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Ensaio de prova de carga sobre placa em Sinop-MT Load plate test in Sinop-MT

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Ensaio de prova de carga sobre placa em Sinop-MT

Load plate test in Sinop-MT

Sabrina de Souza¹, Júlio César Benatti², Flávio Alessandro Crispim³, Érika Borges Leão4

Resumo: A fundação é uma das etapas mais importantes de uma obra civil, pois ela é a responsável pela transmissão dos esforços da estrutura para o solo. A escolha correta da fundação depende das características mecânicas dos solos, das condições do perfil além da disponibilidade do tipo de fundação na região da obra. Existem vários ensaios que visam analisar todas essas características, porém, em pequenas obras, esses ensaios são infrequentes por elevarem o custo. Um dos ensaios de investigação geotécnica mais realizado é o Stardart Penetratios Test (SPT). Além do SPT, existe também o ensaio de prova de carga em placa, normatizado pela NBR 6489, que analisa o desempenho das fundações submetidas a um carregamento de projeto. O ensaio consiste na realização de carregamentos sucessivos transmitidos a uma placa de aço com área de 0,5 m² através de um macaco hidráulico. As leituras dos recalques foram medidas para gerar um gráfico de tensão versus recalque, onde constatou-se a real tensão admissível. Através do ensaio de prova de carga em placa, observou-se que a tensão admissível para o solo analisado no município de Sinop-MT é de 54,5 kN/m2.

Palavras-chave: fundação, investigação geotécnica, ensaio de prova de carga em placa, tensão admissível, fundações superficiais.

Abstract: The foundation is one of the most important stages from a construction project, because it is responsible for the structure efforts transmission to the soil. The correct choice of foundation depends on the soil mechanical characteristics, the profile conditions and the availability on foundation type in the construction work region. There are several tests that aim to analyze all these features; however, in small works these tests are infrequent by raising the construction work cost. One of the geotechnical investigation tests more realized is the Stardart Penetratios Test (SPT). In addition to the SPT, there is also the load plate test, regulated by NBR 6489, which analyzes the performance on foundations subjected to a loading of designing. The test consists of making successive loadings transmitted to a steel plate with an area of 0.5 m² using a hydraulic jack. The readings of settlements were measured to generate a graph of voltage versus repression, which noted the real admissible tension. Through the load plate test, it was noted that the admissible tension for the tested soil in Sinop-MT is about 54.5 kN/m2.

Keywords: foundation, geotechnical investigation, load plate test, admissible tension, shallow foundations.

1 Introdução

Todas as obras civis se assentam sobre o terreno e inevitavelmente é necessário que o comportamento do solo seja devidamente estudado.

Como todas as outras etapas necessárias em uma obra, a fundação é uma das mais importantes, pois é responsável por fazer a transmissão de esforços da estrutura para o solo.

A escolha da fundação mais adequada depende das características mecânicas do solo, bem como das condições do perfil, além da disponibilidade do tipo de fundação na região da obra.

O ensaio mais utilizado no Brasil para caracterização do subsolo é o Standart Penetration Test (SPT), normatizado pela ABNT (2011).

Entretanto, quando se tratam de pequenas obras, é frequente a realização de projetos de fundação sem que se tenham parâmetros do perfil. Isso porque, o custo dos ensaios de prospecção é elevado.

Tão necessário quanto os ensaios de caracterização e reconhecimento do subsolo, são os ensaios que visam analisar o desempenho das fundações submetidas aos carregamentos de projeto, ou seja, a execução de prova de carga, normatizada pela ABNT (1984).

O ensaio de prova de carga é um dos ensaios

fundamentais para projetos em fundações, por trazer dados imediatos, estabelecer com maior segurança o nível de carga suportado pelo terreno e constatar o nível de recalque a ser imposto à futura estrutura quando carregada.

De acordo com Pinto (2012) o solo do município de Sinop-MT é um solo pouco resistente, apresentando valores de Nspt da ordem de 3 para a camada mais superficial. Os valores de Nspt também indicam um solo de alta compressibilidade.

Para este tipo de solo, as fundações superficiais não são recomendadas. Entretanto, é bastante comum a adoção desta alternativa no município, inclusive para obras de mais de um pavimento.

Diante deste contexto, este trabalho tem como objetivo obter a capacidade de carga da camada superficial do solo do município de Sinop-MT, através da realização de ensaio de prova de carga em placa circular. Os dados encontrados vão acrescentar valores úteis ao projeto e à escolha das fundações. A capacidade de carga obtida por meio do ensaio de prova de carga em placa será comparada com resultados obtidos a partir de ensaios de SPT.

2 Revisão Teórica

O estudo de uma fundação depende do cálculo das cargas e do estudo do terreno para que possa ser escolhido o melhor tipo de fundação a ser utilizada (CAPUTO, 1987), superficial ou profunda, e ainda a melhor solução dentro de cada tipo.

Segundo Alonso (2009), as fundações superficiais são aquelas que se apoiam logo abaixo da infraestrutura e transmitem a carga ao solo através da sua base. De acordo com a ABNT (2010) elas podem ser

1Acadêmica de Engenharia Civil, UNEMAT, Sinop-MT,

Brasil, E-mail: sabrinasouzasng@hotmail.com

2Mestre, Professor concursado, UNEMAT, Sinop-MT, Brasil,

E-mail: jcbbenatti@gmail.com

3Doutor, Professor concursado, UNEMAT, Sinop-MT, Brasil,

E-mail: crispim@unemat-net.br

4Doutora, Professora concursada, UNEMAT, Sinop-MT,

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classificadas em: radier, sapatas associadas, blocos, sapatas, vigas de fundações e sapatas corridas. Pelo aspecto técnico, as fundações superficiais são aquelas que têm mais facilidade de inspeção do solo de apoio, juntamente com o controle de qualidade do material empregado, no que diz respeito à resistência à aplicação (JOPPERT JÚNIOR, 2007).

De acordo com a ABNT (2010) as fundações profundas são as responsáveis pela transmissão de cargas ao solo pela base, pela superfície lateral ou por uma combinação das duas, e deve ser assentada a uma profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em planta, e mínima de 3 metros. Elas podem ser classificadas como estaca, tubulão e caixão.

Para a elaboração de um projeto de fundações, é necessário que se tenham parâmetros do perfil do solo sobre o qual será implantada a obra. Velloso e Lopes (2010) afirmam que um dos primeiros passos para uma boa investigação do subsolo é elencar e definir as etapas da investigação e os objetivos a serem alcançados. Sequencialmente, as etapas são: investigação preliminar, complementar ou de projeto e a execução da obra.

A investigação preliminar tem como objetivo conhecer as principais características do subsolo. Nessa etapa são executadas apenas sondagens a percussão, salvo os casos onde se observa a ocorrência de blocos de rocha que terão que ser ultrapassados. Na investigação complementar procura-se entender os aspectos ressaltantes do subsolo e fazer a caracterização do solo mais aprofundada para fins do comportamento das fundações. Já a investigação para a fase de execução deve confirmar as condições de projeto em áreas críticas da obra (VELLOSO e LOPES, 2010).

O ensaio mais empregado no Brasil para a prospecção do subsolo é o ensaio de sodagem SPT. O ensaio é muito difundido em função dos baixos custos de execução e da existência de diversas metodologias de cálculo de fundações que se pautam nos seus resultados (DUARTE, 2006; PEIXOTO, 2001).

2.1. Capacidade de carga de um solo

Segundo a ABNT (2010) a tensão admissível direta é a tensão aplicada ao solo que provoca apenas recalques que a construção pode suportar, oferecendo segurança satisfatória contra a ruptura ou o escoamento do solo ou do elemento estrutural. Pode ser obtida através do fator de segurança global ou pela aplicação de fatores de segurança parciais. De acordo com a ABNT (1996), a capacidade de carga para fundações rasas podem ser estimada através dos seguintes métodos:

a) Teórico, baseado nos fundamentos da mecânica dos solos;

b) Semi-empíricos; c) Empíricos;

d) Provas de carga sobre placa.

O método teórico é aquele em que a tensão admissível do solo pode ser determinada por meio da teoria desenvolvida na Mecânica dos Solos, somada ao conhecimento de dados sobre compressibilidade, resistência ao cisalhamento do solo, entre outros. De acordo com Cintra (2011), um dos métodos teóricos propostos é o de Terzaghi, cuja formulação

considera os critérios de ruptura apresentados por Vésic (1975 apud CINTRA et al, 2011). A equação, na sua forma geral, é apresentada a seguir. (Equação 1).

 

r

cN

c

S

c

qN

q

S

q

1

/

2

BN

S

(Equação 1)

Onde:

σr = tensão de ruptura (kN/m2); c = coesão (kN/m2);

Nc, Nq, Nʏ= fatores de capacidade de carga;

Sc, Sq, Sʏ= fatores de forma;

q = sobrecarga, (q=ʏ.h) (kN/m2); B = base da placa (m).

Os métodos empíricos e semi-empíricos têm propriedades estimadas com base em correlações, para em seguida serem aplicadas em fórmulas teóricas, adaptadas ou não. Podem também utilizar diretamente os resultados de ensaios (HACHICH et al, 1998).

A prova de carga sobre placa se resume em um ensaio de um modelo de sapata reduzida. Foi criada antes dos estudos da Mecânica dos Solos e aplicada empiricamente com o objetivo da obtenção de informações sobre o comportamento do solo de uma fundação (HACHICH et al, 1998).

Este ensaio, segundo Alonso (2009), procura reproduzir no campo o comportamento da fundação sob ação das cargas que lhe serão impostas pela estrutura. A Figura 1, mostra os tipos de ensaio segundo sua localização, ao tipo de placa e ao modelo de carregamento.

Figura 1. Tipos de ensaio de placa. (a) localização, (b) tipo de placa, (c) (d) (e) ao modelo de carregamento

Fonte: Velloso e Lopes (2010).

Alguns pontos são relevantes na execução e interpretação de ensaios de prova de carga em placa, como a profundidade de execução do ensaio, o tamanho e forma da placa, os estágios de carregamento e descarregamento, a tensão limite ou deformação limite a ser atingida, o esquema de reação à carga aplicada, a curva tensão x recalque, a interpretação dos resultados e sua aplicação.

2.2 Prova de carga em placa

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sistemas de leitura e aquisição de dados. Os resultados obtidos resultam em um gráfico tensão x recalque, conforme apresentado na Figura 2.

Figura 2. Gráfico tensão x recalque. Fonte: Alonso (1991).

Hachich et al, (1998) afirmam que os resultados interpretados de uma prova de carga devem atender sempre os critérios de ruptura do solo que norteiam os projetos de fundação.

Para que os resultados da prova de carga sobre a placa possam ser estendidos à fundação, é necessário que os bulbos de tensão da placa e da fundação englobem solos com as mesmas profundidades, mesmas caraterísticas de resistência e de deformabilidade. Antes de realizar a prova de carga, é necessário conhecer o perfil geotécnico do solo para evitar interpretações erradas. Portanto, se no subsolo existirem camadas mais compressíveis e mais profundas, que não sejam solicitadas pela placa, mas que estejam solicitadas pela fundação, o resultado do ensaio de prova de carga será inválido (ALONSO, 2009).

A correção dos bulbos de tensões é feita levando-se em consideração o modelo de Terzaghi e Peck (1948 apud Hachich et al, 1998), com base no coeficiente de reação. Uma representação dos bulbos de tensão é apresentada na Figura 3, abaixo.

Figura 3. Bulbos de tensões. Fonte: Alonso (2009).

3 Metodologia

3.1 Localização

O ensaio de prova de carga em placa foi realizado no município de Sinop – MT, no Campus da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT. A Figura 4 apresenta a localização do ensaio no campus.

Figura 4. Localização do ensaio de placa no campus da UNEMAT, em Sinop, MT.

Fonte: Adaptado de Google Earth (2014).

3.2 Equipamentos e materiais

Para a realização da prova de carga, o sistema foi dotado dos seguintes componentes: (a) placa de aço com diâmetro de 0,80 m 80 m, (b) macaco hidráulico com capacidade de 300 kN, (c) viga metálica com 5 m, (d) concreto e aço (para estacas e bloco de reação), (e) extensômetros com precisão de 10-5 m, (f) mão-de-obra para os serviços de escavação, concretagem, solda e montagem dos equipamentos. A viga de reação foi posicionada e centralizada no poço e suas extremidades foram soldadas sobre os blocos. A viga possui 5 m de comprimento e aproximadamente 200 kg, em perfil I.

Foi utilizado também um macaco hidráulico com capacidade de 300 kN e munido de manômetro. Os carregamentos foram feitos até ser alcançada a carga esperada, sendo a mesma conservada durante o ensaio. O macaco hidráulico foi calibrado e revisado em uma empresa especializada.

As Figuras 5 a 10 mostram os equipamentos e materiais utilizados na realização do ensaio de prova de carga.

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Figura 6. Macaco hidráulico. Fonte: Acervo pessoal.

Figura 7. Viga metálica. Fonte: Acervo pessoal.

Figura 8. Bloco e estacas. Fonte: Acervo pessoal.

Figura 9. Extensômetros. Fonte: Acervo pessoal.

Figura 10. Mão-de-obra e serviços. Fonte: Acervo pessoal.

3.3 Determinação da tensão admissível estimada

Para a estimativa da tensão admissível, foram utilizados resultados médios de ensaios de SPT realizados em uma obra próxima ao local do ensaio. Com os valores médios de SPT obteve-se a tensão admissível estimada utilizando-se as formulações propostas por Terzaghi (1967 apud CINTRA et al, 2011), Décourt (1996 apud CINTRA et al, 2011) e Teixeira (1996 apud HACHICH et al, 1998).

3.4 Método e montagem do ensaio

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Figura 11. Esquema do ensaio, 1) estacas 2) viga metálica 5 metros 3) macaco hidráulico 300 kN 4) placa de aço 5) bloco.

Fonte: Autoria própria.

Para início do ensaio de prova de carga, fez-se a escavação do solo onde a placa foi assentada e também das estacas e dos blocos que fizeram parte da fundação do sistema de reação. O terreno foi aplanado e não houve influência de cargas externas. A Figura 12 apresenta a cava onde foi realizado o ensaio. A profundidade escavada foi de 1 m e a largura da cava 1,20 m.

Figura 12. Poço para assentamento da placa. Fonte: Acervo pessoal.

O sistema de reação foi composto por oito estacas com diâmetro de 0,30 m e 2 m de profundidade. Cada estaca foi armada com 3 barras de aço de 16 mm. Os dois blocos, com dimensões de 1,20 m x 0,80 m e esquematizados na Figura 13, foram implantados a uma distância de 0,50 m da cava.

Figura 13. Dimensão do bloco, em metros. Fonte: Autoria própria.

Com a escavação e a armação do sistema de reação prontas, foi realizada a concretagem, como mostra a Figura 14.

Figura 14. Concretagem do bloco e das estacas. Fonte: Acervo pessoal.

A placa utilizada no ensaio possui formato circular, confeccionada em aço, com 0,08 m de espessura e 0,80 m de diâmetro, resultando em uma área de contato com o solo de 0,50 m². Para que fosse alcançada uma maior rigidez, ela foi equipada com mão francesa (Figura 5). Como meio de transferência de carga aplicada pelo macaco hidráulico até a placa, foi utilizada uma torre de aço com 0,25 m de diâmetro e 0,30 m de comprimento. Duas hastes de metal foram soldadas na placa para servir de apoio para os extensômetros. Uma próxima ao centro e outra na borda, a fim de estimar o módulo de deformabilidade do solo nestas duas regiões.

Os extensômetros foram fixados em uma estrutura de metal, livres das ações da viga e do macaco hidráulico e isolados para que não houvesse influências externas nas leituras.

3.5 Estimativa da capacidade de carga para a definição dos estágios de carregamento

A Tabela 1 apresenta os valores de capacidade de carga calculados de acordo com os métodos de Terzaghi (1967 apud CINTRA et al, 2011), Décourt (1996 apud CINTRA et al, 2011) e Teixeira (1996 apud Hachich et al, 1998).

Tabela 1. Estimativa das tensões admissível e de ruptura. Fonte: Autoria Própria.

Método

Tensão Admissível

(kN/m2)

Tensão de Ruptura

(kN/m2) Teórico de

Terzaghi (1967)

67,0 134,0

Décourt (1996) 75,0 300,0

Teixeira (1996) 58,6 -

(6)

devido à precisão do macaco hidráulico, foram definidos 7 estágio de carregamento de 10 kN.

3.6 Procedimentos do ensaio

Com todos os equipamentos dispostos, iniciou-se o ensaio no dia 09 de maio às 06h14min com término às 22h21min do mesmo dia. A Figura 15 apresenta a localização dos equipamentos antes do início do ensaio.

Figure 15. Inicio do ensaio. Fonte: Acervo pessoal.

O carregamento da placa foi realizado, conforme a ABNT (1984), em estágios dobrados e as leituras nos extensômetros foram feitas após a tensão aplicada. Cada estágio aplicado foi mantido até a estabilização dos recalques, conforme o critério de estabilização apresentado na Equação 2.

“|Ln-Ln-1| ≤ 5%|Ln-L0| Equação (2)

Onde:

Ln= leitura final do estágio para um tempo “t”; Ln-1= leitura anterior para um tempo t/L;

L0= leitura inicial do estágio (ou leitura do estágio anterior).

Foram realizados sete estágios de carregamentos começando em 10 kN e finalizando em 75 kN, estágio onde os recalques verificados ultrapassaram 25,0 mm (recalque máximo admissível).

3.7 Interpretação dos dados do ensaio de prova de carga

Os parâmetros de deformação foram encontrados a partir da Teoria da Elasticidade. Como se trata de um ensaio com apenas um diâmetro, foi adotada a hipótese de meio homogêneo e utilizada a equação apresentada por Velloso e Lopes (2010). (Equação 3).

s I E qB s * 1

= (Equação 3 )

=

s recalque da tensão admissível; =

q tensão admissível; =

B diâmetro da placa;

E*= módulo de elasticidade, que incorpora o efeito do Coeficiente de Poisson;

=

s

I fator de forma para carregamentos na superfície de um meio de espessura infinita.

O coeficiente de reação vertical foi obtido através da relação tensão x recalque, utilizando a equação apresentada a seguir (Equação 4).

s q

kv= (Equação 4)

Onde:

kv = coeficiente de reação vertical;

q = tensão equivalente ao recalque da fundação; s= recalque da fundação.

4 Apresentação e Análise dos Resultados

As Figuras 16 e 17 apresentam as curvas tensão x recalque obtidas para os extensômetros localizados na região do centro e da borda da placa, respectivamente.

Figura 16. Curva tensão versus recalque para a região central da placa. Fonte: Autoria própria.

Figura 17. Curva tensão versus recalque para a região da borda da placa. Fonte: Autoria própria.

É possível verificar, a partir das Figuras 16 e 17, que os recalques observados na região central da placa foram maiores que os observados na região da borda. Assim, o modelo de tensões de contato em placas, baseado na teoria da elasticidade, indica que se trata de uma placa flexível sobre um solo de comportamento argiloso. Como a placa é flexível, de acordo com Hachich et al, (1998), as tensões se distribuem de forma uniforme e os recalques se dão em razão dos efeitos da sobreposição dos bulbos, em solos argilosos, ou do confinamento, quando o solo tem comportamento arenoso.

Para solos argilosos, serão verificados recalques maiores na região central da placa, pois o efeito da sobreposição dos bulbos de tensão é mais pronunciado. Entretanto, para solos arenosos, as tensões de confinamento maiores na região central da placa levam a maiores valores de resistência ao cisalhamento. Assim, o solo, por ser mais resistente, sofre menos recalque.

0 10 20 30 40 50 60 70

0 20 40 60 80 100 120 140 160

R e ca lq u e ( m m )

Tensão (kN/m2)

Centro 0 10 20 30 40 50 60 70

0 20 40 60 80 100 120 140 160

R e ca lq u e ( m m )

Tensão (kN/m2)

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O comportamento em relação ao recalque sob placas flexíveis pode ser observado na Figura 18, apresentada por Hachich et al, (1998).

Figura 18 Recalques em placas flexíveis. a) solos arenosos. b) solos argilosos. Fonte: Hachich et al, (1998) .

A Figura 19 apresenta a curva tensão x recalque média, obtida pela média dos resultados dos dois extensômetros.

Figura 19. Curva tensão versus recalque média obtida no ensaio de prova de carga em placa. Fonte: Autoria própria.

A Figura 19 indica que não houve a ruptura do solo. Entretanto, o ensaio foi finalizado levando-se em consideração o critério dos recalques máximos admissíveis para o ensaio (25,0 mm), conforme ABNT (1984). A partir desta curva, obteve-se a capacidade de carga do solo, obtida a partir do ensaio de prova de carga. O valor foi obtido aplicando-se um fator de segurança de 2,0 na tensão que leva ao recalque máximo admissível. Os valores de tensão admissível, considerando a região central da borda e média estão apresentadas na Tabela 2, abaixo.

Tabela 2. Valores da tensão admissível obtidos pelo ensaio de placa.

Região da Placa Tensão Admissível (kN/m2 )

Centro 47,0

Borda 62,5

Médio 54,5

Fonte: Autoria própria

Adota-se, para projeto, o valor médio (54,5 kN/m2). O valor obtido é aproximadamente 38 % menor que o estimado a partir do método de Décourt (1996 apud CINTRA et al, 2011), 23 % menor que o estimado por Terzaghi (1967 apud CINTRA et al, 2011) e 7 % menor que o estimado pelo método de Teixeira (1996 apud HACHICH et al, 1998), indicando que as formulações citadas superestimam a capacidade de carga do solo do município de Sinop, MT.

A partir dos dados de tensão e recalque, é possível calcular o valor do Módulo de Deformabilidade, conforme apresentado na Equação 3.

Os valores de módulo de deformabilidade estão apresentados na Tabela 3.

Tabela 3. Valores de módulo de deformabilidade obtidos do ensaio.

Região da Placa Módulo de Deformabilidade (kN/m2 )

Centro 3.008

Borda 2.560

Médio 2.965

Os valores foram encontrados considerando-se um recalque de 25 mm e utilizando-se fatores de influência tabelados para placas flexíveis.

Os valores encontrados estão de acordo com aqueles apresentados na literatura. Bowles (1977 apud HACHICH et al, 1998) apresenta valores de módulo de deformabilidade variando entre 2.000 kN/m2 e 20.000 kN/m2 para solos siltosos, enquanto Sherif e Konig (1975 apud HACHICH et al, 1998) verificou valores variando entre 3.000 kN/m2 e 10.000 kN/m2. Os valores de coeficiente de reação vertical estão apresentados na Tabela 4 e foram obtidos para o recalque de 25,0 mm.

Tabela 4. Valores de coeficiente de reação vertical obtidos do ensaio. Fonte: Autoria própria.

Região da Placa Coeficiente de reação vertical (kN/m)

Centro 3.760

Borda 5.000

Médio 4.360

Após a finalização do ensaio, com o intuito de se verificar a colapsibilidade do solo em estudo, foi feita a inundação da cava, mantendo-se o carregamento máximo na placa. Verificou-se que não houve acréscimos nos valores de recalque em razão da inundação. Assim, pode-se considerar que para esse carregamento e nesta profundidade, o solo não é colapsível. O resultado já era esperado, em razão do nível elevado do lençol freático, que mantém o solo nesta profundidade com grau de saturação elevado. As Figuras 20 e 21 mostram a placa antes e após a inundação, respectivamente.

Figura 20. Final do ensaio. Fonte: Acervo pessoal.

0 10 20 30 40 50 60 70

0 20 40 60 80 100 120 140 160

R

e

ca

lq

u

e

(

m

m

)

Tensão (kN/m2)

(8)

Figura 21. Teste. Fonte: Acervo pessoal.

5 Considerações finais

Este trabalho apresentou os dados de um ensaio de prova de carga em placa executado no Campus de Sinop da UNEMAT.

Os resultados do ensaio de prova de carga em placa indicam que os métodos de cálculo de tensão admissível Teórico, de Décourt (1996 apud CINTRA et al, 2011) e de Teixeira (1996 apud HACHICH et al, 1998) superestimam os valores para o município de Sinop, MT. O valor obtido a partir do ensaio foi de 54,5 kN/m2, 38 % menor que o estimado a partir do método de Décourt (1996 apud CINTRA et al, 2011), 23 % menor que o estimado por Terzaghi (1967 apud CINTRA et al, 2011) e 7 % menor que o estimado pelo método de Teixeira (1996 apud HACHICH et al, 1998).

O valor de tensão admissível encontrado é baixo, o que inviabiliza a adoção de fundações superficiais para a maioria das contruções.

Os valores de módulo de deformabilidade encontrados estão de acordo com aqueles apresentados na literatura técnica científica para solos similares.

Agradecimentos

Agradeco primeiramente a Deus por guiar meus passos para o melhor caminho, iluminar meu pensamento e acalmar meu coração.

Dedico esse trabalho aos meus pais Ademir José de Souza e Nelci Fátima C. de Souza que sempre tiveram confiança em mim, sempre lutaram para me proporcionar o melhor, e por serem as pessoas que mais torceram por minha vitória.

Ao meu namorado Jefferson pelo amor, carinho, compreenção e ajuda na realização do ensaio. A minha amiga Lívia C. C. Martins companheira desde o ínicio da faculdade e parceira na realização do ensaio.

E também aos meus amigos Everton Candido, Diélly Pexe Plens, Paula Janaina, Adryana Fernandes, Thiago Pinto pelo apoio e ajuda no desenvolvimento do trabalho.

A minha orientadora Dr.-Ing Erika Borges Leão, professores Dr. Flávio Alessandro Crispim e Mestre Júlio César Benatti pela disponibilidade e acompanhamento exercido durante a execução do ensaio e na interpretação dos dados.

Aos colaboradores e contribuíntes na aquisição dos materiais e serviços: Construtora Lindóia, Mencato

Tratores, Supermassa, Concrenop, Supermercados Machado e Construtora Accion.

Referências

ALONSO, R. U, Previsão e Controle das fundações: uma introdução ao controle de controle de qualidade em fundações, São Paulo - SP, Editora Blucher, 2009.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS

TÉCNICAS. NBR 6122: Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro-RJ, 2010.

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TÉCNICAS. NBR 6484: Solo - Sondagens de simples reconhecimento com SPT - Método de ensaio. Rio de Janeiro-RJ, 2011.

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TÉCNICAS. NBR 6489: Projeto de carga direta sobre terreno de fundações. Rio de Janeiro-RJ, 1984.

CAPUTO, P. H. Mecânica dos solos e suas aplicações, Rio de Janeiro-RJ, Editora Livros Técnicos e Científicos, 1987.

CINTRA, J. C. A.; AOKI, N.; ALBIERO, J. H., Fundações diretas: projeto geotécnico. Editora Oficina de Textos, São Paulo-SP, 2011.

DUARTE, N. L. Análise de prova de carga instrumentada em uma sapata rígida. Dissertação de Mestrado (Pós-Graduação em Engenharia Civil) Universidade Federal de Viçosa-MG, 2006.

HACHICH, W.; FALCONI, F. F.; SAES, J. L.; FROTA, R. G. Q.; CARVALHO, C. S.; NIYAMA, S. Fundações: teoria e prática. 2º Edição, São Paulo-SP, Editora Pini, 1998.

JOPPERT JUNIOR, I, Fundações e contenções de edifícios: qualidade total na questão do projeto e execução, São Paulo, editora Pini, 2007.

PEIXOTO, A. S. P. Estudo do ensaio SPT-T e sua aplicação na prática de engenharia de fundações. Tese Doutorado. FEC/UNICAMP. Campinas, SP, 2001.

PINTO, THIAGO P. Avaliação do uso do penetrômetro dinâmico leve na região norte mato-grossense. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil). Faculdade de de Ciências Exatas e Tecnológicas. Universidade do Estado de Mato Grosso. Campus Universitário de Sinop. Sinop-MT, 2012.

SALES, L. F. P. Estudo do comportamento de fundações superficiais assentes em solos tratados. Dissertação de Pós-Graduação, Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre - RS, 1998.

Imagem

Figura 1. Tipos de ensaio de placa. (a) localização, (b) tipo  de placa, (c) (d) (e) ao modelo de carregamento
Figura 2. Gráfico tensão x recalque.
Figura 6. Macaco hidráulico. Fonte: Acervo pessoal.
Figura 11. Esquema do ensaio, 1) estacas 2) viga metálica 5  metros 3) macaco hidráulico 300 kN 4) placa de aço 5) bloco
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