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Direito à informação e a segurança do Estado: o acesso dos arquivos da ditadura brasileira.

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS

UNIDADE ACADÊMICA DE DIREITO

CURSO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS

PAULO HENRIQUE GIL DE MEDEIROS

DIREITO À INFORMAÇÃO E A SEGURANÇA DO ESTADO: O

ACESSO DOS ARQUIVOS DA DITADURA BRASILEIRA

SOUSA - PB

2009

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DIREITO À INFORMAÇÃO E A SEGURANÇA DO ESTADO: O

ACESSO DOS ARQUIVOS DA DITADURA BRASILEIRA

Monografia apresentada ao Curso de

Ciências Jurídicas e Sociais do CCJS

da Universidade Federal de Campina

Grande, como requisito parcial para

obtenção do título de Bacharel em

Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientador: Professor Me. Paulo Henriques da Fonseca.

SOUSA - PB

2009

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DIREITO A INFORMAQAO E A SEGURANQA DO ESTADO: O ACESSO DOS ARQUIVOS DA DITADURA BRASILEIRA

Trabalho monografico apresentado ao Curso de Direito do Centro de Ciencias Juridicas e Sociais da Universidade Federal de Campina Grande, como exigencia parcial da obtencao do titulo de Bacharel em Ciencias Juridicas e Sociais. Orientador: Prof. Msc. Paulo Henriques da Fonseca

Banca Examinadora: Data da Aprovacao: / /_

Prof. Msc. Paulo Henriques da Fonseca Orientador

Examinador interno

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reinvidicaram e pagaram um preco alto para que a verdadeira democracia reinasse nesse pais, ha tanto desprivilegiado da mesma.

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Os meus sinceros agradecimentos,

A Deus, o grande arquiteto do universo, por sempre esta ao meu lado em todos os momentos, mesmo quando minha fe vacila;

Aos meus pais, Osman Batista e Alba Lanusa, minha pedra angular, meu norte, as pessoas que mais contribuiram para o meu crescimento como cidadao, e que impreterivelmente posso, atraves dos seus bracos, me erguer;

Aos meus irmaos, Osman Filho e Maria Clarissa (Clarissinha), pelo companheirismo e amizade sincera;

Ao meu sobrinho e afilhado Davi, que ainda pequeno nao sabe a importancia que tern e tera em toda minha existencia;

A minha familia, por somar os valores contidos em mim;

A todos os mestres que passaram pela minha trajetoria de aprendizado, por transmitir a arte mais bela e altruista da vida, a arte de ensinar;

Ao professor Paulo Henriques da Fonseca (Pe. Paulo), pela paciencia e instrucao deste trabalho, alem de embriaguar-me diuturnamente com sua sapiencia;

Aos colegas de sala, por compartilharem comigo esta ardua e gratificante historia academica;

Aos amigos que nesta Universidade tive o prazer indescritivel de conhecer, e que tenho certeza que me acompanharao para toda a Universidade da Vida;

A Aline Dantas Formiga, pela paciencia, companheirismo, amizade, alegria e respeito a mim dispensados;

Aos que passaram pela minha vida e contribuiram positivamente para as conquistas presentes;

A todos que acreditaram em mim, mesmo quando a nuvem obscura da incerteza pairava por onde eu trilhava;

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estraga a pele. Algo parecido ocorre a sociedade que oculta sua propria culpa com a intengao de livrar-se dela, esquecendo-a. Sociedade e cidadaos devem assumir coletiva e individualmente a responsabilidade do que fazem ou fizeram nossos governos. Este e um dos mais importantes atos da dignidade humana.

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O estudo em questao analisa o direito de informacao e segredo do Estado em relacao ao acesso da sociedade aos arquivos da ditadura militar. Aborda os conceitos de Estado ate encontrar-se com o Estado Democratico de Direito. Compreende as Razoes de Estado, como forma de seguranga do Estado usado nos Estados Absolutistas. Reporta-se ao periodo dos governos militares, seus atos institucionais e ausencia de liberdade e perseguicoes aos cidadaos. Refere-se ao projeto Brasil: Nunca Mais, exemplo de denuncia e tentativa de escrever a historia nao divulgada. Elenca os principios fundamentals e os principios da Administragao Publica. Expoe a importancia do Direito a informacao numa democracia. Os metodos utilizados foram o empirico e o metodo historico, e os recursos utilizados foram a pesquisa bibliografica e a estatistica. Observa-se a falta de publicidade por parte dos governos frente a divulgagao da recente historia brasileira. Brasileiros continuam desaparecidos por falta de investigagao e transparencia dos arquivos militares produzidos na epoca da ditadura. Continua a escassez de democracia e cidadania no pais por descumprimento dos preceitos constitucionais. E imprescindivel para o fortalecimento da democracia no Brasil a transparencia do que houve no preterite O acesso aos arquivos da ditadura apresenta-se como um meio de informacao e aprendizado para que nao mais ocorra violacao da liberdade aos direitos humanos.

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The study in question aims to analyze the right information and state secrecy in relationship to society's access to the archives of military dictatorship. Broach the concepts of state to meet the democratic state. Understands the reasons of state, as a state security used in the absolute state. Refers to the period of military government, their institutional acts and absence of freedom and persecution of citizens. Refers to project Brazil: Never Again, an example of the complaint and attempt to write the story not disseminate. It lists the fundamental principles and the principles of public administration. It exposes the importance of the right to information in a democracy. The methods used were the empirical and historical method, and the resources used were the research literature and statistics. Notes the absence of advertising by governments against the dissemination of recent Brazilian history. Brazilians still missing due to lack of research and transparency of military records produced during the dictatorship. Continues to absence of democracy and citizenship in the country for breach of constitutional provisions. It is essential for the strengthening of democracy in Brazil transparency than there was in the past tense. Access to the archives of dictatorship is presented as a means of information and learning to occur no more violation of freedom of human rights.

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AI-1 - Ato Institucional n° 1 AI-2 - Ato Institucional n° 2 AI-3 - Ato Institucional n° 4 AI-5 - Ato Institucional n° 5 Art. - Artigo

CF/88 - Constituigao Federal LSN - Lei de Seguranga Nacional

MDB - Movimento Democratico Brasileiro PBNM - Projeto: Brasil Nunca Mais

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1 INTRODUQAO 10 2 NOQOES DE ESTADO 12

2.1 Origem do Estado 12 2.2 Estado Democratico de Direito 14

2.3 Relacao Soberania versus Cidadania 17

2.4 Razoes de Estado 21 3 B R E V E HISTORICO DA DITADURA MILITAR BRASILEIRA 25

3.1 Lei de Seguranca Nacional 29

3.1.1 Ato Institucional n° 5 32

3.2 Projeto "Brasil: Nunca Mais" 34 4 SIGILO DE INFORMAQAO 37 4.1 Principios Constitucionais Fundamentals e Principios da Administragao Publica ... 37

4.2 Sigilo de Informacao do Particular versus Sigilo de Informacao do Estado 41

4.2.1 Habeas Data 43

4.3 Direito a Informacao e o acesso aos arquivos da ditadura militar 45

4.3.1 Os arquivos da ditadura militar brasileira 48

5 CONCLUSAO 50 R E F E R E N C E S 53

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1 INTRODUQAO

Diante da problematica atual, em que o Estado brasileiro nao revela na integralidade o conteudo dos arquivos da ditadura militar, alegando agir em nome da seguranca do Estado e da sociedade, afrontando o direito a informacao, torna-se necessario um estudo sobre a legalidade e moralidade no que tange ao segredo dos arquivos referentes ao periodo ditatorial.

Justifica-se o presente trabalho de conclusao de curso devido a atualidade em que cidadaos, grupos humanitarios, ONGs e sociedade organizada brasileiros manifestam-se no sentido de conhecer sua historia recente marcada por abusos e violacoes aos direitos humanos, tornando-se indispensavel o acesso a informacao por parte do Estado as vitimas e a sociedade que durante decadas observou atonita o desrespeito a uma verdadeira cidadania, bem como a democracia. Ademais, traz uma importancia significativa para arraigar a cidadania e, como corolario, a democracia; alem de contribuir para um debate juridico acerca do acesso da informacao versus a seguranca do Estado.

Logo, o interesse inicialmente manifestado diz respeito a inquietude frente a usurpagao da informagao de um periodo tao importante para o Brasil pelo Estado Democratico de Direito, que entre suas premissas fundamentals esta o direito a informagao.

Diante disso questiona-se: E legal e moral a obscuridade dos arquivos da ditadura militar em nome da seguranga do Estado e da sociedade?

No tocante aos objetivos, o estudo a baila objetiva-se amplamente analisar se o cidadao tern direito de ter acesso as informagoes publicas, especificamente em relagao aos arquivos dos governos militares, identificando se essa premissa esta em consonancia com a Constituigao Federal de 1988 e se acarretaria alguma conturbagao para a seguranga do Estado brasileiro. Como objetivo especifico deste trabalho, observara o que dispoe a CF/88 e a Lei n° 11.111, enumerando a importancia do acesso e exemplificando de que forma afetou o conhecimento por parte de documentos ditatoriais em outros paises latino-americanos.

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Para a concretizacao do trabalho em tela, o metodo de abordagem utilizado foi o metodo dedutivo, partindo de teorias e leis mais gerais para a ocorrencia de fenomenos particulares. Quanto ao metodo de procedimento, foi recorrido ao metodo historico, percorrendo a fonte transparente das instituicoes ate deparar-se com as suas atuais formas de agir na vida social. Por seu turno, a pesquisa bibliografica e o procedimento tecnico que vigora no presente trabalho, sendo desenvolvido predominantemente atraves da pesquisa em livros, dando suporte de forma secundaria a jurisprudencia, revistas e sitios.

Nesse presente trabalho de conclusao de curso aborda-se no primeiro capitulo acerca da evolucao do conceito de Estado, reportando-se a sua origem ate encontrar-se com a moderna definicao de Estado Democratico de Direito. Trata-encontrar-se tambem da relacao ocorrida entre a cidadania e a soberania, bem como a respeito das Razoes de Estado ou arcana imperii.

No capitulo seguinte, comenta-se em linhas gerais o periodo compreendido entre 1964-1985, ressaltando todas as praticas obscuras usadas pelo regime para manter-se a frente do pais, alem dos artifices que manipulavam alguns setores e restringiam de maneira veemente a liberdade dos cidadaos e veiculos informativos. Exemplo que nota-se no mesmo sao a Lei de Seguranga Nacional e o Ato Institucional n° 5. Conclui o segundo capitulo referindo-se ao Projeto Brasil: Nunca Mais, que tinha como escopo a denuncia do periodo ditatorial.

O terceiro e ultimo capitulo tern natureza eminentemente constitucional, referindo-se aos principios democraticos de direito, e os principios da Administragao Publica; aborda-se o sigilo de informagao do particular e o sigilo dispensado ao Estado previstos na Constituigao Federal de 1988. Em seguida trata de uma inovagao trazida pela CF/88, qual seja, o habeas data, importante recurso dos indivlduos para obterem informagoes dos orgaos que as escondem ou distorcem. Culmina o mesmo se referindo ao direito de informagao dos arquivos ditatoriais como indispensavel para a plena e eficaz democracia.

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2 NOQOES DE ESTADO

Diferentemente de outrora, quando era dificil e impreciso a definicao de Estado -como exemplo desta ardua tarefa tem-se Bastiat, um publicista do liberalismo que na epoca prometeu a quantia de cinquenta mil francos a quern Ihe proporcionasse uma definicao convincente acerca de Estado - hoje ja se observa uma relativa harmonia entre os estudiosos a respeito deste.

Porem, e imprescindivel relatar como surgiu esta imperiosa definicao de Estado, remetendose desde os longinquos tempos em que filosofos aboliam ou dispensavam -p. ex os cinicos e os anarquistas - e defendiam veementemente o Estado.

Partindo do pressuposto geral, diga-se numa visao latu sensu, a origem do Estado representa o estudo da formacao das sociedades politicas, diferentemente do que se apresenta no sentido estrito onde Estado e representado na fase Moderna.

Destarte, tanto a polis gregas como a civitas romana, alem das demais organizacoes politicas provenientes da Idade Moderna podem ser vulgarmente chamadas de Estado. Ou, como explica Truyol Y Serra (1998 apud ZIMMERMANN, 2002, p. 14), "nada impede de qualificar como Estados, aqueles grupos humanos organizados e independentes (cidades, principados, reinos, imperios etc)".

2.1 Origem do Estado

Algumas teorias tentaram explicar de onde adveio o Estado, ou seja, sua origem no seio da sociedade. Um dos primeiros a debater-se acerca do tema foi o filosofo Aristoteles, que defendia a origem do Estado a partir de uma uniao de pessoas incapazes de viver sozinhas, devido a uma necessidade natural, sendo esta uniao inicial fonte de todas as outras formas sociais posteriores. Em suma, para o referido filosofo o Estado e encarado como instituicao natural - e deve ser auto-suficiente - , tendo como finalidade a seguranga da vida social, a regulamentacao de conveniencia

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entre os homens e a promocao do bem estar coletivo. Na sua obra "A Politica" (2002), nao demonstrou um motivo que levaria os homens a unirem-se, mas formas de como estes deveriam agir para serem felizes.

Por sua vez, Zimmermann (2002) elenca cinco teorias, quais sejam: a teoria da origem familiar; teoria da origem patrimonial; teoria da origem violenta; teoria da formagao natural; teoria da origem contratual.

A primeira teoria apontada se subdivide em teoria patriarcal e teoria matriarcal. Aquela defende que o poder politico surge a partir de um nucleo familiar em que a autoridade suprema esta alicercada na figura do varao mais velho, enquanto que esta sustenta que a primeira organizacao familiar foi oriunda da autoridade materna.

A segunda teoria acima apontada diz ser de relevancia determinante para o aparecimento do Estado o espaco ocupado pelos individuos e a propriedade do territorio, onde o Estado existiria para tornar defeso a propriedade e o solo.

Ja a teoria da origem violenta ou origem da forga, afirma que o Estado ou organizacao politica surge da dominacao de um grupo social sobre outro mediante violencia, e sendo este grupo dominador - em regra - numericamente inferior. Os filosofos e sociologos que se inspiraram em Darwin sao adeptos desta teoria, como bem observa Azambuja (1967 apud ZIMMERMANN, 2002, p. 17) quando aponta que "o darwinismo politico seria a expressao cientifica do maquiavelismo, pois insensivelmente inclui no conceito de forga nao so a violencia, mas tambem a astucia". Um defensor desta teoria e o jurisconsulto polones Gumplowicz (1970 apud ZIMMERMANN, 2002, p. 17) que afirma de maneira categorica que o Estado resulta da "subjugagao de um grupo social por outro grupo e no estabelecimento, pelo primeiro, de uma organizagao que Ihe permite dominar o outro".

A teoria da formagao natural, por sua vez, alega que a formagao da sociedade politica e algo natural, devendo ser encarada como corolario decorrente da propria natureza humana, onde o ser humano tern vocagao inata para a vida em sociedade. Seu maior expoente e o filosofo grego Aristoteles (2002), que defende que e impossivel o ser humano viver fora da sociedade, ja, entretanto, quando o mesmo vive no meio social, ele natural e necessariamente cria a autoridade e o Estado.

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Por fim, a teoria da origem contratual, que para Castello Branco (1988) parece a mais convincente, defende que o surgimento das organizagoes politicas esta ligado a um acordo entre os membros da sociedade humana, calcada na liberdade e no querer individual. Dentre os principals expoentes estao Thomas Hobbes, John Locke e Jacques Rosseau. Vale salientar, no entanto, que essa teoria aparece como um pressuposto forcado de um contrato ancestral, nao havendo prova de um evento historico deste contrato.

Em relacao as teorias apontadas, Zimmermann (2002, p. 21) expoe sua opiniao acerca das teorias apresentadas. Para ele, cada teoria tern sua importancia e uma relativa verdade no que defende. Numa observacao fiel ao seu entendimento, tem-se:

C a d a qual (teoria), ao s e u peculiar m o d o , s u s t e n t a a l g u m tipo de v e r d a d e sobre a existencia do E s t a d o . A s s i m , por e x e m p l o , s e o h o m e m for r e a l m e n t e u m a n i m a l politico, t a m b e m ele estara apto a realizacao c o n t r a t u a l d a s o c i e d a d e politica. A g r a n d e i m p o r t a n c i a , isso s i m , s e d a q u a n t o ao tipo de E s t a d o a ser criados pelos m e m b r o s d a coletividade.

Dessa forma, o imprescindivel e ter ciencia de qual tipo de Estado a coletividade se propos de criar, ficando em segundo piano o conteudo argumentative nas teorias que tentam explicar a fonte da qual teve nascimento o conceito de Estado. Destarte, aprece divergencias quanto ao modo como os Estados agem em diversas sociedades e em diversas epocas, estando o anseio da coletividade ou grupo politico do sitio, como fator determinante para como o Estado ira agir. O certo, porem, e que tanto o Estado primitivo, bem como o atual, surgiu da impossibilidade do ser humano nao adentrar no convivio da sociedade.

2.2 Estado Democratico de Direito

A Democracia e uma forma de governo que se apresenta como um arduo processo de afirmacao do povo e de garantia dos direitos fundamentals, colocando as decisoes da maioria em beneficio de toda a sociedade, pondo todos em igualdade

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perante a lei, tendo como valores a igualdade, a maioria e a liberdade. Sucintamente pode-se entender democracia como "um conjunto de regras (primarias ou fundamentals) que estabelecem quern esta autorizado a tomar as decisoes coletivas e com quais procedimentos" (BOBBIO, 2006, p. 30). A respeito da democracia formal e da democracia material, tem-se que a primeira refere-se precisamente a forma de governo, enquanto a segunda preocupa-se com o conteudo dessa forma (BOBBIO, 2000).

Em relacao a classificagao das formas de governos feita por Aristoteles, apos um largo estudo das Constituigoes de diversos paises, o mesmo formulou dois criterios para a classificagao daquelas. Segundo Acquaviva (1994, p.88), Aristoteles utilizou os seguintes criterios:

O criterio n u m e r i c o , c o m o qual classificou tais f o r m a s c o n s o a n t e o n u m e r o d e individuos q u e g o v e r n a m , e o criterio m o r a l , pelo qual classificou tais f o r m a s e m pura e i m p u r a s , l e v a n d o e m c o n t a o intuito de o g o v e r n a n t e o u g o v e r n a n t e s a d m i n i s t r a r e m v i s a n d o ao i n t e r e s s e geral o u b e n e f i c i o p e s s o a l .

Sobre o primeiro criterio, Aristoteles classificou a Politeia (Democracia) como governo de muitos, e no tocante ao criterio moral a democracia foi classificada como a forma pura de governo, baseada no governo de muitos em beneficio do interesse geral.

Antes de adentrar-se ao conceito acima, e necessario tratar do entendimento que hoje se tern de Estado, sendo ocasionado a partir da mudanga da Idade Media para a Idade Moderna, onde aquele apresentou tragos centralizadores e dinamicos, possibilitando o desenvolvimento da economia, da politica e do social da epoca. Dessa forma explica Zimmermann (2002, p. 23):

O E s t a d o e u m a o r g a n i z a c a o politica c o m p l e x a f o r m a d a na transicao d a Idade Media para a M o d e r n a . S u r g e , d e s t e m o d o , a t r a v e s de u m p r o c e s s o de lutas religiosas e politicas, m e d i a n t e a n e c e s s i d a d e d e s e e s t a b e l e c e r u m p o d e r superior a o s g r u p o s existentes, q u e e s t a v a m e m luta c o n s t a n t e .

Fazem parte dos elementos constitutivos do Estado Moderno o povo, territorio, o governo e a soberania, que sera tratada de forma cirurgica adiante. Castello Branco

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(1988), no entanto, elenca como componentes do Estado o povo, territorio, ordenamento jurfdico, soberania e bem comum ou bem estar do povo.

O Estado Democratico foi precursor do Estado Democratico de Direito, mostrando-se como uma resposta efetiva ao arraigado e perigoso crescimento do poder estatal, que agia discricionariamente sobre o cidadao. Como argumenta o mestre Zimmermann (2002, p. 53) o Estado de Direito

Esta r e l a c i o n a d o a q u e s t a o da limitacao do p o d e r politico arbitrario, s e n d o c o n s i d e r a d o s E s t a d o s de Direito s o m e n t e a q u e l e s e m q u e o s s i s t e m a s constitucionais g a r a n t a m a instituicao e o c o r r e t o f u n c i o n a m e n t o de u m a p l e n a p r o t e c a o j u r i d i c a d o s direitos dos h o m e n s

Na mesma linha do autor anterior esta Bobbio (1994 apud ZIMMERMANN, 2002, p. 53) quando afirma com propriedade:

A e x p r e s s a o E s t a d o de Direito p o d e ser e n t e n d i d a de diferentes m a n e i r a s , muito e m b o r a s e j a m dois o s seus significados principais: 1) E s t a d o d e Direito e o E s t a d o limitado pelo direito, ou seja, o Estado cujo p o d e r e e x e r c i d o nas f o r m a s d o direito e c o m g a r a n t i a s j u r i d i c a s p r e e s t a b e l e c i d a s ; e n e s t a a c e p c a o c o n t r a p o e - s e ao E s t a d o a b s o l u t o ; 2) E s t a d o de Direito e o E s t a d o que tern c o m o f u n c a o principal e e s p e c i f i c a a instituicao de u m E s t a d o j u r i d i c o , ou seja, de u m E s t a d o no q u a l , s e g u n d o a definicao k a n t i a n a d o direito, c a d a u m a p o s s a coexistir c o m o s o u t r o s s e g u n d o a lei universal: e n e s t a a c e p c a o c o n t r a p o e - s e ao E s t a d o do e u d e m o n i s m o .

A expressao Estado Democratico de Direito foi criada pela Constituicao Brasileira de 1988, caracterizando-se como a jungao de dois conceitos, O Estado Democratico (nocao de governo da maioria) e o Estado de Direito - ja comentado. Entretanto, Ferreira Filho (1989 apud SILVA, 1999) refuta este conceito de Estado defendido pela Carta Magna considerando-o uma idealizagao marxista-leninista que tern como objetivo uma transicao para o socialismo.

Descartando este entendimento, Silva (1999, p. 124) com singular astucia prof ere:

O certo, c o n t u d o , e q u e a C o n s t i t u i c i o de 1988 nao p r o m e t e a t r a n s i c a o para o s o c i a l i s m o c o m o E s t a d o d e m o c r a t i c o de Direito, a p e n a s a b r e a s p e r s p e c t i v a s de realizacao social p r o f u n d a pela pratica d o s direitos sociais q u e ela inscreve e pelo e x e r c i c i o d o s i n s t r u m e n t o s q u e o f e r e c e a c i d a d a n i a e q u e possibilita

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concretizar a s e x i g e n c i e s de u m E s t a d o de j u s t i c a social, f u n d a d o na d i g n i d a d e da p e s s o a h u m a n a .

Controversies a parte, o Estado Democratico de Direito apresenta-se como limitagoes ao poder autoritario; respeito a prevalencia dos direitos fundamentais, tendo como conseqiiencia a soberania popular, sendo imprescindivel uma sociedade livre, justa e solidaria; o poder emanado do povo; sociedade pluralista, que respeita as inumeras ideias, culturas e etnias; e representantes eleitos que atuam em beneficio do povo que os colocaram para este encargo.

Para finalizar o conceito de Estado Democratico de Direito pede-se venia com o intuito de externar as palavras de Silva (1999, p. 123) quando diz que o Estado Democratico de Direito nao e so a fusao dos dois conceitos de Estado, mas que "consiste, na verdade, na criagao de um conceito novo, que leva em conta os conceitos dos elementos componentes, mas os supera na medida em que incorpora um componente revolucionario de transformagao do status quo".

A doutrina apresenta os seguintes principios do Estado Democratico de Direito: a) principio da constitucionalidade: exprime o carater legitimo da Constituigao rfgida, emanada da vontade popular, imbuida de supremacia; b) principio democratico: roga pela necessidade de char uma democracia representativa, participativa e pluralista; c) principio da justiga social: realizagao da democracia social, altruista e justa; d) principio da igualdade: onde a Constituigao Federal preceitua que os iguais devem ser tratados de forma igual e os desiguais de forma desigual; e) principio da divisao dos poderes (Executivo, Legislative e Judiciario) e da independencia do juiz; f) principio da legalidade; e o principio da seguranga juridica (SILVA, 1999).

2.3 Relagao Soberania versus Cidadania

Conceituar a soberania e a cidadania tern o objetivo de uma melhor compreensao do trabalho presente, alem de possibilitar um carater didatico ao mesmo. A doutrina da soberania foi elaborada com a substituigao do sistema feudal ou medieval

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europeu em Estados Modernos, num processo que culminou com a Paz de Vestfalia em 1648.

O grande teorico da soberania foi o frances Jean Bodin, que a tornou como elemento inseparavel do Estado, ou seja, para ele nao existia Estado sem soberania, e segundo o proprio, a Republica apresenta-se como o justo governo de muitas familias, e do que Ihes e comum, com poder soberano

Castello Branco (1988, p. 141), por sua vez, conceitua soberania como "o poder que uma nacao tern de organizar-se juridicamente e de fazer suas leis dentro do seu territorio, nos limites eticos de convivencia".

Sob outra otica, Bonavides (1999, p. 110) apresenta "duas faces distinas" para a soberania que seria a soberania interna e a soberania externa. Diferenciando-as traz:

A s o b e r a n i a interna significa o imperium q u e o Estado tern sobre o territorio e a p o p u l a c a o , b e m c o m o a s u p e r i o r i d a d e d o p o d e r p o l i t i c o frente aos d e m a i s p o d e r e s sociais, q u e Ihe f i c a m sujeitos, de f o r m a m e d i a t a ou i m e d i a t a . A soberania e x t e r n a e a m a n i f e s t a c a o i n d e p e n d e n t e do p o d e r do E s t a d o p e r a n t e outros Estados.

Entre os requisitos apontados pelos tratadistas politicos tem-se o alicerce da soberania na vontade popular (consentimento externado pelo voto); a legitimidade do procedimento; a composigao de uma Assembleia Constituinte que vise aprovar uma lei basica legitimando os poderes, editando e promulgando as leis que serao executas pelo governo. Noutros dizeres a soberania deve representar a vontade do Estado e a ele ser submissa.

A respeito das limitacoes da soberania, Castello Branco (1988) aponta tres, as politicas, juridicas e sociais. A primeira refere-se a manobras que evitem os antagonismos e aumente a eficiencia do Estado na realizacao do bem comum. As limitagoes juridicas permitem aos cidadaos exigirem o acatamento dos direitos publicos subjetivos. Por fim, as limitagoes sociais referem-se as obrigagoes assumidas pelo Estado na protegao e assistencia as classes menos favorecidas.

Sobre a nova adequagao do conceito de soberania na atual realidade, divergente da classificagao una e indivisivel, irrevogavel, perpetua, poder supremo tao defendida por Jean Bodin, vem a soberania que nao deve significar um poder absoluto do Estado,

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mas que vise a conveniencia pacifica dos povos e o respeito a todo custo dos direitos humanos.

Barbosa (2003, p. 144), relacionando o conceito de soberania com o atual estagio do Brasil adverte para a relatividade deste conceito:

A s o b e r a n i a de p a i s e s c o m o o Brasil tern de ser c o n c e i t u a d a de f o r m a p o n d e r a d a , isto e, e m muitas o c a s i o e s n o s s a S o b e r a n i a e d e s c o n s i d e r a d a por g r u p o s ou p a i s e s e c o n o m i c a m e n t e p o d e r o s o s (vide G-7), q u e i m p o e m s u a s visoes o r g a n i z a c i o n a i s s o c i o e c o n o m i c a s c o e r c i t i v a m e n t e . E o mais g r a v e e q u e , na maioria d a s v e z e s , n o s s o s g o v e r n a n t e s c o n c o r d a m c o m e s s a s i n t r o m i s s o e s a l i e n i g e n a s .

Observa-se que mesmo com a evolucao do conceito de soberania, e os paises sendo conhecedores do caos da sua nao observancia, ainda prevalecem as regras que beneficiam o capital das grandes empresas e os interesses das potencias que de uma maneira ou de outra ditam os caminhos que devem ser seguidos. Os paises que mais sao afetados nas suas soberanias sao os vulgarmente chamados de "terceiro mundo", impossibilitados de concorrerem de igual modo, sendo lesados nos seus dominios de diferentes formas.

Finalizando, no que tange a soberania, Zimmermann (2002, p. 33) defende uma nova visao acerca da mesma:

T o r n a s e necessario o a b a n d o n o definitivo do c o n c e i t o h e g e l i a n o (ou p s e u d o -hegeliano) do Estado c o m o p e s s o a s u p r a - h u m a n a , para q u e c o m p r e e n d a m o s que o E s t a d o e a o r g a n i z a c a o g o v e r n a m e n t a l criada a servico do h o m e m , e n a o do contrario

Ao tratar da cidadania, tambem e imprescindivel analisar como se deu a evolucao no seu conceito e na sua pratica. Nas antigas sociedades observava-se uma pequena participacao dos individuos, sendo excluidos desse processo as mulheres, os escravos, determinadas classes trabalhadoras, alem das criancas e os deficientes.

O conceito de cidadania tern origem na Grecia classica, sendo usado entao para designar os direitos relativos ao cidadao, ou seja, o individuo que vivia na cidade e ali participava ativamente dos negocios e das decisoes politicas. Cidadania pressupunha, portanto, todas as implicacoes decorrentes de uma vida em sociedade.

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Muito foi modificado e conquistas foram realizadas no que concerne a cidadania, que se apresenta indissoluvelmente atrelada a nocao de direitos, permitindo aos cidadaos uma participacao direta ou indireta na formagao do governo e sua administragao, alem de serem sujeitos de direitos e deveres.

Apos o surgimento do Estado Liberal de Direito, a cidadania passou a referir-se a capacidade que o cidadao tern de participar no exercicio politico atraves do processo eleitoral. Com isso, observa-se que a cidadania derivou da participagao dos cidadaos no Estado Moderno, passando a ser considerado como membro de uma comunidade politica legitimada no sufragio universal.

Referente aos direitos politicos pode-se defini-los como sendo um conjunto de atributos, prerrogativas, faculdades, ou poder de intervengao dos cidadaos ativos nos governos de seus respectivos paises.

A doutrina distingue a cidadania ativa da cidadania passiva, como explica Zimmermann (2002, p. 200)

C i d a d a n i a ativa, e n f i m , consiste na e x i s t e n c i a de direitos politicos ativos, referentes a c a p a c i d a d e para ser eleitor e e s c o l h e r os r e p r e s e n t a n t e s politicos d a nacao; a o p a s s o q u e a c i d a d a n i a p a s s i v a s e constitui na c a p a c i d a d e de ser eleito.

Relacionando os dois conceitos acima expostos e conceituados tem-se que a soberania visa a organizagao juridica e territorial do Estado, alem do respeito aos direitos sociais de cada cidadao; enquanto que a cidadania e a ardua e necessaria tarefa dos individuos de lutarem e exigirem seus direitos expressos constitucionalmente e defendidos em tratados e convengoes, sendo inconcebivel num Estado Democratico de Direito apresentar obice que impossibilite ou dificulte tal pratica.

A Constituigao Federal de 1988 ao reconhecer o direito de soberania do Estado e o direito de cidadania do individuo, estabelece a coexistencia pacifica de ambos os conceitos, permitindo ao cidadao o dever de exigir seus respectivos direitos.

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2.4 Razoes de Estado

O filosofo Platao foi o primeiro a abordar a questao da "nobre mentira" que mais tarde seria relacionada com as Razoes de Estado. Para ele a "nobre mentira" concedia aos governantes o direito de simular e dissimular, assim como um medico mente ao enfermo paciente ou como se mente as criangas.

No entanto, foi Maquiavel quern remodelou o conceito estabelecendo, assim, os fundamentos da ideia "Razoes de Estado", legitimando a dissimulagao e a falsidade dos governantes como uma nova traigao do pensamento moderno.

Ja em relagao a expressao "Razoes de Estado", pode-se dizer que primeiramente apareceu na obra do pensador renascentista Giovanni Botero, denominada Delia Ragion di Stato em 1589, em que o mesmo embora critique a obra de Maquiavel acaba corroborando com a expressao maxima do maquiavelismo, "os fins justificam os meios".

Os pensadores da epoca defendiam que a veracidade nunca esteve entre as virtudes politicas, e que mentiras, embustes e auto-embustes foram encarados como instrumentos justificaveis nesses assuntos. Acreditavam que os arcana imperii, ou misterios dos governos, seria uma falsidade e mentira mascarada usadas com o escopo de atingir determinados fins politicos. Ainda nesta seara, estava a capacidade de mentir, juntamente com a capacidade de agir, interligadas, derivando estas duas experiencias da mesma fonte, a imaginagao.

As Razoes de Estado afirma que a seguranga do Estado e uma exigencia de tal quilate para os governantes, que para garanti-la ficam os mesmos obrigados a violarem normas juridicas, como tambem morais, politicas e economicas sempre que considerarem imperativa, quando desse ato nao correr perigo.

Bobbio (2006), no seu livro "O Futuro da Democracia" prefere tratar Razoes de Estado na expressao arcana imperii - que foi uma expressao criada por Tacito para definir os misterios do Estado e as autoridades ocultas - afirmando ele ter sido um tema recorrente entre os escritores politicos que embasado nesta teoria acompanharam toda a formagao do Estado Moderno.

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O objetivo da definicao de arcana imperii feita por Clapmar, autor do mais conhecido escrito sobre o assunto - arcana rerum publicarum - e mostrado por Bobbio no citado livro (2006, p. 107):

Seu objetivo e d u p l o : c o n s e r v a r o E s t a d o e n q u a n t o tal e c o n s e r v a r a f o r m a d e g o v e r n o e x i s t e n t e (ou melhor, impedir q u e u m a m o n a r q u i a d e g e n e r e n u m a aristocracia, u m a aristocracia n u m a d e m o c r a c i a , e a s s i m por diante, s e g u n d o a natureza das varias " m u t a c o e s " ilustrada por A r i s t o t e l e s no quinto livro d a Politica).

Naude (1639 apud BOBBIO, 2006, p. 107) tambem ajuda a enriquecer o tema em tela quando afirma veementemente:

Nao e x i s t e n e n h u m p r i n c i p e t a o fragil e d e s p r o v i d o de b o m s e n s o para ser insensato ao ponto de s u b m e t e r ao j u l g a m e n t o do publico aquilo q u e a duras p e n a s p e r m a n e c e s e c r e t o s e c o n f i a d o a o s o u v i d o s de u m ministro o u de u m f a v o r i t e

Observa-se quao forte apresentou-se o maquiavelismo entre os escritores e filosofos que acompanharam a transformacao do Estado Medieval para o Estado Moderno, sendo pensamento quase unanime entre os intelectuais de outrora.

Atraves das citagoes acima expostas, Bobbio (2006, p. 107) apresenta dois fenomenos diversos, porem coligados:

O f e n o m e n o do p o d e r oculto o u que se oculta e do p o d e r q u e oculta, isto e, q u e se e s c o n d e e s c o n d e n d o . O primeiro c o m p r e e n d e o t e m a c l a s s i c o do s e g r e d o de E s t a d o , o s e g u n d o c o m p r e e n d e o t e m a i g u a l m e n t e classico d a m e n t i r a licita e util (licita p o r q u e util) q u e n a s c e , nada mais n a d a m e n o s , c o m Platao.

Esse segredo de Estado acontece comumente, tornando-se praxe, em Estados autocraticos, em que as grandes decisoes sao tomadas distantes e nao visiveis aos cidadaos que compoem esses Estados.

Claude de Seyssel (1519 apud BOBBIO, 2006, p. 108) ressalta o conceito de Razoes de Estado, a epoca da monarquia absoluta francesa:

T a m b e m e preciso ter o c u i d a d o d e nao c o m u n i c a r e m a s s e m b l e i a s m u i t o g r a n d e s , a s coisas q u e d e v e m ser s e c r e t a s . Pois e p r a t i c a m e n t e i m p o s s i v e l q u e

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nao s e torne publico aquilo q u e c h e g a ao c o n h e c i m e n t o de muitas p e s s o a s .

Tal cientista politico esclarece que onde ha um poder oculto, la tambem existira um contra-poder oculto que age "sob a forma de conjuras, complos, conspiragoes, golpes de Estado, tramados nos corredores do palacio imperial, ou sob a forma de sedicoes, revoltas ou rebelioes preparadas em lugares intransitaveis e inacessiveis, distantes dos olhares dos habitantes do palacio" (BOBBIO, 2006, p. 109)

Entretanto, desde Immanuel Kant, Madison e dos lluministas, de um modo geral os pensadores da liberdade vem pregando a visibilidade do Estado, a transparencia do poder e o acesso as informagoes sobre os atos do governo como valores essenciais para a consolidagao das instituigoes democraticas.

O jurista Bobbio (2006, p. 110), na supracitada obra comenta:

A i m p o r t a n c i a d a d a a publicidade do poder e u m a s p e c t o d a p o l e m i c a iluminista contra o E s t a d o a b s o l u t o , m a s e s p e c i f i c a m e n t e contra as varias i m a g e n s do s o b e r a n o pai ou patrao, do m o n a r c a por direito divino, o u do h o b b e s i a n o D e u s terreno.

Destaca-se que o Estado Democratico de Direito, assim como o Estado Absolutista e o Estado Moderno, ainda guarda segredos previstos nas proprias constituigoes. No caso da CF/88, o Estado de Excegao tern como finalidade defender o

Estado Democratico de Direito e dar condigoes ao Estado em caso de guerra. Ou seja, o Estado guarda seus segredos em beneficio da nagao, quando em condigoes caoticas e de dificuldades politicas precisa abragar a teoria de Maquiavel, escondendo dos individuos assuntos de importancia impar ao governo naquele momento.

Importante ressaltar que em alguns paises, na atualidade, principalmente os paises perifericos, que estao a margem do sentido de democracia e das decisoes politico-economicas mundiais, valem-se muitas vezes da usurpagao da cidadania em detrimento da sua soberania, sempre que suas elites politicas sentem-se ameagadas de perderem seus status frente as mudangas que se mostram no horizonte proximo. Ocorrendo isso, usam das "Razoes de Estado" de modo voraz e violento, agindo de propaganda enganosa oficial, pressao politica e economica, distorgao da realidade social, dentre outros artifices.

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Sobre essa politica presente desde os primordios na America Latina, Fonseca e Grabois (2008, p. 575) ensinam:

Nao e d e s u r p r e e n d e r q u e a historia d a A m e r i c a Latina, e s p e c i a l m e n t e a no S u l , a p o s a s tentativas de f o r m a c a o d e u m g r a n d e "Patria c o m u m " , s o n h o d e S i m o n Bolivar, tenha sido feita e m g r a n d e parte por E s t a d o s a g i n d o e m a c e n t u a d o sentido de a u t o - a f i r m a c a o , s o b e r a n i a a n t e o u t r o s E s t a d o s e a u t o n o m i a diante das proprias p o p u l a c o e s . Isso implicou t a m b e m e m a l g u n s e l e m e n t o s c o m o a facilidade na a d o c a o de doutrinas e politicas de " s e g u r a n c a n a c i o n a l " e de militarizacao d a s s o c i e d a d e s l a t i n o - a m e r i c a n a s .

Como exemplo desta devocao exacerbada a soberania, nao se importando com a cidadania, ocorreu no Brasil e na America Latina na epoca dos governos militares, quando as elites atuaram desrespeitando a democracia e abusando do segredo de Estado, atraves de distorcoes e perseguigoes em nome da continuacao do modelo em que prevalecia apenas a elite, que atuou de maneira direta e indireta na idealizacao e tentativa de perpetuacao dos governos ditatoriais.

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3 B R E V E HISTORICO DA DITADURA MILITAR BRASILEIRA

No dia 1° de abril de 1964, no entao Brasil que almejava fortes e significativas mudancas sociais, da-se para uns uma revolugao, e para muitos um golpe militar, verdadeira afronta a democracia, onde predominava a forga, a tortura, o desrespeito, a dignidade da pessoa humana, os assassinatos sumarios, a censura e a perseguicao. Este periodo durou longos vinte e um anos, entre 1964 e 1985, com anos de maior intensidade da violencia estatal entre 1968 e 1975.

Como muito bem explicam Campos e Miranda (2000, p. 319) acerca da origem do regime repressivo ocorrido no Brasil, esse ocorreu devido a uma:

A l i a n c a entre os s e t o r e s civil e militar q u e pos f i m a o p o p u l i s m o . E m n o m e d a liberdade, d a o r d e m , d o s v a l o r e s cristaos e, p r i n c i p a l m e n t e , d a s e g u r a n g a nacional, o p r e s i d e n t e Goulart foi d e p o s t o . U m novo g o v e r n o viria a s e f o r m a r a partir d e s s a alianca.

Com a Guerra Fria em pauta, onde dois sistemas antagonicos dominavam o mundo - socialismo e capitalismo - ; as crescentes revolugoes na America Latina; as Reformas de Base proposta por Joao Goulart e o Piano Trienal, proposto pelo Ministro de Planejamento Celso Furtado, e com caracteristicas notadamente populares; alem da pressao dos Estados Unidos, foram fatores determinantes para que os setores militares, juntamente com a burguesia nacional, depusessem o entao presidente eleito

democraticamente.

O golpe militar que propagou ser como passageira e saneadora dos desmandos provocados por esquerdistas presentes no pais, devendo durar aproximadamente dois anos (tempo que ainda restava para o termino do mandato de Joao Goulart), apresentou cinco presidentes, respectivamente, Humberto de Alencar Castello Branco, Arthur da Costa e Silva, Emilio Garrastazu Medici, Ernesto Geisel e Joao Baptista Figueiredo.

Note-se que consumada a deposigao do referido presidente em 1964, as Forgas Armadas dividiram-se quanto a quern ocuparia o comando do aparelho estatal. Dois grupos disputavam o encargo: Os "Sorbonne" e os representantes da linha dura. Coube

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a Castello Branco, representante do primeiro grupo, assumir a presidencia, como relata Arns(1985, p. 69):

A c a b o u p r e v a l e c e n d o o g r u p o liderado pelo m a r e c h a l H u m b e r t o de A l e n c a r Castello B r a n c o , nao por ter j o g a d o o papel m a i s i m p o r t a n t e nas m o v i m e n t a c o e s de tropas, m a s por ser o unico portador d e u m projeto global para a s o c i e d a d e , a m a d u r e c i d o d e s d e a d e c a d a de 5 0 na Escola S u p e r i o r d a G u e r r a . E s s e p e n s a m e n t o global se t o r n o u c o n h e c i d o c o m o Doutrina d e S e g u r a n c a N a c i o n a l ( D S N ) .

A Escola Superior de Guerra foi inspirada na similar estadunidense (National War College) em 1954, desenvolvendo a teoria direitista da "Doutrina de Seguranga Nacional", com o escopo de intervir no processo politico nacional. Logo apos a implantagao do regime militar, sempre que estando em risco a "seguranga" do Estado, estaria justificado o sacrificio da liberdade, das garantias constitucionais e dos direitos da pessoa humana.

Sobre a "Doutrina da Seguranga Nacional", Arns (1985, p. 71) continua reforgando seu carater desumano, perverso e contrario a democracia. Veja-se:

Em n o m e d a " d e m o c r a c i a " , c a b e r i a rasgar a Constituigao, d e p o r o p r e s i d e n t e eleito, J o a o Goulart, f e c h a r o C o n g r e s s o Nacional, s u s p e n d e r g a r a n t i a s dos c i d a d a o s , prender, torturar e assassinar, c o m o t e r m i n o u o c o r r e n d o no r e g i m e inspirado pela Doutrina de S e g u r a n g a N a c i o n a l .

Em 09 de abril de 1964 foi promulgado, pelo Comando Supremo da Revolugao, o AI-1, que deveria ser o unico, mas que acabou precedendo outros. Segundo Campos e

Miranda (2000, p. 320) este ato

Fortalecia o P o d e r Executivo e c o n c e d i a ao p r e s i d e n t e p o d e r e s p a r a s u s p e n d e r direitos politicos, c a s s a r m a n d a t o s e e x o n e r a r f u n c i o n a r i o s p u b l i c o s . A s garantias institucionais e r a m i n t e r r o m p i d a s por seis m e s e s .

O AI-1 foi promulgado seis dias antes da posse de Castello Branco, e apos ser encerrada em 11 de junho de 1964 apresentou inumeras cassagoes, reformagoes e demissoes, mais esclarecidamente, nos termos de Arns (1985, p. 61):

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378 atingidos: tres e x - p r e s i d e n t e s da R e p u b l i c a (Juscelino Kubitschek, J a n i o Q u a d r o s e J o a o G o u l a r t ) ; seis g o v e r n a d o r e s de E s t a d o ; dois s e n a d o r e s ; 6 3 d e p u t a d o s f e d e r a l s e mais de tres c e n t e n a s de d e p u t a d o s e s t a d u a i s e v e r e a d o r e s . F o r a m r e f o r m a d o s c o m p u l s o r i a m e n t e 7 7 oficiais do Exercito, 14 da M a r i n h a e 31 d a A e r o n a u t i c a . A p r o x i m a d a m e n t e d e z mil f u n c i o n a r i o s f o r a m demitidos.

Atraves desses numeros observa-se que em pouco tempo o Regime Militar ja mostrava a natureza perseguidora e antidemocratica, calcada na manutencao da "ordem" a qualquer custo, alem de aparecerem os indignados frente a politica que estava dominando o pais.

As divergencias ente os dois grupos das Forcas Armadas que dirigiam o pais se aprofundaram em 1965, quando as eleigoes estaduais do referido ano mostrou uma certa desaprovagao pelo governo militar. Com isso, os militares da linha dura passaram a pressionar Castello Branco, exigindo a destituigao dos governadores contrarios ao regime. Destarte, foi instituido o AI-2, em 27 de outubro de 1965, que "aboliu os partidos existentes, transformou em indiretas as eleicoes para a presidencia da Republica, interveio na composicao do Supremo Tribunal Federal e retomou a pratica de expurgos e cassacoes" (Campos e Miranda, 2000, p.321).

Ainda em relagao ao AI-2, Arns (1985, p.61) comenta:

A ditadura foi t o m a n d o c o r p o . A o ser d e r r o t a d o nas e l e i c o e s e s t a d u a i s e m M i n a s G e r a i s e no Rio de Janeiro, o g o v e r n o edita o A t o Institucional n° 2, e m o u t u b r o d e 1985, q u e a c a b a c o m t o d o s os paridos politicos e p e r m i t e a o Executivo f e c h a r o C o n g r e s s o N a c i o n a l q u a n d o b e m e n t e n d e r ; torna indireta as eleicoes para p r e s i d e n t e da R e p u b l i c a e e s t e n d e a o s civis a a b r a n g e n c i a d a Justica Militar. " N a o s e disse q u e a R e v o l u g a o foi, m a s q u e e e c o n t i n u a r a " , a f i r m a - s e na introdugao do A I - 2 .

Atraves desse Ato, e indubitavel a intencao de permanencia do regime, ate entao caracterizado como efemero, indispensavel a manutencao da ordem no pais; bem como a interferencia do Executivo junto ao Legislativo e a proibicao dos partidos politicos se organizarem, passando, assim, a viverem na ilegalidade.

Em seguida, mais precisamente em fevereiro de 1966, surgiu o Ato Institucional n° 3, ainda no governo de Castello Branco que, entre outras disposigoes, tornavam "indiretas as eleigoes para os governos estaduais e suspendeu as eleigoes para

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prefeitos de capitals e de municipios considerados de seguranga nacional, cuja escolha tornou-se privilegio dos governadores". (Campos e Miranda, 2000, p. 321).

Por este ato (AI-3) o Regime Militar passou a dominar o caminho de todos os governos estaduais e municipais, tendo como partidarios os governantes em toda seara politica nacional. Nesse periodo surgiu tambem o bipartidarismo, de um lado tinha-se a Alianca Renovadora Nacional (ARENA), que era partidaria ao governo, e o Movimento Democratico Brasileiro (MDB), apresentando-se como uma oposicao ao regime. Na verdade esses partidos estavam assim dispostos, "a Arena ficou conhecida como o partido do sim, senhor e o MDB como o agrupamento do acho que sim" (CAMPOS E MIRANDA, 2000, p. 321).

O AI-4, instituido no dia 07 de dezembro de 1966, convocava os deputados e senadores para a eleicao do novo presidente e para a elaboragao de uma nova Constituigao do Brasil, genuinamente outorgada. Assim, Campos e Miranda (2000, p. 326) preleciona:

E m 2 1 de Janeiro de 1967, foi a p r o v a d a u m a n o v a Constituigao, q u e p r o c u r a v a legitimar o E s t a d o autoritario e m a n t e r o P o d e r Legislative c o a g i d o pela r e p r e s s a o . R e o r g a n i z o u - s e , a s s i m , a legislagao do n o v o g o v e r n o q u e , e n t r e o s a n o s de 1964 e 1966 havia e s t a b e l e c i d o q u a t r o atos institucionais, 3 6 atos c o m p l e m e n t a r e s , 312 decretos-lei e 3.746 a t o s punitivos. Na n o v a C a r t a , t o d a e s s a legislagao foi e n t a o d i s p o s t a de m o d o a conferir "legalidade" ao r e g i m e . O autoritarismo virou lei.

No interim tao curto, inumeros foram os atos e decretos-lei introduzidos no pais com o intuito cada vez maior de fortalecer o Executivo em detrimento dos outros poderes, e punir aos que fossem contrarios a ordem vigente. Por esses quatro atos institucionais, e a autoridade absoluta dos militares que estavam no poder serviram "como protegao e salvaguarda do trabalho das forgas repressivas, fossem quais fossem os metodos utilizados". (ARNS, 1985, p. 72).

Em suma, como apresenta Cotrin (2002, p.157), no que diz respeito a caracteristica do Regime Militar tem-se que:

U m a d a s c a r a c t e r i s t i c a s dos g o v e r n o s militares foi o autoritarismo. O s m e m b r o s do g o v e r n o nao s e m o s t r a v a m d i s p o s t o s a dialogar c o m o s d i v e r s o s s e t o r e s da s o c i e d a d e . Por m e i o d o s c h a m a d o s A t o s Institucionais (Al), o s g o v e r n o s

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militares f o r a m restringindo a s instituicoes d e m o c r a t i c a s e i m p u s e r a m c e n s u r a aos m e i o s de c o m u n i c a g a o , c o m o radio, t e l e v i s a o , j o r n a i s , revistas, etc.

O controle estabelecido pelo governo militar adentrou em todos os setores da sociedade, e no que tange ao socio-economico teve como resultado a modernizacao da economia; a concentracao de renda nas classes altas e medias; e, corolario desta, a marginalizacao da classe baixa. De acordo com Arns (1985, p. 60), sobre esse modelo de concentracao de renda, teve sucesso devido a:

Politica salarial, politica tributaria, politica fundiaria, politica de i n v e s t i m e n t o s , etc. A d e s n a c i o n a l i z a g a o implicou na a b e r t u r a de t o d a s as portas p a r a o capital estrangeiro: e s t i m u l o crediticio e fiscal para a i m p l a n t a c a o d e m u l t i n a c i o n a i s no Brasil, facilitacao d a r e m e s s a de lucros e vistas g r o s s a s d i a n t e d a s f r a u d e s para burlar o s c o n t r o l e s legais, p e r m i s s a o para a c o m p r a de terras por g r u p o s estrangeiros, e e n d i v i d a m e n t o e x t e r n o .

Apos a manutencao do regime, todos os que a ele foram favoraveis tiveram recompensa, exemplificativamente a classe alta e media nacionais, alem dos grupos estrangeiros, mais notadamente os estadunidenses que tiveram uma participacao singular no processo de reeditamento da democracia de um pais alheio ao seu.

3.1 Lei de Seguranga Nacional

Aos 15 de margo de 1967, o governo militar divulgou o Decreto-Lei n° 314 que estabelecia a Lei de Seguranga Nacional. Boa parte do seu conteudo foi derivado da ideologia pregada na Escola Superior da Guerra, empreendendo mecanismos capazes de controlar os meios de comunicagao e qualquer outra manifestagao ligada a vida cultural do pais.

Voltando a reportar-se acerca da "Doutrina da Seguranga Nacional", observa-se que a mesma projetou e estabeleceu regras que regera todos os setores sociais da Nagao. Na entidade que conduzia supremamente o regime - Conselho de Seguranga Nacional - foram tragados os "Objetivos Nacionais Permanentes", bem como as "bases

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para a politica nacional", que por eles eram editados decretos e decretos-leis, lei e emendas constitucionais, e sempre que necessario os "decretos secretos".

A respeito da Lei de Seguranga Nacional, presente desde o inicio do governo militar, segundo Arns (1985, p. 75), para uma compreensao critica e esclarecedora:

E e q u i v o c a d o p e n s a r q u e a referida doutrina c o n s u b s t a n c i a - s e , e m t e r m o s legais, u n i c a m e n t e na lei q u e Ihe leva o n o m e . A Lei d e S e g u r a n g a N a c i o n a l ( L S N ) e, no m a x i m o , aquela e s p e c i f i c a q u e c o n c e n t r a e c o n d e n s a t o d o s os criterios e c o n c e i t o s e n f e i x a d o s pela Doutrina de S e g u r a n g a N a c i o n a l , c o n f i g u r a n d o sua o b r a mais a c a b a d a e perfeita. M a s o espirito geral d e s s e p e n s a m e n t o c o n s e r v a d o r e s p r a i o u - s e por u m v a s t o c a m p o d a legislagao nacional e d a s instituigoes do E s t a d o .

A titulo de informagao, e importante citar que a LSN se estendia em diversos atos normativos, como a Lei de Imprensa, o Decreto 911/69, o Estatuto da Terra, os decretos 200 e 201 de 1967, entre outras normas oriundas do Executivo. Ou seja, havia um conjunto normativo conexo a LSN, sinalizando sua operacionalizagao em diversos segmentos da vida social, administrativa e demais areas, traduzindo a norma "oculta" daquela LSN e da Doutrina de Seguranga Nacional que a orientava no topo.

Nota-se que a Doutrina de Seguranga Nacional era bem mais complexa do que a LSN, sendo esta apenas sua pedra angular composta por fortes e opressores muros acima. No entanto, de enorme importancia e utilidade foi esta, permitindo a consolidagao e "legalidade" dos atos praticados pelos militares.

Sobre as mudangas ocorridas na LSN, mais uma vez e imprescindivel analisar a ligao de Arns (1985, p. 75):

A s m u d a n g a s introduzidas na L S N a o l o n g o d o s a n o s c o n s t i t u i r a m , n u m primeiro m o m e n t o ( 1 9 6 9 ) , n u m a e x a r c e b a g a o g e n e r a l i z a d a d a s p e n a s e d o rigor punitivo, e m h a r m o n i a c o m a m a r e repressiva q u e se seguiu a d e c r e t a g a o do A I - 5 . (...)

N u m s e g u n d o m o m e n t o (1978), f o r a m a l t e r a d o s a l g u n s p o n t o s q u e e r a m objeto de c r i t i c a s sistematicas feitas pelos f o r u n s d e m o c r a t i c o s internacionais. F o r a m s u p r i m i d a s as p e n a s de m o r t e e de prisao p e r p e t u a , abriu-se a possibilidade teorica de verificagao de s a u d e fisica e m e n t a l do detido, r e d u z i u - s e o prazo d e i n c o m u n i c a b i l i d a d e e f o r a m alterados o u t r o s a s p e c t o s de i m p o r t a n c i a d i m i n u t a . Mas, no e s s e n c i a l , o espirito d a lei p e r m a n e c e u intacto

(32)

A LSN comeca a sofrer alteracoes a partir do momento em que o grupo caracterizado como "linha dura" assume a presidencia, tornando-a exageradamente punitiva, assemelhando-a como os Codigos anteriores, no que tange a perversidade. Em consonancia com o rigor em punir vem a demasiada aplicagao da pena. Estes procedimentos somaram-se com a instituicao do AI-5, que sera mais detalhado no topico posterior.

Uma pequena, porem importante mudanga na LSN, so ocorreu em meados de 1978, quando o Brasil ja era alvo de inumeras criticas e debates na sociedade internacional, pelas suas torturas, censuras, assassinatos, entre outros atos contrarios a dignidade da pessoa humana. Assim, as incompreensiveis penas de morte e prisao perpetua foram abolidas do nosso ordenamento, alem de outras conquistas idoneas ate entao privadas aos individuos.

Concluindo sobre a Lei de Seguranga Nacional, Arns (1985, p. 75) sintetiza:

De t u d o , p o d e - s e concluir q u e a L S N se t r a d u z s e m p r e e m s e g u r a n g a p a r a o regime, s e n d o a b o l i d a s d e l a o s p o s t u l a d o s d a d e m o c r a c i a , ao s e e s t a b e l e c e r que a s e g u r a n g a n a o p o d e tolerar " a n t a g o n i s m o s internos". A o prevalecer sobre t o d a s a s leis e m e s m o s o b r e a Constituigao F e d e r a l , a L S N , na sua c o n c e p g a o imprecisa e perniciosa a d e f e s a d o s principios constitucionais, c o n s i d e r a os " a n t a g o n i s m o s " p u n i v e i s c o m o c r i m e .

Ao abordar a palavra "seguranga para o regime", alcanga-se do mesmo modo as prisoes, torturas, assassinatos e afronta a liberdade de imprensa. A imprensa, por sua vez, tinha um papel importantissimo na consumagao do regime, visto propagar em jornais, radios e teves a bonanga produzida pelo governo, enaltecendo o espirito revolucionario, escondendo as mazelas impostas pelo mesmo, assim tambem como ser veementemente proibida de tecer toda e qualquer critica.

Por fim, vale apontar uma enorme contradigao que ocorria ao se analisar a Lei de Seguranga Nacional, ja que para a continuagao do regime era necessario despir o pais da democracia, ou melhor, apresentava dois lados opostos, "de um lado, os interesses de perpetuagao do Estado autoritario e, de outro, a defesa da ordem juridica e da democracia" (ARNS, 1985, p. 76).

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3.1.1 Ato Institucional n° 5

Ao tratar deste ato institucional que teve as disposigoes mais contundentes e repressivas, e forgoso salientar os motivos que Ihe deram origem. Desse modo, aparecem (ARNS, 1985, p. 62):

O s tres f a t o r e s utilizados c o m o pretexto pelas Forcas A r m a d a s , para d e s e n c a d e a r e m nova e s c a l a d a repressiva c o m o A t o Institucional n° 5, f o r a m : as d e n u n c i a s s u s t e n t a d a s d e n t r o d o proprio partido de oposigao c r i a d o pelo regime, o c r e s c i m e n t o das m a n i f e s t a c o e s d e rua e o s u r g i m e n t o de g r u p o s de o p o s i c a o a r m a d a , q u e j u s t i f i c a v a m sua d e c i s a o c o m o a g r u p a m e n t o d e q u e o s c a n a i s institucionais seriam i n c a p a z e s de f a z e r frente ao p o d e r ditatorial.

A partir disso deduz-se que os setores que antes compactuaram com o nascimento do regime autoritario ja nao consentiam com os seus atos e discricionariedade com que agiam perante a nagao. Os partidos, que foram postos na ilegalidade pelo Ato Institucional n° 2, viram-se obrigados a agirem na ilegalidade, muitos deles optaram pela luta armada. Ate os parlamentares de oposigao (MDB) criticavam as agoes politicas praticadas pelos militares. Nesse aspecto, Campos e Miranda (2002, p. 326) ensina:

O clima d e e f e r v e s c e n c i a politica levou p a r l a m e n t a r e s a c o n d e n a r e m a s a c o e s repressivas c o n t r a a p o p u l a g a o civil e a d e n u n c i a r a pratica de t o r t u r a por parte dos a g e n t e s policiais. Diante disso, o g o v e r n o p a s s o u a exigir a s u s p e n s a o d a s i m u n i d a d e s p a r l a m e n t a r e s d o s a u t o r e s d e p r o n u n c i a m e n t o s criticos a s agoes policiais e o s e u e n q u a d r a m e n t o na Lei de S e g u r a n g a Nacional.

O estopim para ser baixado o AI-5, no entanto, foi o discurso proferido pelo parlamentar Marcio Moreira Alves do MDB, quando o mesmo proferiu palavras contrarias ao regime, instigando mulheres a nao se casarem com militares e pais a nao levarem seus filhos ao desfile de independencia, por exemplo. Apos esse fato o governo pediu a cassagao do referido deputado, pedido este negado pelo Congresso. Sendo assim, no dia 13 de dezembro de 1968, o presidente Arthur da Costa e Silva decreta o AI-5.

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O AI-5, diferentemente dos outros atos "nao vinha com vigencia de prazo. Era a ditadura sem disfarce" (ARNS, 1985, p. 62), ou, nos dizeres de Frances (2002, p. 370) "O AI-5, ao contrario dos outros atos que tinham prazo de validade, era permanente, cruel e castrador".

Conforme Cotrin (2002, p. 521), nos treze artigos que compuseram o Ato Institucional, sucintamente abordava que:

O AI-5 conferia ao p r e s i d e n t e d a Republica a m p l o s p o d e r e s p a r a perseguir e reprimir as o p o s i c o e s . Podia decretar, por e x e m p l o , o E s t a d o d e Sitio, intervir nos E s t a d o s e M u n i c i p i o s , c a s s a r m a n d a t o s eletivos, s u s p e n d e r direitos politicos etc. T a m a n h o era o p o d e r do p r e s i d e n t e , q u e s e u s atos praticados de a c o r d o c o m o AI-5 nao p o d i a m s e q u e r ser s u b m e t i d o s ao e x a m e do judiciario.

Atraves deste ato, o presidente tinha praticamente a forga e o poder dos antigos imperadores, podendo ditar todas as regras referentes ao andamento do pais, interferindo drasticamente no Legislative - chegando a aboli-lo - e colocando a margem das discussoes o Judiciario.

O que se constatava deste Ato intervencionista e antidemocratico era (ARNS, 1985, p. 62-63):

A resistencia a r m a d a intensifica s u a s a c o e s e parte p a r a o s s e q u e s t r o s , e x i g i n d o e m troca a liberdade de presos politicos; a J u n t a Militar, por sua vez, adota as p e n a s de morte e b a n i m e n t o , t o r n a n d o mais d u r a s a s p u n i c o e s previstas pela Lei de S e g u r a n g a N a c i o n a l (Decreto-lei n° 898), a l e m de outorgar u m a Constituigao m a i s autoritaria, q u e e batizada de E m e n d a C o n s t i t u c i o n a l n°

1.

Como meio de mostrar sua indignacao perante o regime, muitos grupos escolheram a luta armada para reivindicar e tentar trazer o pais de volta aos trilhos da democracia. Porem, a repressao do governo era fortissima, principalmente no governo de Medici, marcado por extrema violencia, obras faraonicas e o endividamento financeiro exacerbado do Brasil.

O termino do AI-5 so ocorreu em 1978 pelo presidente Ernesto Geisel, devido a pressoes internas e externas. Estava finalizado o AI-5, o ato onomatopeico que mais horrorizou e definiu a frase dos cidadaos brasileiros durante o periodo de sua vigencia.

(35)

3.2 Projeto "Brasil: Nunca Mais"

0 Projeto "Brasil: Nunca Mais" surgiu em meio ao termino da ditadura militar brasileira e inicio de uma nova fase que estava a surgir. Uma fase de esperancas, de respeito a dignidade da pessoa humana, de respeito ao devido processo legal, ao respeito pela liberdade de imprensa, ao termino das torturas, dos assassinatos praticados pelo governo, ao individuo como cidadao de plenos direitos e deveres.

Surgiu na ansia de que todas as arbitrariedades e crueldades ficassem para tras, nos livros de historia. Alem disso, surgiu tambem para denunciar os abusos, relatar documentalmente as torturas sofridas por cidadaos. Adveio com o escopo de mostrar a origem do sistema repressivo, a subversao do direito, os desaparecidos politicos, a tortura e os outros tratamentos ou castigos crueis, desumanos ou degradantes.

Nestes anseios, Arns (1985, p. 21) ainda destaca acerca do PBNM:

E preciso t o m a r d e c i s o e s , a d o t a r m e d i d a s c o r a j o s a s q u e f a v o r e c a m a c o n s o l i d a c a o de u m p a i s d e m o c r a t i c o . E preciso trabalhar, s e m t r e g u a s e s e m d e m o r a s , na r e m o c a o d o s lastros do a u t o r i t a r i s m o e na e d i f i c a c a o de u m E s t a d o de Direito, q u e seja solido e a o m e s m o t e m p o p e r m e a v e l a critica. O n d e nao seja proibido participar, n e m discordar, n e m contestar. O n d e o grito d o s p o b r e s p o s s a ser ouvido. O grito de t o d o s .

E cristalino notar quao obscuro foi o tempo dos governos autoritarios, assim como o apelo dos cidadaos antes sem direito a voz e a voto, e que enxergavam uma oportunidade de construirem um pais baseado nos principios da solidariedade, da harmonia, de um Estado Democratico de Direito.

O Projeto em estudo tratou nao so de testemunhos daquele periodo, mas pesquisou com afinco documentos produzidos pelos proprios militares que estavam no poder. Tomou corpo apos a reuniao de copias dos processos politicos que transitaram pela Justica Militar brasileira entre 1964 e marco de 1979, com mais enfase naqueles que tramitaram na seara do Superior Tribunal Militar.

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Fora obtidas, por i n u m e r o s c a m i n h o s , c o p i a s de 7 0 7 p r o c e s s o s c o m p l e t o s e d e z e n a s de outros i n c o m p l e t e s , n u m total q u e u l t r a p a s s o u 1 m i l h a o d e p a g i n a s i m e d i a t a m e n t e m i c r o f i l m a d a s e m d u a s vias, para q u e u m a p u d e s s e ser g u a r d a d a , s e m riscos, f o r a do p a i s . S o b r e o outro c o n j u n t o de microfilmes u m a equipe se d e b r u c o u d u r a n t e cinco a n o s , p r o d u z i n d o um relatorio (Projeto 'A') de a p r o x i m a d a m e n t e 5.000 p a g i n a s , c o n t e n d o i n f o r m a c o e s i m p r e s s i o n a n t e s .

O risco iminente ainda existia, por isso todos os cuidados foram realizados para que o projeto tao importante nao fosse prejudicado. De maneira sucinta chegou as livrarias o livro homonimo ao projeto, estando o Projeto "A", mais abrangente e denso, distribuido, na epoca, em universidades, entidades voltadas a defesa dos Direitos Humanos, bibliotecas, etc.

O PBNM inspirou-se no pensador frances Michel Foucault, em seu livro "Vigiar e Punir" (1987), quando apresenta ser possivel reconstruir boa parte da historia atraves do processo penal arquivado no Poder Judiciario de cada pais. Por esse caminho enveredou o projeto (ARNS, 1985, p. 24):

Dai o salto conclusivo: se, no Brasil, f o s s e p o s s i v e l recuperar a historia das torturas, dos a s s a s s i n a t o s de p r e s o s politicos, das p e r s e g u i c o e s policiais e d o s j u l g a m e n t o s t e n d e n c i o s o s , a partir d o s proprios d o c u m e n t o s oficiais q u e p r o c u r a v a m legalizar a r e p r e s s a o politica d a q u e l e s 15 a n o s , t e r i a m o s c h e g a d o a u m t e s t e m u n h o irrefutavel.

Devido a maior veracidade e inquestionabilidade na prova documental, alem de palpavel a informagao, foi que o Projeto "Brasil: Nunca Mais" optou por aquela, ocasionalmente recorrendo a provas complementares.

Em suma, Arns (1985, p. 26) conclui sobre os objetivos presentes no PBNM:

O q u e s e p r e t e n d e e u m t r a b a l h o de i m p a c t o , no sentido de revelar a c o n s c i e n c i a n a c i o n a l , c o m as luzes d a d e n u n c i a , uma realidade o b s c u r a a i n d a m a n t i d a e m s e g r e d o nos p o r o e s d a r e p r e s s a o politica hipertrofiada a p o s 1964. E a o b s e r v a n c i a do preceito e v a n g e l i c o q u e nos a c o n s e l h a o c o n h e c i m e n t o d a v e r d a d e c o m o p r e s s u p o s t o para a libertacao.

O Projeto "Brasil: Nunca Mais" mostrou-se como uma arma nao eficiente contra a vinganga, mas eficaz para os milhares de brasileiros que sofreram com as injustigas proporcionadas por um regime ultrapassado, feroz e alheio ao ser humano, para que

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pensem o que se passou, reflitam o que se vive e ajam para que nao retroceda na luta por um, de fato, Estado Democratico de Direito.

(38)

4 SIGILO DE INFORMAQAO

Estabelecendo inicialmente uma distincao entre os conceitos de sigilo e segredo, tem-se que este se refere a algo ou alguma coisa que nao deve ser conhecida por alguem, reserva, algo sabido apenas por alguns; enquanto que aquele e especie do segredo, significando selo, caracterizando-se como a acao que culmina com o segredo, escondendo informacoes, por exemplo.

Antes de adentrar-se no referido tema, e de relevante importancia referir-se tambem aos principios constitucionais fundamentais, bem como nos Principios disciplinados pelo art. 37, caput da CF/ 88, no intuito de melhor balizar o estudo e assim, compreender latu senso, a materia de que se trata o presente capitulo.

4.1 Principios Constitucionais Fundamentais e Principios da Administragao Publica

Os principios apresentam-se como norte em que as normas devem seguir e respeitar, tendo importancia na formagao, bem como na aplicacao das leis. Metaforicamente, pode-se dizer que os principios sao as colunas que sustentam um edificio, tornando-o rigido e inflexlvel.

Ademais, os principios sao indispensaveis na interpretacao das normas quando estas se mostram dubias ou incompreensiveis. Logo, os principios constitucionais fundamentais podem ser caracterizados como norte de todo o ordenamento jundico patrio, tragando valores e objetivos prioritarios. Destarte, segundo Zimmermann (2002, p.187):

O s v a l o r e s revelados c o m o o s m a i s i m p o r t a n t e s pelo legislador constituinte e s t a o inseridos nos q u a t r o primeiros artigos da Lei Maior. S a o v a l o r e s q u e , u m a vez sintetizados, c o n f e r e m u n i d a d e teleologica a o s d e m a i s principios e regras q u e c o m p o e m o o r d e n a m e n t o j u r i d i c o constitucional.

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O referido doutrinador traz a tona a importancia presente nesses principios, que engloba todos os demais do nosso ordenamento, estando consagrado na Constituigao Federal de 1988 como indispensaveis para a eficacia do ordenamento juridico.

A CF/88, disciplina no Titulo I estes principios fundamentais, trazendo no seu artigo 1°, entre outros incisos, o seguinte:

Art. 1°. A R e p u b l i c a Federativa do Brasil, f o r m a d a pela uniao indissoluvel dos E s t a d o s e M u n i c i p i o s e do Distrito Federal, constitui-se e m E s t a d o D e m o c r a t i c o de Direito e tern c o m o f u n d a m e n t o s :

(...)

II - a c i d a d a n i a ;

III - a dignidade d a p e s s o a h u m a n a ;

O novel legislador constituinte instituiu, dentre os quatro incisos, dois principios arbitrariamente esquecidos e violados na epoca dos governos militares, passando a dar uma importancia impar a estes, trazendo para o cerne da Constituigao Federal.

A cidadania como acima foi tratada em linhas gerais, apresenta-se como um

status fundamental do individuo, em que o mesmo tern amplo direito de participar da

vida social e politica do seu pais, interferindo nos caminhos do mesmo. Sobre esse principio, note-se o conceito de maneira abrangente (DALLARI, 2006, p. 22):

A c i d a d a n i a e x p r e s s a u m c o n j u n t o de direitos q u e d a a p e s s o a a possibilidade de participar a t i v a m e n t e d a vida e do g o v e r n o de s e u p o v o . Quern nao tern cidadania esta m a r g i n a l i z a d o o u e x c l u i d o d a vida social e d a t o m a d a d e d e c i s o e s , f i c a n d o n u m a posicao de inferioridade d e n t r o do grupo social. Por e x t e n s a o , a c i d a d a n i a p o d e d e s i g n a r u m c o n j u n t o d a s p e s s o a s q u e g o z a m d a q u e l e s direitos. A s s i m , por e x e m p l o , p o d e - s e dizer q u e t o d o brasileiro, no e x e r c i c i o de sua c i d a d a n i a , tern o direito de influir s o b r e as d e c i s o e s do g o v e r n o .

O supracitado professor apresenta o respaldo dado pela CF/88 ao cidadao brasileiro de agir ativamente na seara do governo, tendo o poder de interferir, reivindicar, eleger, ser eleito e atuar em prol da coletividade e do pais. Por sua vez, quando este direito e colocado a margem, o individuo nao esta englobado no conceito de cidadao, ficando a merce dos grupos politicos e socio-economicos predominantes, sem direito a voz, luta e voto.

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