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Anais do VI Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina Imperialismo, neofascismo e socialismo no século 21

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Academic year: 2022

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GT 8 - Imperialismo e conflitos internacionais

GT 8 - Imperialismo e conflitos internacionais

Os reflexos das disputas pela hegemonia

global entre os Estados Unidos e a China para o Mercado Comum do Sul: um estudo de caso a partir da burguesia interna argentina no governo Mauricio Macri (2015-2019)

Maurício Lima Collaziol1 Resumo

Este artigo busca analisar, a partir de uma abordagem marxista calcada nas contribuições de Nicos Poulantzas, os reflexos das disputas pela hegemonia mundial entre Estados Unidos e China para o Mercado Comum do Sul. Ademais, por meio de um estudo de caso da Argentina, buscam- se desvelar os interesses das classes e frações de classe dominantes argentinas e verificar como esses interesses influenciaram a política externa argentina para o Mercosul durante a presidência de Mauricio Macri (2015-2019), considerando as pressões das potências mundiais em disputa pela hegemonia do sistema internacional.

Palavras-chave: Mercosul; Política Externa Argentina; Governo Macri; Burguesia Interna; Disputa Hegemônica.

Resumen

Este artículo busca analizar, con un enfoque marxista basado en los aportes de Nicos Poulantzas, los reflejos de las disputas por la hegemonía mundial entre Estados Unidos y China en el Mercado Común del Sur. Además, a través de un estudio de caso de Argentina, se buscan desvelar los intereses de las clases y fracciones de clase dominantes argentinas y verificar cómo estos intereses influyeron en la política exterior argentina hacia el Mercosur durante la presidencia de Mauricio Macri (2015-2019), considerando las presiones de las potencias mundiales en disputa por la hegemonía del sistema international.

Palabras-clave: Mercosur; Política Exterior Argentina; Gobierno Macri; Burguesía interna; Disputa hegemónica.

1. Introdução

1 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGCP/UFRGS). Contato: lima.collaziol@ufrgs.br.

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Com o fim da Guerra Fria, houve a propagação de um discurso de “paz perpétua”

aos moldes kantianos e de consolidação do sistema capitalista como único modo de produção sob a liderança da superpotência vencedora do conflito bipolar: os Estados Unidos (EUA). Nesse sentido, ocorreu a formulação tanto de propostas políticas quanto de propostas econômicas por parte dos EUA em relação a terceiros países, isto é, houve a elaboração de pautas que deveriam ser adotadas em nível planetário, sob pena de o país dissonante tornar-se um pária do sistema internacional. Assim, o Neoliberalismo passou a ser a ideologia propalada pelas classes e frações de classe dominantes dos centros capitalistas mundiais - notadamente Estados Unidos e União Europeia, ainda que com certa prevalência daqueles. A ideologia neoliberal vinha acompanhada de um receituário de Estado mínimo, de baixa interação Estado-sociedade civil organizada e de uma aposta nos blocos de integração regional como plataformas de inserção comercial internacional. Na esteira desses acontecimentos, é criado o Mercado Comum do Sul (Mercosul), em 1991, para ser um espaço de integração comercial e financeira. No início dos anos 2000 veria surgir a “onda rosa” na América Latina - a eleição em série de governos de esquerda - e a alteração do paradigma de Estado mínimo neoliberal para o do Estado neodesenvolvimentista. A ascensão da República Popular da China (RPC) traria consigo uma relativa emergência do sul global devido à valorização das commodities, o que beneficia os Estados-membros do Mercosul, bem como suas burguesias compradora (agrária) e interna (fração industrial). Contudo, os anos 2010 mostrariam um certo esgotamento do modelo neodesenvolvimentista pelo endividamento estatal e crescente dívida pública e pela redução do crescimento chinês. Ressurgem, destarte, figuras ligadas à direita e que defendem a ideologia neoliberal e seus desdobramentos para a integração regional do Mercosul, a qual se pauta - grosso modo - por dois modelos em pugna: o desenvolvimentista-autocentrado e o liberal-comercialista. Essas alterações na correlação de forças no interior do bloco no poder fizeram o candidato à presidência argentina Mauricio Macri ser eleito e alterar a política externa do país, de modo a modificar - igualmente - a postura argentina em relação ao Mercosul. As disputas no interior do bloco no poder refletem, notoriamente, as disputas no plano internacional entre Estados Unidos e China pela hegemonia do sistema mundial; está sendo uma potência ascendente e aqueles na qualidade de potência decadente, porém que ainda conserva - com

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contestações das mais diversas - a liderança do sistema mundial. Em suma, são dois sistemas-mundo em conflito pela primazia sistêmica2. Nesse sentido, por intermédio das lentes interpretativas de Nicos Poulantzas, empreender-se-á uma análise marxista da política externa argentina para o Mercosul durante o governo Macri (2015-2019), desvelando os interesses da burguesia interna argentina e verificando de que forma esses interesses coincidiram ou se afastaram com os interesses das classes capitalistas dos Estados em disputa pela hegemonia mundial, Estados Unidos e China. Além desta introdução, este artigo compõe-se de mais três seções: na primeira, analisam-se os desdobramentos das disputas pela hegemonia mundial entre Estados Unidos para os países-membros do Mercosul; na segunda, os interesses da burguesia interna argentina, durante o governo Macri (2015-2019), e seus efeitos para a política externa argentina para o Mercosul, no bojo das disputas hegemônicas. Na terceira seção, tecem-se as considerações finais.

2. As disputas pela hegemonia mundial entre Estados Unidos e China e seus desdobramentos para o Mercosul

Ao longo da década de 1990, os Estados Unidos exerceram sua influência preponderante sobre a América Latina via “Consenso de Washington”, ou seja, um corolário que deveria ser seguido (não só, mas também) pelos Estado latino-americanos caso esses quisessem atingir o desenvolvimento econômico-social típico dos países do centro capitalista mundial - ditos desenvolvidos - e superar os entraves internos em infraestrutura e também eliminar a fome e a pobreza. O Consenso de Washington apregoava a privatização de empresas estatais, as quais eram vitais para a segurança e para o desenvolvimento nacional dos países periféricos, de modo que essas empresas - surgidas via capitais públicos no modelo de Estado desenvolvimentista - acabaram ficando sob a administração das burguesias dos países de capitalistas centrais… O rotundo fracasso do neoliberalismo abriu espaço para, no início dos anos 2000, ascenderem ao poder os governos progressistas (de esquerda) na América Latina e, em especial para este estudo, o Mercosul e a Argentina com a eleição de Néstor Kirchner. Com o falecimento de

2 Para uma abordagem mais aprofundada sobre o tema, ver WALLERSTEIN, Immanuel. El Moderno Sistema Mundial. México: Siglo XXI, 1979.

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Néstor, sua cônjuge Cristina Kirchner foi eleita - cumprindo dois mandatos consecutivos - para presidir a República Argentina. Concomitantemente, o Brasil elegia Lula da Silva e Dilma Rousseff que fariam coro ao fortalecimento do Mercosul e de outras iniciativas de integração regional como forma mais eficiente e adequada ao desenvolvimento sustentado de longo prazo, isto é, a superação das assimetrias e do subdesenvolvimento passava - necessariamente - pelo fortalecimento do Estado (modelo neodesenvolvimentista) e pela opção de uma integração mais autônoma e focada nos próprios países-membros - o modelo desenvolvimentista-autocentrado. No entanto, a partir dos anos 2010, após a crise americana do subprime em 2008, passa a ocorrer um movimento de alteração na correlação de forças em escala planetária, ficando evidentes os limites da hegemonia americana e sua decadência em relação as unilateralidades praticadas nos anos 90 do século XX. A República Popular da China apresentava uma economia pujante cujo crescimento impressionava os países do sistema internacional e remunerava razoavelmente bem os países periféricos exportadores de matérias-primas e commodities, situação em que se destaca o Mercosul devido à sua pauta de exportações ser marcada por produtos agrícolas, primários, minerais, sem beneficiamento ou minimamente beneficiados. Esse movimento de valorização do preço das commodities ficou conhecido como o boom das commodities. A fundação dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e do Banco de Desenvolvimento dos BRICS demonstrava o caráter anti-hegemônico e antissistêmico do grupo formado pelos BRICS. Uma aliança comercial, diplomática, política e militar-tecnológica foi tecida entre os países participantes do acrônimo, o que afetou os interesses estadunidenses na América do Sul, pois os países mais fortes - Brasil e Argentina - estavam integrando correntes anti- hegemônicas (havia a negociações para a entrada argentina nos BRICS) e junto com Venezuela, tinham posto um fim à ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) em 2005 na Cúpula de Miami. Ficava clara a presença chinesa na América do Sul, em geral, e no Cone Sul, de modo especial. Assim, torna-se importante - para compreender a disputa hegemônica entre Estados Unidos e China - perceber as nuances dos

vínculos internacionais em matéria econômica, que tem muita influência no plano geopolítico: Caribe com a União Europeia, México e América Central com os Estados Unidos e América do Sul com a China. Essa divisão é importante, embora

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não excludente, para analisar os paradigmas de integração que prevalecem em cada país em relação aos parceiros comerciais e a manobrabilidade geopolítica que se segue (MERINO, 2017, p. 23, tradução nossa).

Nesse ínterim, a aproximação do Mercosul - em geral - e da Argentina durante os governos Kirchner, em especial, demonstram uma alteração na correlação de forças no interior do bloco no poder argentino cujas classes e frações de classe dominantes passavam a interpretar a RPC como um parceiro estratégico mais habilitado a satisfazer- lhe os interesses de classe dominante do que os Estados Unidos. É notória a decadência dos EUA em relação ao Mercosul se se considera a série histórica de fluxos comerciais

O declínio da influência norte-americana entre 1999-2012 também ocorre no plano econômico. A participação dos EUA nas exportações sul-americanas caiu de 30% para 18% entre 2000 e 2011, enquanto as importações sul-americanas dos EUA caíram de 55% para 30%. Por outro lado, a China tornou-se um parceiro líder na região. O comércio entre a China e a América Latina cresceu exponencialmente nos últimos anos: de US$ 12 bilhões em 2000 para US$ 289 bilhões em 2013. A China se tornou a segunda fonte de importações da América Latina e o terceiro destino de suas exportações (depois dos Estados e da União Europeia) (MERINO, 2017, p. 23).

Não obstante a alteração significativa das relações Mercosul-EUA, a ofensiva estadunidense no sentido de enfraquecer a China e de submeter ao jugo imperial, novamente, a América Latina e o Mercosul materializou-se nas alterações das correlações de forças no seio dos blocos no poder dos países do Mercosul, e na Argentina de modo especial visto que foi o primeiro país do bloco a eleger um candidato de direita: Mauricio Macri em dezembro de 2015 após uma campanha presidencial bastante acirrada. Essa guinada política acentua-se, mormente,

após a crise econômico-financeira mundial de 2008 e do encerramento do “ciclo das commodities”, a mudança na correlação de forças, expressa na “virada à esquerda” da primeira década de 2000, cedeu perante a pressão das classes dominantes, que julgaram como esgotado o modelo político-econômico de sustentação desses governos progressistas. Tal pressão culminou num quadro político marcado por um “giro à direita”, que teve na retomada do ideário neoliberal conservador sua característica central (GRANATO, 2012, p. 2).

Resta evidenciada, portanto, a influência das disputas entre Estados Unidos e República Popular da China na atuação e nas escolhas estratégicas dos países-membros do

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Mercosul. Na seção seguinte, aborda-se a política externa argentina para o Mercosul durante o governo Macri (2015-2019) como desdobramento das alterações nas correlações de forças do bloco no poder da burguesia interna argentina e reflexo das disputas EUA- China pela hegemonia sistêmica.

3. Os interesses em pugna das frações de classe dominantes da burguesia interna argentina no governo de Mauricio Macri e suas reverberações para o Mercosul

A ascensão de Macri alterou substancialmente a política externa argentina não só para o Mercosul, mas também para toda a América Latina, pois “[...] a mudança de um bloco no poder poderá produzir efeitos sobre a política externa e no conjunto da política estatal” (BERRINGER, 2015, p. 19). Isto decorreu da opção “estratégica” de Mauricio Macri em buscar uma aproximação com os países capitalistas centrais - marcadamente Estados Unidos e Europa - nos principais foros financeiros mundiais, de modo que

Macri, desde que assumiu, decidiu ignorar organizações regionais alternativas, e privilegiar outras, como o Fórum Econômico de Davos (do qual participou pessoalmente em janeiro de 2016, enquanto esteve ausente da cúpula da UNASUL no mesmo ano, como também da comemoração do 25º aniversário da criação do Mercosul) (MERINO, 2018, p. 1063, tradução nossa).

As frações de classe dominantes no interior da burguesia interna argentina eram a industrial e a financeira, tendo esta assumido a hegemonia do bloco no poder argentino com a ascensão de Macri, visto que o apoiou durante a campanha eleitoral de 2015. As ações macristas visaram a beneficiar a fração financeira que lhe dera suporte e a estabelecer fortes ligações com os principais centros financeiros, representando - portanto - “um tipo de capitalismo que está fortemente imbricado com o poder econômico internacional e que, ao mesmo tempo, representa algumas características regionais dele [...]” (FRIGGERI, 2019, p. 41, tradução nossa), um duro golpe para a fração industrial que havia sido a fração hegemônica durante os governos kirchneristas. A alteração de fração hegemônica do bloco no poder argentino também modificou o projeto de Estado (de neodesenvolvimentista para neoliberal) e, consequentemente, o projeto de integração regional: passando do desenvolvimentista-autocentrado (prevalência da

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atuação estatal, da complementação econômica e produtiva e do fortalecimento do Mercosul) para o liberal-comercialista (primazia da mínima atuação estatal possível, da inserção assimétrica nas cadeias globais de valor e da “flexibilização” do Mercosul). Essa flexibilização representa, na verdade, um desmonte da integração regional erigida precedentemente, de modo que o Mercosul passaria a inserir-se - novamente - de modo subordinado e subalterno nas cadeias globais de valor, sem contestação e sem uma atuação mais autônoma e protagônica perante as grandes potências. “No âmbito da América do Sul, Macri visitou como presidente eleito Brasil, Chile e Uruguai, mas, desde então, seu discurso avançou na intenção de flexibilizar o MERCOSUL e de se aproximar da AP [Aliança do Pacífico]” (BUSSO; ZELIOVICH, 2016, p. 19, tradução nossa). As opções adotadas pelo governo Macri demonstram uma aproximação ao capital financeiro internacional e, outrossim, pelo enfraquecimento do Mercosul como bloco estratégico de inserção, participação e pertença argentina. As classes e frações de classe dominantes no interior do bloco no poder auxiliam na explicação dos comportamentos e da política externa dos governos, em especial no caso em comento. Conforme relembra Martuscelli (2018, p. 60),

[...] a internacionalização do capital provocou a emergência de novas formas de fracionamento de classe que, em grande medida, nos ajudam a explicar as diferenças de direção política burguesa quando confrontamos os governos de Néstor e Cristina Kirchner com os de Carlos Menem ou de Maurício Macri, ou comparamos os governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff com os de Fernando Henrique Cardoso ou de Michel Temer. O aspecto principal que permite caracterizar tais diferenças de direção política burguesa encontra-se nos conflitos emergentes no seio das classes dominantes na conjuntura mais recente.

Sendo assim, o governo argentino de Mauricio Macri - considerando a disputa hegemônica entre EUA e China - optou por um alinhamento automático com o governo estadunidense, aos moldes do realizado por Carlos Menem na década de 1990, o que diminuiu os contatos com a China desde um ponto de vista político-diplomático, ainda que se tenham mantidas inalteradas as relações econômicas entre Argentina e RPC.

4. Considerações Finais

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As alterações nas correlações de forças do sistema internacional conduziram ao fim da Guerra Fria e do embate entre as superpotências Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS). O término do conflito bipolar significou uma supremacia estadunidense no sistema internacional, de modo que foi possível para os EUA imporem seu corolário do Consenso de Washington via Estado mínimo e blocos de integração regional como plataformas de inserção nas correntes comerciais e financeiras globais. Os fracassos neoliberais na América Latina permitiram a ascensão de governos de esquerda, o que - no Mercosul especificamente - possibilitou o fortalecimento do Estado na escolha do projeto desenvolvimentista-autocentrado de integração. Todavia, em torno dos anos 2010, houve uma nova alteração na correlação de forças - marcada, internacionalmente, pelas disputas entre Estados Unidos e China pela hegemonia mundial - no interior do bloco no poder propiciou a eleição de governos de direita. A Argentina, no Mercosul, foi o primeiro país a eleger um governante de direita, Mauricio Macri (2015-2019), o que representou uma ruptura tanto com a política interna quanto com a política externa que vinha sendo desenvolvida na década anterior pelos sucessivos governos kirchneristas. As opções estratégicas do governo Macri beneficiaram, mormente, a fração financeira da burguesia interna argentina, haja visto que essa foi a fração que o apoiaram durante as eleições presidenciais. A aproximação Argentina em relação aos Estados Unidos e Europa marca um giro na política externa argentina com um distanciamento político-diplomático relativo da China, concomitantemente, às demandas pela “flexibilização” do Mercosul. A aproxima, outrossim, com a Aliança do Pacífico sublinha a intenção de uma integração regional voltada ao projeto liberal-comercialista em vez do desenvolvimentista- autocentrado. É importante ressaltar, então, que “[...] a posição política de um Estado na estrutura de poder internacional está ligada à relação entre esse Estado, o bloco no poder e a relação destes com os demais blocos no poder, e, sobretudo, com os Estados imperialistas” (BERRINGER, 2015, p. 14). O Estado não é neutro, tampouco um espaço para conciliação de interesses; o Estado é, antes, o resultado da luta de classes. Ademais, as classes e frações de classe dominantes imprimem um forma de atuação estatal, visto que moldam as políticas públicas do Estado, afetando, por conseguinte, a política externa - como demonstra a alteração substancial da política externa argentina para o Mercosul durante o governo Macri (2015-2019). Nesse ínterim, “ao conceber a integração como uma

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política estatal ou pública emanada dos aparelhos de estado de um grupo de países, aparelhos que é onde se processam e condensam as disputas de classes [...]” (GRANATO, 2020, p. 798, tradução nossa), ficam evidenciados os interesses das classes e frações de classes dominantes e, em especial, da fração hegemônica do bloco no poder por um certo projeto de integração regional que mais favorece seus interesses de classe dominante.

Referências

BERRINGER, Tatiana. Bloco no Poder e as Análises de Política Externa. Revista de Estudos Internacionais (REI), v. 6, n. 1, 2015.

BUSSO, Anabella; ZELIOVICH, Julieta. EL GOBIERNO DE MAURICIO MACRI Y LA INTEGRACIÓN REGIONAL: ¿DESDE EL MERCOSUR A LA ALIANZA DEL PACIFICO?

Conjuntura Austral, Porto Alegre, v. 7, n. 37, p. 17-24, ago./set. 2016.

FRIGGERI, Félix Pablo. El Capitalismo Mafioso y el gobierno de Mauricio Macri en

Argentina. Abordajes. Revista de Ciencias Sociales y Humanas, La Rioja, v. 7, n. 13, p. 30- 59, 2019.

GRANATO, Leonardo. Mercosur, inserción subalterna y burguesías internas de Argentina y Brasil. Izquierdas, v. 49, p. 797-809, abr. 2020.

______. Os trinta anos do Mercosul: apontamentos para um balanço. Conjuntura Austral, Porto Alegre, p. 1-22, 2021. [No Prelo]

MARTUSCELLI, Danilo Enrico. Burguesia interna e capitalismo dependente: uma reflexão a partir dos casos argentino e brasileiro. Crítica Marxista, Campinas, n. 47, p. 55-73, 2018.

MERINO, Gabriel Esteban. Proyectos estratégicos e integración regional en América Latina. El surgimiento de la Alianza del Pacífico, el fortalecimiento del regionalismo abierto

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y el retroceso del regionalismo autónomo. Relaciones Internacionales, La Plata, v. 26, n.

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______. El MERCOSUR en tiempos de retorno neoliberal. In: V JORNADAS NACIONALES DE INVESTIGACIÓN EN GEOGRAFÍA ARGENTINA - XI JORNADAS DE INVESTIGACIÓN Y EXTENSIÓN DEL CENTRO DE INVESTIGACIONES GEOGRÁFICAS, 2018, Tandil. Anais eletrônicos… Tandil: 2018, p. 1055-1067. Disponível em:

<http://sedici.unlp.edu.ar/handle/10915/76473>. Acesso em: 23 abril 2021.

POULANTZAS, Nicos. Poder político e classes sociais. Tradução de Francisco Silva. 1.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1977.

______. O Estado, o poder, o socialismo. 2. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1985.

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