CURSO DE
CÁLCULO I
SUMÁRIO
Capítulo 1 – Limite e continuidade 3
1.1. Limites: Um conceito intuitivo 3
1.2. Limites: Técnicas para calcular 19
1.3. Limites: Uma definição matemática 39
1.4. Continuidade 52
1.5. Limites e continuidade das funções trigonométricas 65
Exercícios propostos (Capítulo 1) 76
Capítulo 2 – A derivada 79
2.1. A reta tangente e a derivada 79
2.2. Técnicas de diferenciação 89
2.3. Derivada de funções trigonométricas 101
2.4. Regra da cadeia 107
2.5. Diferenciais e aproximação linear local 110
Exercícios propostos (Capítulo 2) 117
Capítulo 3 – Funções Logarítmicas e Exponenciais 122
3.1. Funções inversas 122
3.2. Diferenciação implícita 134
3.3. Derivadas das funções logarítmicas e exponenciais 143 3.4. Derivada das funções inversas trigonométricas e a Regra
de L´Hopital 159
Exercícios propostos (Capítulo 3) 170
Capítulo 4 – Aplicações da derivada 175
4.1. Crescimento, decrescimento e concavidade 175
4.2. Extremos relativos 185
4.3. Extremos absolutos e gráficos 194
4.4. Problemas de otimização 211
Exercícios propostos (Capítulo 4) 226
Respostas dos exercícios propostos 230
CAPÍTULO 1 – LIMITE E CONTINUIDADE
1.1 Limites: Um conceito intuitivo
Dois problemas geométricos estimularam o desenvolvimento do Cálculo: achar a área de regiões planas e achar retas tangentes às curvas. Em ambos os casos se requerem um processo de limite para obter a solução. Porém, o processo de limite ocorre em várias situações, sendo o conceito de limite o alicerce sobre o qual todos os conceitos de cálculo estão baseados.
Em geral, pode-se dizer que o uso básico de limites é o de descrever o comportamento de uma função quando a variável independente se aproxima de certo valor. Por exemplo, seja a função;
( )
2 22 x x f x
x
− − =
−
Esta função não está definida para x=2, porém, pode-se analisar o
seu comportamento nas proximidades de x=2. Isto é, interessa-se o
comportamento de f para valores de x próximos a
2, porém não para
x=2.A aproximação a 2 pode-se ocorrer de duas formas, por valores
menores do que 2, isto é pela esquerda, e por valores maiores do que 2, isto
é pela direita. Desde modo pode-se construir a tabela 1.1, apresentada logo a seguir.
Tabela 1.1
X 1,9 1,99 1,999 1,9999 2 2,0001 2,001 2,01 2,1
f(x) 2,9 2,99 2,999 2,9999 3,0001 3,001 3,01 3,1
Figura 1.1
Analisando a tabela 1.1 e a figura 1.1 fica evidente que os valores de
( )
f x tornam-se cada vez mais próximos de 3 à medida que x estiver mais
próximo de 2, por qualquer um dos lados, esquerdo ou direito. Pode-se
também, tornar os valores de f x
( )
o mais próximo que se deseje de 3,fazendo x suficientemente próximo de 2.
Definição 1.1.1. Se os valores de f x
( )
puderem ser definidos tão próximosquanto queira de um número L, fazendo x suficientemente próximo de p
(porém não igual a p), ou seja; f x
( )
→L quando x→p, então, escreve-se:( )
limx p
f x L
→ = (1.1)
Neste caso, tem-se que
2 2
3 2
x x x
− − →
− quando x→2, então, escreve-se:
2 2
2
lim 3
2
x
x x x
→
O que foi feito anteriormente foi simplesmente uma conjectura a
respeito do valor do limite
2 2
2 lim
2
x
x x x
→
− −
− , usando argumentos algébricos e gráficos, para verificar o valor deste limite.
Exemplo Resolvido 1.1.1. Faça uma conjectura sobre o valor do seguinte limite:
2 1
1 lim
1
x
x x
→ − −
Solução. Observe que esta função não está definida para x=1, então, fazendo
os valores de x se aproximarem de 1, tanto pela esquerda, quanto pela direita,
pode-se construir a tabela 1.2. Logo em seguida tem-se o gráfico cartesiano da função.
Tabela 1.2
x 0,9 0,99 0,999 0,9999 1 1,0001 1,001 1,01 1,1
Da análise da tabela 1.2 e do gráfico da pela figura 1.2, tem-se: 2 1
2 1 x
x
− →
− quando x→1 (por ambos os lados) logo, pode-se escrever:
2 1
1
lim 2
1
x
x x
→ −
= −
Exemplo Resolvido 1.1.2. Faça uma conjectura sobre o valor limite:
0
lim
1 1
x
x x
→ + −
Solução. Esta função não está definida para x=0, então, fazendo os valores
de x se aproximarem de 0, tanto pela esquerda, quanto pela direita, pode-se construir a tabela 1.3.
Tabela 1.3
x −0,01 −0,001 −0,0001 −0,00001 0 0,00001 0,0001 0,001 0,01
f(x) 1,994987 1,9995 1,99995 1,999995 2,000005 2,00005 2,0005 2,004988
Para fazer o gráfico da função, pode-se simplificar algebricamente a expressão do limite. Para x≠0, tem-se:
(
1 1) (
1 1)
1 1
1 1 1 1
1 1 1 1 1 1
x x x x
x x x
x
x x
x x x
+ + + +
⎛ + + ⎞
⎛ ⎞
=⎜ ⎟⎜ ⎟= = = + +
+ −
+ − ⎝ + − ⎠⎝ + + ⎠
Figura 1.3
Analisando os dados da tabela 1.3 e do gráfico dado pela figura 1.3, tem-se que:
2 1 1 x
x+ − → quando x→0 (por ambos os lados)
logo, pode-se escrever:
1
lim 2
1 1
x
x x
→ + − =
O limite dado pela equação 1.1 é chamado comumente de limite bilateral, porque requer que os valores de f x
( )
fiquem cada vez mais de Lquando x tende a p por qualquer lado. Porém algumas funções apresentam
comportamentos diferentes em cada um dos lados de um ponto p.
Em resumo, ao se procurar o limite de f x
( )
quando x tende a pnunca se considera x=p. Na realidade, a função não precisa estar definida
Em muitas situações a função pode apresentar comportamentos diferentes nas proximidades de um ponto p. Por exemplo, considere a função:
( )
1 01 0
se x x
f x
se x x
> ⎧
= = ⎨
− < ⎩
no qual o gráfico é apresentado na figura 1.4.
Figura 1.4
Quando x se aproxima de 0 pela esquerda os valores de f x
( )
tendem a −1 (na realidade são iguais a −1 para esses valores), e quando x se
aproxima de 0 pela direita os valores de f x
( )
tendem a 1 (na realidade sãoiguais a 1 para esses valores).
Descrevem-se essas afirmações dizendo que o limite de
( )
f x = x x é 1 quando x tende a 0 pela direita e que o limite de f x
( )
= x xDefinição 1.1.2. Se os valores de f x
( )
podem se tornar tão próximo de Lquanto queira, fazendo x suficientemente próximo de p (porém maior que p),
ou seja:
se f x
( )
→L quando x→ p+pode-se escrever:
( )
limx p
f x L +
→ = (1.2)
Definição 1.1.3. Se os valores de f x
( )
podem se tornar tão próximo de Lquanto queira, fazendo x suficientemente próximo de p (porém menor que p),
ou seja:
se f x
( )
→L quando x→ p−pode-se escrever:
( )
limx p
f x L −
→ = (1.3)
Para a função f x
( )
x x= nas proximidades de 0, tem-se:
1 x
x → − quando x 0
−
→ e x 1
x → quando x 0
+ →
podendo escrever:
0
lim 1
x
x x
−
→ = − (limite lateral à esquerda) e 0
lim 1
x
x x
+
→ = (limite lateral à direita), logo se pode concluir que não existe o limite
0
lim
x
x x
Teorema 1.1.1. O limite bilateral de uma função existe em um ponto p se, e
somente se existirem os limites laterais naquele ponto e tiverem o mesmo valor; isto é:
( )
( )
( )
lim lim lim
x p x p x p
f x L f x L f x
− +
→ = ⇔ → = = → (1.4)
Exemplo Resolvido 1.1.3. Faça o gráfico da função e determine os limites laterais em x=1. Verifique se existe
( )
1
lim
x→ f x .
( )
2 1 12 1 1
x se x f x
x se x
⎧ + < ⎪
= ⎨
− > ⎪⎩
Solução. A função é definida por partes, isto é, a função tem duas leis de formação. Para o intervalo
(
−∞,1)
é função se comporta como uma funçãopolinomial de expressão f x
( )
=x2+1 e para o intervalo(
1,+∞)
a função se comporta como uma função linear de expressão f x( )
=2x−1. Logo, o gráficoda função é apresentado na figura 1.5.
De acordo com a figura 1.5, pode-se ver claramente que quando x
se aproxima de 1 pela esquerda f x
( )
é a parábola de equação x2+1 e seaproxima de 2, isto é:
( )
2f x → quando x→1−
daí pode-se escrever:
( )
1
lim 2
x
f x
−
→ = (limite lateral à esquerda)
Pode-se ver também que quando x se aproxima de 1 pela direita
( )
f x é a reta de equação 2x−1 e se aproxima de 1, isto é:
( )
1f x → quando x→1+
daí pode-se escrever:
( )
1
lim 1
x
f x
+
→ = (limite lateral à direita)
Como os limites laterais são diferentes não existe o limite de f
quando x tende a 1, isto é:
( )
( )
( )
1
1 1
lim 2 1 lim lim
x
x x
f x f x f x
− + →
→ = ≠ = → ⇒ ∃
Em muitas situações os limites laterais não existem devido ao fato de os valores da função crescer ou decrescer indefinidamente. Por exemplo, analisando o comportamento da função f x
( )
1x
= nas proximidades de x=0,
pode-se construir a tabela 1.4.
Tabela 1.4
x -0,1 -0,01 -0,001 -0,0001 0 0,0001 0,001 0,01 0,1
Figura 1.6
Analisando os dados apresentados na tabela 1.4 e através da figura 1.6 que mostra o gráfico da função fica evidente o seguinte: à medida que x
fica mais próximo de 0 pela esquerda, os valores de f x
( )
1 x= são negativos e decrescem indefinidamente e à medida que x fica mais próximo de 0 pela
direita, os valores de f x
( )
1 x= são positivos e crescem indefinidamente.
Definição 1.1.4. Se os valores de f x
( )
crescem indefinidamente quando xtende a p, pela direita ou pela esquerda; ou seja:
( )
f x → +∞ quando x→ p+ ou f x
( )
→ +∞ quando x→ p−então pode-se escrever:
( )
limx p
f x
+
→ = + ∞ ou xlimp
( )
f x
−
Definição 1.1.5. Se os valores de f x
( )
decrescem indefinidamente quando xtende a p, pela direita ou pela esquerda; ou seja:
( )
f x → −∞ quando x→ p+ ou f x
( )
→ −∞ quando x→ p−então, escreve-se:
( )
limx p
f x
+
→ = − ∞ ou xlimp
( )
f x
−
→ = − ∞
Logo o comportamento da função f x
( )
1 x= nas proximidades de 0, pode ser resumido da seguinte forma:
1
x → −∞ quando x 0
− → e 1
x→ +∞ quando x 0
+ →
daí tem-se: lim 1
x→p− x
=− ∞ e lim 1
x→p+ x
=+ ∞
Figura 1.8
Solução (a). A função decresce indefinidamente quando x tende a p pela
esquerda e cresce indefinidamente quando x tende a p pela direita. Então:
1 lim
x→p− x p
⎛ ⎞
=− ∞ ⎜ − ⎟
⎝ ⎠ e
1 lim
x→p+ x p
⎛ ⎞
= + ∞ ⎜ − ⎟
⎝ ⎠
Solução (b). A função cresce indefinidamente quando x tende a p pela
esquerda e decresce indefinidamente quando x tende a p pela direita. Então:
1 lim
x→p− x p
⎛ − ⎞=+ ∞ ⎜ − ⎟
⎝ ⎠ e
1 lim
x→p+ x p
⎛ − ⎞=− ∞ ⎜ − ⎟
⎝ ⎠
Solução (c). A função cresce indefinidamente quando x tende a p tanto pela
esquerda como pela direita. Então:
(
)
21 lim
x→p− x p
⎛ ⎞
⎜ ⎟=+ ∞
⎜ − ⎟
⎝ ⎠
e
(
)
21 lim
x→p+ x p
⎛ ⎞
⎜ ⎟=+ ∞
⎜ − ⎟
⎝ ⎠
Neste caso pode-se escrever por comodidade:
(
)
21 lim
x→p x p
⎛ ⎞
⎜ ⎟= + ∞
⎜ − ⎟
Solução (d). A função decresce indefinidamente quando x tende a p tanto
pela esquerda como pela direita. Então:
(
)
21 lim
x→p− x p
⎛ − ⎞
⎜ ⎟=− ∞
⎜ − ⎟
⎝ ⎠
e
(
)
21 lim
x→p+ x p
⎛ − ⎞
⎜ ⎟= − ∞
⎜ − ⎟
⎝ ⎠
Neste caso pode-se escrever por comodidade:
(
)
21 lim
x→p x p
⎛ − ⎞
⎜ ⎟=− ∞
⎜ − ⎟
⎝ ⎠
Definição 1.1.6. Uma reta x=p é chamada de assíntota vertical do gráfico
de uma função f x
( )
se f x( )
tende a +∞ ou −∞, quando x tende a p pelaesquerda ou pela direita.
Às vezes se está interessado em saber o comportamento da função não em torno de um ponto específico p, e sim quando a variável x cresce ou
decresce indefinidamente. Isto é chamado de comportamento final da função, pois descreve como a função se comporta para valores de x que estão longe
da origem.
Novamente considera-se a função f x
( )
1 x= , mas agora para valores de x que estão bem distantes da origem. Fazendo x crescer e
decrescer sem limitação, pode-se construir a tabela 1.5.
Tabela 1.5
x -10000 -1000 -100 -10 10 100 1000 10000
É evidente a partir da tabela 1.5 e pelo gráfico da função (ver figura 1.6), que à medida que os valores de x decrescem sem limitação, os valores
de f x
( )
1 x= são negativos, mas aproximam-se muitíssimo de 0; analogamente, à medida que os valores de x crescem sem limitação, os
valores de f x
( )
1 x= são positivos, mas aproximam-se muitíssimo de 0.
Definição 1.1.7. Se os valores de f x
( )
subseqüentemente ficam cada vezmais próximos de um número L, à medida que x cresce sem limitação; ou
seja:
( )
f x →L quando x→ +∞
então, escreve-se: lim
( )
x
f x L
→+∞ = .
Definição 1.1.8. Se os valores de f x
( )
subseqüentemente ficam cada vezmais próximos de um número L, à medida que x decresce sem limitação; ou
seja:
( )
f x →L quando x→ −∞
então, escreve-se: lim
( )
x
f x L
→−∞ = .
Logo, podem-se descrever os comportamentos limitantes da função
( )
1 f xx
= da seguinte forma:
1
lim 0
x→−∞⎛ ⎞=⎜ ⎟⎝ ⎠x e
1
lim 0
x→+∞⎛ ⎞=⎜ ⎟⎝ ⎠x
Definição 1.1.9. Uma reta y L= é chamada de assíntota horizontal do gráfico
Exemplo Resolvido 1.1.5. De acordo com o gráfico da função
( )
1 x f x
x
= − apresentado na figura 1.9 determine os limites no infinito.
Figura 1.9
Solução. De acordo com o gráfico da função (ver figura 1.9) tem-se que à medida que x cresce sem limitação f x
( )
se aproxima cada vez mais de 1,isto é:
1 1 x
x− → quando x→+ ∞
concluindo que:
lim 1
1
x
x x
Analogamente, tem-se que à medida que x decresce sem limitação
( )
f x se aproxima cada vez mais de 1, isto é:
1 1 x
x− → quando x→− ∞
concluindo que:
lim 1
1
x
x x
→−∞ − =
A reta y=1 é a assíntota vertical do gráfico da função
( )
1 x f x
x
=
− .
Definição 1.1.10. Se os valores de f x
( )
crescem sem limitação quando x→ +∞ ou x→ −∞; ou seja:( )
f x → +∞ quando x→ +∞ ou f x
( )
→ +∞ quando x→ −∞então, escreve-se:
( )
limx
f x
→+∞ = + ∞ ou xlim
( )
f x
→−∞ = + ∞
Definição 1.1.11. Se os valores de f x
( )
decrescem sem limitação quando x→ +∞ ou x→ −∞; ou seja:( )
f x → −∞ quando x→ +∞ ou f x
( )
→ −∞ quando x→ −∞então, escreve-se:
( )
limx
f x
→+∞ = − ∞ ou xlim
( )
f x
1.2 Limites: Técnicas para calcular
Inicialmente estabelecem-se os limites básicos para algumas funções simples e em seguida desenvolvem-se um repertório de teoremas que possibilitará usar estes limites como blocos de construção para encontrar limites de funções mais complicadas.
Teorema 1.2.1 (Limites básicos).
(1) lim
( )
x→p k =k (2) xlim→+∞
( )
k =k (3) xlim→−∞( )
k =k(4) lim
( )
x p
x p
→ = (5) xlim
( )
x
→+∞ = + ∞ (6) xlim
( )
x
→−∞ = − ∞
(7) 0
1 lim
x→ + x
⎛ ⎞=+ ∞ ⎜ ⎟
⎝ ⎠ (8) 0
1 lim
x→ − x
⎛ ⎞=−∞ ⎜ ⎟ ⎝ ⎠
(9) lim 1 0
x→+∞⎛ ⎞=⎜ ⎟⎝ ⎠x (10)
1
lim 0
x→−∞⎛ ⎞=⎜ ⎟⎝ ⎠x
Figura 1.10
Esses limites dados pelo teorema 1.2.1 podem ser confirmados através do gráfico (ver figura 1.10) das funções y k= (função constante), y x=
Teorema 1.2.2. Suponha que lim representa um dos limites lim
x→p, xlim→p−, xlim→p+,
lim
x→+∞ ou
lim
x→−∞. Se existirem 1
( )
lim
L = f x e L2=limg x
( )
, então:(1) lim⎣⎡f x
( )
±g x( )
⎦⎤=lim f x( )
±limg x( )
= ±L1 L2.(2) lim⎣⎡f x
( ) ( )
⋅g x ⎦⎤=lim f x( )
⋅limg x( )
= ⋅L L1 2.(3)
( )
( )
( )
( )
12lim lim
lim
f x f x L
g x g x L
⎡ ⎤
= =
⎢ ⎥
⎣ ⎦ se L2≠0.
(4) limn f x
( )
=nlim f x( )
=n L1 desde que1 0
L ≥ se n for par.
(5) lim⎡⎣f x
( )
⎦⎤n=⎣⎡lim f x( )
⎦⎤n=( )
L1 n.Corolário 1.2.2.1. Suponha que lim representa um dos limites lim
x→p,
lim
x→p−
,
lim
x→p+
, lim
x→+∞ ou xlim→−∞. Se existirem L1=lim f1
( )
x , L2=lim f2( )
x ,...,( )
limn n
L = f x , então:
(1) lim⎣⎡f1
( )
x ± f2( )
x ± ±... fn( )
x ⎦⎤=lim f1( )
x ±lim f2( )
x ± ±... lim fn( )
x= ±L1 L2± ±... Ln
(2) lim⎣⎡f1
( ) ( )
x ⋅ f2 x ⋅ ⋅... fn( )
x ⎦⎤=lim f1( )
x ⋅lim f2( )
x ⋅ ⋅... lim fn( )
x=lim f1
( )
x ⋅lim f2( )
x ⋅ ⋅... lim fn( )
xExemplo Resolvido 1.2.1. Sendo
( )
2lim 3
x→ f x = − , limx→2g x
( )
=4 e limx→2h x( )
=0. Determine:(a)
( )
( )
2lim
x
g x f x
→ ⎡⎣ − ⎤⎦ (b)
( )
( )
( )
2
lim
x
g x h x f x
(c)
( )
2( )
2 2lim
x
f x g x
→ ⎡⎣ ⎤⎦ +⎡⎣ ⎤⎦ (d)
( ) ( )
(
( )
)
2 2lim
x
f x g x h x
→
⎡ + ⎤
⎢ ⎥
⎣ ⎦
Solução (a). Aplica-se a propriedade (1) do teorema 1.2.2.
( )
( )
( )
( ) ( ) ( )
2 2 2
lim lim lim 4 3 4 3 7
x→ ⎣⎡g x − f x ⎤⎦=x→ ⎣⎡g x ⎤⎦−x→ ⎣⎡f x ⎦⎤= − − = + =
Solução (b). Inicialmente aplica-se a propriedade (3) do teorema 1.2.2 e em seguida aplicam-se as propriedades (4) no numerador e (1) no denominador, do referido teorema.
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
2( )
( )
2 2
2 2 2
lim
lim 4 2
lim
lim lim lim 0 3 3
x x
x
x x x
g x g x
g x
h x f x h x f x h x f x
→ → → → → → = = = = − − − − − ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦
Solução (c). Inicialmente aplica-se a propriedade (4) do teorema 1.2.2 e em seguida aplicam-se a propriedade (1) e logo depois, a propriedades (5) do referido teorema.
( )
2( )
2( )
2( )
22 2
lim lim
x x
f x g x f x g x
→ →
⎡ ⎤
+ = +
⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤
⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎢⎣⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎥⎦
( )
2( )
22 2
lim lim
x→ f x x→ g x
= ⎡⎣ ⎤⎦ + ⎡⎣ ⎤⎦
( )
2( )
2( ) ( )
2 22 2
lim lim 4 3 5
x x
f x g x
→ →
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
= ⎢ ⎥ +⎢ ⎥ = + − =
⎣ ⎦ ⎣ ⎦
Solução (d). Inicialmente a aplica-se a propriedade (1) do teorema 1.2.2 e em seguida aplicam-se nas parcelas as propriedades (2) e (5), respectivamente, do referido teorema.
( ) ( )
(
( )
)
2( ) ( )
( )
22 2 2
lim lim lim
x x x
f x g x h x f x g x h x
→ → → ⎡ + ⎤= ⎡ ⎤+ ⎡ ⎤ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎢ ⎥ ⎣ ⎦
( )
(
)
(
( )
)
( )
22 2 2
lim lim lim
x x x
f x g x h x
Exemplo Resolvido 1.2.2. Ache:
(a) lim 1n
x→+∞x (b)
1
lim n
x→−∞x
Solução (a). Aplicando a propriedade (5) do teorema 1.2.2, tem-se:
1 1 1
lim lim lim 0
n n
n
x→+∞x x→+∞ x x→+∞ x
⎛ ⎞ ⎛ ⎞
= ⎜ ⎟ =⎜ ⎟ =
⎝ ⎠ ⎝ ⎠
Solução (b). Aplicando a propriedade (5) do teorema 1.2.2, tem-se:
1 1 1
lim lim lim 0
n n
n
x→−∞x x→−∞ x x→−∞ x
⎛ ⎞ ⎛ ⎞
= ⎜ ⎟ =⎜ ⎟ =
⎝ ⎠ ⎝ ⎠
Do exemplo resolvido 1.2.2 podem-se escrever as seguintes fórmulas:
1
lim 0
n
x→+∞ x = (1.5)
1
lim 0
n
x→−∞ x = (1.6)
Corolário 1.2.2.2. Suponha que lim representa um dos limites lim
x→p, xlim→p−,
lim
x→p+
, lim
x→+∞ ou xlim→−∞. Se existirem L=lim f x
( )
e k um número real, então:( )
( )
( )
lim⎡⎣k f x⋅ ⎤⎦=lim k ⋅lim f x = ⋅k L
Exemplo Resolvido 1.2.3. Sendo k uma constante real, então, ache:
(a) lim
n x
k x
→+∞ (b) xlim n
k x
→−∞
Solução (a). Inicialmente pode-se escrever o quociente como um produto entre
a constante k e a função 1 xn e em seguida aplica-se o corolário 1.2.2.2.
( )
1 1
lim n lim n lim n 0 0
x x x
k
k k k
x x x
→+∞ →+∞ →+∞
⎛ ⎞ ⎛ ⎞
= ⎜ ⎟= ⎜ ⎟= =
⎝ ⎠ ⎝ ⎠
Solução (b). Inicialmente pode-se escrever o quociente como um produto entre
a constante k e a função 1 xn e em seguida aplica-se o corolário 1.2.2.2.
( )
1 1
lim lim lim 0 0
n n n
x x x
k
k k k
x x x
→−∞ →−∞ →−∞
⎛ ⎞ ⎛ ⎞
= ⎜ ⎟= ⎜ ⎟= =
⎝ ⎠ ⎝ ⎠
Dos exemplos resolvidos 1.2.2 e 1.2.3, podem-se escrever as seguintes fórmulas, sendo k uma constante real qualquer.
lim n 0
x
k x
→+∞ = (1.7)
lim n 0
x
k x
→−∞ = (1.8)
Exemplo Resolvido 1.2.4. Ache o valor do limite
(
3 2)
2lim 3 2 3 9
x→− − x − x + x− .
(
3 2)
( )
3( )
2( )
( )
2 2 2 2 2
lim 3 2 3 9 lim 3 lim 2 lim 3 lim 9
x x x x x
x x x x x x
→− − − + − = − →− − →− + →− − →−
( )
3( )
2( )
( )
2 2 2 2
3 lim 2 lim 3 lim lim 9
x x x x
x x x
→− →− →− →−
=− − + −
( ) ( ) ( )
3 22 2 2
3 lim 2 lim 3 lim 9
x→− x x→− x x→− x
= − − + −
( )
3( )
2( )
3 2 2 2 3 2 9 1
= − − − − + − − =
Exemplo Resolvido 1.2.5. Ache o valor do limite
3 2
2
1 lim
3 2 3 9
x→− − x − x + x−
.
Solução. Inicialmente usa-se a parte (3) do teorema 1.2.2 e em seguida a parte (4) do mesmo teorema.
( )
(
2)
3 2 3 2
2
2
lim 1 1
lim
3 2 3 9 lim 3 2 3 9
x x
x
x x x x x x
→− →−
→− =
− − + − − − + −
(
3 2)
2
1 1
1 1
lim 3 2 3 9
x
x x x
→−
= = =
− − + −
Teorema 1.2.3. Para qualquer polinômio:
( )
0 1 ...n n
p x =a +a x+ +a x (1.9)
e qualquer número real c, então:
( )
(
0 1)
( )
lim lim ... n n
x c x c
p x a a x a x p c
→ = → + + + = (1.10)
Prova.
( )
(
0 1)
lim lim ... n n
x c x c
p x a a x a x
→ = → + + +
0 1
lim lim ... lim n n
x c x c x c
a a x a x
→ → →
= + + +
0 1
lim lim ... nlim n
x c x c x c
a a x a x
→ → →
= + + +
( )
0 1 ...
n n
a a c a c p c
= + + + =
Em outras palavras, o teorema 1.2.3 diz que: o limite de um polinômio em um ponto de seu domínio é a própria imagem deste ponto.
Exemplo Resolvido 1.2.6. Calcule
(
3 2)
3lim 3 2 4
x
x x x
→ − + − .
Solução. Como o limite de um polinômio em um ponto de seu domínio é própria imagem deste ponto. Isto é o limite é encontrado através da substituição direta.
(
3 2)
( )
3( )
2( )
3
lim 3 2 4 3 3 3 2 3 4 27 27 6 4 2
x
x x x
Exemplo Resolvido 1.2.7. Calcule
2
3 2
1
2 3 4
lim
4 1
x
x x
x x
→−
− −
+ + .
Solução. Inicialmente usa-se a propriedade (4) do teorema 1.2.2 e em seguida a propriedade (3) do mesmo teorema, e, finalmente, o teorema 1.2.3.
(
)
(
)
2
2 2
1
3 2 3 2 3 2
1 1
1
lim 2 3 4
2 3 4 2 3 4 1 1
lim lim
4 2
4 1 4 1 lim 4 1
x
x x
x
x x
x x x x
x x x x x x
→−
→− →−
→−
− −
− − = − − = = =
+ + + + + +
O intuito agora é definir como se comporta a função polinomial da forma n
x para n=1, 2, 3, 4, ..., quando x→+ ∞ e x→− ∞. A figura 1.11
apresenta os gráficos para os casos particulares em que n=2, 3 e 4, respectivamente, e os seus limites no infinito.
Os resultados apresentados na figura 1.11 são os casos particulares do seguinte caso geral:
lim n
x
x
→+∞ = + ∞ (1.11)
lim n
x
se n par x
se n ímpar
→−∞
+∞ ⎧ = ⎨−∞
⎩ (1.12)
Exemplo Resolvido 1.2.8. Calcule os limites no infinito.
(a) lim n
x
kx
→+∞ (b) lim
n x kx →−∞ Solução (a). 0 lim lim 0 n n x x se k kx k x
se k →+∞ →+∞ +∞ > ⎧ = = ⎨ −∞ < ⎩ Solução (b).
(i) lim lim 0
0
n n
x x
se k
kx k x n par
se k →−∞ →−∞ +∞ > ⎧ = = ⎨ −∞ < ⎩
(ii) lim lim 0
0
n n
x x
se k
kx k x n ímpar
se k →−∞ →−∞ −∞ > ⎧ = = ⎨ +∞ < ⎩
Teorema 1.2.4. Um polinômio se comporta como seu termo de maior grau quando x→ +∞ ou x→ −∞.
(
0 1)
( )
lim ... n n lim n n
x x
a a x a x a x
→+∞ + + + = →+∞ (1.13)
(
0 1)
( )
lim ... n n lim n n
Exemplo Resolvido 1.2.9. Calcule os limites.
(a) lim 5
(
3 4 2 12)
x
x x x
→−∞ − + − (b)
(
)
3 4 5
lim 3 3
x
x x x
→+∞ + −
Solução (a). Como o polinômio se comporta como seu termo de maior grau, tem-se:
(
3 2)
( )
3lim 5 4 12 lim 5
x x
x x x x
→−∞ − + − = →−∞ =− ∞
Solução (b). Como o polinômio se comporta como seu termo de maior grau, tem-se:
3 4 5 5
1 3 3 3
lim lim
2 5 7 7
x→+∞ x x x x→+∞ x
−
⎛ + − ⎞= ⎛ ⎞= − ∞
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝ ⎠ ⎝ ⎠
Uma função racional é uma razão entre dois polinômios, ou seja, é uma função do tipo
( )
( )
f xg x com g x
( )
≠0. Neste caso, há três métodos para secalcular o limite
( )
( )
lim→
x p
f x
g x , dependendo se xlim→pg x
( )
converge para zero ounão.
Se lim
( )
0→ ≠
x p
g x , então, usa-se o fato de que o limite da razão é a
razão dos limites, ou seja:
( )
( )
( )
( )
( )
( )
limlim
lim
→ →
→
=x p =
x p
x p
f x
f x f p
g x g x g p (1.15)
Em outras palavras se lim
( )
0→ ≠
x pg x , o limite
( )
( )
lim→
x p
f x
g x deve ser calculado por
Exemplo Resolvido 1.2.10. Ache 3 2 2 2 7 lim 3 → − − x x x .
Solução. Como
(
2)
2lim 3 1 0
→ − = ≠
x x , então o limite deve ser calculado por
substituição direta, logo:
( )
( )
3 3 2 2 22 2 7
2 7
lim 9
3 2 3
→ − − = = − − x x x
Exemplo Resolvido 1.2.11. Calcule 3 2 1 lim 2 4 x x x − →− + − .
Solução. Inicialmente tem que ser usado o fato de que o limite da raiz cúbica é a raiz cúbica do limite, ou seja:
3 3
2 2
1 1
lim lim
2 4 2 4
x x x x x x − − →− →− + = + − −
Agora se calcula o limite da função racional e devido ao fato de que
(
)
2
lim 2 4 8 0
x
x −
→− − = − ≠ , então:
( )
2
1 2 1 1
lim
2 4 2 2 4 8
x x x − →− + − + = = − − − Logo,
3 3 3
2 2
1 1 1 1
lim lim
2 4 2 4 8 2
Se lim
( )
0→ =
x p
g x e lim
( )
0→ =
x p
f x , então o numerador e denominador
terão um fator comum
(
x− p)
e o limite pode, freqüentemente, ser calculadocancelando-se primeiro os fatores comuns. Se
(
x− p)
é fator de f x( )
então( ) (
= −) ( )
f x x p F x e se
(
x− p)
é fator de g x( )
então g x( ) (
= −x p G x) ( )
,daí:
( )
( )
(
(
) ( )
) ( )
( )
( )
lim lim lim
→ → →
−
= =
−
x p x p x p
f x x p F x F x
g x x p G x G x (1.16)
Exemplo Resolvido 1.2.12. Calcule 2 3 9 lim 3 → − − x x x .
Solução. Como
(
)
3lim 3 0
→ − =
x x e
(
)
2 3
lim 9 0
→ − =
x x , então, há um fator comum
(
x−3)
, logo,(
)(
)
(
)
2
3 3 3
3 3
9
lim lim lim 3 6
3 3
→ → →
− +
− = = + =
− −
x x x
x x
x
x
x x
Exemplo Resolvido 1.2.13. Calcule
3 2 1 1 lim 2 1 + →− + + − x x
x x .
Solução. Como
(
2)
1
lim 2 1 0
+
→− + − =
x
x x e
(
3)
1
lim 1 0
x
x
+
→− + = , então, há um fator comum
(
x+1)
, logo,(
)
(
)
(
)(
)
2
3 2
2
1 1 1
1 1
1 1
lim lim lim
1 2 1 2 1
2 1 + + + →− →− →− + − + + − + = = + − − + −
x x x
x x x
x x x
x x x
Tem-se uma nova função racional, então, deve-se verificar se o limite do denominador é igual à zero ou não. Como
(
)
1
lim 2 1 3
x
x
+
→− − = − , então, o limite deve ser calculado por substituição direta.
( ) ( )
( )
2 2
1
1 1 1
1 3
lim 1
2 1 2 1 1 3
+ →− − − − − + = = =− − − − − x x x x
Se lim
( )
0→ =
x p
g x e lim
( )
0→ ≠
x p
f x , então
( )
( )
lim→
x p
f x
g x é +∞ ou −∞, ou
de um lado +∞ e do outro −∞, ou vice versa. Neste caso, devem-se calcular os limites laterais e para isso deve-se analisar o sinal da expressão
( )
( )
f xg x nas
proximidades do ponto x=p.
Exemplo Resolvido 1.2.14. Calcule 2 lim 2 →− + x x x .
Solução. Como
(
)
2lim 2 0
→− + =
x
x e
( )
2
lim 2 0
→− = − ≠
x
x , então, devem-se calcular os
limites laterais. Sabe-se que os limites laterais são do tipo ∞, então resta saber o sinal.
(i) Quando x se aproxima de −2 pela esquerda, x< −2 o que implica que 2 0
+ <
x e como nas proximidades de x= −2 tem-se x<0, então, tem-se que 0
2 x
x+ > . Daí pode-se concluir que:
(ii) Quando x se aproxima de −2 pela direita, x> −2 o que implica que 2 0
+ >
x e como nas proximidades de x= −2 tem-se x<0, então, tem-se que 0
2 x
x+ < . Daí pode-se concluir que:
2
lim 2
x
x x +
→− + = − ∞
Um modo mais prático de resolver estes limites é através da análise do sinal da expressão
2
+
x
x , que é dado pela figura 1.12:
Figura 1.12
Logo, pode-se concluir que:
2
lim 2 −
→− + = + ∞
x
x
x e 2
lim 2 −
→− + = − ∞
x
x
x .
Exemplo Resolvido 1.2.15. Calcule
2 0
3 lim
1 2 1
x
x
x x
+
→ + − + .
Solução. Como
(
2)
0
lim 1 2 1 0
x
x x
+
→ + − + = e 0
( )
lim 3 0
x
x
+
→ = , então para resolver este limite deve-se simplificar a expressão do limite. Ou seja:
2
2 2 2
3 3 1 2 1
1 2 1 1 2 1 1 2 1
x x x x
x x x x x x
⎛ ⎞ ⎛ ⎞ + + + ⎜ ⎟ =⎜⎜ ⎟⎟⎜ ⎟ + − + ⎝ + − + ⎠⎝ + + + ⎠
(
)
(
)
(
)
(
)
2 22 2 2
2
3 1 2 1 3 1 2 1
1 2 1
1 2 1
x x x x x x
x x x x + + + + + + = = + − − + − +
(
) (
)
(
)
2 2 23 1 2 1 3 1 2 1
2 2
x x x x x x
x x x x + + + + + + = = − −
(
2)
3 1 2 1
2 x x x + + + = − Logo, tem-se:
(
2)
2
0 0
3 1 2 1
3
lim lim
2
1 2 1
x x x x x x x x + + → → + + + = − + − +
Como
(
)
0
lim 2 2 0
x
x
+
→ − =− ≠ , pode-se calcular o limite através da substituição direta, isto é:
(
2)
( )
2( )
( )
0
3 0 1 2 0 1
3 1 2 1 3 2
lim 3
2 0 2 2
x x x x + → ⎛ + + + ⎞ + + + ⎜⎝ ⎟⎠ = = = − − − − Daí tem-se: 3
Para se calcular os limites no infinito de uma função racional devem-se dividir numerador e denominador pela potência mais alta de x que aparece
no denominador, logo todas as potências de x tornam-se constantes ou
potências de 1
x.
Exemplo Resolvido 1.2.16. Calcule lim 3 5 4 6 →−∞ − − x x x.
Solução. Divide-se numerador e denominar por x, daí:
5
5 lim 3
3
3 5 3 0 3 1
lim lim
4 4
4 6 6 0 6 6 2
lim 6
x
x x
x
x x x
x x x →−∞ →−∞ →−∞ →−∞ ⎛ − ⎞ − ⎜ ⎟ − = = ⎝ ⎠= − = = − − − ⎛ − ⎞ − − ⎜ ⎟ ⎝ ⎠
Exemplo Resolvido 1.2.17. Ache
2
3 2
3 2 5
lim
5 7 1
→+∞
+ −
− − +
x
x x
x x x .
Solução. Divide-se numerador e denominar por x3, daí:
2 2 3
3 2
2 3
3 2 5
3 2 5
lim lim
7 1 1
5 7 1 5
x x
x x x x x
x x x
x x x
→+∞ →+∞ + − + − = − − + − − + 2 3 2 3
3 2 5
lim
0 0 0 0
0
7 1 1 5 0 0 0 5
lim 5
x
x
x x x
x x x
Outra maneira de se resolver estes limites é considerando o fato de que como uma função racional é uma razão entre dois polinômios e como o polinômio se comporta como seu termo de maior grau no infinito, logo se
( )
0 1 ...(
0)
n
n n
f x = +a a x+ +a x a ≠ e g x
( )
= +b0 b x1 + +... b xm m(
bm ≠0)
, então:( )
( )
00 11 ...lim lim lim
...
n n
n n
m m
x x x
m m
f x a a x a x a x
g x b b x b x b x
→−∞ →−∞ →−∞
+ + +
= =
+ + + (1.17)
e
( )
( )
00 11...
lim lim lim
...
n n
n n
m m
x x x
m m
f x a a x a x a x
g x b b x b x b x
→+∞ →+∞ →+∞
+ + +
= =
+ + + (1.18)
Ou seja, uma função racional comporta-se quando x→ +∞ e x→ −∞, como a razão entre os termos de mais alto grau no numerador e no
denominador.
Exemplo Resolvido 1.2.18. Ache
4 3 2
3 2
7 2 5
lim
6 8 13
→−∞
+ −
− + − +
x
x x x
x x x .
Solução. Usando o fato anterior tem-se:
(
)
4 3 2 4
3 2 3
7 2 5 7
lim lim lim 7
6 8 13
→−∞ →−∞ →−∞
+ − = = − = + ∞
− + − + −
x x x
x x x x
x
x x x x
Exemplo Resolvido 1.2.19. Calcule:
Em ambos os itens, seria mais prático manipular a função de forma que as potências de x se tornem potências de 1 x. Podem-se conseguir isto
em ambos os termos dividindo-se numerador e denominador por x e
lembrando do fato que 2
x= x .
Solução (a). Dividindo, então, numerador e denominador por x, tem-se
2 2 2 3 2 3 lim lim 1 1 →+∞ →+∞ − − = + + x x x x x x x x
Como x = x2 e para
0
>
x tem-se x=x, daí:
2
2 2 2
2 3 2 2 2
lim 3 lim 3
3
3
lim lim 3
1
1 1 1
1 1 lim 1 lim 1
x x
x x
x x
x
x x x x
x
x x x
x →+∞ →+∞ →+∞ →+∞ →+∞ →+∞ − ⎛ ⎞ ⎛ ⎞ − − − ⎜⎝ ⎟⎠ ⎜⎝ ⎟⎠ − = = = = = − ⎛ ⎞ ⎛ ⎞ + + ⎜ + ⎟ + ⎜ ⎟ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠
Solução (b). Fazendo o mesmo procedimento adotado no item (a), então:
2 2 2 3 2 3 lim lim 1 1 →−∞ →−∞ − − = + + x x x x x x x x
Como x = x2 e para x<0 tem-se x= −x, daí:
2
2 2 2
2 3 2 2 2
lim 3 lim 3
3
3
lim lim 3
1
1 1 1
1 1
lim 1 lim 1
x x
x x
x x
x
x x x x
x
x x x
No caso de limite de funções definidas por partes, devem-se calcular separadamente os limites laterais e verificar a existência do limite bilateral (ver teorema 1.1.1).
Exemplo Resolvido 1.2.20. Seja
( )
22 1 1
4 1
− > − ⎧⎪
= ⎨
+ < − ⎪⎩
x se x f x
x x se x , então calcule,
caso exista,
( )
1lim
→−
x f x .
Solução. Como a função é definida por parte devem-se calcular os limites laterais. Logo,
( )
(
2)
( )
2( )
1 1
lim lim 4 1 4 1 3
x x
f x x x
− −
→− = →− + = − + − = −
e
( )
(
) ( )
1 1
lim lim 2 1 2 1 1 3
x x
f x x
+ +
→− = →− − = − − =−
Como
( )
( )
1 1
lim 3 lim
− +
→− = − = →−
x x
f x f x , implica que existe o limite e seu
valor é dado por:
( )
1lim 3
→− = −
x
f x .
Exemplo Resolvido 1.2.21. Seja
( )
3 3 2 1 2
0 2
2 2
⎧ − + <
⎪
=⎨ =
⎪ + >
⎩
x x se x
g x se x
x se x
, então calcule,
caso exista,
( )
2lim
→
x g x .
Solução. Como a função é definida por parte devem-se calcular os limites laterais. Logo,
e
( )
(
)
(
)
2 2 2
lim lim 2 lim 2 2 2 2
x x x
g x x x
+ − −
→ = → + = → + = + =
Como
( )
( )
2 2
lim 3 2 lim
− +
→ = − ≠ = →
x x
g x g x , implica que não existe o limite
( )
2
lim
→
x
g x .
Exemplo Resolvido 1.2.22. Seja a função
( )
2 22 1 0
1 0 2
1 2
2
x se x
f x x se x
x
se x
⎧
⎪ − < ⎪⎪
=⎨ − < < ⎪
⎪ + > ⎪⎩
.
Determine, caso existam,
( )
0lim
x→ f x e limx→2 f x
( )
.Solução. Inicialmente verifica-se a existência de
( )
0lim
x→ f x através do cálculo
dos limites laterais. Isto é,
( )
(
)
0 0
lim lim 2 1 1
x x
f x x
− −
→ = → − = −
e
( )
(
2)
0 0
lim lim 1 1
x x
f x x
+ +
→ = → − = −
Como
( )
( )
0 0
lim 1 lim
x x
f x f x
− +
→ = − = → , tem-se que limx→0 f x
( )
= −1. Faz-se o mesmo para verificar a existência de( )
2
lim
x
f x
→ . Isto é,
( )
(
2)
2 2
lim lim 1 3
x x
f x x
− −
→ = → − =
e
( )
22 2
lim lim 1 3
2 x x x f x + + → → ⎛ ⎞ = ⎜ + =⎟ ⎝ ⎠
Como
( )
( )
2 2
lim 3 lim
x x
f x f x
− +
→ = = → , tem-se que xlim2
( )
f x
1.3 Limites: Uma definição matemática
A definição de limite dada na seção 1.1 deste módulo foi baseada na intuição de como o significado dos valores de uma função fica cada vez mais próximo de um valor limitante. Porém, esta definição é muito imprecisa e inadequada para alguns propósitos, logo se torna necessário uma definição mais precisa de um ponto de vista matemático.
Par isso considere a função f R: −
{ }
p →R cujo gráfico é dado éapresentado na figura 1.13 e para o qual f x
( )
→ L quando x→ p.Figura 1.13
Escolhe-se um número positivo,
ε
, e traçam-se duas retas horizontais que passam pelos pontos L−ε
e L+ε
, no eixo y, para a curva( )
y=f x e, então, retas verticais daqueles pontos da curva para o eixo x (ver
figura 1.14) e sejam x0 e x1 os pontos onde as retas verticais interseccionam o
Figura 1.14
Fazendo x se aproximar cada vez mais de p, por qualquer um dos
lados, tem-se que logo x estará no intervalo
(
x x0, 1)
; quando isto ocorre, ovalor de f x
( )
estará entre L−ε
e L+ε
(ver figura 1.15). Ou seja, se( )
f x →L quando x→ p, então para qualquer
ε
>0 tem-se um intervaloaberto
(
x x0, 1)
no eixo x, com p∈(
x x0, 1)
e com a propriedade que para cada(
0, 1)
x∈ x x , exceto possivelmente x=p, tem-se f x
( ) (
∈ L−ε
,L+ε
)
.Definição 1.3.1 (1ª versão preliminar). Seja f x
( )
uma função definida emtodo x de algum intervalo aberto que contenha o número p, com a possível
exceção de que f x
( )
não precisa ser definida em p. Escreve-se:( )
limx→p f x =L (1.19)
se dado
ε
>0, pode-se encontrar um intervalo aberto(
x x0, 1)
que contenha pde modo que f x
( )
satisfaça( )
L− <
ε
f x < +Lε
(1.20)para cada x∈
(
x x0, 1)
, com a possível exceção de x=p.Observa-se através da figura 1.15 que o intervalo
(
x x0, 1)
amplia-semais à direita que à esquerda. Então, para muitos fins é preferível ter um intervalo com a mesma distância de p. Escolhe-se um número positivo
δ
menor do que x1− p e p−x0, e considere o intervalo
(
p−δ
,p+δ
)
que seampliam à mesma distância de p, em ambos os lados.
Uma vez que a condição L− <
ε
f x( )
< +Lε
é válida para ointervalo
(
x x0, 1)
e como(
p−δ
,p+δ
) (
⊂ x x0, 1)
, então esta condição tambémFigura 1.16
Definição 1.3.2 (2ª versão preliminar). Seja f x
( )
uma função definida emtodo x de algum intervalo aberto que contenha o número p, com a possível
exceção de que f x
( )
não precisa ser definida em p. Escreve-se:( )
limx→p f x =L (1.21)
se dado
ε
>0, pode-se achar um númeroδ
>0 tal que f x( )
satisfaça( )
L− <
ε
f x < +Lε
(1.22)para cada x∈
(
p−δ
,p+δ
)
, com a possível exceção de x=p.A condição L− <
ε
f x( )
< +Lε
pode ser expressa como( )
f x − <L
ε
e a condição que x está situado no intervalo
(
p−δ
,p+δ
)
, mas x≠p, podeser expressa como:
Definição 1.3.3 (versão final). Seja f x
( )
uma função definida em todo x dealgum intervalo aberto que contenha o número p, com a possível exceção de
que f x
( )
não precisa ser definida em p. Escreve-se:( )
limx→p f x =L (1.23)
se dado
ε
>0, pode-se achar um númeroδ
>0 tal que( )
f x − <L
ε
se 0< − <x pδ
(1.24)Exemplo Resolvido 1.3.1. Prove que
(
)
3lim 2 5 1
x→ x− = .
Solução. Deve-se mostrar que dado qualquer número positivo
ε
, pode-se encontrar um número positivoδ
tal que:(
2x− − <5)
1ε
se 0< − <x 3δ
simplificando tem-se:
2x− <6
ε
se 0< − <x 3δ
(
)
2 x 2
ε
− − < se 0< − <x 3
δ
2 x 3
ε
− − < se 0< − <x 3
δ
2 x− <3
ε
se 0< − <x 3δ
3 2
x− <
ε
se 0< − <x 3δ
, logo fica evidente que 2Exemplo Resolvido 1.3.2. Prove que
(
)
2lim 4 3 2
x
x
→ − = − .
Solução. Deve-se mostrar que dado qualquer número positivo
ε
, pode-se encontrar um número positivoδ
tal que:(
4 3− x) ( )
− − <2ε
se 0< − <x 2δ
6 3x− <
ε
se 0< − <x 2δ
(
)
3 x 2
ε
− − < se 0< − <x 2
δ
3 x 2
ε
− − < se 0< − <x 2
δ
3x− <2
ε
se 0< − <x 2δ
2 3
x− <
ε
se 0< − <x 2δ
, logo fica evidente que 3ε
δ
= .Exemplo Resolvido 1.3.3. Prove que
(
)
1lim 7 12 5
x→− x+ = .
Solução. Deve-se mostrar que dado qualquer número positivo
ε
, pode-se encontrar um número positivoδ
tal que:(
7x+12)
− <5ε
se 0< − − <x( )
1δ
7x+ <7
ε
se 0< + <x 1δ
(
)
7 x+ <1
ε
se 0< + <x 1δ
7 x+ <1
ε
se 0< + <x 1δ
2 7
x+ <
ε
se 0< + <x 1δ
, logo fica evidente que 7O valor de
δ
não é único, ou seja, uma vez achado um valor deδ
que preenche as condições da definição 1.3.3, então, qualquerδ
1>0, menorque
δ
, também satisfaz estas condições. Isto é, se é verdade que:( )
f x − <L
ε
se 0< − <x pδ
então também será verdade que
( )
f x − <L
ε
se 0< − <x pδ
1Exemplo Resolvido 1.3.4. Prove que
(
2)
1lim 1 2
x
x
→ + = .
Solução. Deve-se mostrar que dado qualquer número positivo
ε
, pode-se encontrar um número positivoδ
tal que:(
x2+ − <1)
2ε
se 0< − <x 1δ
2 1
x − <
ε
se 0< − <x 1δ
Como 2
(
)(
)
1 1 1
x − = +x x− , então:
1 1
x+ x− <
ε
se 0< − <x 1δ
ou
1
1
− < +
x
x
ε
se 0< − <x 1
δ
Para garantir esta afirmação, necessita-se achar um
δ
que “controle” o tamanho de ambos os fatores do lado esquerdo, pois o lado direito dá um “controle” do tamanho de x−1, mas não de x+1.Para contornar isto, pode-se fazer uma restrição quando ao valor de
o que implica:
1 3 x+ <
resultando
1 3
x− <
ε
se 0< − <x 1δ
Assim pode-se tomar
3
ε
δ
= (ou menos), sujeito à restriçãoδ
≤1. Ouseja, pode-se obter isto tomando
δ
como o mínimo entre3
ε
δ
= e 1, escritocomo min ,1 3
ε
δ
= ⎛⎜ ⎞⎟⎝ ⎠.
Definição 1.3.4. Seja f x
( )
definida em todo x que pertence a algum intervaloaberto infinito, o qual se estende na direção positiva do eixo x. Escreve-se:
( )
lim
x→+∞ f x =L (1.25)
se dado