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USO DE ANTIOXIDANTES EM GESTANTES ADOLESCENTES COM SÍNDROME HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GESTAÇÃO

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USO DE ANTIOXIDANTES EM GESTANTES ADOLESCENTES COM

SÍNDROME HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GESTAÇÃO

TATIANA MARTINS GOMES DE LIMA¹; RICARDO LAINO RIBEIRO2; FLÁVIA CONDE LAVINAS3; PATRICIA DE CARVALHO PADILHA4*

¹ Discente do Curso de Nutrição da Universidade do Grande Rio Professor José de Souza Herdy (UNIGRANRIO), Duque de Caxias, RJ, Brasil;; 2,3,4Docente do Curso de Nutrição do Curso de Nutrição da Universidade do Grande Rio Professor José de Souza Herdy

(UNIGRANRIO), *paticpadilha@yahoo.com.br Duque de Caxias, RJ, Brasil Rua Professor José de Souza Herdy,1160. CEP 25071-200, Duque de Caxias, RJ.

RESUMO

A gestação na adolescência nas últimas décadas vem sendo considerada um problema de saúde pública. A concorrência entre mãe e feto pelos nutrientes disponíveis pode trazer complicações obstétricas e perinatais, além de óbito tanto materno quanto fetal. Este estudo teve como objetivo revisar na literatura o papel dos nutrientes antioxidantes e sua importância na inclusão dietética de gestantes adolescentes hipertensas. Realizou-se consultas a artigos científicos e a livros relacionados ao assunto, publicados nos últimos 10 anos. Muitas gestantes adolescentes se alimentam de forma incorreta, apresentando um baixo consumo de alimentos que são fontes de nutrientes essenciais. As adaptações metabólicas que ocorrem no organismo da gestante conduzem na formação de radicais livres, sendo esse período caracterizado por um estado de alto nível de estresse oxidativo, quadro significativo no desenvolvimento de pré-eclâmpsia comparando com gestantes normais. Para evitar ou reduzir os danos causados pelos radicais livres, o organismo faz uso do sistema antioxidante que é composto por elementos essenciais como as Vitaminas C, E e A, Selênio, Ferro e Zinco. Concluiu-se que a assistência pré-natal à essas gestantes é uma excelente oportunidade para a orientação e para a saúde em geral e dietética em particular, pois através dela pode haver a identificação antecipada da inadequação do estado nutricional, minimizando assim os riscos de intercorrências gestacionais.

Palavras-chave: Gestantes, adolescentes, antioxidantes e hipertensão.

USE OF ANTIOXIDANTS IN PREGNANT WOMEN WITH ADOLESCENTS

HYPERTENSIVE DISORDER SPECIFIC TO PREGNANCY

ABSTRACT

The teenage pregnancy in recent decades has been considered a public health problem. The competition between mother and fetus for available nutrients can bring obstetric and perinatal complications, and both maternal and fetal death. This study aimed to review the literature on the role of antioxidant nutrients and their importance in the dietary inclusion of pregnant adolescents with hypertension. Held consultations with scientific articles and books related to the subject, published in the last 10 years. Many pregnant teenagers are fed incorrectly, with a low intake of foods that are sources of essential nutrients. The metabolic adaptations that occur in the body of the pregnant woman result in the formation of free radicals, this period being characterized by a state of high oxidative stress, a significant part in the development of preeclampsia compared with normal pregnant

Keywords: Pregnancy, adolescents, antioxidants and hypertension.

INTRODUÇÃO

Entre os tipos presentes da hipertensão arterial na gestação destacam-se a pré-eclâmpsia e a hipertensão gestacional, que são definidas clinicamente pelo aumento dos níveis da pressão

arterial após a 20ª semana de gestação em mulheres normotensas podendo estar associado ou não à proteinúria. Essa doença é incurável, exceto pela interrupção da gravidez. A doença é assintomática na fase inicial, porém, quando não tratada pode vir a desenvolver as formas graves,

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como a eclâmpsia e a síndrome HELLP (H - hemólise, EL - enzimas hepáticas elevadas e LP - baixa contagem de plaquetas), onde a eclâmpsia é definida pela manifestação de uma ou mais crises convulsivas que podem ocorrer durante a gestação, durante o trabalho de parto e no

puerpério imediato (DUSSE; VIEIRA;

CARVALHO, 2001; PERAÇOLI; PARPINELLI, 2005).

A maioria das mulheres que

desenvolveram as SHG apresentaram a forma menos grave, a hipertensão gestacional (CAMPOS et al., 2008).

O princípio do tratamento da pré-eclâmpsia consiste na diminuição da pressão sanguínea materna e no aumento do fluxo sanguíneo placentário. Medicamentos como a hidralazina e a metildopa são os mais usados comumente como anti-hipertensivos durante a gestação, promovendo o relaxamento do músculo liso das arteríolas periféricas e a redução da resistência vascular (FERRÃO et al., 2006).

Embora os benefícios sejam claros em relação às mães, pouco se conhece sobre o efeito do tratamento anti-hipertensivo na circulação materno-fetal. Segundo estudos já realizados viu-se que mesmo melhorando a circulação local, os benefícios parecem não ser suficientes para as alterações nas condições de vida do recém-nascido (FERRÃO et al., 2006).

Muitas evidências mostram que o estresse oxidativo tem ação na patogênese da pré-eclâmpsia assim como também no diabetes gestacional. O estresse oxidativo está relacionado ao aumento da formação de espécies reativas ao oxigênio e/ou à diminuição da habilidade antioxidativa. Redução dos agentes antioxidativos como o superóxido dismutase, catalase, glutationa e vitamina E, ou aumento dos níveis de peróxido de lipídeo, agente pró-oxidativo, fazem presentes na pré-eclâmpsia (ORCY et al., 2007).

O estado nutricional da mãe pode afetar significativamente o desfecho da gestação (CAMPOS et al., 2008). O uso de antioxidantes como a Vitamina E e C, poderia diminuir os níveis de peróxido de lipídeo na perfusão de placenta de mulheres com pré-eclâmpsia, porém o excesso da formação de ascorbato por administração de Vitamina C pode causar o aumento do estresse oxidativo. Foi observado que a suplementação com Vitaminas C e E na gestação não acarretou na redução da incidência de pré-eclâmpsia, porém, aumentou a incidência de recém-nascidos de baixo peso (ORCY et al., 2007).

A deficiência de Vitamina A por sua vez predispõe as gestantes à maior gravidade das

intercorrências gestacionais, ao aborto espontâneo, e está associada a infecções, anemia, ao desenvolvimento das SHG e à maior mortalidade materna e dos lactentes nos primeiros seis meses de vida (CAMPOS et al., 2008).

Os resultados de um estudo mostraram um importante acometimento de mulheres durante a gestação por deficiências nutricionais e por intercorrências gestacionais, especialmente as SHG, anemia e deficiência de Vitamina A. Do mesmo modo, apontaram a obesidade pré-gestacional como um possível fator de risco para as SHG, sugerindo uma associação entre os baixos níveis de carotenóides séricos e tal intercorrência (CAMPOS et al., 2008).

ESTRESSE OXIDATIVO

O processo de estresse oxidativo procede da existência de um desequilíbrio entre os compostos oxidantes e antioxidantes, levando vantagem o primeiro. São geradas várias espécies reativas, os radicais livres, que possuem um elétron desemparelhado em sua camada eletrônica, e as espécies reativas não radicais, que favorecem a ocorrência de danos oxidativos (BARBOSA et al., 2008).

A oxidação é parte essencial da vida aeróbica e do nosso metabolismo e, assim, são produzidos naturalmente ou por alguma disfunção biológica os radicais livres (BARREIROS; DAVID, 2006). O oxigênio é o mais importante fornecedor de radicais livres, além dele temos também o superóxido, os radicais hidroxila, do óxido nítrico e do ácido hipoclorito. Eles são principalmente produzidos por células endoteliais, eosinófilos e neutrófilos (LEITE; SARNI, 2003).

Em torno de 95% do oxigênio consumido durante o metabolismo aeróbico é aproveitado pelas mitocôndrias para a produção de energia, o que resta não é completamente oxidado em água, formando assim os radicais livres, que são elementos tóxicos (BARBOSA et al., 2008). Esses radicais livres no organismo encontram-se envolvidos na fagocitose, produção de energia, regulação do crescimento celular, sinalização intercelular e síntese de substâncias biológicas importantes, porém, seu excesso apresenta efeitos maléficos, tais como a peroxidação dos lipídeos de membrana e agressão às proteínas das membranas e dos tecidos, às enzimas, carboidratos e DNA, tendo assim relação com várias patologias, podendo ser a causa ou o fator agravante (BARREIROS; DAVID, 2006).

Em contrapartida, são desenvolvidos mecanismos protetores, que por sua vez, têm o papel de neutralizar os compostos reativos,

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prevenindo assim os efeitos adversos do estresse oxidativo (BARBOSA et al., 2008). Esse excesso de radicais livres presentes no organismo são combatidos pelos antioxidantes (BARREIROS; DAVID, 2006).

Entre as principais funções do nitrogênio, que também participa da estrutura dos radicais livres (em especial o óxido nítrico), destacam-se a regulação da pressão arterial e a sinalização intercelular. O óxido nítrico é sintetizado a partir da arginina por ação do óxido nítrico sintetase e dentre outras coisas promove a vasodilatação com redução da resistência periférica (relaxamento do endotélio vascular) e inibe a agregação plaquetária. Tem sua meia vida em torno de milésimos de segundos, podendo se converter rapidamente em radical livre com efeito vasoconstritor, e é anulado pela presença da Vitamina C, que promove a recuperação do óxido nítrico (LEITE; SARNI, 2003).

ANTIOXIDANTES

Os antioxidantes são substâncias que, quando estão presentes em baixa concentração, comparadas à do substrato oxidável, regenera o substrato ou previne significantemente a oxidação do mesmo. Os antioxidantes podem ser produzidos pelo nosso corpo, ou absorvidos na dieta (BARREIROS; DAVID, 2006).

O uso de antioxidantes parece promissora em abrandar os efeitos da produção descontrolada de radicais livres em pacientes graves, porém, há carência de evidências que determinam a melhor forma de suplementação e qual a fase mais adequada da doença para isso. Os efeitos adversos de seu uso clínico precisam ser levados em conta, já que todo antioxidante pode ter efeito pró-oxidante e aumentar assim a lesão tecidual. Considerando os ricos de carências, mas também do excesso, deve-se procurar não exceder as recomendações preconizadas para esses micronutrientes (LEITE; SARNI, 2003).

Vitamina A é a expressão genérica utilizada para descrever o retinol e todos os carotenóides dietéticos que tem atividade biológica de transretinol, e é essencial à vida do ser humano, especialmente nos momentos de intenso crescimento e desenvolvimento, tais como a gestação e a infância. Além da sua atuação em diversos processos metabólicos, têm-se destacado seu efeito antioxidante, desempenhado principalmente pelas formas pró-vitamínicas, os carotenóides, atualmente considerados como importantes antioxidantes. Existem na natureza mais de 600 formas de carotenóides, porém, aproximadamente 20 têm atividade de

pró-vitamina A e em alimentos são disponíveis em apenas três, o α-caroteno, caroteno e β-criptoxantina, sendo esses os mais importantes precursores da vitamina A em humanos (GOMES; SAUNDERS; ACCIOLY, 2005).

A vitamina A atua no metabolismo intermediário, na síntese de ácido ribonucléico (RNA) e proteínas, enzimas, globulinas, glicoproteínas, queratina, na permeabilidade celular e nos metabolismos da hemoglobina e do zinco (GOMES; SAUNDERS; ACCIOLY, 2005).

No nascimento, período no qual o recém nascido produz uma enorme quantidade de radicais livres em resposta à exposição a elevadas concentrações de oxigênio, essa função antioxidante da vitamina A é de grande importância. Desta forma, a carência desse micronutriente poderá interferir na reprodução, no crescimento e no desenvolvimento infantil (GOMES; SAUNDERS; ACCIOLY, 2005).

Além das funções antioxidantes, a Vitaminas A tem as seguintes funções para as gestantes em geral: Papel na visão; reprodução e desenvolvimento fetal; na função imune; na regulação da proliferação e diferenciamento celular; na manutenção do tecido esquelético; na manutenção da placenta; é indispensável para o crescimento e desenvolvimento fetal normal; constituição da reserva hepática fetal e para o crescimento tecidual materno além de participar da síntese de hormônios esteróides. Sua deficiência está relacionada à pré-eclâmpsia e eclâmpsia dentre outras intercorrências (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005; NETO, 2003).

A vitamina C, conhecida também como ácido ascórbico é facilmente oxidado pelo calor e rapidamente absorvido pelo intestino delgado, porém, é armazenado até certa quantidade em tecidos como o fígado e o baço. É necessária à produção de colágeno, manutenção e integridade das paredes capilares, formação dos glóbulos vermelhos do sangue, metabolismos de alguns aminoácidos, além de facilitar a absorção de ferro, formação dos dentes e ossos, aumenta a resistência às infecções e favorece a cicatrização (IMeN, 2009).

Há evidências que sua deficiência influencia negativamente sobre o crescimento e desenvolvimento fetal e placentário, além de estar relacionada a pré-eclâmpsia dentre outras intercorrências (MALTA et al., 2008).

A vitamina C também tem as seguintes funções para as gestantes em geral: atua na função dos linfócitos; na melhora da resposta imune e da reação alérgica, importante no metabolismo do ácido fólico, na oxidação da fenilalanina e da

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tirosina e na redução do ferro férrico a ferroso (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005).

A vitamina E é o nome genérico dado a compostos lipídio-solúvel provenientes de plantas chamados tocoferóis. É armazenado no fígado, nos músculos e no tecido adiposo e é considerada um antioxidante biológico por manter a integridade das membranas celulares que possuem ácidos graxos poli-insaturados. Minimiza ou anula as reações agressivas causadas por radicais livres produzidos por processos metabólicos ou da ação de agentes tóxicos sobre as membranas celulares (JÚNIOR; LEMOS, 2009).

Sua deficiência pode causar anemia hemolítica, reticulocitose, hiperbilirrubinemia, baixos níveis de hemoglobina e neuropatia periférica. Outros comprometimentos associados a carência de vitamina E são a ataxia espinocerebelar, miopatia esquelética e retinopatia pigmentar (JÚNIOR; LEMOS, 2009).

Em humanos, a vitamina E parece ter baixa toxicidade, porém, há poucas evidências na segurança de utilizar a vitamina E na gravidez (JÚNIOR; LEMOS, 2009).

A vitamina E também tem as seguintes funções para as gestantes em geral: Protege às membranas celulares da ação dos radicais livres e previne a peroxidação dos PUFAs. Sua deficiência está relacionada com as SHG dentre outras intercorrências (SILVA; MURA, 2007).

O selênio é um componente da glutationa peroxidase (agindo como antioxidante) e atua na prevenção de doenças degenerativas. Concentra-se no sangue, fígado, baço, coração, cabelo, unha e testículos (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005). Funciona associado às seleno-proteínas, das quais muitas são enzimas que protegem contra a oxidação descontrolada no organismo (AMAYA-FARFAN; DOMENE; PADOVANI, 2001).

O ferro, fisiologicamente, encontra-se na forma ferrosa (Fe++) ou férrica (Fe+++), e alternadamente funciona, ora como agente oxidante

,

ora como agente redutor dentro de um mesmo sistema. Devido a sua grande capacidade reativa, o ferro é praticamente encontrado no organismo, ligado às proteínas de transporte ou de armazenamento ou como componente funcional de compostos heme e de metaloenzimas. Estes compostos previnem ou limitam a participação do ferro em reações oxidativas que podem ocasionar dano ao organismo e são de vital importância para o suprimento de oxigênio aos tecidos (CANÇADO, 2010)

O ferro participa de diversos processos metabólicos, incluindo o transporte de elétrons, metabolismo de catecolaminas (co-fator da enzima tirosina hidroxilase) e síntese de DNA. É

o oligoelemento mais abundante no organismo humano e sua deficiência apresenta prevalência mundial, estima-se que aproximadamente certa de 60% das gestantes apresentem anemia. Sua recomendação varia acentuadamente a cada trimestre gestacional (SILVA et al.,2007).

A carência materna deste mineral durante o período gestacional pode também comprometer o desenvolvimento do cérebro do recém nascido, prejudicando o desenvolvimento físico e mental, leva a diminuição da capacidadecognitiva, aprendizagem, concentração, memorização, e alteração do estado emocional (SILVA et al.,2007).

A suplementação de ferro na gestação geralmente é recomendada, mesmo a gestante não apresentando um quadro de anemia, com o objetivo de satisfazer o aumento das necessidades desse mineral durante os dois últimos trimestres da gestação, pelo fato da recomentação do ferro ser difilcilmente atingida somente pela ingestão dietética (CANÇADO, 2010).

A toxicidade do ferro por suplementação pode acarretar na interferência na absorção de outros minerais, como o zinco por exemplo, onde a sua absorção pode ser competitivamente inibida pelo sulfato ferroso em solução aquosa quando a concentração iônica total de ambos de ambos exceder 25 mg. Não existem evidências dessa interação competitiva na presença de alimentos (SILVA et al.,2007).

O zinco tem um importante papel na reprodução, diferenciação celular, crescimento, desenvolvimento, reparação tecidual e imunidade. É constituinte de mais de 300 metaloenzimas que participam no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas e na síntese e degradação de ácidos nucléicos (PERSON; BOTTI; FÉRES, 2006).

Sua deficiência é responsável por várias anormalidades bioquímicas e funcionais no organismo humano, devido à sua participação em diversos processos metabólicos. Os prejuízos que podem ocorrer na gestação onde as necessidades apresentam-se ainda mais elevadas, são consequências dessa carência nutricional, porém, pode ser corrigidas através de suplementação específica (PERSON; BOTTI; FÉRES, 2006).

A carência de zinco na gestação está relacionada ao aborto espontâneo, retardo do crescimento intra-uterino, nascimento pré-termo, pré-eclâmpsia, prejuízo da função dos linfócitos T e anormalidades congênitas (SILVA et al.,2007).

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FONTES ALIMENTARES,

RECOMENDAÇÕES E

SUPLEMENTAÇÕES

NUTRICIONAIS

As necessidades nutricionais de nutrizes e gestantes adultas são diferentes quando comparadas as mulheres não grávidas, porém, não são quantitativamente tão importantes, por isso,

não há necessidade nem justificativa se fazer o uso de suplementação nem de excessos alimentares quando a dieta é equilibrada (NETO, 2003).

Para gestantes adolescentes, que nesta fase tem-se a superposição de dois processos biológicos de alta demanda nutricional (o crescimento e desenvolvimento materno e fetal), recomenda-se um adicional de 150kcal/dia, além

do extra da

gestação normal. No caso das gestantes adolescentes biologicamente maduras deve-se seguir os critérios das gestantes adultas. Quanto mais próximo da menarca, maiores vão ser os riscos nutricionais em função das necessidades aumentadas (SILVA; MURA, 2007).

As orientações para este grupo específico devem: Esclarecer sobre a importância do ganho de peso gestacional adequado e os benefícios da alimentação equilibrada para que possa atender às necessidades materno-fetais, melhorando o resultado obstétrico e crescimento linear materno, e contribuindo também para a lactação; Desencorajar o consumo de fast foods, lanches em substituição das grandes refeições e de doces, refrigerantes e bebidas alcoólicas; Estimular o consumo de alimentos fortificados; Monitorar o consumo de alimentos light e diet pelo conteúdo de edulcorantes artificiais; estimular a prática de amamentação, dando orientações sobre o aleitamento e sobre as vantagens do leite materno e incluir essas gestantes adolescentes em grupos de assistência multiprofissional (SILVA; MURA, 2007).

As Vitaminas A (ou carotenóides), C e E, o Selênio, o Ferro e o Zinco devem ser recomendados visando à prevenção das SHG pelo seu poder antioxidante, pois evitam a lesão endotelial e a ação vasoconstritora e são capazes de ajudar a prevenir a pré-eclâmpsia. A conduta geral para todas as Síndromes Hipertensivas da Gestação são: O controle do ganho de peso gestacional; o controle do stress e infecções; Orientar ao repouso noturno de 8hs e diurno de 2hs para aumentar o fluxo plasmático e filtração glomerular que favorece a natriurese; Orientar para evitar o fumo e monitorar a vitalidade e crescimento fetal (SILVA; MURA, 2007).

Com relação à Vitamina A (retinol), podemos encontrar em alimentos de origem animal, hortaliças, frutas, cereais e óleos (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005; REIS, 2003).

Vitamina C (ácido ascórbico) encontramos em Hortaliças do grupo A (folhosas) e nabo, pimentão e tomate, e em frutas como o morango, mamão, abacaxi, a acerola, o caju, a goiaba, a laranja, o limão, a manga e a tangerina (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005; REIS, 2003).

A Vitamina E (tocoferol) encontramos em hortaliças dos grupos A e B, no óleo de gérmen de trigo, óleo de milho, óleo de soja, óleo de girassol, na soja, no leite de vaca, no arroz, no algodão, no abacate, no salmão, no damasco e na gema de ovo (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005; REIS, 2003).

O Selênio que é um mineral pode ser encontrado em alimentos como o leite, a manteiga, o pão integral, a aveia, a castanha-de-caju, nos frutos do mar, no fígado e rins (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005; REIS, 2003).

O Ferro pode ser encontrado em alimentos de origem animal como as carnes (principalmente as carnes vermelhas) e em alguns órgãos, em especial o fígado e em alimentos de origem vegetal, como o feijão, a lentilha, a soja, e os

vegetais verde-escuros. (GIUGLIANI;

VICTORA, 2000)

O Zinco pode ser encontrado em alimentos como os mariscos, ostras, fígado, gérmen de trigo, alface entre outros (PERSON; BOTTI; FÉRES, 2006)

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Tabela1: recomendações nutricionais das Vitaminas A, C, E, Selênio, Ferro e Zinco para adolescentes, mulheres e gestantes.

Vitaminas/

Mineral

Adolescentes/Mulher

9-13 / 14-18 / 19-30

IDR-Gestantes

14-18 / 19-30

RDA

Gestantes

UL

Gestantes

A (µg/dia)

600 / 700 / 700

750 / 770

800

-

C (mg/dia)

45 / 65 / 75

80 / 85

70

-

E (α-tocoferol mg/dia)

11 / 15 / 15

15

10

800 a 1000

Selênio (µg/dia)

40 / 55 / 55

60

65

-

Ferro (mg/dia)

8 / 15 / 18

27

30

45

Zinco (mg/dia)

8 / 9 / 8

13 / 11

15

34 a 40

Fonte:IOM , 2000; IOM, 2001.

Segundo a OMS em relação à Vitamina A sua suplementação trás benefícios como a redução da mortalidade materna desde que em doses que não aumentem os riscos teratogênicos, além de

atuar na melhoria da anemia podendo estar associada ao ferro e ao tratamento de verminoses (SILVA; MURA, 2007).

Um adicional de 10mg/dia de Vitamina C é recomendado para mulheres grávidas

(MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005). E as fumantes necessitam de duas vezes mais a recomendação total. Seu consumo de ser frequente já que não se formam reservas (VITOLO,2003).

A OMS recomenda para o período gestacional, uma suplementação de 60 mg/dia de ferro durante seis meses, e caso a suplementação seja iniciada em um período que não seja possível atingir os 180 dias até o término da gestação, a dose a ser recomendada passa para 120 mg/dia (SILVA et al.,2007).

Gestantes que fazem uso de uma dieta rica em alimentos integrais e fitatos, suplementação elevada de ferro (30 mg/dia), fumo, abuso de álcool e stress, devem receber uma suplementação de 25 mg/dia de zinco, com a finalidade de minimizar os riscos de complicações associadas à sua deficiência (SILVA et al.,2007).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A assistência pré-natal à essas gestantes é uma excelente oportunidade para a orientação e para a saúde em geral e dietética em particular (BARROS et al., 2004), pois através dessa assistência pode haver a identificação antecipada da inadequação do estado nutricional destas gestantes, minimizando assim os riscos de intercorrências gestacionais (BARROS;

SAUNDERS; LEAL, 2008; PADILHA et al., 2009).

Complicações na gravidez, parto e puerpério se apresentam como a principal causa de morte nas adolescentes entre 15 e 19 anos, em especial pelos estados hipertensivos, dentre outras intercorrências (BORGES; SCHWARZTBACH, 2003), fazendo assim que haja uma associação entre a gravidez na adolescência e maiores agravos à saúde materna, assim como complicações perinatais, com particularidade

entre as adolescentes mais jovens

(GOLDENBERG; FIGUEIREDO; SILVA, 2005). As SHG são exaustivamente estudadas devido à sua prevalência e devido a sua associação à morbimortalidade materna e perinatal (CAMPOS et al., 2008).

As adaptações metabólicas que ocorrem no organismo da gestante conduzem a um aumento da taxa metabólica basal, no alto consumo de oxigênio e consequentemente na formação de radicais livres, sendo esse período caracterizado por um estado de alto nível de estresse oxidativo,

sendo esse quadro significativo no

desenvolvimento de um quadro de pré-eclampsia comparando com gestantes normais (BARROS et al., 2004).

Os radicais livres podem induzir danos nas moléculas biológicas, e para se evitar ou reduzir estes danos, o organismo lança mão do sistema antioxidante que é composto por vitaminas, minerais, enzimas e algumas proteínas.

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Os micronutrientes antioxidantes interceptores dos radicais livres mais importantes obtidos através da dieta são: as Vitaminas C, E e A, selênio, ferro e zinco (BARREIROS; DAVID, 2006).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Recebido em / Received: 2010-12-16 Aceito em / Accepted: 2011-04-04

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