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tecnologia conteporanea nas escolas

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Academic year: 2021

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Licenciatura em Artes visuais

módulo

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AUTORES DO PROJETO

Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Universidade de Brasília (UnB)

Universidade Federal de Goiás (UFG)

Universidade de Brasília (UnB)

Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)

Universidade de Brasília (UnB) /

Secretaria de Estado da Educação do DF (SEDF)/

Universidade de Brasília (UnB)

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) Itamar Alves Leal dos Santos

José Mauro Barbosa Ribeiro Leda Maria de Barros Guimarães Lygia Maria Maurity Sabóia Raquel Helena de Mendonça e Paula

Sheila Maria Conde Rocha Campello Suzete Venturelli Terezinha Maria Losada Moreira

Leda Maria de Barros Guimarães Sheila Maria Conde Rocha Campello

Universidade Federal de Goiás (UFG)

Universidade de Brasília (UnB) /

Secretaria do Estado da Educação do DF (SEDF) ORGANIZADORAS

Eny Arruda Barbosa Isabel Mota Costa Lilian Ucker Nely Matter Sheila Maria Conde Rocha Campello

Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)

Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Universidade Federal de Goiás (UFG)

Universidade Federal de Rondônia (UNIR)

Universidade de Brasília (UnB) /

Secretaria do Estado da Educação do DF (SEDF) COORDENADORES DO CURSO

Christus Menezes Nóbrega Universidade de Brasília (UnB) AUTOR DO MÓDULO

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módulo

Licenciatura em Artes visuais

!"

tecnologias contemporâneas na escola 3

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Módulo 18: Tecnologias Contemporâneas na Escola 3 / Organizadoras: Sheila Maria Conde Rocha Campello e Leda Maria de Barros Guimarães

1.Tecnologias 2. Cibercultura 3. Mídias 4. Atelier digital

Brasília: LGE Editora, 2010. 112 p.

Autor: Christus Menezes Nóbrega

ISBN

LGE EDITORA LTDA. CNPJ: 03.307.528/0001-04, CF/DF: 07.399.790/001-14 SIA Trecho 3, Lote 1.760, CEP: 71200-030, Brasília-DF Tels.:61 3362-0008, Fax: 61 3233-3771 Site: www.lgeeditora.com.br E-mail: lgeeditora@lgeeditora.com.br FICHA CATALOGRÁFICA EQUIPE EDITORIAL

Projeto gráfico: Mario Luiz Belcino Maciel Coordenação de programação visual: Bruno Ribeiro Braga Equipe de programação visual: Amanda Priscilla Moreira André Felipe Ramalho Maciel Daniela Pereira Barbosa Lauro Gontijo Mariana Rausch Chuquer Ronaldo Ribeiro da Silva Design Educacional: Susy Batista Dias de Araújo Colaboradoras: Ana Maria Pinto de Lemos Verônica Moreira Neto Revisão: Marina Macêdo Mendes

SÉRIE GTArtes

Organizadoras: Leda Maria de Barros Guimarães Sheila Maria Conde Rocha Campello Conselho editorial: Eny Arruda Izabel Costa Mota Lilian Ucker Maria de Fátima Borges Burgos Nely Matter Suzete Venturelli Gestão do projeto: Suzete Venturelli Execução financeira: Natália Campolina Brasil

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SUMÁRIO

6 UNIDADE 1 - CIBERCULTURA E OS NOVOS PARADIGMAS SOCIAIS

30 UNIDADE 2 - INFORMÁTICA NA ARTE-EDUCAÇÃO

60 UNIDADE 3 - EXPERIMENTAÇÃO ARTÍSTICA COMPUTACIONAL

86 UNIDADE 4 - PRODUÇÃO E DIFUSÃO DE INFORMAÇÃO ARTÍSTICA NA INTERNET

9 CIBERCULTURA: UM NOVO PARADIGMA EMERGENTE

12 QUEM ESTÁ DENTRO? PERFIL DO ACESSO À CIBERCULTURA NO BRASIL

14 CONSTRUINDO A REDE: NAVEGANDO E INTERAGINDO COM CONTEÚDOS

21 PARA OUVIR

28 PARA VER

31 TECNOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS NA ESCOLA: NOVAS FORMAS DE EDUCAR

36 O PERFIL COGNITIVO DOS ATORES DA EDUCAÇÃO: PROFESSORES CONTEMPLATIVOS, ALUNOS IMERSIVOS

42 POLÍTICAS PÚBLICAS: POR UMA EDUCAÇÃO DIGITAL

47 CONCEPÇÕES CONTEMPORÂNEAS DO ENSINO DA ARTE: INCORPORANDO AS NOVAS

TECNOLOGIAS

51 MUSEUS VIRTUAIS COMO LABORATÓRIO DE PESQUISA EM ARTES

55 PARA VER

61 O FAZER ARTÍSTICO: TECNOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS E ATELIER DIGITAL

62 ARTE COMPUTACIONAL: QUANDO O ARTISTA SE APROXIMA DAS MÁQUINAS

66 ABRINDO A CAIXA PRETA: ÉTICA E ESTÉTICA DOS SOFTWARES LIVRES

77 CONHECENDO SOFTWARES LIVRES

80 PARA OUVIR

87 LIBERAÇÃO DO PÓLO DE EMISSÃO: COMO A WEB VEM TRANSFORMANDO RECEPTORES PASSIVOS EM CO-AUTORES DE INFORMAÇÃO

90 CAINDO NA REDE: A ARTE DE CONSTRUIR SITES

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Unidade 1

Cibercultura e os novos

paradigmas sociais

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M ó d u lo 1 8 U n id a d e 1 C ib e rc u lt u ra e o s n o v o s p a ra d ig m a s so c ia is 7

INTRODUÇÃO

As tecnologias contemporâneas atuam para a mudança do cenário tradicional da sala de aula. O que antes era formado por um pro-fessor, um quadro, giz, caderno, lápis e alunos em fila, agora ganha uma nova configuração. Porém, muito mais do que criar novos ce-nários, as tecnologias interferem também no roteiro e na atuação dos atores da educação, ou seja, modifica a performance dos pro-fessores e dos alunos.

Nessa perspectiva, os alunos não são meros expectadores de um espetáculo dirigido pelo professor, mas sim co-autores e co-res-ponsáveis pelo processo de aprendizagem. A questão agora é saber como estas novas tecnologias, que estão incorporadas ao cotidiano das sociedades contemporâneas, devem trabalhar para a melhoria do processo educacional. O que estudaremos neste mó-dulo são alguns aspectos dessa questão. O desafio está lançado. Vamos a ele?

NOSSAS METAS

Com a conclusão do módulo esperamos que você:

t Desenvolva bases conceituais para reflexão sobre o uso das tecnologias computacionais e tenha condição de interpretar seus efeitos sociais;

t Amplie a competência analítica para avaliar as novas mídias, com foco em seu uso pedagógico;

t Aprenda a conceber projetos pedagógicos na área de arte-educação com uso do computador;

t Conheça novos métodos de utilização da informática como recurso didático para pesquisa em arte;

t Utilize o computador como ferramenta de produção e difu-são de informações relacionadas à arte;

t Experimente as novas tecnologias computacionais como for-ma de expressão artística.

METODOLOGIA

O Módulo Tecnologias Contemporâneas na Escola 2 foi estrutura-do em quatro unidades temáticas que discutirão a tríade da edu-cação, da tecnologia e da arte. Para cada unidade estimamos uma

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carga horária e um cronograma especificados a seguir. Organize seus estudos para cumprir os prazos adequadamente, pois, além de assegurar uma melhor aprendizagem, garantirá o recebimento de suas menções, já que seu desempenho será avaliado logo após o fim de cada unidade. Estude e reflita sobre como cada unidade pode contribuir para sua formação profissional e sua prática peda-gógica em arte. Estamos aqui, juntos, para isso! Vamos lá?

UNIDADE 1 | Cibercultura e os novos paradigmas sociais

Esta unidade tem como objetivo embasar teoricamente sobre as novas redes sociais configuradas pelas atuais tecnologias de comu-nicação computacional, entendendo seus impactos na sociedade e as mudanças na forma de ler, pensar e socializar.

UNIDADE 2 | Informática na arte-educação

O objetivo desta unidade é estudar como as tecnologias computa-cionais contemporâneas estão mudando os paradigmas da educa-ção, bem como pensar e planejar propostas didáticas de seu uso para potencializar o ensino das artes.

UNIDADE 3 | Experimentação artística computacional

O propósito desta unidade é investigar o uso das tecnologias contemporâneas como forma de expressão artística no século 20 e 21, e, através da livre experimentação, aprender a utilizar algu-mas ferramentas computacionais para produção artística.

UNIDADE 4 | Produção e difusão de informação artística na Internet

Nesta unidade iremos estudar a importância e técnicas para difundir informação na Internet. O objetivo é a produção de uma galeria virtual para expor os trabalhos desenvolvidos na unidade três.

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CIBERCULTURA: UM NOVO

PARADIGMA EMERGENTE

Qual é o impacto das tecnologias de informação e co-municação como o telefone celular, a TV digital e a Internet na sociedade contemporânea? Quais são as implicações do aumento vertiginoso da quantidade de informação em circulação? Qual é agora o conceito de corpo já que este está sendo constantemente re-modelado, tendo sua performance amplificada espan-tosamente graças aos dispositivos eletrônicos? Quais são os impactos da desconfiguração e da reconfigura-ção das novas experiências territoriais vivenciadas com o surgimento dos espaços e comunidades virtuais? Imersos neste cenário cibernético, nesta cultura digi-tal, tendemos a afirmar que não estamos vivenciando apenas uma revolução tecnológica, mas sim uma am-pliação do próprio conceito de cultura.

Podemos entender cultura como um conjunto de ca-racterísticas humanas, não inatas, que se criam, se estabelecem ou se transformam através da comuni-cação e cooperação entre indivíduos em sociedade. Este conjunto de características é formado por um complexo sistema de códigos que regulam a ação in-dividual e coletiva da humanidade. Ao acrescentar o termo digital ao de cultura cria-se um novo para-digma na sociedade, a partir de um novo conjunto de padrões comportamentais impulsionados pela po-tência simbólica que as novas tecnologias carregam.

A sociedade em rede: podemos chegar em qualquer lugar a partir de qualquer ponto

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Em outras palavras, como defende o filósofo Pierre Lévy (2005, p.127), a cultura digital com seus apare-lhos técnicos (computadores, Internet, celulares, vi-deogame, TV digital etc.) acaba por criar três com-petências humanas: a da interconexão, da criação de comunidades virtuais e da inteligência coletiva. A interconexão para a interatividade é supostamente boa, quaisquer que sejam os terminais, os indivíduos, os lugares e momentos que ela coloca em contato. As comunidades virtuais parecem ser um excelente meio (entre centenas de outros) para socializar, quer suas finalidades sejam lúdicas, econômicas ou inte-lectuais, quer seus centros de interesse sejam sérios, frívolos ou escandalosos. A inteligência coletiva, en-fim, seria o modo de realização da humanidade que a rede digital universal felizmente favorece, sem que saibamos a priori em direção a quais resultados ten-dem as organizações que colocam em sinergia seus re-cursos intelectuais. Em resumo, o programa da ciber-cultura é o universal sem totalidade (ibidem, p.132). A cultura digital para existir precisa se configurar em um espaço, no caso o ciberespaço, também conhe-cido como rede. A rede é o espaço comunicacional construído pela conexão entre os milhares de com-putadores do planeta. O termo não se restringe ao conceito apenas da infra-estrutura material que con-figura a rede (computadores, conexão, internet etc.), mas amplia-se para todo o universo de informações que ela acolhe, bem como a todos os indivíduos que nela habitam e a alimentam. Logo, ciberespaço pode ser entendido como o conjunto de computadores em rede, somados a todos os sujeitos que estão co-nectados através de seus computadores e por todas as informações por eles acessadas e produzidas. Des-sa maneira, o termo ciberespaço pode ser entendido como uma nova dimensão geográfica. Se surge um novo espaço, e este começa a ser ocupado por sujei-tos, conseqüentemente presenciaremos o nascimento de uma nova cultura, que no caso pode ser batizada de cibercultura. O termo cibercultura se refere ao con-junto de técnicas, práticas, atitudes, condutas, modos de pensar e de valores éticos e estéticos que são cons-truídos juntamente com o ciberespaço.

A consolidação da cibercultura é “fruto de um ver-dadeiro movimento social, com seu grupo líder (a juventude metropolitana escolarizada)”(ibidem, p.123). Com a cultura digital, e suas palavras de

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ordem – interconexão, criação de comunidades vir-tuais e inteligência coletiva – emergem conceitos como o do open source, a independência, a liberda-de, a pluralidade e a conectividade.

Porém, esta cultura digital ainda não está fortemen-te estabelecida. Seus meios técnicos estão ainda no início de uma jornada de desenvolvimento. Muito há ainda para se descobrir, inventar, produzir. O percur-so é longo, mas rápido e promispercur-sor. Por ispercur-so, é urgen-te que possamos fazer uma reflexão sobre esurgen-te novo espaço. Ainda há lugar na cibercultura para novos projetos, por isso é fundamental que educadores e outros agentes de formação social pensem em proje-tos para ela. Para isso, refletir sobre uma questão é fundamental: Quais são os nossos objetivos para com as redes digitais de comunicação interativa?

QUEM ESTÁ DENTRO?

PERFIL DO ACESSO À

CIBERCULTURA NO BRASIL

Em pesquisa sobre o uso das Tecnologias de Infor-mação e Comunicação pelos brasileiros constatou-se que o acesso ao computador cresceu. Entre 2002 e 2007, o Brasil foi o país cujo uso de computadores mais aumentou. Segundo um levantamento feito pelo Pew Institute Research, em cinco anos, o uso de PCs passou de 22% para 44%. Porém, o estudo revela que há mais pessoas que usam o PC do que efetivamente têm um. De todo modo, o número de brasileiros que possui um PC também cresceu nestes cinco anos, de 17% para 34%. Parte da explicação para esse crescimento está relacionada às políticas de incentivos fiscais para o barateamento de equipa-mentos de informática e a abertura de linhas de cré-dito em bancos estatais, ações estas regulamentadas No que diz respeito ao comportamento social, em que você acha que somos diferentes da geração que nos precedeu? Analisando o meio em que vive, observando as crianças que você conhece e a sociedade como um todo, percebe alguma diferença? Como imagina que as inovações tecnológicas podem atuar para efetivar essas mudanças? A criação dos meios de comunicação: telégrafo, telefone, rádio, televisão e mais recentemente o computador e a Internet, influenciam algum aspecto dessa mudança? Quais?

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por algumas ações do governo federal, como o pro-grama Computador para Todos. O propro-grama tem por objetivo principal possibilitar à população que não tem acesso ao computador adquirir um equipamen-to de qualidade, atendendo ao máximo às deman-das de usuários, além de permitir acesso à Internet. O programa estimula também o uso de sistemas opera-cionais e aplicativos desenvolvidos em software livre. De acordo com a definição criada pela Free Software Foundation, software livre é qualquer programa de computador que pode ser usado, copiado, estudado, modificado e redistribuído sem nenhuma restrição. Quanto ao acesso à internet também se observou um aumento nos índices. Em pesquisa realizada pelo IBOPE//NetRatings o número de usuários ativos de internet em residências chegou a 24,5 milhões em dezembro de 2008, o crescimento foi de 100% sobre dezembro de 2005, quando havia pouco mais de 12,2 milhões de internautas ativos em domicílios. Em abril de 2009, o acesso à internet em banda larga represen-tou 87,6% da internet residencial brasileira, totalizan-do 22,3 milhões de usuários residenciais. As lanhouses também passaram a desempenhar um importante pa-pel na imersão dos brasileiros no espaço cibernético. Em 2008, 48% dos brasileiros entravam na internet por meio de lans. Porém, este número vem caindo, sendo em 2007 igual a 49%.

Hoje, o Brasil é um dos líderes mundiais em tempo de navegação médio por usuário/mês. Dados divul-gados pelo Ibope Nielsen Online mostram que, em março de 2009, internautas brasileiros passaram, em média, 26 horas e 15 minutos conectados na rede. No Reino Unido, a média foi de 23 horas e 3 minutos, índice que mais se aproxima do brasileiro, seguido pelos usuários do Japão, com 22 horas e 53 minutos e França, com 22 horas e 15 minutos.

Apesar dos índices animadores, ainda presenciamos a exclusão digital em muitos setores da vida pública e privada dos brasileiros. Se comparadas as áreas urbanas com as rurais, as diferenças são alarmantes. A penetração dos computadores nos domicílios das áreas rurais é de apenas 8%. Com relação ao acesso à rede mundial de computadores o percentual é ainda menor, somente de 4%. No tocante aos critérios de renda e classe social, segundo o Centro de Estudos sobre TICs (CETIC.Br), observa-se que na faixa de até um salário mínimo e nas classes D e E, o uso da

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internet é de apenas 1%, enquanto atinge 81% entre as pessoas com dez ou mais salários mínimos e 91% na classe A. O estudo também revela que há discrepâncias no percentual de acesso à internet em domicílios entre as regiões do país. Na região Sudeste, o número atinge cerca de 25%, e nas regiões Sul e Centro-Oeste cerca de 20%, enquanto que na região Norte e Nordeste esta proporção não ultrapassa os 7%. Para diminuir essas discrepâncias e efetivar a erradicação da exclusão digital é preciso alinhar as ações dos diversos agentes públicos e privados, uma vez que as dimensões e os desafios do Brasil não comportam soluções únicas e centralizadas.

CONSTRUINDO A REDE:

NAVEGANDO E INTERAGINDO

COM CONTEÚDOS

Com a popularização da internet, ao mesmo tempo em que se percebe uma crescente democratização no acesso à informação, vê-se também um aumento significativo na facilidade para produzir e difundir novos conteúdos. A internet deu a seus usuários a capacidade de interação, retirando-os da condição de receptores passivos, característica fundamental aos meios de comunicação tradicionais, tais como a televisão e o rádio. A interação permitiu que os usu-ários da rede acessassem informações e expressassem suas opiniões sobre estas aumentando o ciberespaço na medida em que navegam nele. Esta interação se concretiza, por exemplo, com a participação em fó-runs, listas de discussões e comunidades virtuais, na elaboração de post e comentários em blogs, fotologs e videologs, criando folksonomias, na postagem de vídeos no YouTube e na colaboração com a escrita de verbetes, conceitos e teorias no Wikipedia.

O conceito de interação, que permite que virtual-mente qualquer indivíduo interaja, publique e com-partilhe informações na rede, está presente desde os primórdios da internet. Historicamente, já em 1995, o GeoCities (atualmente pertencente ao Yahoo!) oferecia espaço e ferramentas para que qualquer usuário relativamente leigo construísse seu próprio website e publicasse suas idéias na web. Três anos depois, em 1998, o Yahoo tornou o seu site passível

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de customização, possibilitando que os seus usuários construíssem suas próprias interfaces personalizadas editando espaços para notícias, cores e outros canais. Outra forma de colaborar com a internet é por meio da folksonomia, que é um método de categorizar in-formações e facilitar que outras pessoas a achem. Esta categorização é feita por meio de tags, palavras-cha-ves que os internautas podem atribuir a um determi-nado conteúdo, seja ele texto, imagem, som ou vídeo. Um dos primeiros sites a utilizar processo de folksono-mia foi o del.icio.us <http://delicious.com/>, seguido pelo flickr <www.flickr.com> e o YouTube <www.youtube.com>. A interação possibilitada pelas novas mídias digitais teve um impacto tão grande na sociedade que aca-bou influenciando a forma como as mídias tradicio-nais são feitas. No jornalismo, por exemplo, tenta-se atualmente criar um maior envolvimento dos cida-dãos, antes considerados meros leitores, para que estes interajam com as publicações, comentando-as, editando-as, categorizando-as ou até mesmo produ-zindo-as. A esta tendência atribui-se o conceito de Jornalismo Participativo, Jornalismo Cidadão ou Jor-nalismo Open-Source. Um dos sites mais representa-tivos desta tendência é o Digg (http://digg.com/), que permite que usuários cadastrem artigos para que es-tes sejam lidos e votados. Os textos que receberem mais votos ganham destaque na página principal do site. Ao permitir a influência direta do público na hierarquização da informação, este mecanismo traz inovações às técnicas tradicionais de edição jornalís-tica, caracterizadas pela centralização na figura do editor. Alguns sites brasileiros, como o Rec6 <http:// www.rec6.com/> e o Eu Curti <http://eucurti.com.br/> têm propostas bem semelhantes ao Digg.

Hoje, não temos apenas os jornais para nos man-termos atualizados. Qualquer um pode produzir e difundir informações, encontrando nos blogs uma excelente ferramenta para este fim. Um blog, termo originário da contração da expressão inglesa Web Log, é um site cuja estrutura possibilita a inserção de conteúdos de forma bastante prática. Seus con-teúdos, comumente chamados de posts, podem ser apresentados no formato de texto, imagem, som ou vídeo. Estes conteúdos, que abordam os mais varia-dos temas (arte, cultura, economia, política, religião, entretenimento, cotidiano etc.) podem ser elaborados por uma única pessoa, como também por um grupo,

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variando de acordo com a filosofia de cada blog. Nos blogs, os posts são normalmente organizados em or-dem cronológica inversa ao que são postados, ou seja, o último post aparece no topo do site, sendo seu con-teúdo organizado por data de postagem.

Na internet, os blogs foram popularizados pelos jo-vens que o utilizaram maciçamente como diários on-line, constantemente atualizados com os fatos de seus cotidianos. Após o frívolo início dos blogs, estes foram rapidamente incorporados por outros grupos sociais se tornando às vezes mais informativos, como os blogs criados por jornalistas; mais poéticos, como aqueles alimentados por literários e cronistas; ou mais científicos, como os blogs mantidos pela comu-nidade acadêmica de todo o mundo. Nos primeiros blogs percebe-se que o texto é utilizado como fonte primeira de comunicação e expressão, porém, com a evolução da tecnologia de hospedagem e manu-tenção desses sites, presenciou-se uma crescente de blogs que privilegiavam conteúdos imagéticos, em foto e vídeo, que foram batizados respectivamente de fotolog e videolog. Com a criação destes novos termos, a palavra blog acabou se transformando em sufixo e ganhando um significado mais amplo, repre-sentando um tipo de mídia onde as pessoas possam se expressar com liberdade e periodicidade.

Após alguns anos de existência os blogs apresenta-ram uma nova tecnologia que possibilitou que qual-quer leitor pudesse comentar os posts. O processo de comentar em blogs significou uma democratização da publicação, reduzindo as barreiras entre leitor e escritor, receptor e emissor, favorecendo o surgimen-to de um novo tipo de leisurgimen-tor. Leisurgimen-tores críticos, partici-pativos, opinativos, prontos a construírem um diálo-go com seus escritores, criando assim uma rede social de discussão. Metaforicamente, os posts podem ser comparados com escritos dentro de garrafas jogadas no mar, que bóiam pela internet em busca de seus destinatários. Porém, não navegam a esmo, pois seus links coligam as diversas garrafas criando uma gran-de comunidagran-de gran-de leitores.

Esta rede de blog, que ficou conhecida como blogos-fera, iniciou-se com a possibilidade de interação com os conteúdos dos blogs e se fortaleceu na medida em que existiu a possibilidade técnica de vários blogs se interligarem por meio de links. Com a criação de mais links e mais blogs a blogosfera não pára de aumentar.

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Cresce vertiginosamente. Em 1999, o número de blo-gs era estimado em menos de 50. No final de 2000, a previsão era de poucos mil. Em 2003 o número saltou para cerca de 4 milhões. Atualmente, uma média de 120 mil são criados diariamente, o que resulta em um total de 112 milhões de blogs espalhados pelos terri-tórios da internet.

No contexto da educação, os blogs com caráter edu-cativo, ou edublogues, estão sendo utilizados pelos educadores como uma rica ferramenta pedagógica. A sua aplicação no quotidiano escolar pode se con-cretizar na forma de Blogs Pessoais onde os alunos devem ser estimulados a se expressarem, exercitan-do uma linguagem autoral, seja com textos, imagens e sons, ou então, por meio de Blogs Temáticos, vol-tados para a reflexão dos conteúdos estudados nas disciplinas. A incorporação dos blogs na prática pe-dagógica mostra-se relevante, pois o conhecimento tende a ser melhor assimilado quando os alunos de-senvolvem o hábito de escrever criticamente sobre eles, bem como criar conexões entre estes e outros fenômenos científicos, fatos sociais ou pessoais. Estas conexões são facilmente construídas em blogs atra-vés da incorporação de links, imagens, vídeos e sons. Escrever sobre algo implica reflexão e crítica, o que é fundamental no processo de ensino-aprendiza-gem, transformando informação em conhecimento. Dentro de um pensamento transdisciplinar, os blogs podem ser explorados conjuntamente por várias dis-ciplinas, mostrando que o conhecimento não é frag-mentado, mas sim passível de conexão.

Todo o processo de criação de um blog estimula a aprendizagem. A escolha do tema, dos objetivos e do nome do blog, a definição de quem participará e a divisão de responsabilidades para concretizar o projeto, a escolha do servidor para hospedá-lo e a criação da identidade visual da interface são ativida-des pedagógicas que ajudam a dar voz aos estudan-tes, estimular sua criatividade, desenvolver a habili-dade de gerenciamento de informação e a formação do espírito colaborativo, que o ajudará a conviver melhor em sociedade. A web, sendo um território propício para partilhar conhecimento, encontra nos blogs uma excelente forma para construir redes so-ciais de aprendizagem, onde os alunos podem trocar experiências com estudantes de outras instituições ao redor de mundo, colocando-os em contato com outras culturas, favorecendo o seu desenvolvimento intelectual e humano.

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Outra forma de interação na web é a produção cola-borativa de texto no formato wiki. Wikis são páginas de internet com conteúdo dinâmico facilmente edi-táveis por um grupo de pessoas. A principal caracte-rística do wiki é a forma colaborativa de se trabalhar para a produção de textos, imagens e outras formas de conteúdos, trazendo um conceito de liberdade e de cooperação inovador para as publicações on-line. No wiki a autoria não pertence a um sujeito, mas sim à coletividade que o produziu. Trabalhando em gru-po o conceito de autoria se dilui dando lugar à idéia de uma inteligência coletiva. Na produção de um texto de forma colaborativa, todos podem modificar o seu conteúdo pensando sempre em melhorá-lo. Uma das mais populares aplicações do wiki na inter-net é a Wikipedia. Este projeto da Wikimedia Foun-dation teve como meta a criação de uma enciclopé-dia colaborativa, disponível em vários idiomas, onde seu conteúdo pudesse ser editado por todos os usu-ários da rede mundial de computadores. Na Wikipe-dia aborda-se uma infinidade de assuntos, podendo

PARA EXPERIMENTAR

Neste capítulo estamos estudando a discussão em torno do im-pacto das tecnologias de informação e comunicação na socieda-de contemporânea. Para ampliar seu conhecimento é importante que você recorra a outras fontes. Pesquise sobre a relação dessas tecnologias computacionais com a sociedade, a educação e a arte em livros, artigos de jornais, revistas, em sites, em letras de música, imagens e obras de arte, filmes, entre outras fontes. Você pode ler, selecionar e agrupar as informações em pastas no seu compu-tador dividindo-as por temas. A partir desse material experimente produzir informações em texto, imagem, som e divulgá-las na in-ternet. Para isso, pode utilizar um Blog. Caso não tenha um seria muito importante tentar construir um. Existem vários sites para criação e hospedagem de blogs, um dos mais populares é o Blog-ger <www.blogBlog-ger.com>.

O termo weblog foi criado, em 1997, pelo americano Jorn Barger. Já a abreviação blog foi proposta por Peter Merholz, em 1999, quando desmembrou a palavra weblog para formar a frase we blog, em português, nós blogamos. Pouco tempo depois o subs-tantivo blog deu origem ao verbo blogar, do inglês to blog, que significa editar ou postar conteúdo em um weblog. Outro desdo-bramento do termo é blogueiro, ou seja, aquele que possui e es-creve em blog.

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outros verbetes serem adicionados. Outro projeto baseado na metodologia wiki é o Wikinews, que tem como objetivo a construção colaborativa de notícias. No âmbito da educação, as teorias e as implicações pedagógicas do uso de wikis estão ainda em início de elaboração. Porém, quando utilizado em sala de aula o wiki pode se transformar em uma rica ferramenta de construção de conhecimento. Porém, seus ganhos educacionais vão além, trabalhando no sentido de desenvolver habilidades de socialização e respeito pelas múltiplas formas de pensamento, entendendo que um mesmo assunto pode ser tratado por diver-sas óticas. Wikis exigem o estabelecimento de uma rede de confiança entre as pessoas envolvidas em sua construção. Pede tolerância para com as diferenças, desprendimento e solidariedade. A autoria compar-tilhada e anônima mantém o foco na comunidade retirando os alunos do individualismo, mostrando-lhes que é possível aprender com o próximo. Mesmo “anônima”, cada ação individual no wiki reverbera em toda a comunidade, por isso acaba por desenvol-ver em cada colaborador um maior senso de orga-nização, responsabilidade e ética. Os wikis também promovem entre os participantes a prática da nego-ciação permanente sobre as informações e sobre o conhecimento construído.

Quando utilizado de forma mais aberta o wiki aju-da também a resignificar as relações de poder que fundam o processo de ensino-aprendizagem tradi-cionais. As relações horizontais estabelecidas no wiki promovem a construção do conhecimento de uma forma mais democrática e dinâmica. Ainda no con-texto da educação, os wikis podem ser utilizados em projetos inter e transdisciplinares, pela facilidade de vários professores poderem acompanhar e trabalhar na sua construção, bem como pela característica de produzir conteúdos hipertextuais, possibilitando que diversos assuntos sejam linkados, ou seja, relaciona-dos ao texto principal.

Wikis são páginas comunitárias na internet que podem ser alte-radas por todos os usuários que têm direitos de acesso. Usadas na internet pública, essas páginas comunitárias geraram fenômenos como a Wikipedia, que é uma enciclopédia on-line escrita por lei-tores. Usadas nas escolas, as wikis estão se tornando uma manei-ra dinâmica de construção colabomanei-rativa de conhecimento por um grupo de estudantes envolvidos em um projeto de pesquisa.

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Para trabalhar com wiki em sala de aula é possível recorrer a inú-meros softwares. Um dos mais populares é o Wikispaces que tem a vantagem de não precisar ser instalado em servidor próprio, estan-do on-line e acessível após um breve cadastro. Seu manejo é bas-tante simples, possuindo algumas ferramentas de edição básicas de fonte, tamanho, cor, alinhamento etc. Imagens também podem ser inseridas no corpo do texto para ilustrar as principais ideias.

COMO UTILIZAR O WIKI EM SALA DE AULA:

UMA PROPOSTA METODOLÓGICA

Para produzir um texto no formato wiki com um grupo de alunos, alguns parâmetros metodológicos podem ser estabelecidos pen-sando em tornar a atividade mais produtiva. O roteiro aqui apre-sentado é uma proposta, e cabe ao professor adaptá-lo em sua prática pedagógica, pois o wiki pode ser utilizado para diversos fins, e cada um deles pede uma metodologia específica. Experi-mentem e adaptem esse roteiro em função das dinâmicas e neces-sidades de seus alunos. Para conhecer mais sobre a filosofia wiki e os termos éticos de conduta visite os site <http://pt.wikipedia.org/ wiki/Wiki>.

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OTEIRO PARA A PRODUÇÃO DE UM TEXTO

WIKI

Primeiramente o professor deve decidir com seus alunos o tema do texto, definindo as idéias a serem tratadas. Essa discussão pode acontecer tanto em sala de aula como em um fórum de discussão na internet. Peça aos alunos que pesquisem sobre o tema e a partir da pesquisa façam uma lista dos principais conceitos/idéias escre-vendo no próprio editor de texto do wiki. No fórum ou em sala de aula podem discutir sobre cada um dos conceitos listados no wiki. É importante tentar ser objetivo neste momento, apresentando de forma sucinta a importância de cada conceito. Uma opção é escrever uma palavra-chave para cada conceito, seguida de uma pequena sentença explicativa. As sentenças explicativas ajudam ao grupo entender a necessidade daquele conceito para o contexto do texto.

Nesse momento é importante que todos contribuam e comecem a modificar, suprimir ou complementar os conceitos existentes. Como a idéia é de autoria coletiva, no momento em que o tex-to é postado ele pertence a tex-todos e pode ser modificado por tex- to-dos. A idéia é de uma autoria coletiva. Então deve-se estimular os alunos a “mudarem” os textos postados. Normalmente, nas primeiras experiências existe um grande pudor de fazê-lo. Com o tempo os alunos perceberão que o texto não pertence a ninguém

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em particular. É um bem coletivo e por isso todos devem se sentir responsáveis pelo seu aperfeiçoamento. Normalmente, os softwa-res que possibilitam trabalhar com wiki são semelhantes a outros editores de texto e possuem a função de retroceder uma etapa. Logo, se por descuido alguém apagar uma parte do texto pode-se recuperá-la facilmente. Saber disso dá mais segurança aos alunos, tornando-os mais participativos.

Depois de discutidos os conceitos e elencadaso as palavras-chaves satisfatórias que abordam as múltiplas questões do tema proposto para o wiki, é importante criar uma hierarquia da informação, ou seja, um índice. Discuta no fórum ou em sala de aula com os alunos em que ordem os conceitos tratados devem aparecer. Identifique quais são as idéias primárias, as secundárias, as terciárias etc. orde-nando no wiki as palavras-chaves, e quais aquelas que poderiam estar ancoradas dentro de uma outra. Construindo esta hierarquia de informação os alunos já terão o esqueleto do texto que deve se assemelhar ao exemplo abaixo, variando no número de tópicos e subtópicos. TÍTULO DO TEXTO 1. Idéia principal 1 1.1 Conceito secundário 1 1.2 Conceito secundário 2 1.3 Conceito secundário 3 2. Idéia principal 2 2.1 Conceito secundário 1 2.2 Conceito secundário 2 2.3 Conceito secundário 3 3. Idéia principal 32 3.1 Conceito secundário 1 3.2 Conceito secundário 2 3.3 Conceito secundário 3 4. Conclusões

Após o esqueleto criado os alunos podem começar a redação pro-priamente dita. É importante frisar que ao logo da elaboração do texto é normal que o grupo reavalie a ordem da estrutura do sumário, bem como sintam necessidade de excluir ou acrescentar novos tópicos. Essas ações devem ser constantemente incentiva-das, pois o wiki é um corpo dinâmico em constante construção, disponível a infinitas redescobertas.

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PARA OUVIR

Se os computadores estão mudando alguns para-digmas da sociedade, a arte, entendida como um possível mecanismo social de auto-reflexão, vem se posicionando poeticamente sobre este fenômeno. O músico brasileiro Gilberto Gil e a dupla francesa Daft Punk, formada por Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homem-Christo são exemplos de artistas à frente dessa discussão.

Em sua música Pela Internet, Gilberto Gil afirma que Internet

quer construir sua home-page. Anseia pela inclusão digital. O artista vislumbra uma rede globalizante que una pólos eqüidistantes, mas que nessa união as particularidades culturais de cada um sejam pre-servadas. Deseja uma globalização que não aniqui-le os resquícios de subjetividade e individualidade cultural dos grupos sociais. Uma globalização que se consorcie com o particular e o íntimo. O músico pre-tende usar a rede para promover encontros, debates, confrontos. Será que já estamos preparados para tal desafio? Qual seria a importância da inclusão digital para os cidadãos na contemporaneidade? O que po-deremos fazer se estivermos conectados? Como vi-ver em um univi-verso globalizado e ao mesmo tempo preservar nossas tradições culturais?

Enquanto Gilberto Gil quer construir sua jangada para navegar pelas infovias, a dupla francesa Daft Punk propõe uma reflexão sobre os impactos des-se progresso. Em sua música Technologic, no álbum

Human After All (2005) “All Humano Apesar de Tudo”,

PARA EXPERIMENTAR

Você já experimentou contribuir com a construção de conteúdos para a web? Já pensou que você deve possuir algumas informa-ções importantes que outras pessoas poderiam ter interesse em conhecer? Será que informações sobre sua cultura ou região não deveria ser compartilhadas com o mundo? Experimente entrar na enciclopédia virtual Wikipedia <www.wikipedia.org>. Pesquise um tema sobre o qual tenha conhecimento. Leia o que já foi escri-to e veja se não poderia contribuir com algum dado novo, ou até mesmo melhorar o que já está lá. Caso sinta-se encorajado a con-tribuir faça seu cadastro no site, leia atentamente o regulamento com as normas de conduta e participe dividindo com o mundo os seus conhecimentos. Justos aprenderemos mais.

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os artistas levantam uma reflexão sobre a sociedade de consumo e o ritmo acelerado que as novas tec-nologias empregam ao cotidiano contemporâneo. A música é composta por uma seqüência frenética de verbos imperativos. Ordens que excitam ao consumo e ao uso compulsivo e sufocante de aparelhos tec-nológicos. Como lidamos com esses verbos? Como articulamos tantas novas exigências em nossos coti-dianos? O que esperar do futuro? Como queremos o futuro? Qual é a nossa responsabilidade com a construção deste mesmo futuro? Quais são as rela-ções entre esses verbos e as novas doenças do século 21 (depressão, síndrome do pânico, transtorno ob-sessivo compulsivo etc.)? Quais são as relações destes mesmos verbos com as conquistas no campo da edu-cação, saúde, lazer, cultura, economia etc.?

Pesquise sobre a vida e obra desses artistas. Estude sobre o contexto histórico em que foram criadas. Leia as letras e ouça as músicas a seguir e reflita sobre as questões levantadas.

Pela Internet

Composição: Gilberto Gil Intérprete: Gilberto Gil

Criar meu web site Fazer minha home-page Com quantos gigabytes Se faz uma jangada

Um barco que veleje ...(2x) Que veleje nesse infomar Que aproveite a vazante Da infomaré

Que leve um oriki Do meu velho orixá Ao porto de um disquete De um micro em Taipé... Um barco que veleje Nesse infomar

Que aproveite a vazante Da infomaré

Que leve meu e-mail lá Até Calcutá

Depois de um hot-link Num site de Helsinque Para abastecer

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Eu quero entrar na rede Promover um debate Juntar via Internet Um grupo de tietes De Connecticut Eu quero tá na rede Promover um debate Juntar via Internet Um grupo de tietes De Connecticut... De Connecticut de acessar O chefe da Mac Milícia de Milão Um hacker mafioso Acaba de soltar Um vírus prá atacar Programas no Japão... Eu quero entrar na rede Prá contactar

Os lares do Nepal Os bares do Gabão... Que o chefe da polícia Carioca, avisa

Pelo celular

Que lá na praça Onze Tem um videopôquer Para se jogar...

Jogar ah! ah! ah!...(4x) Eu quero entrar na rede Promover um debate Juntar via Internet Um grupo de tietes De Connecticut Eu quero tá na rede Promover um debate Juntar via Internet Um grupo de tietes De Connecticut... De Connecticut de acessar O chefe da Mac Milícia de Milão Um hacker mafioso Acaba de soltar Um vírus prá atacar Programas no Japão...

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Eu quero entrar na rede Prá contactar

Os lares do Nepal Os bares do Gabão... Que o chefe da polícia Carioca, avisa

Pelo celular

Que lá na praça Onze Tem um video-pôquer Para se jogar...

Ah! ah! ah!

Jogar ah! ah!...(3x)

Connect show! Connect show! Connect show! Connect show! Connecticut, Connecticut Connecticut... !"#$%&'&()# !"#$"%&'(")*+,-.*/012 31.45$56.6)*+,-.*/012 !"#%&'*()#& !"#$"%&'(")*+,-.*/012*7.5,80'("9 31.45$56.6)*+,-.*/012 %($%#$"$-'$! "#$%&!'()!*&$+,-!'()!.$'/!0!12,#$3-!'()! 4&$#,-!'()!25'+(!'()!655.!'()!2#-%%!'()! 7+$2!'()!85#9!'()!:1'*9!0!-#$%-!'()! ;#'(-!'()!*1(!'()!2$%(-!'()!%$<-!'()! =5$3!'()!*&-*9!'()!:1'(!0!#-8#'(-!'()! >/1,!'()!2/$?!'()!@1#+!'()!#'2!'()! A#$,!$+3!3#52!'()!6'2!0!1+6'2!'()! $-$$-$! B'-8!'()!*53-!'()!C$.!0!1+/5*9!'()! 71#D!'()!%*#5//!'()!2$1%-!'()!*/'*9!'()! 4#5%%!'()!*#$*9!'()!%8'(*&!0!123$(-!'()! E$.-!'()!#-$3!'()!(1+-!'()!2#'+(!'()! $#$'"$! "51*&!'()!@#'+,!'()!2$?!'()!8$(*&!'()! "1#+!'()!/-$<-!'()!%($#(!0!D5#.$(!'(F! ! "-*&+5/5,'*)!"-*&+5/5,'*)!"-*&+5/5,'*)!! (-*&+5/5,'*F 45.2#-)!1%-)!:1-@#-)!$##1.-! %'%&+% " 4$##-,1-)!$25+(-)!3G!655.)!$2-#(-! H,$##-)!(#$@$/&-)!#I2'35!0!$2$,1-! J%*#-<$)!*5#(-)!*5/-)!%$/<-! =',1-)!*&-:1-)!%$'$!0!#--%*#-<$! >/1,1-)!C5,1-)!:1-'.-)!#'2-! H##$%(-!-!%5/(-)!*5.2#'.$!0!3-%*5.2#'.$ "#$+:1-)!2#--+*&$)!/',1-)!$*&-! B-C$)!@/5:1-'-)!$(5/-!0!3-%@/5:1-'-! &%+#" %#!%! H(#$<-%%-)!3-%(#$<-)!(#5:1-)!$(1$/'6-! E5.-'-)!/-'$)!$C1%(-)!'.2#'.$! & ##%'" "5:1-)!/-<-)!2$,1-)!$%%'%($! "'"$! ! "-*+5/K,'*5)!(-*+5/K,'*5)!(-*+5/K,'*5)!! (-*+5/K,'*5F

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Gilberto Passos Gil Moreira nasceu em Salvador e pas-sou a infância em Ituaçu, no interior da Bahia, onde começou a se interessar pela música ouvindo Orlan-do Silva e Luiz Gonzaga. Durante a faculdade de ad-ministração de empresas, conheceu a música erudi-ta contemporânea. Em 1962, gravou o seu primeiro compacto solo e conheceu Caetano Veloso, Maria Be-thânia e Gal Costa, o que resultou na composição do movimento Tropicália. Em 1969, Gil e Caetano Veloso foram taxados de “subversivos” pelo regime militar e partiram para o exílio na Inglaterra. Retornaram ao Brasil em 1972. Gil lançou “Expresso 2222” e

“Refa-zenda”. De 1989 a 1992, Gil foi vereador na Câmara

Municipal de Salvador pelo Partido Verde. Em 2 de janeiro de 2003, tomou posse no cargo de Ministro Após estudar mais sobre a vida e obra desses artistas, que tal apre-sentar suas impressões em um texto e disponibilizá-lo na internet em seu Blog? Além desses artistas você conheceria outros que dis-cutem a relação tecnologia e sociedade? Em sua região há artistas produzindo música com aparatos tecnológicos? Se sim, será que além de você o mundo os conhece? O que eles produzem? Como o fazem? Divulgá-los em seu Blog seria uma boa forma de apresen-tá-los ao mundo, não acha? Vamos experimentar?

Cantor e Ex-Ministro da Cultura Gilberto Gil. Primeiro artista brasileiro a liberar suas músicas na Internet e apoiar a difusão de conteúdo artístico na rede mundial de computadores

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da Cultura, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, do qual demitiu-se em julho de 2008, para dedicar-se à carreira artística. Como artista, foi um dos pioneiros a disponibilizar suas músicas na internet, já tendo um colocado o toque de um celular como melodia poé-tica para abrir seu show. Gilberto Gil é hoje um dos principais defensores do Software Livre e da Liberda-de Digital, tanto que dá permissão para o público fo-tografar, filmar e gravar todas as suas performances.

A dupla francesa de música eletrônica Daft Punk faz constantes críticas com suas músicas a sociedade capitalista e autômata do século 21

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Daft Punk Daft Punk é uma dupla francesa de música eletrônica composta pelos músicos Guy-Manuel de Homem-Christo (1974) e Thomas Bangalter (1975). A dupla é considerada uma das mais bem sucedidas da música eletrônica de todos os tempos, tanto nas vendas quanto nas críticas dos álbuns. O nome “Daft Punk” foi inspirado em um artigo depreciativo, pu-blicado na revista britânica Melody Maker. A revista classificara o primeiro trabalho do duo, gravado em 1992 no estúdio Duophonic, pertencente ao grupo Stereolab - na época, a dupla se chamava ‘Darlin’ e fazia um rock ao estilo Beach Boys - como “um ban-do de punks bobos” (em inglês, “a bunch of daft punk”). A gravação de estreia da Daft Punk com esse nome foi “The New Wave”, lançado pela gravado-ra Soma em 1994. Este foi seguido pelo seu primei-ro sucesso comercial, o single “Da Funk” (1995). O primeiro álbum de estúdio da dupla, Homework (de 1997) foi considerado uma síntese inovadora de te-chno, house music, acid house e electro, e também um dos mais influentes álbuns de e-music da década de 1990. Como resultado da explosão de um sampler no homestudio, datada 9 de setembro de 1999, eles “deixaram de existir” e se tornaram robôs, utilizando até hoje máscaras e trajes robóticos em suas perfor-mances, ocultando sempre suas faces para o público.

PARA EXPERIMENTAR

Ouça as músicas indicadas neste capítulo. De acordo com o que você vem estudando e baseando-se também em suas experiências de vida qual é sua opinião sobre o que elas discutem e sobre como o fazem, ou seja, sobre a relação conteúdo e forma; letra e música. Já pesquisou um pouco mais sobre a biografia dos artistas e o con-texto histórico em que essas obras foram criadas? O que achou? Alguma lhe despertou a atenção? Qual? Por quê? O que achou da letra, da melodia, do ritmo, da cadência? Que tal exercitar seu potencial criativo escrevendo a letra de uma música que aborde a questão da tecnologia e a sociedade? Escolha um tema. Defina algumas palavras-chave. Componha algumas frases, junte-as e crie uma letra. Se tiver aptidões poderia até musicá-la.

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PARA VER

DENISEESTÁ CHAMANDO

O filme Denise Está Chamando (1995), dirigido por Hal Salwen, faz uma reflexão sobre o uso e o impacto dos dispositivos de comunicação na sociedade con-temporânea, mostrando como estes atuam para a transformação do cotidiano de homens e mulheres no século 21. O filme retrata a vida de um grupo de nova-iorquinos que só tem contato através do telefo-ne, do fax e da Internet. Apesar de ter sido gravado na segunda metade dos anos 90, o filme continua atual, servindo para pensar a sociedade hoje, e suas novas formas de entender o espaço, o trabalho, o tempo, os valores éticos e as emoções.

O filme levanta a hipótese de que quanto mais de-senvolvimento tecnológico existe em um território, mais as pessoas se distanciam da vida em grupo,

cara-a-cara. A possibilidade de trabalhar em casa,

garan-tida pela ligação em rede dos telefones e dos com-putadores, traz inicialmente a imagem de conforto e liberdade. Porém, o filme questiona tais “avanços”, pois quanto mais autônomos os personagens ficam em relação às suas vidas profissionais, mais se tornam solitários. E então, gradativamente, os relacionamen-tos vão se tornando virtuais.

HELPDESK MEDIEVAL

Este vídeo, escrito e dirigido em 2001 por Knut Na-erum para o canal de televisão norueguês Broadcas-ting (NRK), faz uma simulação de como seria um pos-sível suporte de Helpdesk na idade medieval, quando os primeiros livros começaram a surgir em substitui-ção aos pairos, e seus usuários ainda não estavam fa-miliarizados com o manuseio do novo e indecifrável objeto. De forma irônica e bem humorada o vídeo faz uma paródia com os novos usuários dos compu-tadores que desconhecem e temem essas máquinas, vendo-se completamente perdido quando são obri-gados a manipulá-las, semelhantemente aos primei-ros usuários de livprimei-ros na idade medieval.

O vídeo foi apresentado pela primeira vez no progra-ma de humor Øystein & Meg, e conta com a atuação de Øystein Bache e Rune Gokstad. Para ver acesse <http://www.youtube.com/watch?v=4ZwJZNAU-hE>.

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Denise está chamando

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Unidade 2

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TECNOLOGIAS

CONTEMPORÂNEAS

NA ESCOLA: NOVAS

FORMAS DE EDUCAR

Contemporaneamente, educadores, poderes públi-cos e a sociedade de um modo em geral são convi-dados a participarem de uma importante discussão referente a como as atuais inovações tecnológicas podem ser incorporadas ao processo educacional. Basicamente estamos tentando responder duas per-guntas principais: quais tecnologias incorporar e como introduzi-las no ambiente escolar. Refletir so-bre estas questões é pensar nos aspectos ideológicos, políticos, econômicos que envolve a educação. No campo ideológico, precisamos refletir sobre as implicações filosóficas da inserção dessas novas tec-nologias no ambiente educacional. É necessário cons-truir uma nova visão do processo de construção do conhecimento, uma nova pedagógia, para que haja uma abertura voltada para uma mudança metodoló-gica e dos papéis dos agentes envolvidos na educa-ção. Os computadores conectados a Internet, quan-do bem utilizaquan-dos em sala de aula, reconfiguram o papel do professor e do aluno. Retira do professor o papel mais importante do processo de aprendizagem, dando mais autonomia aos alunos, pois os dá uma maior responsabilidade pela construção do conheci-mento. Mas, para acontecer uma mudança ideológi-ca é fundamental investimentos na qualifiideológi-cação dos profissionais envolvidos com a educação, formando agentes que conheçam muito bem o aparato tecno-lógico contemporâneo e sejam capazes de desenhar novas metodologias para essas ferramentas, de forma a orientar os alunos na investigação de novas áreas do conhecimento, incentivando sempre a articularem essas novas áreas com seus conhecimentos prévios. Para que haja uma real inserção das tecnologias no contexto da educação é fundamental que também haja uma reflexão sobre as responsabilidades do Go-verno e das demais Organizações Não Governamen-tais para a construção de um ambiente educacional onde as tecnologias sejam uma realidade construtiva e realmente democrática. Para um grande número de estudantes brasileiros, os avanços tecnológicos ainda fazem parte de uma distante realidade, restando ao

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professor apenas o giz, o quadro e sua criatividade para manter os estudantes estimulados no processo ensino-aprendizagem. Assim, compete aos educado-res construírem juntos aos podeeducado-res públicos políticas de incentivo as novas tecnologias no contexto esco-lar. É importante reforçar que o pilar político está diretamente relacionado a esfera econômica, já que uma real inserção das tecnologias no contexto edu-cacional só se faz com a disponibilidade de recursos.

Estudante nigeriana levando seu Laptop para escola. Projeto de inclusão digital One Laptop per Children - OLPC

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Estudantes na África (Nigéria) utilizando computadores em sala de aula. Projeto de inclusão digital One Laptop per Children - OLPC

Estudantes na África (Etiópia) utilizando computadores em sala de aula. Projeto de inclusão digital One Laptop per Children - OLPC

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Em termos pedagógicos para introduzir eficiente-mente as novas tecnologias no ambiente educacio-nal é fundamental começar a pensar em novas me-todologias e, por conseguinte, um novo currículo. O computador quando bem empregado, liberta tanto os professores como os alunos de uma série de limi-tes instalados na sala de aula. Limilimi-tes fiscos/geográfi-cos, ideológifiscos/geográfi-cos, metodológicos etc. Com o professor disposto a articular a aproximação dos alunos com o computador, bem como, disposto a promover tam-bém a sua aproximação com a máquina, pode-se construir um ambiente onde todos se sentirão esti-mulados a criar uma nova postura e ampliar seu pró-prio conhecimento, proporcionando uma nova visão da educação e do mundo.

Estudante nigeriana fazendo a manutenção nos computadores de sua escola. Projeto de inclusão digital One Laptop per Children - OLPC

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Nota-se, porém, que uma nova proposta metodo-lógica que envolva as tecnologias computacionais é acompanhada de uma série de mudanças no co-tidiano escolar que, às vezes, encontra muita resis-tência para que se concretize. É preciso disposição para o novo. A inovação requer, para o seu próprio aprimoramento, a participação, o interesse e o en-volvimento de um coletivo escolar. É preciso ter moti-vação, curiosidade, vontade e criatividade para estar sempre aberto para aprender e buscar novas soluções pedagógicas. A escola obterá ganhos significativos se estiver disposta a procurar constante uma melhor forma de combinar as habilidades e competências humanas e as potencialidades das novas tecnologias, criando assim condições para uma interação inteli-gente, visando um melhor desenvolvimento pessoal de todos os envolvidos neste processo educativo.

Professores na Mongólia fazendo a manutenção nos computadores de sua escola. Projeto de inclusão digital One Laptop per Children - OLPC

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O PERFIL COGNITIVO

DOS ATORES DA EDUCAÇÃO:

PROFESSORES

CONTEMPLATIVOS,

ALUNOS IMERSIVOS

Se as tecnologias contemporâneas configuram uma nova forma de ensinar e aprender, conseqüentemen-te, exigem de seus atores novas habilidades cogni-tivas. Para uma educação edificante, professores e alunos precisam estar afinados quanto a essas novas competências. Sobre esta questão a pesquisadora Lu-cia Santaella, em seu livro Navegar no ciberespaço:

o perfil cognitivo do leitor imersivo (2004), mostra

que há três maneiras diferentes de se relacionar e compreender informações. Cada uma dessas formas repercute na formação de um tipo específico de lei-tor, cada qual com suas especificidades.

A autora analisa, por meio de uma reconstrução his-tórica, as habilidades cognitivas que o homem ne-cessitou desenvolver ao longo de três marcos: o do surgimento dos livros, o da Revolução Industrial e o do nascimento do ciberespaço. Para cada um desses marcos Santaella categoriza um tipo particular de leitor, cada qual com suas particularidades cognitivas desenvolvidas em função do espaço sociocultural em que vive. São eles o leitor contemplativo, o movente e o imersivo.

A transformação pessoal de um tipo de leitor a outro envolve grandes mudanças sensórias, perceptivas, cognitivas e, conseqüentemente, também transfor-mações de sensibilidade. Este é o grande desafio da educação contemporânea, que necessita incorporar as novas tecnologias em seu processo pedagógico e, assim, acaba por evidenciar a disparidade de percep-ção entre professores, que são tradicionalmente lei-tores contemplativos e moventes, e dos alunos, que como nativos digitais são leitores imersivos.

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M ó d u lo 1 8 U n id a d e 2 I n fo rm á ti c a n a a rt e -e d u c a ç ã o 37 Leitor Contemplativo

O leitor contemplativo tem sua origem vinculada à ida-de pré-industrial, e se caracteriza pelo acesso à infor-mação através do livro impresso e da imagem estática, expositiva, do desenho, pintura, mapas ou partituras. É aquele que tem diante de si objetos e símbolos durá-veis, imódurá-veis, localizádurá-veis, manuseáveis. Este leitor se concentra na sua atividade de leitura separando-se do ambiente circundante. Uma prática que gera leitores sentados, imóveis, e, por conseguinte, centrados. No contexto da educação formal tradicional percebe-mos uma tendência a privilegiar a formação dos alu-nos por meio deste método, como única alternativa de leitura possível. Em sala de aula a maior parte do acesso à informação se dá através da leitura contem-plativa. O que entra em grande conflito com o per-fil dos alunos, que como sabemos, precisam também desenvolver as habilidades de leitura contemplativas, porém, possuem outras habilidades intrínsecas ao tipo de leitura que seu contexto histórico os proporcionou.

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Leitor Movente

O leitor movente é resultante da Revolução Industrial e dos grandes centros urbanos. É o leitor de um mun-do em movimento, dinâmico, híbrimun-do, que começa a constituir-se a partir do estímulo de uma profusão de símbolos próprios à paisagem de uma grande cidade. Cartazes, propagandas, carros, roupas, objetos, pré-dios, tudo precisava ser decodificado e interpretado. Lido não de uma forma linear como era praticado nos livros, mas de uma forma mais profusa, forçando seus habitantes a se tornarem leitores de cenas fuga-zes e dinâmicas.

O leitor movente foi se ajustando a novos ritmos da atenção, ritmos que passam com igual velocidade de um estado fixo para um móvel. É o leitor treinado nas distrações do cotidiano, cuja percepção se tor-nou uma atividade instável, não linear e de intensi-dades desiguais. É um leitor apressado de linguagens efêmeras, híbridas, misturadas. Mistura que está no cerne do jornal, primeiro grande rival do livro. Para o jornal, tem-se um leitor fugaz, que procura por no-vidade, de memória curta, mas ágil. Um leitor que precisa esquecer, pelo excesso de estímulos, e na fal-ta do tempo para retê-los. Um leitor de fragmentos, leitor de tiras e fatias de realidade. Leitor que nasce nesta era, mas se estende até o advento da revolução eletrônica, era do apogeu da televisão.

Na educação temos cada vez mais alunos com gran-des habilidagran-des para a leitura fragmentada e não-linear, ritmo recorrente nos filmes contemporâneos e por boa parte de produtos televisivos. Aprender a lê-los é o primeiro grande passo para se tornar um leitor imersivo.

Leitor Imersivo

O leitor imersivo é um nativo digital, ou seja, nasceu no contexto da cibercultura. É um sujeito que apren-deu intuitivamente a navegar entre nós, fazendo co-nexões alineares na internet, sem a necessidade de ter roteiros preestabelecidos. Este leitor coloca em ação habilidades muito distintas daquelas que são empregadas pelo leitor contemplativo, que se dedica a um texto impresso como o do livro. Por outro lado, são habilidades também distintas daquelas emprega-das pelo leitor movente, receptor de imagens ou es-pectador de cinema e televisão. Conectando na tela,

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por meio de movimentos e cliques de um mouse, o leitor vai unindo, de modo a-seqüencial, fragmentos de informação de naturezas diversas, criando e expe-rimentando, na sua interação com o potencial dia-lógico da hipermídia, um tipo de comunicação mul-tilinear e labiríntica. Por meio de saltos receptivos, esse leitor é livre para estabelecer sozinho a ordem textual ou para se perder na desordem dos fragmen-tos, pois no lugar de um volume encadernado com páginas em que as frases e/ou imagens se apresen-tam em uma ordenação sintático-textual previamen-te prescrita, surge uma ordenação associativa que só pode ser estabelecida no ato de leitura. O leitor imersivo trata-se, na verdade, de um leitor implodido cuja subjetividade se mescla na hipersubjetividade de infinitos textos num grande caleidoscópico tridi-mensional onde cada novo nó e nexo pode conter uma outra grande rede numa outra dimensão. A leitura de hipermídia é uma maneira inteiramen-te nova de ler, distinta do modo operaninteiramen-te linear do leitor contemplativo, que segue as seqüências de um texto impresso, virando páginas, manuseando volu-mes, percorrendo com passos lentos a biblioteca. Tam-bém difere do leitor movente, pois não se trata mais de um leitor que assiste passivamente a uma tela, mas

O leitor imersivo acessa a informação traficando e se conectando com múltiplas janelas, nós, pessoas, simultaneamente

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de um leitor que interage com uma tela. Um leitor em estado de prontidão, conectando entre nós e ne-xos, construtor de um roteiro tridimensional, multisse-quencial e labiríntico que é feito ao interagir com os nós entre palavras, imagens, músicas, vídeo etc.

Esta navegação interativa entre nós, com roteiros ali-neares, promove transformações sensórias, percepti-vas e cognitipercepti-vas que trazem conseqüências também para a formação de um novo tipo de sensibilidade corporal, física e mental destes leitores. Mas, quais são as competências e habilidades perceptivas e cog-nitivas que estão por trás desse novo modo de leitu-ra? Que operações mentais, perceptivas e sensórias guiam os comandos do leitor quando movimenta e “clica” o mouse? Analisando o fenômeno da leitura de hipermídias podemos identificar que o seu leitor acaba por desenvolver certas habilidades. São elas:

t Métodos de busca e de solução de problemas; t O desejo para a pesquisa e o desenvolvimento

de métodos de busca/pesquisa para soluções de problemas;

t Autonomia do aluno;

t Experiências de socialização; t Exercício da escrita;

t Exercitar os múltiplos pontos de vista e uma vi-são sistêmica, transdisciplinar do tema;

t Capacidade de decodificação/interpretação ágil de sinais e rotas semióticas;

t Comportamentos e tomadas de decisões cogni-tivas alicerçados em operações inferenciais. Estas são algumas das características do leitor imer-sivo, nosso atual aluno. Para conseguirmos dialogar efetivamente com eles precisamos deter as mesmas habilidades. Os professores, atualmente em exercício, foram formados em uma cultura contemplativa e mo-vente, ainda distante da atual cultura imersiva. Conse-qüentemente, é bastante comum que estes professo-res estabeleçam, implícita ou explicitamente, relações conflituosas com a informática na educação, manifes-tando preconceitos, medos e inseguranças por uma

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visão limitada, que por vezes reduz o computador a um livro didático eletrônico ou a uma máquina de es-crever. Assim, a formação do professor aparece como um fator de primeira ordem para resolver tal impasse. Para isso, precisamos refletir sobre quais seriam nos-sas habilidades perceptivas e cognitivas, hoje. Quais habilidades possuímos e quais precisamos desenvol-ver para ler adequadamente os livros, os jornais, as paisagens urbanas das cidades, a moda, a televisão, e, principalmente, as infovias do ciberespaço. E como navegar é preciso, é crucial que refletindo sobre tais habilidades tentemos avançar na concepção e na proposição de estratégias para que o computador, com sua possibilidade de promoção da leitura imer-siva, seja adequadamente utilizado em sala de aula. Sabemos que a tecnologia, por si, não implica neces-sariamente em educação de qualidade, e pouco pode ser feito sem a qualificação adequada dos professores para o uso dessa nova mídia. Assim, é emergencial re-aprendermos a ler, e que esta leitura nos provoque para a concepção de novas práticas pedagógicas.

POLÍTICAS PÚBLICAS: POR

UMA EDUCAÇÃO DIGITAL

Atentos à crescente demanda pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação em sala de aula, o Governo Federal vem construindo, com a ajuda da comunidade acadêmica, espaços virtuais na internet que objetivam auxiliar a prática pedagógica no país, bem como servir de ponto de pesquisa para os alunos. Entre os projetos podemos destacar o Portal Domínio Público, o site Objetos Educacionais, a Rede Interativa Virtual de Educação e o Portal do Professor. O Portal Domínio Público <http://www.dominiopublico. gov.br>, criado pelo Governo Federal, é uma biblioteca digital gratuita onde professores, alunos, pesquisado-res e a população em geral poderão pesquisar e baixar obras literárias, artísticas e científicas, na forma de tex-tos, sons, imagens e vídeos. As obras do portal fazem parte do patrimônio cultural brasileiro e universal, sendo de domínio público ou com divulgação devida-mente autorizada. Além desse acervo cultural, todos os programas da TV Escola que abordam questões do

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