• Nenhum resultado encontrado

Estratégia alimentar para produção de caprinos no semiárido pernambucano

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Estratégia alimentar para produção de caprinos no semiárido pernambucano"

Copied!
32
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE MEDICINA VETERINARIA E ZOOTECNIA DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO ANIMAL

THAIANY ARAÚJO FERREIRA MEDEIROS

ESTRATÉGIA ALIMENTAR PARA PRODUÇÃO DE CAPRINOS NO SEMIÁRIDO PERNAMBUCANO

Salvador 2014

(2)

THAIANY ARAÚJO FERREIRA MEDEIROS

ESTRATÉGIA ALIMENTAR PARA PRODUÇÃO DE CAPRINOS NO SEMIÁRIDO PERNAMBUCANO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção de grau de Zootecnista.

Orientador: Manuela Silva Libânio Tosto

Salvador 2014.

(3)
(4)
(5)

Araújo Ferreira Medeiros, Thaiany. Estratégia alimentar para produção de caprinos no

semiárido pernambucano. Salvador, Bahia, 2014. Trabalho de conclusão do curso

Zootecnia, Escola de Medicina Veterinária da Bahia, Universidade Federal da Bahia.

RESUMO

A cadeia produtiva da caprinocultura brasileira tem destaque no Nordeste brasileiro, entanto apresenta reduzidos índices produtivos. Um dos principais motivos dos baixos índices é a utilização da vegetação nativa (Caatinga) de forma exclusiva como base alimentar dos rebanhos, em períodos secos torna-se deficientes qualitativa e quantitativamente. Outro motivo é a utilização de raças não especializadas, reduzindo mais estes índices. Assim é de fundamental importância a avaliação de sistemas de produção que possam contribuir com o aumento de produtividade, proporcionando renda aos produtores. Um modelo clássico para a produção de ruminantes na região Semiárida é o CBL cuja sigla representa as estratégias alimentares das forrageiras da caatinga, capim-buffel (Cenchrus ciliares L.) e um leque de alternativas forrageiras leguminosas. Entretanto, para a difusão e implantação de sistemas alternativos é necessária a avaliação dos resultados técnicos a fim de determinar a viabilidade de implantação. Desta forma, o trabalho a ser apresentado tem como objetivo descrever índices zootécnicos de diferentes raças de caprinos no sistema CBL no semiárido pernambucano. Trabalho realizado em forma de pesquisa, onde dados de desenvolvimento relacionados ao sistema são descritos e tabulados a partir de anotações de campo. Dados obtidos no período de 2010 a 2013 elaborando um banco de dados com todas as informações sobre o rebanho, desenvolvimento ponderal dos animais, índices reprodutivos, manejo sanitário e nutricional, rusticidade e adaptações à condições do ambiente Semiárido.

(6)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 7

2 PERFIL DA CAPRINOCULTURA DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO ... 8

3 RECURSOS FORRAGEIROS DA CAATINGA... 9

4 SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE CAPRINOS NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO ... 11

4.1 Sistemas extensivos tradicionais ... 11

4.2 Sistema Integrado de Produção Experimental – SIPRO ... 11

4.3 Sistema de integração Lavoura-pecuária-floresta – ILPF ... 12

4.4 Sistema Capim-Buffel-Leque de Forrageiras – CBL ... 12

5 MATERIAL E MÉTODOS ... 13

5.1 Localização, caracterização e instalações da área ... 13

5.2 Manejo dos animais ... 17

5.2.1 Manejo alimentar ... 19

5.3 Manejo alimentar das crias ... 21

5.3.1 Manejo alimentar dos reprodutores ... 21

5.3.2 Manejo alimentar das matrizes ... 21

5.4 Manejo reprodutivo ... 21

5.5 Manejo sanitário do rebanho ... 23

5.6 Dados técnicos sistema CBL da Embrapa Semiárido ... 24

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 25

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 29

(7)

ESTRATÉGIA ALIMENTAR PARA PRODUÇÃO DE CAPRINOS NO SEMIÁRIDO PERNAMBUCANO

1 INTRODUÇÃO

A região Semiárida compõe aproximadamente 55% do território terrestre do mundo chegando a 2/3 da área total de 150 países, localizadas principalmente na América latina e Caribe, incluindo Argentina, Brasil, Chile e México (SCHISTEK et al., 2012)

A área de semiárido do Brasil é aproximadamente 900.000 km², representando 10% da área do país que inclui os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, a maior parte da Paraíba e Pernambuco, Sudeste do Piauí, Oeste de Alagoas e Sergipe, região Central da Bahia e uma faixa do Norte do estado de Minas Gerais (IBGE, 2010).

A composição florística da Caatinga não é uniforme e depende da quantidade de chuva, tipos de relevo, qualidade do solo e ação antrópica, a maior parte das plantas apresentam espinhos, cutículas impermeáveis, caducifólia, sistemas de armazenamento de água em raízes e caules modificadores e mecanismos fisiológicos adaptados, a exemplo do fechamento dos estômatos nas horas mais quentes do dia, que permitem classificá-las como plantas xerófitas tipo CAM (CORREIA et al., 2011).

Topograficamente, a região caracteriza-se por apresentar relevo plano e ondulado, com quarto ordens de solos (latossolos, 19 %, Neossolos Litólicos, 19%, Argissolos, 15% e Luvissolos 13%) que ocupam 66% da área sob Caatinga, cerca de 82% da região apresentam solos de baixo potencial produtivo, seja por limitações de fertilidade, de profundidade do perfil ou de drenagem e elevados teores de Na trocável (CUNHA et al., 2009).

O clima é seco e as chuvas são escassas e irregularidade, concentrada em três a quarto meses no período úmido proporcionando um desequilíbrio hídrico na maior parte dos meses dos anos sendo possível observar temperaturas médias de 26°C, durante todo o ano, sem significativas variações de estações (IBGE, 2010).

As características edafoclimáticas e florística da região contribuem com a vocação pecuária, já que estas podem contribuir com perdas de até 84% de produtos agrícolas e de 20% de produtos pecuários. Os rebanhos nordestinos de caprinos e ovinos são numericamente expressivos e abrangem 9,6 milhões de cabeças de caprinos e 9,4 milhões da cabeça de ovinos, correspondendo à aproximadamente 93 e 58% dos rebanhos nacionais das espécies, respectivamente. Os estados da Bahia, Pernambuco, Piauí, concentram os maiores efetivos de caprinos e Bahia, Ceará e Piauí os maiores rebanhos de ovinos (CORREIA et al., 2011).

(8)

Nesse contexto a produção de caprinos, especialmente na região Semiárida do Nordeste Brasileiro, é de grande importância econômica e social, principalmente para os pequenos produtores em razão da elevada capacidade de adaptação às condições edafoclimáticas e pela capacidade em gerar renda e como fonte de proteína, através da venda e consumo de animais, de carne, de leite e de pele por produtores de base familiar que predominantemente as exploram (CORREIA et al., 2008).

Do ponto de vista quantitativo, o estado do Pernambuco detém o segundo maior rebanho de caprinos da região, correspondendo 17,5 % do rebanho nordestino e a 16,2 % do rebanho nacional. O sertão do São Francisco-PE é considerado um dos mais importantes do estado na criação de caprinos, Petrolina possui um rebanho de 28% do efetivo total do território, com seus municípios (Afrânio, Cabrobó, Dormentes, Lagoa Grande, Orocó, Santa Maria da Boa Vista), totalizando 279.894 cabeças de caprinos (MOREIRA e GUIMARAES FILHO, 2011).

A caprinocultura na região é explorada em diversos setores, no entanto diversos fatores contribuem para o quadro atual do agronegócio, onde a maior produção de caprinos é praticada por pequenos produtores, onde a desorganização da cadeia produtiva, falta de conhecimentos técnicos específicos, além da genética, nutrição e sanidade são entraves para o crescimento da produção.

De acordo com relatos de avaliadores do sistema Guimarães Filho e Soares (1999), o desempenho dos animais comparados com a caatinga nativa aumenta significativamente com a incorporação do capim buffel e da leucena e/ou leque de forrageiras, no entanto, todo sistema de produção é dinâmico ao longo dos anos e dependente do manejo, das condições climáticas e das espécies animais utilizadas, sendo assim, a avaliação das variações anuais faz-se necessárias a fim de elevar a confiabilidade dos resultados e da acurácia do sistema.

Desta forma, objetiva-se com o presente trabalho caracterizar os índices de produção do sistema CBL no semiárido pernambucano através dos dados coletados em campo, demonstrando o desempenho de caprinos naturalizados durante os anos de 2010 a 2013.

2 PERFIL DA CAPRINOCULTURA DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

No nordeste brasileiro, a caprinocultura tem caráter de subsistência e é manejada de forma extensiva. Em função da sua capacidade de adaptação à seca, quando comparada as

(9)

produções agrícolas apresenta uma das mais importantes atividades do agronegócio desta região e constitui um dos principais fatores de garantia da segurança alimentar das famílias rurais e da geração de emprego e renda (RIET-CORREA et al., 2013). Atualmente, a introdução indiscriminada de raças exóticas tem contribuído para a diluição do patrimônio genético dessas raças e ecotipos.

Para Oliveira et al. (2002), O Brasil tem desenvolvido poucas pesquisas com essas espécies com o intuito de conserva-las, sendo preciso realizar estudos e definir estratégias de conservação para as raças nativas de caprinos, pois a diversidade genética representa um importante recurso.

Do ponto de vista nutricional, as práticas de ensilagem e de fenação são utilizadas em 18 % das unidades no período da seca. No manejo alimentar tem-se como práticas a utilização de palhadas, palma forrageira picada no cocho e capim Buffel na forma de pasto diferido (GOMES et al., 2007).

De acordo com a literatura e pesquisas da Embrapa, a caprinocultura de corte no Sertão do São Francisco-PE atravessa uma fase de profundas transformações tanto por parte do produtor quanto por parte das instituições públicas de crédito e apoio técnico que participam desse esforço (VOLTOLINI et al., 2011).

3 RECURSOS FORRAGEIROS DA CAATINGA

A vegetação dos sertões nordestinos é rica em espécies forrageiras em seus três estratos, herbáceo, arbustivo e arbóreo. No entanto a maior parte do Sertão caracteriza-se pela predominância de um estrato arbustivo-arbóreo, composto por plantas de questionável potencial forrageiro, com baixa capacidade de suporte resultando em um baixo rendimento animal (MORAIS, 2007).

A produção animal do Semiárido por longo período teve como sustento a vegetação nativa da caatinga. Entretanto, é observado que nas ultimas décadas houve um esforço maior para se produzir plantas forrageiras para a alimentação do rebanho. Existem relatos de que 70% das espécies botânicas da Caatinga participam significativamente da composição das dietas dos ruminantes. De acordo com Araújo e Moreira (2006), em termos de grupos de espécies botânicas as gramíneas e dicotiledôneas herbáceas perfazem acima de 80% da dieta dos ruminantes durante o período chuvoso.

(10)

A importância da participação dessas espécies nativas na estratégia de aumento da capacidade de suporte dos sistemas de produção de pequenos ruminantes se deve principalmente ao alto grau de resistência e sobrevivência as condições edafoclimáticas da região (ARAUJO et al., 2006).

Ente as diversas espécies que podem ser utilizadas merecem destaque: A maniçoba (Manihot Pseudoglaziovi.), o angico (Anadenathera macrocarpa Benth.), o pau ferro (Caesalpinia eucin Mart.), a catingueira (Caesalpinia piramidalis Tul.), a catingueira rasteira (Caesalpinia micropylla Mart.), a faveleira (Cnidoscolus phyllacantos (Muell.arg.) Pax et. K . Hofferman), a canafistula (Senna espectabilis), o marizeiro (Geoffra espinosa Jacq.), o mororó (Bauhinia so.), o sabiá (Mimosa caesalpeniifolia Benth.), o rompe gibão (Pithecelobium avaremotemo Mart.) e o juazeiro (Zyzuphus joazeiro Mart.) são exemplos de espécies arbóreas; a jurema preta (Mimosa tenuiflora (Willd Poerit ) , o engorda-magro (Desmoddium sp.), a mamelada de cavalo (Desmodium sp.) , o feijão bravo (Phaseolus

firmulus Mart. ), a camaratuba (crotylia moles Mart.), o mata passo (Senna sp.) e as urinarias

(Zornia sp.) estão entre as espécies arbustivas e semi-arbustivas.

Destacam-se ainda as cactáceas forrageiras tanto nativas como o facheiro (Pilosocereus

pachycladus Ritter.), o mandacaru (Cereus jamacaru) e o xique-xique (Pilosocereus gounellei), como as cactáceas exóticas, a exemplo da palma forrageira (ARAUJO et al.,

2006).

A medida que a estação seca progride e com o aumento da disponibilidade das folhas secas de árvores e arbustos estas espécies cada vez mais fazem parte da dieta, principalmente de caprinos. Para aumentar a capacidade de suporte dos sistemas de produção dependente da caatinga além da manipulação da caatinga (desmatamento, raleamento, rebaixamento e enriquecimento) a utilização das espécies nativas na forma in natura e conservada como feno ou silagem são indispensáveis para garantir a biomassa forrageira ( NOGUEIRA e SIMÕES, 2009).

Assim como a complementação com pastos cultivados com espécies gramíneas e leguminosas exóticas, usadas em pastejo e na forma de forragem conservada buscando-se sobre tudo, elevar a produtividade (MOREIRA et al., 2007).

Neste intuito a Embrapa, tem se dedicado a elaborar estratégias nos sistemas de produção proporcionando maiores índices produtivos a exemplo do CBL, SISPRO.

(11)

4 SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE CAPRINOS NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

Segundo Cândido (1999), um sistema de produção agropecuário pode ser entendido como uma unidade formada por um conjunto de partes que interagem entre si, gerando um funcionamento harmônico e dinâmico. A estrutura do sistema é constituída pela terra, pelos animais, plantas e instalações. Os sistemas de produção animal se baseiam na criação de espécies de animais de interesse econômico, capazes de aproveitar os recursos naturais, sobretudo os pastos.

Os sistemas adequados para a produção pecuária são importantes para o desenvolvimento sustentável da região, uma vez que nesses ambientes, os riscos com as atividades agrícolas são maiores em virtude da dependência dos fatores climáticos.

Nesse contexto, foram classificados e criados alguns modelos produtivos voltados para a criação de caprinos e ovinos no Semiárido brasileiro, abordando suas principais características produtivas (NOUGUEIRA et al., 2009).

4.1 Sistemas extensivos tradicionais

Tem como base alimentar a vegetação nativa, o que permite até moderados ganhos de peso dos animais durante a época chuvosa do ano e perdas de peso durante a estação da seca esse comportamento relacionado ao peso corporal, faz com que o tempo até o abate seja elevado.

A deficiência alimentar durante a seca, também promove problemas de fertilidade nas fêmeas, com reflexos negativos sobre os índices zootécnicos do rebanho esse tipo de sistema promove em média taxa de natalidade de 35 a 40 %,taxa de mortalidade de crias entre 10 a 20 % e mortalidade de matriz entre 5 a 10 %, nas propriedades rurais (VOLTOLINI et al 2011).

4.2 Sistema Integrado de Produção Experimental – SIPRO

O sistema SIPRO foi um dos primeiros modelos produtivos desenvolvidos pela Embrapa Semiárido, entre os anos de 1984 a 1987. Tem como base alimentar a caatinga e os pastos de capim buffel. O uso dos pastos de capim buffel pode ser efetuado no meio da estação chuvosa ou também no final, quando a caatinga apresenta menor massa de forragem em decorrência da transição entre o período chuvoso e o seco.

Esse sistema de produção foi desenvolvido para suportar 100 matrizes caprinas e dois reprodutores, utilizando uma área de 96,4ha de caatinga com taxa de lotação de 0,30 UA/ha. O sistema SIPRO possibilitou a obtenção de animais com 20kg de peso corporal aos oito meses de idade, o modelo também proporcionou aumentos de 22%, 31% e 72 % no número

(12)

de parições, crias nascidas e crias desmamadas, respectivamente, por matriz ao ano. Do ponto de vista econômico, esse modelo produtivo possibilitou rentabilidades superiores às dos sistemas tradicionais (VOLTOLINI et al., 2011).

4.3 Sistema de integração Lavoura-pecuária-floresta – ILPF

A ILPF é um conceito que abrange as integrações entre agricultura, silvicultura e/ou pecuária. A ideia é que o sistema mantenha os pequenos ruminantes na área das plantas frutíferas por seta a nove meses do ano, deixando-a livre de animais nos períodos de maior vulnerabilidade, como a floração e a frutificação. Há, contudo, a possibilidade de mantê-los no pomar por um pouco mais de tempo, ou até durante o ano inteiro, dependendo das espécies cultivadas. Cada piquete é pastejado por cerca de dois a cinco dias, mantendo-se a taxa de lotação entre 30 animais/ha, dependendo da oferta de forragem, se oriunda da vegetação espontânea ou de espécies forrageiras cultivadas.

Essa integração proporcionou uma economia considerável na aplicação de herbicidas, roçadas e capinas equivalente a 4 a 8 % do custo de produção da fruta. Outras vantagens desse modelo são: a otimização da mão-de-obra na propriedade e o aumento da eficiência de uso da terra. O ganho de peso dos animais nesse modelo de produção é 50g/animal/dia, o que corresponde a 85 kg de carne/ha/ano. É possível também efetuar associação de culturas anuais como milho e o feijão com as algarobeiras, especialmente nas fases iniciais de estabelecimento destas (VOLTOLINI et al., 2011).

4.4 Sistema Capim-Buffel-Leque de Forrageiras – CBL

Este sistema foi desenvolvido pela Embrapa Semiárido no ano de 1991 e implantado no Campo Experimental da Caatinga em Petrolina/PE, como unidade demonstrativa, para avaliar os indicadores técnicos e econômicos desse modelo de produção. As estratégias alimentares que inicialmente compuseram o modelo foram: C= Caatinga, B= Buffel, L leucena, atualmente a cultura de Leucena foi complementada com um leque de forrageiras com capacidade adaptativa a região.

No modelo, os animais são submetidos a pastejo na caatinga durante dois a quatro meses, período da chuva e durante o período de estiagem os animais pastejam no pasto de capim Buffel por oito a dez meses, áreas destinadas ao cultivo de leguminosas ou outras forrageiras adaptadas ao Semiárido são utilizadas na forma conservada ou em pastejo direto com o intuito de suplementar o rebanho com fontes de volumosos protéicos e/ou energéticos . O sistema CBL permite também a manipulação da caatinga. Enquanto a vegetação nativa

(13)

não-manipulada pode suportar cerca de 0,5 caprinos ou ovino/ha/ano, com a prática do rebaixamento esse valor passa a ser de 2,0 a 3,0 caprinos ou ovinos/ha/ano, enquanto que com o enriquecimento os valores de taxas de lotação passam a variar de 8,0 a 10,0 caprinos ou ovinos/ha/ano, com o aumento considerável também na produção de carne e leite por unidade de área.

Além das estratégias de manipulação, os animais mantidos na caatinga também poderão ser suplementados com raspas, feno ou silagem de mandioca, palma ou melancia forrageira, durante o período seco (VOLTOLINI et al., 2011).

5 MATERIAL E MÉTODOS

5.1 Localização, caracterização e instalações da área

A pesquisa foi desenvolvida nas instalações do campo experimental da Caatinga na sede da Embrapa Semiárido, destinado à execução de pesquisas nas áreas de Agropecuária dependente de chuva. A Unidade fica localizada a 42 km da sede do município de Petrolina, na rodovia que o liga à cidade do Recife, BR 428, km 152, Zona Rural estando a 9º03’25’’ de latitude Sul, 40º28’95’’ de longitude Oeste e 395m de altitude.

O clima da região é do tipo BSwh-koppen Semiárido de altitude, com chuvas de verão, onde o período chuvoso inicia em novembro e termina em abril. Temperatura média anual 28,0°C está inserida na unidade geoambiental da depressão sertaneja, que representa paisagem típica do Semiárido nordestino, relevo predominantemente suave-ondulado. O solo da área é classificado como podzólico vermelho-amarelo ellitólicos, com textura arenosa e profundidade média de 1,20 m e a precipitação média anual é de 549 mm, segundo dados obtidos da Estação Meteorológica do Campo Experimental da Caatinga, da Embrapa Semiárido, entre os anos de 1975 e 2012.

Durante o período de desenvolvimento do trabalho as quantidades de chuva foram medidas com o pluviômetro e contabilizada por mês, para ter controle da quantidade de água disponível durante os anos de avaliação (Tabela 1). Assim é possível determinar a disponibilidade de água para abastecer os tanques e o planejamento para a alimentação dos animais nos períodos de seca.

(14)

Tabela 1– Volume de chuva nos anos, em milímetros Meses Anos 2010 2011 2012 2013 Janeiro 28,40 6,30 3,00 113,50 Fevereiro 38,00 131,10 39,80 0,00 Março 119,90 76,80 31,00 1,80 Abril 94,40 98,00 0,00 2,00 Maio 0,00 84,60 11,00 13,80 Junho 7,80 1,40 0,00 6,90 Julho 19,20 0,00 0,00 5,80 Agosto 0,00 14,70 6,00 0,00 Setembro 0,00 0,00 0,00 0,00 Outubro 69,10 0,00 0,00 0,40 Novembro 0,00 71,60 5,80 48,70 Dezembro 89,00 62,30 0,20 103,00 Total/ano 465,80 546,80 96,80 295,90

(15)

O campo experimental é denominado CBL desenvolvido no centro de pesquisa agropecuária no trópico Semiárido, sendo um sistema de criação para ruminantes onde utiliza a máxima exploração da vegetação natural da Caatinga no período chuvoso, associado a uma área de Capim–Buffel (Cenchrus leucena L) (B) onde os animais tem acesso no período seco, quando a caatinga é menos explorada, combinado com ao Legue de forrageiras (L) que é fornecida como suplementação de forma natural, triturada ou conservada na forma de feno e ou silagem. O campo experimental CBL, fica localizado no poço V, subdivisão do campo experimental da caatinga, disponibilizado para o pastoreio dos caprinos, manejo, instalações e elaboração de reserva alimentar, tem área total de aproximadamente 157,5ha (Figura1), não considerando a parte de reserva natural.

Estes são divididos em 35 ha de capim Buffel e 120 ha de Caatinga nativa, que é dividida em quatro áreas de pastagem nativa, tendo o seu uso rotacionado. A área de capim Buffel é dividida em seis piquetes, desses quatro são para pastejo direto (aproximadamente 8 ha cada) e dois são piquetes de reserva em menor tamanho (aproximadamente 1,5 ha cada) que são utilizados como maternidade. O legue de forrageiras e reservas alimentares: 1 ha de palma forrageira (Opuntia ficus); 1 ha de maniçoba (Manihot sp), 0,5 ha de leucena (Leucaena Leucocephala) e gliricídia consorciados: 0,25 ha de gliricídia e 0,25 ha de leucena.

(16)

Figura 1- Croqui da área experimental do sistema CBL, Embrapa Semiárido

(17)

As instalações do sistema são básicas, composta por aprisco coberto e elevado com piso de ripas e pastos nativos (Caatinga) e cultivado (Buffel) cercados, onde os animais passam o dia em pastejo e a noite nos apriscos. Existem saleiros nos piquetes de capim Buffel e na caatinga assim como bebedouros, toda a área possui em torno de 11.620 m de cercas internas e limítrofes de madeira, arame farpado e tela de arame, sendo que apenas 2.870 m estão cercados com tela.

O abastecimento de água é feita por captação de água da chuva, no período da seca a estação é abastecida por meio de carro pipa, este carro coloca água nos bebedouros, cisternas (período seco) e em uma caixa d‘água de 5000 litros que abastece a casa do funcionário e os bebedouros pequenos da área de repouso dos animais. As duas cisternas que são abastecidas pela água captada da chuva abastecem dois bebedouros nos piquetes de Buffel, no período das águas, quando a água da chuva acaba os bebedouros passam a ser abastecidos pelo carro pipa.

5.2 Manejo dos animais

Os animais são mantidos no sistema semi-intesivo o CBL durante o dia e são recolhidos e abrigados em aprisco para pernoite, existe uma separação por categoria animal, onde as crias desmamadas são separadas dos animais adultos, os reprodutores e matriz também, são mantidos em diferentes pastos. No período da estação das chuvas meses de novembro a abril, os animais pastejam na área de caatinga, os machos são alocados em piquetes separados e presos em aprisco próprio à noite.

A Embrapa realiza um controle zootécnico dos animais, onde são anotadas todas as possíveis informações sobre o rebanho: controle de nascimento, número do brinco, número da matriz, manejo reprodutivo e sanitário, cuidados com os animais e pesagens mensais. Para melhorar o manejo e facilitar a organização dos dados produtivos, todos os animais são identificados por colares com diferentes cores e com números em chapa de aço, os colares são mantidos até o momento do descarte, apenas trocados se existir perda ou problemas de identificação dos animais.

As crias são pesadas ao nascimento e a cada 28 dias, o período de desmame é de 90 a 110 dias de vida. Fêmeas jovens que não apresentarem conformação corporal adequada para repor fêmeas mais velhas serão vendidas a partir dos seis meses de idade juntamente com todos os machos da mesma idade. São descartados também animais idosos, com problemas reprodutivos, com vícios, e fora das características de seleção. Os animais não são utilizados para atividade leiteira, até mesmo porque, os cruzamentos, adjetivam a exploração para corte.

(18)

Figura 2- Crias desmamadas do rebanho

Fonte: arquivo pessoal

Figura 3 – Matrizes do rebanho

(19)

5.2.1 Manejo alimentar

O manejo alimentar dos animais é realizado de acordo com as exigências necessárias visando balancear valores energéticos e protéicos da dieta, para tanto é necessária a implementação de misturas múltiplas para suprir as necessidades dos animais no período da seca onde a biomassa da caatinga e dos pastos não é suficiente para manter os animais. O manejo alimentar realizado no campo CBL é de acordo com a categoria animal e o período da chuva.

Composição da mistura múltipla é realizada com ingredientes provenientes da Embrapa podendo ser adquirida em outras subdivisões do campo experimental da caatinga, diminuindo assim o custo com alimentos. As composições são variadas de acordo com a disponibilidade dos ingredientes e são oferecidas para matrizes, reprodutores e crias desmamadas em Creep-feeding, todos os animais recebem a mesma mistura de acordo com o peso animal.

A mistura múltipla é confeccionada no campo experimental CBL de acordo com a formulação de um zootecnista os ingredientes mais utilizados são (farelo de babaçu e/ou farelo de mandioca, feno de maniçoba, feno de leucena, farelo de trigo) encontrados na região sendo adicionados de forma balanceada com sal mineral, uma vez que a mistura não compõe a dieta total do animal considerada como um suplemento de nutrientes.

Todos os animais são mantidos em pasto no período chuvoso novembro a abril com acesso exclusivo à caatinga, em período intermediário abril a junho, recebem caatinga mais mistura múltipla durante o período seco, julho a dezembro são distribuídos em piquetes do capim–Buffel, suplementados com misturas múltiplas e feno ou silagem, estes últimos são preparadas a partir da área reservada para a maniçoba que é anualmente cortada e ensilada com auxilio de trator, na confecção de silo superfície (Figura 4).

Esse material é fornecido na alimentação de matrizes, reprodutores e crias desmamadas. A palma forrageira também é utilizada nos períodos de secas prolongadas.

(20)

Figura 4 – silagem de maniçoba em silo superfície.

(21)

5.3 Manejo alimentar das crias

As crias após o nascimento são amamentadas duas vezes ao dia até a desmama, que ocorre de 90 a 110 dias de vida, as crias são alimentadas de acordo com a idade e período das chuvas:

Recém-nascidos até 30 dias: no período das chuvas e período seco recebem leite diretamente da matriz e feno de leucena em creep-feeding.

De 31 a 90 dias: no período seco recebem leite diretamente da matriz , feno de leucina e são mantidos em pastos de capim Buffel, no período das chuvas.

De 91 até 210/240dias: no período das chuvas são mantidos em pastejo na caatinga e misturas múltiplas, no período da seca permanecem em pastos de Capim buffel e são suplementados com feno e/ou silagem e mistura múltipla.

5.3.1 Manejo alimentar dos reprodutores

No período das chuvas, são mantidos nos pastos de caatinga separados das fêmeas e recebem suplementação de feno ou silagem. No período seco os animais são manejados para os pastos de capim Buffel e são suplementados com silagem e /ou feno e mistura múltipla.

5.3.2 Manejo alimentar das matrizes

Acesso exclusivo à caatinga em piquetes separado dos machos no período da chuva, no período intermediário tem acesso à caatinga mais mistura múltipla, mais feno em períodos secos são direcionadas ao piquete de capim buffel mais mistura múltipla mais feno e ou silagem.

Durante o período intermediário esse manejo pode ser altera de acordo com a disponibilidade de forragem da caatinga. A palma forrageira , assim como algaroba, maniçoba são utilizadas em forma in natura nos períodos secos prolongados.

5.4 Manejo reprodutivo

O acasalamento dos caprinos é feito durante a estação de monta, em períodos pré-estabelecidos, variando conforme a pluviosidade anual. Nesse período as matrizes são colocadas para pernoitar junto com os reprodutores, atentando para que os animais sejam da mesma raça. A estação de monta é realizada de forma que exista 3 partos em dois anos, como demonstrado na Tabela 2.

(22)

 Grupos para estação de monta:

 Grupo 1- Cabras ½ Boer mais reprodutor Boer;

 Grupo 2 – Cabras Canindé mais reprodutor Canindé;

 Grupo 3 – Cabras Repartidas mais reprodutor Repartida;

Tabela 2 –Período de estação de monta e dados relacionados à época de parição, desmame e descarte, dos animais criados em sistema CBL nos anos 2010 a 2013

Estação de monta Parição Desmame Descarte (7 a 9 meses)

Maio –jun Out – Nov Jan –Fev Mai –Jun – Jul

Jan –fev Jun- Julho Set – Out Jan – Fev – Nov

(23)

A Tabela 2 é um cronograma de planejamento pra que os partos aconteçam de acordo com o período da chuva onde existe uma maior disponibilidade de forragem porem o cronograma pode ser variado.

 Nascidos em 2010 a 1ª estação de monta ocorreu entre dezembro de 2009 a março de 2010 e as crias nasceram entre maio a agosto.

 Nascidos em 2011 a 1ª estação de monta ocorreu entre outubro de 2010 a dezembro de 2010 a 2ª ocorreu entre março de 2011 a junho de 2011 e as crias nasceram entre março a maio e entre agosto a novembro.

 Nascidos em 2012 a 1ª estação de monta ocorreu entre novembro de 2011 a abril de 2012 e as crias nasceram entre abril e setembro.

 Nascidos em 2013 a 1ª estação de monta ocorreu em setembro de 2012 a 2ª entre janeiro a maio de 2013 e as crias nasceram em janeiro e entre os meses de junho a outubro.

As matrizes são descartadas após duas estações de monta consecutivas sem prenhez ou por problemas de ordem física ou sanitária.

O primeiro cio (estro) após o período de parição com reconhecimento através de rufião, que é passado entre as fêmeas duas vezes ao dia (pela manhã e pela tarde). As fêmeas ficam dentro do aprisco e o rufião deve ser aproximado das cabras. A fêmea só será considerada em cio quando aceitar a monta pelo rufião. Para controle interno, são preenchidas as fichas com manifestação do cio após o parto e os cios subsequentes.

5.5 Manejo sanitário do rebanho

Os animais, de acordo com o sistema de criação proposto, recebem um tratamento diferenciado para ecto e endoparasitas, a base de fitoterapia ou compostos homeopáticos. São utilizadas plantas nativas da caatinga e exótica, como Babosa, Nim, entre outras, em forma de infusões, pastas e extratos. Uso de Nim para piolhos – banho em solução 250 ml de Nim em 20 litros de água.

Para o controle de Helmintos são realizados exames de fezes (OPG) bimestrais, rotação dos pastos e faz-se o fornecimento de medicamentos fitoterápicos (pó-de-alho, batata de purga, sementes de abóbora) em conjunto com o método FAMACHA.

O rebanho recebe vacinação de acordo com o calendário contra as principais enfermidades locais: clostridioses, linfadenite caseosa, CAE e raiva. Quando observada algum

(24)

caso de linfadenite caseosa é feita a incisão cirúrgica dos abscessos e para os piolhos a pulverização a base de extrato de Nim.

As instalações são desinfetadas de três em três meses com vassoura de fogo, Cal virgem ou creolina, o piso ripado do aprisco é varrido semanalmente e nas porteiras existem pedilúvios com Cal no período chuvoso. Após nascimento dos cabritos é realizado o corte e cura do umbigo em solução de iodo a 10 %.

5.6 Dados técnicos sistema CBL da Embrapa Semiárido

Em sentido restrito a escrituração zootécnica consiste nas anotações do controle do rebanho registrando sua genealogia, ocorrências e desempenho. A escrituração pode ser feita de maneira manual ou informatizada. Nas anotações manuais são utilizadas fichas individuais para o desempenho de cada animal e coletivas para o controle das práticas de manejo, tais como cobertura e partos.

As informações disponibilizadas com a escrituração zootécnica permite ao reprodutor um gerenciamento muito mais eficiente do rebanho e da propriedade como um todo.

No Brasil, de maneira geral é baixo o nível da utilização da escrituração zootécnica nas propriedades que se dedicam a caprinocultura, fato que pode comprometer as tomadas de decisão em momentos variados da produção.

Para o desenvolvimento do trabalho, foram coletados dados de produção do rebanho de caprinos, mantido em sistema CBL e índices pluviométricos durante os anos de 2010 a 2013 (Tabela 4), com base nestes foram calculados os seguintes índices:

Taxa de natalidade = n° de animais * 100 /n° de nascimentos Taxa de mortalidade = n° animais *100/ n° de animais mortos Taxa de descarte = n° animais* 100/animais descartados Taxa de prolificidade = n° de crias/ n° paridas

Foram calculada as médias do peso vivo ao nascer, peso a desmama a relação Macho:Fêmea e taxa de lotação.

A taxa de lotação foi calculada de acordo com o peso total do rebanho (crias, matrizes e reprodutores) considerando a área total da produção.

(25)

Tabela 3 – Principais dados do rebanho caprinos

Categoria animal (cabeças) * 2010 2011 2012 2013

Crias 123 189 168 182

Crias nascidas 101 70 97 71

Crias – morte antes do desmame 14 9 17 5

Crias – morte pós desmame 15 17 5 4

Crias descartadas 53 55 62 101 Reprodutores 7 3 8 8 Reprodutor em atividade 5 2 3 4 Reprodutores descartados 3 1 0 5 Matrizes 93 88 115 113 Matriz em atividade 60 58 64 56 Matriz morta 5 6 0 8 Matriz descartada 20 3 1 21

*Dados coletados de forma manual em caderneta de campo, do sistema CBL, nos anos de 2010 a 2013.

As informações são por unidade animal dentro da área total disponível no sistema (157,5 ha), sendo comparada entre os anos (2010, 2011, 2012 e 2013). Os dados obtidos foram expostos em análises gráficas de acordo com o ano.

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As taxas de natalidade e de mortalidade do rebanho, as taxas de mortalidade, peso vivo dos cabritos até desmame, peso vivo dos cabritos até descarte, ganho de peso anual das crias, taxa de lotação do sistema, ganho de peso/ha/ano das crias, taxa de descarte do rebanho, prolificidade e relação Macho:Fêmea obtidos nos diferentes anos estão apresentados na Tabela 4.

Tabela 4 – Coeficientes técnicos do sistema de produção CBL da estação experimental da Caatinga da Embrapa Semiárido, Petrolina PE

Coeficientes Categoria animal Anos

2010 2011 2012 2013

Taxa de natalidade (%) 59,4% 82,8% 65,9% 82,3%

(26)

Pós desmame 6,94% 27,8% 17,5% 6,45%

Matriz 5,38% 14,0% 0,0% 7,08%

Reprodutor 18,8% 0,0% 0,0% 0,0%

Taxa de descarte (%) Crias 73,2% 13,7% 36,9% 55,4%

Matriz 21,5% 3,4% 0,87% 18,5% Reprodutor 42,8% 33,3% 0,0% 62,5% Prolificidade 1,7 1,2 1,5 1,3 PV ao nascer (kg)* Crias 2,60 2,51 1,94 2,07 PV ao desmame (kg)* Crias 15,51 10,34 16,85 17,38 PV ao descarte (kg)* Crias 21,48 25,90 26,90 19,81

Ganho de peso anual (kg) Crias 10,23 9,80 3,77 5,14

Relação Macho:Fêmea 1:13 1:29 1:14 1:14

* Peso vivo, média por ano (machos e fêmeas)

Os dados de coeficientes técnicos fornecem informações que ajuda a tomar decisões necessárias de manejo a fim de aumentar a produção. Podemos comparar as taxas produtivas dos animais em diferentes modelos produtivos. De acordo com Voltolini et al. (2011), a taxa de natalidade de caprinos mantidos no sistema da caatinga tradicional de forma extensiva está entre 35-40% e as taxas de mortalidade de matrizes entre 5 -10 %. Comparando com os dados do sistema CBL apresentados no trabalho (Tabela4) as médias entre os anos 2010 a 2013 para a taxa de natalidade está entre 59,4 e 82,3% e entre 0,0 e 14 % para taxa de mortalidade de matrizes e de 6,45 e 27,8 % para taxa de mortalidade de crias em desmame.

A maior eficiência na taxa de natalidade encontrada no sistema CBL pode ser atribuída ao manejo reprodutivo adotado pelo mesmo, que utiliza monta controlada e direcionada. A maior prolificidade encontrada foi em 2010, apesar da menor taxa de natalidade encontrada neste ano, pode justificada por que neste período as matrizes utilizadas eram multíparas, o que favorece maiores números de partos duplos e triplos neste ano. Considerando altos índices de partos distorcidos e menor sobrevivência das crias em partos duplos e triplos até o desmame, encontramos 13,8 % de mortalidade para crias até o desmame. As altas taxas de natalidade em 2011 e 2013 pode estar relacionada a maior incidência de partos simples, o que aumenta a probabilidade de animais nascidos vivos e sobrevivência pós desmama.

(27)

Houve também redução na fertilidade onde poucas matrizes aceitaram o macho, o que levou aumento na taxa de descarte das matrizes apresentando 21,5 %, substituindo por novas o que consequentemente diminui a taxa de prolificidade e aumenta a taxa de natalidade nos anos subsequentes. Considerando médias de peso ao nascer encontrado (2,60 kg) em 2010, observou-se maior numero de crias nascidas por partos duplos e triplos. Em 2011 o peso ao nascer de 2,51kg teve influencia do planejamento para nascimentos em períodos de disponibilidade de forragem como suporte para a matriz o que aumentou a média de peso das crias ao nascer.

Em 2013, o aumento de 17,38% no peso ao desmame foi devido a menor taxa de mortalidade pós desmame. A grande quantidade de reprodutores descartados tem influencia do critério de seleção da Embrapa com o objetivo de uniformizar o plantel com raças puras, descartando os animais SRD e reprodutores velhos, maximizando os cruzamentos de animais puros no rebanho.

As elevadas taxas de mortalidade para crias pós-desmame e das matrizes no ano de 2011 pode estar associada ao aumento da pluviosidade nos meses de fevereiro a maio (Tabela 1) e consequentemente da maior incidência de parasitos internos.

A quantidade de machos no rebanho foi reduzida em 2011 devido ao descarte, o que aumentou a relação Macho:Fêmea, é importante considerar também a dificuldade da região em encontrar animais de raças e ecotipos naturalizados para a reprodução com a intenção de aumentar a variabilidade genética do rebanho .

Tabela 5 - Taxa de lotação sistema de produção CBL da estação experimental da caatinga da Embrapa Semiárido, Petrolina PE

Ano Kg de carne/ha/ano Peso vivo/ha/ano (kg) Número de animais/ha/ano

2010 132,2 287,4 1,4

2011 143,7 312,4 1,8

2012 132,0 286,9 1,9

2013 143,8 312,6 2,0

Média 138,0 299,8 1,8

De acordo com a (Tabela 5) a taxa de lotação está relacionada com total de animais/ha. Comparando os anos em estudo, em 2012 os índices da taxa de lotação foram menores, mesmo observando números maiores de animais/ha. No referente ano os animais não aumentaram em ganho de peso, porém obteve-se maiores taxa quando comparado com o

(28)

sistema extensivo tradicional da caatinga que, de acordo Araújo filho et al. (2002), é de 240kg de peso vivo/ha/ano, para caprinos e ovinos.

Os dados do sistema CBL mostram valores 286,9 a 312,6kg de peso vivo/ha/ano, os resultados foram maiores, o que justifica que houve contribuição do capim buffel e as leguminosas introduzidas no sistema, através da suplementação.

Figura 5 – Relação entre pluviosidade anual e peso médio de reprodutores e matrizes sistema de produção CBL da estação experimental da caatinga da Embrapa Semiárido, Petrolina/PE nos anos 2010, 2011, 2012 e 2013.

Os gráficos mostram pesos das matrizes, peso de reprodutores e volume pluviométrico durante os meses entre os anos de 2010 a 2013. O peso vivo das matrizes variou entre 27 a 43 kg para todos os anos citados, em 2010 e 2011 considerando os anos com maiores concentrações pluviométricas o peso das matrizes foi crescente no período de janeiro a junho devido a disponibilidade de forragem da Caatinga e a gestação, considerando que as matrizes estavam gestantes nesses meses e que os partos foram a partir de maio a junho onde o peso começou a diminuir.

(29)

Em outubro ocorre aumento das chuvas e o peso volta a ser crescente, ocorrendo assim uma nova estação de monta entre outubro e dezembro, as fêmeas são suplementadas para aumentar o escore corporal (EC), afim de, aumentar sua fertilidade.

Em 2012 a quantidade de chuva influenciou no peso dos animais, as matrizes sofreram com perdas de peso e mesmo suplementadas apresentou menores pesos, principalmente nos meses entre junho a setembro, a estação de monta neste ano foi realizada entre fevereiro e abril e os animais nasceram entre julho e setembro o que influencia no peso das matrizes que mantiveram a media de 27 kg de peso vivo.

Em 2013 o rebanho se recupera do período seco, mesmo o índice de chuva neste ano sendo considerado baixo as matrizes conseguiram manter a média de peso. A estação de monta foi realizada entre janeiro a maio e os nascimento entre junho e novembro assim, devido a gestação as matrizes mantiveram o peso corporal.

Os reprodutores de acordo com os gráficos (Figura 5) apresentaram peso médio de 39 a 48kg, o peso dos reprodutores esta relacionada com manejo alimentar e estação de monta.

Em 2012 o pico no peso dos reprodutores em julho a agosto é devido à introdução de novos reprodutores no rebanho os reprodutores recebem uma suplementação durante os períodos da monta o que influencia na média do peso.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A estratégia alimentar para produção de caprinos no semiárido pernambucano implementado pela Embrapa, o CBL, mostrou-se eficiente nos anos estudados mesmo com as dificuldades encontradas nos períodos em que houve pequenas quantidades de chuvas. A estratégia conseguiu manter níveis produtivos mais altos quando comparados com sistema extensivo na Caatinga, apresentando menores taxas de mortalidade, menor variação de pesos dos animais nos períodos de seca. Um fator importante a considerar é a presença forrageiras da Caatinga na alimentação dos animais, oferecidas in natura ou conservada (durante o período seco).

O estudo realizado apresenta dados satisfatórios sobre o CBL, contudo é necessário pesquisas sobre a viabilidade econômica do modelo produtivo e sobre a eficiência no controle sanitário com uso da fitoterapia e compostos homeopáticos para diminuir taxas de mortalidade principalmente das crias até o desmame.

(30)

Todo modelo produtivo está sujeito a mudanças constantes, o sistema CBL é dependente de ações edafoclimáticas para que exista um equilíbrio na produção sendo um sistema semi-intensivo, a caatinga, o capim buffel e as leguminosas são estratégias dentro do sistema, assim a implantação deste modelo deve ser planejada de acordo com a disponibilidade dos recursos forrageiros.

O incentivo da utilização de estratégias produtivas devem chegar até os produtores com ajuda técnica para que todos os trabalhos e pesquisas sejam difundidos e ampliados para os quais necessitam e sofrem diretamente com o efeito da seca e baixos índices produtivos.

O sucesso da produção de caprinos está atrelado, fundamentalmente, às condições no qual os animais são inseridos. Portanto a escolha do sistema de produção e modelos estratégicos deve ser adequada ao número de animais, área explorada e nível tecnológico, para proporcionar alta produtividade e oferecer o bem-estar, tão necessário para o rebanho.

8 REFERÊNCIAS

ARAUJO, G.G.L.de., ALBUQUERQUE, S.G.de. e GUIMARÃES FILHO, C. Opções no uso de forrageiras arbustivo-arbóreas na alimentação animal no semiárido do nordeste 2006, arquivo pdf , disponivel em:

<http://www.cpatsa.embrapa.br/public_eletronica/downloads/OPB886.pdf > acesso dia 07 de julho de 2014.

ARAUJO,G.G.L.de. e MOREIRA, N., Uso sustentavél do recurso forragero nativo e de fontes alternativas para alimentação de caprinos e ovinos no Semiárido brasleiro. Manejo

de la Vegetação Nativa para la proución de ruminantes menores en las zonas áridas de Latino Américo- Taller de Metodológias. 12-14 junho , Fortaleza. 2009.

ARAUJO,G., ALBUQUERQUE,S., e GUIMARÃES FILHO,C. Opções no usso de

forrageiras arbustivo-arbóreas na alimentação animal no semiárido do nordeste. Sistema

aberto e integrado de informação em agricultura , p.p. 25. 2006

CÂNDIO, M. D. Caatinga- Importante Recurso Forragiero do Nordeste Brasileiro.

EMBRAPA, SABIIA. 2009.

COELHO, C. H., KIILL, L., PIEDADE, H., MOURA, M. S., & CUNHA, T. J. A Região Semiárida brasileira cap1 , In: Produção de Caprinos e Ovinos no Semiárido (pp. 21-45). petrolina: EMBRAPA, 2011.

CORREIA, R. C., KILL, L., MOURA, M., CUNHA, T. F., JESUS, A., e ARAÚJO, J. L. A região Semiárida brasileira. In: T. V. Voltolini, produção de Caprinos e Ovinos no

(31)

CORREIA.R.C., MOREIRA, J.N., ARAÚJO, J.L.P.,RAMOS,C.H. de.S., Importância social e econômica da caprino-ovinocultura no vale do Rio Gavião-ba: elementos par tomada de decisão 2008 , arquivo pdf , disponivel em:

<http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CPATSA/8955/1/OPB428.pdf > acesso em 08 de junlho de 2014.

CUNHA, T.; PETRERE, V.; SÁ, I.; CAVALCANTI, A.; SILVA, A. & ARAUJO, F.J.A pesquisa em ciencia dos solo no semiárido brasileiro. 2, 453-491. 2009.

MORAIS,D.A.E.F ., Alternativas para incrementar a oferta de nutrientes no semi-árido brasileiro, Revista Verde (Mossoró – RN – Brasil) v.2, n.1, p. 01-24 Janeiro/Julho de 2007.

GOMES, J.A.F , LEITE.E.R e RIBEIRO.P.T., Alimentos e alimentação de Ovinos e Caprinos no Semiárido Brasileiro , Embrapa Caprinos Sobral, CE, 2007 documento 67 , arquivo pdf. Disponivel em:

<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/doc67_000gasfoy9502wx5ok04xjloy6 ang9lg.pdf> acesso dia 06 de julho de 2014.

GUIMARÃES FILHO, C e SOARES,R.F., Subisidios para o fortalecimento do agronegocio da caprino-ovinocultura no semmiárido brasileiro. Revista Econmia Nordestina. v 23; p 430-435, 1999.

IBGE 2010, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:

<http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/acervo/default.asp?z=t&o=3&i=P> Acesso em 12 de junho de 2014.

MOREIRA, J., LIRA, M. A., SANTOS, M. d., ARAUJO, G. G., & SILVA, G. Potencial e produção de capim buffel na época seca no semiárido pernambucano. Revista Caatinga, v.20, n3 , p. 22-29. 2007.

MORERA, J., e GUIMARAES FILHO, C., Sistemas tradicionais para a produção de caprinos e ovinos cap 2 , In: Produção de Caprinos e Ovinos no Semiárido (pp. P.49-67). Petrolina, PE, Brasil: EMBRAPA, 2011.

NOUGUEIRA, F., e SIMÕES, S. Uma abordagem sistemática para a agropecuária e a

dinamica evolutiva dos sistemas de produção no nordeste Semiárido. Caatinga , v.22, n.2, p.1-6. 2005.

OLIVEIRA, J., ROCHA, L., & RIBEIRO, M., Etnozootecnia e onserveção de caprinos naturalizado do sertão pernambucano. Sociedade brasileira de etnoecologia e

etnobiologia. v4 , p 22, 2002.

RIET-CORREA, B., SIMÕES, S. V., FILHO, J. M., AZEVEDO, S. S., MELO, D. B., JAUBERDAN AURINO BATISTA, E. G., et al. Sistemas produtivos de caprinocultura leitera no Semiárido paraibano: caracterização , principais limitações e avaliaão de estrategia de intervenção. Pesquisa veterinária brasileira. , v.33, n.3, p.345-352, 2013.

(32)

VOLTOLINI, T., SANTOS, R., MORAES, S., & ARAUJO, G. G.L.de. Principais modelos produtivos na criação de caprinos e ovinos. Cap 9, In: Sistema de produção de caprinos e

Referências

Documentos relacionados

Table 1- Atlantic and Pacific chub Mackerel metazoan parasites and its geographical distribution………..………….5 Table 2- Targeted gene, sequence of the

Dessa maneira, os resultados desta tese são uma síntese que propõe o uso de índices não convencionais de conforto térmico, utilizando o Índice de Temperatura de Globo Negro e

De maneira sucinta, porém objetiva, este artigo, propôs dirimir possíveis controvérsias à visão do Tratado da Amizade, bem como explicitar relevantes avanços no

ed è una delle cause della permanente ostilità contro il potere da parte dell’opinione pubblica. 2) Oggi non basta più il semplice decentramento amministrativo.

Considerando a importância dos tratores agrícolas e características dos seus rodados pneumáticos em desenvolver força de tração e flutuação no solo, o presente trabalho

A simple experimental arrangement consisting of a mechanical system of colliding balls and an electrical circuit containing a crystal oscillator and an electronic counter is used

Esta pesquisa tem como objetivo avaliar as características e o potencial do Resíduo de Mármore como material de substituição parcial do cimento Portland em concreto tanto no

Um novo método é proposto para a extração em tempo real da componente da corrente de seqüência negativa, apresentando um bom desempenho em comparação com os outros métodos.