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VERIFICAÇÃO DA SOBREVIVÊNCIA DE TILÁPIAS

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IMPORTÂNCIA PRÁTICA NA ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO. GELSON HEIN MÉDICO VETERINÁRIO EMATER TOLEDO – PARANÁ ABRIL – 2006

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1.INTRODUÇÃO

A tilápia tornou-se o peixe mais importante e representativo na produção de pescados do Brasil com um total estimado de 75.000 toneladas no ano de 2002 (KUBITZA,2003). O estado do Paraná ocupa o primeiro lugar com 72% da sua produção total de tilápias, que em 2004 foi de 11.921,7, toneladas, sendo a região oeste responsável por 6.318,5 toneladas deste total.

As tilápias têm origem africana e foram introduzidas no Brasil em 1971, e se adaptaram muito bem as condições climáticas do país (MAINARDES-PINTO,2000), e tem seu melhor desenvolvimento em temperaturas da água entre 26ºC e 30ºC (OSTRENSKI e BOEGER,1998), que ocorrem de forma mais estável no final da primavera, verão e início de outono, totalizando no máximo em cinco meses no ano, em grande parte das regiões Sul e Sudeste do Brasil. Sua carne vem conquistando os consumidores principalmente pelo sabor agradável, textura, coloração, sendo um peixe preferido pela indústria de filetagem, que vem aumentando anualmente a sua participação na aquisição de tilápias junto aos produtores, no Paraná em 1996, 2000 e 2004 era 6%, 19% e 31%, respectivamente (EMATER-PR,2005).

Os peixes são animais pecilotérmicos e tem seu metabolismo influenciado pela temperatura da água, chegando à inapetência total quando a temperatura fica abaixo de 15ºC, tornando-se altamente suscetíveis a doenças e morte por parada das funções vitais (KUBITZA,2000). Sendo o período de inverno de alta instabilidade na produção de tilápias, com grandes riscos de perdas por mortalidade, este fato mostra a dependência e a influência dos peixes dos fatores ambientais sobre a sua sobrevivência.

A criação de tilápias é desenvolvida em viveiros de terra explorados de forma semi-intensiva com pouca aplicação de tecnologia e sem o devido conhecimento técnico da atividade pelo piscicultor. Essa situação, na região Sul e parte da região Sudeste, associada à temperaturas baixas da água por longos períodos, requerem intervenções no processo de produção capazes de auxiliar na sustentabilidade da cadeia.

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Outro fator que pode influenciar a sobrevivência de alevinos das espécies utilizadas na piscicultura é o grau de desenvolvimento destes no momento da transferência para os viveiros. Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo avaliar a taxa de sobrevivência de alevinos e juvenis de tilápias nilóticas em diferentes graus de desenvolvimento e sugerir mudanças no manejo de povoamento dos viveiros de engorda com peixes juvenis acima de 32 g de peso vivo inicial.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A Tilápia

Tilápia é a denominação comum dada a uma grande variedade de espécies de peixes ciclídeos que se distribuem no centro sul da África até o norte da Síria, atualmente existem aproximadamente 22 espécies de que são cultivadas em todo o mundo, porém a tilápia do Nilo, (Oreochromis niloticus), é a que apresenta melhores resultados em cultivos quando comparada com as demais (POPMA e PHELPS, 1990).

A primeira introdução oficial de tilápia nilótica no país foi no início da década de 70 na região Nordeste, com um reduzido número de exemplares provenientes da África ocidental (CASTAGNOLI, 1992). Com o passar das décadas, descendentes destes peixes foram espalhados por todo o Brasil até que em setembro de 1996 ocorreu a segunda importação oficial de tilápias nilóticas da linhagem Chitralada ou Thai-Chitralada, do Asian Institute of Technology (AIT), de Bangkok na Tailândia. Estas Tilápias apresentavam um desempenho muito superior as primeiras, pois foram submetidas à intensa seleção especialmete para ganho de peso, conformação corporal e docilidade (ZIMERMANN,1999).

A linhagem Chitralada foi distribuída entre os produtores de alevinos do estado do Paraná, inicialmente aos associados da ALEVINOPAR, posteriormente espalhada por todo o Brasil, e peixes juvenis desta linhagem comparados a tilápias locais (comuns), mostraram em alguns experimentos conduzidos em Maringá, que tiveram desempenho superior (BOSCOLO et al., 1998), maior grau de heterozigose e resistência a patógenos (MOREIRA,1999) e maior resistência ao frio verificada a campo em cultivos no oeste do estado do Rio Grande do Sul (ZIMERMANN,1999).

É prática comum nas larviculturas da região oeste do Estado do Paraná o cruzamento entre reprodutores machos de tilápias nilóticas da linhagem Chitralada e fêmeas das tilápias locais (comuns), devido às fêmeas comuns produzirem maior número de larvas.

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As fêmeas de tilápias desovam várias vezes por ano, acarretando um problema de superprodução e desviando grande parte da sua energia que poderia ser utilizada no crescimento para a produção de óvulos, e devido ao cuidado parental das fêmeas (incubam os ovos na boca) estas praticamente não se alimentam e por estas razões a diferença de crescimento entre machos e fêmeas é cerca de dois a quatro vezes maior para os machos sendo por esta razão, utiliza-se a técnica de reversão sexual na fase larval dos peixes, com o uso de hormônios masculinizantes utilizados na ração por um curto período de tempo (FERRARI et al.,1998).

O Paraná é, atualmente, o estado maior produtor de tilápias. No entanto, no período do inverno, as baixas temperaturas comprometem a produtividade e colocam em risco os estoques, onerando demasiadamente a produção (KUBITZA,2000).

2.2 Fatores ambientais que influenciam no desenvolvimento dos peixes

2.2.1 Qualidade da Água

A água é o composto considerado com essência da Terra e domina por completo a composição química de todos os organismos, além de ser o meio onde vivem os peixes. Sendo assim especificamente, as suas características regulam eficazmente o metabolismo do ecossistema a variações climáticas e geográficas (BOYD,1997).

Vários fatores alteram a composição e as condições da água, interferindo que os peixes e outros organismos aquáticos vivam de forma equilibrada e possam expressar todo o seu potencial de crescimento. Avaliar e monitorar alguns parâmetros pode ser fundamental para o êxito em qualquer sistema de produção de peixes, evitando muitas vezes a ocorrência de grandes prejuízos por desequilíbrios no meio onde vivem os peixes.

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2.2.2 Temperatura

Através da condução, a radiação incidente na água é transformada em energia calorífica e nela se propaga, de molécula para molécula. Este processo de absorção de energia térmica é mais intenso quanto mais se aproxima da superfície d’água, principalmente até um metro de profundidade (KUBITZA,2000). De maneira geral a distribuição e disponibilidade de gases e sais na coluna da água afetam diretamente a distribuição e a sobrevivência dos organismos aquáticos, por isso Woynarovich (1993) destaca a importância do uso de aeradores, que além de atuarem como oxigenadores, ainda desempenham papel importante na desestratificação dos ambientes aquáticas.

As tilápias são peixes tropicais que apresentam conforto térmico entre 27 a 32ºC. Temperaturas acima de 32ºC e abaixo de 27ºC reduzem o apetite e o crescimento, e abaixo de 18ºC o sistema imunológico é suprimido. Temperaturas na faixa de oito a 14ºC geralmente são letais, dependendo de espécie, linhagem e condição corporal dos peixes e do ambiente (OSTRENSKI E BOEGER,1998).

2.2.3 Transparência da água.

A transparência da água é uma medida diretamente relacionada com a produção primária (fitozooplâncton). A medida da transparência da água é feita da maneira mais simplificada, com a utilização de um disco branco com faixas negras alternadas com 20 a 30 cm de diâmetro, este aparelho é chamado disco de Secchi. “a profundidade do Secchi” é aquela na qual a radiação de 400 a 740 nm, portanto a faixa visível, refletida do disco não é mais visível ao olho humano. A faixa ideal para a profundidade de Secchi em tanques de piscicultura, dependendo da profundidade do tanque e, desde que o fundo não esteja visível, está entre 25 a 70 cm (OSTRENSKI E BOEGER,1998).

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2.2.4 Oxigênio Dissolvido

O oxigênio é o gás mais importante para os peixes , por isso, em termos de piscicultura é a ele que devemos dar maior importância. As fontes de O2 dissolvido é o processo de fotossíntese/respiração e a decomposição. A amplitude desta variação é função principalmente das densidades das populações de fitoplâncton, micrófitas aquáticas e de bactérias, que por sua vez estão diretamente relacionados com as horas de luz por dia, luminosidade, temperatura e disponibilidade de nutrientes, e também pela profundidade do tanque (BOYD,1997).

Nos viveiros de piscicultura, por serem de forma geral ambientes rasos, a concentração de O2 apresenta seu menores valores no período da madrugada ou da manhã, o que torna a coluna d’água freqüentemente anaeróbia, daí a alta taxa de mortalidade apresentada em alguns casos nesses horários. De modo geral, os valores entre zero e um miligrama de oxigênio por litro de água é letal aos peixes, de dois a três, os peixes permanecem em estresse e, de quatro a seis miligramas de oxigênio por litro de água, é a condição ideal para maior parte das espécies de peixes cultivados no Brasil (OSTRENSKY E BOEGER, 1998).

É importante salientar que cada espécie de peixe possui um limite de resistência quanto a concentração de O2 dissolvido na água e isso varia com a idade e o estado filosófico, por este motivo é importante o acompanhamento visual dos animais para que as providências necessárias possam ser tomadas de imediato, a partir do momento que as concentrações desse elemento atinjam níveis inferiores a quatro miligramas por litro, principalmente no período noturno, em dias nublados e na fase final de terminação, caso em que a demanda bioquímica de O2 é maior. Como nota prática, problemas com O2 dissolvido em qualquer viveiro podem ser notados a partir da observação da aparência da água, como mudança rápida da cor da mesma, verde para marrom ou cinza, por exemplo e, do comportamento dos peixes com presenças de um grande número deles na superfície da água, “bloqueando” ou tentando “sugar” o oxigênio existente no limite ar-água (KUBITZA,2000) .

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2.2.5 Potencial Hidrogeniônico (pH)

O pH, que é definido como logaritmo negativo da concentração molar de íons hidrogênio é à medida que expressa a acidez o alcalinidade de uma solução e, além de ser influenciado pela quantidade de íons H+ e OH, ainda é afetado fortemente por sais, ácidos e bases que ocorram no meio. Os valores de pH variam de 1,0 a 14,0 sendo que abaixo de 5,0 é fatal a maioria dos peixes, entre 5,0 e 6,0 causa queda no desenvolvimento, entre 6,5 a 9,5 permite um desenvolvimento satisfatório, entre 7,0 a 8,5 é a faixa ideal ao desenvolvimento dos peixes e, acima de 11,0 também é letal (BOYD,1997).

O comportamento do pH no período de 24 horas de um dia, segue de maneira diretamente proporcional o do O2 dissolvido, inversamente o do CO2> Portanto

intensos “blooms” de algas, em tanques com baixas taxas de renovação de água, dependendo da densidade de estocagem, poderão apresentar altas taxas de mortalidade de peixes, principalmente durante a noite e na madrugada, devido às altas concentrações de CO2 no meio, oriundo do processo de respiração

(ODETRENSKI e BOEGER, 1998).

2.2.6 Alcalinidade

É a capacidade da água em neutralizar ácidos. Refere-se à concentração total de sais na água, sendo expressa em miligramas por litro em equivalente de carbonato de cálcio ( CaCO3 ), bicarbonato ( HCO3 ), carbonato (CO3 ), amônia (NH3

), hidroxila (OH), fosfato (PO4=), sílica (SiO4 ) e alguns ácidos orgânicos podem reagir

para neutralizar íons hidrogênio (H+). Para viveiros de piscicultura são desejáveis

valores de alcalinidade acima de 20mg/l, sendo que valores entre 200-300mg/l são os mais indicados(BOYD,1997).

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na Fazenda Cascatinha, município de Toledo, no período de 09/06/2004 a 20/11/2004.

Foram utilizados nove viveiros de terra identificados individualmente, com 15 m2 de área, contendo 12 m3 de água, construídos ao ar livre, com entrada e saída da água individualizada e telas (1mm) de proteção no viveiro de abastecimento para evitar a entrada de peixes indesejáveis, predadores e fuga de alevinos.

No preparo inicial do viveiros foi efetuada uma desinfecção com 20 g de cal virgem/m2, corrigido o pH com 300 g de calcário agrícola/m2 e adubado com 200g de

cama de aves de postura/m2.

Foram adquiridos alevinos de tilápia do Nilo, Oreochoromis niloticus, revertidos sexualmente, conforme metodologia descrita por Popma e Green (1990), oriundos de cruzamento de machos tailandêses (chitralada) e fêmeas nilóticas (comum) trazidos de outra propriedade que padroniza por tamanho e comercializa esta espécie. No total do experimento foram utilizados 723 peixes divididos em três lotes com três repetições por lote. Para cada lote foram utilizados 3 viveiros, sendo o lote A (VIVEIROS 1, 2 e) com 480 peixes com peso médio de 1,3g. O lote B (viveiros 4,5 e 10) teve 192 peixes com médio de 32g, e o lote C (viveiros 6,7 e 8) com 51 peixes com peso médio de 87g.

Não foram realizadas biometrias durante o período do experimento para evitar o estresse nos peixes e com isso causar alguma mortalidade que viesse a interferir nos resultados de sobrevivência.

Para o lote A foi administrada ração comercial com 45% de proteína bruta, conforme composição básica do rótulo discriminada na Anexo 1. Para os lotes B e C foi administrada ração comercial com 30% de proteína bruta, conforme composição básica do rótulo discriminada no Anexo 2, nas dosagens recomendadas por OSTRENSKI e BOEGER (1998)(Anexo 3), ajustada semanalmente conforme a previsão de crescimento e número mais provável de peixes nos viveiros.

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No final do período do experimento os viveiros foram esvaziados e todos os alevinos foram contados possibilitando calcular a taxa de sobrevivência de cada lote.

Os parâmetros físicos químicos para a avaliação da qualidade da água nos viveiros foram: temperatura, oxigênio dissolvido, pH, transparência e alcalinidade. Para analise de temperatura, oxigênio dissolvido e pH foram utilizados aparelhos digitais portáteis e as medidas de transparências foram feitas com o uso do disco de secchi a alcalinidade utilizou – se kit de análise de água com reagentes químicos.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na região oeste do Paraná a temperatura da água de viveiros de peixes no período de verão tinge picos máximos de até 35ºC e no período de inverno picos mínimos de até 10ºC, dependendo da profundidade da coluna d’água e da localização destes viveiros.

Os viveiros foram povoados com peixes num período em que as temperaturas da água encontravam-se muito baixas para realizar qualquer tipo de manejo, mas a boa condição corporal aparente permitiu que os manejos fossem realizados.

O ganho de peso médio durante o período de cultivos obtidos pelos Lotes A,B e C, que foi de 51,5g; 83,7g e 233,3g respectivamente; e biomassa final média de 258,6g/m3; 535,0g/m3 e 434,7g/m3, respectivamente; demonstrados na Tabela 1

confirmam o potencial de crescimento e rusticidade desta espécie. O Lote B apresentou a maior biomassa, destacando-se o viveiro número 4 com 631,7 g/m3. Em nenhum dos viveiros foi observada falta de oxigênio o que provavelmente não ocorreu pela baixa densidade de biomassa, renovação constante de água e alta transparência da água.

Poucos dias após o povoamento dos viveiros houve queda acentuada da temperatura, conforme demonstrado na Figura 1, ocasionando uma maior mortalidade nos viveiros do Lote A. Também nos primeiros 70 dias de duração do experimento, de 09/06 a 18/08 ocorreram 35 dias de temperatura da água entre 10ºC e 15ºC. Neste mesmo período de tempo ocorreram 13 dias com temperaturas entre 10 e 13ºC. Do dia em que se iniciou o experimento até a ocorrência da primeira temperatura da água acima de 20ºC passaram-se 90 dias, o que demonstra a grande capacidade de adaptação desta espécie de peixe ao longo dos anos nesta região, sobrevivendo a baixas temperaturas. Segunda Kubitza (2000), em temperaturas abaixo de 14ºC observa-se letalidade. O que neste experimento também foi observado, embora com taxas variáveis nos diferentes tamanhos, sugerindo que peixes maiores apresentam maior resistência que os peixes menores.

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De meados de julho a meados de agosto a temperatura se manteve abaixo de 15ºC (digura1), o que impediu a alimentação dos peixes quase que totalmente por um período excessivamente longo, embora não tenha ocorrido mortalidade provocada por alguma doença ou presença de parasitos. Alguns peixes encontrados mortos apresentavam fungos e eram retirados diariamente dos viveiros. Naõ foi utilizada nenhuma medicação preventiva durante o todo período do experimento.

No povoamento foi observado que a condição corporal aparente dos peixes era muito boa o que provavelmente se refletiu na sua sobrevivência dos peixes, mesmo em condições adversas de temperatura e períodos longos com baixa ingestão alimentar.

Quando as temperaturas se mantinham em torno de 15ºC pode-se observar a busca dos peixes por alimentos de forma discreta, mas de grande importância para a sua sobrevida. E o que aumentava a busca por alimentos era quando durante o dia a temperatura da água na camada superior aquecida de 1ºC a 3ºC, possibilitando a administração de um pouco mais ração, que nessas condições ficavam em torno de 0,5% da biomassa estimada de peixes em cada viveiro.

Não foram observados predadores nos viveiros durante o período experimental, e o número de peixes encontrados mortos foi bem menor do que os do resultado final da despesca, o que pode ter ocorrido é que em baixas temperaturas

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da água muitos peixes permaneceram no fundo dos viveiros onde são decompostos lentamente não emergindo a superfície logo após a morte.

A média de conversão alimentar dos peixes no período experimental foi de 0,96; 1,05 e 1,31, para os Lotes A, B e C, respectivamente (Tabela 1); o que demonstra a excelente capacidade de conversão alimentar desta espécie e sua provável ingestão de alimentos naturais encontrados nos viveiros de terra que podem suprir até mais de 50% das necessidades dos peixes onívoros (SANTOS, 1998).

As tilápias do Lote A tiveram taxas de sobrevivência de 24,3%; 42,5% e 41,2% nos viveiros 1, 2, e 3, respectivamente, conforme demonstrado na Tabela 1. A maior mortalidade ocorreu no período inicial logo após o povoamento e se deve principalmente aos manejos, transporte e manipulação, agravado pelas baixas temperaturas ocorrida neste período. Experimentos realizados com alevinos no período do verão em situações semelhantes, embora com temperaturas médias de 24,3ºC, verificaram taxas de sobrevivência superiores a 80% (HEIN, 2002), e BARAS et al (2000) com taxas médias de 76,2% de sobrevivência em temperaturas de 24 a 33ºC, o que demonstra que a temperatura é um fator limitante para a sobrevivência de alevinos e tilápias.

A mortalidade de 11,0%; 18,8% e 9,4% ocorrida nos peixes dos viveiros 44, 5 e 10, respectivamente, do lote B (Tabela1);pode ser considerada normal diante do grande desafio a que foram submetidos de baixas temperaturas e pouca ingestão alimentar por longos períodos, conforme Ostrenski e Boeger (1998) que afirmam que temperaturas na faixa de oito a 14ºC geralmente são letais, dependendo da espécie, linhagem e condição corporal dos peixes e do ambiente.

A sobrevivência dos peixes do lote C, nos viveiros 6, 7 e 8 (Tabela 1) pode ser considerada excelente e dá condições para que se possa buscar uma alternativa de viabilidade na produção de tilápias, com a manutenção de peixes maiores durante o período de inverno , com baixos investimentos e riscos, para posterior povoamento e engorda, o que também é sugerido por SONODA (2002), que ao analisar diversos parâmetros encontrou melhores resultados econômicos para povoamento de engorda com tilápias maiores.

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Em condições de temperatura ideal para o crescimento das tilápias, o ganho de peso no período experimental de 165 dias dos Lotes B e C , seria o suficiente para concluir a engorda destes peixes até o peso de 450g (EMATER, 2004), o que não ocorreu devido ao baixo ganho de peso, conforme Tabela 1, provavelmente provocado pelas baixas temperatura da água.

Figura 2. Médias de transparência (cm) e oxigênio(mg/l) ocorridas nos viveiros no período de 09/06 a 20/11/2004.

As médias de transparência da água dos viveiros variaram de 31,7 a 39,1 cm, conforme a Figura 2, o que demonstra a produção razoável de zoofitoplâncton nos viveiros, e a presença de oxigênio disponível de 4,5 a 6,5 mg/l suficiente para o bom desenvolvimento dos peixes, segundo Ostrenski e Boeger, (1998).

Os parâmetros de qualidade da água observados durante o período de cultivo nos viveiros, conforme Figura 2 e 3, não tiveram grandes oscilações devida à renovação de água no viveiro de abastecimento. O pH variou de 6,5 a 6,8, e a alcalinidade de 22 a 29 mg/l, embora Boyd (1997) destaca que o pH de 7,0 a 8,5 com pouca variação e alta alcalinidade de 200-300 mg/l seja mais recomendado para viveiros de piscicultura.

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LOTAÇÃO DESPESCA Vivei ros Peixes (nº) PI Médio (g) Peixes (nº) PF Médio (g) GPP (g) Consumo Ração (g) CA Biomassa Final TS (%) LOT E A 480 1,3 173 52,8 51,5 8.717 0,96 258,6 36,0 1 160 1,3 39 46,2 44,9 1.991 1,11 149,5 24,3 2 160 1,3 68 55,1 53,8 3.222 0,86 312,2 42,5 3 160 1,3 66 57,1 55,8 3.504 0,93 314,0 41,2 LOTE B 192 32 167 115,7 83,7 20.199 1,05 535,0 86,9 4 64 32 57 133,3 101,3 8.035 1,06 631,7 89,0 5 64 32 52 117,3 85,3 5.840 0,96 507,0 81,2 10 64 32 58 96,5 64,5 6.324 1,13 466,4 90,6 LOTE C 51 87 49 320,3 233,3 20.318 1,31 434,7 96,0 6 17 87 16 318,7 213,7 6.832 1,34 424,9 94,1 7 17 87 16 315,7 228,7 6.832 1,39 420,9 94,1 8 17 87 17 323,5 236,5 6.654 1,21 458,3 100,0

Legenda: PI – Peso Inicial; PF M- Peso Final; TS – Taxa de Sobrevivência; GPP – Ganho de Peso no Período; CA – Conversão Alimentar (kg peixe: kg ração)

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Com a execução deste trabalho, foi possível concluir que os alevinos de maior porte apresentaram maiores taxas de sobrevivência em relação aos menores. Tal resultado pode ser utilizado como parâmetro para o desenvolvimento dos cultivos, a fim de aumentar a viabilidade e a produtividade dos viveiros; uma vez que quanto mais desenvolvidos os alevinos, maior resistência às adversidades ambientais, especialmente em relação à variação de temperatura.

Como a região do Paraná é caracterizada por um período de inverno (4-5 meses) pronunciado com baixas temperaturas, que atingem níveis que oferecem riscos ao sistema de produção de peixes em viveiros de terra, com mortalidade de alevinos e juvenis, atraso no crescimento e impedimentos de manejo de peixe; a alternativa de passar esse período com peixes juvenis tornou-se uma necessidade e vem sendo difundida pela extensão rural e adotada pelo piscicultores, pois:

- induziu à mudanças de manejo e maiores cuidados no período de inverno; - antecipa o final da engorda em até 3 meses com povoamento após o

inverno;

- evita a aquisição de alevinos após o mês de abril, pelos altos riscos de mortalidade no inverno.

- Estimula o aumento da produção de peixes por ano pela diminuição da mortalidade no período da engorda e necessidade de organização da produção na propriedade;

- Auxiliar na padronização dos lotes da engorda - Reduz o aparecimento de doenças e gastos;

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REFERÊNCIAS

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Anexo 1. Composição da ração comercial Peixes 45% NÍVEIS DE GARANTIA %

Proteína Bruta (Min.) Fibra (Máx.)

Extrato Etéreo (Min.) Mineral (Máx.) Cálcio (Máx.) Fósforo (Min.) Umidade (Máx.)

ENRIQUECIMENTO POR QUILO 45 6 4 13 3 0,5 12 Vitamina A(UI) Vitamina D3 (UI) Vitamina E (mg) Vitamina K3 (mg) Vitamina B1 (mg) Vitamina B2 (mg) Vitamina B6 (mg) Vitamina B12 (mg) Vitamina C (mg) Ac. Nicotínico (mg) Ac. Pantotênico (mg) Ac. Fólico (mg) Biotina (mg) Antioxidante (mg) Ferro (mg) Cobre (mg) Manganês (mg) Zinco (mg) Iodo (mg) Selênio (mg) Colina (mg) 8.000 2.100 10,0 3,0 2,0 4,0 6,0 10,0 450,0 30,0 10,0 0,5 0,5 120,0 40,0 8,0 70,0 50,0 1,2 0,12 500,0 Fonte: ração Kowalski Alimentos Ltda

(23)

Anexo 2. Composição da ração comercial Peixes 30% cresca/eng

NÍVEIS DE GARANTIA %

Proteína Bruta (Min.) Fibra (Máx.)

Extrato Etéreo (Min.) Mineral (Máx.) Cálcio (Máx.) Fósforo (Min.) Umidade (Máx.)

ENRIQUECIMENTO POR QUILO

30 5 4 12 3 0,5 12 Vitamina A(UI) Vitamina D3 (UI) Vitamina E (mg) Vitamina B1 (mg) Vitamina B2 (mg) Vitamina B6 (mg) Vitamina B12 (mg) Vitamina C (mg) Ac. Nicotínico (mg) Ac. Pantotênico (mg) Ac. Fólico (mg) Biotina (mg) Antioxidante (mg) Ferro (mg) Cobre (mg) Manganês (mg) Zinco (mg) Iodo (mg) Selênio (mg) Colina (mg) 8.000 2.100 10,0 2,0 4,0 6,0 10,0 200,0 30,0 10,0 0,5 0,5 120,0 40,0 8,0 70,0 50,0 1,2 0,12 500,0 Fonte: Ração Kowalski Alimentos Ltda

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Anexo 3. Tabela de Arraçoamento de Tilápias TEMPERATURA (ºC)/ % DA BIOMASSA PESO MÉDIO(G) <15 15-17 18-20 21-23 24-26 27-29 >30 1-5 0 3 6 9 12 15 6 5-10 0 1,6 3,2 4,8 6,4 8 3,2 10-20 0 1,4 2,8 4,2 5,6 7 2,8 20-50 0 1 2 3 4 5 2 50-70 0 0,8 1,6 2,4 3,2 4 1,6 70-100 0 0,8 1,6 2,4 3,2 4 1,6 100-150 0 0,6 1,2 1,8 2,4 3 1,2 150-200 0 0,54 1,08 1,62 2,16 2,7 1,08 200-300 0 0,48 0,96 1,44 1,92 2,4 0,96 300-400 0 0,4 0,8 1,2 1,6 2,0 0,8 400-500 0 0,38 0,76 1,14 1,52 1,9 0,76

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