Heron Martins Felix
Polinômios Núcleo na Reta Real e no Círculo Unitário
CAMPINAS 2015
Biblioteca do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica Ana Regina Machado - CRB 8/5467
Felix, Heron Martins,
F335p FelPolinômios núcleo na reta real e no círculo unitário / Heron Martins Felix. – Campinas, SP : [s.n.], 2015.
FelOrientador: Alagacone Sri Ranga.
FelTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica.
Fel1. Polinômios ortogonais. 2. Autovalores. 3. Análise numérica. I. Ranga, Alagacone Sri,1956-. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica. III. Título.
Informações para Biblioteca Digital
Título em outro idioma: Kernel polynomials on the real line and the unit circle Palavras-chave em inglês:
Orthogonal polynomials Eigenvalues
Numerical analysis
Área de concentração: Matemática Aplicada Titulação: Doutor em Matemática Aplicada Banca examinadora:
Alagacone Sri Ranga [Orientador] Dimitar Kolev Dimitrov
Eduardo Xavier Silva Miqueles Messias Meneguette Junior Roberto Andreani
Data de defesa: 20-02-2015
Programa de Pós-Graduação: Matemática Aplicada
Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)
Abstract
A measure ψ defined on [a, b] such that its moments µn =
Rb
at
ndψ(t) exist for n = 0, 1, 2, . . ., is called a
positive measure on [a, b]. If 0 ≤ a < b ≤ ∞ and the moments µn=
Rb
at
ndψ(t) exist for n = 0, ±1, ±2, . . .,
we call ψ a strong positive measure on [a, b]. The sequence of (monic) orthogonal polynomials {Qn}∞n=0
defined byRb
at −n+sQ
n(t)dψ(t) = 0, s = 0, 1, . . . , n − 1 is known to exist, and we refer to these polynomials
as the L-orthogonal polynomials with respect to the strong measure ψ. Is the positive measure ψ is defined on the unit circle, it is known that the sequence of (monic) orthogonal polynomials {Sn}∞n=0,
defined byRCz¯mSn(z)dψ(z) = δmnρ−2n , m, n = 1, 2, . . ., also exist, and we refer to these polynomials as
the orthogonal polynomials on the unit circle with respect to the positive measure ψ.
The purpose of the present work is divided in two parts: firstly, we consider a quadrature rule on the zeros of the polynomials
Gn+1(z; w) = Qn(w)Qn+1(z) − Qn+1(w)Qn(z), n ≥ 0
and provide the numerical evaluation for the nodes and weights of this quadrature rule. The kernel polynomials related to Qn(z) derive immediately from Gn+1(z; w).
Secondly, we provide a characterization for the polynomials {Sn}∞n=0 in terms of two real sequences,
{cn} and {dn}, where {dn} is a positive chain sequence. Such characterization influences the relation
between the kernel polynomials and their associated orthogonal polynomials on the unit circle.
Keywords: L-orthogonal Polynomials, Kernel polynomials, Orthogonal Polynomials on the Unit Circle, Quadrature rules, Eigenvalue problems.
Resumo
Uma medida ψ definida em [a, b], tal que seus momentos µn=
Rb
at
ndψ(t) existem para n = 0, 1, 2, . . .,
pode ser chamada de medida positiva em [a, b]. Se 0 ≤ a < b ≤ ∞ e os momentos µn=
Rb
a t
ndψ(t) existem
para n = 0, ±1, ±2, . . ., dizemos que ψ ´e uma medida positiva forte em [a, b]. Sabemos que a sequˆencia de polinˆomios (mˆonicos) {Qn}∞n=0, definida por
Rb
at −n+sQ
n(t)dψ(t) = 0, s = 0, 1, . . . , n − 1, existe, e nos
referimos a esses polinˆomios como os polinˆomios L-ortogonais associados `a medida positiva forte ψ. Se a medida positiva ψ for definida sobre o c´ırculo unit´ario, sabemos que a sequˆencia de polinˆomios (mˆonicos) {Sn}∞n=0, definida por
R
Cz¯mSn(z)dψ(z) = δmnρ −2
n , m, n = 1, 2, . . ., tamb´em existe, e nos referimos a
esses polinˆomios como os polinˆomios ortogonais no c´ırculo unit´ario associados `a medida positiva ψ. O objetivo do presente trabalho se divide em duas partes: na primeira, consideramos uma regra de quadratura interpolat´oria sobre os zeros dos polinˆomios
Gn+1(z; w) = Qn(w)Qn+1(z) − Qn+1(w)Qn(z), n ≥ 0,
e fornecemos t´ecnicas num´ericas para a gera¸c˜ao dos n´os e dos pesos dessas regras de quadratura. Os polinˆomios n´ucleo associados a Qn(z) derivam imediatamente de Gn+1(z; w).
Na segunda parte, fornecemos uma caracteriza¸c˜ao dos polinˆomios {Sn}∞n=0em termos de duas sequˆencias
reais, {cn} e {dn}, onde {dn} ´e uma sequˆencia encadeada positiva. Tal caracteriza¸c˜ao influencia a rela¸c˜ao
entre os polinˆomios n´ucleo e os polinˆomios ortogonais no c´ırculo unit´ario aos quais est˜ao associados.
Palavras-chave: Polinˆomios L-ortogonais, Polinˆomios n´ucleo, Polinˆomios Ortogonais no C´ırculo Unit´ario, Regras de quadratura, Problemas de autovalor.
Sum´
ario
Abstract vii
1 Preliminares 1
1.1 Polinˆomios ortogonais . . . 1
1.2 Polinˆomios ortogonais no c´ırculo unit´ario . . . 2
1.3 Sequˆencias encadeadas . . . 5
1.4 Polinˆomios L-ortogonais . . . 6
2 Polinˆomios N´ucleo 8 2.1 Propriedades de Gn+1(z; w) . . . 8
2.2 N´ucleo e quadratura . . . 11
2.3 Caracteriza¸c˜ao L-ortogonal dos polinˆomios n´ucleo . . . 16
2.4 Caso particular: dψ(t) =(b − t)(t − a)−12dt . . . . 19
3 Tratamento num´erico dos autovalores 22 3.1 Obtendo a quadratura a partir de H(0)N . . . 26
3.2 Encontrando os autovalores . . . 28
4 L-ortogonalidade no c´ırculo unit´ario 32 4.1 N´ucleos CD e sequˆencias encadeadas . . . 32
4.2 Sequˆencias de parˆametros . . . 35
4.3 Resultados principais . . . 39
Referˆencia Bibliogr´afica 44
Considera¸c˜oes finais 44
Apˆendice 50
1.1 Demonstra¸c˜ao do Teorema (1.7) . . . 50
1.2 Demonstra¸c˜ao do Teorema (1.9) . . . 51
1.3 Demonstra¸c˜ao do Teorema 1.10 . . . 52
1.4 A medida dψ(t; w) em (2.17) ´e uma medida forte . . . 52
1.5 Demonstra¸c˜ao do Lema 4.3 . . . 53
1.6 Demonstra¸c˜ao do Lema 4.4 . . . 54
Aos meus pais, Dedico.
Agradecimentos
Ao Prof. Dr. A. S. Ranga, pelos onze anos (!!) de orienta¸c˜ao, ideias e generosidade. Ao Prof. Dr. Andrei Mart´ınez-Finkelshtein, pelo acolhimento no exterior e por me ouvir.
`
A Prof.a Dra. Eliana Xavier Linhares de Andrade e `a Prof.a Dra. Cleonice F´atima Bracciali, por terem me instru´ıdo na fina arte da did´atica.
Ao Prof. Dr. Dimitar Kolev Dimitrov, pela cultura matem´atica, intelectualidade, franqueza e por muitos, mas muitos cigarros.
Ao Prof. Dr. Eduardo Miqueles Xavier, pelo destemor, pelas cervejas e por manter a amizade at´e sem ´agua.
Ao Prof. Dr. Roberto Andreani, a.k.a. Nino, por me apresentar `as decomposi¸c˜oes SVD. Ao Prof. Dr. Aurelio Ribeiro Leite, pela paciˆencia sem fim.
Aos amigos da p´os-gradu¸c˜ao do DMAp (saudoso DCCE), pelas marmitas divididas e pela paciˆencia com meus caf´es; em especial, `a Prof.a Dr.a Marisa de Souza Costa, pelo empr´estimo de diversos .tex’s, e
ao (futuro Prof. Dr.) Guilherme Lima, por se importar. `
A fam´ılia que fiz no IMECC, Bruno, Fifi e Cabelo: vocˆes s˜ao a raz˜ao do meu amor por Bar˜ao Geraldo. Em especial ao Cabelo, por tudo que vem com o caf´e.
`
A Prof.a Dr.a Josiane Gonzaga de Oliveira, pela voz, pelos doces, pelo amor e seus sabores (e tamb´em
pela dor, pelas rimas, por ressacas e azias).
Ao seu Carlos, dona Sˆonia, K´arita(s) e Glayson, por tamanho cora¸c˜ao.
Aos amigos Leandro, Marcos, Amanda, Thadeu, Guilherme e Cristian, por suportarem o macaco que vive em mim.
Aos meus pais, meus queridos pais, por terem me dado tudo quanto sou. `
A CAPES, pelo apoio financeiro.
E rastejamos para este novo dia abrilhantado de sol, opressor de t˜ao azul, que, ignorante de toda forma de piedade, insiste na estranheza de nos fazer livres.
Cap´ıtulo 1
Preliminares
Neste cap´ıtulo consideraremos somente algumas propriedades b´asicas dos polinˆomios ortogonais e dos polinˆomios L-ortogonais, cujas demonstra¸c˜oes podem ser encontradas em [4], [16] e [29]. Uma abordagem mais completa destes temas pode ser come¸cada em [4] e aprofundada em [23].
1.1
Polinˆ
omios ortogonais
Defini¸c˜ao 1.1. Seja φ uma fun¸c˜ao real, limitada, n˜ao-decrescente e com suporte num intervalo real (a, b), finito ou infinito, tal que seus momentos definidos por
µn=
Z b
a
xndφ(x), n = 0, 1, . . . , (1.1) existem. Ent˜ao dφ ´e chamada de medida (ou medida positiva) em (a, b). Se os momentos µn tamb´em
existirem para n = −1, −2, . . ., ent˜ao dφ ´e chamada de distribui¸c˜ao forte. Adicionalmente, se 0 ≤ a < b ≤ ∞, dizemos que dφ ´e uma distribui¸c˜ao forte de Stieltjes. Por fim, dizemos que dφ ´e uma medida de probabilidade se µ0 = 1.
Defini¸c˜ao 1.2. Dizemos que {Pn(x)}∞n=0´e uma sequˆencia de polinˆomios ortogonais com rela¸c˜ao `a medida
dφ(x) no intervalo (a, b) se Pn(x) tem grau exatamente n e
Z b a Pn(x)Pm(x)dφ(x) = 0, n 6= m, kPnk2 > 0, n = m. 1
Teorema 1.1. Seja {Pn(x)}∞n=0 uma sequˆencia de polinˆomios ortogonais em (a, b) com rela¸c˜ao a dφ(x). Ent˜ao, Pn+1(x) = (x − bn+1)Pn(x) − an+1Pn−1(x), n ≥ 0, (1.2) com P0(x) = 1, P−1(x) = 0, an+1, bn+1∈ R para n ≥ 0 e bn+1= Rb ax Pn(x) 2 dφ(x) Rb a Pn(x) 2 dφ(x) , an+1= Rb a Pn(x) 2 dφ(x) Rb a Pn−1(x) 2 dφ(x) > 0 e a1 = µ0.
Teorema 1.2. (Identidade de Christoffel-Darboux) Considere {Pn(x)}∞n=0 satisfazendo (1.2) com
an+16= 0, n ≥ 0. Ent˜ao, n X k=0 Pk(x)Pk(y) a1a2. . . ak+1 = 1 a1a2. . . an+1 Pn+1(x)Pn(y) − Pn(x)Pn+1(y) x − y .
1.2
Polinˆ
omios ortogonais no c´ırculo unit´
ario
Defini¸c˜ao 1.3. Dizemos que {Sn(z)}∞n=1 ´e a sequˆencia de polinˆomios ortogonais mˆonicos no c´ırculo
unit´ario C = {z = eiθ : 0 ≤ θ ≤ 2π}, associada `a medida positiva dψ(z) = dψ(eiθ) em C, se S
n(z) possui grau exatamente n e se Z C ¯ zmSn(z)dψ(z) = Z 2π 0
e−imθSn eiθdψ eiθ = δmnρ−2n , m, n = 1, 2, . . . ,
sendo
ρ−2n = kSnk2 =
Z
C
|Sn(z)|2dψ(z) 6= 0. (1.3)
Em homenagem a G´arbor Szeg˝o, que apresentou tais polinˆomios na primeira metade do s´eculo XX, {Sn(z)}∞n=1 tamb´em s˜ao chamados de polinˆomios de Szeg˝o.
Teorema 1.3. Os polinˆomios ortogonais mˆonicos no c´ırculo unit´ario {Sn(z)}∞n=1 satisfazem o par de
rela¸c˜oes de recorrˆencia
Sn(z) = zSn−1(z) − ϕn−1Sn−1∗ (z),
Sn(z) = 1 − |ϕn−1|2zSn−1(z) − ϕn−1Sn∗(z),
n ≥ 1, (1.4)
onde S0(z) = 1, ϕn−1= −Sn(0) e Sn∗(z) = znSn(1/¯z). Os coeficientes ϕns˜ao conhecidos como coeficientes
de Verblunsky, satisfazendo |ϕn| < 1, n ≥ 0. Adicionalmente, todas as ra´ızes de Sn(z) pertencem ao
CAP´ITULO 1. PRELIMINARES 3 Observa¸c˜ao 1. O par de rela¸c˜oes de recorrˆencia (1.4) ´e equivalente (consulte [29], se¸c˜ao 11.4) a
Sn∗(z) = Sn−1∗ (z) − ϕn−1zSn−1(z),
Sn(z) = 1 − |ϕn−1|2zSn−1(z) − ϕn−1Sn∗(z),
n ≥ 1. (1.5)
O pr´oximo Teorema, conhecido anteriormente como Teorema de Favard para o c´ırculo e apresentado em Simon [23] como Teorema de Verblunsky, ´e um dos resultados mais conhecidos acerca de polinˆomios ortogonais no c´ırculo unit´ario:
Teorema 1.4. Dada uma sequˆencia arbitr´aria de n´umeros complexos {ϕn}∞n=0, com |ϕn| < 1 para n ≥ 0,
existe uma ´unica medida de probabilidade dψ no c´ırculo unit´ario tal que os polinˆomios gerados por (1.4) comp˜oem a sequˆencia de polinˆomios ortogonais mˆonicos no c´ırculo unit´ario associada a dψ.
H´a uma conex˜ao (veja Delsarte e Genin em [6]) entre polinˆomios ortogonais no c´ırculo unit´ario e polinˆomios ortogonais no intervalo real (−1, 1) que, no caso em que {ϕn}∞n=0 ´e uma sequˆencia real, pode
ser feita atrav´es da transforma¸c˜ao
2x = z12 + z− 1 2,
relacionando diretamente os polinˆomios {Sn(z)}∞n=1 aos polinˆomios {Un(z)}∞n=1 pela igualdade
Un(x) =
Sn+1(z) − Sn+1∗ (z)
(1 + ϕn)(z − 1)
(4z)n2.
Tais polinˆomios, conhecidos como polinˆomios de Chebyshev de primeira esp´ecie, s˜ao sim´etricos no intervalo (−1, 1) e possuem rela¸c˜ao de recorrˆencia de trˆes termos (1.2) dada por
Un+1(x) = xUn(x) − dn+1Un−1(x), n ≥ 1, onde U1(x) = x, U0(x) = 1 e dn+1= " 1 −1 − ϕn−1 2 #" 1 − ϕn 2 # , n ≥ 1. (1.6)
Teorema 1.5. (Identidade de Christoffel-Darboux para polinˆomios de Szeg˝o): Seja {Sn(z)}∞n=1
uma sequˆencia de polinˆomios ortogonais no c´ırculo unit´ario e ρn o coeficiente dado em (1.3).
Denomi-nando sn(z) = ρnSn(z), n ≥ 1 e estabelecendo s0(z) = 1, ent˜ao Cn(z; ω) = n X j=0 sj(ω)sj(z) = s∗n+1(ω)s∗n+1(z) − sn+1(ω)sn+1(z) 1 − ωz ,
Observa¸c˜ao 2. Deste ponto em diante, assim como no Teorema 1.5, assumiremos |ω| = 1. Em [23], o polinˆomio Cn(z; ω) ´e chamado de n´ucleo CD. Aqui, fazendo
τn(ω) =
Sn(ω)
Sn∗(ω), n ≥ 1 e τ0(ω) = 1, (1.7) consideraremos o polinˆomio
Pn(z; ω) = ρ−2n+1ω Sn+1(ω) Cn(z; ω) 1 + ϕnτn+1(ω) , n ≥ 0 (1.8)
como o n´ucleo CD de grau n em ω, que tamb´em pode ser escrito como Pn(z; ω) = 1 z − ω Sn+1(z) − τn(ω)Sn+1∗ (z) 1 + ϕnτn+1(ω) , n ≥ 0, (1.9)
donde verifica-se que Pn(z; w) ´e mˆonico. Por sua vez, pelo fato de
|ω| = 1 =⇒ |τn(ω)| = 1, n ≥ 0 (1.10)
o polinˆomio
Pn+1(z; ω) = Sn+1(z) − τn(ω)Sn+1∗ (z)
´
e conhecido como polinˆomio paraortogonal associado a Sn+1(z). Dentre as diversas propriedades dos
polinˆomios paraortogonais (veja [15]), sabe-se que Pn+1(z; ω) possui n + 1 ra´ızes distintas pertencentes ao
c´ırculo unit´ario; em particular, ω ´e uma raiz. Consequentemente, as n ra´ızes do polinˆomio Pn(z; ω) em
(1.9) tamb´em s˜ao todas distintas e pertencentes ao c´ırculo unit´ario; contudo, Pn(z; ω) n˜ao se anula em ω.
Para mais resultados sobre a conex˜ao entre n´ucleos CD e polinˆomios paraortogonais, recomenda-se [3], [11], [24] e [33].
Finalmente, podemos utilizar (1.5) para mostrar que τn(ω) em (1.7) possui as rela¸c˜oes
τn+1(ω) = ωτn(ω) − ϕn 1 − ωτn(ω)ϕn e ωτn(ω) = τn+1(ω) + ϕn 1 + τn+1(ω)ϕn , n ≥ 0, (1.11) de modo que 1 − ωτn(ω)ϕn1 + τn+1(ω)ϕn = 1 − |ϕn|2, n ≥ 0. (1.12)
Tais rela¸c˜oes, novamente em conjunto com (1.5), nos permitem reescrever (1.9) como Pn(z; ω) =
1
z − ωzSn(z) − ωτn(ω)S
∗
CAP´ITULO 1. PRELIMINARES 5
1.3
Sequˆ
encias encadeadas
Defini¸c˜ao 1.4. Dizemos que {dn}∞n=1 ´e uma sequˆencia encadeada positiva se houver uma sequˆencia
{gn}∞
n=0 tal que
dn= (1 − gn−1)gn, n ≥ 1, (1.14)
desde que 0 ≤ g0 < 1 e 0 < gn < 1 para n ≥ 1. A sequˆencia {gn}∞n=0 ´e chamada de sequˆencia de
parˆametros de {dn}∞n=0.
A defini¸c˜ao acima ´e ligeiramente menos geral que a introduzida por Wall [31], onde tamb´em permite-se que gn= 0 para n ≥ 1. Adotamos aqui a defini¸c˜ao apresentada por Chihara em [4].
Em geral, a sequˆencia de parˆametros de uma sequˆencia encadeada positiva n˜ao ´e ´unica. Entretanto, toda sequˆencia encadeada positiva possui uma sequˆencia de parˆametros minimal {mn}∞n=0, unicamente
determinada pela condi¸c˜ao m0 = 0, e uma maximal {Mn}∞n=0, por sua vez caracterizada pela condi¸c˜ao
de que, caso g0 > M0, ent˜ao {gn}∞n=0 n˜ao pode cumprir (1.14). Uma condi¸c˜ao suficiente para que uma
sequˆencia de parˆametros {Mn}∞n=0 seja de fato a sequˆencia de parˆametros maximal ´e se ∞ X n=1 M1M2. . . Mn (1 − M1)(1 − M2) . . . (1 − Mn) = ∞. (1.15)
O pr´oximo Teorema ser´a utilizado no Cap´ıtulo 4:
Teorema 1.6. A partir de uma sequˆencia encadeada {dn}∞n=0 com sequˆencia de parˆametros {gn}∞n=0, seja
d1,n= dn+1, n ≥ 1. Ent˜ao {d1,n}∞n=1 tamb´em ´e uma sequˆencia encadeada com sequˆencia de parˆametros
{g1,n}∞n=0, onde g1,n= gn+1 para n ≥ 0. Al´em disso,
i) se { ˜mn}∞n=0 for a sequˆencia de parˆametros minimal para {d1,n}∞n=0, ent˜ao ˜mn< mn+1;
ii) a sequˆencia de parˆametros maximal para {d1,n}∞n=0 ´e {M1,n}∞n=0, onde M1,n= Mn+1, n ≥ 0.
As sequˆencias encadeadas surgem com frequˆencia no estudo dos polinˆomios ortogonais. Por exemplo, note que a sequˆencia {dn}∞n=2 em (1.6) pode ser escrita como
dn= (1 − gn−1)gn, n ≥ 2,
com gn= 12(1 − ϕn−1), n ≥ 1. Os coeficientes ϕn (chamados na Se¸c˜ao 1.2 de coeficientes de Verblunsky)
apresentados em (1.4) satisfazem −1 < ϕn< 1 para n ≥ 0 e, consequentemente, 0 < gn< 1, n ≥ 1. Isto
1.4
Polinˆ
omios L-ortogonais
Defini¸c˜ao 1.5. Dizemos que {Qn(z)}∞n=0 ´e uma sequˆencia de polinˆomios L-ortogonais com rela¸c˜ao `a
distribui¸c˜ao forte de Stieltjes dψ(z) no intervalo (a, b) se Qn(z) tem grau exatamente n e
Z b a z−n+sQn(z)dψ(z) = 0, s = 0, 1, . . . , n − 1, σn,n> 0, s = n. (1.16)
Teorema 1.7. No caso em que dψ(z) ´e uma distribui¸c˜ao forte de Stieltjes, os determinantes de Hankel, denotados por Hn(m), satisfazem
Hn(m) = µm µm+1 . . . µm+n−1 µm+1 µm+2 . . . µm+n .. . ... . .. ... µm+n−1 µm+n . . . µm+2n−2 > 0, (1.17)
com m, n ∈ Z, n ≥ 1, onde os momentos µn s˜ao dados em (1.1).
Demonstra¸c˜ao: Consulte a Se¸c˜ao 1.1 do Apˆendice.
Teorema 1.8. Seja {Qn(z)}∞n=0 uma sequˆencia de polinˆomios L-ortogonais em (a, b) com rela¸c˜ao `a
dis-tribui¸c˜ao forte de Stieltjes dψ(z) no intervalo (a, b). Ent˜ao,
Qn+1(z) = (z − βn+1)Qn(z) − αn+1zQn−1(z), n ≥ 1, (1.18) com Q0(z) = 1, Q1(z) = z − β1, sendo β1 = µ0 µ−1 , βn+1= αn+1 σn−1,−1 σn,−1 e αn+1= σn,n σn−1,n−1 > 0, n ≥ 1, (1.19) onde σn,s= Z b a z−n+sQn(z)dψ(z), n ≥ 1. (1.20)
Atrav´es de (1.16), ´e poss´ıvel mostrar que σn,s dado em (1.20) satisfaz
σn,n> 0 (−1)nσn,−1> 0 , n ≥ 0; (1.21)
tais desigualdades se verificam a partir do sistema linear associado ao determinante de Hankel Hn(m) em
(1.17), utilizando-se a regra de Cramer. Desse modo, pode-se observar em (1.19) e (1.18) que βn, αn+1 > 0
CAP´ITULO 1. PRELIMINARES 7 O estudo de polinˆomios que satisfazem a rela¸c˜ao de recorrˆencia de trˆes termos em (1.18) surgiram anteriormente a [18] no estudo de fra¸c˜oes cont´ınuas e aproximantes de Pad´e de dois pontos (veja, por exemplo, [17] e [20]). Para contribui¸c˜oes mais recentes sobre polinˆomios satisfazendo tal rela¸c˜ao de recorrˆencia, veja, por exemplo, [19] e [30].
Teorema 1.9. S˜ao v´alidas as seguintes afirma¸c˜oes sobre as ra´ızes dos polinˆomios L-ortogonais: a) as ra´ızes de Qn(z) s˜ao reais, distintas e pertencem ao intervalo (a, b);
b) as ra´ızes de Qn(z) e Qn−1(z) se entrela¸cam, isto ´e, entre duas ra´ızes consecutivas de Qn−1(z) h´a
uma raiz de Qn(z).
Demonstra¸c˜ao: Consulte a Se¸c˜ao 1.2 do Apˆendice.
Adicionalmente, sabe-se que se λn,i= 1 Q0n(zn,i) Z b a Qn(z) z − zn,i dψ(z), i = 1, . . . , n, ent˜ao Z b a f (z)dψ(z) = n X i=1 λn,if (zn,i) (1.22)
para znf (z) ∈ P2n−1. Essa ´e a f´ormula de quadratura associada aos polinˆomios L-ortogonais Qn(z) com
o maior grau de precis˜ao alg´ebrico (veja, por exemplo, [2] e [25]), que ´e an´aloga `a quadratura Gaussiana associada ao n-´esimo polinˆomio ortogonal na reta real.
Teorema 1.10. Se {Qn(z)}∞n=0 ´e uma sequˆencia de polinˆomios L-ortogonais em (a, b) com rela¸c˜ao `a
distribui¸c˜ao forte de Stieltjes dψ(z), ent˜ao o conjunto {zn−kQk(z)}nk=0 ´e uma base de Pn.
Polinˆ
omios N´
ucleo
Os t´opicos deste cap´ıtulo foram publicados em [27] e, em grande parte, foram inspirados nos resultados de Freud [7] acerca de polinˆomios ortogonais na reta real que possuem a rela¸c˜ao (1.2).
Com w ∈ R, consideremos
Gn+1(z; w) = Qn(w)Qn+1(z) − Qn+1(w)Qn(z), n ≥ 0. (2.1)
Naturalmente, Gn+1(z; w) ´e um polinˆomio em z e, denotando seu grau por ˜n + 1, temos
˜ n = n, se Qn(w) 6= 0 n − 1, se Qn(w) = 0 , n ≥ 0.
Das condi¸c˜oes de L-ortogonalidade em (1.16), obt´em-se para Gn+1(z; w) a propriedade
Z b
a
t−n+sGn+1(t; w)dψ(t) = 0, 0 ≤ s ≤ n − 1, (2.2)
sempre que n ≥ 1.
2.1
Propriedades de G
n+1(z; w)
Apresentaremos aqui alguns resultados envolvendo os zeros de Gn+1(z; w) de acordo com a escolha do
parˆametro w. Teorema 2.1. Para n ≥ 2, Gn+1(z; w) z − w = Qn(w)Qn(z) + αn+1βnQn−1(w)Qn−1(z) + αn+1αnwz Gn−1(z; w) z − w , (2.3) 8
CAP´ITULO 2. POLIN ˆOMIOS N ´UCLEO 9 com G1(z; w) z − w = 1 e G2(z; w) z − w = Q1(w)Q1(z) + α2β1Q0(w)Q0(z). Consequentemente, para G0n+1(z; w) = Qn(w)Q 0 n+1(z) − Qn+1(w)Q 0 n(z), n ≥ 2, tem-se G0n+1(w; w) = Q2n(w) + αn+1βnQ2n−1(w) + αn+1αnw2G 0 n−1(w; w),
com G01(w; w) = 1 e G02(w; w) = Q12(w) + α2β1Q20(w). Isto significa que G 0
n+1(w; w) > 0 para qualquer w
real, n ≥ 0.
Demonstra¸c˜ao: Utilizando a rela¸c˜ao de recorrˆencia de trˆes termos (1.18) de Qn+1(z) e Qn+1(w) em
(2.1), obtemos Gn+1(z; w) = (z − w)Qn(w)Qn+1(z) + αn h wQn−1(w)Qn(z) − zQn−1(z)Qn(w) i .
Aplicando (1.18) novamente em Qn(z) e Qn(w) no termo entre colchetes, imediamente obtemos (2.3). As
condi¸c˜oes iniciais para (2.3) tamb´em s˜ao facilmente verificadas.
Para obter o segundo resultado do teorema, basta considerar o limite z −→ w em (2.3).
Teorema 2.2. Para qualquer w ∈ R, todos os zeros de Gn+1(z; w) s˜ao reais, distintos e pelo menos n
destes zeros pertencem a (a, b). Se zn,1(w), . . . , zn,˜n(w) e w s˜ao os zeros de Gn+1(z; w), ent˜ao
Gn+1(z; w) = χn,i(w)Gn+1 z; zn,i(w), i = 1, . . . , ˜n, (2.4) onde χn,i(w) = Qn+1(w) Qn+1(zn,i(w)) , se Qn(w) = 0 Qn(w) Qn(zn,i(w)) , se Qn(w) 6= 0 , n ≥ 1.
Demonstra¸c˜ao: Pelo fato de (a, b) ⊆ (0, ∞), podemos utilizar a L-ortogonalidade de (2.2) (tomando s = 0) para mostrar que Gn+1(z; w) muda de sinal pelo menos n vezes em (a, b), o que nos leva ao primeiro
resultado do teorema.
A fim de obtermos (2.4), consideremos inicialmente Qn(w) 6= 0; logo, por
temos de (2.1)
Qn+1 zn,i(w) =
Qn+1(w)
Qn(w)
Qn zn,i(w).
Pelo Teorema 2.1, vimos que G0n+1(w; w) > 0, fato usado para mostrar que Qn+1(z) e Qn(z) n˜ao
possuem zeros em comum. Assim, resta apenas que Qn zn,i(w) 6= 0 e
Qn+1 zn,i(w) Qn zn,i(w) = Qn+1(w) Qn(w) . Ainda por (2.1), temos
Gn+1(z; w) Qn(w) = Qn+1(z) − Qn+1(w) Qn(w) Qn(z),
que pela igualdade anterior nos leva a Gn+1(z; w) Qn(w) = Qn+1(z) − Qn+1 zn,i(w) Qn zn,i(w) Qn(z) = Gn+1 z; zn,i(w) Qn zn,i(w) ,
e isto corresponde a (2.4) quando Qn(w) 6= 0.
No caso em que Qn(w) = 0, temos Gn+1(z; w) = −Qn+1(w)Qn(z), implicando que zn,i(w) ´e um zero
de Qn(z), i = 1, . . . , n. Dessa forma, zn,i(w) n˜ao pode ser um zero de Qn+1(z) e (2.4) segue de imediato.
Teorema 2.3. Assumindo que Qn(z) n˜ao se anula no zero w de Gn+1(z; w) e que os demais ˜n = n zeros
de Gn+1(z; w) s˜ao tais que zn,1(w) < . . . < zn,n(w), s˜ao verdadeiras as seguintes afirma¸c˜oes:
i) `A medida que w cresce em (zn,k, zn+1,k+1], k = 1, . . . , n, ent˜ao
zn,i1+i2(w) cresce monotonicamente em (zn,i1, zn+1,i1+1],
onde i1 = (i + k)mod(n + 1), i = 1, . . . , n, com i2= 1 se i1 < k e i2 = 0 caso contr´ario.
ii) `A medida que w cresce em [zn+1,k+1, zn,k+1), k = 1, . . . , n, ent˜ao
zn,i1+i2(w) cresce monotonicamente em [zn+1,i1+1, zn,i1+1),
onde i1 = (i + k)mod(n + 1), i = 1, . . . , n, com i2= 1 se i1 < k e i2 = 0 caso contr´ario.
Demonstra¸c˜ao: Observe que d dw Qn+1(w) Qn(w) ! = G 0 n+1(w; w) Qn(w) 2 > 0, ∀w ∈ R
CAP´ITULO 2. POLIN ˆOMIOS N ´UCLEO 11 e que w < zn+1,1=⇒ Qn+1(w) Qn(w) < 0 e w < zn+1,n+1 =⇒ Qn+1(w) Qn(w) > 0. Assim, o resultado segue a partir do Teorema 2.2 e do fato de que
Gn+1(z; w) = Qn(w) " Qn+1(z) + Qn+1(w) Qn(w) Qn(z) # , com o uso de [1] (Lema 2).
Corol´ario 2.1. As seguintes implica¸c˜oes s˜ao v´alidas:
i) Se w for escolhido no interior de a, zn,1(b), de zn,n(a), b ou de qualquer dos intervalos zn,k(a), zn,k+1(b),
k = 1, . . . , n − 1, ent˜ao todos os n + 1 zeros de Gn+1(z; w) pertencem a (a, b).
ii) Se o conjunto (−∞, zn+1,1) ∪ [zn+1,n+1, ∞) representa todos os valores poss´ıveis de w, ent˜ao o
conjunto R\{zn,1, . . . , zn,n} representa todos os valores poss´ıveis dos n zeros restantes de Gn+1(z; w).
iii) Temos zn,i(w) −→ zn,i quando w −→ ±∞, i = 1, . . . , n. Al´em disso, se o conjunto (−∞, zn+1,1) ∪
[zn+1,n+1, ∞] representa todos os valores poss´ıveis de w, ent˜ao os zeros de Gn+1(z; w) podem assumir
qualquer valor na reta real extendida.
2.2
N´
ucleo e quadratura
Sejam κn(z; w) e Λn(w) definidos por κn(z; w) = 1 G0n+1(w; w) Gn+1(z; w) z − w Λn(w) = Z b a t−nκn(t; w)dψ(t) , n ≥ 0. (2.5) ´
E simples observar que κn(z; w) ´e um polinˆomio em z de grau ˜n cujos zeros zn,1(w), . . . , zn,˜n(w) s˜ao os
mesmos de Gn+1(z; w), conforme descrito no Teorema 2.2. Al´em disso,
(z − w)κn(z; w) = ˆχn,i(w) z − zn,i(w)κn z; zn,i(w), i = 1, . . . , ˜n,
onde ˆχn,i(w) = χn,i(w)
G0n+1 zn,i(w); zn,i(w)
G0n+1(w; w) , com χn,i(w) dado no Teorema 2.2.
Λn(w) ´e uma fun¸c˜ao em w cont´ınua para qualquer w ∈ R; o pr´oximo teorema ilustra sua importˆancia
Teorema 2.4. As fun¸c˜oes Λn(w) (n ≥ 0) s˜ao estritamente positivas para qualquer valor real de w.
Demonstra¸c˜ao: Seja F (z) = znf (z) ∈ Pn+˜n e, com w real, sejam zn,1(w), . . . , zn,˜n(w) e zn,˜n+1(w) = w
os zeros de Gn+1(z; w). Da´ı, utilizando interpola¸c˜ao de Lagrange sobre os zeros de Gn+1(z; w), temos
F (z) = ˜ n+1 X i=1 Gn+1(z; w) G0n+1(zn,i(w); w)(z − zn,i(w)) zn,i(w) n f zn,i(w) +Fzn,1(w), . . . , zn,˜n(w), zn,˜n+1(w), zGn+1(z; w),
sendo que o termo do erro ´e dado pela f´ormula de diferen¸cas dividas de Newton, de maneira que F (z) ∈ Pn+˜n=⇒ Fzn,1(w), . . . , zn,˜n(w), zn,˜n+1(w), z ∈ Pn−1. Logo, por (2.2), Z b a f (t)dψ(t) = Z b a t−nF (t)dψ(t) = ˜ n+1 X i=1 cn,i zn,i(w) n f zn,i(w), com cn,i= Z b a t−nGn+1(t; w) G0n+1(zn,i(w); w)(t − zn,i(w))
dψ(t), i = 1, . . . , ˜n + 1, que por (2.4) e (2.5) se torna
cn,i =
Z b
a
t−nGn+1(t; zn,i(w))
G0n+1(zn,i(w); zn,i(w))(t − zn,i(w))
dψ(t) = Λn zn,i(w), i = 1, . . . , ˜n + 1.
Por conseguinte, temos a regra de quadratura Z b a f (t)dψ(t) = ˜ n+1 X i=1 zn,i(w) n Λn zn,i(w)f zn,i(w), n ≥ 1, (2.6)
que se verifica para toda f tal que znf (z) ∈ Pn+˜n.
Tomando f (z) = z−n Gn+1(z; zn,k(w)) z − zn,k(w) !2 em (2.6), segue que Λn zn,k(w) = 1 G0n+1 zn,k(w); zn,k(w) 2 Z b a t−n Gn+1 t; zn,k(w) t − zn,k(w) !2 dψ(t) > 0
para k = 1, . . . , ˜n + 1. Como zn,˜n+1(w) = w ∈ R, conclu´ımos que Λn(w) > 0 para qualquer valor de w.
Teorema 2.5. κn(z; w) ´e um polinˆomio n´ucleo com a propriedade de que, para todo p ∈ Pn,
p(w) = 1 Λn(w)
Z b
a
CAP´ITULO 2. POLIN ˆOMIOS N ´UCLEO 13 Demonstra¸c˜ao: Observe que κn zn,˜n+1(w); w = κn(w; w) = 1 e κn zn,i(w); w = 0 para i = 1, . . . , ˜n.
Pelo fato de znp(z)z−nκn(z; w) ∈ Pn+˜nquando p(z) ∈ Pn, ent˜ao pela f´ormula de quadratura (2.6)
Z b a p(t)t−nκn(t; w)dψ(t) = ˜ n+1 X i=1
Λn zn,i(w)κn zn,i(w); wp zn,i(w) = Λn(w)p(w),
como quer´ıamos demonstrar.
Em virtude da propriedade apresentada no Teorema 2.5, nos referiremos a κn(z; w) como o polinˆomio
n´ucleo associado ao polinˆomio L-ortogonal Qn(z) (que ´e a mesma nomenclatura utilizada em [4], p. 35).
O Teorema 2.5 tamb´em nos mostra que, para n ≥ 1, wsΛn(w) = Z b a t−n+sκn(t; w)dψ(t), 0 ≤ s ≤ n =⇒ wΛn(w) = Z b a t−n+1κn(t; w)dψ(t), (2.7)
que, pelo Teorema 2.1, nos permite obter Λn(w)G 0 n+1(w; w) = αn+1αnΛn−2G 0 n−1(w; w), n ≥ 2. Disto, Λn(w)−1 = σ−1n,nG 0 n+1(w; w), n ≥ 1. (2.8)
Teorema 2.6. Sejam zn,1(w), . . . , zn,n(w) e zn,n+1(w) = w os zeros de Gn+1(z; w), com w ∈ (−∞, zn+1,1)∪
[zn+1,n+1, ∞), definindo
λn,i(w) = zn,i(w)
n
Λn zn,i(w), i = 1, . . . , n + 1. (2.9)
Ent˜ao, para n ≥ 1,
Z b a f (t)dψ(t) = n+1 X i=1 λn,i(w)f zn,i(w), (2.10)
que se verifica quando znf (z) ∈ P2n. Al´em disso, se znf (z) ∈ P2n−1, fazendo w −→ ∞ temos
Z b a f (t)dψ(t) = n X i=1 λn,if (zn,i), n ≥ 1, onde lim
w→∞zn,i(w) = zn,i e limw→∞λn,i(w) = λn,i, i = 1, . . . , n, como em (1.22).
Demonstra¸c˜ao: Pelo Corol´ario 2.1, escolher w ∈ (−∞, zn+1,1) ∪ [zn+1,n+1, ∞) resulta em ˜n = n. Logo,
a f´ormula de quadratura (2.10) ´e uma reformula¸c˜ao de (2.6) para esta escolha de w. Esta ´e uma regra de quadratura com n + 1 pontos cujo grau de precis˜ao alg´ebrico ainda n˜ao ´e m´aximo, dado que w ∈ (−∞, zn+1,1) ∪ [zn+1,n+1, ∞).
A segunda regra de quadratura do teorema ´e a mesma de (1.22), possuindo o maior grau de precis˜ao alg´ebrico associado aos polinˆomios L-ortogonais Qn. Ela corresponde `a regra de quadratura em (2.6)
quando ˜n = n − 1. Observe que tamb´em ´e poss´ıvel obtˆe-la a partir da regra de quadratura em (2.10) ao substituirmos n por n − 1 e w por zn,n.
De (2.5) e (2.7), lim w→∞λn,i(w) = limw→∞ Z b a Gn+1(t; zn,i(w))
G0n+1(zn,i(w); zn,i(w))(t − zn,i(w))
dψ(t), i = 1, . . . , n. Pelo fato de zn,i(w) −→ zn,i quando w −→ ∞, i = 1, . . . , n, ent˜ao
lim w→∞λn,i(w) = limw→∞ Z b a Qn(t) Q0n(zn,i)(t − zn,i) dψ(t) = λn,i, i = 1, . . . , n.
Al´em disso, por (2.8), temos w2nΛn(w) −→ σn,n quando w −→ ∞, n ≥ 1. Isto tamb´em significa que
znf (z) ∈ P2n−1=⇒ lim
w−→∞λn,n+1(w)f (w) = limw−→∞w nΛ
n(w)f (w) = 0.
Dessa forma, a segunda regra de quadratura se verifica como o limite da primeira quando znf (z) ∈ P2n−1.
Come¸caremos agora uma caracteriza¸c˜ao matricial dos polinˆomios L-ortogonais Qn(t) que nos ser´a ´util
nos pr´oximos cap´ıtulos. De in´ıcio, lembremos que pelo Teorema 1.10 temos {zn−kQk}nk=0 como uma base
para Pn. Assim, podemos escrever κn(z; w) de (2.5) como
κn(z; w) = n
X
k=0
γkzn−kQk(z), (2.11)
o que, por (1.16), nos d´a Z b a Qj(t)t−nκn(t; w)dψ(t) = n X k=0 γk Z b a t−kQk(t)Qj(t)dψ(t) = σj,j j X k=0 γk
para 0 ≤ j ≤ n, onde σj,j = µ0α2. . . αj+1 pela recursividade da express˜ao de αn+1 em (1.19). Por outro
lado, o Teorema 2.5 nos diz que Z b a Qk(t)t−nκn(t; w)dψ(t) = Qk(w)Λn(w); consequentemente, γ0 Λn(w) = Q0(w) σ0,0 e γk Λn(w) = Qk(w) σk,k −Qk−1(w) σk−1,k−1 , k = 1, . . . , n. Desse modo, (2.11) pode ser reescrito como
κn(z; w) = Λn(w) Q0(w) σ0,0 znQ0(z) + n X k=1 Λn(w) Qk(w) σk,k −Qk−1(w) σk−1,k−1 zn−kQk(z). (2.12)
CAP´ITULO 2. POLIN ˆOMIOS N ´UCLEO 15 Utilizando nota¸c˜ao matricial, a ´ultima express˜ao se torna
1 Λn(w) κn(z; w) = xln+1(w)Txrn+1(z), onde xln+1(w) = Q0(w) σ0,0 ,Q1(w) σ1,1 −Q0(w) σ0,0 , . . . ,Qn(w) σn,n −Qn−1(w) σn−1,n−1 T xrn+1(z) =znQ 0(z), zn−1Q1(z), . . . , Qn(z) T , n ≥ 0.
Em particular, isto significa que
xln+1(w)Txrn+1 zn,i(w) = δn+1,i˜
1 Λn(w)
, 1 ≤ i ≤ ˜n + 1, de maneira que, considerando os polinˆomios κn z; zn,j(w), podemos concluir que
xln+1 zn,j(w) T xrn+1 zn,i(w) = δj,i 1 Λn zn,j(w) , 1 ≤ i, j ≤ ˜n + 1. Ou seja, os conjuntos de vetores
n xln+1 zn,1(w), . . . , xln+1 zn,˜n+1(w) o n xrn+1 zn,1(w), . . . , xrn+1 zn,˜n+1(w) o , n ≥ 0
s˜ao mutuamente ortogonais. Al´em disso, tamb´em podemos rearranjar (2.12) na forma κn(z; w) = n−1 X k=0 Λn(w)zn−kQk(z) − zn−k−1Qk+1(z) Qk(w) σk,k + Λn(w)Qn(z) Qn(w) σn,n (2.13) a fim de obtermos os seguintes conjuntos de vetores:
n yln+1 zn,1(w), . . . , yln+1 zn,˜n+1(w) o n yrn+1 zn,1(w), . . . , yrn+1 zn,˜n+1(w) o , n ≥ 0, que possuem a ortogonalidade
yln+1 zn,j(w) T yrn+1 zn,i(w) = δj,i 1 Λn zn,j(w) , 1 ≤ i, j ≤ ˜n + 1, (2.14) onde yln+1(z) = znQ0(z) − zn−1Q1(z) zn−1Q1(z) − zn−2Q2(z) .. . zQn−1(z) − Qn(z) Qn(z) e yrn+1(z) = σ0,0−1Q0(z) σ1,1−1Q1(z) .. . σn−1,n−1−1 Qn−1(z) σn,n−1Qn(z) . (2.15)
Por fim, atrav´es de (2.13), podemos mostrar que as fun¸c˜oes Λn(w), com n ≥ 1 e w ∈ R, satisfazem
Λn(w)−1= n−1 X k=0 wn−kQ k(w) − wn−k−1Qk+1(w) Qk(w) σk,k + Qn(w) Qn(w) σn,n .
2.3
Caracteriza¸
c˜
ao L-ortogonal dos polinˆ
omios n´
ucleo
Seja w ∈ (−∞, ∞)\(a, b), de modo que κn(z; w) possui grau ˜n = n para n ≥ 0 e consideremos {Kn(z; w)}Nn=0
como a sequˆencia de polinˆomios n´ucleo mˆonicos dados por Kn(z; w) = G0n+1(w; w) Qn(w) κn(z; w) = Gn+1(z; w) Qn(w)(z − w) , n ≥ 0, (2.16) com σn,s(w) = Z b a t−n+sKn(t; w)dψ(t; w) e dψ(t; w) = |t − w|dψ(t). (2.17)
Como |t − w| = sgn(t − w) × (t − w) em (a, b), ent˜ao por (2.2) temos σn,s(w) = 0, 0 ≤ s ≤ n − 1 σn,n(w) = Z b a t−nKn(t; w) 2 |t − w|dψ(t) > 0 , n ≥ 1.
Al´em disso, observe que σ0,0(w) =
Z b
a
|t−w|dψ(t) > 0; ou seja, {Kn(z; w)}Nn=0´e a sequˆencia de polinˆomios
L-ortogonais com respeito `a medida positiva forte dψ(t; w) (veja uma demonstra¸c˜ao simples de que dψ(t; w) ´
e uma medida forte na Se¸c˜ao 1.4 do Apˆendice). Finalmente, denotando
νn+1(w) =
Qn+1(w)
Qn(w)
, n ≥ 0, (2.18)
temos σn,−1(w) = |νn+1(w)|σn,−1 para n > 0, de acordo com (1.21) e (2.2).
Teorema 2.7. Os polinˆomios {Kn(z; w)}Nn=0 satisfazem a rela¸c˜ao de recorrˆencia de trˆes termos
Kn+1(z; w) = z − βn+1(w)Kn(z; w) − αn+1(w)zKn−1(z; w) (2.19)
quando n = 1, . . . , N − 1, dado que K0(z, w) = 1 e K1(z; w) = z − β1(w), onde
β1(w) = σ0,0(w) σ0,−1(w) = 1 − α2 ν1(w) β1 (2.20) e αn+1(w) = σn,n(w) σn−1,n−1(w) βn+1(w) = −αn+1(w) σn−1,−1(w) σn,−1(w) , n ≥ 1.
CAP´ITULO 2. POLIN ˆOMIOS N ´UCLEO 17 Demonstra¸c˜ao: Similarmente `a demonstra¸c˜ao do Teorema 1.10, podemos mostrar que a sequˆencia {tn−jK
j(z; w)}nj=0forma uma base para Pn. Al´em disso, pela monicidade de Kn, sabemos que Kn+1(z; w)−
zKn(z; w) ∈ Pn, o que nos permite escrever
Kn+1(t; w) − tKn(t; w) = n
X
j=0
γjtn−jKj(t; w)
para uma certa escolha de γ0, . . . , γn. Novamente como na demontra¸c˜ao do Teorema 1.10, ao
multipli-carmos por t−n+s e integrarmos em (a, b) (com respeito a dψ(t; w)) ambos lados da igualdade, variando o valor de s = 0, . . . , n − 2, obtemos o sistema triangular superior
s
X
j=0
γjσj,s= 0, 0 ≤ s ≤ n − 2;
como σs,s 6= 0, resta apenas γ0 = . . . = γn−2= 0. Finalmente, considerando os valores s = n − 1 e s = −1,
obtemos γn−2= − σn,n(w) σn−1,n−1(w) = −αn+1(w) e γn−1 = γn−2 σn−1,−1(w) σn,−1 = −βn+1(w),
conforme quer´ıamos demonstrar.
Lembrando (2.18), temos
(z − w)Kn(z; w) = Qn+1(z) − νn+1(w)Qn(z). (2.21)
Da´ı, pela rela¸c˜ao de recorrˆencia de trˆes termos (1.18) para Qn(z), temos
(z − w)Kn(z; w) = z − βn+1− νn+1(w)Qn(z) − αn+1zQn−1(z), n ≥ 1. (2.22)
Voltando `a rela¸c˜ao de recorrˆencia de trˆes termos (2.19), substituiremos (2.21) em Kn+1(z; w) e (2.22) em
Kn(z; w) e Kn−1(z; w). Ap´os os c´alculos apropriados, obtemos
Qn+1(z) = −αn+2+ αn+1(w) + νn+1(w) βn+2− βn+1(w) + νn+2(w) z − βn+1(w)νn+1(w) βn+2− βn+1(w) + νn+2(w) Qn(z) + − αn+1(w)νn(w) βn+2− βn+1(w) + νn+2(w) zQn−1(z), n ≥ 1. (2.23)
Entretanto, a rela¸c˜ao de recorrˆencia de trˆes termos para Qn(z) ´e ´unica, de maneira que a compara¸c˜ao
entre (1.18) e (2.23) nos fornece as express˜oes
νn+2(w) + βn+2− βn+1(w) = νn+1(w) − αn+2+ αn+1(w), βn+1 h νn+2(w) + βn+2− βn+1(w) i = βn+1(w)νn+1(w), αn+1 h νn+2(w) + βn+2− βn+1(w) i = αn+1(w)νn+1(w),
que ap´os manipula¸c˜ao num´erica adequada resultam no seguinte teorema:
Teorema 2.8. Seja w ∈ (−∞, ∞)\(a, b). Ent˜ao os coeficientes na rela¸c˜ao de recorrˆencia de trˆes termos (2.19) para Kn(z; w) satisfazem β1(w) = ν2(w) + β2 w β1 = ν1(w) − α2 ν1(w) β1, βn+1(w) = νn+2(w) + βn+2 νn+1(w) + βn+1 βn+1 = νn(w) νn+1(w) νn+1(w) − αn+2 νn(w) − αn+1 βn+1, αn+1(w) = νn+1(w) − αn+2 νn(w) − αn+1 αn+1,
quando n ≥ 1. Os termos νn+1(w) tamb´em podem ser gerados recursivamente,
νn+1(w) = w − βn+1−
αn+1w
νn(w)
, n ≥ 1, desde que ν1(w) = w − β1.
Demonstra¸c˜ao: A recursividade de νn+1(w) segue imediamente de sua defini¸c˜ao em (2.18) e da f´ormula
(1.18) para Qn+1(z), pois νn+1(w) = Qn+1(w) Qn(w) = (w − βn+1)Qn(w) − αn+1wQn−1(w) Qn(w) = w − βn+1− αn+1w νn(w) , lembrando que Qj(w) 6= 0 para qualquer j = 0, 1, . . ., j´a que w ∈ (−∞, ∞)\(a, b), e tamb´em
ν1(w) =
Q1(w)
Q0(w)
= w − βn+1
1 .
Por fim, se tnf (t) ∈ P2n−1, ent˜ao (t − w)tnf (t) ∈ P2n. Da´ı, pela regra de quadratura (2.10), temos
Z b a f (t)|t − w|dψ(t) = n X i=1 zn,i(w) − w λn,i(w)f zn,i(w),
onde zn,i(w) s˜ao os zeros de Kn(z; w) (que, vale lembrar, por (2.16) s˜ao os zeros de κn(z; w)) e zn,n+1(w) =
w. Isto verifica o pr´oximo teorema:
Teorema 2.9. A regra de quadratura com o maior grau de precis˜ao alg´ebrico associada aos polinˆomios L-ortogonais Kn(z; w) ´e Z b a f (t)dψ(t; w) = n X i=1 ˆ λn,i(w)f zn,i(w) (2.24) para tnf (t) ∈ P2n−1, onde ˆλn,i(w) =
zn,i(w) − w
CAP´ITULO 2. POLIN ˆOMIOS N ´UCLEO 19
2.4
Caso particular: dψ(t) =
(b − t)(t − a)
−1 2
dt
Apresentaremos agora um exemplo particularmente interessante sobre polinˆomios L-ortogonais que ser´a utilizado na exemplifica¸c˜ao num´erica do Cap´ıtulo 3. Este exemplo se apresenta quando consideramos a medida dada por
dψ(t) =(b − t)(t − a)−12dt, 0 < a < b < ∞.
Os polinˆomios L-ortogonais associados a essa medida (veja [25]) s˜ao Qn(z) =γ1(z) n +γ2(z) n , n ≥ 1, (2.25) onde γ1(z) = h (z − β) +p(z − β)2− 4αzi.2 γ2(z) = h (z − β) −p(z − β)2− 4αzi.2 , (2.26) com β =√ab, α = √ b −√a2
4 e os coeficientes da rela¸c˜ao de recorrˆencia (1.18) dados por βn= β, α2 = 2α, αn+2= α, n ≥ 1.
Al´em disso, na regra de quadratura (1.22) (ou, equivalentemente, na regra (2.10) substituindo-se n por n − 1 e w por zn,n), os n´os e os pesos s˜ao zn,i= β2 zn,n+1−i , zn,n+1−i= (β + αξn,i) + q (β + αξn,i)2− β2, i = 1, . . . , n + 1 2 , λn,i= 2π n zn,i zn,i+ β , i = 1, . . . , n,
sendo ξn,i= 2cos2
2i − 1 2n π
. Em ([25]), as express˜oes para λn,iforam obtidas ao se considerar as fun¸c˜oes
racionais Pn(z) Qn(z) = n X i=1 λn,i z − zn,i , n ≥ 1, onde Pn(z) = π p(z − β)2− 4αz γ1(z) n −γ2(z) n , n ≥ 1. ´
E poss´ıvel mostrar que estes polinˆomios satisfazem a express˜ao Q0n(z) = n(z + β)
2zπ Pn(z) + n
e que para G0n+1(w; w) vale G0n+1(w; w) = (n + 1)(w + β) 2πw σn,nw n+ 1 n Qn+1(w)Q 0 n(w) = (n)(w + β) 2πw σn,nw n + 1 n + 1Qn(w)Q 0 n+1(w);
nesse caso, σn,n = παn. Assim, por (2.8) e pelas regras de quadratura associadas a λn,i(w) em (2.10) e a
ˆ
λn,i(w) em (2.24), obt´em-se
|zn,i(w) − w| ˆ λn,i(w) = 1 λn,i(w) = Qn+1 zn,i(w)Q 0 n zn,i(w) n zn,i(w) n σn,n +(n + 1) zn,i(w) + β 2πzn,i(w) , i = 1, 2, . . . , n e 1 λn,n+1(w) = Qn+1(w)Q 0 n(w) nwnσ n,n +(n + 1)(w + β) 2πw .
Em particular, ao escolhermos w = 0, ent˜ao zn,i(0) ˆ λn,i(w) = 1 λn,i(0) = Qn+1 zn,i(0)Q 0 n zn,i(0) n zn,i(0) n σn,n +(n + 1) zn,i(0) + β 2πzn,i(0) , i = 1, 2, . . . , n e λn,n+1(0) = 0. Relembremos de (2.18) que νn(0) = Qn(0) Qn−1(0)
; por (2.25) e (2.26) (e tamb´em por β > 0), de imediato segue
Qn(0) = (−β)n =⇒ νn(0) = −β.
Assim, pelo Teorema 2.8 β1(0) = β + 2α, β2(0) = β + α β + 2αβ, α2(0) = β + α β + 2α βn(0) = β, αn(0) = α, n ≥ 3
para os coeficientes da rela¸c˜ao de recorrˆencia de trˆes termos associada aos polinˆomios L-ortogonais Kn(z; 0) .
Agora, ao escolhermos w = −β, ent˜ao zn,i(−β) + β ˆ λn,i(−β) = 1 λn,i(−β) = Qn+1 zn,i(−β)Q 0 n zn,i(−β) n zn,i(−β) n σn,n + (n + 1) zn,i(−β) + β 2πzn,i(−β) , i = 1, 2, . . . , n e 1 λn,n+1(−β) = Qn+1(−β)Q 0 n(−β) n(−β)nσ n,n = Qn+1(−β)Qn(−β) (−β)n+12σ n,n . Finalmente, como Qn(−β) = (−β)n h 1 + r 1 +α β n + 1 − r 1 +α β ni para n ≥ 1,
CAP´ITULO 2. POLIN ˆOMIOS N ´UCLEO 21 decorre facilmente que
ν1(−β) = −2β ν1(−β) − α2 = −2β 1 +αβ e que νn+1(−β) = −β h 1 + r 1 +α β n+1 +1 − r 1 +α β n+1i h 1 + r 1 +α β n +1 − r 1 +α β ni νn+1(−β) − αn+2 = −β r 1 +α β h 1 + r 1 +α β n+1 −1 − r 1 +α β n+1i h 1 + r 1 +α β n +1 − r 1 +α β ni , n ≥ 1.
Isto nos permite extrair do Teorema 2.8 representa¸c˜oes mais expl´ıcitas para os coeficientes βn(−β) e
αn+1(−β) pertencentes `a rela¸c˜ao de recorrˆencia de trˆes termos associada aos polinˆomios L-ortogonais
Tratamento num´
erico dos autovalores
Forneceremos aqui o tratamento num´erico necess´ario `a utiliza¸c˜ao pr´atica dos polinˆomios L-ortogonais apresentados no Cap´ıtulo 2. Isto ser´a feito atrav´es de uma interpreta¸c˜ao adequada dos vetores biortogonais yl
n+1(z) e yrn+1(z) formulados em (2.15).
Dadas as sequˆencias de n´umeros reais α(0)m
N m=2 e β (0) m N m=1, onde α (0) m+1, β (0) m > 0 para m =
1, 2, . . . , N − 1 e βN(0) n˜ao necessariamente positivo, seja ent˜ao Rm(z)
N
m=0 uma sequˆencia de polinˆomios
dados pela rela¸c˜ao de recorrˆencia
Rm+1(z) = z − βm+1(0) Rm(z) − α(0)m+1zRm−1(z) (3.1)
com m = 1, 2, . . . , N − 1, onde R0(z) = 1 e R1(z) = z − β1(0). Desse modo, assim como no Teorema 2.1,
pela positividade de Rm−1(z)R 0
m(z) − Rm(z)R 0
m−1(z) para qualquer z real, m = 1, 2, . . . , N , verifica-se
que as ra´ızes de Rm s˜ao positivas e distintas para m = 1, 2, . . . , N − 1, bem como que as ra´ızes de Rm−1
e Rm se entrela¸cam quando m = 2, 3, . . . , N . Consequentemente, as ra´ızes ξN,1, ξN,2, . . . , ξN,N de RN s˜ao
reais, distintas e pelo menos N − 1 delas s˜ao positivas; se impusermos βN(0) > 0, garantimos a positividade de todas as N ra´ızes de RN. Ao definirmos ˜ Rm(z) = zN −1−mRm(z), ˆ Rm(z) = ζm−1Rm(z)
para m = 0, 1, . . . , N − 1, onde ζ0 6= 0 ´e arbitr´ario e ζm = α(0)m+1ζm−1, m = 1, 2, . . . , N − 1, a rela¸c˜ao de
CAP´ITULO 3. TRATAMENTO NUM ´ERICO DOS AUTOVALORES 23 recorrˆencia que gera Rm(z)
N
m=0 pode ser reescrita nas seguintes formas (veja [22] e [28]):
zˆ R0(z) = −β1(0)Rˆ0(z) + α (0) 2 Rˆ1(z), z − ˆRm−1(z) + ˆRm(z) = −βm+1(0) Rˆm(z) + α (0) m+2Rˆm+1(z), 1 ≤ m ≤ N − 2, z − ˆRN −2(z) + ˆRN −1(z) = −βN(0)RˆN −1(z) + ζN −1−1 RN(z); e zR˜0(z) − ˜R1(z) = −β1(0)R˜0(z), zR˜m(z) − ˜Rm+1(z) = α(0)m+1R˜m−1(z) − βm+1(0) R˜m(z), 1 ≤ m ≤ N − 2, zR˜N −1(z) = α(0)N R˜N −1(z) − βN(0)R˜N −1(z) + RN(z).
Matricialmente, isto nos leva `as equa¸c˜oes, respectivamente:
zANˆbN(z) = B(0)N bˆN(z) + ζN −1−1 RN(z)eN (3.2)
e
z˜bN(z)TAN = ˜bN(z)TB (0)
N + RN(z)eTN, (3.3)
onde eN ´e a N -´esima coluna da matriz identidade de ordem N × N ,
ˆ bN(z) = ˆ R0(z) ˆ R1(z) .. . ˆ RN −1(z) , ˜bN(z) = ˜ R0(z) ˜ R1(z) .. . ˜ RN −1(z)
e as matrizes AN e B(0)N s˜ao dadas por
AN = 1 0 0 · · · 0 0 −1 1 0 · · · 0 0 0 −1 1 · · · 0 0 .. . ... −1 . .. ... ... 0 0 ... . .. 1 0 0 0 0 · · · −1 1 e B(0)N = β1(0) α2(0) 0 · · · 0 0 0 β2(0) α(0)3 · · · 0 0 0 0 β3(0) . .. ... 0 .. . ... ... . .. α(0)N −1 ... 0 0 0 · · · βN −1(0) α(0)N 0 0 0 · · · 0 βN(0) .
Dessa forma, pela igualdade em (3.2), vˆe-se que ˆbN(ξN,i) ´e um autovetor `a direita da matrix Hessenberg inferior H(0)N = A−1N B(0)N = 1 0 0 · · · 0 0 1 1 0 · · · 0 0 1 1 1 · · · 0 0 .. . ... ... . .. ... ... 1 1 1 · · · 1 0 1 1 1 · · · 1 1 β1(0) α(0)2 0 · · · 0 0 0 β2(0) α3(0) · · · 0 0 0 0 β3(0) . .. ... 0 .. . ... ... . .. α(0)N −1 ... 0 0 0 · · · βN −1(0) α(0)N 0 0 0 · · · 0 βN(0) = ˇ γ1(0) α(0)2 0 0 . . . 0 ˇ γ1(0) γˇ2(0) α3(0) 0 . . . 0 ˇ γ1(0) γˇ2(0) ˇγ3(0) α(0)4 . . . 0 .. . ... ... γˇ(0)4 . .. ... ˇ γ1(0) γˇ2(0) ˇγ3(0) ... . .. α(0)N ˇ γ1(0) γˇ2(0) ˇγ3(0) γˇ(0)4 . . . ˇγN(0) , (3.4)
associado ao autovalor ξN,i. Aqui, ˇγm(0) = αm(0)+βm(0), m = 1, 2, . . . , N , considerando α(0)1 = 0. Al´em disso, o
fato das ra´ızes ξN,1, ξN,2, . . . , ξN,N serem distintas torna os autovetores correspondentes ˆbN(ξN,1), ˆbN(ξN,2), . . . , ˆbN(ξN,N)
linearmente independentes.
De maneira similar, pela igualdade em (3.3), temos ATNb˜N(ξN,i) como um autovetor `a esquerda de
HN(0) associado ao autovalor ξN,i. Novamente, os autovetores ATN˜bN(ξN,i), i = 1, 2, . . . , N , associados aos
N autovalores ξN,i, i = 1, 2, . . . , N , s˜ao linearmente independentes.
Podemos agora identificar os autovalores e respectivos autovetores formulados acima com os resultados obtidos nas Se¸c˜oes 2.1 e 2.2. At´e aqui, temos Rn(z) = Qn(z) presente em (2.1), n = 0, 1, . . . , N − 1, e
tamb´em ATN˜bN(z) e ˜bN(z) iguais aos vetores ylN(z) e yrN(z) de (2.15), respectivamente, conquanto
α(0)m+1 = αm+1 β(0)m = βm , m = 1, 2, . . . , N − 1
e ζ0 = µ0. Isto ´e conseguido atrav´es das igualdades
σ0,0 = µ0 = ζ0 σm,m = µ0α2. . . αn = ζm , m = 1, 2, . . . , N − 1, facilmente deduzidas de (1.19).
CAP´ITULO 3. TRATAMENTO NUM ´ERICO DOS AUTOVALORES 25 Adicionalmente, se βN(0) = βN, obteremos os autovalores e respectivos autovetores associados ao N
-´
esimo polinˆomio L-ortogonal da Defini¸c˜ao 1.5 relativo `a distribui¸c˜ao forte dψ. Ou seja: os autovalores ξN,i ser˜ao as ra´ızes de RN(z) = QN(z).
Por (2.22), podemos escrever
(z − w)KN −1(z; w) = z − βN − νN(w)QN −1(z) − αNzQN −2(z),
com νN(w) dado em (2.18); assim, ao escolhermos βN(0) = βN+νN(w), obteremos o autossistema associado
ao polinˆomio (z −w)KN −1(z; w) (que, por sua vez, possui os mesmos zeros de GN(z; w), bastando observar
as rela¸c˜oes em (2.16) e (2.1), nessa ordem). Dessa forma, os autovalores ξN,i ser˜ao as ra´ızes zN −1,i(w)
associadas a RN(z) = (z −w)KN −1(z; w), lembrando que neste caso zN −1,N(w) = w. Disto, pela estrutura
de GN(z; w), ao fixarmos w como sendo zN,N, a maior raiz de QN(z), teremos (novamente) o problema
de autovalor associado `a escolha de βN(0) = βN.
Utilizando agora (2.14) e o fato de que yl
N zN −1,i(w) = ATN˜bN( zN −1,i(w)) e yrN zN −1,i(w) = ˜ bN zN −1,i(w), temos h ΛN −1 zN −1,i(w) i−1 = yln+1 zN −1,i(w) T yrn+1 zN −1,i(w), 1 ≤ i ≤ N,
sendo que ΛN −1 zN −1,i(w) e zN −1,i(w) fornecem os pesos das regras de quadratura dadas em (2.10) e
(2.24) ao fazermos n = N − 1. A ortogonalidade entre os autovetores `a esquerda e `a direita de H(0)N quando associados a diferentes autovalores ´e comprovada por (2.14).
Definindo YlN, YrN, DN e ZN como matrizes N × N dadas por
YlN = h ylN zN −1,1(w) ylN zN −1,2(w) . . . ylN zN −1,N(w) iT , YrN = hyrN zN −1,1(w) yrN zN −1,2(w) . . . yrN zN −1,N(w) i , D−1N = ΛN −1 zN −1,1(w) 0 . . . 0 0 ΛN −1 zN −1,2(w) . . . 0 .. . ... . .. ... 0 0 . . . ΛN −1 zN −1,N(w)
e ZN = zN −1,1(w) 0 . . . 0 0 zN −1,2(w) . . . 0 .. . ... . .. 0 0 0 . . . zN −1,N(w) ,
verificam-se rapidamente as seguintes propriedades: YlNYrN = DN H(0)N YrN = YrNZN YlNH(0)N = ZNYlN .
Os n´os e pesos de (2.24) (com n = N ) tamb´em podem ser obtidos diretamente da rela¸c˜ao de recorrˆencia de trˆes termos dada no Teorema 2.7 considerando-se os seguintes coeficientes:
ζ0 = µ0(w) e α(0)m+1 = αm+1(w) para 1 ≤ m ≤ N − 1, βm(0)= βm(w) para 1 ≤ m ≤ N. .
Neste caso, vˆe-se que Rm(z) = Km(z), m = 1, 2, . . . , N .
3.1
Obtendo a quadratura a partir de H
(0)NObservaremos agora como o problema de obter-se os autovalores da matriz H(0)N (que ´e Hessenberg inferior) se conecta `a obten¸c˜ao num´erica dos n´os e pesos das regras de quadratura (2.10) e (2.24), bastando para tanto analisar o caso em que ζ0 = µ0, α(0)m+1 = αm+1, βm(0)= βm, m = 1, 2, . . . , N −1 e βN(0)= βN+νN(w).
A t´ecnica que perfaz essa conex˜ao pode ser considerada uma extens˜ao da ideia utilizada para se determinar os n´os e pesos de uma regra de quadratura Gaussiana (veja Gautschi [8]).
Primeiramente, note que se s˜ao dados um autovalor ξN,ie seu respectivo autovetor `a direita ˆyNr (ξN,i) =
µ0yrN(ξN,i), cujo primeiro elemento ´e a unidade, ent˜ao o respectivo autovetor `a esquerda ylN(ξN,i) pode
ser calculado por
CAP´ITULO 3. TRATAMENTO NUM ´ERICO DOS AUTOVALORES 27 sendo CN(z) = ζ0(z) 0 . . . 0 0 ζ1(z) . . . 0 .. . ... . .. ... 0 0 . . . ζN −1(z) ,
com ζ0(z) = 1 e ζi(z) = α(0)i+1z−1ζi−1(z), i = 1, 2, . . . , N − 1. Assim, lembrando (2.13) e (2.14),
h ΛN −1(z) i−1 = N −2 X j=0 h zN −1−jQj(z) − zN −j−2Qj+1(z) iQj(z) ζj + QN −1(z) QN −1(z) ζN −1 = ylN(z)TyrN(z) = zN −1µ−10 yˆrN(z)TCN(z)AN(z)ˆyNr (z),
ou seja: o peso ΛN −1 ξN,i pode ser diretamente obtido pela ´ultima express˜ao, enquanto o autovetor
ˆ
yrN(ξN,i) tamb´em ´e diretamente calculado como o vetor que satisfaz
H(0)N yˆNr (ξN,i) = ξN,iyˆNr (ξN,i)
e cuja primeira coordenada ´e 1. Isto nos leva ao seguinte algoritmo:
Algoritmo 1 (pesos a partir de autovalores): Dados os N autovalores ξN,i = zN −1,i de H(0)N , os
autovetores correspondentes ˆyrN(ξN,i) =
h
εi,1 εi,2 . . . εi,N
iT
s˜ao calculados nas opera¸c˜oes em azul e, nas opera¸c˜oes em vermelho, os N pesos λN −1,i(w) = zN −1,i(w)
N −1 ΛN −1 zN −1,1(w). para i = 1, 2, . . . , N
εi,1= 1, S1= β1(0)× εi,1, εi,2= ξN,i× εi,1− S1/α(0)2
ζ = α(0)2 /ξN,i, S2= 1 + εi,2− εi,1 × εi,2× ζ for j = 1, . . . , N − 1
S1= S1+ α(0)j + β(0)j × εi,j, εi,j+1= εi,j× ξN,i− S1/α(0)j+1
ζ = ζ × α(0)j+1/ξN,i, S2 = S2+ εi,j+1− εi,j × εi,j+1× ζ
Em essˆencia, este algoritmo equivale ao M´etodo da Potˆencia Inversa para a determina¸c˜ao de autove-tores. Contudo, vale notar que a quantidade de opera¸c˜oes envolvidas ´e menor do que no contexto de uma matriz tridiagonal N × N , dado que H(0)N ´e uma matriz Hessenberg inferior com uma estrutura especial. Observe tamb´em que caso w = 0 (implicando ξN,N = 0), as opera¸c˜oes em vermelho n˜ao devem ser
realizadas no momento da itera¸c˜ao i = N . Neste caso, simplesmente atribue-se λN −1,N(0) = 0.
3.2
Encontrando os autovalores
Pelo fato dos autovalores de H(0)N serem todos reais e distintos, o algoritmo QR (veja [12], [26], [32]) desenvolvido independentemente por John G.F. Francis e Bera Kublanovskaya (veja [13]) ´e muito eficaz no c´alculo de seus autovalores e, consequentemente, de seus autovetores.
Entretanto, h´a outro procedimento facilmente implement´avel que pode ser usado para obten¸c˜ao dos autovalores. Inicialmente, relembremos que H(0)N ´e o produto das matrizes A−1N e B(0)N ; consideremos ent˜ao a decomposi¸c˜ao H(0)N = F(0)N G(0)N , onde F(0)N = ˆ γ1(0) 0 0 . . . 0 0 ˆ γ1(0) ˆγ2(0) 0 . . . 0 0 ˆ γ1(0) ˆγ2(0) ˆγ3(0) . . . 0 0 .. . ... ... . .. ... ... ˆ γ1(0) ˆγ2(0) γˆ3(0) . . . γˆN −1(0) 0 ˆ γ1(0) ˆγ (0) 2 ˆγ (0) 3 . . . γˆ (0) N −1 γˆ (0) N e G(0)N = β1(0)/ˆγ1(0) α2(0)/ˆγ1(0) 0 . . . 0 0 0 β2(0)/ˆγ2(0) α(0)3 /ˆγ2(0) . . . 0 0 .. . ... β3(0)/ˆγ3(0) . .. ... 0 0 0 ... . .. α(0)N −1/ˆγN −2(0) ... 0 0 0 . . . βN −1(0) /ˆγN −1(0) αN(0)/ˆγN −1(0) 0 0 0 . . . 0 βN(0)/ˆγN(0) ,
CAP´ITULO 3. TRATAMENTO NUM ´ERICO DOS AUTOVALORES 29 produto G(0)N F(0)N tamb´em ser´a Hessenberg inferior. Mas note que
H(1)N = G(0)N F(0)N = ˇ γ1(1) α(1)2 0 0 . . . 0 ˇ γ1(1) γˇ(1)2 α3(1) 0 . . . 0 ˇ γ1(1) γˇ(1)2 ˇγ3(1) α(1)4 . . . 0 .. . ... ... γˇ4(1) . .. ... ˇ γ1(1) γˇ(1)2 ˇγ3(1) ... . .. α(1)N ˇ γ1(1) γˇ(1)2 ˇγ3(1) γˇ4(1) . . . γˇN(1) ,
possui exatamente a mesma disposi¸c˜ao de elementos que H(1)N em (3.4), onde ˇ γj(1) = γˆj(0), j = 1, 2, . . . , N, α(1)j+1 = γˆ (0) j+1 ˆ γj(0) αj+1(0), j = 1, 2, . . . , N − 1;
naturalmente, H(0)N e H(1)N possuem os mesmos autovalores. Aplica¸c˜oes sucessivas deste racioc´ınio nos levam a
H(k)N = G(k−1)N F(k−1)N = ˇ γ1(k) α(k)2 0 0 . . . 0 ˇ γ1(k γˇ2(k) α(k)3 0 . . . 0 ˇ γ1(k) γˇ2(k) γˇ3(k) α(k)4 . . . 0 .. . ... ... γˇ4(k) . .. ... ˇ γ1(k) γˇ2(k) γˇ3(k) ... . .. α(k)N ˇ γ1(k) γˇ2(k) γˇ3(k) γˇ4(k) . . . γˇN(k) ,
sendo os coeficientes ˇγj(k) e α(k)j+1 gerados recursivamente atrav´es de ˇ γj(k) = γˆj(k−1), j = 1, 2, . . . , N, α(k)j+1 = γˆ (k−1) j+1 ˆ γ(k−1)j α(0)k−1, j = 1, 2, . . . , N − 1,
ressaltando que, para k ≥ 0,
ˇ
γj(k) = α(k)j + βj(k) ˆ
γj(k) = α(k)j+1+ βj(k) para j = 1, 2, . . . , N , com α(k)1 = α(k)N +1= 0.
Como H(k)N permanece Hessenberg inferior, a princ´ıpio n˜ao podemos inferir sua convergˆencia a uma matriz triangular inferior (com os autovalores ξN,i na diagonal principal) quando k → ∞. Por´em,
nova-mente pelos autovalores de H(0)N serem todos distintos e positivos, ´e poss´ıvel mostrar que lim
k→∞α (k) j = 0
quando j = 2, 3, . . . , N , tornando a estrutura de H(k)N de fato triangular inferior quando k → ∞, fornecendo assim seus autovalores. Consequentemente, podemos formular o seguinte algoritmo, que ´e o mesmo obtido por Jones e Magnus em [14] para o c´alculo de p´olos dos aproximantes de Pad´e de dois pontos:
Algoritmo 2 (autovalores a partir dos coeficientes de Rm(z)): Utilizando como valores iniciais os
coeficientes das sequˆencias α(0)m
N
m=2 e β (0) m
N
m=1 apresentadas em (3.1), as vari´aveis β
(k)
j convergir˜ao para os autovalores ξn,j de H(0)N `a medida que k → ∞.
para k = 1, 2, 3, . . . α(k−1)N +1 = 0, γˆ(k−1)j = α(k−1)j+1 + βj(k−1), j = 1, . . . , N β1(k)= ˆγ1(k−1) βj(k)= βj−1(k−1)γˆ (k−1) j ˆ γj−1(k−1) , α(k)j = α(k−1)j γˆ (k−1) j ˆ γj−1(k−1) , j = 2, . . . , N
Finalmente, testamos numericamente o algoritmo QR e o Algoritmo 2 para calcular os autovalores de H(0)N correspondentes ao caso particular referente `a se¸c˜ao 2.4. Os autovalores s˜ao as ra´ızes do polinˆomio (z − w)KN −1(z; w) em (2.21) quando
α2 = 2α, βn= β αn+2= α, n ≥ 1
e α = β = 1. A fim de compararmos os algoritmos, observamos o n´umero de itera¸c˜oes e o tempo de execu¸c˜ao aproximado para a obten¸c˜ao dos autovalores de H(0)8 , H(0)16 e H(0)24, tanto para w = 0 quanto para w = −1.
Claramente, como mostram os resultados da tabela acima, ´e de se esperar que a convergˆencia do algoritmo QR seja superior `a do Algoritmo 2, especialmente em termos do n´umero de opera¸c˜oes. Contudo, o tempo de execu¸c˜ao do Algoritmo 2 excede pouco mais que o dobro do algoritmo QR; assim, dada a simplicidade na programa¸c˜ao que envolve o Algoritmo 2, refor¸camos que este ´e uma boa escolha caso o valor de N n˜ao seja demasiado grande.
CAP´ITULO 3. TRATAMENTO NUM ´ERICO DOS AUTOVALORES 31
Itera¸c˜oes do Tempo do Itera¸c˜oes do Tempo do Algoritmo QR Algoritmo QR Algoritmo 2 Algoritmo 2
N = 8, w = 0.0 50 0.0017 130 0.0035 N = 8, w = -1.0 51 0.0017 124 0.0032 N = 16, w = 0.0 102 0.0052 497 0.0135 N = 16, w = -1.0 100 0.0050 485 0.0126 N = 24, w = 0.0 152 0.0120 1070 0.0269 N = 24, w = -1.0 146 0.0115 1052 0.0264
Tabela 3.1: N´umero de itera¸c˜oes e tempo de execu¸c˜ao aproximado para gerar os autovalores de HN com precis˜ao
de oito casas decimais.
Em posse dos autovalores, que s˜ao os n´os da regra de quadratura (2.10), obt´em-se facilmente os pesos desta regra de quadratura atrav´es do Algoritmo 1.
L-ortogonalidade no c´ırculo unit´
ario
Os resultados apresentados neste cap´ıtulo foram publicados em [5].
4.1
N´
ucleos CD e sequˆ
encias encadeadas
Provaremos nesta se¸c˜ao que os n´ucleos CD da Se¸c˜ao 1.2Pn(z; ω) =
1
z − ωzSn(z) − ωτn(ω)S
∗
n(z), quando n ≥ 0,
introduzidos em (1.8) e reescritos em (1.13), satisfazem uma rela¸c˜ao de recorrˆencia de trˆes termos, que por sua vez utiliza uma sequˆencia encadeada {d1,n}∞n=1 cuja sequˆencia de parˆametros {g1,n}∞n=1 admite
uma f´ormula expl´ıcita. Seguindo a Observa¸c˜ao 2 (p´agina 4), permanecemos considerando |ω| = 1. Teorema 4.1. A sequˆencia de polinˆomios mˆonicos {Pn(z; ω)}∞n=0 satisfaz uma rela¸c˜ao de recorrˆencia de
trˆes termos Pn+1(z; ω) =z + bn+1(ω)Pn(z; ω) − an+1(ω)zPn−1(z; ω), n ≥ 1, com P0(z; ω) = 1 e P1(z; ω) = z + b1(ω), sendo bn(ω) = τn(ω) τn−1(ω) e an+1(ω) = ω1 + τn(ω)ϕn−11 − ωτn(ω)ϕn, n ≥ 1, com τn(ω) = Sn(ω) S∗ n(ω) dado em (1.7).
Demonstra¸c˜ao: Para n ≥ 1, consideremos o polinˆomio mˆonico pn+1(z) de grau n + 1 dado como
pn+1(z) = Pn+1(z; ω) + un1 + τn(ω)ϕn−1zPn−1(z; ω),
CAP´ITULO 4. L-ORTOGONALIDADE NO C´IRCULO UNIT ´ARIO 33 onde a constante un, a princ´ıpio, ´e inc´ognita. Utilizando (1.9) e (1.13), encontramos
(z − ω)pn+1(z) =zSn+1(z) − ωτn+1(ω)Sn+1∗ (z) + unSn(z) − τn(ω)Sn∗(z),
que por (1.4) se torna
(z − ω)pn+1(z) = zzSn(z) − τn(ω)un+ ϕnSn∗(z) +un+ ωτn+1(ω)ϕn " zSn(z) − ωτn+1(ω) un+ ωτn+1(ω)ϕn Sn∗(z) # .
Agora, ao escolhermos un= ω1 − ωτn(ω)ϕn, reduzimos a express˜ao anterior a
(z − ω)pn+1(z) = zzSn(z) − ωτn(ω)Sn∗(z) +
τn+1(ω)
τn(ω)
zSn(z) − ωτn(ω)Sn∗(z),
concluindo, portanto, que
pn+1(z) =z + bn+1(ω)Pn(z; ω).
Utilizando (1.12), os coeficientes bn(ω) e an+1(ω) do Teorema 4.1 tamb´em podem ser escritos como
bn(ω) = ω 1 − ωτn−1(ω)ϕn−1 1 − ωτn−1(ω)ϕn−1 = ω1 + τn(ω)ϕn−1 1 + τn(ω)ϕn−1 , an+1(ω) = ω 1 − ωτn(ω)ϕn 1 − ωτn−1(ω)ϕn−1 1 − |ϕn−1|2 (4.1) = ω1 + τn(ω)ϕn−1 1 + τn+1(ω)ϕn 1 − |ϕn|2, sempre que n ≥ 1.
Observa¸c˜ao 3. Deste ponto em diante, assumiremos ω = 1 e consideraremos apenas a sequˆencia {Pn(z; 1)}∞n=0. Do Teorema 4.1, sabemos Pn+1(z; 1) =z + bn+1Pn(z; 1) − an+1zPn−1(z; 1), n ≥ 1, (4.2) sendo P0(z; 1) = 1 e P1(z; 1) = z + b1, onde bn= τn τn−1 e an+1 = ω1 + τnϕn−11 − τnϕn, n ≥ 1; (4.3)
aqui, τn= τn(1) para n ≥ 0. Assim, de (4.1), bn = 1 − τn−1ϕn−1 1 − τn−1ϕn−1 = 1 + τnϕn−1 1 + τnϕn−1 , an+1 = 1 − τnϕn 1 − τn−1ϕn−1 1 − |ϕn−1|2 = 1 + τnϕn−1 1 + τn+1ϕn 1 − |ϕn|2, n ≥ 1.
Definimos agora o polinˆomio Tn(z) como
Tn(z) = n−1 Y j=0 1 − τjϕj n−1 Y j=0 1 − Re(τjϕj) Pn(z; 1), n ≥ 1 e T0(z) = P0(z; 1).
Naturalmente, por |ϕj| < 1 e |τj| = 1, obtemos τjϕj 6= 1, j = 1, 2, . . . , n − 1; isto faz de Tn(z) um
polinˆomio de grau n m´ultiplo de Pn(z; 1), que, conforme visto na Se¸c˜ao 1.2, possui todas suas n ra´ızes
distintas e pertencentes ao c´ırculo unit´ario, com Pn(1; 1) 6= 0.
Teorema 4.2. Os polinˆomios {Tn(z)}∞n=0 satisfazem a rela¸c˜ao de recorrˆencia de trˆes termos
Tn+1(z) =(1 + icn+1)z + (1 − icn+1)Tn(z) − 4dn+1zTn−1(z), (4.4)
com T0(z) = 1 e T1(z) = (1 + ic1)z + (1 − ic1), sendo as sequˆencias {cn}∞n=1 e {dn+1}∞n=1 dadas por
cn = −Im(τn−1ϕn−1) 1 − Re(τn−1ϕn−1) , dn+1 = 1 4 1 − |τn−1ϕn−1|2|1 − τnϕn|2 1 − Re(τn−1ϕn−1)1 − Re(τnϕn) , n ≥ 1.
Al´em disso, a sequˆencia {d1,n}∞n=1, onde d1,n= dn+1, ´e uma sequˆencia encadeada positiva cuja sequˆencia
de parˆametros {g1,n}∞n=0 ´e tal que
g1,n= 1 2 |1 − τnϕn|2 1 − Re(τnϕn) , n ≥ 0.
Demonstra¸c˜ao: Primeiramente, consideremos os polinˆomios { ˜Tn(z)}∞n=0 dados por ˜T0(z) = P0(z; 1) e
˜
Tn(z) =1 − τn−1ϕn−11 − τn−2ϕn−2 . . . 1 − τ0ϕ0Pn(z; 1), n ≥ 1,
sendo {Pn(z; 1)}∞n=0 os mesmos de (4.2). Ent˜ao por (4.3),
˜
Tn+1(z) =(1 + τnϕn)z + (1 − τnϕn)
˜
CAP´ITULO 4. L-ORTOGONALIDADE NO C´IRCULO UNIT ´ARIO 35 para n ≥ 1, com ˜T1(z) =(1 + τ0ϕ0)z + (1 − τ0ϕ0). Relembrando (1.10), pelo fato de |τn| = 1 quando
n ≥ 0, observe que
1 − |ϕn−1|2 = 1 − |τn−1ϕn−1|2, n ≥ 1.
A f´ormula de recorrˆencia para (4.4) para Tn(z) segue imediatamente ao observarmos que T0(z) = ˜T0(z)
e
Tn(z) =
1
1 − Re(τn−1ϕn−1)1 − Re(τn−2ϕn−2) . . . 1 − Re(τ0ϕ0)
T˜n(z), n ≥ 1.
Finalmente, por |ϕn| < 1 para n ≥ 0, temos 0 < g1,n< 1 para n ≥ 0; e, como d1,n= (1 − g1,n−1)g1,npara
n ≥ 1, conclu´ımos a demonstra¸c˜ao do teorema.
Utilizando agora (1.11) e (1.12), podemos reescrever os coeficientes cn, dne g1,n do Teorema 4.2 como
cn= −Im(τnϕn−1) 1 + Re(τnϕn−1) , dn+1= 1 4 |1 + τnϕn−1|21 − |τn+1ϕn|2 1 + Re(τnϕn−1)1 + Re(τn+1ϕn) , para n ≥ 1 e g1,n= 1 2 1 − |τn+1ϕn|2 1 + Re(τn+1ϕn) , n ≥ 0.
Por (4.2) e (4.3), temos tamb´em bn=
1 − icn 1 + icn quando n ≥ 1 e τn= b1b2. . . bn= n Y j=1 1 − τj−1ϕj−1 1 − τj−1ϕj−1 = n Y j=1 1 − icj 1 + icj , n ≥ 1.
4.2
Sequˆ
encias de parˆ
ametros
Primeiramente, estabeleceremos dois lemas que ser˜ao utilizados na obten¸c˜ao dos resultados desta Se¸c˜ao. O primeiro lema fornece informa¸c˜oes sobre como recuperar os coeficientes de Verblunsky uma vez que sejam conhecidos a sequˆencia {cn}∞n=1 e a sequˆencia de parˆametros {g1,n}∞n=1 da sequˆencia encadeada
{d1,n}∞ n=1.
Lema 4.3. Dadas duas sequˆencias reais {cn}∞n=1 e {gn}∞n=1, sendo 0 < gn< 1 para n ≥ 1, ent˜ao existe
uma ´unica sequˆencia {βn}∞n=0, com |βn| < 1 quando n ≥ 0, tal que
cn= −Im(βn−1) 1 − Re(βn−1) e gn= 1 2 |1 − βn−1|2 1 + Re(βn−1) , n ≥ 1, sendo ainda βn−1= 1 − 2gn− icn 1 − icn , n ≥ 1. (4.5)