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ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NO COMPORTAMENTO DE COMPRA DE ARTEFATOS GAÚCHOS

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Academic year: 2021

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Recebido em 15/08/2015. Revisado em 24/10/2016. Aceito em 17/11/2016. Publicado em 06/01/2017. RASM, Alvorada, ano 6, n.2, p.50-76, Jul./Dez. 2016.

Franciele Inês Ruchaber1

Monize Samara Visentini2

Gilmar D’Agostini Oliveira Casalinho3

RESUMO

Este estudo objetiva analisar a influência que a família exerce nos hábitos de compra de produtos ligados a cultura gaúcha. A pesquisa qualitativa e descritiva tem como população famílias dos municípios gaúchos de Salvador das Missões e São Pedro do Butiá. A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas individuais semiestruturadas, e para a interpretação destas foi utilizada a análise de conteúdo. Baseando-se nos resultados deste estudo, pode-se afirmar que o consumo de produtos ligados à cultura gaúcha emerge das bases familiares e suas tradições.

Palavras-Chave: Comportamento do Consumidor. Cultura. Família. ABSTRACT

This study analyzes the influence family plays in the shopping habits of products associated with “gaúcho” culture. The research is qualitative and descriptive, with the population families in the “gaúchos” municipalities of Salvador das Missões and São Pedro do Butiá. Data collection was made through individual semi-structured interviews using content analysis. Based on the results of this study, it can be stated products’ consumption related to this culture emerges from family and traditions bases.

Keywords: Consumer Behavior. Culture. Family.

1 Universidade Federal da Fronteira Sul (e-mail para contato: fra-2@hotmail.com)

2 Universidade Federal da Fronteira Sul

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RASM, Alvorada, ano 6, n.2, p.50-76, Jul./Dez. 2016.

1. INTRODUÇÃO

O comportamento do consumidor reflete-se na procura, na compra, na utilização, na avaliação e na destinação dos produtos e serviços, quando da satisfação das necessidades dos compradores (Schiffman e Kanuk, 2009). Baudrillard (1988) destaca que o ato de consumir transcende o relacionamento com os objetos de consumo, não sendo entendido como uma resposta a uma necessidade ou problema específico, mas como uma rede de significados inesgotáveis na sua capacidade para incitar o desejo. Tal ação é moldada por uma mistura de influências, como a atuação de fatores culturais, sendo a cultura o conjunto de ideias, valores, atitudes e símbolos, os quais exercem influência implícita e decisiva no comportamento humano, no que diz respeito à comunicação, interpretação e avaliação do que está no seu contorno (Guagliardi et al., 2004).

A compreensão da cultura no estilo de vida das pessoas e no seu comportamento de compra é decisiva para a área empresarial (Guagliardi et al., 2004). A problematização e a compreensão das ações referentes ao consumo passam a ser entendidos como relevantes por si, sendo fundamentais na definição das relações sociais e das identidades (Sassatelli, 2007). A preocupação dos consumidores no ato de escolher, arranjar e expor suas posses e bens, a fim de produzir uma forma de estilo, demonstra o quanto as maneiras de consumo são saturadas de significados culturais (Scaraboto et al., 2005). Nesse contexto, pode-se considerar que os bens de consumo são como elementos culturais criados pelas pessoas com a intenção de expressar singularidades individuais e coletivas, incluindo o seu pertencimento à sociedade (Oliveira, 2009).

O intuito da cultura é adaptar o ser humano ao ambiente natural e ao seu lugar na sociedade, incluindo técnicas que ensinam as pessoas, desde a sua infância, a como comportar-se na vida em grupo, pois graças à tradição, que a cultura pode ser repassada de uma geração a outra, capacitando os novos indivíduos a uma integração na vida em sociedade (Lessa, 1955, in Golin, 1983). A família passa a ser um dos meios influenciadores no comportamento das pessoas, possibilitando a transmissão da cultura para outras gerações, sendo que os valores pessoais adquiridos na infância, com a família, desempenham um papel fundamental (Parke e Buriel, 2006).

Corroborando, Engel (2000) ressalta que a cultura é transmitida às gerações, principalmente por instituições como a família, a religião e a escola. No que diz respeito à preservação da cultura tradicionalista gaúcha, merece ser destacada a crescente oferta de produtos e atividades ligadas a ela, envolvendo consumidores e agentes que produzem e suportam um mercado à sua volta (Dalmoro, 2013).

O foco deste artigo recai sobre o consumidor tradicionalista gaúcho, ou seja, àquele apegado à tradição gaúcha e aos seus costumes, de forma mais específica ao consumidor de produtos tradicionalistas, como a bombacha, a bota, entre outros.

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Dalmoro (2013) destaca que o consumo de produtos e eventos associados à cultura gaúcha permite aos consumidores alcançar uma reapropriação simbólica dos elementos ligados ao tradicionalismo. Tal reapropriação pode se dar através do consumo de cuias, bombas, mateiras, produtos ligados ao chimarrão (Halpern, 2013) e à indumentária gaúcha.

O tradicionalismo, como manifestação do gauchismo, é descrito por Brum (2013a) como um conjunto de atividades organizadas e regulamentadas, desenvolvidas para celebrar a figura do gaúcho e seu modo de vida, historicamente relacionado à vida rural. Os membros do tradicionalismo gaúcho o consideram como o maior movimento cultural popular do mundo, sendo este apelo realizado em discursos dos envolvidos no Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), políticos e demais autoridades (BRUM, 2013a, 2013b).

A transmissão da tradição gaúcha pode ser realizada a partir da herança cultural difundida de geração em geração, num processo de formas e institucionalização específicas, afinal “haveria melhor guardião para uma tradição do que um antepassado, membro da família?” (Luvizotto, 2010, p. 100). Nesse sentido, Konflanz (2013) salienta que a tradição é o que se considera importante de ser repassado às gerações; são aqueles elementos os quais se acredita serem mantidos nos hábitos e cotidiano familiar, promovendo um esforço coletivo para preservá-los. O tradicionalismo fomenta um mercado significativo em torno dos seus produtos, sendo os elementos utilizados na sua idealização adquiridos no mercado e carregados de valor simbólico para aqueles que os adquirem (Vargas, 2016), repassando-os às gerações.

Com enfoque na cultura tradicionalista e a influência que as famílias provocam no seu consumo, tem-se como pergunta norteadora desta investigação: Como o consumo de produtos ligados à cultura tradicionalista gaúcha emerge das bases familiares e de suas tradições?

Para responder a esta questão de pesquisa, o principal objetivo deste artigo consiste em analisar a influência que a família exerce nos hábitos de compra de produtos ligados ao tradicionalismo gaúcho. Além disso, busca-se: a) verificar os costumes dos consumidores gaúchos; b) analisar se o consumo de artefatos ligados ao tradicionalismo gaúcho tem relação com as bases familiares; e c) verificar qual a importância dada pelos gaúchos ao consumo desses artigos.

Para responder ao questionamento e aos objetivos propostos, os sujeitos investigados neste estudo caracterizam-se como aqueles atuantes no MTG por mais de uma geração e que, consequentemente, possuem apego aos costumes e consumo de produtos ligados à tradição gaúcha. Compreender características do comportamento do consumidor é relevante à área de marketing, tendo em vista que auxilia gerentes na tomada de decisão, fornecendo uma base de informações; apoia os gestores públicos na concepção de leis e regulamentos voltados aos consumidores (Mowen e Minor, 2003); possibilita entender como o consumidor satisfaz suas

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O consumo, conforme Campos et al. (2006), é influenciado por um processo de socialização, no qual as gerações mais novas desenvolvem habilidades de compra para atuar como consumidores, sendo que neste processo a família ocupa papel fundamental como agente de formação dos seus descendentes. Assim, entende-se a relevância de se compreender como os hábitos de consumo são transmitidos às gerações, e como as trocas de conhecimento e culturas são influenciadoras no processo de compra, especificamente àqueles ligados aos produtos gaúchos. Farias e Ferreira (2014, p. 3) destacam que “para nós gaúchos e tradicionalistas, tradição é a transmissão de fatos culturais de um povo, quer de natureza espiritual ou material, ou ainda é a transmissão dos costumes feita de pais para filhos, no decorrer dos tempos, ao sucederem-se às gerações.”.

Dentre os achados desta investigação, e que corroboram para sua realização, está a comprovação de que a família exerce significativa influência nas novas gerações, no que se refere ao consumo de produtos tradicionalistas. Os filhos destacam a influência dos pais, e os pais também reconhecem o seu papel influenciador no processo de compra deste tipo de artigos. Além disso, foi possível verificar que os consumidores gaúchos dão valor à tradição, optando por adquirir produtos ligados ao tradicionalismo a outros tipos de produtos. Além disso, verificou-se que o contato diário com os costumes gaúchos auxilia a manter vivos o tradicionalismo e a comercialização de bens voltados ao culto da tradição. Resultados como estes possibilitam aos empresários do ramo de produtos tradicionalistas melhor entender o que motiva as pessoas e famílias a utilizar itens desta cultura, viabilizando o direcionamento de estratégias de marketing. No que tange a contribuição teórica da pesquisa, compreende-se que a mesma tende a reforçar a discussão vigente referente à influência da família nas decisões de compra de produtos ligados ao tradicionalismo, bem como ampliar as investigações acerca do envolvimento dos consumidores gaúchos com a cultura tradicionalista.

2. CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA

2.1 O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E A INFLUÊNCIA DA CULTURA NO CONSUMO

De acordo com Engel et al. (2000), e servindo como base para toda a análise de dados deste estudo, pode-se entender como comportamento do consumidor as atividades diretamente envolvidas em obter, consumir e dispor de produtos e serviços, incluindo processos decisórios que antecedem e sucedem estas ações. Do mesmo modo, o comportamento do

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consumidor envolve a análise de pessoas, grupos ou organizações bem como o procedimento usado por eles para escolher, adquirir, e consumir produtos, serviços, experiências ou conceitos a fim de atender necessidades que esses processos desempenham sobre o consumidor e a sociedade (Rohde, 2012).

Assim, o comportamento caracteriza-se como a união de todas as reações observadas em uma pessoa, no seu ambiente, ou também como a representação da sua personalidade, percepção, motivação, atitudes e aprendizagem (Basta et al., 2006), descritos como: a) motivação; b) percepção; c) aprendizagem; d) crenças; e e) atitudes. Diante disso, quando se estuda o comportamento do consumidor, busca-se refletir sobre o que motiva os consumidores a comprar, suas decisões de compra, os fatores que influenciam essa decisão, bem como determinados produtos e serviços são escolhidos (Merlo e Ceribeli, 2014).

Limeira (2008, p.4) destaca que “estudar o comportamento do consumidor brasileiro é pensar sobre como vivemos, como nos relacionamos com nossa família e com nossos amigos, como fazemos escolhas e tomamos decisões no dia-a-dia”. Esse comportamento pode ser influenciado por diversas variáveis, que Churchill e Peter (2003) dividem em três categorias: a) Influências sociais: cultura, subcultura, classe social, grupos de referência, e família; b) Influências de marketing: produto, preço, praça e promoção; e c) Influências situacionais: ambiente físico, ambiente social, tempo, tarefa, e condições momentâneas. Dentre essas variáveis, este estudo foca-se na influência da cultura e a das relações familiares no consumo.

De acordo com Machline et al. (2003), a cultura está entre os elementos que mais influenciam o comportamento dos indivíduos em uma sociedade. Compreende-se a cultura como o conjunto de valores e crenças, criados pela sociedade, e passados de uma geração a outra no ambiente familiar, sendo a determinante básica do comportamento de um indivíduo (Machline et al., 2003). Assim, a cultura é a personalidade de uma sociedade (Schiffman e Kanuk, 2009).

O conceito de cultura refere-se ao comportamento aprendido, em oposição àquele fornecido pela natureza ou biologia. A noção de cultura designa tudo que é produzido pelo ser humano (hábitos, crenças, valores, símbolos, artes e artefatos) e transmitido de uma geração à outra. Nessa concepção, a cultura distingue-se da natureza e diferencia uma sociedade da outra (Limeira, 2008, p. 304, grifo do autor).

A cultura inclui elementos abstratos e materiais. Os elementos abstratos envolvem valores, atitudes, ideias, tipos de personalidade e religião; já os elementos materiais incluem objetos como livros, computadores, ferramentas, produtos específicos (Engel et al., 2000). A cultura também pode ser subdividida em características demográficas,

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RASM, Alvorada, ano 6, n.2, p.50-76, Jul./Dez. 2016. regiões, aspectos étnicos, crenças políticas e religiosas, sendo que essa subdivisão dá origem às subculturas, ou seja, grupos homogêneos de indivíduos que dividem elementos da cultura geral e específicos de seu grupo (Limeira, 2008).

Conforme Mowen e Minor (2003), as maneiras de se vestir, pensar, comer e de se divertir são todos componentes culturais. As crenças, valores e costumes compõem a cultura, sendo crenças e valores as imagens/afirmações mentais ou verbais que afetam determinadas atitudes e que podem influenciar na maneira como uma pessoa reage a uma determinada situação (Schiffman e Kanuk, 2009). Já os costumes referem-se aos modos de comportamento diários ou, também, comportamentos culturalmente aceitos e aprovados.

A cultura tem efeito no motivo pelo qual as pessoas compram, afetando os produtos específicos que são adquiridos, assim como a estrutura de consumo, a tomada de decisão individual e a comunicação em determinada sociedade (Engel et al., 2000). Deste modo, as pessoas demonstram a cultura quando valorizam determinadas coisas, usando costumes que reflitam seus valores; assim, a sociedade fornece tais informações por meio da família, instituições religiosas e educacionais (Machline et al., 2003).

A pesquisa de Guagliardi et al. (2004) destaca o consumo em relação a cultura, analisando o comportamento do consumidor e o impacto do aspecto cultural no setor moveleiro em atividades internacionais. O estudo apontou que algumas indústrias procuram agir com a influência da cultura, porém há outras que negligenciam essa variável. Mesmo conhecendo as oportunidades que as feiras podem representar, por exemplo, ainda há aquelas que não adotam qualquer medida para receber clientes estrangeiros em potencial. É sugerido na pesquisa que as empresas contratem profissionais especializados para dar orientações necessárias em relação a esta variável, relacionando as diferenças culturais dos países para respeitar os valores e comportamentos de cada lugar.

Na pesquisa realizada por Castelo Branco (2005), com o objetivo de analisar a influência da cultura de uma sociedade no comportamento de compra de seus consumidores, foi possível concluir que a influência da cultura no comportamento do consumidor é o fator de maior intensidade analítica dentro do marketing científico, e que se deve estudar o consumidor por meio das suas motivações essenciais, sua dinâmica intergrupal e sua resposta comportamental aos estímulos de marketing, sendo que a análise das subculturas e seus inter-relacionamentos devem andar em conjunto com a visão estratégica da empresa.

Outro estudo com enfoque na cultura é o de Maciel e Miranda (2008), que visa ampliar o campo de compreensão do consumo da sociedade Recifense, sob o aspecto histórico-cultural relacionado ao período áureo da economia da cana-de-açúcar e ao seu reflexo nos tempos atuais. O estudo conclui que, atualmente, percebe-se no consumo de moda daquela sociedade várias referências desse período, podendo ser percebido nos

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volumes, cores e matérias empregados nos trajes, tanto masculinos quanto femininos e, na maior parte das vezes, nos elementos de conexão com o tempo passado. Ainda, foram percebidos indícios de que a tradição, baseada em processos históricos pode vir a ser um elemento decisório no consumo de moda.

2.2 A INFLUÊNCIA DAS RELAÇÕES FAMILIARES NO CONSUMO

Uma das variáveis mais importantes que influenciam no comportamento dos consumidores é a família e esta já vem desde a infância, quando os pais estipulavam limites do que as crianças podiam comprar (Churchill e Peter, 2003). A família é “o principal núcleo do consumo” (Basta et al., 2006, p. 61), influenciando no comportamento de compra, transmitindo valores e moldando as preferências e hábitos de consumo (Machline et al., 2003).

A família tem como função socializar as novas gerações e transmitir os valores culturais, os padrões de conduta e as ideias da sociedade (Limeira, 2008). Desse modo, as compras divididas entre a família, ou feitas por pais e filhos juntos, têm influência direta sobre as decisões de consumo de um indivíduo (Engel et al., 2000). Assim, pode-se considerar a família como um dos meios influenciadores no consumo de produtos ligados ao tradicionalismo, transmitindo de geração em geração sua cultura e tradição.

O estudo de Campos, Suarez e Casotti (2006) aponta a influência da família, objetivando estudá-la entre gerações, no contexto de consumo de cosméticos, em especial na estruturação das bases de influência no relacionamento entre mães e filhas. A pesquisa aponta uma série de nuances e mudanças de práticas que são influenciadas pelo ciclo de vida dessas famílias, ou mulheres, e pelas constantes inovações nas categorias de produtos utilizados. Dentre os principais resultados, foi possível encontrar jovens que ainda vivem com os pais, mas têm comportamento autônomo em relação à compra de cosméticos; e outras que, mesmo vivendo em casas separadas, seguem recebendo orientações e produtos de suas mães. Outro destaque é o fato de que a transmissão entre mães e filhas acontece nas várias fases da vida, podendo sua manifestação mudar em função de características de cada indivíduo, de elementos ambientais e de ciclo de vida. Para os jovens, a decisão de compra de produtos de beleza parece ser pouco autônoma e racional, mas na fase adulta, a mulher é mais responsável por suas escolhas e procura relativizar as influências da mãe.

Já o estudo de Ferreira et al. (2008) procurou compreender quais são as motivações para que os jovens adultos da classe média, já inseridos no mercado de trabalho, permaneçam na casa de seus pais (fenômeno denominado pela mídia de “Geração Canguru”) e o que isso representa para o campo do consumo. Percebem-se diferentes motivações para o prolongamento dos filhos na casa dos pais, sendo que os pais, em sua maioria, parecem não cobrar dos filhos a sua emancipação e independência. O comportamento de consumo dos jovens “cangurus” aponta grande

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RASM, Alvorada, ano 6, n.2, p.50-76, Jul./Dez. 2016. disposição à compra de produtos supérfluos, destacando-se também a influência que eles desempenham no consumo familiar.

No trabalho de Campos et al. (2012) investigou-se a influência das dinâmicas de transmissão familiar, entre mulheres de classes populares, de diferentes gerações, no processo de difusão e adoção de inovações em produtos de beleza. Infere-se que a família modula o processo de inovação, por meio de fluxos de reprodução ou de renovação de práticas familiares, influenciados por estrutura social, valores culturais e padrões de gostos. Ainda, destaca-se que as consumidoras parecem absorver, embora inconscientemente, padrões de consumo, pois filhas de mulheres que usavam pouca maquiagem pareceram tender a escolher por cores mais leves, pelo uso de apenas um batom ou lápis, confirmando-se, assim, o gosto formado na infância.

Por fim, a pesquisa de Suarez et al. (2013) busca contribuir para a compreensão das dinâmicas familiares a partir da investigação a respeito dos significados do consumo do automóvel, tendo a família como unidade de análise. O estudo comprova que os automóveis são elementos capazes de delimitar valores e hierarquias familiares, funcionando como importante instrumento “educacional” e de transição para vida adulta dos filhos. Além disso, a pesquisa demonstra que a compra de um automóvel nunca é uma decisão individual, mas o resultado de interações e diálogos ocorridos antes e depois da compra, considerando outros automóveis e produtos consumidos pela família.

2.3 O TRADICIONALISMO GAÚCHO COMO OBJETO DE CONSUMO

O Tradicionalismo Gaúcho pode ser definido como um movimento cultural com sua origem no Rio Grande do Sul (RS), demonstrando o apego pelas coisas do campo e por acontecimentos históricos da região (Konflanz, 2013). O tradicionalismo tem seus aspectos culturais evidenciados na música, nas danças, na indumentária ou trajes, nos jogos, no amor pelo cavalo entre as várias atividades campeiras. Os símbolos da tradição são utilizados como uma forma de manutenção das lembranças, da união e da preservação indenitária local (Dalmoro, 2013).

O tradicionalismo tem suas atividades vivenciadas no Centro de Tradição Gaúcha (CTG) - associações ou clubes criados por seus membros para execução das atividades que congregam principalmente famílias, caracterizando-se pelo forte apelo familiar de suas atividades e manifestações artísticas, campeiras ou culturais (Konflanz, 2013). O CTG é o principal veículo na preservação da cultura gaúcha (Neves, 2011).

Conforme Dalmoro (2013, p. 184), “através do consumo de produtos e eventos associados com a cultura gaúcha, os consumidores alcançam uma reapropriação simbólica dos elementos ligados ao gaúcho”. Dentre os diversos produtos ligados a cultura gaúcha são exemplos (Neves, 2011):

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 Chimarrão: um dos aspectos mais característicos da cultura gaúcha, sendo esta uma bebida quente, mate cevado em um porongo ou cuia com erva mate, e sugada por uma bomba.

 Indumentária Gaúcha: Conhecida como pilcha é composta por bombacha (calça), guaiaca, chapéu, camisa, colete, lenço, bota, entre outros; e a pilcha feminina é o vestido de prenda, incluindo acessórios como o chale, sapato, leque, chapéu, entre outros.

 Culinária Gaúcha: Entre pratos típicos há o charque, os embutidos, como linguiça e salsichão, a cuca, a feijoada de feijão branco e o churrasco.

O cavalo também é presente no cotidiano gaúcho. Considerado o símbolo do gaúcho, pela sua relação afetiva e de lealdade, é usado também no lazer, como meio de transporte, bem como no tiro-de-laço exercido na fazenda ou como uma modalidade nos rodeios (Neves, 2011). Neves (2011) também destaca as invernadas, atividades culturais gaúchas, caracterizadas como invernadas artísticas, campeiras e culturais.

É importante avaliar a relação que os gaúchos estabelecem com o folclore e a história, pois os tradicionalistas se consideram herdeiros de seus antepassados e optam a continuar uma história grandiosa, produzindo representações do verdadeiro gaúcho em suas danças, cantos, poesias, desfiles, bailes e cavalgadas (Brum, 2009). Nesse sentido, percebe-se que os gaúchos se referem ao tradicionalismo como um ambiente que conserva valores do passado como a honra, a família, a honestidade.

É notável a influência de famílias nas atividades ligadas ao tradicionalismo. A presença das famílias nos CTGs e outros movimentos tradicionalistas contribui para introduzir o jovem nesse meio, podendo impactar também nos seus hábitos de compra relacionados à tradição gaúcha. Para Luvizotto (2009, p. 11) “existe uma forte identidade entre os gaúchos, uma herança cultural baseada em tradições e costumes que são transmitidos de forma arraigada de geração para geração”.

Desse modo, é importante entender os processos educacionais e pedagógicos do tradicionalismo, os quais buscam o desenvolvimento dos jovens tradicionalistas e de suas famílias no CTG (Brum, 2009). Destaca-se sua ocorrência quando um indivíduo se tornar tradicionalista, participando das atividades do CTG, de cursos promovidos pelo MTG e demais atividades tradicionalistas.

Conforme Brum (2009), no mês de setembro ocorre a Semana Farroupilha, tendo o dia 20 como Dia do Gaúcho, feriado marcado por grandes desfiles cívicos a cavalo e em carros alegóricos, reunindo tradicionalistas, escolas e Brigada Militar. Do mesmo modo, conforme Luvizotto (2009, p. 25), “o gaúcho aprendeu a cultuar o Rio Grande do Sul, e comemora-se no dia 20 de setembro o Dia do Gaúcho, um dia para lembrar-se de sua história e do tradicionalismo”. Conforme Halpern (2013), nas vésperas da Semana Farroupilha, o comércio direcionado a artigos

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RASM, Alvorada, ano 6, n.2, p.50-76, Jul./Dez. 2016. tradicionalistas comemora ainda mais, pois cuias, bombas, mateiras e todos os produtos ligados ao chimarrão tornam-se alvo dos consumidores.

Ao estudar o comportamento de compra dos gaúchos, Zamberlan et al. (2008) realizaram uma avaliação sobre o consumidor de carne em um município do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Os resultados indicam que a decisão do consumidor é influenciada e moldada por influências individuais, influências ambientais, e processos psicológicos. O estudo também identifica a preocupação do consumidor em comprar e consumir a carne de maneira segura e constata a necessidade das indústrias em desenvolver programas de verificação para melhorar a percepção dos consumidores em relação a este produto.

Posteriormente, Zamberlan et al. (2009) buscaram avaliar o papel da cultura presente nos rituais de consumo do churrasco brasileiro e da parrilla argentina. Concluíram que o churrasco é um símbolo de socialização, exercendo influências aos padrões sociais expressos, portanto para os brasileiros o churrasco é uma forma de cultivar e eternizar as tradições gaúchas, sendo considerado como alimento típico; já na Argentina, o churrasco é referenciado como a masculinidade do campo. A pesquisa demonstra a importância da culinária na distinção e formação da identidade cultural.

O estudo de Barcelos (2009) teve o objetivo de traçar o perfil do consumidor gaúcho por ser diferente do comportamento de consumo de pessoas de outros estados. O artigo ressalta que a riqueza histórica do Rio Grande do Sul, as manifestações culturais e os movimentos que abrangem todas as pessoas, são responsáveis por construir no imaginário dos gaúchos valores diferentes dos existentes em outras regiões. Destaca, também, como um elemento marcante dos gaúchos sua atitude defensiva e sua disposição para defender o que é do Rio Grande do Sul. Os resultados apontam que o gaúcho se vê mais trabalhador, mais forte, mais corajoso, mais bravo dentre os indivíduos das outras regiões do Brasil e, também, que seus produtos são melhores e a cultura é mais rica. Conforme o estudo, o mercado consumidor gaúcho reage de forma emocional, e a cultura é formada em aspectos que valorizam o tradicional e o típico, sendo essa cultura reforçada pela mídia, pelos movimentos tradicionalistas e repassada de geração em geração, pois os filhos aprendem os costumes típicos com os seus pais, amigos e nos CTGs. Por conseguinte, indica que o termo “gaúcho” traz consigo uma simbologia e uma identidade cultural, alertando as empresas a adaptar suas estratégias a este perfil se o intuito for atingir esse mercado.

Kegler e Fossá (2010) analisaram o uso dos princípios e valores preconizados pelo MTG no vídeo publicitário “Orgulho Gaúcho” do Banco Banrisul. Depreende-se que a estratégia comunicativa não se estabelece apenas na criação e veiculação do vídeo publicitário, mas estabelecida a partir de um planejamento de identificação e conquista do público-alvo, de pesquisas históricas e culturais e de exploração relacionada a questões psicossociais do indivíduo. Ainda, foi verificado que o consumidor também

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percebe muitos dos seus interesses particulares derivados de valores coletivos, ressaltando aspectos éticos, cívicos, culturais e sociais, estes absorvidos e internalizados, revelando-se nas relações de consumo.

O estudo realizado por Dalmoro (2013) teve o objetivo de compreender e analisar as práticas de resistência desenvolvidas pelos agentes locais no âmbito do mercado, visando a preservação da tradição e da cultura local. Identificou-se, ainda, que a força do tradicionalismo é resultado de ações entre organizadores, produtores e consumidores, trazendo para o mercado aspectos ligados à cultura gaúcha na forma de produtos e eventos. Destaca-se, também, a valorização da cultura gaúcha, principalmente por pessoas mais envolvidas com o Tradicionalismo, e o modo pelo qual a cultura local é valorizada através da expressão artística, cívica. Tais pessoas agem diretamente na preservação da cultura.

Durayski e Fonseca (2013) buscaram compreender a cultura de consumo do chimarrão em um cenário urbano e contemporâneo. O estudo indicou que os consumidores personalizam seu chimarrão e seus artefatos, tornando-os mais legítimos e pessoais, apontando um sentimento de fazer do próprio jeito. Há um interesse em personalizar o chimarrão e, com isso, torná-lo individualizado, ou seja, um produto único, assim o consumo do chimarrão reflete a identidade dos consumidores, já que a bebida significa uma ligação com a natureza e a identidade gaúcha.

Em estudo mais recente, Durayski e Fonseca (2014) analisaram as dimensões sagradas do consumo do chimarrão junto a jovens moradores de Porto Alegre. Os resultados refletem aspectos ligados à identidade de ser gaúcho, à afetividade, ao compartilhamento, à socialização e à autenticidade. Destacam que o chimarrão engloba o sagrado e o profano, simultaneamente. O chimarrão, comparado a outros costumes no Brasil, é uma bebida não comercializada pronta, portanto, essa prática de consumo envolve o preparo do chimarrão, proporcionando uma natureza de ritual simbólico, através do qual as pessoas revivem uma referência histórica com o passado, além de permitir que a tradição seja manipulada e ressignificada.

3. METODOLOGIA

Para a realização deste estudo, adotou-se metodologia qualitativa, baseada em um restrito número de participantes, proporcionando percepções e compreensões do contexto do problema (Malhotra, 2006), com o intuito de auxiliar na compreensão dos sentimentos, pensamentos, intenções e comportamentos do consumidor (Aaker et al., 2004). Quanto à concepção de pesquisa (Malhotra, 2006), o estudo caracteriza-se como descritivo, pois visa descrever as características de consumo dos gaúchos, a partir dos vínculos familiares.

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RASM, Alvorada, ano 6, n.2, p.50-76, Jul./Dez. 2016. A população do estudo refere-se a famílias gaúchas que possuem envolvimento com o consumo de artefatos tradicionalistas dos municípios de Salvador das Missões e São Pedro do Butiá, estes escolhidos de modo intencional. Tendo em vista o caráter qualitativo da pesquisa, adotou-se a amostragem não probabilística intencional por julgamento, descrita por Cooper e Schindler (2011) como um procedimento no qual o pesquisador seleciona os participantes a fim de atender a um critério específico, conforme características, experiências, atitudes ou percepções dos mesmos. Dessa forma, o critério adotado para a seleção dos sujeitos participantes do estudo foi o de pertencerem a gerações de avôs, pais e filhos ou avós, mães e filhas, que cultivam a tradição, possuem envolvimento com o consumo de produtos ligados à cultura gaúcha e são atuantes no MTG.

Para a coleta de dados, foram realizadas entrevistas individuas semiestruturadas, técnica básica para a coleta de dados em pesquisas qualitativas (Cooper e Schindler, 2011), sendo o roteiro elaborado com base em Dalmoro (2013). As entrevistas foram realizadas na Semana Farroupilha (setembro de 2014), visto que nesse período se destacam de forma mais significativas os valores e culturas gaúchas e, também, é quando o número de consumidores de produtos ligados ao tradicionalismo fica mais acentuado, facilitando a seleção desses sujeitos. As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas para a sua análise. Optou-se por entrevistar apenas pessoas maiores de dezoito anos, para respeitar aspectos éticos. Todos os participantes da investigação tiveram o direito de manter sua identidade preservada. Em média, a duração de cada entrevista variou de 20 a 30 minutos, valendo ressaltar que todas as entrevistas foram realizadas e transcritas pela mesma pesquisadora. Em cada um dos municípios foram entrevistadas sete pessoas, totalizando 14 participantes do estudo. O Quadro 1 apresentada a descrição dos entrevistados.

Quadro 1 - Descrição dos entrevistados

FAMÍLIA A

AVÔ A: Sexo: Masculino; Idade: 85 Anos Profissão: Aposentado; Cidade:

Salvador das Missões

FILHO A: Sexo: Masculino; Idade: 49 Anos; Profissão: Funileiro; Cidade:

Salvador das Missões

NETO A: Sexo: Masculino; Idade: 23 Anos; Profissão: Agricultor; Cidade:

Salvador das Missões

FAMÍLIA B

PAI B: Sexo: Masculino; Idade: 57 Anos; Profissão: Metalúrgico Aposentado;

Cidade: Salvador das Missões

FILHO B: Sexo: Masculino; Idade: 26 Anos; Profissão: Operador De Prensa;

Cidade: Salvador das Missões

FAMILIA C

PAI C: Sexo: Masculino; Idade: 62 Anos; Profissão: Economiário; Cidade:

Salvador das Missões

FILHA C: Sexo: Feminino; Idade: 28 Anos; Profissão: Engenheira Civil; Cidade:

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RASM, Alvorada, ano 6, n.2, p.50-76, Jul./Dez. 2016.

FAMILIA D

PAI D: Sexo: Masculino; Idade: 60 Anos; Profissão: Servente De Pedreiro;

Cidade: São Pedro do Butiá

FILHO D: Sexo: Masculino; Idade: 24 Anos; Profissão: Motorista De Caminhão;

Cidade: São Pedro do Butiá

FAMILIA E

PAI E: Sexo: Masculino; Idade: 55 Anos; Profissão: Agricultor; Cidade: São

Pedro do Butiá

FILHA E: Sexo: Feminino; Idade: 24 Anos; Profissão: Esteticista; Cidade: São

Pedro do Butiá

FAMÍLIA F

AVÔ F: Sexo: Masculino; Idade: 75 Anos; Profissão: Professor Aposentado;

Cidade: São Pedro do Butiá

FILHA F: Sexo: Feminino; Idade: 47 Anos; Profissão: Domestica; Cidade: São

Pedro do Butiá

NETO F: Sexo: Masculino; Idade: 24 Anos; Profissão: Topógrafo; Cidade: São

Pedro do Butiá

Fonte: elaboração dos autores, 2016.

Como técnica de análise dos dados utilizou-se a análise de conteúdo, que, segundo Bardin (2004), busca explicitar, sistematizar e expressar o conteúdo de mensagens verbais ou não verbais, com a finalidade de efetuar deduções lógicas e justificadas a respeito da origem dessas mensagens. Assim, os temas essenciais foram agrupados em categorias conforme suas semelhanças e significados (Quadro 2), enfatizando a fala dos entrevistados. Alguns fragmentos dos depoimentos são utilizados ao longo do texto de análise dos resultados, com intuito de relacionar as constatações da pesquisa com a teoria.

Quadro 2 – Categorias de análise e abordagem temática para a realização da análise de conteúdo

Categorias de

análise Abordagem temática da categoria

Comportamento

Identificação do que o respondente considera como “ser gaúcho”; o que ele acredita contribuir para a cultura gaúcha; o papel dos gaúchos para que a cultura seja preservada; motivação do gaúcho para proteger a sua cultura.

Consumo e as Bases

Influenciadoras

Compreensão da base para a aquisição do conhecimento sobre as tradições e o cultivo dessas tradições; identificação da influência das gerações anteriores nos hábitos de consumo de produtos ligados à cultura gaúcha; percepção da ação de ter influenciado o consumo dos produtos ligados à cultura gaúcha.

Importância

Descrição do contato diário do sujeito com o tradicionalismo e da forma que considera buscar manter as tradições gaúchas; motivação para comprar produtos ligados à cultura gaúcha; frequência de compra desses produtos; preferência pelo consumo desses produtos em vez de outros.

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RASM, Alvorada, ano 6, n.2, p.50-76, Jul./Dez. 2016. Todas as entrevistas foram transcritas separadamente em arquivos digitais e, na sequência, foram destacadas e numeradas cada fala dos sujeitos, para serem analisadas conforme seu conteúdo, codificando os dados. Foi utilizado o editor de planilhas da Microsoft para separar cada categoria, usando palavras-chave, onde cada fala (conforme seu conteúdo) foi alocada em sua categoria. Estes dados categorizados serviram como base para realizar a interpretação e a redação dos resultados do estudo, conforme apresentado na seção seguinte.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Nesta seção destacam-se os resultados obtidos no estudo, buscando atender aos objetivos propostos. Partindo-se da categorização realizada a partir da análise de conteúdo, inicialmente discutem-se os aspectos relacionados aos hábitos e costumes dos consumidores gaúchos; na sequência são analisadas as características de consumo dos artefatos gaúchos, bem como as suas bases influenciadoras e, por fim, são ressaltadas as percepções dos respondentes sobre a importância do consumo de produtos tradicionalistas.

4.1 COSTUMES DOS CONSUMIDORES GAÚCHOS

As entrevistas realizadas indicaram que “ser gaúcho” para estes consumidores é nascer no Rio Grande do Sul e cultivar a tradição do estado; repassar os costumes tradicionalistas; frequentar e participar dos eventos promovidos pelo CTG; participar de cavalgadas, rodeios, danças, invernadas. Ser gaúcho também é descrito como ser honesto; comprometido; e ser gaúcho não só na Semana Farroupilha, mas todos os dias. Tais indicações corroboram com Brum (2009), quando indica que os gaúchos se referem ao tradicionalismo como um ambiente no qual conservam valores do passado, como a honra, a família e a honestidade. O que é ser gaúcho, para esses consumidores, pode ser compreendido nas falas a seguir:

“Nascer no Rio Grande do Sul, cultivar a tradição, passar para os filhos, netos os costumes, a tradição do Rio Grande do Sul” (Avô A).4

“Ser gaúcho pra mim, em primeiro lugar, é ter muita honestidade, ser gaúcho pra mim é não só na Semana Farroupilha usar bombacha, usar vestido de prenda, pra mim

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ser gaúcho é participar, é participar de eventos no CTG, é participar do CTG, é participar de rodeios, é simplesmente gostar de ser gaúcho” (Filha E).

Estes consumidores se sentem gaúchos todos os dias, quando tomam mate; usam bombacha e bota; andam a cavalo; estão no CTG, participando de rodeios, de bailes, na busca da chama crioula e, especialmente, quando estão no RS, como é destacado nas falas:

“Por assim dizer todos os dias [me sinto gaúcho], não tem dia, nós temos aqui a Semana Farroupilha que se lembra mais do gaúcho, mas o gaúcho é o gaúcho de todos os dias” (Avô F).

“Eu me considero mais gaúcha principalmente participando de rodeios, de bailes gaúchos que eu gosto muito. Enfim, me sinto mais gaúcha principalmente quando estou dentro do estado do Rio Grande do Sul” (Filha E).

“Mais gaúcho a gente se sente pelo menos quando a gente anda junto nas cavalgadas, nos rodeios, usar a bombacha, busca a chama crioula” (Pai E).

Além dessas situações, os gaúchos sentem-se ainda mais gaúchos na semana Farroupilha, como afirmou a entrevistada Filha C “Todos os dias me acho muito gaúcho, mas o sentimento se torna maior na semana Farroupilha, onde todos se mostram envolvidos e honrando a tradição”. Neste sentido, Luvizotto (2009, p. 25) destaca que “o gaúcho aprendeu a cultuar o Rio Grande do Sul, e comemora-se no dia 20 de setembro o Dia do Gaúcho, um dia para lembrar-se de sua história e do tradicionalismo”.

Constatou-se que a contribuição com a cultura gaúcha pode ser realizada mantendo-se vivas as tradições; repassando a história dos gaúchos; participando dos eventos; cultivando a tradição; usando bombacha; laçando em rodeios; frequentando o CTG; participando de cavalgadas; participando dos eventos da Semana Farroupilha; tomando chimarrão. A contribuição com a cultura gaúcha é elucidada através das falas de alguns entrevistados:

“Passando para várias gerações a história dessa Terra e desse Povo” (Avô A).

“Mantenho em minha relação o gaúcho por tradição, aprecio o que temos de mais valioso que é o nosso chimarrão, uso bombacha” (Filha C).

“Participando dos eventos, cultivando a tradição, andando de bombacha” (Neto A).

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RASM, Alvorada, ano 6, n.2, p.50-76, Jul./Dez. 2016. Do mesmo modo, para que essa cultura seja preservada, a tradição não pode ser extinta. O gaúcho deve manter vivos os costumes, respeitando-os de diversas maneiras, como: vestir-se tradicionalmente; andar a cavalo; participar dos rodeios fazendo o uso da bombacha, comendo churrasco, tomando mate, frequentando o CTG.

Outro meio para preservar a cultura tradicionalista é repassando as histórias e o costume gaúchos, tendo a família como início de tudo. A amizade também é destaque na preservação da cultura. Verifica-se também que a tradição deve ser preservada participando dos eventos promovidos pelo CTG, mantendo vivos os símbolos do tradicionalismo e os costumes, como tomar chimarrão e comer churrasco:

“[preservar a cultura gaúcha] É não deixar que as invernadas campeiras dos CTGs terminem, e não deixar que as invernadas de danças, principalmente o CTGs, que acaba tendo todas as invernadas, não deixar que os desfiles de 20 de setembro terminem, não deixar com que aquela chama gaúcha que existe no Rio Grande do Sul, o nosso mate, o companheirismo, não deixar com que isso termine” (Filha E).

“Continuar a preservar o nosso tradicionalismo, não esquecendo os símbolos e as tradições, também despertar a consciência das entidades tradicionalistas e comunidade em geral para a importância da valorização do patrimônio histórico e cultural gaúcho” (Filha C).

Nesse sentido, Konflanz (2013) destaca que o tradicionalismo tem seus aspectos culturais evidenciados na música, nas danças, na indumentária ou trajes, nos jogos, no amor pelo cavalo dentre as várias atividades campeiras. Dalmoro (2013) também afirma que os símbolos da tradição são utilizados como uma forma de manutenção das lembranças, união e preservação indenitária local. Assim, percebe-se a tradição motivação da preservação e proteção da cultura:

“[O que motiva a tradição é] A história, deste lindo Estado e região que vivemos, e a cultura do gaúcho que é muito bonita e gostosa, e também usar as roupas tradicionais, a comida, o chimarrão” (Avô A).

“Não tem o que falar, acho que é por amor mesmo” (Neto F). Diante disso, verificando os costumes dos consumidores gaúchos, percebe-se que são apaixonados pela tradição e que continuam a preservar os costumes pelo fato de gostar da tradição, frequentando o CTG, vestindo-se com as roupas gaúchas, e fazendo parte dos festejos da Semana Farroupilha, confirmando a origem familiar deste comportamento. Konflanz (2013) destaca que estes centros tradicionalistas congregam principalmente famílias, caracterizando-se pelo forte apelo familiar de suas

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atividades, repletas de manifestações artísticas, campeiras ou culturais. Nesse sentido, Neves (2011) afirma ser o CTG o principal veículo na preservação da cultura gaúcha. Um fator que chama a atenção é a amizade existente dentro e entre os CTGs, pois todos se respeitam.

4.2 CONSUMO DE ARTEFATOS GAÚCHOS E SUAS BASES INFLUENCIADORAS

Os resultados desta investigação indicaram que o principal influenciador do consumo de artefatos e tradição gaúchos é a família, além do CTG ser também responsável pelo cultivo e repasse dessa cultura. Isso confirma o destacado por Machline et al. (2003), de ser a família o influenciador no comportamento de compra, pois transmite valores e molda as preferências e hábitos de consumo. Tal constatação pode ser compreendida nos trechos das falas de alguns entrevistados:

“Do CTG, desde os 3 anos de idade eu participo de CTG e foi ali que eu aprendi tudo, claro dentro da família também, mas o que posso dizer mesmo é no CTG, participando de concursos de faixa de prenda” (Filha E).

“Os conhecimentos de gaúchos recebi em casa e na casa dos meus avós e posteriormente nas escolas onde estudei. A base para o cultivo da tradição veio de meus pais, os quais honram muito a tradição” (Filha C).

“De meus pais, que desde pequeno já me levavam no CTG” (Neto F).

Já em relação à influência dos pais aos hábitos de consumo dos filhos, percebe-se o auxílio em compras e o repasse da tradição para as gerações mais novas. A herança cultural é fundamentada em tradições e costumes que são repassados de forma aprofundada a outras gerações (Luvizotto, 2009).

“A influência foi total da parte de meu pai, pois eu o via sempre, principalmente, na semana Farroupilha, vestido com as indumentárias gaúchas, e achava lindo o modo que se vestia, foi aí que passei a querer mais e mais as vestimentas gaúchas, desde as alpargatas até o chapéu” (Filha C).

“[Influência nos hábitos de compra pelos pais] Bastante, antes de comprar alguma coisa para meu cavalo ou algum laço sempre pergunto ao meu pai, qual produto é melhor” (Neto F).

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RASM, Alvorada, ano 6, n.2, p.50-76, Jul./Dez. 2016. Percebe-se também que dos entrevistados com mais de 50 anos somente o entrevistado “PAI C” teve influência da família nos hábitos de consumo, mas os demais entrevistados acima desta idade destacaram-se por não sofrer influências dos familiares. Isto pode se dar pelo fato dos CTGs investigados serem recém-fundados, como o CTG Estância de São Pedro, por exemplo, fundado em 1988, e o CTG Querência das Missões fundado em 1997. Assim, anterior a isso, estes consumidores podem não ter sido influenciados tão fortemente, porém costumes como tomar chimarrão e comer churrasco estão presentes nos costumes de todos os gaúchos.

Já os entrevistados com filhos destacam que influenciam ou influenciaram nos hábitos de compra da geração seguinte. Desde cedo, repassaram os costumes e conhecimentos tradicionalistas a seus filhos e filhas, incentivando a participação dos mesmos nas diversas atividades da tradição gaúcha. As falas indicam como se deu essa influência:

“Sim [houve influência nos hábitos de compra]. Incentivando a participar dos eventos do CTG, concursos, nas cavalgadas, nos rodeios” (Pai E).

“Sim [houve influência nos hábitos de compra]. Pelo apoio que a gente dá, pelo que eles ajudaram nas danças, na Invernada Artística, que desde de crianças de sete, oito anos já estavam dançando, assim agente influenciou eles” (Filho A5).

Esta discussão reflete a influência da família no consumo de produtos tradicionalistas, reforçando o fato de os filhos destacar a influência dos pais, e dos pais apontar suas influências sobre seus filhos de alguma forma, nos processos de compra dos artigos tradicionalistas. Barcelos (2009), afirma que o mercado consumidor gaúcho reage de forma emocional e a cultura é formada de forma a valorizar o tradicional e o típico. Reforçados pela mídia, pelos movimentos tradicionalistas e repassados de geração para geração, os filhos aprendem os costumes típicos gaúchos com os seus pais, amigos e nos CTGs.

4.3 IMPORTÂNCIA DO CONSUMO DE PRODUTOS GAÚCHOS

Verificando a importância dada pelos gaúchos ao consumo de produtos tradicionalistas, pode-se compreender que os contatos diários com aspectos e costumes gaúchos auxiliam a manter vivo o tradicionalismo, apresentando, de certo modo, aos mais novos, os costumes presentes no cotidiano, repassando a tradição. Esses costumes também demonstram o

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afeto que os consumidores têm pelas tradições. Sobre o consumo de produtos gaúchos, obtiveram-se algumas indicações, conforme os relatos de alguns entrevistados:

“Acredito que sim [mantém viva a tradição]. Coisa muito boa é tomar chimarrão e conversar com os filhos e netos sobre a cultura gaúcha” (Avô A).

“A vestimenta gaúcha faz parte do meu cotidiano, faço uso da mesma, pelo menos uma vez ao mês, e tomo chimarrão todos os dias, e acredito que em mim mantenho viva a tradição gaúcha” (Filha C).

“Acredito que sim [mantém viva a tradição], quando você veste sua pilcha e encilha seu cavalo para ir em algum rodeio ou apenas para dar uma volta, parece que você está em outro mundo, é uma sensação inexplicável” (Neto F).

Desse modo, os principais motivos ligados à compra destes produtos são os costumes e a tradição e o fato de gostar de se vestir desta forma; o que pode ser explicado através das falas do Neto A e da Filha E:

“O que me motiva são os costumes, e porque eu gosto de usar, sinto-me mais a vontade” (Neto A).

“Gostar, simplesmente por gostar, adoro compra uma bombacha tem meus afilhados que vivo dando bombacha, até pra tentar incentivar o uso dela, porque infelizmente não se está dando mais muito valor” (Filha E).

Dentre os produtos mais comprados estão a bombacha, a bota e o lenço. Esse estudo mostra que os entrevistados somente adquiriram seus últimos produtos após serem influenciados por outras pessoas.

“Eu comprei uma pilcha pro meu afilhado, quando ele fez 2 aninhos” (Filha E).

“A última compra realizada foi um mês antes da semana farroupilha, onde comprei algumas vestimentas e influenciei ainda meu namorado a comprar todos os produtos, as vestimentas necessárias” (Filha C).

Do mesmo modo, verificou-se que estes consumidores preferem comprar produtos ligados à tradição a optar por outros:

“Sim [deixa de gastar com outra coisa para comprar algo ligado à tradição gaúcha] ai não precisa comprar outra roupa. Mas a gente usa mais assim, não usa a calça jeans, e usa uma bombacha, é a mesma coisa só que é mais bonita” (Neto A).

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RASM, Alvorada, ano 6, n.2, p.50-76, Jul./Dez. 2016. “Não [deixa de gastar com outra coisa para comprar algo ligado à tradição gaúcha], pois como gosto do meu tradicionalismo e da minha tradição, sempre fui de gastar nas vestimentas, então por isso, não deixo de comprar outras coisas por ter gasto no que gosto” (Filha C).

Ao adquirir um produto tradicionalista, a cultura gaúcha fica mais próxima dos consumidores. Corroborando, Dalmoro (2013) destaca que, por meio do consumo de produtos e eventos ligados à cultura gaúcha, os consumidores alcançam uma reapropriação simbólica dos elementos tradicionalistas.

“Toda vez que compro um produto do gaúcho me vem na lembrança meus antepassados, isso acaba me motivando a cada dia manter viva essa força do povo gaúcho do Rio Grande do Sul” (Avô A).

“No ato em que adquiro qualquer produto ligado ao tradicionalismo me sinto mais gaúcha e feliz por estar ainda cultivando o nosso tradicionalismo e nossa marca” (Filha C).

Verificando a importância dada pelos gaúchos ao consumo de produtos desta cultura, constata-se também o valor dado à tradição. Observa-se que os gaúchos se sentem envolvidos por todos os aspectos ligados à tradição, como o uso da bombacha, da bota, o andar a cavalo, entre outros símbolos do tradicionalismo. Os motivos que levam estes consumidores a comprar algo em torno desta cultura vêm do fato de gostar destes produtos, de se sentir bem utilizando-os.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo analisou a influência que a família exerce nos hábitos de compra de produtos ligados ao tradicionalismo gaúcho, além de investigar outros três objetivos específicos. O primeiro visava avaliar os costumes dos consumidores gaúchos, sendo que para avaliá-lo foram entrevistados consumidores dos municípios de Salvador das Missões e São Pedro do Butiá, pois demonstraram paixão pela tradição. Estes consumidores gaúchos continuam a preservar os costumes pelo fato de gostarem da tradição, frequentando o CTG, vestindo-se com as roupas gaúchas e fazendo parte dos festejos da Semana Farroupilha. Os relatos indicaram que para os entrevistados, ser gaúcho é, além de nascer no RS; cultivar a tradição do estado; repassar estes costumes tradicionalistas; frequentar o CTG; participar dos eventos nele promovidos e de cavalgadas, rodeios, danças, invernadas. Observou-se o fato de o princípio deste comportamento vir da família, corroborando com Konflanz (2013), quando destaca o forte apelo

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RASM, Alvorada, ano 6, n.2, p.50-76, Jul./Dez. 2016.

familiar nas atividades destes centros. Neves (2011) também ressalta que o CTG é o principal veículo na preservação da cultura gaúcha. Além do papel do CTG no cultivo da tradição, valores como honestidade e comprometimento foram ressaltados como característica daqueles que são gaúchos todos os dias e não apenas na Semana Farroupilha.

Já no segundo objetivo específico buscou-se analisar se o consumo de artefatos ligados ao tradicionalismo gaúcho tem relação com as bases familiares, sendo esse também corroborado. Verificou-se existir uma grande influência da família no consumo de produtos tradicionalistas, auxiliando em compras e repassando a tradição para as gerações mais novas. Os filhos destacaram a influência dos pais, e os pais também apontaram uma certa influência sobre seus filhos, nos processos de compra dos artigos tradicionalistas. Barcelos (2009) afirma que o mercado consumidor gaúcho reage de forma emocional, e a cultura é formada em aspectos que valorizam o tradicional e o típico, sendo reforçada pela mídia, pelos movimentos tradicionalistas, e repassada de geração para geração, onde os filhos aprendem os costumes típicos com os seus pais, amigos e nos CTGs.

Por fim, o último objetivo especifico visava verificar qual a importância dada pelos gaúchos ao consumo dos artigos tradicionalistas. Constatou-se que os consumidores gaúchos investigados dão valor à tradição e se sentem apegados a todos os aspectos ligados a ela, como o uso da bombacha, da bota; o andar a cavalo; entre outros símbolos do tradicionalismo. Do mesmo modo, os contatos diários com aspectos e costumes gaúchos auxiliam a manter vivo o tradicionalismo, pois adquirindo um produto tradicionalista, esses consumidores sentem-se mais próximos de sua cultura. Os motivos destacados, os quais os levam a comprar produtos relativos ao tradicionalismo, são os costumes e a tradição, além do simples fato de gostarem deste tipo de produtos.

Percebe-se, através dos resultados desta investigação, que o consumo de produtos ligados à cultura tradicionalista gaúcha emerge, sim, das bases familiares e das suas tradições. Um aspecto bastante ressaltado com relação à transmissão dos costumes para as gerações futuras é a participação em CTG e eventos promovidos por este centro. O papel do CTG é fundamental na conservação e perpetuação dos costumes ligados à tradição. Neste centro, há o encontro de famílias e gerações, potencializando o cultivo aos hábitos e costumes. Além do papel de conservação da tradição, desempenhado pela família, observou-se sua significativa influência no processo de compra de artefatos ligados ao tradicionalismo gaúcho, como roupas e equipamentos, corroborando à discussão teórica apresentada neste estudo.

Cabe destacar que o estudo se limitou a investigar apenas famílias atuantes no movimento tradicionalista de duas cidades de pequeno porte do interior do Rio Grande do Sul (RS), adquirindo caráter qualitativo, não possibilitando, assim, a inferência dos resultados. Desta forma, não se pode afirmar que as constatações aqui relatadas refletem o comportamento de

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RASM, Alvorada, ano 6, n.2, p.50-76, Jul./Dez. 2016. todas as famílias gaúchas. Esta limitação, entretanto, surge como perspectiva de investigação futura, indicando a necessidade de se ampliar o rol de municípios investigados, não apenas no RS como também em outros estados do país, pois há cerca de 3 mil CTGs espalhados pelo Brasil e em outros países (Mello, 2012), fortalecendo os laços familiares e culturais gaúchos. Ainda, como possível estudo futuro, sugere-se analisar o comportamento dos consumidores de produtos gaúchos de diferentes faixas etárias relacionando os hábitos de consumo com a idade de cada entrevistado.

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