DE
José
Goncalves
do
Passo
><
****
><
THESE
APRESENTADA
A FACULDADE
DE
MEDICINA
DA
BAHIA
PARA SEU SUSTENTADA
EM NOVEMBRO DE
1871POR
V
HATtjRAL DESTA PROVÍNCIA
Filho legitimode José Gonçalves do Passo eD. AntóniaGomes Leitedo Passo
PARA
OBTER OGRAU
DE
2>iii<jei ioutei voi aettoiuDemanietedaltemDte,
autout que poMiífe, feDeuiiet UlmeDe cotte
pw|e4-íloti, cjiúe*tDe coiiAetwet favu, De tetaCCi*fa íâwt*
etD'afffíjetfei6u||taucei 3'auttui.
(3éuf|cfaiiD, |
TYPOGRAPHIA DE
J. G.TOUMNHO
FACULDADE
DE
MEDICINA
DA
BAHIA.
DIRECTOR
wa®ii=®iii&ii©ir®iR
O Ex.rao Snr. Conselheiro Dr. Vicente Ferreira de Magalhães.
OSSUS.DOUTORKS l.*ANNO. MATIíaiASQUO LECCIONAM
,,,„., r -..nK..M,«,n»õnc í Physlca emyrr.il.eparticularmenteem suas
Cons. Vicente Ferreirade Magalhães. ; .fp)Jlh.
içi . , M
' e(ncina. FranciscoRodrigues daSilva Cbiiuica eMin ralogía.
AdrianoAlves deLimaGordilho . . . Anatomiadescriptiva.
2.*ANiSO.
AntoniodeCerqueira Pinto
...
Chimicaorgânica.Jerouymo SodréPereíra.
...
. Pliysíologia.AntonioMarianodouonittm Botânicai Zoologia.
AdrianoAlvesdeLimaGoidilho. . . . RepelirãodeAnatomiadescriptiva,
3.»ANNO.
Cons. EliasJoséPcdroza Anatomiageral epathologica.
Josede Goes Sequeln Palhologiageral.
Jcronyiuo Sodró Pereira Physiologia.
i.° ANNO.
Cons.ManoelLadíslnoAranha Dantas . Palhologia externa.
DemétrioCyriaro lourinho Palhologiainterna.
Conselheiro Malhias MoreiraSampaio
j
P™,^
S.»ANNO.
DemétrioCyriacnTourinbo ContinuaçãodePalhologia interna.
JoseAntoniodeFreitas .[
A a a ffp >" rSh0 0 sí >0graphÍCa' M««CÍBaQperat<>rI»,e
Matéria medica,etherapeutica.
6."ANNO.
RozendoAprígio PereiraGuimarães. . Pharmacia.
Salusliano FerreiraSouto Medicinaiegal.
DomingosRodrigues Seixas
...
llygiene, eHistoriada Medicina. Jose AlfonsodeMoura Clinicaexternado3.*e4.°anno.AntonioJanuáriode Faria.
...
Clinicainternado5.*e6.*anno,IgnacioJosedaCunha /
Pe«lriiRibeiro deAraujo >Secção Accessorla. José Ignacio de Barros Pimentel. . .1
VirgilioClymaco Damazio /
Augusto Gonçalves Martins. . . . ./
DomingosCarlosdaSilva.
...>
Secção Cirúrgica. -Antonio PacidcoPereira \Luiz Vivaresdos Santos /
BamboAMons> Monteiro > SecçãoMedica. EgasCu.IisMonií SodédeAragão. Á
Glaudeiniro Augusto deMoraes«.aidas
O
Hr.Dr.Cinoiuiiato l*intodaSilra.O
Sr.Dr.Thoiuaz cl'AquinoGaspar.A
SAUDOSA MEMORIA
OKA
IZSIBCOSA
lf£lD.
ANTÓNIA GOMES
LEITE
DO
PASSO.
AhtTons plenrer est lebonbeursoprême Mânes chéris.
Yous oublier c'est s'oublier soi-même
BPétesToas pas undebris de noscoenrs?
AS
VENERANDAS
CINZAS
DE
MEUS
AVÓS
PATERNOS
E
AVÔ
MATERNO
Um
pranto de
eterna saudade!!à.
MEMORIA
ME
TODOS
OS
MEUS PARENTES
A
MEU
PAI
E MEU MELHOR AMIGO O SR.
3o0c
<fi)Mtçah)c$
iro
tya$$o
Meu Pai.
Eis-me chegado aofim de minhaperigrinação; eis terminados osvossos sacrifícios e as minhasfadigas.
São tão numerososos beniticios, que tenho recebido de vós, que nesta hora a mais
solcmnedaminha vida faltão-me expressões parademonstrar oque minha alma sente.
A
gloria que hoje alcanço, oslouros que hoje cingema minhafronte, também vospertencem.
Confiado, pois, em vossa acostumada indulgência, e em vosso extremoso coração,
animo-mea supplicar-vos queacceiteis o meu insignificante trabalho, não em
compen-saçãodo quanto vos devo, mas, como signal do mais profundo reconhecimento e amor
filial.
Abençoai ao vosso filho
José.
Á
MEUS
IRMÃOS
Joaquim
Gonçalves
do
Passo
D.
Maria
Guilhermina
do
Passo
Baptista
D.
Anna
Thereza
Leite
do
Passo
Oh! palavras, oh lingoa! quam sois fracas
Para d'alma narraros sentimentos.
[Magalhães.)
1
MEU
CUNHADO
0
Sr.José
Baptista
Pereira
Marques
Sincera prova de gratidão.A
MEUS
SOBRINHOS
ó/n/omo é$a/iá'<t/ac^elcàa *s/6atyue<i ^/6afc'a
Smiáa
&$. ^fáatyucJA
IKHA
QUERIDAAVÓ
MATERNA
A EXMA. SRA.
D.
ANNA
ANGELICA
DE
CARVALHO
PIMENTEL
Amisadee respeito.
A
TODOS
OS
MEUS
PARENTES
Amisade.
O EXM. SNR.
AOS
Vm
7ERDADEIR0S
iKIKS
OS SRS.
José
de
Castro
Lima
Manoel Lopes
Pontes
E
AS
SUAS
EXCELLEiN TISSIM
ASFAMÍLIAS
Em
quanto me animarda vida o sopro Grato publicarei vossosfavores.* * *
Respeito.
ii
iSOttMWSIllfi
SffilDM
D.
MARIA
JOAQUINA
DE VASCONCELLOS
Gratidão.
A
MEUS
COLLEGAS
DOUTORANDOS
COM ESPECIALIDADE
Aagusto
fieSouza Marques
Antonio
fieAzevetlo
Monteiro
Antonio
Monteiro
Alves
Tu que conheces minha alma
D'ella acceitaa gratidão,
Saudades d'alma nascidas
Suspiros docoração,
E
o triste saudoso adeusDenossa separação.
(Dr. FerreiraLopes.)
A
TODOS
OS
MEUS
AMIGOS
Retribuição de amisade.
A
ILLUSTRADA
CONGREGAÇÃO DA
FACULDADE
Hemorrhagia
puerperal
eseu
tratamento
DISSERTAÇÃO
o
Ont peule dire avec verité. lesbémorrhagies des fenimcs enceintes sont los íualadics qui exigent le
plus de sang froid, le plus de eonnaissances et le
plus dbabilité.
Enprésence de semblablesaccidents eneffet, quel-ques seconds de plus ou de moius décidenl souTcnt de la vie ou de la mort de deux êtrcs égalemeot cbers.
(Velpcau—Traiiccomplet del'artdes accoucbements.)
HÀMA-SE
hemorrhagia puerperal toda perda sanguínea que sobrevem amulher
em
qualquer período da gestação e doparto, ou ainda depois da expulsão do feto e seus annexos:
comprehendendo
debaixodesta denominação não sóasperdas sanguíneas queteem
sua sede nos órgãos genitaes, no feto eseus annexos,
como também
cm
outro qualquer órgão,como
estômago, o encephalo, os pulmões, etc.
Nos
occuparemos aqui somente das perdas, que teem suaorigem nos vosos do útero, do feto e de seus annexos.
As
outras, quaesquer que sejãosuas origens e sedes, apre-sentão durante a prenhez,como
diz M. Cazeaux, asmesmas
indicações que
em
qualquer outra épocha da vida, e sóem
casos rarosobrigarão o parteiro á terminar apressadamente o parto.
Dividiremos a nossa dissertação
em
trespartes:na primeira trataremos da metrorrhagia, que pode sobrevir desde ocomeço
da gestação até aexpulsão do feto; na segunda da que pode complicar o delivramento, e
PRIMEIRA
PARTE
Da mctrorrhagia que pode sobrevir desde o começo da gestação até a expulsão do feto.
ETYOLOGIÁ
Dividiremos as causas das hemorrhagias uterinas
em
causas predis-ponentes, determinantes e especiaes.Causas predisponentes.
—
A
prenhez imprime na circulação geral grandes e profundas modificações: assimo pulso torna-se cheio e frequente,mani-festão-se palpitações, difíiculdades na respiração, engorgitamento dos troncos venosos inferiores.
Além
destasgrandes perturbações, dão-semo-dificações importantes nos órgãos genitaes, principalmente no útero.
O
ovulono
primeiromez
da vida intra-uterina, não tendo aindacon-traindo senãofracas adherencias
com
a parede uterina, nutre-se á custa dos líquidossegregados na face interna deste órgão.Maistarde principia a formaçãoda placenta e dos
numerosos
vasos,que
se dirigem da face interna do útero e da face externa do chorion, parase encontrarem, se entrelaçarem e se unirem. Para esta nutrição e esta
rica organisação, dá-se
um
afluxo considerável de liquidos para esteór-gão,
em
virtude desta secreção abundante e deste trabalho de organisa-ção vascular, a circulação torna-se muito activa, o que predispõe muitoá hemorrhagias.
Uma
impressão moral,uma
commoção
physica, pelodes-arranjo circulatório que ellas produzem,
podem
perturbar aharmoniaque
preside esta nova creação e desaranjar as relações que se estabelecementre o útero e o ovulo; então os vasos de nova formação não
podendo
resistir á pressão da columna sanguínea, por causa da
pequena
resistên-cia das suas paredes,
rompem-se
eum
extravasamento sanguíneosema-nifesta.
Quando
a gestação é mais adiantada, a placenta está organisada.Po-rém
a dupla circulação, o desenvolvimento considerável do apparelho vascular do útero, a estructura particular dos vasos utero-placentarios—
5—
Nos
últimos períodos da prenhez, encontrão-se as seguintesmodifica-ções: asartérias
augmentão
de calibre, logoque se approximão do útero;antes de lornecerem as primeiras ramificações, se dilatão, se contornão
em
forma de saca-rolhas e se dirigem entre o peritoneo e a face externado órgão; ao depois dão
ramos
que se dirigem para as partes anteriores e lateraes, e se ramificão. Todas essas ramificações vão até o interior doórgão,
umas
ahiterminão-se, outras se dirigem á placenta.As
veiasova-ricas mais que as uterinas
augmentão
de calibre. Estes vasos são maislargos na inserção da placenta, e
diminuem
á proporção que d'ahi se af-fastão, sereduzem
a sua túnica interna e sedilatão até chegarem ácons-tituir vastos seios, que se
communicão
e se cruzão na face adherente daplacenta, o que exprime muito
bem
Cazeaux, nos seguintes termos: ces sinus communiqueni à 1'infim entre eux de manière à représenter, pourainsi dire, un véritable lac de sang cloisonné.
Em
virtude destadisposi-ção dos vasos, o sangue passa de troncos pouco volumosos para
cavida-des amplas,largas e multiplicadas, no syslema arterial; no systema
veno-so ao contrario, o sangue passade cavidadesmuito espaçosas para tubos
mais estreitos. Jacquemier considera esta disposição,
como
a causa dademora
na circulação uterina produzindo a estase do sangue, oengorgi-ta
mento
dos vasos e ao depois a hemorrhagia, fundando-se na seguintelei de hydraulica: «quando corre
um
liquidoem
um
tubo continuo, aquan-tidade que
em
um
momento
dado atravessa as diíferentes secções do tu-bo, deve ser amesma
por toda parte; e a velocidade diminue se o tubose alarga e vice-versa.»
Cazeaux não compartilha estas ideias, diz elle:Se
com
effeito, o cursodo sangue nasartérias é
demorado
por causa da sua passagem detron-cos pouco volumosos para cavidades amplas, largas e multiplicadas, é
pelo contrarioaccelerado nas veias pela passagem de cavidades espaçosas para tubos estreitos.Porconseguinte ha compensação.
O
mesmo
parteirocomlue
dizendo que, muitas circu instanciaspodem
destruir estaharmo-nia
eque
a perda pode ter logar: i.o por exhalação sanguínea,principal-mente
nos primeiros tempos da prenhez; 2.° pela ruptura das veiasear-térias utero-placentarias propriamente ditas; 3.° pela ruptura das veias e
arteriolas que rastejão na espessura da
membrana
caduca, por fora daplacenta.
As
mulheres plethoricas e abundantemente regradas são predispostastambém
um
papel importante.As
mulheres nervosas, nas quaestodas as excitaçõesse reflectem noútero, saotambém
predispostas.O
útero ámedida
quese desenvolve vaecomprimindo
osvasossubjacen-tes, e portanto embaraçando a circulaçãonelles, e
em
consequênciadesteembaraço pode resultar
uma
estase sanguínea nos seios venosos, estaseque pode
romper algum
destes seios e darlogar áuma
hemorrhagia. Gendrin reúne ás causas predisponentes, o desenvolvimento do tecidomuscular do útero.
O
útero nos últimosmezes
da prenhez é formado de trez camadas, esta triplacamada
debaixo de excitações internas eexter-nas pode tornar-se a sede de espasmos, que
produzem
contracçõesirre-gulares neste órgão.
Esta sorte deespasmos pode trazerrupturas nas ramificações vasculares
ou descollamento parcial da placenta, e por conseguinte extravasações sanguíneas.
São ainda causas predisponentes, o abuso das bebidas alcoólicas, a frequência dosespectáculos, dosbailes, a alimentação excitante, os
drás-ticos, as inflammações agudas e chronicas do útero e seusannexos, ouso
de banhos muito quentes, a applicação de sanguessugas navulva; o coito
representa
um
importante papel na producção das hemorrhagias. ParentDuchatelet,fallandodaprostituição de Pariz, diz queas metrorrhagias
fre-quentes,que soífrem as prostitutas teem por causa o abuso dos prazeres sexuaes.
Causas determinantes.
—
A
acção muito prolongada das ultimas causas pre-disponentes pode tornal-as verdadeiras causas determinantes. Elias sedividem
em
moraes e physicas.As
primeiras obrão da seguinte maneira:primeiramente dá-se o abalo nervoso; consecutivamente ha
um
afíluxosanguíneo para o útero,
uma
congestão exagerada, ruptura vascular e a perda sanguínea. Estas causas são as seguintes:As emoções
moraes,um
pezar profundo,
uma
alegria immoderada,um
susto, o accesso de cólera, a vista deum
objecto ou deuma
pessoa que inspire repugnância, etc.As
segundas são:Um
choque, marchas forçadas,uma
queda, esforçosphysicos, a tosse, o vomito, o esforço para levantar
um
pezo, as fadigasde equitação, etc.
Os
auctoresdivergem, quantoaomodo
pelo qualsepro-duz a hemorrhagia.
Uns
pensão que haprimitivamenteum
descollamen-to placenlario que determina a ruptura dos vasos; outros que
em
pri-meiro logar se dá aruptura vascular e queo
derramamento
entre o úteroparece-nosa maisprovável.
A
placenta,sustentadadeum
lado pelo uleroedooutropelas
membranas
eseu conteúdo;édifficil descollar-se; paraqueistose dê, é misterum
choque
considerável, capaz deromper
asmembranas
e aomesmo
tempo
descollar a placenta. Felizmente a acção destas causas não determina muitas vezes perturbações notáveis, e para comprovar o queacabamos
dedizer,citamos oseguinte caso referidoporM.
Cazeauxr/íweu Voccasion d'obscrver à VHôtel-Dieu, quand j'y étaisinterne du scrvicedesfemmes
encouches, unejeune filie enceinte de cinq mois, que désespérée deVabandon desonamant,s'ètaitjetée, dans laSeine du haut du Pont-Ncuf:
à la suite d'une commotion aussi violente, la grossesse
nen
continua pasmoins son cours.
Causas cspeciacs.
—
As
causas especiaes exercem sua influenciaem uma
epocha adiantada da prenhez.
Temos
á estudar ainserçãoanormal da pla-centa, aruptura do cordão umbilical e a retracçãobrusca doútero.A
inserção da placenta no segmento inferior do úterotem
sidoconsi-derada
como
acausamaisfrequente de perdas sanguíneas, durante os trezúltimos mezes da prenhez e o trabalho do parto.
Os
parteiros antigos nãoconhecião esta inserção viciosa; quandoelles encontravão
um
casodestes,pensavão que a placenta tinha cahido do fundo do útero por seu próprio
peso sobre o collo.
Quando
encontravão a placenta ainda adherenteno
collo,julgavão que esta adherencia era accidental e produzida por coá-gulos sanguíneos fortemente unidos ao tecido uterino. Foi Portftl,
quem
primeiramente
em
1685 publicou observações, procurouexplicarcomo
sedavão asperdas nestes casos, e as suas explicações forão mais tarde
ac-ceitas por Levret e muitos outros. Heister e Giífart insistirão neste facto
como
uma
causa de metrorrhagia. Esta inserção anormal pode dar-se ou na circunferência do collo ouem
differentespontos.Quando
a placentase estende muito perto da circunferência doorifí-cio chama-se marginal; incompleta ou parcial,
quando
não cobre senãouma
parte; completa ou central, quando cobreem
totalidade.Ha
aindauma
inserção viciosa,chamada
intra-cervical, admittida por Lachapelle ecitada por esta celebre parteira.
Porém
esta forma de inserção ainda nãoestá
bem
demonstrada e diz M. Cazeaux que necessita ainda de novasobservações.
Diversas são as explicações para o mecanismo, segundo o qual se dá
a hemorrhagia no caso deinserção da placenta no segmento inferior do
pri-melros
mezes
da prenhez, o útero se desenvolve particularmente á custa das fibras da parte superior do corpoou do fundo do órgão.Nos
trezúl-timos mezes, as fibras do terçoinferior do corpo do útero
teem
um
des-envolvimento rápido, e oaugmento
da cavidade do órgão se faz á custada distenção e do desenvolvimento desta parte inferior; assim o útero
que
tem
nos primeiros mezes a forma deuma
pera, apresenta no fim da ges-tação a deum
perfeito ovóide.A
placenta nos últimosmezes
sedesen-volve
mui
lentamente. Resulta deste desenvolvimento lento, qne seus co-tyledons se affastão, se repuxão, e á finalesta adherencia cellulo-vascular cede, rompe-se, dandoem
resultado a perda sanguínea.Quando
aplacenta se insere sobre o collo uterino, a hemorrhagia se dá
ordinaria-mente
do oitavomez
e meioem
diante, e é devida á abertura do orificiouterino. Diz M. Cazeaux: alors, en e/fel, Vévasement du col de l'utérus,son
cffacement complet, doivent nécessairement avoir une grande influence sur
la production et Vabondance de la perte, dans les cas ou
un
des points dela circonférence du placenta a des rapports immédiats avec le col, mais
surtout dans ceux ou Vinsertion a lieu,
comme
on dit,centre pour centre.A
hemorrhagia nestas circumstanciastem
sido considerada inevitalvel:entretanto a sciencia possue factos e observações que demonstrão
que
ocollo pode se dilatar
sem
dar logar á perdas.Como
explicar-se estesfa-ctos?
Walter pensa que ha provavelmente
uma
communicaçâo
mais larga emais fácil entre as radiculas venosas e as artérias do útero, de sorte
que
o sangue passa
sem
derramar-se das artérias para as veias. Mercier dizque os vasos exhalantes do útero estão
em
um
estado de constricção, deperversão de sua sensibilidade capaz de se oppor ao curso do sangue^
M.
Moreau
diz quenos casos observados os meninos estavão mortos, esem
duvida á muitos dias. Explica o factoda seguinte maneira: o fetosuc-cumbindo
no útero, sobrevêm na circulação uterinamudanças
necessá-rias pela parada da circulação fetal; o sangue contidonos vasos
coagula-se, osvasos estreiíão-se ealguns obliterão-se,não vaimaisao útero senãoo
sanguenecessárioparaasuanutrição, oestimulo
tem
desapparecido;eentãoa dilataçãodoorificio docollo podese fazer
sem
hemorrhagiaconsiderável, posto que osvasos seachem
despedaçados. Esta explicação parece-nosad-missível
em
alguns casos. Para outros casos acceitaremos a explicação deJacquemier, que é a seguinte: o descollamento placentario
tem
sidoaugmen-tar, os vasos despedaçadosanteriormente
tem
sido obliteradospor sanguecoagulado.
E
assim se explicão os factos nos quaes a perda, depois deter-se reproduzido muitas vezes durante a prenhez, não se reproduz
du-rante o trabalho. Emfim,
quando
a ruptura dasmembranas
tem
logardesde o principio do trabalho, a retracção do útero pelo corrimento do
liquido, a compressão que a cabeça dofeto exerce sobrea porção da
pla-centa descollada
põem
um
paradeiro ao corrimento sanguíneo.A
perda pode ter ainda por causa a rupturado cordão umbilical. Esta ruptura po-de po-depenpo-der deum
estado mórbido das túnicas vasculares, d'umadis-posição anormal dos vasos do cordão e da curteza natural ou accidental
do cordão. Baudelocque, Naegelé, Levret e outros citão factos que de-monstrão, que duranle o trabalho, pode dar-se
uma
hemorrhagia gravepela ruptura do cordão.
A
rectracção brusca do úteropode separar apla-centa prematuramente da face interna do útero, e portanto dar logar
á
uma
perda sanguínea grave.É
o que se dá quando o útero distendido se acha de repente desembaraçado deuma
parte de seu conteúdo,como
nas prenhezes gémeas, depois da sabida de
um
dos fetos, ou no caso de hydro amnios, depois que correuma
grande quantidade de liquido.SYMPTOMAS
Dividiremos os
symptomas
da hemorrhagia puerperalem
geraes e lo-caes.Quasi
sempre
a hemorrhagia puerperal é precedida dephenomenos
precursores, taes como: inquietação,mal
estar geral, cephalalgia,verti-gens, fraqueza dos
membros,
inappetencia; appresentão-se signaes decongestões uterinas,
como
entorpecimento da bacia, dôr obtusa,gravati-va na região lombo-inguino-crural, desejosfrequentes deurinar,
também
appresentão-se náuseas, vómitos, plenitude e frequência do pulso,
colo-ração rubra da face.
Os
symptomas
geraes são: o pulso pequeno, molle, fluctuante, ares-piração fraca e difticil, a pallidez da pelle, os lábios exangues, as
extre-midades frias,
um
suor frio que cobre a face e o pescoço, a languidez dos olhos. Se a perda é abundante e se fazcom
rapidez, todos ossym-ptomas augmentão
de intensidade: o pulso gradualmente torna-se maiscora-—
10—
ção c
também
enfraquecida.Sobrevêm
vómitos, vomíturações, syncopes, evacuações alvinas involuntárias,convulsões, delírio efinalmenteamorte.Os symptomas
locaes variào segundo que a perda é interna ouexter-na.
Quando
o sangue corre para o exterior, a perdatoma
onome
deex-terna; quando o sangue se accumula na cavidade uterina, ella
cbama-se
interna.
O
apparecimento do sangue na vulvaem
maior oumenor
quan-tidade é
um
symptoma
caracteristico da perda externa.Sendo
a perdainterna e pouco considerável passa muitas vezes desapercebida;
porém
quando
ellaé abundante, além dossymptomas
percursores, dá-seum
au-gmento
rápido novolume
do ventre,o útero torna-se tenso, duro eresis-tente,
toma
algumas vezesuma
forma irregular, parece divididoem
douslóbulos,
um
oceupado pelo ovulo, outro pelo sangue derramado.Em
grandenumero
de casos, segundo M. Cazeaux, osmovimentos
do fetonão são percebidos.
Emfim
diz omesmo
parteiro:quando
aperdasobre-vem
durante o trabalho, o intervallo de cada dor é assignalada pela sa-bida de coágulos mais oumenos
abundantes. Istotem
logar porqueno
intervallo de cada dor, acabeça do
menino
não tapa hermeticamenteo
collo, deixa livre o orifício e permitte que o sangue corra.
O
logar onde se faz o accumulo sanguíneo na perda interna,que
so-brevem
em uma
epocha avançada da prenhez, deve variar segundo o ponto do apparelho vascular utero-placentario, que é a sede do derrama-mento.O
sangue pode se escapar dentre a face uterina da placenta e aparede uterina correspondente; então a perda continuando-se descolla a
placenta
em
algum
ponto de sua circunferência, e se escapadescollan-do as
membranas.
Porém
pode acontecer que a circunferência daplacenta não se descolle e o
derramamento
fica limitado pelos bordos daplacenta.
Um
facto citado peloNew
medicai andphysical Journalem
1813
com-prova o que
acabamos
de dizer.Uma
mulher d'uma
constituçâo fraca edelicada no ultimo
mez
da sua prenhez teve pela vulvaum
ligeirocorrimento sanguíneo.
Com
a perda de32
grammas
teveuma
syneope, o collo do úteroapresentavauma
rigidez extraordinária euma
pequena
dilatação.
A
doentemorreu
e pela autopsia se achou a placenta descol-ladasomenteem
seu centro; os seus bordos estavào completamentead-berentes, formando
um
cul-de-sac,no qual havia sanguecoagulado.A
apoplexia placentaria éuma
verdadeira hemorrhagiainterna,na qual—
H
—
não
compromette
avida da mulher;porém
compromettea vida do feto, esua expulsão prematura é a consequência.
Segundo
alguns authores, ahemorrhagia pode ter logar pela ruptura do cordão umbilical, ao depois
do que o
derramamento
se fazno interior do amnios.Emfim
tem-se ad-mittido que a perdapode ter logar na facefetal da placentae entre osdi-versos folhetos
membranosos
que constituem o sacco amniótico.DIAGNOSTICO
Perda externa.
—
Algumas
vezes é difficíl diagnosticar-seuma
perda san-guínea durante os trez primeiros mezes da prenhez, poisha casos, aindaque raros, de mulheres regradas durante a gestação.
Quando
uma
mulher
pejadativerum
corrimento sanguíneo pela vulva, e que depois deum
exame
minucioso não tivermoscertezada verdadeira causa da perda,devemos
seguir os preceitos de P. Dubois: si vousobser-vez les
mêmcs
incommodités, lesmêmes
phénomènes qui,dansVètat normal,accompagnent chez votre maladeVerwptiondes régies, concluez-en quevous
avezsonsles yeux une simple évacuation menstruelle; dans le cascontraire
jiortez uneconclusion diffcrente. Se a perda é maior que nas
menstrua-ções ordinárias, se a doente
tem
cólicas, e o fluxo sanguíneo teve logarem
virtude deuma
causa violenta, se é seguido deum
enfraquecimentogeral e alguns
symptomas
geraes apparecem, então toda difficuldadedesapparece.
Quando
a perdatem
logar nos últimos mezes da prenhez ou durante o trabalho do parto, o diagnostico é fácil; por que além da presença dosangue, existem
symptomas
geraes e locaes.Porém
reconhecida aperda uterina,
como
reconheceremos a sua causa? Esta questão éal-gumas
vezes difticil de resolver-se. Será devido ao desapego daplacenta,em
virtude de sua inserção no collo uterino, ouem
um
ponto visinho delle? Para chegarmos a esse fim é mister entrarmosem
algumascon-siderações.
llcmorrliagia por inserção viciosa da placenta.—
Os
signaes, que annuncião aexistência desta inserção viciosa
podem
sedividirem
signaes racionaeseem
signaes sensíveis.Signaes racionaes.
—
A
hemorrhagia, quetem
por causa a inserção dapro-ilomos,
sem
causa apreciáveloumuito insignificante, muitas vezesá noite,no repouso.
Não
apresenta-se ordinariamente antesdo fim do sexto mez.A
principio é de curta duração,porém
de fácil reproducção; e este reap-parecimenlo c mais abundante e maisassustador.Se o trabalhotem
come-çado c as
membranas
são intactas, a perdaaugmenta
duranteas contrac-ções uterinase diminue nos intervallos das dores; o contrario acontecequando a placenta se prende
em
outro qualquer ponto do órgão.Com
effeito o útero se contrahindo, oblitera os vasos, quer pela retracção de
seu próprio tecido, quer pela compressão que as partes contidas nesta cavidade exercem,
mas
no caso de que nos occupamos, as contracçõesdilatando ocollo, distruem as adherencias vasculares que
unem
a pla-centa ao collo, e a hemorrhagia augmenta.A
bolsa das agoasnão sefor-ma
no caso de inserção completa ou central,como
no trabalho ordinário;por que a inserção placentaria sobre o collo tapa o orifício,
impede
ose-gmento
inferior do ovulo d'ahi se introduzir e deficarao alcancedo dedo.Signaes sensíveis.
—
Deve-se praticar o toque,quando
seprocurareconhe-cer a inserção da placenta sobre o collo uterino.
Quando
se praticaoto-que o dedo explorador, depois de ter atravessado os coágulos,
que
en-chem
a vagina e a cavidade do collo, reconheceum
corpo esponjoso emolle, que occupa totalmente ou
em
parte o orifício do collo.Emprega-se
algum
esforçopara o dedo passar entre este corpo molle eesponjoso, cheiode anfractuosidades e o orifício uterino, emuitas vezes o dedo não penetra
sem
descollar o corpo do ponto, pelo qual quer se in-troduzir.Porém
pode acontecer que o dedo encontreum
ponto livre pelo qual penetre, não sendo possível, entretanto, percorrer o resto dacircunferência do orifício.
Não
confundiremos a placentacom
um
coagu-lo sanguíneo; porque este é friável,
menos
resistente e mais movei;nem
com
os tumores fungosos ou cancerosos do collo,com
as vegetaçõessv-philiticas,polypos e tumores hydatidos;não sópelos antecedentes da
mo-léstia,
como
pelossymptomas
geraes, e sobretudo depois deum
exame
minucioso.
Algumas
vezesuma
camada
de sangue coaguladocobre asu-perfície externa da placenta não permitte que o dedo chegue sobre o
seo próprio tecido e reconheça a suaexistência.
Porém
quasisempre
con-segue-se distinguir os intervallos existentes entre os cotyledons
da pla-centa, tendo-se desligado os coágulos sanguíneos, que ahiestavão
adhe-rentes. Outras vezes a placenta, inserindo-se no segmento inferior do
—
13—
o eollo reconbece-seobordo da placenta, ou as
membranas
mais espessasque de costume, e sobretudo
um
epicborion molle deuma
espessuratri-pla ou quadrupla correspondendo ao lado do orifício,
em
que seachaim-plantada a placenta.
Ha
casosem
que o dedo não pode penetrar noorifí-cio do collo, por ellenão estardilatado; então a exploração da parte infe-rior do corpo do útero pode facilitaro diagnostico.
A
hemorrhagia pela ruptura dos vasos umbilicaes apresenta osmesmos
symptomas
que a perda produzida pela inserção da placenta sobre ocollo.
Somente
o toque pode esclarecer o diagnostico, provandoaausên-cia da placenta sobre o collo uterino. Benckiser notou antes da ruptura das
membranas
uma
espécie de corda, que crusavaem
angulo agudo aabertura do collo.
Perda interna.
—
Se a hemorrhagiaem
vez de se apresentar no exterior,se dér na cavidade uterina, o diagnostico será tanto mais fácil, quanto mais adiantada é a prenhez;eelle se baseará principalmente no
augmento
rápido do útero, na suaforma singularde concomitância
com
as cólicas uterinas, que de ordinário apresentão intcrvalloscom
as dores lombarese hypogastricas, os resfriamentos das extremidades, a pallidez do rosto,
os calefrios, etc.
As
perdas uterinas são gravíssimas depois da ruptura da bolsa dasagoas, porque osangue pode se derramar
em
abundância no interior doovulo ou recalcar as membranas. Neste caso, além dos
symptomas
ge-raes, nota-se o desenvolvimento do útero.
Na
tympanite, na hydropesiado amnios o útero pode tornar-se considerável;
porém
a sonoridade noprimeiro caso, a lentidão do desenvolvimento do útero no segundo, e a ausência dos
phenomenos
geraes bastão sempre para o medico fazerum
diagnostico certo.
Também
as syneopespodem
sobrevir durante apre-nhez eo trabalho doparto,
sem
quehajãoperdas sanguíneas;porém
^es-te caso o ventre não augmentará de volume.
Quando
a perda sobrevemdurante o trabalho do parto é seguida muitas vezes de
um
enfraqueci-mento
geral e de suspensão das dores.O
ventre torna-se algumas vezes—
14-PROGNOSTICO
O
accidente o mais terrível, que podese apresentardurantea prenhez,noparto e depois da expulsão do feto e seus annexos é a hemorrhagia puerperal.
A
gravidade doprognostico depende muito da epochaem
que
cila sobrevêm, da sua abundância, e da rapidez
com
a qual se faz.Duranteo trabalho doparto, esteaccidente será mais grave para a
mu-lher e para o feto, quanto mais remota está a epocha,
em
que
ella seapresenta do
momento
da expulsão do feto: mais grave para asprimi-peras, que para aquelles quejá tiverão filhos.
A
gravidadedepende ainda da constituição, do temperamento da mulher.Ha
mulheres quemorrem
ou correm grandes perigos depois deuma
pequena perda sanguínea; outras pelo contrariopodem
perderuma
quan^tidade considerável de sangue
sem
ficar seriamente doentes.A
hemor-rhagia interna é,
em
geral, mais grave quea externa, porque muitasve-zes não apresenta
symptoma
algum, pelo qual se possa reconhecercom
certeza a sua existência. Entretantocompromette
nocomeço
da prenheza vida dofeto, e a da mulher
em
uma
epocha mais adiantada.A
perdaainda é mais grave depois da rupturadas
membranas.
A
perda, quetem
por causa a inserção da placenta no segmentoinfe-rior doútero édetodasa mais grave.
É
gravíssima para a mulher; porquereproduzindo-se muitas vezes durante os últimos
tempos
da gestação etrabalho do parto, necessita sempre da intervenção da arte; gravíssima
para o feto, porque esta intervenção não é
sem
perigo para elle e ain-terrupção da circulação utero-placentaria que resulta do descollamento da placenta o expõe á
uma
asphyxia mortal.A
inserção viciosa maisfu-nesta é aquella
em
que a placenta cobre inteiramente o orifício internodo collo. Neste caso acontece muitas vezes que a dilatação gradual do
collo appressa o descollamento completo da placenta, e o ovulo se
divi-dindo
em
um
ponto mais oumenos
affastado da circunferência da pla-centa, ella pode ser expellida pela vulvamuitas horas antes do feto.Pode
também
acontecer queem
virtude de contracções enérgicas, a cabeça do feto perfure a placenta pelo centro e passe atravez destaaber-tura.
O
Dr. Ingleby, fazendo autopsia no cadáver deuma
mulher
victima—
15—
achou a cabeça na vagina tendo passado por
uma
aberturacentral da pla-centa.TRATAMENTO
O
tratamento das hemorrhagias se divideem
geral e especial.Meios geraes.
—
Os
meios geraes manejadoscom
perseverança dão bonsresultados, principalmente
quando
a perda é pequena.Assim
logo que seapresentar
em uma
mulher
a hemorrhagia, deve-se collocar a doenteem
um
quarto arejado, vasto eum
pouco escuro, oleito deve terum
colchãoum
pouco duro.A
paciente conservará a posição horisontal, ficando abacia
um
pouco mais elevada que o resto do corpo,com
o fim de dimi-nuir a congestão uterina.O
parteiro prohibirá a presença de pessoas in-discretas, e ade pessoas quepor qualquermotivoincommodem
a doente, etambém
ouso de cobertores muito pesados; elle procuraráconvencer adoente queoseu estado nãoé grave; por que, segundodiz Cazeaux, a
cal-ma
do espirito não émenos
essencial, que o repouso.Ao
mesmo
tempo
applicará as bebidas frias eum
pouco aciduladas, deve-se entreter ali-berdade do ventre por meio dos clysteres e dos purgativos brandos,
em
fim pratique-se o catheterismo se existir estranguria.
Meios especiacs.
—
Os
meios especiaes varião, segundo a epochaem
que
se dáa hemorrhagia, segundo a sua abundância e sua gravidade.Trata-remos
em
primeirologardahemorrhagia,que sobrevêm duranteaprenhez.Tratamento da hemorrhagia duranteosseisprimeirosmezesda prenhez.
—
Deve-seempregar
os meios geraes e a phlebotomia, se a mulheré plethorica. Sea hemorrhagia continua, applique-sc os opiáceos, entre os quaes de ordi-nário se dá preferencia ao laudano de Sydehan
em
clysteres (20 gottas até30
para cada clysler, que se pode repelir de horaem
hora ale' odesapparecimento da perda.)
A
phlebotomia écontra-indicada se a mulherse acha abatida ou não é plethorica e deve-se recorrer aosopiceos, as
compressas frias sobre a parte superior e interna das coxas, sobre os
órgãos genitaes e hypogastrio, as injecções de líquidos frios e
ads-tringentes na vagina;
porém
suspender-se-ha o uso do frio, logo queo estadogeral da mulher denunciegrande abatimento. Neste caso foça-se
uso dos revulsivos cutâneos sobre a parte superiordo tronco, dos
—
16—
continuar
com
o estadoadynamicobem
caracterisado, é preciso reanimaras forças da doente por meio das excitações geraes e ao
mesmo
tempo
empregar
medicamentos
que tenhãoacção immediata sobre o útero,como
oaçafrão, a canella, a cravagem do centeio, etc.
Mas
se estes meios sãoinsufficientes, empregue-se a rolha, que
tem
por fim alem de provocarcontrações uterinase a expulsão do feto, se oppõe a sabida do sangue
para o exterior, determinando a formação de coágulos
que
vão obliterar as aberturas dos vasos, poronde ellese derrama. Para impedir quea per-da externa torne-se interna, deve-se empregar de concomitânciacom
arolha, a compressão abdominal pormeio de compressas graduadas,
man-tidaspor
uma
atadura larga e longa.Pode
acontecer que a hemorrhagiaresista á todosessesmeios e termine pela morte da mulher, ou pela ex-pulsão dofeto e seusannexos, ou pela expulsão do feto, ficando na
cavi-dadeuterina a placenta e as
membranas.
N'este ultimo caso, deve-scex-trahir as
membranas
ea placenta, sendo possível; no caso contrario, em-»pregue-sea rolhade combinação
com
a compressão, a cravagem docen-teio, não só para facilitar a expulsão da placenta e das
membranas,
como
para pôr
um
paradeiro á hemorrhagia.Tratamento da hemorruagiadurante os treznlliraosmezes da prenhez.
—
Se aper-da é procedida de
symptomas
geraes de plethora, empregue-se a phle-botomia, o laudano deSydenham
em
clysteres. Se ella continua lance-semão
dos tópicos frios sobre o baixo-ventre, as injecções frias na vaginaos maniluvios sinapisados esinapismos na parte poslero-superior do
tron-co, poções frias e geladas, bexigas
com
o gelo sobre oabdomem
e collodoútero.
Quando
ha oestado adynamico,os refrigerantes são funestos; por quepodem
produzir umaprostaçãomortalouuma
excitação tal,quevenha
augmentar os accidentes hemorrhagicos,
promovendo
aomesmo
tempo
inflammações violentas para o útero e para o peritoneo. Se a perda
apesar do uso destes meios continua, deve-se empregar o centeio
es-poroado na dose de 2
grammas,
em
tres partes de dezem
dez minutos.Finalmente se a perda resiste ainda á esse
meio
eamulher
empallide-ce, o pulso torna-se pequeno, filiforme, a doente
tem
vertigens ea vio-lência dos accidentesameaça
aomesmo
tempo
a vida damulher
e a do menino, não ha outro recurso, senão applicar-se a rolha ou provocar o parto pela ruptura artificial dasmembranas.
—
17—
sangue, obra
também como
um
corpo extranho, excita as contracçõesuterinas, asquaesafinalexpellema rolha, o coágulos anguineo eo léto.
Apezar deste inconveniente a rolha é muito util,
quando
os meios jádescriptos t(
em
falhado, empregando-se de combinaçãocom
acompres-são abdominal.
Cazeaux, querendo demonstrar os casos
em
que se deve empregar a rolha, citauma
memoria
de Gardien nos seguintes termos:A
rolha deve ser applicada:lo
Quando
a hemorrhagia depende da rupturadeuma
varice nos collodo útero, ou no interiorda vagina.
2
oNo
despedaçamento do orifíciodoútero duranteo trabalho c deve-selevar a rolha até o logar despedaçado.
3o
Quando
a placenta cobre completamente o orifício do collo.4o
Nas
perdas queaccompanhão
os abortos que teem lugar no tresprimeiros mezes, quer antes, quer depois do delivramento impossível ou muito difíicil.
5°
Quando
a dilatação do collo é impossivel ou pequena, e que por conseguinte éimpossivel romper-se asmembranas.
6o Emfim,
quando
asmembranas
estão rotas,porém
a perda continua e é impossivelpraticar-se o parto forçado,como
Lamotte e Smelliecitãoexemplos.
A
rolha,quando
nãofaçacessar a hemorrhagia, aomenos
despertacon-tracções e ajuda a dilatação do collo, de sorte queapós a extracção d'ella
pode-se praticar a ruptura das
membranas,
no caso que seja preciso.A
esse respeito, diz M. Chailly-Honoré: Alorsquand
onretire le tam-pou, on trouve les voies preparêes, on peut opérer la rupture desmem-branes.
Se a perda resiste á essemeio, deve-se
promptamente
praticar aruptu-ra artificial das
membranas,
porém quando
já existirem contracçõesute-rinas. Diz Lachapelle á este respeito: Pour
quon
puisse y reconrir avec avantage, ilfautque le travailsoitcommencé;ilfaut aussi que le foztus sepresentednns uneposition convenable.
Para pralicar-se a ruptura, se introduz
um
ou muitos dedos noorifí-cio do collo e procura-se gradualmente vencer sua resistência;
em
virtu-de deste
movimento
dos dêdos, o útero entraem
contracções, e duranteas contracções, as
membranas
tornão-se tensas e se introduzemum
—
íS-co na parte superior do eollo; nesta occasião pratiea-se a ruptura por meio dosdêdos ou de
um
estylete.Com
a perfuração dasmembranas,
não só se dá a contracção do úteroe a sua retracção pela sahida do liquido amniótico,
mas também
aappli-cação de
uma
parte do feto sobre a superfíciesangrenta, e estacompres-são pode suspender a perda.
Ao
mesmo
tempo
que se pratica a ruptura das membranas, deve-se empregar as fricções abdominaes, as titillaçõessobre o collo doútero e a cravagem do centeio,
com
o fim de activar as contracções.Deve-setambém
levantar a cabeça do feto, quer a rupturaseja praticada
com
o dêdo, quercom
o estylete,com
o fim de facilitara sahida do liquido.Quando
a hemorrhagia é devida a inserção da placenta sobre o collo,deve-se perfurar as
membranas,
se o collo está dilatado; no casocontra-rio applique-se a rolha de concomitância
com
a compressão abdominalaté que elle se dilate; e ao depois pratique-se a ruptura dasmenbranas.
Se a placenta cobre completamente o orifício do collo, despegue-se
uma
porção da placenta sufficiente para chegar-se a cavidade uterina, ou
em-pregue-se o processo de Gendrin, que consiste
em
perfurar a placentacom
uma
sonda de mulher.Perda interna.
—
Nas perdas internas graves, se o collo está dilatadoou
é dilatavel, deve-se terminarpromptamente
o parto pela versão ou pela applicação do fórceps.O
collo estando pouco dilatado, deve- seromper
asmembranas
e empregar-se os meios capazes de activar as contracçõesdo útero (fricções, titillaçõesnocollo, acravegem do centeio); se a
hemor-rhagiasobrevem
em uma
epocha affastada do termo da prenhez, se amulher
é primipara, o orifício interno do collo achando-sefechado, resis-tente, deve-se empregar todos os meios capazes de despertar ascontra-çõesuterinas, e se estes meios são inefficases, tente-se a dilatação
for-çada do collo, e se isto não se pode obter, pratique-seincisões múltiplas sobre o collo.
Tratamento dahernorrliajjiaduranteotrabalho doparto.
—
Quando
a perdasan-guínea é pequena e a dilatação do collo pouco adiantada, o
emprego
dos meios geraes basta parafazel-a desapparecer.Não empregaremos
o opioque
tem
o inconveniente de diminuir as contracçõesuterinas; não empre-garemos a phlebotomia senãoquando
os signaes de plethora seappre-sentarem.
de-—
19—
ve-se praticar a ruptura delias e activar as contracções por meio da
cra-vagem
do centeio.Quando
a perda é abundante, e o collo não édilatadonem
dilatavel,empregue-seo centeio esporoado, os refrigerantes, a rolha,a ruptura das
membranas,
e, se ao depois doemprego
de todos essesmeios, a perda continua e a introducção do dedo no collo é impossível,
continue-se
com
oemprego
da rolha e a compressão abdominal;emfim
pratique-se a dilatação forçada do collo. Se a dilatação do collo é
suffi-ciente, termine-se
promptamente
o parto.SEGUNDA
PARTE
Da metrorrhngia, que pode complicar o delivramento.
O
accidente o mais terrível que pode complicar o delivramento c ahemorrhagia.
Algumas
vezes a retracção uterina que se dá depois da expulsão doféto, pode enfraquecer-se ou tornar-se irregular, ou finalmente
desappa-recer, e resultar d'ahi
uma
perda sanguínea mais oumenos
grave.Etiologia.
—
Às
causas da hemorrhagia por inércia do útero sãopredis.-ponentes e determinantes.
As
primeiras são: a constituição plethorica, otemperamento
lymphatico, a menstruaçãoprecoce ehabitualmentemuitoabundante, o
temperamento
nervoso, emfiai perdas abundantesem
par-tos anteriores.
As
segundas são:um
trabalho penoso e longo, peloesta-do adynamico que lhe succede; á esta causa ligão-se todos osobstáculos
á expulsão do feto, a excessiva distenção do útero ou seja o resultado
de
uma
hydropesia do amnios, ou deuma
prenhez gémea, pelaparaly-sia do tecido uterino
em
virtude do alongamento mecânico de suaspare-des; o porto muito precipitado,pelo estupor das paredes uterinas,e emfim, segundoLachapelle, o repuchamento do útero, pela adherencia contra-hida
com
o epiploon durante aprenhez, repuchamento que se oppõe,se-gundo
ella, a retracção completa do órgão depois doparto.Svmptomas.
—
O
útero depois do parto retrahe-se, e então sente- se naregião comprehendida entre o
umbigo
e o púbis,um
tumor
duro,inten-—
20
—
sas.
Na
inércia incompleta estes phenornenos existemem
um
graumui
fraco.
Se a inércia é completa todos estes caracteres faltão; pela palpação é
impossível distinguir-se as paredes abdominaes das uterinas, e
prati-cando-se o toque, penetra-se facilmente na cavidade do útero e
encon-tra-se suas paredes flácidas e enrugadas.
Logo
que a perda se declara, além dos caracteres da inércia uterina,nota-se
uma
sensação de peso sobre o estômago, pallidez da face,res-friamento das extremidades, fraqueza e pequenhez do pulso.
Á
estessig-naes ajimtào-se alguns
symptomas
particulares á perda uterina, taescomo: dôre» nos rins,
um
calefrio espasmódico,uma
sensação indefinívelde peso e aperto no epigastrio, algumas vezes accessos de hysteria
ou
movimentos
convulsivos.Quando
a perda é externa, a presença do sangue não deixa duvidas;porém quando
ella é interna pode passardesapper-cebida, ou ser reconhecida
quando
não resta mais esperança de salvar-seadoente. Neste caso,entretanto,
com
alguma
attenção, pode-sereconhecera hemorrhagia interna.
Notaremos
oaugmento
rápido e progressivo do útero, o dêdointro-duzido na vagina achará o oriíicio uterino obstruído porcoágulos, e
che-gando-se na cavidade uterina eneontra-se
uma
grande quantidade de sangue coagulado e liquido.Diagnostico.
—
Q
uan do a perda é externa,bastaa presençado sangue para
fazerconhecer facilmente a natureza do accidente;
mas
omesmo
não sedá quando o sangue se accumula no interior do órgão.
Com
tudo a exis-tência dossymptomas
geraes, das dores na região sacro-lombar, oaug-mento
rápido dovolume
do útero, a presença de coágulos sanguíneos no coílo uterino, etc, nos levarão á diagnosticaruma
perda interna.Al-uns destes
symptomas podem-se
apresentarsem
que hajahemor-rhagia.
Os
intestinos por longotempo
comprimidos pelo úterocedem
ao es-forço do gaz que elies contém, distendem-se, e tornão oabdómen
tãovolumoso
como
antes do parto, por causa da flacidez de suas paredes;porém
a sonoridadedo ventre pela percussão,otoque vaginal e oreconhe-cimento doglobo-uterino pela palpação bastão para tirar toda duvida.
As
syncopespodem
ser devidas ao desapparecimento rápido dacom-pressão dos vasos hypogastricos;
em
virtude deste desapparecimento a circulação torna-se livre, fácil, e a rapidez,com
a qual o sangueaban-—
21—
dona as extremidades superiores e o cérebro para dirigir-se aosvasosdo
baixo-ventre, determina muitas vezes syncopes.
À
applicação deuma
faixamoderadamente
apertada sobre o ventre,uma
posição liorisontal bastão para fazer cessar este accidente.Prognostico.
—
A
hemorrhagia que se dá depois do parto ésempre
um
accidente grave.
A
perda será tanto mais abundante, quanto a inérciafòr mais completa e o descollamento mais considerável.
A
perda interna,em
geral, sendo mais tarde reconhecida doque
aexterna, é por esta rasão
um
accidente mais temível; por isso logoque
a expulsão do feto tenha lugar, deve-se observarcom
muita attenção ámulher
e seguir o preceito de Lachapelle: ilvaut bien mieuxprevenirIcmal que de le combatlre; e no entender da sabia parteira, os
symptomas
que particularmente indicão
uma
morte próxima ouum
perigoeminen-te são: os calefrios violentos,
uma
dyspnéasempre
crescente, syncopesprolongadas, convulsões, dores violentas e continuas nos rins, perturba-ções da visão, a cegueira mais ou
menos
completa, a dilatação daspu-pillas, as quaes são agitadas algumas vezes de
movimentos
oscillatorios.TRATAMENTO
O
tratamento da hemorrhagia por inércia do outro divide-seem
pre-servativo e curativo.
Tratamento preservativo.
—
Deve-se empregar a phlebotomiauma
ou maisvezes, se a
mulher
é plethorica.Ao
findar o trabalho, deve-seempregarosmeios próprios para dispertar a contractilidade do útero, estimulal-o
pelas pressões e fricções no
abdomem,
pela applicação de compressas embebidasem
um
liquido frio, e sobretudo duasgrammas
de centeioesporoado
em
tres doses, se amulher
é fraca e delicada, e principalmentese ellajásoffreu perdas uterinas
em
partos anteriores. Nas mulheres lym-phaticasamaior partedos parteirosmandão
deter o quanto for possívela terminaçãoprompta e rápida do trabalho, conservando-se amulher
deita-da logo
que
as dores doparto se apresentem, evitandoauxilial-ascom
es-forços voluntários; ao contrariorecommendão
que se accelereum
tra-balho longo e penoso,e ajude-se a naturezaimpotenteantesquea
mulher
fique completamenteenfraquecida eo úterocaiaem
collapso.Os
parteiros inglezesrecommendão
a sucção dasmamas
para combater a tendência á—
22
—
inércia, que oútero apresenta para certasmulheres. Finalmente,
reconhe-cida esta tendência, empregue-se a cravagem do centeio.
Tratamento curativo
—Nas
perdas produzidasporinércia doútero, deve-seempregar,
como
o meio mais fácile maisseguro, aexcitação directa sobre o collo e corpo do útero.Assim
o parteirocom
amão
esquerdafriccio-naráaparedeabdominalinferior, e
com
os dedos damão
direitaintrodu-zidosnavaginafará titillaçõessobre ocollo uterino. Se estesmeiosfalhão,
introduza-se a
mão
nacavidade uterina,com
o fim de estimular-se asu-perfície interna do útero. Se aplacenta foi expellida,e os coágulos accu-mulados na cavidade uterina
impedem
a retracção do útero, deve-sereti-rar os coágulos, e aodepois estimular o útero
com
as titillações e asfric-ções sobre o hypogastrio. Se estes meios são improfícuos, lance-se
mão
das compressas frias sobre o hypogastrio, vulva e côxas, das injecções
frias na vagina.
Alguns parteiros inglezes
recommendâo
a applicação do ethersobre o hypogastrio pormeio doapparelho pulverisador.Os
tópicosfrios nãopo-dem
serempregados pormuito tempo, por causadoestadoadynamicoque
sobrevem, e é absolutamente contra-indicado seu emprego,se esteestado
já existe.
Nos
casosgraves deve-seimitar á Evrat, queintroduzia noúteroum
limão descascado e ahi espremia-o; ou então seguir a pratica deDesgranges, que consiste
em
introduziruma
esponja embebidaem
vina-gre na cavidade uterina, deixal-a ficarahi, prendendo-acom
um
cordão, afim de retiral-a, quando fôr necessário. Algunsparteirosteem
gabado a introducção deum
pedaço de gêlo no útero.Nos
casos de hemorrhagiacaprichosa, quando todos estes meios falhão, pode-se empregar a
com-pressão abdominal, a rolha, a compressão da aorta, o centeio esporoado.
Alguns práticos
também
recommendâo
o opio e a transfusão. 1.o—
\
compressão abdominal pratica-se applicando compressas largas sobre
o hypogasfrio, mantidas por meio de
uma
atadura apertada, quanto forprecisopara aproximar bastante asparedes uterinas. Se este
meio
fôrim-profícuo, auxilie-se seu
emprego
com
a rolha. 2.o—
A
rolha por si sótem
o inconveniente de converter
uma
perda externaem
interna;mas
auxilia-da pela compressão abdominalé
um
meio poderozissimo.3.°—
A
compres-são da aorta abdominal éaconselhada pormuitosparteiros
como
um
meio
mui
efficaz. Eis aquicomo
Baudelocque (citado por Cazeaux) aconselhaque se faça esta compressão: Faites fléchir lesparties supérieures et
de Vune des mains la paroi abdominale immêdiatementau-dessus du fond
de la matrice; vous sentez alors lespulsations de Vaorte avec plusde
faci-litê que Von ne sení celles de la radiale.
La
durêe de lacompression peutêtre fort considérable sans que la
femme
enéprouve aucune espècedincon-vénient. 4.o
—
A
applicação do centeio deve ser aconselhada, quercomo
medicamento
principal, quercomo
coadjuvante.Quando
a hemorrhagia sobrevem antes do delivramento,a placenta pode estarem
parle outotal-mente
despegada.No
primeiro caso deve-se empregar os meios jáconhe-cidos para despertar as contracções, e então acabar de despegai-a e
ex-trahil-a.
No
segundo caso deve-se procurar cxtrahil-a, e ao depoisdes-pertar a retractilidade uterina.
TERCEIRA PARTE
Da melrorrliagia lochial.
Pode
acontecer que dias ou semanas depois do delivramento, tendo oútero se retrahido, sobrevenha
uma
metrorrhagia, que pode ter porcausauma
inércia secundaria,uma
congestão uterina, ouemfim
um
estado chloro-anemico.Dainércia secundaria.
—
Algumas
horas oumesmo
dias depois dodelivra-mento, o útero, que tinha se retrahido convenientemente, pode cahir
re-pentinamente
em
um
estado de relachamento e dar logar áuma
hemor-rhagia.O
úteroaugmenta
de volume, suasparedes tornão-se molles.Ao
mesmo
tempo
adoente empallidece, opulso torna-se fracoe accelerado, e correuma
pequenaquantidade de sangue pela vulva. Pela compressãoes-capãocoágulos sanguíneos pela vagina,e o
tumor
torna-semenos
volumo-so, mais duro e tenso, conserva-se neste estado
em
quanto dura acom-pressão exercida sobre elle. Pelo toque reconhece-se coágulos sanguíneos
no collo doútero enavagina.
O
parteirodeve empregartodososmeiosca-pazes não só de despertar a retractilidade do útero,
mas
também
tomal-a permanente: assimpraticará fricçõessobre o hypogastrio,titillações sobre ocollo, a compressão abdominal, e empregaráuma
gramma
de centeioesporoado; ao depois de hora
em
hora30
ou40 centigrammas, segundo a tendência do útero ao relachamento.Das congestões uterinas.
—
As
causas destas congestõesnos escapão ásve-zes;
mas
deordinário ellas sãodevidas a retenção d'uma pequena porçãoda
placenta ou de coágulos sanguíneos, a existência depolypos intra-ute-rinos. M. Lachapelle faliaem uma
hemorrhagia que sobrevemem uma
epocha mais oumenos
remota do delivramento, eque, segundo ella, éproduzida por
um
molimen
hemorrhagicum. Velpeau diz ter visto por duas vezesuma
hemorrhagia, que sobreveio depois dodelivramento,ten-do o útero se retrahido desde quatro ousete horas.Estas congestões
po-dem
ter ainda por causa a retenção de matériasfecaes. Seahemorrhagiatem
por causa polypos intra-uterinos, deve-se extrahil-os.Quando
éde-vida a retenção de matérias fecaes, applique-se os clysteres e os
purgati-vos brandos. Se é produzida por corposestranhos, pratique-sea extracção
delles, e se a perda continuar, empregue-se os meios que
recommen-damos,
quando
tratamos das perdas sanguíneas, quepodem
complicar o delivramento.Alteração do sangue.
—
Quando
a perda sanguínea depender deste estado,empregue-se os meios geraes, acompressão abdominal deconcomitância
com
a applicação darolha e o centeioesporoado. Alguns médicosrecom-mendão
o oxydo de zincocom
o opio, na dose decinco centigrammas,quatro vezes pordia, outros
teem
applicadocom
vantagemum
largoSECÇÃO
CIRÚRGICA
Vícios de conformação da bacia e suas indicações
PROPOSIÇÕES
oI.
—
Chama-se
baciaviciada aquellaqueapresentamodificaçõesnosseus diâmetros para mais ou para menos.II.
—
As
baciaspodem
ser viciadas no seu diâmetro antero-posterior,nosseus diâmetros obliquos e no transverso.
III.
—
A
viciaçãono diâmetro antero-posterior é amaiscommum.
IV.—
A
bacia typodos alteraçõesem
um
só diâmetro é a obliquaovalarde Ncegélé.
V.
—
O
traumatismo, a degeneração de tumores ósseos, o rachitismo e aosteomalaciaproduzem
a viciação dabacia.VI.
—
A
difficuldade dopartoserá,em
geral, tanto maior, quanto oviciode conformação da bacia for mais considerável.
VII.
—
Diagnosticamos os vicios de conformaçãodas bacias porduasor-dens designaes, quesãoracionaes esensiveis.
VIII.
—
Os
racionaes são os que sepodem
adquirirpelahistoria davida anterior da mulher,peloexame
geral, sua constituição, etc.IX.
—
Os
signaes sensiveis são deduzidos doexame
interno e externo da bacia.X.
—
Os
parteirosempregão
para esteexame
instrumentos, aos quaesderão o
nome
depelvimetros.XI.
—
Ha
diversas espécies de pelvimetros;porém
o melhor é o dedo doparteiro.
XII.
—
As
indicações para as bacias viciadas variao segundo o grau de deformidade.SECÇÃO
oMEDICA
Vantagens da auscultação e percussão para o diagnostico
PROPOSIÇÕES
I.
—
A
auscultação éum
methodo
deexame
quetem
por fim fazer per-ceber osruidosnormaes
ou pathologicos, que se passão nointerior door-ganismovivo e apreciar oseuvalor seméiotico.
II.
—
A
percussão éum
meio deexploração, pelo qual se observa ograu de sonoridade de qualquer ponto do corpo.III.
—
A
auscultação,como
a percussão se divideem
mediata eimme-diata.
IV.
—
Para a auscultação mediatanosservimos dostetboscopio, e para apercussão mediata doplessimetro.
Y.
—
O
descobrimentoda auscultação mediata pertence á Laennec.VI.
—
As
obras deHyppocrates demonstrão queelle conheceu, a auscul-tação immediata.VII.
—
A
gloria do descobrimento da percussão pertence áAvenbrugger.VIII.
—
Pela percussão, o medico limita ovolume
eextensãodos órgãose dos productos mórbidos.
IX.
—
Para diagnosticarmos as moléstias thoracicas, nãopodemos
pres-cindir doemprego
da auscultação e da percussão.X.
—
A
auscultação éum
meio seguro deque omedico deve lançarmão
para o diagnostico da prenhez.
XI.
—
A
auscultaçãoé imprescindível no diagnostico differencial dasle-sões orgânicas docoração.
XII.
—
Sãoincontestáveis as vantagens que resultão daapplicação destesSECÇÃO ACCESSORIA
Do infanticídio sob oponto de vista medico-legal.
PROPOSIÇÕES
oI
—
Chama-se
infanticídio ocrime dematarum
recem-nascido.II
—
Chama-se
recem-nascido,segundoaleiquenosrege, omenino
san-guinolento.
III
—
Para que haja infanticídio é mister vontade, recem-nascimento e vida.IV
—
Muitas vezes o sentimento de vergonha levauma
mãi á violar ossagrados deveres da natureza; nesta occasiãoella não
tem
consciência deseusactos, sua razão se perturba,
como
diz Esquirol, é odelírio quecon-duz suas
mãos
sacrílegas.V
—
O
infanticídio éum
crime muitofrequentenasociedade actual,en-tretanto as mais das vezes passa impune.
VI
—
A
escravidão, a ignorância e a corrupção social concorrem muitopara a perpctração deste crime.
VII
—
No
nosso paiz este crime é frequentemente praticado pormães
escravas,com
ofimde livrarem seos filhos da escravidão.VIU
—O
infantecidio pode ser por omissão ou por commissão.IX
—
O
nosso Código Criminal,quando
trata de punir o crime, nãoestabelece differença entre o infanticídio por omissão e o infantecidiopor
commissão.
X
-O
medico legista,quando
tratar de conhecer o crime, deveprocu-rar minuciosamente reconhecer se o
pulmão
respirou.XI
—
Muitas vezes peloexame
do cadáver antes da putrefação sere-conhece se houve o crime.
XII
—
Pela prova docimasica hydrostatica de Galeno,com
os signaes fornecidospelo aspecto intimo dos pulmões, pode o medico-legistaHIPPOCRATIS APHORISMI
i.
Vita brevis, ars longa, occasio prceceps, experientia fallax, judicium
difficile.
(Secí. l.\Aph. i.)
II.
Mulieri, menstruis deficientibus, é naribus sanguinem fluere,
bonum.
(Sect. 5.\ Aph. 33.)
m.
Sanguine multo effuso, convulsio aut singultus superveniens,
malum.
(Sect. 5.», Aph. 3.)
IV.
Mulieri in útero gerenti, si alvus
multúm
fluxerit periculum neabor-tiat.
(Sect. 5.»aph. 34.).
V.
Si fluxui muliebri et animi deliquiumsuperveniat,
malum.
(Sect. 5.\ Aph. 56.) VI.
Ubi
somnus
delirium sedat,bonum.
(Sect. 2.a, Aph. 2.)
é&emetícda â féomm^êS* Svevàola. £$aáca e S^acu/é/ae/t e/e
^4&ca/i-ctnz // c/e sdpoéto c/e séj*.
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