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THESE
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SUSTENTAR
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FACULDADE DE
MEDICINA
DA
BAHIA.
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1NATURAL DA
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Carolina
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DE
DOUTOR
EM
MEDECINA.
On peut exigerbeancoup, de celui qui
de-vientauteur pouracquerir de la gloire, ou
par im motifd'interet, mais celui qui n'ecrit
que pour satisfaire á un devoir dont il ne peut se dispenser à une obligation qui lui
estimposéc, a sansdoute de grandsdroits ú
1'indulgence de ses lecteurs.
(Labruyere)
TYPOGRAPHIA
CONSTITUGIONALDE
ANTÓNIOOLAVO FRANÇA
GUERRA.Ao
Aljube
11. 1.O
E\m. Sr. Cons.Dr. Jcão Baptista dosAnjos. VICE-DIRECTRO
Exm.
Sr.Conselheiro Vicente Ferreira
de Magalhães*
LENTES PROPRIETÁRIOS.
/.•
ANNO.
OsSENHORES DOUTORES. MATÉRIASQUELECCIONÃO.
Cous. Vicente Ferreirade Magalhães . Physica em geral, c particularmente cm sua»
appli caçõesaMedicina. Francisco Rodrigues daSilva
....
Chimicae Mineralogia.AdrianoAlves de LimaGordilho. . . Anatomia descriptiva.
2.o
ANNO.
António Mariano do Bomlim . . . ; Botânicae Zoologia
António de Cerqueira Pinto Chimica orgânica. Physiologia.
AdrianoAlves deLimaGordilho. . . Anatomiadescriptiva, sendo osalumnoí
obri-eadosdissecções anatómicas.
3)f>
ANNO.
. . . » i » • • Physiologia.
Elias José Pcdroza Anatomiageralcpatbologica.
JosédeGocs Siqueira Pathologiageral. 4."
ANNO.
Cons.ManoelLadisláo Aranha Dantas . Pathologia externa.
Alexandre Joséde Queiroz Pathologiainterna.
Mathias Moreira Sampaio Partos, moléstias de mulheres pejadas ede
menino recem-nascidos.
5.o
ANNO.
Alexandre José de Queiroz
....
Pathologiainterna.José António de Freitas Anatomia topographica, Medicina operatória c apparelhos.
JoaquimAntónio d'OliveiraBotelho. . Matériamedicae therapeutica.
6.o
ANNO.
Domingos RodriguesSeixas Hygiene, e Historia da Medicina.
Salustiano Ferreira Souto Medicina legal.
António José Ozorio Pharmacia.
Autonio José Alves Clinicaexterna do3. c4.
António JanuáriodeFaria '• Clinica internado5.e 6.
LENTES
OPPOSITORES.JoséAflbnso Paraizo de Moura. . .
AugustoGonsalves Martins - .
Domiugos Carlos daSilva . . .)> SecçãoCirúrgica.
Ignacio José da Cunha
....
Pedro Ribeiro de Araújo
....
Rozendo Aprigio PereiraGuimarães. .V SecçãoAccessoria.
José Ignacio de Barros Pimentel. .
VirgílioClimacoDamazio
...»
Demétrio CyriacoTourinbo . . . .J
Luiz Alvares dos Santos KSecção Medica.
João Pedro daCunhaValle i
JerónimoSodré Pereira )
SECRETARIO—- Sr-
Wr
»Cincinnat© Pinto da
Silva»OFFICIAL DASECRETARIA—
O
Sr-Br.Thomaz
d
Aquino
Gaspar.
SECCAO
CIRÚRGICA.
IDMIBQAIIKD.
FERIDAS
PENETRANTES
DAS ARTICULAÇÕES, SEU
DIAGNOS-TICO, E
TRATAMENTO.
;S feridas penetrantes das articulações oíferecem
um
vasto
campo
d'estudo hojemais doquenunca
enre-quecidopelostrabalhos da cirurgia moderna; a
im-portânciad'esteassumpto se pode deduzir da
fre-quência das grandes operações que muitas vezes estas feridas
re-clamão na clinicacivile militar, e que se
devem
considerarcomo
meios extremos de que lanção
mão
os práticos para salvaro todoameaçado
de morte .Casosha, que reclamão d'esde oprincipio o emprego de taes
meios, e é ahi que
cumpre
aocirurgião não esperar; porque maistarde,
quando
as superfíciesarticularesforem alteradaspelainflam-mação
seguida de abundante supuração, ébem
raro queos meiosaindaosmais fortespossãosalvar odoente, quese debatenasgarras
da morte
minado
pela febre hetica.
Dividimos as feridasdas articulações
em
feridas penetrantes,e feridas não penetrantes, segundo a solução de continuidade
communica
ou
nãocom
a cavidade synovial.de passagem, não só por nãofazerem parte donosso ponto,
co-mo
porque pouco differem das feridas feitasna continuidadedosmembros,
ecomo
muitobem
diz Vidal de Cassis, entrão nahis-toria geral das feridas, e reclamão as mesmas indicações
Devemos
com
tudo não esquecer que anatomia da parle fazestabelecer
uma
pequena differença entre as feridasnãopenetran-tes das articulações, e as feridas na continuidade dos
membros
a reunião immediata, por exemplo, é muitas vezes impossivel
visto a pouca vitalidade dos tecidos fibrosos que cercão a
arti-culação; tem-se visto
também
queuma
perda de substancia podiatornar penetrante
uma
ferida, que não erano principio, e ainda,sem
perda de substancia, a inflammação se podia propagar até ámembrana
synovial subjacente.Asferidas penetrantes são simples, ou complicadas; nas
pri-meiras a cura seeífectua
sem
accidentes,emquanto
quenas segun-das apresença dos accidentes tornandoa cura difficil é,por assimdizer,a moléstia principal.
Nelaton ainda indicaoutro
modo
peloqual pode terlugaruma
feridapenetrante daarticulação
Trata-se da abertura de
uma
cavidadearticularpelaquedadeuma
escaraproduzidapela gangrena, ou pela applicação doferro
em
brazaoupormoxasdesastradamente applicadas defronte de
uma
articulação comoa dojoelho.
Deve-se
também
notar que as feridas feitas por instrumentos contundentespodem
ter lugar de dous modos; ou de fora paradentro o instrumento contundente esmaga os tecidos mollese
pe-netrana articulação,
ou
de dentro para fora a extremidade deum
osso deslocado passa aotravez daspartesmollesepodeatéacontecer
queo osso
sem
atravessar os tecidos produzauma
distençãoque dêlugará
uma
feridapenetranteFERIDAS SIMPLES.
A
forma doinstrumento eomodo
porque este penetrounossimplicidade
ou
complicação das feridas penetrantes, se oinstru-mento
vulnerante édeum
pequeno volume,como
porexemplouma
agulha, e seoseu trajectofoi obliquo antes de penetrarna cavidade
articular; então
em
poucos dias obter-se-haa cicatrisação; porquenão havendoparallelismo entre asduasaberturas, isto é, adapelle, e ada cavidade articular, oar não pode penetrar, e
como
logote-remosoccasião dever, a presençad'estefluidoé a causaprincipalda complicaçãod'estas feridas; suppondo, porem, queoinstrumento é
maislargoepenetrou directamentena ferida, podemuitasvezesesta tornar-se complicada: o
mesmo
sepoderádizerdasquesãofeitaspor instrumentocortante, partindo sempredeste principio: que quanto mais fácil foro ingresso doar, tanto mais complicada deveráseraferida:ha
comtudo
casosexcepcionaesem
queexistindoestas,eoutrascausas de complicação a ferida conservao caracter de simplicidade
.
FERIDAS
PENETRANTES.
Asferidasporarrancamentoe as feridas feitaspor instrumentos contundentes, os quaes se
devem
entendernão só os corpos ordi-nários,como
osquesão arremessadospela conflagração dapólvora,são asque quasi sempre serevestem de complicação.
Entreas complicações,
umas
são próprias as feridaspenetran-tes dasarticulações,outras são
communs
a todas as feridasem
geral; entre as primeiras achão-seaarthritethraumatica, eoderramamentode sangue ou depus nacavidade articular, entre as segundas a in-fecção purulenta, ainfecção pútrida, o tétano eagangrena.
"
ARTHRITE
THRAUMATICA
.—Nos
primeirosdiasdoferimen-to
nenhum
phenomeno
particular indica os accidentes graves, quesehão de desenvolvermaistarde, assim o doente discuidosodo mal
enlrega-se a seus trabalhos habituaes; é
no
quarto, ouquintodia, as vezes maiscedoe raras vezesmaistarde, quese observa aarticu-lação
um
pouco tumefeita e dolorida e os movimentosdifficeis.A
intensidade d'estes
sympthomas
augmentão gradualmente, a dortorna-se maisviolenta, a pelle estendida e lusidia,asbordas da
deixando escapar
uma
grande quantidade de serosidade.A
articu-lação torna-se muito volumosa, a pelle é quente, e ao
mesmo
tempo
pailida, esta falta de corparece indicar que a phlegmasia
tem
porfoco principal o fundo da articulação.
Os
accidentes geraes nãose fazemesperar, o pulso é duro, e frequente, a linguaseca, a sedese apresenta, a pelle cobre-se de suor, e muitasvezesvem
o delirioag-gravarospadecimentos,porqueneste estado odoente
sem
consciênciadeseusactosexecuta movimentos, que
vem
augmentarainflamma-eão.
Si a ferida tem
uma
larga abertura, então por ellaescorre o li-quidosynovial, unctuoso, eviscoso, a principio, isto é, antesdaar-thrite;
porem quando
esta inflammação manifesta-se oliquido seperturba, tornando-se seroso eescuro, e
augmentando
ainflamma-çãosae
uma
serosidade purulenta misturada de flocos pelaaber-turatornadafistulosa
Estabelecida ásupuraçãoos sympthomaslocaesseaggravão, ea
inflammação nãose limitando jáa articulação, ganha as partes do
membro,
que seachão situadas acimae abaixo d'ella; não é raro então verem-se abcessos circumscriptosnosintervallos musculares,nos músculos ou notecidocellular,observão-sealgumasvezespontos gangrenosos, e
mesmo
gangrena completa na porção inferiordomembro,
o que se explica pela compressão, que sobre os vasosexerceo engorgitamento inflammatorio
Os
sympthomas
geraes tornão-se tãograves quantoosacciden-teslocaes, a lingua, os dentes, e os lábiosse
cobrem
deuma
camada
negra, efuliginosa, a facese mostradecomposta
em
seus traços, e o doentedelira, emorrenoultimo gráo de abatimento, eis os sym-pthomas e a terminação, da arthrite que mais vezes se observa,mesmo
a intensidade dossympthomas
inflammatoriospode trazer amorte
sem
que ainflammação setenha perfeitamenteestabelecido.Nem
sempre as feridas penetrantes dasarticulaçõestem
um
fimfunesto, a inflammação algumasvezes podese acalmar, e o doente
obtersuasaúde depois de
uma
longa convalescença,cumpre, porem,notar que ficará
com
uma
rijeza na articulação maisou
me-nos pronunciada, e tendo havido supuração dá-se
uma
ankilosedas superfíciesósseas
com
destruiçãodascartilagensde incrustação.A
arthritepodetambém
não adquirirnenhuma
intensidadelimi-tando-se apenasáproduzir
um
derramamento
delíquidos,ouantesuma
espéciede hydrartrose poucodolorosa, estescasos sãoextrema-mente
raros e só poderão ter lugar,quando
a ferida formuitoes-treita.
Á
gravidade das feridas das capsulas synoviaesé geralmente reconhecida,mas
os auetoresnão estão deaccordo,quando
se tratadeexplicar estagravidade.
Amboise Paresustentavaserella devida a grande sensibilidade
dostendões,e aponevroses, esta opiniãonãosepodesustentardepois
queHallerdemonstrou a insensibilidade do tecido fibroso. Brasdor
fazia depender esta gravidade não do ferimento das aponevroses,
perem
da suaresistência; e dacorrupção dos humores, cremos quea resistência das aponevroses,
com
quanto não expliquea presençados accidentes graves que
mencionamos
deve ser levadaem
consi-deração; quanto a corrupção doshumores, sabe-se que o pus não
se forma senão
em
razão destesmesmos
accidentes cuja causapro-curamos saber, e seelle teminfluencia, o que nós não negamos,
esta depende dasua
demora
naarticulação, isto é, apresistenciadosacecidentes produzidos por
uma
outra causa. Bell, Monro Thompsonsãode opinião quea gravidade é apenas devida aacção do ar sobre
a
membrana
synovial.A
opinião dos práticosmodernos
é queaacção do arsobre a
membrana
synovial é a principal causa que dálugar aestagravidade, quese notanasferidas penetrantes das arti-culações;
com
effeitodepoisdos bellostrabalhos deJúlioGuerinfun-damentados sobre experiências, é hoje
um
facto demonstradona
sciencia
que
o ar iníluepoderosamente sobre todas as feridasdeter-minando
a supuração: applicando esteprincipio as feridas dasarti-culações, unindo aella rasões tiradasdaanatomia, da parte,
vemos
como
muitobem
diz Bonet deLyon que as articulações sãocavidades anfractuosos diíTerentemente configuradas segundo os movimentos domembro
quepodemdeterminarumi
espéciede aspirarão doar.Resta saber si oar inílue
como
agente inflammatorio, oucomo
agente pútrido? Bonet que temestudado especialmente as molesliasteu-denciaa putrefação, que elleimprimesobre lodos os tecidos
com
os quaes seachaem
contacto,como
synovia, sangueepusVelpeau e Fournier sustentãoqueo arnão exerce
nenhuma
in-fluencia sobreas superfícies articulares
no
estado de saúde, e quesua acção só podeser prejudicial
quando
amembrana
synovial já está inflammada,
e os fluidos tem experimentado alteração, estaquestão
comquanto
não esteja completamente decididana sciencia amaioria dospráticosseguem
aopiniãode Bonet de Lyon.DERRAMAMENTO
DE
SANGUE.—
As hemorrhagias são maisde temer nas feridas penetrantesdasarticulaçõesdo que
em
outrasquaesquere esteperigo se tornamaior, se existe
um
grandenumero
de vasos arteriaes,
em
redor da articulação,formando
uma
espéciede rede, disposição esta que se nota nas articulações do joelho,
pontado pé, e colovello; a ligadura deve serde prompto empregada porque só porella sepode sustera onda de sangue,
sem
irritaraar-ticulação
nem
provocar derramamento. E" de observação que osangue accumulado na articulação corrompe-se, e segundo Royer <
l
Richeraud podetrazer accidentesmortaes.
INFECÇÃO
PURULENTA.—
As feridas penetrantes sãomuitosujeitas aesta complicação ante a qual todos os esforçosd'arte
tem
sidoinúteis. Bcginno seuDiccionario deMedecina noartigo arthrite;
assim se exprime;
«A
infecção purulenta temsido frequentemente « observada, apósas feridas articulares,ou
porque as veias tenhão « sidodirectamenteinteressadas, ou porqueasolução decontinuida-« de tenha sido directamente levada a outros tecidos.Um
facto« certo, e
bem
observado éapropensãoque tem as outrasmembra-c nasserosasde supurar
quando
uma
d'ellasfornece pus,alemdistoc achão-se muitasvezes focos purulenlos no fígado, nos pulmões,
« nos rinseno baço. Algunsauetores surprehcndidos d'esta
coin-« cidencia diziãoqueas articulações tinhâo
como
os tigumentosdo« craneo
edo
cérebrouma
afíinidade para ofígado epulmão. »INFEÇÀO
PÚTRIDA.—
Sãobem
distinctos ossympthomas
dainfecção pútrida,paraquejamais se possa confundir
com
ainfecçãopurulenta. Os auetores quese tem oceupado d'este ponto são uni-formes
em
estabelecerestadifíerença.re-velaa presença de abcessos nosórgãosinteriores, aclinica
vem
es-tabelecerainda umadifferença;porque nosindividuosatacados desu-puraçãochronica
com
accessos da febre hetica, esta nãoéprece-dida de frios,
nem
seguida de suores,como
temlugar na febre de-vida a infecção purulenta, pelo prognostico sepoderia aindadiffe-rençar, ha exemplos de cura na infecção pútrida
emquanto
queainfecção purulenta é sempre fatal. Quanto agangrena ellapode
também
complicar as feridas das articulações segundo que teemobservado Larreye Velpeau. Otetanos thraumaticosemostra de
pre-ferencia nas feridas das pequenas articulações,
quando
ellassãofeitas por instrumentos picantes;
em
nosso paizondeuma
parte dapopulaçãoanda descalçaestes casos são frequentes.
DIAGNOSTICO.
E' fácil diagnosticar
uma
ferida penetrante da articulaçãoquando
se tem ante os olhosuma
ferida larga, eque affastados os lábios d'estapodem
se ver, e tocar assuperfícies articulares,mas
odiagnostico se torna extremamente complicado,
quando
se tratadeuma
feridaestreita, obliqua, e sinuosa, aondeavista nada alcançae otoque écontra indicado.
-Pergunla-se, o que conviráfazer?
A
regra geral será proceder como se tivéssemos certeza dequeafe-rida fossepenetrante. Existem
com
tudo algunsdadosparaaresolu-ção do problema.
A
sabida deuma
certa quantidade de synovia;mas
talphenomeno
pode dar-se nas feridas penetrantes estreitas, epode
também
mostrar-se nas feridas não penetrantes,quando
oinstrumento vulnerante abriu bolças tendinosas, ficando intacta a
articulação; e alem disto
vemos
queestehumor
é muito alterável,logoquese desenvolve ainílammação
podendo
até não sermaisre-conhecido.
Dous
outrosmeios de investigaçãotem aindasidoacon-selhados: a compressão da articulaçãopara facilitar a sahidadasy
novia, e a comparação da formae extensão daferida
com
a porçãodo instrumento, que a produziu.
A
compressão deve sereliminadaevitar; facilita a entrada do ar na cavidade articular; o segundo meio podeseradoptado
com
vantagem;quando
em uma
articulação oinstrumento penetrou perpendicularmente enenhum
valorterá;si a ferida for obliqua, o cirurgião
em
caso de duvida nãodevesondara ferida; a introducção de stelete é muitas vezes seguidade
graves accidentes.
PROGNOSTICO.
O
prognostico das feridaspenetrantesdasarticulações é grave;,porém
esta gravidade varia segundo as condições immediatas, queapresenta a ferida, segundo a presença ouauzencia das condicções
geraes ou locaes que favorecem o desenvolvimento das
complica-ções,
emfim
segundo a natureza e violência dos accidentes, e dasdesordensqueellestem produzido. Ledrane Bellpensavãoque
uma
vez aberta
uma
articulação, e estabelecida a supuração, a únicaterminação possível seria a morte; hoje citão-se exemplos de cura oquefaz crerqueestaopiniãoera exagerada,
porém
écaso raroqueo
membro
possa entrarem
exercicio de suas funeções,principal-mente
se a synovial e osligamentos si inftammarão, entãoperma-necera á
uma
anhilose completaem
muitos casosAs feridas penetrantes das grandes articulaçõessão mais
peri-gosas do que asferidas ainda
mesmo
penetrante das pequenasarti-culações, esta gravidade
também
é maior nosmembros
inferioresdo que nos superiores, a presença de
um
corpo estranho constituouma
seriacomplicaçãoque nãopequeno
numero
de vezestem
deter-minado
a amputação.TRATAMENTO.
Deve ser banido do tratamento das feridas das articulações
como
meio bárbaro a applicação do óleo, do vinho, da agua salga-da, dos unguentosexcitantes, edasplantas vulnerareas, na verdadecirurgia, isto prova de
alguma
sorte não são exemptasde grandeserros as scieneiasmais positivas
.
O
tratamento dasferidasdasarticulações varia segundoomedi-co é
chamado
logo depois doferimentoantes daarthrite,ou algum
tempodepois
quando
esta já se tem declarado.No
primeiro caso a principal indicação será daruma
posição favorávelaomembro
doente desorteque este seconserveem
perfei-ta immobilidade, esta posição deverá ser aquella
em
que acavi-dade articular oíferecer
menor
capacidade, os apparelhos propostosnão prevenindo
uma
ankilose consecutivaBonet de Lyon para cadaespéciede ferimentoemprega
um
apparelhoparticularde suainven-ção,e asseguraterobtido os melhoresresultados. Outra condicção
não
menos
importante consisteem
prevenir a entrada do ar.Ha
vários meios de conseguir este desideratum. Larrey seser-via do apparelho inamovível, o seu emprego, porém, estáhoje
quasi
abandonado
porque não permitte inspeccionar a ferida, o apparelho de Scutin amovo-inamovivel não se ressente d'estegrande inconveniente, hoje o meio que
tem
merecido grandeacceitação é aquelle que tem por fim tornar completamente
im-permeável ao ar, oque se
obtém
pelo collodiocomo
é deobser-vação. As vezes
n'uma
ferida contusa os fragmentos dascarti-lagens poderão nos fazer suppôr
uma
fractura intra-articular, e existência destes fragmentos irritão a feridapodendo
dar lugar aosaccidentes terríveis de que já nos occupamos, claro está que
no
casode
uma
fracturacomminutivaosfragmentosósseos seriãooutrostantos pontos de irritação
em
um
e outro caso proceder-se-ha aextracção senãohouver
uma
contra indicaçãoformal, aindaalguémrecommenda
que no caso defractura sefaça a resecção nasextre-midades doosso fracturado, hojequeasresecções
em
cirurgiasevãotornando regra geral e as amputações excepção, nós opiniariamos pelaresecção se essa operação não fosse ahi maislonga, dolorosae
difficil deque
uma
amputação;comtudo
só ávista docasopatholo-gico o pratico se poderá decidir. Nas feridas contusas não
convém
tentar areunião immediata porque alem do perigo que poderia
so-brevir, jamais esta tentativa seria coroada do resultado,
devemos
qual-rida; nestes casos as irrigações frias são de
immenso
proveito, cmuito principalmente se
queremos
preveniruma
reacçãointensaque seacha imminente.
Suppondo
queum
instrumentocontun-dente abriu
uma
larga evasta articulação,a maioria dospráticos são de opiniãoque se faça a amputação, outros,porem
fundadosem
casosmuito excepcionaes
em
queos doentes se recusandoem
con-sentirnaamputação ficarãosãosconservandoseus
membros
opiniãoque sesubmetta o
membro
doenteauma
irrigação continua,porem
as irrigações quasi sempre não tem poder de deter nestecaso a
in-flammação, alem disto expõe o doente a
um
resfriamento geralephlgmasiasviceraes. Suppondo-se
emíim
quese deva fazeraampu-taçãotentaremos
um
ultimo recurso fazendo, segundorecommenda
Dupuylrenlargosdesbriclamentos afim de favorecer a sabida dopus.
Havendo
uma
hemorrhagia só no ultimo caso nos serviremosdarolha. Lisfranc
porem recommenda
que depoisde largamentedes-bridada a ferida selimpe a articulação, estemeio parecepreferivel.
Desenvolvida ainflammação aguda
em uma
feridada articulação sedeverá principiarpor
um
tratamento antephogistico enérgicocomo:sangrias geraes, ou locaes banhos, e cataplasmas emolientes etc.
M. Fleury cirurgião do hospital Cleremont Ferrand applica largos
visicatorios volantes sobre a articulação eosrenova todos os dias
ainda
mesmo
durante operíododa supuração. Mersier applicasobreestasferidas fios embebidos
em
agua de Rabel, Skarqir toca a feridacom
fios embebidosem
acidonítrico, outros ainda aconselhão quese toque aferida
com
ferroem
braza.M. Nelaton diz quetodos estes methodos tirados da pratica
ve-terinária não teem vantagem
em
cirurgia.No
período dasupuraçãodeve sefavorecer a sahida do pus das anfractuosidades
prevenindo-se d5
est'arte a decomposiçãodoslíquidos,eistose
obtém
pormeiodedesbridamentostendo-se sempre
em
vistapoupar os ligamentos, os vasose nervos.M. Bonet é de parecerque no casoda infecção pútrida se facão
injecções antesepticas
com
álcoolcamphorado
e agua, oucom
bál-samo
Fióravanti.-11
tados, a febre hetica e adiarrhéaenfraqueceodoentea tal pontoque
elle morre pouco tempo depois da operação.
Quando
começaa ef-fectuar-se a cicatrisação, e as extremidades ósseassedesnudãode-vendo o doente por fimficar
com
uma
deformidadeconvém
quesedê ao
membro
a posiçãoem
que deve ficar depois de estabelecida aankilose,
A
extracção dos sequestros deveser feita amedida
queelles se tornarem moveis, e injecções antesepticas serão feitas nos
trajectos íistulosos.
FERIDAS
DAS ARTICULAÇÕES
POR
ARMA
DE FOGO.As feridas das articulações, produzidas por
arma
de fogore-querem
algumasindicações especiaesque nãoseachãocomprehen-didas
no
tratamento dasoutrasferidas de quejá nos occupamos.Quando
as feridas não penetrantes o tratamento d'estas é omesmo
dasferidascontusas,daspartesmollesdaarticulação,exceptono
caso de haver considerávelperda de substancia é tal que peloconxegamentodostecidos nãosepossa remediara desnudação.
Tendo
penetradouma
bailaem
uma
articulaçãosenão houver grande desordem das partes molles e dos ossos, se o projéctilnão
existenaferida, e sea articulaçãoépoucoextensa,e se
emfim
oferidoé
moço
erobustopodeter-seesperança desalvaromembro,
voltando,porem, a condições oppostascomose, por exemplo,as extremidades
ósseassão quebradas
em
pedaços, sea baila seacha perdidaem uma
grande cavidade articular, e seos nervos evasos principaes forem
lesados
devemos
então recorrer a amputação, ou a resecção. Agoraconvém
dizerem
que casos se dá a preferencia auma
ou
outrad'estas duas operações. Se deverá praticar a resecção,
quando
osestragos das superfícies articulares forem
em
pequena extensão, ese limitarem a
uma
ou duas superfícies,quando
houverintegridadedos nervose vasos principaes do
membro,
e aspartesmolles nãoti-verem
soffrido profundamente, e a ferida for situada nosmembros
thoracicos; praticaremos porem, a amputação
quando
um
projéctilvolumoso
como
uma
baila,um
biscainho, ouum
fragmentode obuzem
queâoperação deve serfeitareconhecida a sua absolutanecessi-dade,
écomo
játivemos occasiãode dizer immediatamente,com
ef-feito, si nasferidaspenetrantesdas articulações aondeaamputaçãoou reseCção são indicadasnão se deve espaçar a operação, nas
fe-ridaspor
arma
de fogoalemda abundância da supuração queenfra-quece as forças do doente, ainflammação que é necessária paraa
eliminação das escaras
vem
augmentaromal
Sijulgarmosqueaoperação nãodeve ser praticada
devemos
re-correr ao desbridamento, não só para a extracção dos corpos
es-tranhos
como
também
para fornecer a saliida do pus,devemos
também
procurar prevenirodesenvolvimento dosaccidentesdeque
jános oceupamos.
Sendo
a pelledescolada pelapassagem dabailasedeveráincisarsobre o trajecto, a extracção dos corpos estranhosfar-se-ha por esta abertura, oupor
uma
contra abertura seabaila semostrar debaixodapelle; logo que tenhamospreenchido estasindicaçõesse collocará
o
membro
em uma
goteiraafim demanterem
perfeitaimmobilidade, o tratamento deque se deve lançarmão
para prevenirosaccidentes éomesmo
que indicamos para as feridas penetrantes das articula-çõesfeitaspor instrumentos contundentesordinários.*£=
SECCAO
ACCESSORIA.
PCceet» '
HAVERÁ
CASOS
EM
QUE
MEDICO
POSSA
ASSEGURAR QUE HOUVE
ENVENENAMENTO
PELO
ARSÉNICO
ADESPEITO
DA
EXIS-TÊNCIA
NATURAL
DAQUELLE
CORPO NA
TERRA
QUE
CER-CAVA
OCADÁVER
ANTES
DA
EXHUMAÇÃO?
I.
—
O
arsénico que existe naturalmenteem
um
terreno nãopode passar para as vísceras de
um
cadáverahiinhumado
mesmo
quando
esteesteja nu, e envolto na terra.II.
—
As experiênciasdeOríila demonstrãoquenos terrenos ar-seniferos aaguafriaou
em
ebulição não dissolve amenor
parcellad'este composto arsenical
.
III.
—
A
epocha mais oumenos
antigadainhumação
não éum
obstáculoque impeça as pesquizas medico-legaes.
IV.
—
O
phenomeno
physicodaimbibiçãonãoexplica apresença do arséniconofígado.
V
.—
Reconhecidaapresença do arsénicoaindaem
proporçõesconsideráveis
em
um
terreno, bastaria lavaro cadáver, para fazerdesappareceramaisfracaporção.
VI.
—
Não
merecefundamentoaopiniãode Flandine Danger dequeoarsénico dos terrenos insolúvel pelaagua nos nossos
labora-tóriospossa pela natureza,e otemposoífrer transformações análogas
asdo carbonato de calnas grotas subterrâneas.
VII.—
As torrentes pluviaes que durante a tempestade passãoao travez de
umaatmospherade
oxigénio e deasoto para os terrenosnão sãobastantespara dissolvero arsénico do solo.
na
mesma
zonade terra epoucoapouco combina-secom
as matériascalcariasformandoarsenitos,ou arseniatosdecal.
IX.
—
Quando
a analyse não encontra arsénicoem
um
cadáverfica excluída a idéa de que o veneno tenha sido dissolvido pelas
aguasquese infiltrãoaotravez daterra.
X.
—
O
arsénico que deu amorte aum
individuo nãomuda
delugar durante oprogressodaputrefação
nem
quando
depois oestô-mago
eos intestinos se tornão seccos,XI.
—
Quando
a dissoluçãopútrida chega ao ultimo pontouma
partedo arsénico, aproporçãoquese forma amoníaco, se
transfor-ma em
arseniatode amoníaco.XII.
—
O
amoníaco, producto da putrefação nãodissolve o ar-sénico do solo.SECCAO MEDICA
ACÇÃO
PHISIOLOGICA ETHERAPEUTICA
DO IODO.I.
—
A
acção localdo iodo e suas preparações, exceptuando-seeomtudo
o iodoformio, é irritantepodendo
mesmo
escariíicaros te-cidossiairritação elevada ao ultimo ponto.II.
—
Os
eíTeitos locaes do iodo sobre ohomem
no estado desaúdeestão de harmonia
com
os eíTeitos geraes: a actividade da cir-culação, atemperatura elevadada pelle, que as vezessetorna sede de variaserupções, e eíTeitoscerebraes depouca gravidade, sãouma
prova do quefica dito
.
III.—
O
iodo e suas preparações administradosem
dose alte-rante exerceuma
influenciaestimulante especialmente sobreas mu-cosaspulmonar,gastro intestinal esobre o apparelhoguito urinário. IV.—
O
iodo e suas preparações exerceuma
acção especificasobre as glândulas
em
geral, especialmente sobre o corpothyroide eglândula mamaria.V.
—
O
iodo éum
poderoso anti-septico.VI.
—
A
absorpçãodo iodo é rápida, alguns minutos depois de sua indigestão prova-se apresença d'este corpona
urina, na saliva eno
leite.VIL
—
Asfuneções digestivas executão-secom
muitaactividade,depoisda administraçãopor alguns dias do iodo ou do ioduretode
potássio
.
VIII.—
O
iodoformio não gosando de propriedades irritantes,deve ser
empregado
de preferenciano
tratamento das escrophulas, edeoutras moléstias.thera-dicamento associado a
um
vehiculo reparador.X.—
O
iodureto de potássio é o medicamento por excellenciana syphilis terciária.
XI.—
O
iodo é omedicamento
mais enérgico que so conhececontra o bócio proveniente do desenvolvimento do corpothyroide.
XII.
—
O
iodo possue propriedades emenagogas que o fazemSECCAO
CIRÚRGICA.
FERIDAS
ENVENENADAS.
I.—
Certos corposapplicados sobre a pelle escoriadaouintro-duzidos
em uma
solução de continuidaderecenteproduzem
feridasenvenenadas.
II.
—
Oscorposque maiscommumente
fazem taes feridas são: as armas dos selvagens embebidasnosueco de certasplantasvene-nosas; os ossos dos cadáveres e os instrumentos de dissecção
im-pregnados de sucoscadavéricos.
III.
—
As feridas porarma
de fogo nãodevem
serconsideradascomo
feridasenvenenadascomo pensavam
os antigospráticos.IV.
—
As perturbações dasprincipaesfuneções visceraesembora
não
acompanhadas
deeíFeitoslocaesdenotãoqueoveneno foiabsor-vido.
V.
—
Uma
região muito ricaem
veias eem
vasos lymphaticos éuma
cireumstanciafavorável paraa absorpçãodo veneno.
VI.
—
Oseffeitoslocaes seguidosapenasdephenomenos
sympa-thicos são ás vezes os únicossignaes da absorpção.
VII.
—
Os accidentes graves, que seobservamnas feridasenve-nenadas,
bem
como
a ausênciadetaes accidentesdependem
deuma
predisposição todaparticular doindividuo.VIII.
—
E' de observação que os sucos cadavéricos dosindiví-duos que
suecumbem
de aííecções inílammatoriascom
secreção delíquidosnas cavidades thoracicaou abdominal adquirem
proprieda-des muito venenosas.
IX.
—
O
gráode putrefação parece neutralisar a acção do vene-no que existe nos sucos cadavéricos.expondo-a a
um
jorro de agua fria, tendo-se antes expremidorida, esugadoo sangue si o estado sãodabocao permittir.
XI.—
A
compressão circular da ferida, impedindo a volta do sangue venenosoao coraçãoéum
meio quenunca
se deve desprezar.XII.—
O
meio mais seguro é a cauterisaçãocom
os cáusticos sólidos oulíquidos.HIPPOCRATIS
A?HORIM.
I. Vitabrevis, ars longa, occasio proeeeps, experientia fallax
judicium difficile.
(Sect. l.a Aph. l.°)
II.
Ad
extremosmorbos, extrema remediaexquisiti, óptima.(Secl. l.a Aph. 4.°)
III. Vulneri convulsio superveniens lethale.
(Sect. 5.4 Aph. 2.°)
IV. Inraorbis acutis, extremarum partiumfrigus,
malum.
(Sect. 7.» Aph. l.°)V. Ubi
sommus
deliriumsedat,bonum
.
(Sect. 2.* Aph. 2.°)
VI.
A
sanguinisíluxu delirium, aut etiam convulsio,malum
Dr. Gaspar.
Esta Thesc está conforme os Estatutos. Bahia 1 de Outubro
de 1864.
A. Alvares
da
SilvaCunha
Valle JúniorDr. Luiz Alvares,
Iuiprima-se. Bahia eFaculdade de Medecina
24
de Marco de1865.
Baptista.