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Metodologia de projetos na educação infantil: ressignificando o cotidiano escolar

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ

DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO – DHE

CAROLINE SANGIOGO

METODOLOGIA DE PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

RESSIGNIFICANDO O COTIDIANO ESCOLAR

IJUÍ (RS) 2015

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CAROLINE SANGIOGO

METODOLOGIA DE PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

RESSIGNIFICANDO O COTIDIANO ESCOLAR

Trabalho de Conclusão de Curso em Pedagogia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia.

ORIENTADORA: Profª. Drª. Noeli Valentina Weschensfelder

IJUÍ (RS) 2015

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, em primeiro lugar, pelo dom da vida, por me dar força, sabedoria e motivação necessária para concluir esta etapa tão importante em minha vida.

À minha família pelo carinho e incentivo ao longo da minha caminhada acadêmica.

À meu noivo, pela paciência, e por entender minha ausência durante esse percurso.

Agradeço a ajuda da minha orientadora, professora Noeli, que me auxiliou durante o processo de construção do TCC. Muito obrigada! É o mínimo que posso dizer a todos que mesmo indiretamente, contribuíram para que chegasse até aqui e cumprir mais uma etapa da minha vida.

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RESUMO

A seguinte pesquisa foi elaborada tendo como tema a Metodologia de Projetos na Educação Infantil: Ressignificando o Cotidiano Escolar. A pesquisa parte da problematização de porque trabalhar com projetos na Educação Infantil, quais os desafios/contribuições dessa metodologia, assumindo a Pedagogia em Participação como possibilidade para uma educação de qualidade. Desse modo, o objetivo central foi investigar se essa metodologia é usada nas escolas, e como trabalha-se com esta, a fim de que se respeite as necessidades das crianças. Trata-se de uma reflexão a partir de vivências pessoais no cotidiano escolar em diversas escolas, e conversas com docentes, sendo que a pesquisa evidenciou a Pedagogia da Participação para um trabalho qualitativo com projetos, assumindo a criança como sujeito participante na construção de sua aprendizagem.

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5 SUMÁRIO RESUMO ... 4 INTRODUÇÃO ... 6 1. METODOLOGIA ... 8 1.1. Classificação da Pesquisa ... 8 1.2. Coleta de dados ... 9

1.3. Análise e interpretação dos dados ... 9

2. EDUCAÇÃO INFANTIL: CUIDAR OU EDUCAR? ... 10

3. PROJETAR ... 12

4. VIVÊNCIANDO A METODOLOGIA DE PROJETOS E A POTENCIALIZAÇÃO DA APRENDIZAGEM ... 16

5. CONHECENDO A REALIDADE DE PROFESSORES EM DIFERENTES COTIDIANOS ESCOLARES ... 20

6. PROJETAR: RESSIGNIFICANDO O ENSINO APRENDIZAGEM ... 24

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 27

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INTRODUÇÃO

A escola é uma importante instituição humana, cuja função é de preparar o indivíduo para viver na sociedade. É por meio da escola que são transmitidos valores culturais, morais e sociais. Hoje a escola defronta-se com diversas realidades, e assim, novas exigências, sendo esta um importante local de troca, de obtenção de informação e de aprendizado.

Trata-se então, da escola contar com professores que orientem os alunos frente de estímulos, frente à realidade do processo de sua aprendizagem, pois segundo Gadotti (1995 p.111) “O professor não deve moldar um aluno, deve levá-lo a descobrir e a trilhar um caminho próprio.”, preparando as crianças para viverem em sociedade, pois nada substitui uma escola, espaço em que se trabalha com a diversidade, com disciplina e serenidade despertando nos alunos o prazer de estar na escola. E “na verdade, apenas sabendo como a criança aprende é que podemos lhe proporcionar situações didático-pedagógicas que façam sentido para ela.” (Patrícia Fernanda Carmem Kebach, 2011, p.42).

Assim, “a aprendizagem não pode mais ser vista simplesmente como a transmissão ou a reprodução de conhecimentos.” (Barbosa; Horn, 2008. P.26). Mas, conforme Rinaldi (in Barbosa; Horn, 2008, p.26) “como um processo de construção da razão, dos porquês, dos significados, do sentido das coisas, dos outros, da natureza, de realização, da realidade, da vida. É um processo de auto e socioconstrução, um ato de verdadeira e própria coconstrução.”

Para isso, precisamos de uma metodologia em que a criança seja participante do processo de ensino/aprendizagem, e

A pedagogia de projetos é uma possibilidade interessante em termos de organização pedagógica porque, entre outros fatores, contempla uma visão multifacetada dos conhecimentos e das informações. Todo projeto é um processo criativo para alunos e professores, possibilitando o estabelecimento de ricas relações entre ensino e aprendizagem, que certamente não passa por superposição de atividades. (BARBOSA;HORN. 2008, p.53)

Através da pedagogia de projetos a escola se propõe a ensinar o aluno a pensar, despertando uma consciência critica e transformando o aluno em

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7 sujeito da ação pedagógica. Uma vez que os projetos trazem a possibilidade de compreender os mais diversos conhecimentos através de múltiplas linguagens.

O planejamento desenvolvido por meio de projetos pedagógicos, em Educação Infantil, tem por fundamento uma aprendizagem significativa para as crianças. Eles podem se originar de brincadeiras, da leitura de livros infantis, de eventos culturais, de áreas temáticas e de necessidades observadas quanto ao desenvolvimento infantil. Vários projetos podem se desenvolver ao mesmo tempo, de tal forma que se dê a articulação entre o conhecimento científico e a realidade espontânea da criança, promovendo a cooperação e a interdisciplinaridade num contexto de jogo, trabalho e lazer. (HOFFMAN. 2012, p.77)

Minhas experiências/vivências envolvendo a metodologia de projetos me instigaram a estudar a importância dos projetos na Educação Infantil, a fim de promover o ensino contextualizado e a potencialização da aprendizagem.

O primeiro capítulo da pesquisa consiste na metodologia utilizada para coleta de dados; na sequência reflito sobre o papel da Educação Infantil: cuidar ou educar, que atualmente passa por progressivas mudanças. Dando continuidade, conceituo o que é projetar, e porque fazer um projeto, destacando a importância de projetar para uma aprendizagem significativa e de qualidade.

Posteriormente, escrevo sobre a metodologia de projetos e a potencialização da aprendizagem, trazendo uma análise sobre o trabalho realizado com projetos, em que as crianças são as protagonistas principais. Após esta analise, trago reflexões baseadas em pesquisa feita com professores de educação infantil, que atuam em diferentes ambientes escolares.

Seguindo, abordo o trabalho com projetos, de forma a ressignificar o ensino aprendizagem, promovendo uma pedagogia participativa. Por fim, apresento as considerações finais, em que de forma resumida foi possível refletir sobre pesquisas envolvendo a metodologia de projetos e a pedagogia participativa, analisando criticamente suas contribuições no cotidiano escolar, e construindo referencias para subsidiar minha prática docente.

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1. METODOLOGIA

Após vivências em sala de aula, a metodologia de projetos baseados, na maioria das vezes, em datas comemorativas, me inquietou muito quanto futura docente. Portanto, optei por realizar uma pesquisa para refletir sobre suas contribuições e desafios no cotidiano escolar.

1.1. Classificação da Pesquisa

Este trabalho classifica-se como quantitativo, uma vez que foram elaborados demonstrativos com base em informações de questionários, enviados via Facebook, para dez professoras que atuam na área da Educação Infantil, sendo elas cinco de escolas públicas e cinco de escolas particulares, o mesmo objetivou verificar como é trabalhada a metodologia de projetos pedagógicos em diferentes realidades escolares, que não fossem apenas as que eu já havia experienciado. Também pode ser denominada como uma pesquisa qualitativa, pois visa “[...] compreender melhor a manifestação geral de um problema, as ações, as percepções, os comportamentos e as interações das pessoas [...]” (MENGA LÜDKE; MARLI ANDRÉ, 1986, p.18-19).

Também foi realizado estudo de caso, o qual

Justifica sua importância por reunir informações numerosas e detalhadas com vista em apreender a totalidade de uma situação. [...] A riqueza das informações detalhadas auxiliam num maior conhecimento e numa possível resolução de problemas relacionados ao assunto estudado. (BRUYNE, HERMAN E SCHOUTHEETE, apud BEUREN et al, 2003. p.84)

Relato aqui como foi vivenciada a pedagogia participativa, com uma turma de Pré-Escola na rede pública, em meu estágio no Componente Curricular Currículo e Docência na Educação Infantil.

Visando fazer uma ponte entre a teoria e a prática procurou-se no decorrer do trabalho revisar publicações realizadas na área de estudo, qualificando esse trabalho também como uma pesquisa bibliográfica.

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1.2. Coleta de dados

A coleta de dados foi obtida por meio de questionário realizado com professoras, buscando analisar como são trabalhados com projetos nas salas de Educação Infantil, como são escolhidos/propostos os projetos e o tempo de duração. Assim como, em minhas vivências de sala de aula relato uma experiência vivenciada.

Desta forma, os instrumentos para a coleta de dados foram observação sistemática - que segundo Beuren et al (2003, p.128-129) é um método de examinar os fatos investigados de forma detalhada – individual e participante na vida real, uma vez que foi realizada apenas por um pesquisador, através de vivências.

Foram usadas ainda pesquisas bibliográficas que

Possibilitam não só resolver os problemas já conhecidos, mas também explorar novas áreas onde os problemas ainda não se cristalizaram suficientemente. Assim, a pesquisa bibliográfica propicia a investigação de determinado assunto sob ou novo enfoque ou abordagem. (MARCONI, LAKATOS, 2002)

Pode-se dizer que a pesquisa bibliográfica é a leitura e reflexão de publicações sobre determinado tema.

1.3. Análise e interpretação dos dados

A análise e interpretação dos dados consistem nos métodos utilizados para alcançar os objetivos da pesquisa. Desta forma, os apontamentos e conclusões apresentados no decorrer do trabalho tiveram como base a análise de referenciais teóricos e sua relação com as experiências do estudo de caso.

Também foram realizados, através dos dados levantados com o questionário, gráficos que apresentam o percentual das respostas obtidas das dez professoras, para melhor interpretar estas informações.

As análises dos dados obtidos foram feitas no intuito de refletir sobre a metodologia de projetos pedagógicos na Educação Infantil e sobre os desafios da pedagogia participativa, sendo esta potencializadora da aprendizagem, ressignificando o ensino/aprendizagem.

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2. EDUCAÇÃO INFANTIL: CUIDAR OU EDUCAR?

A História da Educação é parte da história da cultura e, assim, também parte da história geral, sem a educação, portanto, não haveria aquisição e transmissão da cultura, pois é pela educação que a cultura sobrevive. Em cada tempo/espaço histórico, a educação atendeu a determinados objetivos, que correspondiam a visões de homem e de mundo.

Inicialmente a Educação Infantil era vista apenas como um local de cuidado, em que se colocavam os filhos na escola enquanto precisava-se ir trabalhar. A Educação Infantil é então regulamentada com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96), definindo-a como a primeira etapa da Educação Básica, visando o desenvolvimento integral da criança de zero a seis anos de idade, sendo de extrema importância a associação entre o cuidar e educar, o espaço e o tempo e a interação entre as crianças.

Hoje, a Educação Infantil dirigida às crianças de zero a seis anos ganha estatuto de direito, sendo a etapa inicial da educação básica. Torna-se necessário, portanto, escolas próprias para crianças, e que acolha crianças, em espaços/tempos pensados especialmente para elas, respeitando o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças pequenas.

Em minhas vivências, foi possível perceber que alguns pais ainda veem à escola de educação infantil como um local de cuidado, principalmente na faixa etária de 0 a 3 anos, portanto precisa-se muito desmistificar esse conceito de educação infantil, para que assim se reconheça e verdadeira importância das escolas desde os primeiros anos de vida, sendo que estas têm responsabilidade com o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças pequenas.

Neste sentido, é imprescindível uma pedagogia participativa, que coloque as crianças como sujeitos participantes do ensino/aprendizagem, instiguem a curiosidade, a inquietação, Sendo as crianças sujeitos sócio-histórico, produtores de cultura, portanto, não precisa apenas de cuidado, mas de acolhimento, segurança, e acima de tudo, educação, construção da autonomia.

Com tantas inovações, transformações, os docentes enfrentam novas exigências, e novos desafios, sendo o planejamento fundamental para um

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11 trabalho de qualidade, e para isso é preciso ouvir as crianças e reconhecer o conhecimento de mundo das mesmas, vê-las como um ser histórico e social, com direitos e responsabilidades, alguém com vontades próprias, assim como

garantir à criança acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças. (BRASIL, 2012. p.18)

Ser professor de Educação Infantil, portanto, é uma busca contínua por saberes e experiências, uma vez que este deve instigar em seus alunos dúvidas, inquietações, para construírem juntos o ensino/aprendizagem, de forma significativa e prazerosa, “entendendo o cuidado como algo indissociável ao processo educativo. (BRASIL, 2012. p.19).

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3. PROJETAR

A criança é um “sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos, produzindo cultura.” (BRASIL, 2010. p.12). Portanto, temos que considerar a criança como um sujeito, com desejos, ideias, opiniões, capacidade de decidir, de criar, de inventar que se manifestam, desde cedo, nos seus movimentos, expressões, olhares e falas, pois ela é um cidadão de direitos e quando falamos em direitos estamos considerando sua história, sua origem, sua cultura e o meio social em que vive, estamos garantindo legalmente esses direitos que são iguais para qualquer criança.

Neste contexto, “a Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os cinco anos de idade, nos aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.” (BRASIL, 2010. p.12). A educação infantil é o alicerce, a etapa fundamental na constituição do sujeito, e educar consiste em fazer o aluno pensar, construir e multiplicar seus conhecimentos e valores.

Assim, “a aprendizagem não pode mais ser vista simplesmente como a transmissão ou a reprodução de conhecimentos.” (Barbosa; Horn, 2011. p.26). Mas,

como um processo de construção da razão, dos porquês, dos significados, do sentido das coisas, dos outros, da natureza, de realização, da realidade, da vida. É um processo de auto e sócio-construção, um ato de verdadeira e própria coconstrução. (Rinaldi. in Barbosa;Horn, 2008, p.26).

Para uma aprendizagem de qualidade precisamos, portanto, oferecer momentos significativos para as crianças, partindo do interesse destes, de suas interrogações, descobertas e conhecimentos prévios. Cabendo a escola assumir papel de agente transformador, fazendo com que os alunos desenvolvam e construam seu conhecimento. Trabalhar com projeto, nesse sentido, faz com que as várias áreas de conhecimento estejam interligadas, de

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13 forma interdisciplinar, tendo como foco desenvolver habilidades e competências nos sujeitos participantes, uma vez que

Um projeto é uma abertura para possibilidades amplas de encaminhamento e de resolução, envolvendo uma vasta gama de variáveis, de percursos imprevisíveis, imaginativos, criativos, ativos e inteligentes, acompanhados de uma grande flexibilidade de organização. (BARBOSA; HORN. 2008. p.31)

Projetar, de acordo com o Dicionário Aurélio significa arremessar; atirar longe; fazer incidir; estender; prolongar; representar por meio de projeção; fazer o projeto de; planejar; tencionar. Assim, projetar torna-se necessário, uma vez que “os projetos foram construídos com o intuito de inovar e de quebrar o marasmo da escola tradicional.” (BARBOSA; HORN. 2008. p.19).

O trabalho com projetos amplia as possibilidades de construção do conhecimento, de forma interdisciplinar, tendo como maior objetivo a aprendizagem significativa, pois possibilita o diálogo com as crianças, respeitando seus conhecimentos prévios, e instigando-os a buscar, pesquisar, criticar, participando ativamente de seu ensino/aprendizagem, e muitas vezes de forma lúdica, sem se dar conta. Os projetos devem ser “elaborados e executados com as crianças e não para as crianças.” (Barbosa; Horn, 2008. p.34).

Projetar é como construir um puzzle cujas peças estão dentro da caixa, mas não há na tampa o desenho da figura final. Monta-se, tenta-se, procuram-se aquelas que tem conteúdo ou forma semelhantes e, aos poucos, vai emergindo uma surpreendente figura. Os conteúdos são peças do quebra-cabeça e somente ganham significação quando relacionados em um contexto. (Barbosa; Horn, 2008. p.34)

Os projetos que partem do interesse dos alunos, além de envolvê-los nas pesquisas e investigações, promovem uma aprendizagem significativa, além de incentivá-los a ter maior responsabilidade com seu próprio aprendizado. Com a metodologia de projetos o professor cria um ambiente estimulante que não se limita a acertos e erros. Os alunos tomam decisões, ajudam a criar e são protagonistas de sua aprendizagem.

Ao contrário das atividades rotineiras, de memorização, repetição, as crianças passam a descobrir, apresentar, pesquisar, não são mais apenas

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14 ouvintes, mas comunicam-se, de forma a se fazer compreender. Um projeto não é algo pronto, é uma construção coletiva.

A pedagogia de projetos vê a criança como um ser capaz, competente, com um imenso potencial e desejo de crescer. Alguém que se interessa, pensa, duvida, procura soluções, tenta outra vez, quer compreender o mundo a sua volta e dele participar, alguém aberto ao novo e ao diferente. (BARBOSA;HORN. 2008. p.87)

A metodologia de projetos oportuniza que as crianças sejam protagonistas de suas aprendizagens, tendo participação ativa em todas as etapas da construção desta, elas aprendem a serem autônomas, argumentar, pesquisar, socializar, se posicionar, e jamais se calar diante de suas inquietudes. E o professor não será mais o “transmissor”, mas estará juntamente com as crianças buscando novos conhecimentos. Pois, “para se trabalhar com projetos, é essencial que desapareça o educador infantil proprietário único do saber e da cultura, que olhe seu aluno como ‘lousa não preenchida ou mente vazia’ dos ensinamentos que transfere” (ANTUNES, 2012, p.17).

Para trabalhar na Educação Infantil o educador precisa, portanto, ter um perfil adequado, considerando a criança como “ponto de partida, o centro e o fim. O seu desenvolvimento e crescimento, o ideal. (...) A finalidade não é o conhecimento, a informação, mas a autorrealização.” (FORMOSINHO; GAMBÔA, 2011. p.52)

A metodologia de projetos exige do professor um trabalho diferenciado, sendo que “Ao professor cabe prioritariamente criar um ambiente propicio em que a curiosidade, as teorias, as dúvidas e as hipóteses das crianças tenham lugar, sejam realmente escutadas, legitimadas e operacionalizadas para que se construa aprendizagem.” (BARBOSA; HORN, 2008. p.86)

O docente, portanto, precisa ter um planejamento flexível, e adequado aos interesses e necessidades das crianças, criando um ambiente de cooperação e respeito. Assim, mediando conhecimentos e estimulando aprendizagens, sugerindo desafios, e levantando dúvidas, inquietações, visando a interação e a brincadeira, garantindo que o aluno adquira conhecimento de si e do mundo, por meio de experiências, oferecendo um

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15 espaço em que a criança possa vivenciar diferentes tipos de linguagens, através de atividades individuais e coletivas.

Neste sentido, projetar desenvolve autonomia, liberdade, individualidade e sociabilidade, instiga a participação e a busca por novos saberes, partindo do interesse e necessidades das crianças. Trarei no próximo capítulo uma experiência desenvolvida num dos estágio como possibilidade da vivenciar a pedagogia da participação.

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4. VIVÊNCIANDO A METODOLOGIA DE PROJETOS E A

POTENCIALIZAÇÃO DA APRENDIZAGEM

Vivenciei diversas experiências na educação infantil em meus estágios durante o Curso Normal (Magistério) e a Pedagogia, assim como em minha caminhada como professora regente de turma, sendo que a maioria, se não todas, trabalhavam com projetos que partem de datas/escolhas da escola/professor. Certo dia, enquanto trabalhava com o projeto sobre o Meio Ambiente/Primavera, confeccionamos um terrário. Ao chegar na sala, meu propósito era representar a vida no planeta terra, e o nosso meio ambiente, porem após esse dia, cada dia surgiam mais aprendizagens e descobertas em cima do que era para ser apenas um terrário.

Inicialmente apresentei o vidro, e questionei-os sobre o que era aquele vidro e para que servia, pois segundo Barbosa e Horn “o ponto de partida será sempre o diálogo, buscando-se detectar o que elas já sabem sobre o tema a ser estudado.” (BARBOSA E HORN. 2008. p.84).

- “O que será que é esse vidro?”, “Para que?” - Um aquário. (Aluna J)

- Podemos colocar um peixe. (Aluno JV)

- Mas o que nós temos aqui nesse vidro? (Questionei novamente, agora com areia, pedra e terra dentro.)

- Areia, pedrinha, terra. (Respostas dos alunos) - E o peixe vai sobreviver na terra sem água? (Profe)

Após pensar um pouco a aluna A disse: - “É um terrário”.

Questionei-a sobre o que era um terrário, ela então disse que sabia o que era pois sua prima havia construído um terrário na escola dela. Mas, e porque um terrário? O que se coloca em um terrário?

- “Flor” - “Formiga” - “Joaninha”

Como estávamos trabalhando primavera, levei duas mudas de flores para plantar, então começamos, cada um ajudando um pouco.

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17 Para surpresa de todos, após plantar a flor peguei um potinho que havia levado de casa, e quando mostrei para eles, as reações foram diversas, (nojo, curiosidade...). Expliquei então que no meio ambiente tem animais, porem eu havia encontrado apenas uma lesma para colocar no nosso terrário, e eles teriam como tema encontrar mais animais e trazer.

- Eu vou trazer minhoca lá em casa tem grande. (JO) - Lá em casa tem lesma. (M)

- Eu vou pedir para o meu pai me ajudar também. (J)

O que não se imaginava era que as crianças iam gostar tanto da lesma, e ter tantas curiosidades; ao mostrar a lesma e coloca-la lá começaram as perguntas, queriam saber o que comia, de onde vinha... Assim, iniciamos nossos estudos sobre as lesmas.

As crianças ficaram tão encantadas com o terrário e observando a lesma, que não queriam sair de perto, e ficaram preocupados em deixar o mesmo sozinho até o outro dia.

No outro dia, ao chegar na sala, todos correram até o terrário ver a lesma e colocar seus animais, vieram mais e mais lesmas, alguns caracóis, um besouro, uma joaninha, uma formiga e um grilo.

Segundo Leite “Um projeto gera situações problemáticas, ao mesmo tempo, reais e diversificadas. Possibilita, assim, que os educandos, ao decidirem, opinarem, debaterem, construam sua autonomia e seu compromisso com o social.” (1996; p.9). Sendo assim, cabe ao docente incentivar/instigar os educandos a formular perguntas, estimulando a visão crítica. Portanto, sentamos em rodinha, e com o auxílio do notebook e internet pesquisamos

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18 curiosidades, dúvidas e fotos de diferentes lesmas, buscando assim saciar um pouco da curiosidade e dúvidas das crianças, mas a cada resposta surgiam mais perguntas:

- Onde elas dormem? (J)

- Eu acho que elas dormem na casca. (JO) - O que as minhocas comem? (J)

- Terra né. (JO)

- Como vão comer terra se os dentes vão ficar sujos. (J) - Lesma tem dentes? (A)

- Por que a lesma fica grudada? (J) - Por causa da gosma. (D)

Em pouquíssimos dias as lesmas tinham comido tudo, e só ficaram lesmas no terrário, portanto não tinha mais comida para elas. Assim, a cada dia uma criança trazia comida, abríamos o terrário e colocávamos dentro.

Todo dia ao chegar na escola, antes de iniciar a aula também fazíamos corrida de lesmas, confeccionamos uma pista, escolhíamos três lesmas diferentes e colocávamos na pista, para ver quem chegava primeiro até a comida.

O terrário ficou na sala até o final do ano. No último dia de aula as crianças pediram o que faríamos com as lesmas, conversamos, e decidimos largar elas no pátio da escola.

Assim, descobri a importância do trabalho com projetos que partem das crianças, e “de um problema real, de uma interrogação, de uma questão que afete ao grupo tanto do ponto de vista socioemocional quanto cognitivo..” (BARBOSA; HORN. 2008. p.40). A diferença na significação e aprendizagem

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19 das crianças é visível, pois o trabalho com projeto além de aguçar a curiosidade, estimula também a capacidade de argumentação e investigação.

Para trabalhar com projetos é importante considerar as experiências das crianças, suas realidades, curiosidades e necessidades, favorecendo assim a autonomia, responsabilidade e, autoconfiança. É através do trabalho com projetos, de forma interdisciplinar e lúdica, tornando a criança protagonista do seu processo de aprendizagem, que construiremos uma educação de qualidade, em que ensinar e aprender seja algo prazeroso.

O educador, precisa compreender a importância do projeto na elaboração, execução e culminância, para oportunizar que a criança esteja presente ativamente em cada fase, e que este provoque a inquietação, a curiosidade, a busca, descobertas, pesquisas, propiciando de forma gradual e plena o desenvolvimento dos alunos, estimulando-os a serem pensantes, atuantes e ativos no meio em que estão inseridos, e construindo aprendizagens significativas.

Precisamos, portanto, de uma pedagogia participativa “onde as interações e relações sustentam atividades e projetos que permitem às crianças coconstruir a sua própria aprendizagem e celebrar as suas realizações (Formosinho & Oliveira-Formosinho, 2008; Oliveira-Formosinho, 2008)”, para que as crianças sejam protagonistas do seu aprender.

Neste sentido, a pedagogia de projetos, na Educação Infantil, possibilita o trabalho com informações variadas, aumentando a compreensão de mundo, assim como a construção da autonomia, ensinando a pensar, criticar, arriscar a buscar sempre novos conhecimentos, uma vez que a pedagogia participativa envolve os educandos na busca dos saberes, rompendo com o ensino tradicional e ressignificando o espaço escolar.

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5. CONHECENDO A REALIDADE DE PROFESSORES EM DIFERENTES COTIDIANOS ESCOLARES

Considerando que temos diversos cotidianos escolares, cada qual com uma realidade distinta, tomei a liberdade de entrevistar dez professoras, cinco de escolas públicas e cinco de escolas privadas, na Educação Infantil, que residiam em Ajuricaba e Ijuí. Objetivei com as entrevistas saber como é usada a metodologia de projetos nas salas de aula, com a respectiva análise, posso pensar e refletir também outras realidades, a fim de observar se esta metodologia está sendo usada de forma adequada, proporcionando uma aprendizagem significativa. Os dados foram calculados de acordo com o número de respostas, sendo 10 respostas, e cada uma correspondendo a 1%.

Os dados apresentados no gráfico 1, demonstram como é feita a escolha do tema dos projetos. As respostas obtidas mostram que 100% das professoras, não têm autonomia na escolha do tema dos projetos, sendo estes escolhidos pela equipe gestora. Dado altamente significativo, se considerarmos a participação das crianças, se nem as professoras têm liberdade de escolha, que ambiente de autonomia é esse? Trata- se de um dado revelador que deverá ser considerado pela universidade ao fazer seus cursos de formação.

Gráfico 1 – Escolha dos projetos.

0%

100%

A escolha dos projetos é feita por:

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21 Quanto à escolha do tema do projeto, percebe-se que a maioria, ou seja, nove das escolas em que as professoras entrevistadas atuam, têm planejamento coletivo, e a temática escolhida deverá ser trabalhada por toda a escola, porém adequando a faixa etária da sua turma, sendo na maioria das vezes baseado em datas comemorativas. Percebe-se uma liberdade regulada, por uma equipe que quer a autonomia das professoras, até que ponto?

Gráfico 2 – Escolha do tema dos projetos.

Em muitas escolas percebe-se o uso das datas comemorativas como projeto, porém é preciso que os projetos sejam pensados para e pela as crianças. Que sentidos têm para as crianças tal organização curricular, se as escolhas são feitas pelos adultos que dirigem a escola?

Para haver aprendizagem, é preciso organizar um currículo que seja significativo para as crianças e também para os professores. Um currículo não pode ser a repetição continua de conteúdos, como uma ladainha que se repete infindavelmente no mesmo ritmo, no mesmo tom, não importando quem ouça, quem observe ou o que se aprende. (BARBOSA; HORN, 2008. p.35)

O gráfico 3 nos trás o tempo de duração dos projetos, sendo a maioria dos projetos pensados mensalmente.

90% 10%

Escolha do tema dos projetos é feita

de acordo com:

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22 Gráfico 3 – Tempo de duração dos projetos.

No que se refere a como são trabalhados os projetos no cotidiano escolar, observa-se que 50% dos professores, ou seja, apenas 5 das entrevistadas, trabalham de forma lúdica, sendo esta muito importante na Educação Infantil, uma vez que as crianças aprendem mais se divertindo, brincando, e a aprendizagem se torna algo prazerosa e significativa. Neste sentido, é tarefa do professor “criar um ambiente propicio em que a curiosidade, as teorias, as duvidas e as hipóteses das crianças tenham lugar, sejam realmente escutadas, legitimadas e operacionalizadas para que se construa aprendizagem.” (BARBOSA; HORN, 2008. p.86)

Gráfico 4 – Como são trabalhados os projetos no cotidiano escolar.

21%

72% 7%

Tempo de duração dos projetos

Semanal Mensal Não tem tempo determinado

50%

10% 15%

25%

Como são trabalhados os projetos no

cotidiano escolar:

De forma lúdica Com atividades prontas Aula expositiva Experiências práticas

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23 Segundo Barbosa; Horn, “os projetos são um dos muitos modos de organizar as práticas educativas. Eles indicam uma ação intencional, planejada coletivamente, que tenha alto valor educativo, com uma estratégia concreta e consciente, visando a obtenção de determinado alvo.” (2008. p.33-34). Sendo que devem partir de um problema real, uma interrogação. Diante de tal questão, pergunto que Currículo está sendo oferecido para as crianças da Educação Infantil, quando nem mesmo as professoras têm liberdade de escolha? Será que as atividades propostas são mesmo lúdicas? Trabalhar coletivamente significa toda a turma e professora decidindo juntos, sendo protagonistas, inclusive com a criança tendo lugar de fala, de opinião, de decisão e de atuante da cultura infantil.

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24

6. PROJETAR: RESSIGNIFICANDO O ENSINO APRENDIZAGEM

O planejamento é um ato constante de todo ser humano no decorrer das suas tarefas cotidianas, mesmo que inconscientemente. E para entrar em uma sala de aula não seria diferente. O professor precisa conhecer a realidade de seus alunos para depois proporcionar estudos que instigue-os e atenda às suas necessidades. Assim, para ‘facilitar’ uma aprendizagem significativa o professor precisa estar sempre buscando, se atualizando, alicerçando o ensino/aprendizagem, uma vez que

[...] elaborar um “planejamento bem planejado” no espaço da educação infantil significa entrar na relação com as crianças (e não com os alunos!), mergulhar na aventura em busca do desconhecido, construir a identidade de grupo junto com as crianças. Assim, mais do que conteúdos da matemática, da língua portuguesa e das ciências, o planejamento na educação infantil é essencialmente linguagem, formas de expressão e leitura do mundo que nos rodeia e que nos causa espanto e paixão por desvendá-lo, formulando perguntas e convivendo com a dúvida [...]( OSTETTO, p.6)

Desta forma, percebe-se a importância da pedagogia de projetos na Educação Infantil, uma vez que esta proporciona que a criança seja protagonista do seu próprio conhecimento.

Segundo Formosinho e Gambôa

O trabalho de Projeto não é uma modalidade recente de ensino-aprendizagem, mas é, seguramente, uma forma inovadora, flexível, capaz de atender a um só tempo aos interesses que fazem o mundo da

criança e às finalidades e competências estabelecidas como desejáveis

para as crianças e jovens de hoje. (2011. p. 49)

Atualmente vivenciamos nas escolas dois modos de trabalho com projetos.

O modo da transmissão e o modo da participação (Oliveira-Formosinho,1998, 2004, 2007). A pedagogia da transmissão centra-se no conhecimento que quer veicular, a pedagogia da participação centra-se quer nos autores que coconstroem o conhecimento participando nos processos de aprendizagem quer nos documentos. (FORMOSINHO;GAMBÔA, 2011 p.13)

Durante os estágios e vivências em escolas, me deparei na maioria das escolas com a pedagogia transmissiva. A metodologia usada baseia-se em atividades fotocopiadas, ou livros pedagógicos. Os projetos são feitos em cima

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25 de datas comemorativas, escolhidos pela equipe gestora e ao professor caberia refletir sobre como explorar com sua turma o que foi proposto.

Infelizmente, na maioria das escolas, usa-se o modo da transmissão, o qual considera a criança como uma folha em branco, em que a criança precisa memorizar os conteúdos e reproduzi-los, evitando erros e corrigir os que não puder evitar. O professor é um transmissor, que utiliza materiais estruturados, como manuais, cadernos de exercícios.

De acordo com Formosinho e Gambôa

A pedagogia transmissiva para a educação de infância define um conjunto mínimo de informações essenciais e perenes cuja transmissão faz depender a sobrevivência de uma cultura e de cada individuo nessa cultura. A essência do modo de transmissão é a passagem deste patrimônio cultural ao nível de cada geração e de cada individuo. (2011, p.14)

Um dos maiores desafios que enfrentamos em nosso cotidiano nas salas de Educação Infantil é quanto ao contexto social e pedagógico que precisa ser construído pela criança.

Para que sustente, promova, facilite e celebre a participação, isto é, de um contexto que participe na construção da participação. A Pedagogia-em-Participação quer construir um contexto que participe na participação, um ambiente educativo que facilite e promova a coconstrução das aprendizagens. (Formosinho; Gambôa. 2011. p. 27)

A pedagogia da participação “é uma pedagogia em direitos. Resgata as crianças como sujeitos, vendo-as em ação, observando-as, escutando-as, documentando-as.” (Formosinho; Gambôa. 2011. p .85). Portanto, precisamos envolver as crianças nas experiências e na construção da aprendizagem de forma contínua e interativa, pensando espaços e tempos, instigando as crianças a serem colaboradoras, pois quando a criança participa na construção do conhecimento, ela apropriasse do seu significado, assim ocorrendo a aprendizagem significativa.

Neste sentido, podemos dizer que “a classe em trabalho de projeto é uma classe cooperativa: professores e alunos trabalham juntos na resolução de problemas “não resolvidos”.” (Formosinho; Gambôa, 2011. p.60). Ou seja, a pedagogia participativa permite que a criança coconstrua sua própria

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26 aprendizagem, valorizando a experiência, os saberes e as culturas das mesmas, instigando-as a viver, conhecer, significar e criar.

Para trabalhar com a pedagogia participativa, é preciso organizar o ambiente educativo, criando oportunidades de aprendizagens ricas, garantindo que “o aprender esteja integrado com o aprender a aprender, porque a forma de ensinar está, antes de mais, preocupada com as formas de aprender.” (Formosinho; Gambôa, 2011. p.23).

O professor em uma sala de aula participativa precisa observar continuamente, para conhecer as individualidades das crianças, assim como escutá-las, pois ao narrar/falar “as crianças revelam os seus modos de pensar acerca da vida, do viver, do aprender, do eu, dos outros, das relações.” (Formosinho; Gambôa. 2011. p.25). Significando e ressignificando suas experiências/vivências, uma vez que o que comanda um projeto são as inquietações, os problemas encontrados. Porém, também é importante que o educador se encontre durante o projeto. O educador tem que questionar sua prática junto às crianças, entendendo que elas são contribuintes neste trabalho, e que também podem ser questionadas.

Cabe a nós docentes, proporcionar, portanto, que nossa aula seja como

um roteiro de viagem em que, a cada porto, incorporam-se novas perspectivas, novos roteiros, rumo a novas aventuras. O importante é exercitar o olhar atento, o escutar comprometido dos desejos e necessidades do grupo revelados em seus gestos, falas, expressões, em suas linguagens, enfim. (OSTETTO, 2001, p.199)

Assim, a pedagogia de projetos, pedagogia participativa, proporciona uma aprendizagem concreta, com situações de interação, sendo um processo dinâmico, em que constrói, desconstrói, formulam-se dúvidas, inquietações, curiosidades, instigando as crianças a serem sujeitos na construção de novas aprendizagens.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação está em constante transformação e, com isso, cada vez mais ocorrem avanços e crescente aumento dos desafios educacionais contemporâneos. O trabalho com projetos é um grande desafio, pois o professor precisa estar sempre pesquisando/buscando, ou seja, desacomodando-se, uma vez que cabe a ele criar um ambiente lúdico, que instigue a curiosidade, as dúvidas, e que promova a escuta das crianças, pois é participando que a criança aprende a exercer seus direitos e deveres como sujeito social.

Infelizmente, esta metodologia de projetos participativos (pedagogia da participação) não é utilizado nas escolas, muitas ainda preocupam-se com as datas comemorativas, sendo trabalhadas sem o menor significado, se repetindo todos os anos na Educação Infantil, sendo conteúdos fragmentados. Outro fator se dá muitas vezes pelo fato de as escolas quererem agradar aos pais comemorando dia da família, dia dos pais, das mães, dos avós, precisamos rever as prioridades, e construir com as crianças o sentido real/verdadeiro dos fatos. Precisamos de “menos datas, mais significação” (BARBOSA; HORN, 2008, p.40).

Neste sentido, faz-se necessário realizar projetos que partam dos interesses e necessidades das crianças, para assim, serem significativos e prazerosos, instigando a participação, a busca e a pesquisa. Pois no momento em que a criança participa e sente-se valorizada, parte do projeto, ela irá construir e reconstruir conhecimentos e valores, e se tornará um sujeito crítico e consciente, que não irá se acomodar e aceitar situações rotineiras.

Portanto, devemos oferecer um ambiente educativo acolhedor e desafiador, em que seja possível aprender de forma lúdica e prazerosa, promovendo as mais diversas formas de interação, valorizando as diferenças, e instigando dúvidas e inquietações.

A pedagogia participativa educa para a vida, considerando a cultura e as diferentes realidades dos alunos como ponto de partida. Com esta pedagogia, os alunos deixam de ser meros ouvintes, e passam a ser transformadores do processo de ensino/aprendizagem, construtores de seu conhecimento. Uma vez que, são desafiados a pensar, repensar, questionar, para assim elaborar

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28 seus saberes, significando-os e ressignificando-os, tornando-se sujeitos críticos, autônomos, questionadores e construtores de sua própria aprendizagem.

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8. REFERÊNCIAS

AQUINO, J. G (org.). A desordem na relação professor-aluno: indisciplina, moralidade e conhecimento. Indisciplina na escola. São Paulo: Summus, 1996.

BARBOSA, Maria Carmem Silveira; HORN, Maria da Graça Souza. Projetos Pedagógicos na Educação Infantil. Porto Alegre: Grupo A, 2008.

BEUREN, Ilse Maria. Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2003.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC, 2010.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases na Educação Nacional – LDB Nº 9394/96. Brasília: MEC, 1996.

BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Volume 1. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRUYNE, P.; HERMAN, J.; SCHOUTHEETE, M. Dinâmica da pesquisa em ciências sociais: os pólos da prática metodológica. Rio de Janeiro: F. Alves, 1977.

FORMOSINHO, Júlia Oliveira; GAMBÔA, Rosário (Orgs.) O Trabalho de Projeto na Pedagogia – em – Participação. Coleção Infância : Porto Editora. 130p.

GARCIA, Regina Leite (Org). Revisitando a pré-escola. São Paulo: Cortez, 1993.

HOFFMAN, Jussara. Avaliação e Educação Infantil: um olhar sensível e reflexivo sobre a criança. Porto Alegre. Editora Mediação, 2012.

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30 KEBACH, Patrícia Fernanda Carmem. et all. O educador no cotidiano das crianças: organizador e problematizador. Brasília, editora Gerdau – vol. III.

LEITE, Lúcia Helena Alvarez. Pedagogia de Projetos: intervenção no presente. Revista Presença Pedagógica, v. 2, n 08. Belo Horizonte: Dimensão, Mar./Abr., 1996.

LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E.D.A. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. – São Paulo: EPU, 1986.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.

OSTETTO, Luciana. Planejamento na educação infantil... Mais que atividade... A criança em foco.

SALLES, Fátima; FARIA ,Vitória. Currículo na Educação Infantil. Seminário Regional Proinfância. Santa Maria: RS, 2013.

Referências

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