota a idade média, sendo correlacionada a religiosidade e posteriormente a outros transtornos que apresentavam uma elevada perda de peso. Nos dias atuais o número de casos de anorexia vem crescendo substancialmente, de acordo com as pesquisas foi evidenciado que estes casos acontecem principalmente no período da adolescência no sexo feminino. Além da acentuada perda de peso ocasionada pela anorexia, outro fator importante consiste na alteração na percepção da imagem corporal, pois, mesmo as adolescentes magérrimas estas se veem com sobrepeso.

P.28. Reação terapêutica negativa e o real na clínica psicanalítica

Rosana Maldonado Torres (Universidade do Estado do Rio de Janeiro, RJ/Br.) Resumo:

Pensando na questão da alta destrutividade do sujeito, esse trabalho tem a proposta de compreender e explicitar o fenômeno da reação terapêutica negativa, como nos descreve Freud. Esse fenômeno, que ocorre no percurso de um tratamento, é um impasse de difícil manejo. Pois o que está em jogo, é exatamente o que um sujeito tem de mais destrutivo: sua pulsão de morte direcionada para si mesmo. O paciente prefere sofrer a ser curado por existir um sentimento de culpa inconsciente derivado do masoquismo moral. Ele não se sente culpado, só se sente doente. Trata-se de um fenômeno com dois fatores: o primeiro é derivado do cruel supereu; o outro é um desintrincamento pulsional, onde larga quantidade de pulsão de morte livre retornaria ao eu. Somando-se ao masoquismo primordial, causando grande destrutividade, podendo ser a causa da morte real (o suicídio) ou da morte simbólica (morte do desejo). Esse trabalho ainda nos dá uma direção para o entendimento sobre os inúmeros fenômenos e sintomas atuais oriundos da incidência da pulsão de morte.

P.29. Na boca do crocodilo, um objeto-resto, a presa indigesta

Danielle Carvalho Ramos (Universidade Federal do Pará, PA/Br.) e Roseane Freitas Nicolau (Universidade Federal do Pará, PA/Br.).

Resumo:

Em O seminário, livro 10, Lacan indaga sobre o momento do aparecimento da angústia, perguntando: quando ela surge? Quando o lugar da falta não é mantido, quando a falta falta, diz ele. Assonante a isso, importante lembrar que ela, em sua avassaladora presença, manifesta-se quando então a falta é preenchida, no instante em que algo ali surge em suplência do objeto a. Às voltas com a temática da exclusividade do aleitamento materno, propomos assim pensar, por um lado, na tendência a uma excessiva presença materna ensejada por esse discurso do aleitamento, ou a um tipo de alienação estendida, e, por outro, tendo como possível contraponto, no bebê surgindo enquanto um objeto-resto na fantasia materna. Fantasia de devoração embaraçada ao aparecimento daquilo que deveria ali estar apenas enquanto ausência. Seria o bebê então tomado como um objeto de gozo

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para o Outro materno e, nesse embate de voracidades, também lugar de fazer surgir a angústia materna?

P.30. Corpo, linguagem e impulsividade: considerações a partir do diagnóstico de TDAH Danna De Luccia (Universidade de São Paulo, SP/Br.)

Resumo:

De acordo com algumas pesquisas, problemas na fala e na leitura são detectados em até 30 % dos casos de TDAH, onde dificuldades de expressão oral são observadas já em idade precoce. A emergência precoce de um excesso de atividade e impulsividade interfere diretamente na persistência da atenção, resultando em durações curtas e explosivas com objetos e pessoas, prejudicando assim as funções de nomeação e representação interna. Através da linguagem simbólica o sujeito se apropria do mundo que o circunda, sendo capaz de nomear as coisas e os afetos (representações-palavra). Assim delimita os limites corporais e constrói uma imagem subjetiva de si, dando vazão aos excessos de energia erigidos na ação e internalizando a realidade externa a partir do que se fala dela. Nesse sentido, é através da fala e da linguagem que se pode conhecer os limites internos, individualizar os externos e se posicionar subjetivamente no mundo. Os excessos libidinais que não encontram contingência nas representações psíquicas (intermediadas por uma matriz simbólica), resondem a uma angústia disruptiva não enlaçada em significações manifestas de forma avassaladora no corpo.

P.31. Loucura compartilhada e errância: clínica migrante

Ademir Pacelli Ferreira (Universidade do Estado do Rio de Janeiro, RJ/Br./AUPPF) e Pâmela Mizurini da Costa (Universidade do Estado do Rio de Janeiro, RJ/Br.)

Resumo:

A partir do acompanhamento terapêutico no CAPS, procura-se resgatar o drama da tríade mãe e dois filhos, em sua loucura compartilhada e os deslocamentos repetitivos por vários estados e países da América Latina decorrente desta situação delirante e indiferenciada. Migração patológica e longa vida de psicose, perdas e de privações sócio-afetivas que resultaram no empobrecimento psíquico de Pedro, que chegou ao CAPS depois de anos errância constante até acabarem vivendo rua por falta de recursos materiais. Aqui o diagnóstico ganha uma dimensão extensiva e o programa terapêutico é pensado como meio de criar possibilidades de laços sócio-afetivos e de vida para sujeito. Discutiu-se ainda possíveis estratégias de vinculação e de comprometimento do sujeito e de seus familiares com um programa terapêutico. Finalmente, são feitas considerações sobre a relevância desta inserção de projetos de pesquisa junto aos dispositivos assistenciais, no sentido de contribuir para a ilustração das práticas aí desenvolvidas.

P.32. Um corpo sufocado no espartilho: reflexões sobre o feminino e os ideais a partir de Freud

Alessandro Melo Bacchini (Universidade Federal do Pará, PA/Br.) e Ana Cleide Moreira (Universidade Federal do Pará, PA/Br./AUPPF)

Resumo:

Em trabalhos como Mal-estar (1930 [1929]) e Moral sexual ‘civilizada’ e doença nervosa moderna, Freud traz à tona a discussão acerca do antagonismo entre civilização e vida pulsional. Trata-se de realizar uma análise voltada à repressão que opera a partir de variações tangentes a cada cultura, pois para viver em sociedade, o indivíduo renuncia a uma parte de seus atributos o que por sua vez, resulta no acervo comum de bens materiais e ideais. Nesse sentido, objetiva-se discutir que o que parece estar barrado para a mulher está nas possibilidades identificatórias e nos ideais de seu gênero que estariam mais relacionados a construções histórico-culturais repressivas, como se pode notar na cultura ocidental dos séculos XVIII, XIX e começo do século XX.

P.33. A busca pelo corpo perfeito: imagem corporal e práticas indiscriminadas de dietas de emagrecimento

Mayara Nascimento Darze (Centro Universitário de João Pessoa, PB/Br.), Flávia C. V. de Moraes (Centro Universitário de João Pessoa, PB/Br.) e Kay Francis Leal Vieira (Centro Universitário de João Pessoa, PB/Br.)

Resumo:

De acordo com Smolak (2001) A imagem corporal é composta por dois componentes: a estima corporal e a insatisfação com o corpo. A primeira se refere ao quanto o individuo gosta ou não de seu corpo de forma global, a qual pode incluir outros aspectos além do peso

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e da forma do corpo, como, por exemplo, cabelos ou rosto. Já a insatisfação corporal focaliza claramente preocupações com o peso, forma do corpo e gordura corporal. Dependendo do grau, essa insatisfação pode afetar aspectos da vida do indivíduo no que diz respeito ao seu comportamento alimentar, autoestima e desempenhos psicossocial, físico e cognitivo. Partindo deste pressuposto fomos a campo tendo como instrumentos; entrevista semi-estruturada, questionário sócio-demográfico, e as silhuetas de Stunkard, que indagam o individuo sobre a sua autoimagem. A presente pesquisa teve como objetivo avaliar a prevalência de insatisfação corporal e fatores associados a esta, entre estudantes universitários dos cursos de Direito e Psicologia do Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ, no estado da Paraíba. A amostra contou com oitenta estudantes de graduação de ambos os sexos com idade variada entre 18 e 30 anos.

P.34. Obesidade mórbida: estudo de caso do sofrimento psíquico de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica

Eliane Cristina dos Santos Azevedo (Universidade Federal do Pará, PA/Br.) e Ana Cleide Guedes Moreira (Universidade Federal do Pará, PA/Br./AUPPF).

Resumo:

Este projeto de pesquisa vem se desenvolvendo a partir de escuta psicanalítica realizada com pacientes do Sistema Público de Saúde e consultório, com diagnóstico médico de obesidade mórbida, que passaram por cirurgia bariátrica (Bypass Gástrico em Y de Roux) e voltaram a engordar. Trabalha-se com a hipótese que a obesidade é uma forma de adicção que demonstra a dependência ao outro, onde o objeto comida é incorporado como tentativa de tamponar a falta dos objetos parentais que deveriam ter sido introjetados nas primeiras relações estabelecidas entre mãe-bebê. O estudo de caso de dois pacientes objetiva analisar a obesidade como sintoma que porta um sentido a ser apropriado pelo sujeito. É a via da transferência como dispositivo clínico que permite ao sujeito tomar seu corpo na dimensão pulsional, diferenciando o corpo orgânico tratado pela Medicina, do corpo erógeno concebido pela Psicanálise, na tentativa de enfrentar o sofrimento psíquico e possibilitar novos destinos pulsionais.

P.35. Sofrimento psíquico, imagem corporal e ideais de eu em HIV/AIDS e obesidade

Eliane Cristina dos Santos Azevedo (Universidade Federal do Pará, PA/Br.), Jucélia Pereira Flexa (Universidade Federal do Pará, PA/Br.) e Ana Cleide Guedes Moreira (Universidade Federal do Pará, PA/Br./AUPPF).

Resumo:

A insatisfação com o corpo constitui um conflito psíquico frequente na clínica de portadores de HIV/aids e de obesidade mórbida. Este trabalho parte da escuta psicanalítica com usuários do Sistema Público de Saúde, com diagnóstico médico dessas patologias. Em dois casos encontrou-se um elemento comum no discurso: não parecer um ‘aidético’. O sofrimento psíquico emergiu no momento de fragilidade pelo adoecimento, ultrapassando a dimensão do corpo orgânico. A análise parte dos conceitos psicanalíticos de imagem corporal e ideal de eu, constituídos nas primeiras relações infantis com as figuras parentais. O problema que se coloca é que nos dois casos há um ‘ideal de eu corporal’ definido pelo negativo, os estigmas de ‘aidético’ e o de ‘gordo’, ambos produtos do imaginário social. Pela transferência como dispositivo clínico se busca que o paciente possa se apropriar das fantasias inconscientes que organizam o desenho de seu desejo de mudança corporal, a fim de que se permita traçar novos destinos pulsionais.

P.36. As consequências do diagnóstico na sexualidade de mulheres vivendo com HIV/AIDS: contribuições da psicanálise

Ana Cleide Guedes Moreira (Universidade Federal do Pará, PA/Br./AUPPF) e Jucélia Pereira Flexa (Universidade Federal do Pará, PA/Br.)

Resumo:

O problema de pesquisa aqui delineado parte da escuta de mulheres vivendo com HIV/aids, em ambulatório especializado, investigando as consequências que esse diagnóstico acarreta em sua sexualidade. A partir de estudos de caso analisa-se o sofrimento psíquico das mulheres ao se depararem com uma síndrome que implica a sexualidade e suas significações e, com o diagnóstico, se tornam marcadas também pelos estigmas e preconceitos associados a aids. A emergência de fantasias sexuais recalcadas constituídas a partir das primeiras relações parentais, permite analisar os conflitos psíquicos re-atualizados e novos destinos pulsionais podem ser concebidos para nortear os laços amorosos atuais. Como resultados desses estudos observa-se a presença de perdas narcísicas significativas, inibição da vida

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sexual, vergonha por estarem infectadas com o vírus, ansiedade, medo e, principalmente, culpa pela vivência de sua sexualidade.

P.37. Psicopatologia, cultura e oralidade

Aline Rodrigues de Araujo (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, MS/Br.), Ana Cecília Gimenez Carneiro (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, MS/Br.) e Tiago Ravanello (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, MS/Br.).

Resumo:

A intenção desse trabalho é discutir possíveis mudanças nos quadros diagnósticos das psicopatologias, tomando por base a histeria segundo a teoria freudiana e relacionando com abordagens psicopatológicas atuais. A técnica psicanalítica tem sido questionada quanto a sua eficácia, enquanto se encontra em ascensão a utilização de soluções rápidas através de excessos em abordagens psicofarmacológicas, acarretando em um abuso prejudicial tanto aos pacientes quanto à compreensão global dos casos. Portanto, é necessária a discussão tanto sobre os métodos diagnósticos das psicopatologias e sua abordagem clínica quanto da sua relação com a cultura atual e sua aposta nos recursos ligados à oralidade. Assim, para assegurar seu papel de ética do desejo, a psicanálise de orientação lacaniana deve se ater às questões referentes ao enlace entre cultura e oralidade, tanto no que diz respeito à lógica massificante dos excessos na utilização de psicofármacos quanto no recurso à fala como meio terapêutico.

P.38. Educação terceirizada: a supremacia da função materna e paterna

Leny Silva de Mendonça (Prefeitura Municipal do Paulista - Centro de Referência Especializado de Assistência Social, PE/Br.)

Resumo:

Esta pesquisa está inclinada a refletir sobre as afetações advindas de um processo de terceirização da função materna e paterna. No entanto, há poucos escritos que tratem especificamente desta abordagem, contudo o termo que propomos escrever, nos moveu a discorrer sobre a educação terceirizada e suas implicações, a partir da experiência vivida com crianças que apresentavam sintomas, imprimindo seus sofrimentos subjetivos em sala de aula e suas afetações no campo da aprendizagem escolar. Bem como, utilizaremos os fundamentos psicanalíticos para nortear esta pesquisa. Assim sendo, o que nomeamos de educação terceirizada refere-se à transferência da função materna e paterna, sendo facultadas a um terceiro. Nesta perspectiva, destacamos a seguinte questão: Que consequências a educação terceirizada pode suscitar na constituição do sujeito?

P.39. Montagem do circuito pulsional: um estudo

Mônica de Fátima Ferreira (Universidade José do Rosário Vellano - UNIFENAS, MG/Br.) e Vânia Beatriz Conde Moraes (Universidade José do Rosário Vellano - UNIFENAS, MG/Br.). Resumo:

A pulsão ocupa um lugar axial na teoria freudiana sobre a sexualidade. No Seminário 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise, Lacan retomou essas formulações sobre a pulsão. Separando-a do registro biológico, isolou no circuito pulsional a ação do significante sobre o organismo e definiu a pulsão como “uma montagem pela qual a sexualidade participa da vida psíquica, de uma maneira que deve se conformar com a estrutura de hiância que é a do inconsciente”. Ao introduzir a noção de circuito pulsional, indicou que é “por aí que o sujeito tem que atingir aquilo que é a dimensão do Outro” e formulou o modo pelo qual a pulsão articula significante e corpo, tomado como uma construção, na qual o Outro é essencial. Neste trabalho buscamos compreender como se articula a montagem do circuito pulsional. Para isso, estudamos os textos freudianos sobre as pulsões, retomados por Lacan no Seminário 11, bem como os conceitos trabalhados neste seminário (pulsões sexuais parciais, circuito pulsional, sujeito do inconsciente, alienação, separação, outro e Outro).

P.40. Considerações sobre o tornar-se mulher, de Freud a Lacan

Regiane Cristhine Geromel Alves (Universidade Estadual Paulista, SP/Br.) e André Luiz Gellis (Universidade Estadual Paulista, SP/Br.).

Resumo:

A feminilidade aparece para Freud como um enigma. As ambigüidades e lacunas ao final de sua obra se chocam contra dois rochedos incontornáveis na análise das mulheres: a demanda de amor e a inveja do pênis. Surge o interesse em avançar na questão da feminilidade para além do alcance onde Freud a levou. Lacan promoveu um salto nas

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discussões sobre o assunto, mostrando como o falo e o gozo são definitivos para a rearticulação da problemática em questão. Entende-se aqui que o concernente à psicanálise não é descrever o que é a mulher, até porque seria impossível, mas investigar como alguém, a partir da bissexualidade infantil, se torna mulher. Partindo da leitura e análise de textos de Freud, Lacan, e comentadores específicos, além de supervisões e orientações do professor orientador, o presente estudo pretendeu investigar o caminho teórico trilhado de Freud a Lacan a respeito do tornar-se mulher, percorrendo os conceitos de feminilidade, de posição mulher, a perspectiva de que “A mulher não existe” e que “Não há relação sexual”.

P.41. Corpo e sublimação

Marcelo de Oliveira Prado (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, MS/Br.), Luis Henrique da Silva Souza (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, MS/Br.) e Tiago Ravanello (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, MS/Br.)

Resumo:

Apesar de Freud propor a sublimação como uma das três saídas para a análise, ao lado da aceitação e do juízo de condenação, também abriu a possibilidade desta ser considerada sintomática ou atrelada a um sintoma. Consideramos, portanto, que a estrutura da sublimação permitiria, igualmente, se vincular às exigências superegóicas e, por fim, representar riscos à perda da autonomia do corpo, sobretudo se este passa a ser negado em prol de um investimento maciço em atividades que busquem o valor cultural de forma voraz. Como aponta Freud (1910/1996), a experiência da sublimação comporta limites em relação às possibilidades de gozo. Assim, convém questionar os regimes de atuação do prazer e da pulsão tomando a sublimação como crítica às leituras de não implicação entre psíquico e somático. Desta forma, abordaremos a relação da sublimação com o corpo e se a sublimação, tomada enquanto efeito estético, não poderia ser lida como formação de sensibilidade a partir de atividades discursivas implicadas no corpo erógeno.

P.42. Esquizofrenia como pathos e tratamento clínico em Freud

Aline Silva da Costa (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, SP/Br.) Resumo:

O objetivo desta pesquisa é analisar a possibilidade de tratamento clínico para o sujeito esquizofrênico propondo uma reflexão da condição humana nessa patologia, a partir de um levantamento bibliográfico. As contribuições que abordarão o tema serão as de Freud e as da Psicopatologia Fundamental. Dizia Freud que devido à dificuldade de estabelecer laço transferencial na psicose, o tratamento clínico psicanalítico estaria comprometido. Essa afirmação é válida, por exemplo, quando o paciente está em surto. No entanto, ao sair da crise qual tratamento clínico é possível? Há análise para psicoses graves como a esquizofrenia? A proposta desse texto é elaborar uma compreensão teórica em resposta a essas perguntas.

P.43. Corpos contemporâneos

Vera Pollo (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, RJ/Br. e Universidade Veiga de Almeida, RJ/Br.), Márcia Madeira Pourchet (Fundação Oswaldo Cruz, RJ/Br.) e Heloene Ferreira da Silva (Universidade do Estado do Rio de Janeiro, RJ/Br.)

Resumo:

Hoje podemos afirmar sem medo de errar que o corpo se tornou um gadget entre outros, o que significa: um objeto pronto-para-o-gozo. Ele é cada vez mais tratado como um objeto de consumo e, não raramente, exposto aos riscos de um gozo letal. Paradigma dessa exposição ao gozo letal são os casos graves de anorexia, mais comuns em meninas entre 12 e 18 anos, de bulimia e de obesidade, cuja faixa parece mais ampla. Em psicanálise, os resultados não se medem estatisticamente, porque a solução para um determinado caso (ou sintoma) em geral não é válida para casos semelhantes. A singularidade do sintoma implica a singularidade do sujeito, as experiências por que passou e os significantes que marcaram seu corpo e sua vida. No decorrer do tratamento analítico, cada sujeito se dedica à construção ficcional da sua própria história, isto porque, ao incidir sobre o real, a construção significante demonstra produzir efeitos para-além do registro do simbólico, modificando até mesmo o curso de algumas doenças reconhecidamente orgânicas. Um corpo, isso se goza, verbo reflexivo. Isso se goza tanto, conclui Lacan, que isso se consuma. Ou há prazer ou há gozo, a angústia é o elemento que os separa. E angústia nada mais é do que “o sentimento que surge dessa suspeita que nos vem de nos reduzirmos ao nosso corpo” (Lacan, 1974: 65).

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P.44. Do menino gênio ao viajante perdido: estudo das alterações psíquicas a partir do protagonista do filme “O Solista”

Antonia Camila Viana Batista (Faculdade Leão Sampaio, CE/Br.), Raìza Maria Aquino Dias (Faculdade Leão Sampaio, CE/Br.), Joana D’arc Esmeraldo (Faculdade Leão Sampaio, CE/Br.), Erick Linhares de Holanda (Faculdade Leão Sampaio, CE/Br.) e Luciana Coelho Leite Sampaio (Faculdade Leão Sampaio, CE/Br.).

Resumo:

A esquizofrenia atinge diversas culturas, grupos socioeconômicos e perdura por toda a vida, afetando profundamente o paciente e sua família. O estudo tem como objetivo abordar o caso real de Nathaniel Ayers Junior, protagonista do filme “O solista”, apontando as alterações apresentadas no seu quadro esquizofrênico, as funções psíquicas e suas alterações. Aborda-se, através da visão psicanalítica, as relações conflituosas vivenciadas pelo personagem, na infância, e a sua capacidade de sublimação através da música. Após a análise, constatou-se que o personagem pode apresentar alterações em algumas funções psíquicas, tais como: sensopercepção, atenção, orientação, vontade, psicomotricidade, pensamento e afetividade, apresentando cognição social diminuída e dificuldades nas relações interpessoais. A história de vida do personagem evidencia que os sintomas da esquizofrenia, não afetaram funções como memória, localização no tempo e no espaço e chama a atenção para a necessidade de valorização e respeito aos pacientes com transtorno mental.

P.45. Psicanálise e medicina: reflexões sobre a prática clínica em tempos de tecnociência Angela Teresa Nogueira de Vasconcelos (Universidade de Fortaleza, CE/Br.) e Clara Virgínia de Queiroz Pinheiro (Universidade de Fortaleza, CE/Br.).

Resumo:

Com o avanço das neurociências a abertura a uma interlocução entre psicanálise e medicina se torna fértil e lança à psicanálise uma reflexão sobre seu lugar no mundo contemporâneo nesta interface. Assistimos a um recrudescimento do cientificismo, que vem sendo assimilado no imaginário social, adentrando em todos os âmbitos do conhecimento humano e das redes sociais através da tecnociência. A medicina se engendra neste contexto e, apesar desta condição não ser exclusiva a este campo, nele podemos observar efeitos muito importantes. O efeito mais revelador é sentido na prática clínica onde, ao mesmo tempo em que se comemora o êxito de muitos recursos biotecnológicos para diagnósticos e tratamentos, observa-se a insatisfação de pacientes e médicos diante da singularidade de cada encontro na experiência clínica. A tecnociência tenta excluir o sujeito na relação médico-paciente, mas o resultado é uma operação fracassada. A formação médica, excessivamente voltada para uma abordagem técnico-científica, é em parte responsável por este fenômeno e uma contribuição importante da psicanálise seria a de preservar a forma particular de existir que é o sujeito.

P.46. A escuta de um impasse: o dilema de Hércules – ser ou não ser?

Niamey Granhen Brandão da Costa (Universidade da Amazônia, PA/Br. e Universidade Federal do Pará, PA/Br.)

Resumo:

Este trabalho objetiva relatar o impasse de um adolescente de 17 anos, aluno do ensino médio de uma escola pública de Belém do Pará que participou de um grupo terapêutico de escuta, desenvolvido no Projeto de Extensão da UFPA, “Facilitação da Escolha em Orientação Vocacional”, que busca a acolher dúvidas, inseguranças, medos, fantasias, evidenciados durante cinco encontros realizados, com diálogos reflexivos que possibilitam aos jovens expor seus impasses diante da escolha profissional. Os resultados revelam que processos inconscientes são determinantes na escolha de uma profissão e que essa escolha pode causar sofrimento psíquico, o qual se evidencia significativamente durante a fase da adolescência através da conduta e dos sentimentos expressos pelos jovens, observados durante o processo de escuta terapêutica, principalmente quando existem conflitos inconscientes não resolvidos. Verificou-se também que a família, através de suas idealizações pode maximizar o sofrimento psíquico do jovem diante deste impasse.

P.47. Toxicomania e sua relação com oralidade e Função Paterna

Camila Oliveira (Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS, MG/Br.) e Israel Campos (Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS, MG/Br.)

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Concerne ao estudo da toxicomania. A realidade brasileira aponta urgência social de estudos devido à complexidade e desafios encontrados desde 1930, por Freud.Partindo de reflexões de psicanalistas é feita uma revisão de literatura, apoiando-se em conceitos-chaves: Pharmakon e gozo cínico, verificando a relação com oralidade e declínio do nome-do-pai. O objetivo é a análise a partir da perspectiva psicanalítica considerando o atendimento individual e institucional. Nesta há a primazia dos significantes considerando o sujeito, em fala subjetiva fugindo de diagnósticos generalizados. A droga tem na vida de cada usuário uma importância, podendo, apesar do uso constante, não identificar-se ao significante toxicômano, sendo a droga um objeto de satisfação, ao passo que outro que utiliza em menor frequência tê-la como objeto capaz de livrá-lo das questões sobre sexualidade e castração. É necessário um apanhado histórico a cerca das funções que o objeto droga já alcançou – como meio de uma passagem ao ato transgressor, e a função na atualidade – a droga enquanto objeto do discurso capitalista, que anula o sujeito do inconsciente e estabelece uma passagem ao ato homicida. Tais considerações levam a pensar o tema em relação ao fenômeno, estrutura, sintoma e clínica.

P.48. Meu pai tá preso, meu irmão tá preso e agora eu: corpo encarcerado pela transmissão Sanderson Nascimento Soares (Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais, MG/Br.) e Aline Souza Martins (Universidade de São Paulo, SP/Br.)

Resumo:

A operação adolescente é fazer a transposição entre o Outro familiar para o Outro social. A adolescência como sintoma é justamente a possibilidade de fazer algo com o pai dado, um ultrapassamento pela perversão do pai e servir-se dele como sinthome, orientando o sujeito adulto no desejo. O mito do herói pode dar suporte a esse lugar de outro/Outro, emprestando seu corpo para que o adolescente faça uma versão singular de pai. O que fazer quando o pai e esse mito são anti-heróis, criminosos e traficantes? Álvaro possui 17 anos e diversos atos infracionais desde os 12. O pai e o irmão estão presos por tráfico de drogas há cerca de 5 anos. Fica evidente a transmissão nos depoimentos “é a mesma coisa (...) é normal. Ele errou e eu também”, “meu pai tá preso (...), meu irmão tá preso e agora eu”. O papel dos técnicos é, muitas vezes, o de inserir pontos de indeterminação nas identificações, irrealizar o crime para que o sujeito possa perverter o pai construindo a partir de então um outro mito ao qual não se estria tão assujeitado.

P.49. Novos Corpos, velhos sentimentos: expectativas de obesos mórbidos a respeito da gastroplastia

Júlia Catani (Universidade de São Paulo, SP/Br.) e Thiago Robles Juhas (Universidade de São Paulo, SP/Br.)

Resumo:

O presente estudo tem como objetivo explorar os aspectos que envolvem a vida de 10 obesos mórbidos em fase pré-operatória e 10 pessoas que já se submeteram à cirurgia gastroplástica. O intuito é saber como eles caracterizam a obesidade, a autopercepção da imagem corporal, a motivação para a cirurgia; e quais as expectativas em relação ao pós-cirúrgico. Para tal, foram apresentados cinco cartões com fotos de pessoas com diferentes índices de massa corporal. Após apresentação das imagens, foi solicitado que os entrevistados escolhessem uma das fotos e falassem a respeito. Os dados mostram que os entrevistados exibiram dificuldades em relação à autoestima, diversos problemas de saúde física e sofrimento psicológico causado pela rejeição social. Foi possível verificar que a obesidade é um processo construído socialmente, bem como, concluiu-se que as expectativas apresentadas em relação à redução do peso estão mais associadas ao desejo de aceitação social do que a recuperação da saúde física.

P.51. Um caso de paranoia: método, teoria e prática em psicanálise Rodrigo Tôrres Oliveira (Universidade Federal de Minas Gerais, MG/Br.) Resumo:

O trabalho objetiva investigar a paranóia por meio de análise de caso clínico sob a perspectiva psicanalítica. A partir dos fragmentos do caso e da análise de sua história, passaremos em revista o estatuto e as funções do caso clínico em Psicanálise. Interessa-nos abordar a história do sujeito, a história do tratamento e a história de conceitos psicanalíticos. Destacaremos a importância do método psicanalítico em uma perspectiva clinica e dialética fundada na constituição do processo analítico e psíquico do Apoio e do A posteriori. Por meio de discussão teórica e prática serão revelados aspectos importantes da paranóia, incluindo o conflito psicótico, bem como a problemática do desejo homossexual e a feminização da

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pulsão. Importante ainda considerarmos a especificidade da defesa na Psicose, a Verwerfung ou Rejeição. Por fim, é abordada a problemática da cena originária ou primária e o modelo, teórico e clinico, desta cena na determinação da causação da paranoia. Nosso intuito, portanto, será apresentar a pesquisa sobre a Paranóia, a Cena primária e a construção do método psicanalítico, a partir de uma investigação clínica. Destacaremos dos fragmentos do caso clinico e da história do tratamento, a história do sujeito, articulando a clinica à teoria, tendo em vista a história das idéias psicanalíticas.

P.52. A liberdade como questão frente às expectativas de (des)internação: memórias de vidas em movimento

Diana de Souza Pinto (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO, RJ/Br.) e Uriel Massalaves de Souza do Nascimento (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO, RJ/Br.)

Resumo:

O trabalho se propõe a investigar em que medida uma (des)internada do Hospital de Custódia e Tratamento Heitor Carrilho se apropria das experiências vividas na instituição e o quanto disso se incorpora no podemos chamar de sua história de vida, tomando história como a síntese do sujeito. Propõe, portanto, uma dietética da experiência. Para tanto, será usado o conceito benjaminiano de experiência presente em O narrador para analisar uma conversa com a interna gravada em vídeo. Longe de esgotar as de investigação do material, a análise proposta nos permite discutir os diversos alinhamentos entre os participantes no vídeo, que tanto apontam para uma positivação e consequente apropriação dessa experiência no Heitor Carrilho quanto para sua negativação. Esta contradição é particularmente clara quando se trata de sua vida pós-institucional e será este o tema em torno do qual o trabalho será construído.

P.53. Boderline: a natureza eminentemente destrutiva nas relações

Ilckmans Bergma Tonhá Moreira Mugarte (Universidade Católica de Brasília, DF/Br.) e Maria Alexina Ribeiro (Universidade Católica de Brasília, DF/Br.)

Resumo:

O estudo visa a apresentação de um estudo de caso com diagnóstico de borderline, dando ênfase à organização do transtorno psicopatológico e sua dinâmica familiar, através do método de Rorschach e da abordagem sistêmica. Foram priorizados os dados associados às defesas, às verbalizações e as respostas dadas à representação de si e representação de objeto ao teste. A complexidade das representações de si e do outro no borderline apontam para a compreensão dos padrões de relacionamentos e o estabelecimento dos vínculos nesses sujeitos. O objetivo dessas análises foi identificar as possíveis associações entre identidade, as relações, os vínculos afetivos e os estilos parentais como indicadores de personalidade borderline. O estudo demonstra como o paciente borderline apresenta dificuldades nos limites, nas fronteiras e em manter relações íntimas e duradouras com as pessoas. Estas associações caracterizam a natureza eminentemente destrutiva nas relações do borderline.

P.54. Corpo, desejo e dança: reflexões sobre “Pina”

Mirian Tenório Maranhão (Universidade do Vale do Rio dos Sinos, RS/Br. e Psicóloga Clinica, AL/Br.)

Resumo:

Entender como a Psicanálise percebe o corpo tornou-se um tema muito discutido entre os círculos psicanalíticos de todo o mundo. De explicações acerca da ascensão de corpo subjetivo a partir do corpo patológico, até o suposto preterimento deste em função da ênfase dada à linguagem na clínica, nos encontramos cercados de teorizações que buscam descobrir qual é o estatuto dado ao corporal a partir da letra freudiana. Nosso intento é entender o corpo como lugar de encenação de um jogo pulsional. Pensando dessa maneira, entendemos a dança como o que reveste o corpo de uma linguagem: o corpo reconcilia-se com o desejo na medida em que é libidinizado pela linguagem e põe-se em movimento. Dessa forma articulados, dança, desejo e corpo interessam à Psicanálise, especialmente quando pensamos no corpo como lugar em que pousa o olhar do Outro, lugar primeiro que nos possibilita um olhar sobre nossa constituição como sujeito. Sendo assim, o objeto deste trabalho é o filme “Pina” (2011) que nos faz compreender como o desejo e a dança se articulam.

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