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BIOT9MV TAGE 01

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Academic year: 2021

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Texto

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TEXTOS DE APOIO

GUIA DE EXPLORAÇÃO

DE TRANSPARÊNCIAS

P

BIOTERRA

LUCINDA MOTTA|MARIA DOS ANJOS VIANA

Colaboração:

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Conscientes do grande esforço que é pedido aos nossos colegas, elaborámos este documento orienta-dor, integrado na pasta Bioterra, no ficheiro “Recursos 2”, esperando que venha a constituir um verda-deiro auxiliar das práticas pedagógicas no ensino das Ciências. Disponibilizamos também o CD-Rom do Manual Virtual amostra do Bioterra 9.°, que além de incluir todos os materiais presentes nesta pasta de recursos também contém os materiais que faziam parte do Caderdo do Professor, edição de 2004, nomeadamente Informações complementares, Acetatos e Guia de Exploração de Acetatos.

O ficheiro “Recursos 2”, inclui:

Textos de apoio

Informações complementares (edição 2004)

Actualmente, a informação científica é muito vasta e encontra-se dispersa por numerosos suportes, tor-nando morosa a sua selecção. Sempre no sentido de facilitar o trabalho do professor, dispinibilizamos textos que podem ser utilizados para expansão dos conhecimentos dos alunos. Os textos de apoio foram rigorosamente escolhidos na bibliografia de referência e servem de apoio a imagens, conteúdos e activi-dades do manual, como é sugerido na planificação.

Guia de exploração de transparências

Guia de exploração de acetatos (edição 2004)

O ensino das Ciências Naturais deve assentar, essencialmente, na observação directa, mas as limitações nesse campo são muitas quando o objecto de estudo é a saúde individual e comunitária, o equilíbrio do organismo e a qualidade de vida.

Por essa razão, a utilização de transparências ou outro material visial é indispensável, não só para con-cretizar imagens difíceis de visualizar mas também para motivar os alunos, despertando-lhes a curiosi-dade e o interesse, e para desencader a formulação de questões e favorecer o diálogo. As transparências facilitam também o ensino voltado para a pesquisa e para a resolução de problemas. Podem ainda ser utilizadas noutros momentos da aprendizagem, como numa síntese final.

As autoras bioterra789@gmail.com

VIVER MELHOR NA TERRA

Textos de apoio ... 4 Guia de exploração de transparências ... 25

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Introdução ao conceito de qualidade de vida

Historicamente, desde os anos 60 do século XX, que a expressão qualidade de vida tem sido utilizada de forma cada vez mais frequente. No entanto, enquanto conceito científico pode revelar-se ambíguo, a não ser que seja objecto de uma definição precisa (Wolfensberger, 1994). Alguns autores (Fleck, 1999a; Noll, 2000) indicam que a sua origem tem raízes no contexto político, apontando como referência o discurso do Presidente americano Lyndon Johnson, que, em 1964, referiu que “o progresso social não pode ser medido através do balanço dos bancos mas através da qualidade de vida proporcionada às pessoas”.

O interesse pela qualidade de vida (QDV) surgiu igualmente ligado aos sistemas de indicadores sociais (Cummins, 2000; Rapley, 2003), em que prevalecia uma abordagem essencialmente economicista que analisava o cresci-mento económico das sociedades através da evolução do respectivo PIB ou do rendicresci-mento per capita. A evolução do conceito de QDV tem-se encontrado também associada a diversos referenciais teóricos que reflec-tem conceitos como: satisfação com a vida, felicidade, existência com significado e bem-estar subjectivo, na gene-ralidade dos casos utilizados indiscriminadamente como sinónimos (Frisch, 2000; Taillefer, Dupuis, Roberge & Le May, 2003). Este facto tem contribuído para dificultar a delimitação científica do conceito. No entanto, ainda que relacionados, estas designações são estruturalmente diferentes do conceito de qualidade de vida (Frisch, 2000). O interesse e aplicabilidade da expressão QDV na área da saúde decorre sobretudo da definição de Saúde assumida pela Constituição da Organização Mundial de Saúde – OMS (1948) como um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não simplesmente como a ausência de doença. Esta definição implica que as iniciativas de promoção de saúde não sejam apenas dirigidas ao controlo de sintomas, diminuição da mor-talidade ou aumento da expectativa de vida, mas valorizando igualmente aspectos como o bem-estar e a quali-dade de vida. Sendo assim, na literatura clínica termos como “estado de saúde”, “impacto da doença”, “invali-dação da doença” surgem associados, de forma directa ou inversa, à qualidade de vida, contribuindo para a confusão conceptual.

Devido ao facto da QDV ser estudada em diversos contextos e em diferentes populações, têm sido utilizados diver-sos indicadores para a avaliar. De uma forma geral, cada definição reflecte o contexto e os indicadores estudados. Como refere Feinstein (1987, cit. por Taillefer, Dupuis, Roberge & Le May, 2003), the idea [of QoL] has became a kind of umbrella under which are placed many different indexes dealing with whatever the user wants to focus on (p. 294). Foi neste contexto, de simultânea relevância e de falta de precisão conceptual do conceito de qualidade de vida, ao qual correspondia uma proliferação de instrumentos de avaliação, muitos deles sem base conceptual e a maioria ancorados na cultura americana, que, no início da década de 90, a OMS reuniu um conjunto de peri-tos pertencentes a diferentes culturas (WHOQOL Group) com o objectivo de debater o conceito de QDV e, subsequentemente, construir um instrumento para a sua avaliação: o WHOQOL.

A definição de qualidade de vida foi a primeira preocupação do WHOQOL Group (1994). Logo nos primeiros documentos do Grupo, QDV surge definida como a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, den-tro do contexto dos sistemas de cultura e valores nos quais está inserido e em relação aos seus objectivos, expectativas, padrões e preocupações (WHOQOL Group, 1994, p. 28). Esta definição explicita uma concepção abrangente de QDV, influenciada de forma complexa pela saúde física, estado psicológico, nível de indepen-dência, relações sociais, crenças pessoais e suas relações com aspectos do meio envolvente em que o indiví-duo está inserido (WHOQOL Group, 1995).

A coerência entre a definição dada e o instrumento de avaliação construído está bem patente na estrutura mul-tidimensional do WHOQOL. Este instrumento foi construído de acordo com uma metodologia própria (WHO-QOL Group, 1994, 1995) que alguns de nós descrevemos de forma mais pormenorizada em artigos anteriores (Canavarro et al., no prelo; Rijo et al., no prelo). Composto por seis domínios (físico, psicológico, nível de inde-pendência, relações sociais, ambiente e aspectos espirituais/religião/crenças pessoais), em cada um, várias facetas da qualidade de vida sintetizam o domínio particular de qualidade de vida em que se inserem, num total de 24 facetas específicas e uma de QDV geral. Cada faceta do WHOQOL pode ser caracterizada como uma descrição de um comportamento, um estado, uma capacidade ou uma percepção ou experiência subjectiva. A primeira versão em língua portuguesa do WHOQOL-100 foi desenvolvida para Português do Brasil, em Porto Alegre (Fleck et al., 1999a, 1999b, 2000). A versão em Português de Portugal encontra-se actualmente tam-bém disponível (Canavarro et al., no preloa; Canavarro et al., no prelob; Rijo et al., no prelo; Vaz Serra et al., no

preloa; Vaz Serra et al., no prelob).

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Indicadores de avaliação da saúde e estado de saúde das populações

Uma das preocupações da investigação em saúde é o desenvolvimento ou melhoria de indicadores que pos-sam suportar a monitorização da saúde e/ou dos factores de risco, relacionando-os, sempre que possível, com as condições do meio ambiente (físico e social).

Os indicadores são unidades de medida seleccionadas que têm como finalidade representar uma determinada área de interesse, neste caso a relação entre o ecossistema ou ambiente físico e social e a saúde humana. O resultado final da sua utilização são modelos ambientais, scores de medição da saúde humana ou do bem--estar. É indispensável definir com clareza quais os indicadores que nos podem oferecer uma leitura da reali-dade, em termos de causas de morte ou estado de saúde (directamente através da percepção individual ou indirectamente pela análise de taxas de morbilidade, mortalidade, etc.) e bem-estar e a sua relação com os factores de risco. Os indicadores devem ser acessíveis, representativos, válidos e de confiança, devendo igual-mente ser desagregáveis e comparáveis ao longo de diferentes séries físicas (espaço) e cronológicas (tempo). Por vezes, os indicadores utilizados apenas nos revelam uma parte da realidade. Por exemplo, quando se uti-liza a mortalidade padronizada com o objectivo de conhecer a saúde da população, deve ter-se em conta que se trata de um indicador grosseiro que funciona pela negativa, revelando, apenas parcialmente, as condições de incidência da doença ou do estado de saúde.

Em 1994 foi apresentado pela Community Health Profile (Working Group, Ontario Ministry of Health) um docu-mento onde foram examinadas várias características relativas aos indicadores em saúde: 1. a integridade dos dados (composição dos registos, natureza das amostras dos inquéritos); 2. os objectivos dos códigos geográ-ficos (código postal vs subdivisão dos censos); 3. a confidencialidade e acesso aos dados; 4. a discrepância dos dados. Este documento contribuiu quer para a definição dos indicadores relevantes, quer para a constru-ção das bases de dados de suporte. Daqui resulta, por exemplo, a necessidade dos indicadores relativos à morbilidade e à mortalidade serem mais trabalhados. Por um lado, adaptando e melhorando o actual sistema de informação dos serviços de saúde (i.e. rigor no preenchimento, uniformização na codificação, etc.) e, por outro lado, redesenhando os inquéritos de saúde e os relatórios de resultados no sentido de incluir um con-junto mais largo de determinantes, incluindo os factores de risco do ambiente psicossocial. Os cientistas sociais e os planeadores também necessitam de fazer ligações, com carácter retrospectivo, com os factores relacionados com a vida dos indivíduos (percursos profissionais, mudança(s) de residência, comportamentos ao longo de um período temporal com significado: 10 a 50 anos) e os factores de exposição (individuais e ou da comunidade). Só assim o trabalho dos investigadores se torna proveitoso e é possível desenvolver indi-cadores relativos à espacialização da saúde humana.

Tem sido feito um grande esforço para melhorar os indicadores ao nível da sua alimentação, isto é, na melhoria da recolha da informação a utilizar e ao nível da sua composição, reconhecendo-se a necessidade de desen-volver novos indicadores que possam retratar mais claramente a relação entre o meio ambiente e a saúde humana. Até agora os cientistas naturais têm tido um contributo substancial na medição dos factores de risco na saúde (morte) das populações. Todavia, a ligação entre as condições ambientais de risco e a saúde humana necessita de ser reforçada com indicadores que tenham esse propósito ou sejam desenhados com esse objectivo específico. Nesse sentido, Cole e outros (1998) referem que, para os indicadores terem capaci-dade de fornecer informação consistente, devem ser divididos em variáveis, fazendo alusão explícita ao traba-lho desenvolvido em 1973 pela OCDE, em que são identificados vários tipos de desagregação: idade, sexo, etnia, religião, características de bem-estar (anos de educação, rendimento da família), características contex-tuais (dimensão da comunidade, tipo de ocupação), etc.. Se os indicadores forem semelhantes, é possível a sua comparabilidade em séries espaciais e temporais, permitindo o estudo da associação entre os resultados em saúde e as condições do meio, em diferentes lugares e/ou tempos.

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Diabetes mellitus

A diabetes mellitus é, fundamentalmente, o resultado da secreção inadequada de insulina ou da incapacidade dos tecidos para responder à insulina. A diabetes mellitus insulinodependente (DMID), também chamada diabetes mellitus tipo l, afecta aproximadamente 3% das pessoas com diabetes e é causada pela diminuição da secreção de insulina. Desenvolve-se em resultado da destruição auto-imune dos ilhéus pancreáticos e os sintomas surgem após a destruição de aproximadamente 90% deles. Normalmente, a DMID desenvolve-se com maior frequência nos jovens. Embora a hereditariedade possa ter algum papel no desenvolvimento da situação, o início da destruição dos ilhéus pancreáticos pode estar relacionado com uma infecção viral do pân-creas.

A diabetes mellitus não insulinodependente (DMNID), também designada por diabetes mellitus tipo ll, resulta da incapacidade dos tecidos para responder à insulina. A DMNID declara-se, geralmente, em pessoas com mais de 40-45 anos, embora a idade de instalação da doença varie consideravelmente. A doença é afec-tada por uma forte componente genética, mas a sua verdadeira etiologia é desconhecida. Uma hormona peptí-dica, chamada leptina, produzida pelas células adiposas, parece diminuir a resposta dos tecidos-alvo à insulina. É possível que a produção excessiva de substâncias como esta seja responsável pela DMNID. Em alguns casos, podem existir receptores de insulina anormais ou anticorpos que se liguem a uma receptor de insulina deterio-rado ou, noutros casos, podem ocorrer anomalias nos mecanismos que activam os receptores de insulina. A DMNID é mais comum que a DMID. Aproximadamente 97% dos diabéticos têm DMNID. O número reduzido de receptores funcionais de insulina torna a absorção de glicose pelas células muito lenta, o que origina níveis de glicemia elevados após as refeições. Os doentes com DMNID são normalmente obesos, embora tal não seja universal. Os níveis elevados de glicemia fazem com que as células adiposas convertam a glicose em gor-dura, ainda que a velocidade com que as células adiposas absorvem a glicose esteja reduzida. O aumento da glicemia e da produção de urina conduzem à hiperosmolalidade do sangue e desidratação celular. O uso redu-zido de nutrientes e a desidratação celular provocam letargia, fadiga e períodos de irritabilidade. Os níveis elevados de glicemia originam infecções recorrentes e prolongam a cicatrização.

Os doentes com DMNID não sofrem de grandes aumentos súbitos da glicemia nem de destruição tecidular grave, porque a captação lenta de glicose continua a ocorrer, ainda que os receptores de insulina sejam defei-tuosos. Em algumas pessoas com DMNID, a produção de insulina pode diminuir porque as células dos ilhéus pancreáticos atrofiam e, assim, desenvolvem concomitantemente DMID. Aproximadamente 25% a 30% de doentes com DMNID são tratados com insulina, 50% fazem medicação oral para aumentar a secreção de insu-lina e a eficiência da utilização da glicose; os restantes controlam os níveis de glicemia com exercício e dieta. As provas de tolerância à glicose são usadas para diagnosticar a diabetes mellitus. Em geral, consistem na ingestão de grandes quantidades de glicose depois de um período de jejum. São colhidas amostras de sangue durante várias horas e os casos em que a elevação dos níveis de glicemia é persistente são fortemente sugesti-vos de que a pessoa sofre de diabetes mellitus.

Demasiada insulina em relação à quantidade de glicose ingerida conduz a uma situação de choque insulínico. Níveis altos de insulina fazem com que os tecidos-alvo absorvam glicose muito rapidamente. Como resultado, os níveis de glicemia caiem rapidamente para níveis baixos. Dado que o sistema nervoso depende da glicose como principal fonte de energia, os neurónios funcionam mal devido a uma falta de energia metabólica. O resultado é uma série de respostas do sistema nervoso, tais como desorientação, confusão mental e convul-sões. A administração de demasiada insulina, a ingestão de alimentos em quantidade insuficiente após uma injecção de insulina ou um aumento do metabolismo da glicose devido ao excesso de exercício realizado por um doente diabético podem desencadear choque insulínico.

Informações recentes apontam para que as lesões causadas nos vasos sanguíneos e a redução da actividade nervosa podem ser minoradas em todos os diabéticos se a glicemia for mantida sempre dentro dos limites nor-mais. Contudo, manter a glicemia dentro de limites normais em todos os momentos requer atenção acrescida ao regime alimentar e determinações frequentes da glicemia, e aumenta a probabilidade de sofrer de hipoglice-mia, a qual provoca sintomas de coma insulínico. Uma dieta rigorosa e uma rotina de exercício são muitas vezes componentes eficazes da estratégia do tratamento para a diabetes mellitus; em muitos casos, a dieta e o exercício são adequados para controlar a DMNID.

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Carta de Otava para a Promoção da Saúde

Promoção da Saúde: A Promoção da Saúde é o processo que visa aumentar a capacidade dos indivíduos e das comunidades para controlarem a sua saúde, no sentido de a melhorar. Para atingir um estado de com-pleto bem-estar físico, mental e social, o indivíduo ou o grupo devem estar aptos a identificar e realizar as suas aspirações, a satisfazer as suas necessidades e a modificar ou adaptar-se ao meio. Assim, a saúde é enten-dida como um recurso para a vida e não como uma finalidade de vida.

A saúde é um conceito positivo que acentua os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Em consequência, a Promoção da Saúde não é uma responsabilidade exclusiva do sector da saúde, pois exige estilos de vida saudáveis para atingir o bem-estar.

Pré-requisitos para a Saúde: As condições e recursos fundamentais para a saúde são: paz, abrigo, educa-ção, alimentaeduca-ção, recursos económicos, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e equidade. A melhoria da saúde decorre da garantia destas condições básicas.

Advogar: a saúde é um recurso da maior importância para o desenvolvimento social, económico e pessoal e uma dimensão importante da qualidade de vida. No seu conjunto, os factores políticos, económicos, sociais, culturais, ambientais, comportamentais e biológicos podem ser favoráveis ou nocivos à saúde. A promoção da saúde visa tornar estes factores favoráveis à saúde, por meio da advocacia da saúde.

Capacitar: a promoção da saúde centra-se na procura da equidade em saúde.

A promoção da saúde pretende reduzir as desigualdades existentes nos níveis de saúde das populações e assegurar a igualdade de oportunidades e recursos, com vista a capacitá-las para a completa realização do seu potencial de saúde. Para atingir este objectivo, torna-se necessária uma sólida implantação num meio favorável, acesso à informação, estilos de vida e oportunidades que permitam opções saudáveis. As popula-ções não podem realizar totalmente o seu potencial de saúde sem que sejam capazes de controlar os factores que a determinam. Este princípio deve aplicar-se igualmente às mulheres e aos homens.

Mediar: as condições básicas e as expectativas face à saúde não podem ser asseguradas unicamente pelo Sector da Saúde. Acima de tudo, a promoção da saúde exige uma acção coordenada de todos os intervenien-tes: governos, sectores da saúde, social e económico, organizações não governamentais e de voluntários, autarquias, empresas, comunicação social. As populações de todos os meios devem ser envolvidas enquanto indivíduos, famílias e comunidades.

Aos grupos profissionais e sociais e aos profissionais da saúde incumbe a maior responsabilidade na mediação dos diferentes interesses da sociedade na prossecução da saúde.

As estratégias e programas de promoção da saúde deverão ser adaptados às necessidades locais e às possi-bilidades de cada país e região, considerados os diferentes sistemas sociais, culturais e económicos.

Intervir em Promoção da Saúde significa: Construir Políticas Saudáveis. A promoção da saúde está para além da prestação de cuidados de saúde. Inscreve a saúde na agenda dos decisores políticos, em todos os sectores e a todos os níveis, consciencializando-os das consequências para a saúde das suas decisões e levando-os a assumir as responsabilidades neste campo.

Uma política de promoção da saúde combina diversas abordagens complementares, incluindo a legislação, as medidas fiscais, os impostos e as mudanças organizacionais.

A acção coordenada que leva à saúde, ao rendimento e às políticas sociais cria maior equidade. A acção con-junta contribui para garantir bens e serviços mais seguros e saudáveis, instituições públicas mais saudáveis, ambientes limpos e mais aprazíveis.

Uma política de promoção da saúde exige a identificação de obstáculos para a adopção de políticas públicas em sectores não estritamente de saúde e propostas para os ultrapassar. O objectivo é que as opções saudá-veis se tornem as mais fáceis para os responsásaudá-veis políticos.

Criar Ambientes Favoráveis: as nossas sociedades são complexas e inter-relacionadas. Não se pode isolar a saúde de outros interesses. Os elos indissolúveis entre a população e o seu meio constituem a base para uma abordagem socioecológica da saúde.

O princípio orientador a nível mundial das nações, das regiões e das comunidades é a necessidade de encora-jar os cuidados mútuos – cuidar uns dos outros, das comunidades e do ambiente natural. É preciso assegurar a conservação dos recursos naturais do planeta, numa perspectiva de responsabilidade global.

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A alteração dos padrões de vida, do trabalho e dos tempos livres tem tido um impacte significativo na saúde. O trabalho e os tempos livres deveriam ser uma fonte de saúde para as populações. A maneira como a socie-dade organiza o trabalho deveria ajudar a criar uma sociesocie-dade saudável. A promoção da saúde gera condições de vida e de trabalho seguras, estimulantes, satisfatórias e agradáveis.

É essencial avaliar sistematicamente o impacte que o ambiente, em rápida evolução, tem na saúde – particular-mente nas áreas da tecnologia, do trabalho, da produção de energia e da urbanização. Desta avaliação deve-rão decorrer acções que assegurem benefícios positivos para a saúde pública. A protecção dos ambientes naturais ou criados pelo Homem e a conservação dos recursos naturais devem ser tidos em conta em qual-quer estratégia de promoção da saúde.

Reforçar a Acção Comunitária: a promoção da saúde desenvolve-se através da intervenção concreta e efec-tiva na comunidade, estabelecendo prioridades, tomando decisões, planeando estratégias e implementando-as com vista a atingir melhor saúde. No centro deste processo encontra-se o reforço do poder (empowerment) das comunidades, para que assumam o controlo dos seus próprios esforços e destinos. O desenvolvimento das comunidades cria-se a partir dos seus recursos materiais e humanos, com base na auto-ajuda e no suporte social, no desenvolvimento de sistemas flexíveis que reforcem a participação pública e orientem para a resolução dos problemas de saúde. Tudo isto exige um acesso pleno e contínuo à informação, oportunidades de aprendizagem sobre saúde, para além de suporte financeiro.

Desenvolver Competências Pessoais: a promoção da saúde pressupõe o desenvolvimento pessoal e social, através da melhoria da informação, educação para a saúde e reforço das competências que habilitem para uma vida saudável. Deste modo, as populações ficam mais habilitadas para controlar a sua saúde e o ambiente e fazer opções conducentes à saúde.

É fundamental capacitar as pessoas para aprenderem durante toda a vida, preparando-as para as suas dife-rentes etapas e para enfrentarem as doenças crónicas e as incapacidades. Estas intervenções devem ter lugar na escola, em casa, no trabalho e nas organizações comunitárias e ser realizadas por organismos educacio-nais, empresariais e de voluntariado e dentro das próprias instituições.

Reorientar os Serviços de Saúde: no que se refere ao sector da saúde, a responsabilidade da promoção da saúde deve ser partilhada com os indivíduos, grupos comunitários, profissionais e instituições de saúde e com os governos. Todos devem trabalhar em conjunto pela criação de um sistema de cuidados de saúde que con-tribua para a prossecução da saúde.

Para além das suas responsabilidades na prestação de cuidados clínicos e curativos, os serviços de saúde devem orientar-se cada vez mais para a promoção da saúde. Estes serviços têm de adoptar um amplo man-dato que seja sensível e que respeite as especificidades culturais. Devem apoiar os indivíduos e as comunida-des na satisfação das suas necessidacomunida-des para uma vida saudável e abrir canais de comunicação entre o sector da saúde e os sectores social, político, económico e ambiental.

Reorientar os serviços de saúde exige também que se dedique uma atenção especial à investigação em saúde e às alterações a introduzir na educação e formação dos profissionais. Tal perspectiva deve conduzir a uma mudança de atitudes e de organização dos serviços de saúde, focalizando-os nas necessidades totais do indi-víduo, enquanto pessoa, compreendido na sua globalidade.

Em Direcção ao Futuro: a saúde é criada e vivida pelas populações em todos os contextos da vida quoti-diana: nos locais onde se aprende, se trabalha, se brinca e se ama. A saúde resulta dos cuidados que cada pessoa dispensa a si própria e aos outros; do ser capaz de tomar decisões e de assumir o controlo sobre as circunstâncias da própria vida; do assegurar que a sociedade em que se vive cria condições para que todos os seus membros possam gozar de boa saúde.

Solidariedade, prestação de cuidados, holismo e ecologia são temas essenciais no desenvolvimento de estra-tégias para a promoção da saúde. Em consequência, quem está envolvido neste processo deve considerar como princípio orientador que as mulheres e os homens têm de ser tratados como parceiros iguais em todas as fases de planeamento, implementação e avaliação das actividades de promoção da saúde.

Compromisso para a Promoção da Saúde – os participantes nesta Conferência comprometem-se a: (1) intervir no domínio das políticas públicas saudáveis e advogar, em todos os sectores, um claro compromisso político para a saúde e a equidade; (2) contrariar as pressões a favor dos produtos nocivos e da depleção de recursos, das más condições de vida, dos meios insalubres e da má nutrição; e centrar a atenção em temas de saúde pública, tais como a poluição, os riscos ocupacionais, as condições de habitação e os aglomerados

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populacionais; (3) combater as desigualdades em saúde, dentro e entre diferentes grupos sociais e comunida-des; (4) reconhecer as pessoas e as populações como o principal recurso de saúde; apoiá-las e capacitá-las para se manterem saudáveis, através de meios financeiros ou outros, e aceitar a comunidade como a voz essencial em matéria de saúde, condições de vida e bem estar; (5) reorientar os serviços de saúde e o modo como se organizam no sentido da promoção da saúde; partilhar o poder com outros sectores, outras discipli-nas e, acima de tudo, com as próprias populações (6) reconhecer a saúde e a sua manutenção como o maior investimento e desafio social e considerar os diferentes modos de vida numa perspectiva ecológica global. A Conferência apela a todos os interessados para que se aliem ao seu compromisso, com vista à criação de uma forte aliança em favor da saúde pública.

Apelo à Intervenção Internacional: a Conferência apela à Organização Mundial de Saúde e às outras organi-zações internacionais que advoguem a promoção da saúde em todos os fóruns apropriados e apoiem os paí-ses no desenvolvimento e implementação de estratégias e programas de promoção da saúde. Os participantes na Conferência estão firmemente convictos que, se as pessoas de todos os meios – as organizações não governamentais e de voluntariado, os governos, a Organização Mundial de Saúde e todas as outras instâncias a quem tal diz respeito – se unissem e apresentassem estratégias para a promoção da saúde, em conformi-dade com os valores morais e sociais que enformam a presente Carta, a Saúde Para Todos no Ano 2000 tor-nar-se-ia uma realidade.

Direcção-Geral de Saúde in www.dgsaude.pt, em 2007-11-14

A roda

O modelo que utiliza uma roda (figura 1) é uma forma de representar as relações Homem-ambiente. A roda consiste numa área central (o hospedeiro ou Homem) que tem o seu núcleo genético. Rodeando o hospedeiro está o ambiente, esquematicamente dividido em três sectores: biológico, social e físico. Os tamanhos relativos dos diferentes componentes da roda dependem da doença específica em causa. Nas doenças hereditárias o núcleo genético está relativamente grande. Para uma infecção como o sarampo, o núcleo genético terá menos importância; o estado imunitário do hospedeiro e o sector biológico do ambiente terão uma contribuição mais importante.

O modelo da roda implica a necessidade de identificar múltiplos factores etiológicos da doença sem salientar o agente da doença. Por exemplo, o modelo da roda não atribui ao vírus da raiva maior importância do que ao animal reservatório da doença. Todavia, o modelo da roda não encoraja o delinear separado dos factores do hospedeiro e do ambiente, uma distinção que é útil nas análises epidemiológicas.

Mausner e Kramer, 2004: 59 (adaptado) Figura 1: O modelo da roda de interacções Homem-ambiente

Ambiente biológico Ambiente físico Ambiente social Núcleo genético Hospedeiro Homem

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O lado masculino da gravidez adolescente

O discurso em torno da gravidez na adolescência tem tido como particular ênfase a rapariga; se o lado fe-minino tem sido alvo de grande interesse, já o lado masculino vem sendo, senão irrelevado, considerado ape-nas enquanto elemento importante para a vivência da rapariga.

A experiência clínica na consulta de adolescentes tem-nos mostrado uma aproximação cada vez maior dos pais e, inclusivamente, que uma considerável parte deles também são adolescentes.

De facto, a vivência da paternidade tem mudado ao longo dos tempos; é cada vez maior a importância dada aos homens em todo o processo de gravidez/parentalidade, o que se reflecte e é reflectido pelo comporta-mento que actualmente observamos quer nos adultos, quer nos adolescentes que vão ser pais.

Estamos já longe de considerar o pai “provedor” de sustento e autoridade na família, sem espaço para emo-ções, mimos ou cuidados aos filhos, distantes da vivência da gravidez e do parto.

As últimas décadas têm evidenciado, de múltiplas formas, uma transformação/valorização do papel do pai quer na vivência da gravidez, quer no modo como vive a parentalidade.

São vários os autores que nos seus estudos sobre transição para a parentalidade consideram que, também para o homem, a gravidez é uma fase repleta de emoções, sentimentos contraditórios, ambivalentes e confli-tuosos, agradáveis, umas vezes, repletos de ansiedade, outras; também aos homens se exigem adaptações, reavaliações e ajustes psicológicos (May e Perrin, 1985; Colman e Colman, 1994; Camus, 2000).

Datam dos anos sessenta as primeiras referências na literatura à importância do pai durante a gravidez e o parto; nessa altura, atribui-se-lhe uma função de suporte emocional à mulher e um consequentemente melhor acolhimento à criança (Camus, 2000).

Estas primeiras referências não tinham ainda em conta a própria vivência do homem, valorizavam a sua impor-tância na perspectiva da mulher e do filho. Actualmente, podemos já perspectivar a questão de outro modo; os homens grávidos e pais dos nossos dias são considerados como aqueles que:

1. Vivem dois níveis de experiência de gravidez:

a) a reactiva ao contexto físico e psíquico da mulher grávida (têm consciência da importância do apoio dado à mulher e da necessidade de se adaptarem às alterações físicas e psicológicas dela);

b) a que se refere à sua própria experiência de homem expectante; estão mais conscientes da importante transição que ocorre na sua vida e procuram a sua própria experiência pessoal.

2. Experienciam, ao longo da gravidez, uma elaboração de paternidade que lhes permite estar em contacto com a parte feminina e materna da sua personalidade (Leff, 2001; Clereget, 1980).

3. Enquadram o actual momento emocional que lhes dá espaço para expressar as suas emoções e expectativas. Neste âmbito predominam os estudos com adultos; questionamo-nos de como serão estas vivências no ado-lescente que ainda vive as transformações e emoções próprias da adolescência.

Ao contrário do crescente interesse no pai adulto, o pai adolescente é raramente mencionado nos estudos. Barret e Robinson (1985) acreditam que o estereótipo negativo do pai adolescente, habitualmente considerado como inconsequente, irresponsável, aventureiro e impulsivo (Correia, 2004), é a principal causa da des-preocupação da sociedade pelas suas necessidades emocionais.

Lyra (1997), citado por Pedro (2002), alerta-nos para a relação perversa da sociedade adulta para com o jovem; segundo o autor, ao anular socialmente a paternidade adolescente, acaba por se legitimar a ausência paterna, já que esta postura dificulta ao rapaz pensar, prevenir ou assumir a condição de pai, real ou potencial. Com base em diversos estudos, Miller (1997), citado por Pinto (2005), afirma que os pais adolescentes experi-mentam ansiedade resultante da confrontação entre as exigências da adolescência e as exigências quer da paternidade, quer da relação com a namorada (também adolescente), quer das responsabilidades familiares e sociais, quer ainda das decisões paternais a tomar.

Para o rapaz que vive a “crise” da adolescência, aparece também a iminência de uma paternidade não pla-neada e a vivência de uma “crise” de gravidez; estes factores convergentes obviamente acarretam uma sobre-carga psicológica (Correia, 2004).

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Pinto (2005) conclui do seu estudo com os rapazes adolescentes que vão ser pais que há uma maior ansie-dade e uma baixa auto-estima destes quando comparados com adolescentes que não têm as namoradas grá-vidas.

Por outro lado, Barret e Robison (1985), nos EUA, concluíram que, afinal, os pais adolescentes se envolvem com a gravidez e o parto, se preocupam com a rapariga e se imaginam a cuidar do bebé. Tudo isto acompa-nhado de vivências emocionais contraditórias e confusas, próprias do ser adolescente.

Trindade e Bruns (1996), no Brasil, e Pedro (2001), em Portugal, confirmaram a intensidade e conflitualidade dos sentimentos dos adolescentes concomitante com o seu interesse pelo exercício da paternidade.

Podemos, pois, afirmar que o jovem adolescente que vai ser pai não se limita a uma passividade e a uma mera presença no espaço de consulta; tem emoções em torno da gravidez da sua companheira, é participante no processo gravídico e tem imaginário de paternidade. Sendo assim, todo o discurso da gravidez da adolescên-cia tem de incluir toda a panóplia de problemáticas inerentes a este “lado masculino”.

Sexualidade e Planeamento Familiar, n.º 40/41: 17 (adaptado)

Métodos de contracepção

Muitos são os métodos usados para prevenir ou para interromper a gravidez, incluindo métodos que impedem a fecundação (métodos contraceptivos), que previnem a implantação do futuro embrião (DIU) ou que removem o embrião ou o feto implantados (aborto). Muitas destas técnicas são bastante eficazes quando são adequada e persistentemente utilizadas.

Métodos Comportamentais: a abstinência, ou abstenção de relações sexuais, é uma maneira segura de evi-tar a gravidez, quando praticada com perseverança. Não é um método eficaz se for usado só ocasionalmente. O coito interrompido consiste na retirada do pénis da vagina mesmo antes da ejaculação. Este é um método para evitar a gravidez que não oferece nenhuma confiança, visto que requer uma perfeita consciência e von-tade para retirar o pénis no momento correcto. Também ignora o facto de se encontrarem já alguns esperma-tozóides nas emissões pré-ejaculatórias. O método do ritmo, ou abstinência periódica, requer a abstinência de relações sexuais perto do período da ovulação. O principal factor do sucesso deste método é a capacidade para predizer com exactidão o momento da ovulação. Embora o método do ritmo ofereça alguma protecção contra a possibilidade de engravidar, não deixa de ter uma taxa relativamente alta de fracasso, devido tanto à impossibilidade de prever a data da ovulação como à não abstenção perto do momento da ovulação.

Métodos barreira: o preservativo é uma membrana de origem animal, borracha ou látex. Aplicado sobre o pénis erecto, o preservativo masculino funciona como uma barreira, pois o esperma é depositado dentro deste e não na vagina. Os preservativos também protegem contra as doenças transmitidas sexualmente. O preser-vativo feminino também actua como método de barreira. Pode ser colocado dentro da vagina pela mulher antes do coito. Os outros métodos que impedem os espermatozóides de atingir o óvulo, uma vez depositados na vagina, incluem a utilização de diafragma e os agentes espermicidas. O diafragma é uma calote de borracha ou de plástico flexível que se coloca sobre o colo uterino, no interior da vagina, onde impede a passagem de espermatozóides da vagina para o útero através do canal cervical. Os espermicidas mais frequentemente utilizados são espumas ou cremes que destroem os espermatozóides. São inseridos na vagina antes da rela-ção sexual. Quando usada, a combinarela-ção de preservativos com espumas ou cremes é muito mais eficaz do que a utilização de cada método per se. As irrigações vaginais com espermicida, que removem e destroem os espermatozóides, são algumas vezes utilizadas, mas a sua utilização, só por si, não é muito eficaz.

Amamentação: a amamentação impede a ocorrência do ciclo menstrual durante alguns meses após o nasci-mento. Os potenciais de acção, enviados para o hipotálamo em resposta à sucção, são causadores da liberta-ção de ocitocina e prolactina, também inibem a libertaliberta-ção de FSH e de LH pela adeno-hipófise. Portanto, a lac-tação impede o desenvolvimento de folículos ováricos e a ovulação. No entanto, apesar da amamenlac-tação contínua, os ciclos ovárico e uterino acabam por recomeçar. Porque a ovulação acontece antes da mens-truação, o facto de confiar na amamentação para prevenir a gravidez não é garantia de eficácia.

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Métodos químicos: os estrogénios e a progesterona sintéticos sob a forma de contraceptivos orais (a pílula do controlo da gravidez) suprimem eficazmente a fertilidade nas mulheres. Estas substâncias podem ter mais do que uma acção, mas reduzem a libertação de LH e de FSH pela adeno-hipófise. Os estrogénios e a proges-terona estão presentes em concentrações suficientemente elevadas para induzirem, sobre a hipófise, um efeito de feedback negativo que vai impedir o grande aumento da secreção de LH e de FSH que desencadeia a ovu-lação. Ao longo dos anos, a dose de estrogénios e de progesterona nas pílulas de controlo da natalidade tem sido reduzida. As pílulas contraceptivas de baixa dosagem actuais têm menos efeitos colaterais do que as anteriores. Existe um risco acrescido de enfarte do miocárdio ou de acidente vascular cerebral nas mulheres utilizadoras de contraceptivos orais que fumam, são hipertensas ou têm perturbações da coagulação. Para a maioria das mulheres, a pílula é eficaz e tem uma frequência mínima de complicações, pelo menos até aos trinta e cinco anos. Os químicos semelhantes à progesterona, como a medroxiprogesterona (DepoProvera), que por injecção intramuscular são libertados lentamente no sistema circulatório, podem actuar como contra-ceptivos eficazes. Este grupo de químicos, injectados, pode prevenir a gravidez por um prazo até três meses, dependendo da quantidade injectada. Um fino tubo de silicone contendo um químico semelhante à progeste-rona, como o sistema Norplant, pode ser implantado sob a pele, usualmente no braço. Os químicos são len-tamente libertados no sistema circulatório. Os implantes podem ser eficazes por períodos que podem atingir até cinco anos. A menstruação normalmente não ocorre nas mulheres que usam este método contraceptivo, visto que os níveis de progesterona são elevados. As vantagens, sobre os outros métodos químicos de con-trolo da natalidade, dos químicos semelhantes à progesterona, injectados ou implantados, decorrem do facto de deixar de ser necessária a toma diária da pílula. Os efeitos a longo prazo dos químicos semelhantes à pro-gesterona ainda não foram tão exaustivamente estudados como o foram os das pílulas contraceptivas, estando ainda a ser avaliados. Uma nova droga, a mifepristona (RU486), bloqueia a acção da progesterona, causando a descamação do endométrio, como acontece no período da menstruação. Como bloqueia os receptores da progesterona, o endométrio sofre alterações semelhantes às que são provocadas pela di-minuição dos níveis de progesterona. Por conseguinte, pode ser utilizada para induzir a menstruação e reduzir a possibilidade de nidação sempre que a relação sexual ocorreu perto da fase da ovulação. Também poderá ser utilizada para interromper a gravidez. Existe ainda a pílula da manhã seguinte, de composição similar à da pílula anticonceptiva. Por vezes, aconselha-se a tomar o dobro das pílulas, após uma relação sexual não prote-gida, no espaço de três dias e, por vezes, novamente após mais 12 horas. Pode ser usada esta técnica ou ou-tras semelhantes, após relações sexuais sem recurso a contraceptivos, mas a sua eficácia é de apenas 75%. Os níveis elevados de estrogénio e progesterona podem, em alguns casos, inibir o pico pré-ovulatório da LH, podem alterar a rapidez de transporte do ovo fertilizado da trompa para o útero ou inibir a implantação. O efeito preciso de níveis elevados de substâncias semelhantes a estrogénio e progesterona depende do ponto do ciclo menstrual em que são tomadas.

Métodos cirúrgicos: a vasectomia é um método vulgarmente utilizado para tornar os homens perma-nentemente incapazes de fertilização, sem afectar o seu desempenho sexual. A vasectomia é uma intervenção cirúrgica que consiste na secção e sutura do canal deferente de cada testículo no interior da bolsa escrotal. Este processo impede os espermatozóides de passarem pelo canal deferente e ser parte do esperma. Como só uma ínfima parte do esperma provém dos testículos e dos epidídimos, a vasectomia tem um efeito menor sobre o volume de esperma ejaculado. Os espermatozóides são reabsorvidos no epidídimo. Um método comum de controlo da natalidade permanente nas mulheres é a laqueação das trompas, um processo que consiste no encerramento e secção ou na clampagem das trompas uterinas, através de uma incisão da parede abdominal. É um processo que interrompe a passagem dos espermatozóides até ao óvulo. A laparoscopia, um procedimento em que um instrumento especial é inserido na cavidade abdominal através de pequenas inci-sões, é utilizada, habitualmente, de modo que só são necessárias pequenas incisões para efectuar a interven-ção. Em alguns casos, a gravidez é interrompida por um processo cirúrgico designado por aborto. O método mais frequentemente utilizado na execução do aborto é a inserção de um instrumento no útero, através do colo uterino. O instrumento raspa a superfície do endométrio e ao mesmo tempo é feita uma forte sucção; o endométrio e o embrião nele implantado são descolados e aspirados para fora do útero. Normalmente, esta técnica só é utilizada quando a gravidez não atingiu o terceiro mês.

Prevenção da nidação: os dispositivos intra-uterinos (DIU) são inseridos no útero através do canal cervical e impedem a implantação normal do embrião no endométrio. Alguns dos primeiros modelos de DIU produziam graves efeitos colaterais, entre os quais a perfuração uterina, e, como consequência, muitos DIU foram retira-dos do mercado. No entanto, hoje em dia, a utilização do DIU na prevenção da gravidez é considerada eficaz.

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Contracepção de Emergência

Contracepção de Emergência é um conjunto de métodos contraceptivos que podem ser utilizados depois de uma relação sexual não protegida para prevenir um possível gravidez. O método mais conhecido e utilizado é o hormonal – a pílula contraceptiva de emergência, também conhecida por pílula do dia seguinte.

A Contracepção de Emergência pode ser utilizada nas 72 horas que se seguem a uma relação sexual não pro-tegida, se: (1) não foi utilizado qualquer método contraceptivo ou (2) houve falha ou erro na utilização de um método contraceptivo: se o preservativo rompeu ou ficou retido na vagina; se houve falha do coito interrompido (“se o cuidado falhou”); se houve erro no cálculo do período fértil (os “dias perigosos”); se o dispositivo se des-locou; (3) em casos de relações sexuais forçadas (por exemplo, violação).

A Contracepção de Emergência não é abortiva. Actua de várias formas para prevenir uma gravidez, consoante a altura do ciclo menstrual em que é tomada. Assim: (1) a Contracepção de Emergência pode impedir ou atra-sar a ovulação (impedir a saída do óvulo do ovário da mulher); (2) a Contracepção de Emergência pode impedir a fertilização (o encontro do óvulo com o espermatozóide); (3) a Contracepção de Emergência pode impedir a implantação dum ovo na parede do útero, acontecimento que a ciência médica define como o início de uma gravidez.

Se a mulher já estiver grávida, isto é, se o ovo já estiver implantado no útero, a Contracepção de Emergência é totalmente ineficaz, embora não tenha qualquer efeito nocivo sobre o feto ou a gravidez.

A Contracepção de Emergência pode prevenir 3 de cada 4 gravidezes não desejadas. Evitando as gravidezes não desejadas, ela reduz o recurso ao aborto. Contudo, não protege das Doenças de Transmissão Sexual (DTS). Por isso, deve utilizar-se sempre preservativo, simultaneamente, para prevenir uma gravidez e uma DTS. A Contracepção de Emergência pode ter efeitos desagradáveis, incluindo náuseas e por vezes vómitos. Algu-mas mulheres também referem dores de cabeça, tensão mamária ou retenção líquida. Embora todos estes efeitos não tenham qualquer gravidade sob o ponto de vista médico, desencorajam a utilização repetida da Contracepção de Emergência como contracepção habitual.

Este método é também menos eficaz para prevenir uma gravidez e é mais caro do que a maior parte das for-mas habituais de contracepção habitual, outros dois factores que desaconselham o seu uso de rotina.

O seu uso frequente não é recomendável, tanto pelos efeitos secundários que provoca quanto pela sua menor eficácia contraceptiva em relação a outros métodos contraceptivos, não provocando, contudo, riscos para a saúde das utilizadoras.

A Contracepção de Emergência é utilizada há cerca de 20 anos em muitos países do mundo e foi considerada segura para a saúde da mulher pela Organização Mundial de Saúde e muitas outras Agências Mundiais de Saúde. A Contracepção de Emergência deve estar disponível em: centros de saúde; consultas de planeamento fami-liar; serviços de urgência; farmácias.

Algumas sugestões:

•Se não deseja uma gravidez, não tenha relações sexuais não protegidas. Use sempre um método con-traceptivo.

•Vá anualmente ao seu médico de família, ginecologista ou consulta de planeamento familiar mais próxima.

•Se tiver algum problema ou dúvida sobre o método contraceptivo que está a utilizar, contacte rapidamente um técnico que a esclareça, mas não interrompa a utilização do método.

•Se está a tomar medicamentos e a usar a pílula, informe-se junto do seu médico de família ou do seu farma-cêutico se o medicamento pode interferir com a eficácia do método.

•Se é mãe ou pai de um(a) jovem adolescente, assegure-se que ela ou ele estão devidamente informados sobre a necessidade de contracepção e os locais a que podem recorrer para a obter. Não vale a pena espe-rar que não aconteça nada...

•Se tem uns dias de atraso, não interrompa a utilização do contraceptivo e faça rapidamente um teste de gravidez.

•Se é homem, não deixe para as mulheres uma responsabilidade que também é sua.

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Símbolos mais comummente usados na elaboração de heredogramas.

Heredogramas

O heredograma constitui a melhor forma de proceder ao registo gráfico dos membros de uma família. A elabo-ração de um heredograma começa com as informações dadas pelo propositus.

Propositus (indivíduo que atrai a atenção do médico para a necessidade de fazer o estudo da família e de elaborar o heredograma). Indivíduo do sexo masculino, não afectado Indivíduo do sexo feminino, não afectado Indivíduo de sexo desconhecido

Número de indivíduos sem indicação do sexo Três indivíduos normais do sexo feminino indicados colectivamente

Cinco indivíduos normais do sexo masculino indicados colectivamente

Quatro indivíduos normais de ambos os sexos indicados colectivamente

Indivíduo do sexo masculino falecido

Indivíduo do sexo masculino com análise cro-mossómica normal

Indivíduo do sexo feminino afectado

Indivíduo do sexo masculino examinado; não apresenta a doença

Indivíduo do sexo feminino não examinado; é provável que tenha a doença do propositus Indivíduo do sexo masculino heterozigoto para um alelo autossomático recessivo Indivíduo do sexo feminino heterozigoto (por-tador) para um gene recessivo ligado ao X Viveu menos de um dia

Nado-morto

Indivíduo do sexo feminino com doença here-ditária diferente da apresentada pela propo-sita (designação dada ao propositus se for do sexo feminino)

Gravidez em curso Aborto espontâneo

Interrupção voluntária da gravidez (IVG) de feto do sexo feminino afectado

4 5 3 ? União ilegítima Casamento ou

Dois casamentos de um mesmo indivíduo e um divórcio

Casamento entre consanguí-neos

Casal sem descendentes

Infertilidade

Fratria (conjunto de filhos de um casal)

Gémeos monozigóticos

Gémeos dizigóticos

? Gémeos de zigotia

desconhe-cida

Indivíduo adoptado pela família

Indivíduo dado para adopção

1 2 3 4 1 2 3 4

Genótipo correspondente a loci polimórficos

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Extracção de DNA

Toda a informação necessária para criar um organismo encontra-se no DNA. Esta molécula é usada durante o período de vida de um organismo para fornecer instruções para milhões de processos celulares que ocorrem constantemente. Para estudar o modo como essas informações são comunicadas à célula, a comunidade científica isolou o DNA e estudou o modo de interacção do DNA com as proteínas e RNA. Este trabalho labora-torial usa um processo semelhante ao utilizado pelos primeiros cientistas quando começaram com as investi-gações sobre DNA. Para isolar o DNA, as células são fragmentadas e o DNA separado do conteúdo lipídico das membranas da célula e dos organitos. Em seguida, o DNA é separado das proteínas. Contudo, é bom realçar que nesta actividade se utilizam procedimentos e instrumentos muito simples que não permitem a separação do DNA das proteínas e do RNA, mas possibilita a visualização do conteúdo nuclear, sob a forma de filamentos brancos.

A actividade proposta remete, assim, para uma actividade prática simples, realizada a partir de produtos e materiais comuns no dia-a-dia e que podem ser facilmente encontrados nas nossas cozinhas, de modo que os alunos possam repetir o protocolo em casa.

A utilização de células do epitélio bucal proporciona uma actividade prática rápida e eficaz, uma vez que per-mite a visualização do DNA sem a necessidade de recorrer a procedimentos complexos. Desta forma, os alu-nos podem observar o seu próprio DNA. Para a realização desta actividade, os alualu-nos devem conhecer a orga-nização da célula e função dos organitos celulares.

No procedimento descrito, a adição do sal (NaCl) no início da experiência proporciona ao DNA um ambiente favorável. O sal contribui com iões positivos que neutralizam a carga negativa do DNA. Numerosas moléculas de DNA podem coexistir nessa solução. Já o detergente afecta as membranas, porque elas são constituídas por lípidos. Com a rotura das membranas, o conteúdo celular, incluindo as proteínas e o DNA, soltam-se e dis-persam-se na solução. O DNA não se dissolve no álcool, na concentração que usamos na nossa experiência. Como resultado, o DNA aparece à superfície da solução ou precipita. O DNA é menos denso que a água e que a mistura aquosa dos restos celulares. Assim, na nossa experiência ele surge à superfície da solução aquosa.

http://www.dbio.uevora.pt/LBM/Foco/Extraccao/Extraccao_DNA.html#_Toc485235127

Tipos de sexo

Para se compreenderem as ambiguidades sexuais, caberá referir as diferentes formas de definir o sexo indivi-dual: cromossómico, gonádico, genital, somático, psicológico, social e legal.

O sexo cromossómico baseia-se na constituição cromossómica do indivíduo como resultado da determina-ção sexual que ocorre no momento da fecundadetermina-ção. Pode ser 46, XX ou 46, XY.

O sexo gonádico tem a ver com a presença de testículos nos embriões 46, XY, por diferenciação dos esbo-ços gonadais primordiais, mediada pela expressão do gene SRY (ou nos embriões 46, XX que sejam portado-res do gene SRY), ou de ovários nos embriões 46, XX.

O sexo genital masculino resulta da diferenciação dos canais de Wolff em epidídimo, vesículas seminais e canal deferente. O sexo genital feminino resulta da diferenciação dos canais de Müller em trompas, útero e parte superior da vagina. A definição do sexo genital inclui também as estruturas anatómicas resultantes da diferenciação dos esboços embrionários da genitália externa do pénis, escroto e próstata, no sexo masculino, ou em clítoris, grandes lábios e pequenos lábios, no sexo feminino. Para que ocorra a diferenciação genital masculina, é essencial que tenha havido diferenciação testicular, que se verifique a produção de testosterona e que esta actue sobre as células-alvo, bem como o metabolismo da testosterona em diidrotestosterona. As alterações do equilíbrio hormonal podem perturbar o normal desenvolvimento dos órgãos genitais, conduzindo a ambiguidades sexuais.

O sexo somático é definido em função dos caracteres sexuais secundários. O seu desenvolvimento inicia-se com a puberdade. No sexo masculino, a puberdade tem lugar por volta dos 12 a 13 anos, no ambiente hormo-nal determinado pelo aumento da produção de androgéneos. Comporta o crescimento dos testículos e do pénis, o início da actividade prostática e da produção de espermatozóides, o crescimento do sistema piloso

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axilo-púbico e da barba, a mudança de voz para tom mais grave e a acentuação do desenvolvimento da cintura escapular. No sexo feminino, a puberdade tem início mais precocemente do que no sexo masculino, em média por volta dos 11 anos. Manifesta-se através do crescimento mamário e da pigmentação das auréolas mamárias, o desenvolvimento do sistema piloso axilo-púbico (com morfologia púbica feminina), o desenvolvimento dos genitais internos e externos, a acentuação da cintura pélvica e a menarca (início dos ciclos menstruais).

O sexo psicológico tem a ver com a auto-imagem. A identidade de cada indivíduo forma-se nos primeiros anos de vida, conduzindo à auto-identificação de cada indivíduo como sendo do sexo masculino ou do sexo feminino.

O sexo social diz respeito ao sexo que a sociedade atribui a cada indivíduo.

O sexo legal baseia-se nos dados registados nos documentos legais de identificação de cada indivíduo, no que tem a ver com o sexo.

Regateiro, 2003: 330

Marcos da tecnologia reprodutiva

Ano Marcos da tecnologia reprodutiva

1677 Anton van Leuwenhoek observa esperma pela primeira vez. 1780 Lazzaro Spallanzani insemina artificialmente cães.

1785 Primeiro nascimento humano confirmado, após inseminação artificial, executada pelo cirurgião escocês John Hunter. 1866 Paolo Mantegazza propõe o congelamento de esperma humano para que os soldados mortos em combate

pos-sam, ainda assim, deixar descendência.

1944 É noticiada a fertilização de oócitos humanos no exterior do organismo. O anúncio é, mais tarde, posto em causa, mas constituiu o ponto de partida para novas investigações.

1953 Primeira gravidez gerada utilizando esperma congelado.

1954 Um tribunal de Ilinois (EUA) considera que a inseminação com esperma de um dador é adultério. 1960 A Food and Drug Administration (FDA) aprova a utilização da pílula anticoncepcional.

1974 Primeiros animais transgénicos.

1977 Robert Edwards e Patrick Steptoe implantam o embrião que se tornaria Louise Brown, o primeiro bebé proveta (FIV – fertilização in vitro).

1982 O Banco de Esperma da Califórnia disponibiliza esperma de dadores a mulheres solteiras ou divorciadas e lésbicas. 1983 É localizado a primeira doença genética por Huntington.

Primeira gravidez gerada a partir de um embrião congelado.

1986 Primeira gravidez gerada a partir de ovos congelados. Contudo, os índices de sucesso desta técnica são ainda muito baixos.

1989 Primeiras tentativas bem-sucedidas de diagnóstico genético pré-implantação (DGP), as quais estiveram na génese de nascimentos em 1990.

1992 Primeiras gravidezes geradas após injecção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI). 1996 Nasce o primeiro clone de um mamífero, a ovelha Dolly.

1997 Uma transferência citoplasmática tem como consequência o nascimento de uma criança com ADN de três adultos. 1999 Novos métodos de diagnóstico genético pré-implantação (DGP) podem diagnosticar anomalias cromossómicas. 2000 Primeiro “esboço” do genoma humano.

2003 Células semelhantes a ovos obtidas a partir de células estaminais. 2004 Um rato é gerado a partir da fusão de dois oócitos.

2005 Um mulher de 66 anos torna-se a mulher mais idosa a dar à luz graças a esperma e oócitos de dadores. 2006 Nascimento de ratos criados com esperma produzido em laboratório.

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Sentidos e receptores sensoriais

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Tipo de sentido Tipo de receptor Receptor / Órgão sensorial Início da resposta

Somático

Tacto Mecanorreceptores Provavelmente terminações nervosas Compressão dos receptores Pressão Mecanorreceptores Provavelmente terminações nervosas Compressão dos receptores Temperatura Termorreceptores Provavelmente terminações nervosas Temperatura em torno

das terminações nervosas Propriocepção Mecanorreceptores Terminações nervosas / Vários Compressão dos receptores

Dor Nociceptores Provavelmente terminações nervosas Irritação das terminações nervosas (i.e. mecânica, química ou térmica)

Visceral

Dor Nociceptores Provavelmente terminações nervosas Irritação das terminações nervosas Pressão Mecanorreceptores Provavelmente terminações nervosas Compressão dos receptores

Especial

Olfacto Quimiorrecptores Neurónios olfactórios / Mucosa olfactória Ligação de moléculas a receptores de membrana

Paladar Quimiorrecptores Células receptoras do paladar / Botão gustativo

Ligação de moléculas a receptores de membrana

Visão Fotorreceptores Cones e bastonetes / Olho Modificações químicas nos receptores iniciadas pela luz

Audição Mecanorreceptores Células pilosas / Orelha (órgão de Corti) Ondulação das microvilosidades das células receptoras Equilíbrio Mecanorreceptores Terminações nervosas / Vários Ondulação das microvilosidades das

células receptoras

Tipo de terminação nervosa Estrutura Função

Terminação nervosa livre Ramificada, sem cápsula Dor, prurido, cócegas, temperatura, movimento articular e propriocepção

Disco de Merkel

Expansões achatadas na extremidade dos axó-nios; cada expansão está associada a uma célula de Merkel

Tacto ligeiro e pressão superficial

Receptor do folículo piloso

Enrolado em torno dos folículos pilosos ou estendendo-se ao longo do eixo do pêlo, cada axónio destina-se a diversos pêlos e cada pêlo recebe ramos de diversos neurónios, do que resulta uma considerável sobreposição

Tacto ligeiro; responde à deformação muito ligeira do pêlo

Corpúsculo de Pacini

Cápsula de diversas camadas celulares em forma de casca de cebola, com uma terminação nervosa central

Pressão cutânea profunda. vibração e propriocepção

Corpúsculo de Meissner

Diversos ramos de um axónio único associado a células epitelióides em forma de cunha e rodea-dos por uma cápsula de tecido conjuntivo

Discriminação de dois pontos

Órgão terminal de Ruffini

Axónio ramificado com muitas protuberâncias (knobs) terminais pequenas rodeadas por uma cápsula de tecido conjuntivo

Tacto ou pressão contínuos; responde à depressão ou estiramento da pele

Fuso muscular

Três a dez fibras musculares estriadas encerra-das numa cápsula de tecido conjuntivo laxo, estriadas apenas nas extremidades, com termi-nações nervosas sensoriais no centro

Propriocepção associada à detecção do estiramento muscular; importante para o controlo do tónus muscular

Órgão tendinoso de Golgi

Rodeia um feixe de fascículos tendinosos e está incluído numa cápsula delicada de tecido con-juntivo; as terminações nervosas ramificam-se com pequenas dilatações aplicadas sobre fascí-culos tendinosos individuais

Propriocepção associada ao estira-mento de um tendão; importante no controlo da contracção muscular

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Sinapses eléctricas

Os impulsos são transmitidos de uma célula nervosa a outra nas sinapses, que consistem em junções onde o axónio ou alguma outra parte de uma célula (célula pré-sináptica) termina nos dendritos, no soma ou no axónio de outro neurónio ou, em alguns casos, numa célula muscular ou glandular (célula pós-sináptica). Na maioria das junções sinápticas, a transmissão é química; o impulso no axónio pré-sináptico induz a secreção de um neurotransmissor, como acetilcolina ou serotonina. Esse mediador químico liga-se aos receptores existentes na superfície da célula pós-sináptica e essa ligação desencadeia eventos que abrem ou fecham canais existentes na membrana da célula pós-sináptica. No entanto, em algumas junções, a transmissão é eléctrica, ao passo, que num pequeno número de sinapses combinadas é tanto eléctrica quanto química. Seja como for, a trans-missão não é uma simples transferência de potencial de acção da célula pré-sináptica para a pós-sináptica. Os efeitos da descarga em cada terminação sináptica podem ser excitatórios ou inibitórios e, quando a célula pós--sináptica é um neurónio, a soma de todos os efeitos excitatórios e inibitórios é que determina se o potencial de acção será gerado. Por conseguinte, a transmissão sináptica é um processo complexo que permite a gra-dação e o ajuste da actividade neural necessária para a função normal.

Nas sinapses eléctricas, as membranas dos neurónios pré e pós-sinápticos estão em estreito contacto e for-mam-se junções comunicantes (gap junction) entre as células. À semelhança das junções intercelulares obser-vadas noutros tecidos, essas junções formam pontes de baixa resistência através das quais os iões passam com relativa facilidade. Ocorrem sinapses eléctricas e mistas nos mamíferos, observando-se a ocorrência de acoplamento eléctrico, por exemplo, entre alguns dos neurónios no núcleo vestibular lateral.

Nestas junções sinápticas eléctricas, o impulso que chega à terminação pré-sináptica gera um potencial pós--sináptico excitatório (PPSE) na célula pós-sináptica, que, em virtude da ligação de baixa resistência entre ambas, tem uma latência muito mais curta que o PPSE gerado na sinapse onde a transmissão é química. Nas sinapses mistas ocorre uma resposta de latência curta, bem como uma resposta pós-sináptica de latência mais longa e mediada quimicamente.

Ganong, 2005: 75 (adaptado)

Áreas funcionais do córtex cerebral

A figura mostra uma vista lateral do córtex cerebral esquerdo, com algumas das suas áreas funcionais identifi-cadas. As vias sensoriais projectam-se para regiões específicas do córtex cerebral, que se designam por áreas sensoriais primárias (receptoras), onde estas sensações são recebidas.

A maior parte da circunvolução pós-central (circunvolução parietal ascendente, ou pós-rolândica) é designada por córtex somático sensorial primário (somestésico primário) ou área sensorial geral. Os termos área, região funcional do córtex cerebral ou apenas córtex têm o mesmo significado. As fibras que transportam a informação sensorial geral, tal como a dor, a pressão e a temperatura, fazem sinapse no tálamo com os neuró-nios talâmicos que retransmitem a informação para o córtex sensorial somático primário.

Sulco central (rego de Rolando) Cortex somatos--sensorial primário Área somatos--sensorial associativa Área sensorial da fala (área de Wernicke) Córtex visual primário Área visual associativa Área do gosto Córtex motor primário Área pré-motora Área pré-frontal Área motora da fala (área de Broca)

Córtex auditivo primário

Área auditiva associativa

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Lípidos, colesterol e doenças cardiovasculares

No retículo endoplasmático liso das células epiteliais do intestino, os ácidos gordos livres combinam-se com moléculas de glicerol para formar triglicéridos. As proteínas sintetizadas nas células epiteliais ligam-se a gotícu-las de triglicéridos, fosfolípidos e colesterol, formando quilomícrons, que abandonam as célugotícu-las epiteliais e entram nos quilíferos do sistema linfático das vilosidades. Os quilomícrons vão para os capilares linfáticos e não para os sanguíneos, porque aqueles não têm membrana basal e são mais permeáveis a partículas de grandes dimensões (os quilomícrons têm cerca de 0,3 mm de diâmetro). São constituídos por 90% de triglicéridos, 5% de colesterol, 4% de fosfolípidos e 1% de proteínas, são conduzidos pelo sistema linfático à corrente sanguí-nea e por esta ao tecido adiposo. Antes de entrarem nos adipócitos, os triglicéridos são novamente decom-postos em ácidos gordos e glicerol, que, uma vez nas células, são novamente convertidos em triglicéridos, ficando armazenados até ser necessária uma fonte de energia em qualquer parte do organismo. No fígado, os quilomícrons de lípidos são armazenados, convertidos noutras moléculas ou utilizados como energia. Os quilo-mícrons remanescentes, com excepção dos triglicéridos, são conduzidos pela circulação até ao fígado, onde são desdobrados.

Como os lípidos são insolúveis ou pouco solúveis em água, são transportados, no sangue, combinados com proteínas hidrossolúveis. A combinação de lípidos com proteínas origina lipoproteínas. Os quilomícrons são um tipo de lipoproteínas. Outras são referidas como lipoproteínas de alta ou baixa densidade. A densidade diz respeito à compacticidade de uma substância e corresponde à relação entre a sua massa e o volume. Os lípi-dos são menos densos do que a água e tendem a flutuar. As proteínas, mais densas que a água, tendem a submergir. Uma lipoproteína com um componente lipídico elevado tem uma densidade muito baixa, enquanto uma lipoproteína com um grande componente proteico tem uma densidade relativamente elevada. Como os quilomícrons são constituídos por cerca de 99% de lípidos e só 1% de proteínas, têm uma densidade extrema-mente baixa. As outras principais lipoproteínas de transporte são lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL), compostas por 82% de lípidos e 8% de proteína; as lipoproteínas de baixa densidade (LDL); com-postas por 75% de lípidos e 25% de proteína; e as lipoproteínas de alta densidade (HDL), comcom-postas por 55% de lípidos e 45% de proteína.

Cerca de 15% do colesterol do organismo é obtido através dos alimentos ingeridos; os restantes 85% são sin-tetizados pelas células do organismo, principalmente no fígado e na mucosa intestinal. A maior parte dos lípi-dos que chegam ao fígado, ou que aí são sintetizalípi-dos, são transformalípi-dos em VLDL. A maior parte lípi-dos triglicé-ridos são removidos das VLDL para serem armazenados no tecido adiposo; desta forma, as VLDL transformam-se em LDL.

O colesterol das LDL é indispensável para a produção das hormonas esteróides no córtex das glândulas suprarrenais e de ácidos biliares no fígado, sendo ainda um componente importante das membranas plasmáti-cas. As LDL são conduzidas às células dos diversos tecidos pela circulação sanguínea. As células têm recep-tores LDL nas “fossas” da sua superfície que se ligam às LDL. Quando esta ligação ocorre, as “fossas” da superfície da célula transformam-se em vesículas endocitárias e o LDL entra na célula por endocitose mediada por um receptor. Cada fibroblasto, como exemplo de uma célula tecidular, tem 20-50.000 receptores LDL à superfície. Estes receptores estão confinados às “fossas” da superfície celular, mas ocupam apenas 2% da superfície. Quando chega ao interior, a vesícula endocitária combina-se com um lisosoma e a LDL é desdo-brada nos seus componentes para utilização celular.

Para além do colesterol e outros lípidos das LDL, as células também produzem o seu próprio colesterol. Quando o aporte e a produção combinados de colesterol são superiores às necessidades da célula, é activado um sistema de feedback negativo que diminui a quantidade de receptores LDL e a produção de colesterol celular. As células agrupam os lípidos em excesso em HDL, transportadas ao fígado para reciclagem ou elimi-nação.

Colesterol e doença coronária

O colesterol é o principal constituinte das placas de aterosclerose. Existe uma relação positiva entre os níveis de colesterolémia e doença coronária. Níveis de colesterol superiores a 200 mg/100 ml aumentam o risco de ocorrência de doença coronária. São factores de risco cumulativos à hipercolesterolémia: a hipertensão, a dia-betes mellitus, o tabagismo e os baixos níveis de HDL. Os baixos níveis de HDL estão relacionados com obesi-dade, sendo elevados pela perda de peso. O exercício aeróbio pode diminuir os níveis de LDL e elevar os de HDL. A ingestão de gorduras saturadas eleva a colesterolémia através da estimulação da produção de LDL e

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