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Pratica musical na educação infantil: Experiência do estagio supervisionado

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Academic year: 2021

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Pratica musical na educação infantil: Experiência do

estagio supervisionado

Marcela Aparecida Varago1

RESUMO: O presente artigo busca relatar a experiência do Estágio Supervisionado I, com crianças de um ano e oito meses a dois anos e oito meses em um centro de Educação Infantil na cidade de Maringá. O trabalho teve como objetivo possibilitar aos bebes uma experiência musical, proporcionando a eles desenvolver o gosto e a sensibilidade em relação à música através de atividades com canções, histórias, brincadeiras e manuseio de instrumentos musicais. O texto também fala sobre a importância da afetividade como parte essencial do ensino/aprendizagem das crianças.

Palavras - chave: Música, Ed. Infantil, Afetividade.

Introdução

O artigo descreve a experiência no estágio supervisionado I, o qual foi realizado no Centro de Ed. Infantil “Pertinho da Mamãe”, situado no Campus da Universidade Estadual de Maringá durante o ano de 2013. A creche é composta por um corpo docente contendo: professoras, pedagogas, estagiárias do curso de Pedagogia e grupo de apoio.

A turma na qual foi realizado o estágio foi o Maternal I, com vinte crianças entre um ano e oito meses á dois anos e oito meses é ministrada por duas professoras e contam com uma monitora de sala. As aulas de

1 Acadêmica do curso de Licenciatura em Educação Musical – Universidade Estadual de

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música aconteciam todas as quintas- feiras com duração de trinta minutos, na própria sala de aula.

A creche possui recursos e com condições adequadas para um lugar onde se da inicio a vida escolar das crianças tais como: salas com cadeiras e carteiras, colchonetes, CDs, rádios, bandas rítmicas, brinquedos, além de ser um espaço bem organizado e agradável para a realização das atividades educacionais.

A Música e o bebê

A criança entra em contato com sons antes mesmo de seu nascimento. Ainda na barriga, ela é exposta aos sons intra-uterinos, a voz materna também é uma fonte sonora especial e de grande referência afetiva para ela.

Aproximadamente pelo sexto mês de gestação, a audição do bebê alcança sua maturidade, sendo comparável à audição de um adulto. Assim, a percepção dos sons externos se torna maior, intensificando seu universo sonoro. A relação do bebê com o mundo, nesse momento, é como ouvinte em potencial. (KLAUS, 1989).

Com uma observação atenta, é possível notar que os bebes reagem a todos os sons. Sempre que escutam qualquer barulho eles ficam procurando de olhos arregalados de onde vem aquele som. “Perceber gestos e movimentos sob a forma de vibrações sonoras é parte de nossa integração com o mundo em que vivemos”, a partir disso pode entender a nossa paisagem sonora, um mudo musical ao qual estamos sempre cercados. (BRITO,2003).

A relação com os sons vai se aprimorando cada dia mais após o nascimento do ser humano. Com uma observação atenta, é fácil notar a relação que os pequenos mantêm com a música: a forma como reagem quando escutam uma canção, como balançam o corpo, batem palmas ou fazem barulhos com a boca como se estivessem cantando. “Os balanços

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no corpinho e os balbucios dos bebês parecem naturais e espontâneos, quando acompanham o canto da mãe e da professora...” (SOARES, 2008).

É importante que o professor conheça as especificidades de cada faixa etária em que as crianças se encontram, podendo assim escolher as melhores atividades. Uma criança com três anos já é capaz de “imitar inteiramente as canções que escuta em seu meio ambiente, demonstrando grande interesse em fazê-lo, ela adquire a habilidade de todas essas idéias musicais, criando assim sua própria música, num processo contínuo de assimilação e acomodação.” (PARIZZI, 2005).

Elas interagem espontaneamente com estímulo musical. Quanto mais cedo a música for introduzida no ambiente da criança, maior será o seu potencial para aprender. Além disso, ela representa uma importante fonte de estímulos, equilíbrio e felicidade para a criança; Auxilia no desenvolvimento afetivo, físico e social.

Através de elementos musicais como, melodia, ritmos variados, a criança passa a desenvolver aspectos de sua percepção auditiva, que serão de suma importância para a evolução não só musical como de comunicação, favorecendo, como já foi dito, na sua integração social.

A música desenvolve, além de seus elementos próprios, a socialização, disciplina entre outras funções. Para Souza (2006), “a expressão musical desempenha importante papel na vida recreativa de toda criança, ao mesmo tempo em que desenvolve sua criatividade, promove a autodisciplina e desperta a consciência rítmica e estética. A música também cria um terreno favorável para a imaginação quando desperta as faculdades criadoras de cada um. A educação pela música proporciona uma educação profunda e total.”

As aulas de música

As aulas foram organizadas com base em atividades lúdicas, sempre levando em consideração os contextos a qual ela está inserida, trabalhando música folclórica de conhecimento popular. As brincadeiras/

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atividades lúdicas sempre fizeram parte da vida da criança: “A brincadeira no universo infantil sempre foi muito mais do que passatempo, ela permeia a compreensão da criança sobre a realidade que a envolve além de contribuir para o seu desenvolvimento intelectual “(PIAGET, 1976).

As atividades foram baseadas no lúdico, partindo do ponto que o lúdico é um “facilitador da aprendizagem infantil uma vez que representaria a forma natural de se aprender sobre a vida cotidiana” (GIOCA, 2001).

As histórias também foram fontes importantes, as quais sempre davam vida aos personagens e aos sons, de uma forma que tornasse tudo mais interessante e criativo. As histórias geram curiosidade nas crianças, o gosto da surpresa causava interesse no que estava por vir.

Os instrumentos musicais eram presentes em quase todas as aulas, para as crianças explorarem, para auxiliar no momento das canções, trabalharem pulso, timbre, entre outras funções. A maneira como ficam quando levo um instrumento musical para sala de aula é vista no olhar curioso e atento dos bebes. Automaticamente eles querem explorar de todas as formas, tentando descobrir aquela fonte de som tão curiosa para eles. Quando descobrem o som que podem fazer, eles manipulam de forma descoordenada, tentando tocar o instrumento e se divertem muito. Quando toco a flauta, eles ficam eufóricos. Pedem que eu toque canções (na minha turma todos já falam) e no final sempre tenho que deixar todos “assoprarem” o instrumento.

As aulas começavam (crianças em círculo ou sentadas nos colchonetes) com um canto de entrada para entenderem que a aula de música estava começando; a partir daí, todas as atividades eram interligadas entre sim. No final das aulas, eles tinham o momento de apreciação através de músicas gravadas ou vídeo relacionado com as atividades feitas naquele dia.

Os planos tinham como objetivo, possibilitar aos bebes uma experiência musical, proporcionando a eles desenvolver o gosto e a sensibilidade em relação à música, além de objetivos específicos como,

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distinguir timbres e sons, desenvolver pulso/ritmo, estimular memória auditiva, conhecimento de instrumentos entre outros.

A relação criança – professor na aula de Música

No começo do estágio, tive grandes dificuldades em cumprir com minhas aulas da forma como deveria ser, e acabava culpando as crianças por isso: “elas não conseguem fazer as atividades, não me dão atenção, não fazem o que eu mando”. Ou seja, todo o meu estágio eu via de forma negativa, até um determinado momento que percebi que o problema não estava nas crianças e sim em mim. Nas minhas aulas eu não mantinha nenhum contato com eles, simplesmente chegava à sala, ordenava o que eles deveriam fazer e ia para casa. Mas, em um dia do meu estágio, minha orientadora deu a aula por mim. Fiquei apenas observando a forma como ela interagia com as crianças conversando, perguntando coisas para ele e a forma como aplicava as atividades sem ficar ordenando, simplesmente inventava uma história que se ligava as atividades, e dessa maneira conseguia prender as criança. A partir desse dia, comecei a rever meus conceitos sobre minha turma.

Com um pouco de receio, fui me aproximando mais deles. Antes de começar as aulas eu passei a senta e conversar sobre qualquer assunto que eles quisessem falar. Em minhas atividades passei a envolver mais coisas do cotidiano deles sem ter que ficar explicando mecanicamente o que eles deveriam fazer. Foi assim que conheci as particularidades e personalidade das crianças, que me ajudou a desenvolver técnicas de como deveria lidar com cada uma delas.

De acordo com Piaget (1982), por mais que as crianças na faixa etária de três anos de idade estar começando a formar conceitos morais, elas já possuem sentimentos afetivos formados, preferências e o sentimento de gostar e não gostar. Estas experiências são necessárias para o desenvolvimento de sentimentos morais e para o futuro

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desenvolvimento afetivos em geral. E o professor é peça fundamental nesse processo, já que a escola é a “segunda casa” das crianças.

Passei a perceber que são apenas bebês, e muito mais do que uma professora de música, eles querem alguém que passe segurança e carinho a eles, pois permanecem o dia todo na creche sem os pais. Depois que mudei minha atitude frente eles, percebi uma enorme melhora em minhas aulas e a forma como eles passaram a me tratar.

Conclusão

A prática do estágio supervisionado I foi de suma importância para meu aprendizado como educadora musical. Tudo o que aprendi em sala e todas as teorias e autores com os quais tive contato através de leituras deram-me a oportunidade de colocar em prática com as crianças, descobrindo aos poucos como lidar com elas, quais e de que forma abordar os conteúdos musicais.

Sempre tive uma preferência por crianças, assim sendo, estagiar na creche foi ao encontro com meu interesse em descobrir como ensinar musica a bebês. Senti dificuldade em preparar as aulas e conectar as atividades, pois precisei levar em consideração a faixa etária das crianças, que ainda estão em processo de desenvolvimento da fala, coordenações motoras básica, me levando a pensar quais tipos de atividade elas estavam preparadas para desenvolver.

Com o auxilio e correções dos meus planos e relatórios feitos pela minha orientadora, percebi que nos primeiros meses minhas atividades eram desconexas, e que as crianças pareciam não compreender o meu papel frente elas, se distraindo facilmente com qualquer outra coisa. “Não é necessário ser um professor experiente para perceber que os alunos são suscetíveis a ficar distraídos, entediados e muitas vezes dusruptivos, exceto engajados na aula” (RUSSELL, 2005). Com o passar do tempo, foi prazeroso ver que as crianças já sabiam a minha função como professora de música, e toda a relação afetiva que passamos a ter. Ao término do

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estágio, eu era não apenas a figura de uma professora e sim como uma amiga. A afetividade foi muito significativa no processo de ensino e aprendizagem dos bebês, pois quando passei ater um contato maior e tratá-los com atenção e carinho, a participação e interesse deles pelas atividades melhorou totalmente o andamento e compreensão das aulas de música.

Tive contratempos e algumas frustrações como: atividades que não funcionaram, falta de interesse pelas atividades, entre outros. Entretanto, creio ter alcançado êxito em meus objetivos. Passei a conectar minhas atividades de forma que eles não perdessem o interesse, desenvolvi formas de chamar atenção para minhas aulas e o mais importante: consegui ver o aprendizado musical que as crianças tiveram durante o ano.

Enfim, o estágio foi satisfatório, o carinho das crianças, os abraços coletivos, as aulas participativas me abriram novos horizontes que me fazem pensar em continuar o trabalho com bebês.

Referências

BRITO, T. A. de. Música na educação infantil: propostas para a formação integral da criança. São Paulo: Peirópolis, 2003.

FARIA, M. N. A música, fator importante na aprendizagem. Paraná: Assis chateaubriand, 2001. 40f

GIOCA, M.I. O jogo e a aprendizagem na criança de 0 a 6 anos. Pará: Belém, 2001.

ILARI, B. S. Bebês também entendem de música: a percepção e a

cognição musical no primeiro ano de vida. Revista da ABEM, Porto

Alegre, V. 7, 83-90, set. 2002.

KLAUS, M.; KLAUS, P. O surpreendente recém-nascido. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.

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PARIZZI, M. B. O canto espontâneo da criança de três a seis anos como manifestação de seu desenvolvimento cognitivo. Minas Gerais: Belo Horizonte, 2005.

PIAGET, J. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: LCT, 1976.

SOARES, C. V. Música na creche: possibilidades de musicalização de bebês. Porto Alegre, V. 20, 79-88, set. 2008.

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