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O poder das redes sociais de alavancar (ou destruir) sua imagem

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Academic year: 2022

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Domingo, 07 de Junho de 2020

Segmento: PUCRS

07/06/2020 | Correio Braziliense | correiobraziliense.com.br | Geral

O poder das redes sociais de alavancar (ou destruir) sua imagem

https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/eu-estudante/trabalho-e-formacao/2020/06/07/interna-trabalhoeformacao-2019,861833/o-poder-das- redes-sociais-de-alavancar-ou-destruir-sua-imagem.shtml

Em plena quarentena, a influenciadora Gabriela Pugliesi reuniu amigos para uma festa em casa e publicou uma série de fotos e vídeos nos stories. Horas depois, apagou todos os posts e, vendo a repercussão negativa nas redes sociais, gravou um vídeo de desculpas. Mas o estrago estava feito — a musa fitness, que, posteriormente, deletou a conta do Instagram, perdeu milhares de seguidores e mais de 10 patrocinadores.

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Na pandemia, o público torna-se mais criterioso com influenciadores e marcas. Um passo em falso pode jogar pelo ralo toda uma trajetória e gerar boicote. O momento é de demonstrar solidariedade e de se importar com causas valorosas(foto: Kleber/CB/D.A Press)

Na pandemia, o público torna-se mais criterioso com influenciadores e marcas. Um passo em falso pode jogar pelo ralo toda uma trajetória e gerar boicote. O momento é de demonstrar solidariedade e de se importar com causas valorosas

(foto: Kleber/CB/D.A Press)

Se, por um lado, as redes sociais são um importante aliado de empresas e profissionais, por outro, o exemplo de Pugliesi mostra que o mau uso delas pode prejudicar ou, até mesmo, destruir uma carreira ou negócio. Em um momento delicado como o da pandemia, é preciso ainda mais cuidado ao utilizar ferramentas como Instagram, Facebook e Twitter. Responsabilidade e bom senso viram palavras de ordem, assim como solidariedade e respeito.

De blogueira fitness a sumida das redes sociais(foto: Instagram/Reprodução) De blogueira fitness a sumida das redes sociais

(foto: Instagram/Reprodução) Continua depois da publicidade

“O ideal é que a utilização das redes sociais seja para prestar auxílio a quem necessita e, também, para ser um canal com informações relevantes”, explica Alexandre Loures, sócio da FSB Comunicação. “Qualquer manifestação que saia dessas linhas tende a cair em polêmicas, algo negativo para a imagem da companhia ou da pessoa. Dessa forma, manifestações contrárias às de especialistas ou com informações não verificadas não devem ser publicadas”, acrescenta.

(foto: Instagram/Reprodução) (foto: Instagram/Reprodução)

Pugliesi postando fotos de festa no Instagram e, depois, se desculpando(foto: Instagram/Reprodução) Pugliesi postando fotos de festa no Instagram e, depois, se desculpando

(foto: Instagram/Reprodução)

A diretora da MR Comunicação, Monise Radau, sugere que, em situações de comoção local, nacional ou mundial, a marca preste homenagem ou registre protesto, já que isso humaniza a instituição. “Vale ressaltar que até mesmo os executivos da organização

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precisam se posicionar e se comunicar de maneira coesa nas redes sociais. Se eles representam uma empresa, uma fala, ainda que em redes privadas, pode ganhar proporções além do esperado, iniciando ou contribuindo para uma crise de imagem.”

Má gestão e insensibilidade

Confira a análise de Ilana Berenholc, pós-graduada em personal branding pela Faculdade de Comunicação Blanquerna, em Barcelona:

“A questão da Gabriela Pugliesi, além de uma má gestão da crise de imagem, foi a total falta de alinhamento com os valores sociais que são relevantes neste momento. Postar festa e não cumprir o isolamento social, quando a situação é quase de calamidade, demonstra total insensibilidade com as questões que são fundamentais às pessoas neste momento. Além disso, apagar a postagem é errado durante a crise de imagem.

Apagar a publicação não apaga o feito, ponto. Assumir o erro inclui deixar o post ativo. Isso ajuda na hora de gerenciar o problema porque é uma forma de concentrar todos os ataques e críticas no mesmo lugar e cuidar deles lá. Ao apagar, a mensagem é replicada em outros locais e perde-se o controle para que uma boa gestão seja feita. No momento, o ideal é que ela saia de cena. A curto e a médio prazos, não acredito que ela consiga recuperar os patrocínios e seguidores perdidos.”

Como lidar com a crise de reputação?

Monise Radau, diretora da MR Comunicação:

Monise Radau, diretora da MR Comunicação: "Uma crise de imagem atinge o bem mais precioso de uma empresa ou profissional: a reputação. A perda de credibilidade provoca diminuição das vendas ou o fechamento de negócios e consequente queda no faturamento"

(foto: MR Comunicação/Divulgação)

“Uma crise de imagem atinge o bem mais precioso de uma empresa ou profissional: a reputação. A perda de credibilidade provoca diminuição das vendas ou o fechamento de negócios e consequente queda no faturamento”, explica Monise Radau, diretora da MR Comunicação, que tem MBA em gestão, empreendedorismo e marketing pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

De acordo com a executiva, há inúmeros fatores que podem ocasionar uma crise, como falha de produtos, erros de gestão, acidentes de trabalho, uma declaração mal colocada do porta-voz ou mesmo a disseminação de uma notícia falsa. Seja qual for o caso, é importante que a empresa ou o profissional tome providências imediatamente para tentar mitigar os efeitos do problema.

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Alexandre Loures, sócio da FSB Comunicação: O ideal é que, neste momento, a utilização das redes sociais seja para prestar auxílio a quem necessita e, também, para ser um canal com informações relevantes

Alexandre Loures, sócio da FSB Comunicação: O ideal é que, neste momento, a utilização das redes sociais seja para prestar auxílio a quem necessita e, também, para ser um canal com informações relevantes"

(foto: FSB Comunicação/Divulgação)

Segundo a estrategista em personal branding Ilana Berenholc, a demora para responder às críticas (mais de uma hora) pode alimentar ainda mais a crise . “O tom de voz deve ser calmo em 100% do tempo. A primeira resposta deve ser sempre ‘sim, percebemos que algo aconteceu’. Uma resposta ruim piora a situação”, acrescenta.

“A gestão da crise de imagem é como uma promessa: se bem-feitas, as pessoas poderão considerar. Mas, como qualquer promessa, ela precisa ser cumprida. Deve haver comprometimento com o público e, no futuro, a empresa ou o profissional deve mostrar ações coerentes com o que foi dito.” Ela ressalta, no entanto, que, dependendo da gravidade do que aconteceu, a má reputação pode ser irreversível.

Ilana Berenholc, estrategista em personal branding:

Ilana Berenholc, estrategista em personal branding: "A gestão da crise de imagem é como uma promessa: se bem-feita, as pessoas poderão considerar. Mas, como qualquer promessa, ela precisa ser cumprida"

(foto: Daniela Picoral/Divulgação)

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Na avaliação de Alexandre Loures, que tem MBA em administração e negócios pela São Paulo Business School e é sócio da FSB Comunicação, é fundamental admitir o erro publicamente e comunicar as medidas que estão sendo adotadas para revertê-lo. “Em situações com danos a indivíduos, comunidades ou entidades, é importante estabelecer o diálogo com esses públicos e realizar uma prestação de contas consistente.”

Além disso, quando a crise de imagem é causada pelo comportamento de um membro do time, Loure recomenda que o profissional seja afastado, “desvinculando a imagem da empresa de atitudes que não estão em linha com seus valores ou princípios”.

Público exige posicionamento coerente

Movimento pelo valor das vidas negras, por exemplo, é um dos que requerem manifestação de marcas, mas, se o apoio for falso, o público percebe(foto: Instagram/Reprodução)

Movimento pelo valor das vidas negras, por exemplo, é um dos que requerem manifestação de marcas, mas, se o apoio for falso, o público percebe

(foto: Instagram/Reprodução)

Diante do cenário de crise política, econômica e de saúde existente no país, o público exige, cada vez mais, que pessoas públicas e empresas se posicionem em relação a pautas relevantes. Os consumidores passam a questionar, mais do que nunca, os valores de determinada marca antes de comprar os produtos. Exemplo disso, em escala global, são as manifestações que marcaram as redes sociais nesta semana em defesa da causa #BlackLivesMatter (vidas negras importam, em português).

Grandes empresas como Nike, Twitter e Netflix mostraram apoio ao protesto. “Engajamento em causas sociais, preocupação em causar impacto positivo e posicionamento firme em situações de combate às injustiças são fatores decisivos na escolha de consumidores, investidores, talentos e parceiros”, afirma Alexandre Loures, da FSB Comunicação. No entanto, não basta postar nas redes — é preciso ter atitudes coerentes com o posicionamento que a empresa assume publicamente.

“O público está cada vez mais atento a qualquer tentativa de uma companhia, por exemplo, de se conectar a um tema com o qual não tenha afinidade de fato. Portanto, o primeiro passo é garantir que as mensagens estejam em linha com as práticas, ou nada terá efeito”, explica o especialista em administração e negócios. “Dito isso, é preciso estar muito atento às grandes pautas atuais, como os direitos humanos, de minorias raciais ou os direitos LGBT. Atitudes que sejam ofensivas, discriminatórias e segregacionistas não são e não devem ser aceitas pela sociedade.”

De acordo com Monise Radau, formada em comunicação social pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), posicionar-se é uma escolha, não uma obrigação. “Evitar polêmicas é indicado. No entanto, vale ressaltar que as marcas podem (e devem) se engajar com pautas relevantes para a sociedade e que reflitam seus valores, falando diretamente com o público dela.”

A análise de uma expert em diversidade

Marc Jacobs defende manifestantes mesmo com loja vandalizada (foto: Instagram/Reprodução) Marc Jacobs defende manifestantes mesmo com loja vandalizada

(foto: Instagram/Reprodução)

O posicionamento de algumas empresas e personalidades em relação à onda global de protestos contra o racismo chamou a atenção dos internautas. O estilista Marc Jacobs, por exemplo, tem utilizado ativamente o Instagram para defender o movimento antirracista nos Estados Unidos. Durante os protestos, uma loja da marca dele, em Los Angeles, foi vandalizada, mas Jacobs saiu em defesa dos manifestantes nas redes sociais.

Ele postou uma publicação com a seguinte mensagem: “Nunca deixem convencê-los de que quebrar um vidro ou propriedades quebradas é violência. Fome é violência. Não ter um lar é violência. Guerra é violência. Jogar bombas em pessoas é violência.

Racismo é violência. Supremacia branca é violência. Falta de acesso a serviços de saúde é violência. Pobreza é violência.

Contaminar fontes de água por lucro é violência. Propriedades podem ser substituídas. Vidas humanas não podem”.

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O post rendeu críticas, mas, também, milhares de elogios. Liliane Rocha, CEO e fundadora da Gestão Kairós, consultoria especializada em sustentabilidade e diversidade, avaliou a atitude de forma positiva. “Fiquei impressionada. Foi uma fala ousada.

Imagina um executivo de uma empresa no Brasil dizendo isso claramente nas redes sociais. Eu achei muito bacana”, diz a

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idealizadora e professora da matéria de diversidade no curso de marketing da ESPM.

Paulo Gustavo: bem-visto por ceder lugar de fala para Djamila Ribeiro(foto: João Miguel Júnior/Divulgação / Instagram/Reprodução )

Paulo Gustavo: bem-visto por ceder lugar de fala para Djamila Ribeiro (foto: João Miguel Júnior/Divulgação / Instagram/Reprodução )

Outro exemplo que ela cita é o da Netflix Brasil. “(A empresa) falou do George Floyd (morto sufocado por um policial nos EUA, enquanto dizia ‘eu não consigo respirar’), mas falou também do João Pedro, um jovem de 14 anos morto na própria casa. Quando a Netflix diz que ficar em silêncio é ser cúmplice, é uma fala pesada de a gente imaginar”, comenta a mestra em gestão de políticas públicas, com MBA executivo em gestão da sustentabilidade pela Fundação Getulio Vargas (FGV). “De novo, fico tentando imaginar o empresariado brasileiro que eu conheço expondo uma fala dessas.”

O exemplo do ator Paulo Gustavo também foi avaliado de maneira positiva. Ele cedeu a conta do Instagram, com 13,5 milhões de seguidores, para a filósofa e escritora negra Djamila Ribeiro durante o mês de junho. “A gente percebe o impacto de ele ter passado a conta para ela porque, por mais famosa que ela seja, é muito diferente a quantidade de seguidores. Essa iniciativa dele faz muita diferença para a temática racial”, justifica Liliane, graduada em relações públicas pela Faculdade Cásper Líbero.

No cenário nacional

Liliane Rocha, fundadora da consultoria em sustentabilidade e diversidade Gestão Kairós(foto: Mario Duarte/Divulgação) Liliane Rocha, fundadora da consultoria em sustentabilidade e diversidade Gestão Kairós

(foto: Mario Duarte/Divulgação) Continua depois da publicidade

De acordo com Liliane, autora do livro Como ser um líder inclusivo, as empresas brasileiras não têm se posicionado tão ativamente em relação à pauta quanto as estadunidenses. Ela destaca, no entanto, o caso da Aegea Saneamento, cliente da gestão Kairós. “Eles colocaram a logomarca com fundo preto e publicaram um texto no Instagram, no Facebook e no LinkedIn falando sobre tolerância e diversidade racial. Também vão trazer vídeoss de funcionários negros explicando sobre como ser antirracista”, conta.

Aegea Saneamento fez post contra o racismo(foto: Instagram/Reprodução) Aegea Saneamento fez post contra o racismo

(foto: Instagram/Reprodução)

A preocupação da empresa com a igualdade racial não é de hoje. Desde 2017, ela tem um programa para promover a equidade nas oportunidades de acesso às vagas e de crescimento profissional dos colaboradores que se autodeclararam pretos e pardos — o Respeito Dá o Tom. Afinal, não basta se posicionar nas redes sociais, ensina Liliane, professora da pós-graduação de sustentabilidade e diversidade da Universidade de São Paulo (USP).

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Campanha de sensibilização da Netflix (foto: Instagram/Reprodução) Campanha de sensibilização da Netflix

(foto: Instagram/Reprodução)

“As empresas se posicionam, o que é ótimo, mas, se chegar um currículo de um profissional negro, ele vai ter chances de ocupar uma vaga?”, indaga Liliane. “Isso é muito do trabalho que eu desenvolvo na Gestão Kairós”, acrescenta. “Eu questiono: qual percentual de negros você tem hoje na sua empresa, no quadro funcional e na liderança? Na sociedade brasileira, são 55,8% de negros. Se você tem 5% ou 10%, você não está representando a demografia da sociedade brasileira. Vamos trabalhar para isso?”, propõe.

Executiva lança guia

A Gestão Kairós lança o Guia de diversidade na legislação. O material foi idealizado para ser um instrumento de acesso à informação sobre a importância da garantia de direitos estabelecidos na Constituição de 1988. O guia traz informações importantes para profissionais que atuam nas áreas sociais e de direitos humanos, gestão de pessoas e para quem deseja se atualizar sobre a aplicação da lei e a garantia de direitos, cidadania e inclusão na vida cotidiana e, até mesmo, embasar um bom posicionamento na internet. O guia tem por objetivo ser mais uma ferramenta de apoio à transformação de ambientes corporativos. Este e outros materiais sobre diversidade e sustentabilidade podem ser acessados e baixados gratuitamente em:

Os maus exemplos da pandemia

Não foi apenas a blogueira Gabriela Pugliesi que gerou polêmica nas redes sociais durante a crise do novo coronavírus. O posicionamento de alguns empresários brasileiros também rendeu críticas e boicotes às respectivas marcas. Em uma pesquisa da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio de Janeiro (ESPM Rio) sobre a expectativa do público em relação à covid-19, a rede Madero foi apontada como a empresa com pior imagem durante a crise.

Junior Durski, do Madero, banalizou mortes e se prejudicou(foto: Gerson Lima/Divulgação) Junior Durski, do Madero, banalizou mortes e se prejudicou

(foto: Gerson Lima/Divulgação)

O dono da rede, Junior Durski, publicou um vídeo no Instagram, no início da pandemia no Brasil, dizendo que o país não podia parar “por conta de 5 ou 7 mil mortes”. No dia seguinte, publicou outro vídeo pedindo desculpas e sugerindo que havia sido mal interpretado. “Um momento difícil que estamos vivendo, de ter até cuidado com o que a gente fala, de ser mal interpretado. Eu me preocupo muito com cada uma das pessoas que estão morrendo”, disse, no vídeo.

Alexandre Guerra, afastado do conselho do Giraffas (foto: Ed Alves/CB/D.A Press) Alexandre Guerra, afastado do conselho do Giraffas

(foto: Ed Alves/CB/D.A Press)

“Não tenho dúvida de que não temos que deixar alguém para trás. Mas não podem ser desproporcionais essas medidas de contenção pelo coronavírus, completou. O empreendedor também foi criticado por demitir funcionários. Outro alvo dos internautas foi o filho do dono da rede Giraffas e ex-candidato a governador do Distrito Federal nas eleições de 2018, Alexandre Guerra.

Ele foi afastado do Conselho de Administração da empresa por causa de declaração feita no Instagram. “Você que é funcionário, que talvez esteja em casa numa boa, numa tranquilidade, curtindo um pouco esse home office, esse descanso forçado, você já se deu conta que, ao invés de estar com medo de pegar esse vírus, você deveria também estar com medo de perder o emprego?”, disse em vídeo publicado na rede social.

Vale ressaltar que, desde 2016, Alexandre não ocupava nenhum cargo executivo dentro do grupo, mas a imagem dele foi diretamente associada à do Giraffas. E o pai dele, Carlos Guerra, tomou atitude que é recomendada por consultores de comunicação ao afastar o filho a fim de tentar desvincular a marca ao caso.

Inquérito das fake news

Luciano Hang (Havan), conhecido por posições radicais(foto: Reprodução) Luciano Hang (Havan), conhecido por posições radicais

(foto: Reprodução)

O dono da rede Havan, Luciano Hang, também fez vídeo criticando as medidas de isolamento social, porém de forma mais sutil. “O

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efeito econômico causado pelo coronavírus no Brasil é de uma dimensão imensurável (...) Se todos nós fecharmos, quem vai pagar os salários? É como se fosse uma sinuca de bico agora. Temos que ter responsabilidade nesse momento. Primeiro, preservar vidas”, disse em transmissão ao vivo no Facebook, em março.

Edgard Corona, da Smartfit, acusado de espalhar fake news(foto: Reprodução) Edgard Corona, da Smartfit, acusado de espalhar fake news

(foto: Reprodução)

Colecionador de polêmicas, o empresário é alvo da Polícia Federal no inquérito das fake news, que investiga disseminação de informações falsas e ataques contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Outro nome investigado é o do fundador e CEO da rede de academias SmartFit, Edgard Gomes Corona. No Twitter, usuários sugeriram boicote à academia e a demais empresas envolvidas no inquérito.

O bom exemplo do Magazine Luiza

App denuncia violência doméstica: rede de lojas fica bem na fita(foto: Magazine Luiza/Divulgação) App denuncia violência doméstica: rede de lojas fica bem na fita

(foto: Magazine Luiza/Divulgação)

No estudo da ESPM Rio que teve a rede Madero como pior colocada, a rede varejista Magazine Luiza (Magalu) foi apontada pelos consumidores como a empresa mais bem-vista durante a crise do novo coronavírus. Comandada por Luiza Helena Trajano, a organização, que se posiciona ativamente nas redes desde o início da pandemia, foi uma das idealizadoras do movimento “Não Demita” — iniciativa que estimula esforços dos empresários para manter empregos durante a crise.

Luiza Helena Trajano sai da crise com a imagem fortalecida(foto: Ana Catarina/Divulgação) Luiza Helena Trajano sai da crise com a imagem fortalecida

(foto: Ana Catarina/Divulgação)

Além disso, o Magalu doou R$ 10 milhões para a compra de respiradores e equipamentos de hospitais. Em maio, a rede varejista lançou uma plataforma digital para pequenas empresas e profissionais autônomos venderem seus produtos, como forma de ajudar a minimizar os impactos financeiros da crise. A Magazine Luiza também investiu em uma campanha contra a violência doméstica — no app da empresa, há um botão para denunciar casos de agressão contra mulheres, que aumentaram significativamente durante o isolamento social.

Aprenda!

Como usar as redes sociais de forma eficiente?

Confira dicas da professora de publicidade do Centro Universitário Iesb e doutora em psicologia pela Universidade de Brasília (UnB) Nívea Braga

1) Passar mensagens centradas na empatia

Empatia é a palavra de ordem para a comunicação nos dias de hoje. Empresas e profissionais devem ouvir as necessidades das pessoas e públicos com quem convivem e oferecer soluções dimensionadas a essas questões sempre que possível. As redes sociais e aplicativos permitem que as pessoas se expressem livremente, tragam suas opiniões. Responder com empatia é uma experiência positiva. Exemplo disso é um pai que pediu, por aplicativo, uma esfiha sem recheio para a filha autista. A lanchonete enviou esfihas em formato de coração. Claro que isso pegou bem para a marca.

2) Aproveitar a interatividade das redes

As empresas podem usar o potencial das redes sociais para postar mensagens que estimulem pessoas a compartilhar, marcar amigos, entre outras ações. No contexto da pandemia, é importante canalizar esse potencial para conteúdos esclarecedores sobre a empresa, incentivo a campanhas com foco na solidariedade, na partilha e nas ações sociais. A nova economia que está emergindo é centrada na solidariedade e interação.

3) Compartilhar conteúdos sobre novos modelos econômicos

Ressaltar os pontos positivos das experiências atuais pode resultar em conteúdos relevantes. Autores como Klaus Schwab (A quarta revolução industrial) e Christan Barbosa (A Tríade do Tempo), por exemplo, trazem perspectivas fundamentadas e esclarecedoras que podem auxiliar profissionais e empresas na busca por soluções em tempo de crise.

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4) Abusar da criatividade

Encontrar caminhos originais a partir do próprio negócio/carreira/ empreendimento é fundamental nos dias de hoje e muito bem aceito.

5) Dar dicas práticas

Informações concisas, diretas e divididas em pequenas unidades de leitura atraem a preferência das pessoas. Com o aumento da quantidade de informação e a dispersão natural que o ambiente virtual evoca, foco é precioso.

07/06/2020 | GZH | gauchazh.clicrbs.com.br | Geral

Um em cada cinco gaúchos com carteira assinada está com contrato suspenso ou salário reduzido

https://gauchazh.clicrbs.com.br/economia/noticia/2020/06/um-em-cada-cinco-gauchos-com-carteira-assinada-esta-com-contrato-suspenso-ou-salario- reduzido-ckb5j8w340037015nkrqywzrr.html

Estado é o quarto com maior adesão à MP 936 no país, segundo Ministério da Economia

O Rio Grande do Sul tem 456,7 mil trabalhadores com contrato suspenso ou jornada reduzida em razão das medidas adotadas para controlar a pandemia do coronavírus, conforme dados contabilizados até 26 de maio pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.

O Estado é a quarta unidade da federação com mais acordos realizados por meio da Medida Provisória (MP) 936, editada em abril pelo governo federal e que levou à criação do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda. Apenas São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais registram maior adesão à MP até o momento.

O número de acordos fechados para redução de jornada e salário ou suspensão do contrato representa 19% da força de trabalho gaúcha com carteira assinada. Isso porque, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em abril o Estado contava com 2,4 milhões de pessoas no mercado formal. Ou seja, praticamente um a cada cinco trabalhadores está com o vínculo afetado pela MP 936.

- É uma fatia bem significativa do mercado de trabalho no Estado. Esses trabalhadores acabam tendo prejuízo na renda, mas pior seria o desligamento definitivo e a perda total do salário - afirma Ely José de Mattos, economista e professor da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Pela medida provisória, o empregador deve garantir a estabilidade do funcionário pelo mesmo tempo que utilizou o expediente. O período máximo de suspensão chega a 60 dias, enquanto o de redução da carga horária vai a 90 dias. Em ambos os casos, o governo assume o pagamento de parte do salário. Como contrapartida, a empresa precisa manter a vaga por até dois meses após o congelamento total do contrato ou até três meses depois da diminuição parcial da atividade.

Mesmo com essa alternativa para a aliviar as finanças, muitas empresas no Estado abriram mão da medida e optaram por demitir funcionários. Somente em abril, o mercado gaúcho fechou 74,7 mil postos de trabalho formais, aponta o Caged. O volume é recorde para o mês. Economista e professor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Guilherme Stein avalia que o saldo poderia ter sido pior sem a MP.

- A medida foi importante para preservar certa estabilidade na estrutura produtiva e acabou aliviando empresas de setores impossibilitados de funcionar na pandemia e que teriam de demitir - aponta.

No entanto, segundo Stein, o prolongamento da crise do coronavírus na economia brasileira pode fazer com que a medida apenas tenha adiado demissões, após o término da estabilidade.

Perfil Em todo o Brasil, mais de 8,1 milhões de trabalhadores estão com suspensão ou redução da jornada. Com isso, o governo prevê o desembolso de R$ 14,2 bilhões para complementar os salários dos atingidos. Até o fim de maio, 1,2 milhão de empresas aderiram ao expediente. A maior participação ocorre no setor de serviços, com 3,1 milhões de trabalhadores incluídos no regime. A

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Secretaria Especial de Previdência e Trabalho não disponibiliza recorte regional desses indicadores.

Ainda assim, é possível identificar setores que adotaram em peso a medida no Rio Grande do Sul. Um deles é o calçadista. A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) estima que 70% das empresas do setor, boa parte delas com sedes gaúchas, recorreram à MP.

Presidente da federação de sindicatos dos trabalhadores da categoria no Estado (Feticvergs), João Pires avalia que a medida tem se mostrado eficaz para conter os cortes nas fábricas. O dirigente argumenta que a maioria das 10 mil demissões ocorridas no segmento gaúcho, durante a pandemia, estão atreladas a empresas que já enfrentam dificuldades antes do coronavírus. Ainda assim, Pires detecta problemas pontuais no cumprimento dos acordos.

- Tem empresa que não está cumprindo o combinado. Já vimos casos de trabalhadores com jornada reduzida pela metade que, na prática, estavam trabalhando o dia todo. Temos procurado conversar com essas empresas para resolver isso - diz Pires.

No comércio, a implementação da medida também ocorreu massivamente. Apenas em Porto Alegre, cerca de 30% da categoria sofreu redução parcial ou total da jornada, segundo o Sindicato dos Empregados do Comércio da Capital (Sindec).

- Mais de 2 mil empresas aderiram à MP, abrangendo 30 mil trabalhadores. E ainda seguimos registrando procura por novos acordos na categoria - explica Nilson Neco, presidente do Sindec.

Com a reabertura do comércio nas últimas semanas, a expectativa é que os trabalhadores aos poucos voltem à atividade e, assim, contratos deixem de ser suspensos.

Suspensão lidera acordos no país Entre os 8,1 milhões de trabalhadores afetados pela MP 936 no país, 4,4 milhões tiveram o contrato de trabalho suspenso. Setores como os de hotelaria e gastronomia, que tiveram estabelecimentos fechados por causa da pandemia, estão entre os que optaram pelo congelamento do vínculo de trabalho por até dois meses para atravessar a crise.

Em Porto Alegre, a hotelaria optou pela suspensão massiva dos contratos ainda no início de abril, quando a MP foi lançada. Isso porque a maioria dos estabelecimentos fechou as portas, a partir do cancelamento de voos no aeroporto da Capital e de eventos e viagens turísticas programadas antes da pandemia. Os poucos profissionais que permaneceram com vinculo ativo, para fazer a manutenção das estruturas, tiveram a jornada reduzida.

- A MP é o que está segurando os empregos. Sem ela, pelo menos 3 mil dos 4 mil postos de trabalho diretos do setor já teriam sido cortados - estima Carlos Henrique Schmidt, presidente do Sindicato de Hotéis de Porto Alegre (SHPOA).

Agora, às vésperas de os contratos suspensos voltarem a vigorar, o setor espera a prorrogação da MP. A extensão é vista como uma saída para evitar cortes após o período de estabilidade garantido aos trabalhadores, já que o segmento deve seguir com a demanda baixa nos próximos meses.

O Congresso Nacional analisa essa possibilidade. A Câmara dos Deputados aprovou a prorrogação da medida por 60 dias, com texto que permite sua validade enquanto durar o estado de calamidade pública. A matéria foi encaminhada para o Senado, onde ainda será analisada. Posteriormente, seguirá para sanção presidencial.

Problemas no pagamento Nas últimas semanas, trabalhadores com contrato suspenso ou jornada reduzida têm relatado problemas para receber o Benefício Emergencial (BEm), fatia do salário que fica a cargo do governo federal enquanto perdura o acordo pela MP 936. A alegação é que os depósitos não estão sendo realizados nas datas previstas pelo próprio governo.

A parcela paga pelo governo varia de R$ 261,25 a R$ 1.813,03 e é calculada em cima do seguro-desemprenho a que o trabalhador teria direito em caso de demissão.

GaúchaZH solicitou explicações à Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia e à Dataprev sobre o assunto, mas até o fechamento desta reportagem não obteve retorno.

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07/06/2020 | Jornal do Comércio | jornaldocomercio.com | Geral

Exportações gaúchas começam 2020 com o pior desempenho em 11 anos

https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/cadernos/empresas_e_negocios/2020/06/741560-exportacoes-gauchas-comecam-2020-com-o-pior-des empenho-em-11-anos.html

Luiz Antônio Araujo

As exportações totais do Rio Grande do Sul registraram, em 2020, o pior quadrimestre inicial do ano em mais de uma década. Em um reflexo da crise econômica global provocada pela pandemia de coronavírus e do novo perfil da economia gaúcha, com maior peso do setor primário, o Estado exportou US$ 4 bilhões de janeiro a abril deste ano, ante US$ 5,9 bilhões em igual intervalo de 2019 - um tombo de 35%. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia e foram compilados pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs).

É preciso recuar 11 anos, até 2009, para encontrar uma queda tão expressiva das exportações gaúchas em números absolutos e em comparação com o mesmo período do ano anterior. De janeiro a abril daquele ano, na esteira da recessão causada pelo colapso do sistema de hipotecas dos EUA, o setor obteve um resultado de US$ 3,55 bilhões no RS, 28% a menos do que no primeiro quadrimestre de 2008.

O resultado gaúcho deste ano contrasta com o do Brasil. Embora tenham recuado em relação a 2019, as exportações totais brasileiras tiveram queda mais suave, de apenas 6,63%. Até abril, o setor no País atingiu um resultado de US$ 67,3 bilhões, ante

US$ 72,1 bilhões no ano anterior. A disparidade entre exportações totais no Estado e no País deve-se à maior diversidade da pauta brasileira de exportações, conforme Márcio Guerra, representante do Escritório Sul da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

"O Rio Grande do Sul sentiu efeito maior da presente crise mundial em suas exportações em valor agregado e industriais do que nas voltadas para o agronegócio", afirma.

O diagnóstico de Guerra encontra respaldo nos números. O fraco desempenho das exportações industriais foi o principal responsável pela queda das exportações totais, como mostram os números divulgados pela Fiergs. O setor atingiu um resultado de US$ 3,17 bilhões no primeiro quadrimestre, 41,7% a menos do que no mesmo período de 2019. Os setores que mais encolheram foram celulose e papel (-68,4%), tabaco (-38,5%) e químicos (-34,3%). Em compensação, o setor de alimentos registrou aumento de 30,1%, e o de bebidas, de 92,8%.

Agronegócio evita desequilíbrio maior na balança comercial do Rio Grande do Sul

Exportações agrícolas gaúchas tiveram um resultado de US$ 894 milhões, superior em 9% ao do primeiro quadrimestre do ano passado

Exportações agrícolas gaúchas tiveram um resultado de US$ 894 milhões, superior em 9% ao do primeiro quadrimestre do ano passado

David mark/pixabay/divulgação/jc

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Luiz Antônio Araujo*

Com importância crescente na pauta exportadora gaúcha, o agronegócio evitou um desequilíbrio ainda maior na balança ao conseguir um resultado de US$ 894 milhões, superior em 9% ao do primeiro quadrimestre do ano passado. O destaque foi a soja, que registrou exportações superiores em 34,3% em relação a igual período de 2019.

"Desde a abertura comercial, no início dos anos 1990, há uma commoditização da pauta exportadora brasileira, justamente porque não somos fortes em inovação e pesquisa. O Brasil tem dificuldade de competir mundialmente, mesmo em setores industriais tradicionais que já tiveram importância no Estado, como vestuário e móveis", afirma Bianca Martins Rockenbach, doutora em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e pesquisadora de comércio exterior.

Autora de tese sobre exportações de bens intensivos em trabalho, Bianca exemplifica os obstáculos enfrentados por setores como o calçadista, por meio de uma comparação com países europeus. "Em termos de qualidade, nossos concorrentes são Itália e Alemanha.

Esses países transferem suas linhas de produção para países asiáticos, onde a mão de obra é mais barata. As matrizes ficam com a parte de qualidade, de diferenciação, de marca", sustenta.

Os números da série histórica, iniciada em 1997, espelham a perda de impulso das exportações de manufaturados e semimanufaturados. No primeiro quadrimestre de 1997, a relação entre o setor e o de produtos básicos na pauta exportadora gaúcha era praticamente dois terços a um terço.

No primeiro quadrimestre de 1997, manufaturados e semimanufaturados somaram US$ 1,25 bilhão dos US$ 1,74 bilhão das exportações gaúchas, ou 68% do total. No mesmo período, os produtos básicos perfizeram US$ 480,9 milhões, ou 28% do resultado.

Este ano, a balança equilibrou-se: básicos somaram US$ 2,056 bilhões das exportações totais, e manufaturados e semimanufaturados, US$ 2,006 bilhões.

Embora a queda reflita, em parte, o contexto criado pelo novo coronavírus, o impacto da pandemia deve ser relativizado. No primeiro quadrimestre, o Estado passou do primeiro caso detectado da Covid-19, em 28 de fevereiro, a 2.224 doentes, em 30 de abril. Medidas de restrição à atividade econômica e à circulação de pessoas foram adotadas, porém, apenas a partir da segunda quinzena de março.

Além dos primeiros reflexos da pandemia na atividade produtiva do Estado, a queda capta parcialmente a desaceleração econômica nos principais destinos das exportações rio-grandenses, como China, Estados Unidos e Argentina. Os dois primeiros foram atingidos pela doença ainda em janeiro.

Os indícios de que o setor exportador gaúcho enfrenta dificuldades vem desde outubro de 2019, quando foi registrada a primeira de sete quedas mensais consecutivas nas exportações totais. Nesse intervalo, o Estado caiu do quarto para o sétimo lugar entre os 10 maiores estados exportadores. O fraco resultado do quarto trimestre do ano passado contribuiu para que as exportações totais fechassem 2019 em queda de 13,5% em relação ao ano anterior.

"Quando as economias vizinhas retomarem suas atividades e níveis de confiança, o Rio Grande do Sul deve recuperar, aos poucos, seus níveis de exportações industriais", estima Márcio Guerra, representante do Escritório Sul da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

Estudo identifica chances de ampliação de mercado Levantamento foi realizado pela ApexBrasil Levantamento foi realizado pela ApexBrasil apex/reprodução/jc

Entre os itens de exportação do Rio Grande do Sul com maior capacidade de ampliar participação de mercado junto aos cinco principais destinos de produtos com origem no Estado, estão polietilieno para a China, tecido de algodão para a Argentina e acessórios de automóveis para os Estados Unidos. A avaliação faz parte do estudo Rio Grande do Sul: perfil e oportunidades de

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exportações e investimentos 2019, publicado no ano passado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) com base em números de 2017.

A pesquisa lista 74 itens com mais chances de incremento de exportação para os cinco principais destinos da produção gaúcha (China, Argentina, Estados Unidos, Chile e Paraguai). Esses produtos são classificados pelo órgão como "abertura". A categoria inclui mercadorias com exportação descontínua ou com participação de mercado muito baixa nas importações do país de destino.

Para que um produto seja considerado abertura pela ApexBrasil, deve apresentar "demanda considerável no país destino", segundo o estudo.

Em relação à China, a pesquisa identificou 15 produtos como oportunidades em abertura. Desse total, apenas nove foram classificados da mesma forma para o Brasil, indicando que o Estado encontra-se em posição privilegiada na disputa pelo mercado.

No caso do polietileno de densidade 0,94, em forma primária, as exportações gaúchas para a China foram de apenas US$ 37,2 milhões em 2017 (0,49% do mercado). O principal concorrente é a Arábia Saudita, com 21,42% de participação. Enquanto a China importou cerca de US$ 7,5 bilhões do produto em 2017, o Brasil exportou um total de US$ 82,1 milhões no mesmo ano.

No caso da Argentina, tradicional parceiro gaúcho, tem peso o tecido de algodão tinto em ponto de tafetá. Em 2017, toda a exportação brasileira para o país vizinho, no valor de US$ 21,7 mil, foi produzida no Rio Grande do Sul. O mercado é dominado pela Espanha (54,8%), enquanto o Brasil ocupa 19,11%. Ao todo, a ApexBrasil identificou 15 produtos em abertura para a Argentina em 2017.

A análise das exportações para os Estados Unidos levou ao registro de 15 produtos gaúchos em abertura para o país em 2017. O principal é outras partes e acessórios para veículos automóveis das posições 8701 a 8705 (SH870899). O Estado exportou cerca de US% 55 milhões para os EUA em 2017, ocupando 0,40% num mercado liderado pelo México (31,17%). No caso de betoneiras, as exportações gaúchas para o parceiro norte-americano alcançaram US$ 514 mil em 2017, numa participação de 4,83% no mercado daquele país.

Relatório da ApexBrasil avalia consequências da pandemia no comércio global Documento chama atenção para o impacto da pandemia na Argentina

Documento chama atenção para o impacto da pandemia na Argentina JUAN MABROMATA/AFP/JC

Em relatório de inteligência de mercado de abril de 2020, intitulado Mercados globais e coronavírus, a ApexBrasil prevê que a América Latina estava em vias de se tornar um foco importante da Covid-19 "nas próximas semanas".

O documento chama atenção para o impacto da pandemia na Argentina, com queda significativa da arrecadação de impostos no primeiro trimestre, tendência a redução nas vendas de veículos e turismo em colapso após o cancelamento de 154 voos semanais em razão do fechamento de fronteiras.

Em termos de acesso a mercado, o relatório enfatiza que o governo argentino zerou a tarifa de importação de álcool, artigos de laboratório ou farmácia, desinfetantes, equipamentos e outros insumos considerados relevantes para o combate ao novo coronavírus.

Em relação às exportações, restringiu a comercialização de respiradores mecânicos, com eventuais exceções arbitradas pelo Ministério da Saúde.

O Chile, conforme o estudo, sofreu com a queda do preço e das exportações de cobre, provocada especialmente pela desaceleração da economia chinesa. As vendas do agronegócio, especialmente vinhos, frutos do mar, cerejas e mirtilos, sofreram com a retenção de produtos em portos da China.

Por outro lado, os produtores chilenos de carne sonham com a expansão das vendas para a China dos atuais 12% da produção nacional para 25%. Já o Paraguai registrou queda de 27% nas importações em janeiro e fevereiro. A fatia da população paraguaia que vive na informalidade é de 47%.

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Em relação à China, foco inicial da pandemia do novo coronavírus, o relatório informa que as vendas no varejo diminuíram 20,5%

em relação ao ano anterior. O país deve apresentar o menor crescimento anual em décadas, estimado por organismos internacionais entre 1,2% e 1%. O gasto das famílias, com previsão inicial de aumento de 7,2%, deverá crescer 2%, de acordo com a agência de avaliação de crédito Fitch.

O relatório mostra que as vendas de alimentos e bebidas não alcoólicas aumentaram este ano na China, mas que, no primeiro bimestre, as vendas de álcool e tabaco caíram 15,7% em relação a igual período do ano passado. O fechamento de bares de karaokê, muito populares no país, foi uma das principais causas da redução.

Um dos setores que experimentou crescimento acentuado foi o de entrega de alimentos (delivery). Os pedidos de entrega sem contato físico entre o entregador e o cliente responderam por mais de 80% do total de pedidos em fevereiro no País.

Economia gaúcha pode apresentar respostas diferentes da nacional Câmbio apreciado ajudaria indústrias do Estado, afirma Marquetti Câmbio apreciado ajudaria indústrias do Estado, afirma Marquetti MARCOS NAGELSTEIN/JC

A velocidade de disseminação do novo coronavírus fez com que a doença afetasse produção e consumo de forma generalizada e rápida, travando as cadeias globais de produção e distribuindo os efeitos da crise entre todos os países. Esse cenário é particularmente preocupante no caso do Rio Grande do Sul, uma vez que, mesmo antes de a pandemia atingir o Estado, a cada vez mais importante participação do agronegócio na pauta de exportações vinha sendo prejudicada pela estiagem e o setor industrial sofria os efeitos da turbulência na vizinha Argentina. Essa é a avaliação do professor do Programa de Pós-graduação em Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), Adalmir Marquetti. Por outro lado, afirma o pesquisador, uma eventual manutenção do câmbio apreciado, com o dólar acima dos R$ 5,00, pode significar um impulso às exportações industriais do Estado.

Empresas & Negócios - Por que as exportações totais gaúchas registraram, no primeiro quadrimestre de 2020, o pior desempenho em 11 anos?

Adalmir Marquetti - Vamos começar pela comparação entre a situação atual e a de 2009. A crise financeira atingiu o Brasil no final de 2008, com impacto maior nos primeiros meses de 2009. Como a economia mundial entrou em colapso, as exportações do Rio Grande do Sul caíram significativamente. Foi uma crise intensa, que tem significado mudanças importantes no mundo e de modo mais lento. Uma transformação importante ocorreu no terreno político: o Brexit, a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, e a eleição do presidente Jair Bolsonaro no Brasil. O comércio mundial deixou de crescer no início dos anos 10 deste século. Como as economias nacionais continuaram registrando crescimento, há uma pequena queda da participação das exportações em relação às importações no Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Essa mudança é importante porque, até ali, exportações e importações vinham crescendo de forma combinada. Pode-se dizer que esse momento marca uma freada do processo de globalização. Depois, esse fenômeno reflete-se no discurso político: o Brexit, Trump com "Estados Unidos primeiro" (America first). A crise atual é distinta da de 2008, que teve forte componente externo. A economia mundial já vinha se desacelerando desde o ano passado. Um dos casos mais graves é o da Argentina, um dos principais parceiros comerciais do Brasil e, particularmente, do Rio Grande do Sul. A crise argentina impacta as exportações brasileiras, especialmente as de produtos industriais. Estados Unidos, China e Europa já vinham registrando queda nas taxas de crescimento. E aí vem o novo coronavírus.

E&N - Qual é o impacto da pandemia em termos globais?

Marquetti - O coronavírus atinge primeiro a China. Parcela da indústria brasileira importa componentes fabricados na China, como parte do que hoje se chamam cadeias globais de produção. No momento em que regiões inteiras da China pararam em razão da pandemia, não havia mais como importar nem como produzir. A crise aprofundou-se no mundo de maneira muito rápida.

Inicialmente, houve um impacto do lado da produção, mas muito rapidamente surgiu um problema do lado da demanda. Quando se olha os dados das exportações, percebe-se que as que continuam crescendo são as de alimentos: há expansão de soja, de carnes e de outros produtos.

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E&N - Fatores domésticos agravaram o quadro?

Marquetti - Há um efeito significativo da seca. A região produtora de tabaco, no Vale do Rio Pardo, sofreu muito com a estiagem. É preciso acompanhar, nos próximos meses, um possível impacto da seca na exportação de soja. Até o momento, isso não ocorreu.

E&N - Como fica a situação de setores da indústria gaúcha que já enfrentavam dificuldades na competição com outros países, como vestuário e móveis?

Marquetti - A economia gaúcha reflete a situação nacional. No início dos anos 1990, a pauta de exportações do Brasil indicava um peso maior de produtos manufaturados e semimanufaturados. Com a maior concorrência da China e do restante da Ásia, esses produtos brasileiros perdem espaço. Ao mesmo tempo, cresce o peso das commodities, em resposta à maior demanda dos países asiáticos, especialmente da China. A economia gaúcha é afetada por essa situação como parte da economia brasileira.

E&N - Quais especificidades da indústria do Estado devem ser levadas em conta?

Marquetti - Nossa economia tem duas características um pouco diferentes da brasileira. Em primeiro lugar, a indústria tem um peso ainda maior no Rio Grande do Sul do que no Brasil. Nossa indústria está concentrada no eixo que vai da Região Metropolitana de Porto Alegre, passando pelo Vale do Sinos e chegando à Região Metropolitana de Caxias do Sul, com polos como Passo Fundo, Lajeado e Santa Cruz do Sul. Essa indústria tem uma participação do setor de bens de capital maior do que a média brasileira. Em segundo lugar, o Estado é um pouco mais aberto, exporta mais do que o Brasil. Se a indústria brasileira não vai bem, a situação gaúcha piora, porque esse segmento é mais importante aqui do que no restante do país. A indústria gaúcha sempre foi intensiva em mão de obra. Uma vez que essa mão de obra é relativamente mais barata em termos mundiais, isso permitia que competíssemos mais fortemente com a produção chinesa.

E&N - Essas particularidades, porém, até agora não têm se mostrado suficientes para que o Rio Grande do Sul vire o jogo.

Marquetti - Hoje, alguns desses setores intensivos em mão de obra estão migrando da China para outros países asiáticos, como Vietnã. Nesse momento, ganha importância a questão cambial, ou seja, a relação salário/-dólar. Para melhorar o desempenho nessas condições, a economia brasileira e gaúcha precisaria aumentar a produtividade do trabalho. Não temos sido capazes de fazê-lo. Há um grande debate sobre por que isso não acontece. Assim, a indústria brasileira e, no seu interior, a gaúcha têm tido dificuldade para se adaptar a esse novo processo que começa nos anos 1990. Temos perdido espaço. A desindustrialização brasileira e gaúcha é muito preocupante. O Brasil tornou-se um grande exportador e importador de petróleo. Na década de 1980, ninguém imaginava que o país se tornaria exportador de petróleo. Quando o setor exportador avança, a economia gaúcha se sai um pouco melhor do que a economia brasileira como um todo. A desvalorização do real tem efeitos sobre a economia gaúcha, porque nosso setor exportador recebe mais em reais pelos seus produtos. Agora, por exemplo, se o câmbio se mantiver apreciado, com o dólar cotado perto de R$

5,80, as exportações do setor industrial serão impulsionadas, uma vez que o produtor gaúcho, que vende em dólar lá fora, terá receita comercial maior. A economia gaúcha acompanha a economia brasileira, mas, dependendo das circunstâncias, pode apresentar respostas um pouco diferentes.

E&N - Como o senhor avalia a resposta das autoridades a esse cenário?

Marquetti - O movimento dos governos federal e estaduais foi na direção correta, mas com grande timidez. Seria preciso ter política de estímulo. O Estado tem um papel fundamental na ajuda à sobrevivência das empresas. Era necessária uma política mais agressiva, com um volume de recursos muito superior ao que foi colocado. Tivemos tempo para nos preparar para a doença. Os governos federal e estadual não aproveitaram esse tempo. O Brasil ainda detém conhecimento técnico. Seria possível ter alocado recursos e aproveitado esses dois ou três meses para desenvolver testes diagnósticos e respiradores de baixo preço nas universidades, nos centros de pesquisa e nas empresas. A preparação para enfrentar a pandemia foi muito ruim. Até agora estamos discutindo se o Banco Central (BC) pode ou não emitir moeda. Há 5 milhões de pessoas sem acesso ao auxílio emergencial de R$ 600. É preciso dar agilidade à distribuição desses recursos porque esse dinheiro vai retornar. O governo tem de socorrer os Estados. A direção das medidas foi correta, mas a velocidade e o ritmo foram muito lentos.

* Luiz Antônio Araujo é jornalista e colabora com BBC Brasil, The Intercept Brasil, Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo.

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Professor de Jornalismo na Pucrs desde 2015, é mestre em Comunicação e Informação e doutorando em Estudos Estratégicos Internacionais pela Ufrgs.

07/06/2020 | Jornal do Comércio | jornaldocomercio.com | Geral

Telemedicina avança e deve ficar como legado após a pandemia

https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/economia/2020/06/742258-telemedicina-avanca-e-deve-ficar-como-legado-apos-a-pandemia.html

Patricia Knebel

Ter que lidar com medo, ansiedade e estresse já é uma realidade há algum tempo para muitos profissionais da saúde no Brasil. Com a chegada da Covid-19, quem está na linha de frente do combate à doença ficou ainda mais vulnerável.

Para tentar mitigar um pouco esse efeito, os profissionais de saúde do SUS de todo o País passam a contar, agora, com um serviço de suporte psicológico remoto. É o TelePSI, resultado de uma parceria entre o Ministério da Saúde e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e que deve funcionar até setembro. A iniciativa conta com um investimento federal de R$ 2,3 milhões e tem Porto Alegre como sede nacional.

Em poucos dias, já foram mais de 200 ligações recebidas de profissionais da saúde do Brasil. "Os hospitais têm registrado um aumento gigantesco de afastamento dos seus profissionais em função de saúde mental. Além de estarem expostos ao risco, eles são os responsáveis por cuidar da saúde das pessoas afetadas e também sofrem estigma", comenta o coordenador-adjunto do projeto, psiquiatra do Hospital São Lucas e professor da Escola de Medicina da Pucrs, Lucas Spanemberg.

Iniciativas como essa só estão sendo possíveis em função da liberação temporária no Brasil da telemedicina. É o futuro sendo acelerado também na saúde. "Todas as áreas da medicina estão em processo de transição para o uso de novas tecnologias e para o atendimento remoto", observa.

Segundo ele, a terapia remota é uma modalidade ainda recente e são poucos os estudos sobre essa prática. Mas, aos poucos, o aprendizado vai sendo construído. Em uma teleconsulta psiquiátrica, por exemplo, questões como problemas de conexão à internet e a dificuldade do profissional avaliar a linguagem não verbal do paciente são alguns dos desafios. Bem como o fato de que o cenário do atendimento, em casa, nem sempre é o ideal, pois pode ter barulhos e falta de privacidade. Ainda assim, muitas pessoas já aderiram a esse modelo desde o início da pandemia. "Há uma diferença em relação ao atendimento presencial, mas, sem dúvida, esse tipo de atendimento só vai crescer daqui para a frente", projeta.

Outra iniciativa de terapia on-line no Brasil é da Psicologia Viva, plataforma de atendimento psicológico on-line da América Latina.

Recentemente, a empresa fechou rodada de investimento no valor de R$ 6 milhões. O aporte foi liderado pelo Fundo Neuron Ventures, lançado pela Eurofarma para apoiar projetos de tecnologia com potencial de transformar o setor de saúde. Entre os investidores da startup já estão Hospital Israelita Albert Einstein, Grupo BMG e FespPart. A startup foi criada para democratizar a terapia e oferecer consultas psicológicas de qualidade. Apenas em março foram realizadas mais de 18 mil consultas na plataforma, um aumento de 200% em relação ao mês anterior.

Startups de saúde têm oportunidade de avançar com soluções O médico Cristiano Englert é um dos cofundadores da GROW

Englert é médico anestesista e um dos cofundadores da GROW+ Aceleradora de Startups GROW+/DIVULGAÇÃO/JC

A oferta de serviço de telemedicina é um caminho sem volta, aponta o médico anestesista Cristiano Englert, um dos cofundadores da GROW Aceleradora de Startups e head do HealthPlus. "É um serviço que explodiu no Brasil e também é um fenômeno mundial.

Mesmo nos Estados Unidos e na Europa, onde a telemedicina já era liberada, a demanda neste momento cresceu muito", analisa.

A perspectiva é de que a procura da telemedicina seguirá crescendo nos próximos meses. Isso deve acontecer, especialmente, entre os pacientes crônicos e de alto risco que precisam de um acompanhamento mais frequente, como cardiopatas e oncológicos. "A telemedicina tem funcionado muito para orientação e acompanhamento dos pacientes, e, no caso da pandemia, também tem acontecido de ser uma possibilidade para a primeira consulta, embora isso ainda seja mais raro", diz Englert.

Em alguns casos, entretanto, o modelo não se adapta bem, como no caso dos pacientes que precisam de atendimento urgente, como ao ter dor no peito ou sangramento. "Essas pessoas precisam inevitavelmente ir ao hospital", alerta.

Acostumado a conviver com o ambiente médico e também com o ecossistema das healthtechs, Englert comenta que o time da

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GROW já avaliou cerca de sete plataformas de telemedicina. São soluções interessantes sendo criadas com sistemas de streaming, resguardo de informações e emissão da prescrição médica. "As startups de saúde podem ajudar muito nesse embate contra a pandemia, apoiando desde a comunicação com informação de credibilidade dos casos e formas de prevenção. Há um boom, a cada dia uma nova solução surgindo, como de prontuários eletrônicos e plataformas de telemedicina", analisa.

Metacem cria assinatura digital para receitas

Uma das etapas essenciais da telemedicina é a que envolve a emissão da prescrição médica. Em tempos de isolamento social, exigir que os pacientes se desloquem para pegar uma receita com o seu médico se tornou inviável.

Isso levou a startup gaúcha Metacem a disponibilizar gratuitamente para os médicos o serviço de assinatura digital de receitas médicas. "É uma ferramenta importante para que os pacientes evitem a interrupção de seus tratamentos, especialmente aqueles que fazem uso de medicamentos que exigem retenção de receita e/ou receituário especial, como antibióticos, analgésicos, antidepressivos e alguns psicotrópicos", comenta o diretor-presidente da empresa, Daniel Freitas.

Lançada em 2012, a Metacem é uma plataforma desenvolvida exclusivamente para médicos, que conta com funcionalidades para facilitar a rotina do consultório, como prontuário eletrônico em nuvem. Para utilizar a assinatura eletrônica de receitas, o médico precisa se cadastrar em www.metacem.com, clicar em certificado digital e seguir o passo a passo.

Após a emissão da receita, o paciente receberá por SMS e por e-mail a confirmação e uma chave de acesso, que será usada pelo atendente da farmácia para, no momento da compra, baixar o arquivo PDF e confirmar autenticidade da assinatura.

"Acredito que esse padrão de assinatura deve continuar valendo mesmo depois desta pandemia, já que ela já tem sido usada no Brasil para comprovar assinatura em diversas outras demandas, como de contrato social", projeta Freitas.

TelePSI projeta realizar 10 mil atendimentos

São 36 psicólogos e psiquiatras, selecionados por edital do Ministério da Saúde para prestar serviços aos profissionais do SUS das 14 categorias da saúde que atuam nos atendimentos relacionados à Covid-19 e que sintam a necessidade de suporte, como médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.

A central de atendimento funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, pelo 0800 644 6543 (opção 4). A primeira ligação é para cadastro e avaliação. Um bolsista faz a triagem e encaminha para que a pessoa responda um questionário de sintomas, a partir do qual é feita uma estratificação. Se o cenário, por exemplo, apontar para risco de agressão ou suicídio, o profissional é encaminhado imediatamente para o psiquiatra. Senão, vai para um dos atendimentos psicológicos oferecidos.

A meta é atender, pelo menos, 10 mil profissionais de saúde. Essa é a primeira vez que a psicoterapia será utilizada pelo governo federal no teleatendimento em um contexto de pandemia, por isso, a ação subsidiará pesquisas sobre a eficácia de diferentes modalidades de psicoterapia.

O HCPA é o organizador do projeto, mas a iniciativa é endossada por diversas universidades, como Ufrgs, Pucrs, USP e Unifesp, pela Sociedade Brasileira de Psicologia, pela Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul e da Opas/OMS, entre outras instituições.

07/06/2020 | R2 CPress | r2cpress.com.br | Geral

UFSB Ciência: Cientistas sugerem tecnologias para melhoria dos sistemas de tratamento de água

http://www.r2cpress.com.br/v1/2020/06/07/ufsb-ciencia-cientistas-sugerem-tecnologias-para-melhoria-dos-sistemas-de-tratamento-de-agua/

A preocupação com a saúde dos cursos d'água que suprem cidades e indústrias é crescente. A pesquisa divulgada no artigo Pharmaceuticals residues and xenobiotics contaminants: Ocurrence, analýtical techniques and sustainable alternatives for wastewater

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treatment, publicado na revista Science of Total Environment, aborda o problema ponto de vista da poluição e do tratamento da água de forma mais ampla e sustentável, tendo em vista que os métodos adotados hoje não conseguem eliminar vários tipos de compostos químicos, o que faz com que esses poluentes se espalhem ao longo dos ecossistemas e voltem ao ser humano na água potável ou mesmo na alimentação. A saída é investir em tecnologias sustentáveis. O texto é assinado por Milina de Oliveira (Universidade Católica Dom Bosco), Breno Emanuel Farias Frihling (Universidade Católica Dom Bosco), Jannaína Velasques (UFSB), Fernando Jorge Corrêa Magalhães Filho (Universidade Católica Dom Bosco), Priscila Sabioni Cavalheri (UFPA) e Ludovico Migliolo (UFRN).

Rios e córregos são afetados pelo despejo de resíduos do esgoto doméstico e industrial, que hoje contém muitos elementos contaminantes que não são eliminados pelos processos tradicionais de tratamento. Com isso, mesmo com a adoção de filtros físicos, a água que consumimos pode conter moléculas pequenas o bastante para ultrapassar aquelas barreiras, de pesticidas até a cafeína e resíduos dos medicamentos que tomamos a cada dia.

O artigo faz uma extensa revisão de pesquisas sobre processos de poluição da água e diferentes tratamentos para água contaminada pela produção industrial e pelo esgoto urbano, com exemplos de estudos e testes de tecnologias ao redor do mundo. Ao reunir informações de vários artigos, os pesquisadores destacam que a combinação de etapas adicionais aos processos já existentes podem remover a maior parte de poluentes. A proposta feita no texto é a da combinação de wetlands construídos (wetlands são áreas alagadas projetadas para fitorremediação de resíduos persistentes) com tecnologias de oxidação avançada, de modo a aumentar a eficácia na retirada dos poluentes da água, com essas novas etapas compondo o final do percurso de tratamento nas estações.

Enquanto as indústrias química e farmacêutica são grandes geradores desse tipo de poluição, instituições de ensino, de pesquisa e hospitais, por exemplo, são pequenos geradores e os consumidores são os micro geradores. Todas essas atividades pressionam os sistemas de tratamento, que não estão, em geral, equipados para eliminar ou retirar compostos químicos da água. Os resultados na saúde do ser humano e dos ecossistemas são bem documentados: aparecimento de distúrbios hormonais, queda da fertilidade humana e intoxicações.

A professora Jannaina Velasques, que leciona e pesquisa no Centro de Formação em Ciências Agroflorestais do Campus Jorge Amado, descreve o estudo em entrevista para a UFSB Ciência.

O artigo focaliza o tratamento da água ao sugerir a inclusão de mais etapas, com a inclusão de áreas alagadas nas estações de tratamento e de processo de oxidação avançada para aqueles contaminantes que a massa vegetal não consegue reter ou eliminar. Que motivos podemos considerar para essa situação de insuficiência no tratamento da água?

Jannaína Velasques: Nem todos os obstáculos/filtros físicos são suficientes para tratamento, sobretudo quando consideramos moléculas de maior persistência ambiental, como é o caso de muitos agroquímicos utilizados nas décadas de 70/80. Muitas dessas moléculas são também denominadas como xenobióticas (xeno- estranhas a organismos vivos ou sistemas biológicos) e são dificilmente metabolizadas, persistindo no meio ambiente por décadas.

Vou citar alguns exemplos clássicos que também são apresentados no artigo. O primeiro: os compostos organoclorados, muito utilizados para o controle de pragas agrícolas após a segunda guerra mundial. Eles eram realmente eficientes em sua proposta de combate às pragas, e demorou décadas até conseguirmos perceber os impactos de sua utilização. Para se ter uma idéia, no Brasil, sua comercialização para uso agrícola foi proibida, pela primeira vez, na década de 80 por uma portaria do Ministério da Agricultura, mas de lá pra cá muitas flexibilizações ajudaram na reintrodução de algumas fórmulas, fora fatores como importação indevida, ocultação de embalagens em propriedades, enfim. 40 anos depois ainda é comum encontrarmos relatos de solos e água contaminados, de sua detecção no leite materno, na gema do ovo e em tecidos adiposos uma vez que esses compostos são lipossolúveis. Muitos desses compostos, em particular, além de persistentes no meio ambiente, ainda são classificados como mutagênicos (causam mutações genéticas), teratogênicos (provocam doenças) e cancerígenos. Não é tão comum encontrá-los em fluxos d'água, mas o ideal é pensar em soluções mitigatórias antes que acidentes de contaminação ocorram.

Talvez muitos não lembrem, mas um dos acidentes mais marcantes ocorreu em 2008, quando 8 mil litros de endossufam vazaram para o Rio Paraíba do Sul, no estado do Rio de Janeiro. A contaminação provocada percorreu praticamente 400km de distância a

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partir do ponto de vazamento. Então, imagine a quantidade de organismos contaminados que foram ingeridos após isso, vamos pensar em termos de cadeia trófica [alimentar] e bioacumulação [a acumulação de compostos químicos ao longo de uma cadeia alimentar]: quantas etapas percorridas até chegar ao consumidor final que pode ser eu ou você. Acidentes como esse podem ocorrer a qualquer momento e nós precisamos nos antecipar a partir da projeção de possíveis soluções.

Outro contaminante muito comum: é cada vez mais crescente o número de artigos publicados trabalhando com detecção de hormônios de contraceptivos, progesteronas sintéticos, na água de superfície e pasme, esses artigos vem de países que são tidos como modelos de eficiência no tratamento de águas residuais. Até muito pouco tempo, ninguém jamais tinha pensado que, ao dar descarga após urinar se está liberando toda a carga hormonal ingerida como contraceptivo. E daí vem a pergunta: como barrar moléculas tão pequenas no nosso sistema convencional? E não para nos hormônios, tem vários trabalhos com ibuprofeno, com ibuprofeno, com dipirona, com antibióticos... até com seu cafezinho matinal, se você resolver descartar na pia.

Aliás, quero abrir um parênteses: eu falei tanto de compostos sintéticos aqui, mas muitos compostos naturais são altamente poluentes, sabia? Pensar que utilizando um 'inseticida' natural, um óleo essencial, soluciona o problema de poluentes é um ledo engano. A sobrecarga de um hidrocarboneto natural pode ser tão desastrosa quanto a de um sintético.

O que precisamos emergencialmente, além de consciência ambiental claro, é em soluções tecnológicas para tratamento desses resíduos e, em alguns casos, os wetlands construídos vêm demonstrando grande eficiência.

Na figura, os wetlands construídos e os equipamentos de oxidação avançada constituem as etapas finais do tratamento de água

Na composição dessas áreas com massa vegetal, que espécies são mais úteis?

Jannaína Velasques: Geralmente, quando planejamos o sistema, são previstos tanques para diferentes etapas de biorremediação.

Então, p.ex., agora temos um projeto onde estamos testando a Luffa aegyptiaca como filtro biológico, integrado a um sistema com microalgas e bactérias decompositoras de hidrocarbonetos que finaliza em tanques de evapotranspiração composto por Heliconia spp. Mas as espécies mais utilizadas, certamente são Typha spp., Eichhornia spp. e Cyperus spp. Mas é importante ter em mente que cada sistema exige uma espécie diferente em função do resíduo a ser trabalhado.

Essas combinações de tecnologias já estão viáveis para aplicação? Que fatores devem ser considerados para o investimento nessa proposta?

Jannaína Velasques: Certamente, os sistemas de wetlands construídos e biorremediação já foram bastante explorados na literatura científica e já são empregadas pela indústria para o tratamento de uma grande diversidade de efluentes poluentes. Mas vou citar aqui um dos maiores exemplos mundiais, na verdade um dos maiores projetos construídos e bem sucedidos: uma planta de tratamento de água de Nimr, localizada no sul de Mascate, Omã. O projeto foi co-executado com a Bauer Environment and Petroleum Development Oman em 2010 e ainda está em expansão, uma vez que o campo petrolífero demanda 250.000 m³ no meio do deserto para manter sua produção. Com regulamentos ambientais rigorosos, altos custos de energia e o interesse em diminuir a pegada de carbono e hídrica, eles optaram pela tecnologia de WC, gerando um verdadeiro oásis no meio do deserto, com água tratada, maior biodiversidade e com uma considerável remoção de poluentes provenientes de atividade petrolíferas associadas aos óleos, hidrocarbonetos e (micro)poluentes emergentes diversos.

Aliás, inspirados nesse projeto nós submetemos uma proposta à PROPPG para implantação de um protótipo que pretendemos iniciar assim que a pandemia der uma trégua. Vamos testar diferentes sistemas interligados para tratamento de hidrocarbonetos.

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Heleno Rocha Nazário Jornalista - Mestre em Comunicação Social (PPGCOM/PUCRS)

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Segmento: Outras Universidades

07/06/2020 | Correio de Gravataí | correiogravatai.com.br | Geral

São Leopoldo já soma 347 casos confirmados de Covid-19

https://www.correiogravatai.com.br/noticias/especial_coronavirus/2020/06/07/sao-leopoldo--ja-soma-347-casos-confirmados--de-covid-19.html

No final da noite de sábado foram notificados mais 20 casos do novo coronavírus em São Leopoldo. Segundo a Secretaria de Comunicação da Prefeitura, em nota divulgadas após as 22 horas, todos testes foram analisados pelo Laboratório da Feevale, sendo que duas crianças de 1 ano, moradoras do bairro Scharlau, estão na lista. A situação de saúde delas é estável e permanecem em isolamento domiciliar. A suspeita de morte de uma senhora de 58 anos por coronavírus foi descartada.

Morte sem a Covid-19

Em nota oficial divulgada ao meio-dia deste domingo, a Prefeitura de São Leopoldo e a Fundação Hospital Centenário comunicaram o resultado negativo do exame para Covid-19 de uma mulher de 58 anos, que foi a óbito na última sexta-feira, 5 de junho. Ela foi internada no Hospital na quinta-feira, dia 4, e o exame foi realizado pelo laboratório da Universidade Feevale. "Lamentamos a perda e nos solidarizamos com amigos e familiares", finalizou a nota da Prefeitura.

Os números leopoldenses

No total, São Leopoldo soma 347 casos positivos. Destes, 241 estão recuperados. Outros 47 são considerados suspeitos e aguardam o resultado dos exames. Até o momento, três pessoas morreram em decorrência do novo coronavírus em São Leopoldo. A área reservada para o Covid-19 no Hospital Centenário está com nove pacientes internados: seis em leitos clínicos e três em UTI.

Casos do sábado

Caso 1. Feminino, 16 anos, estável, Bairro Campina, em isolamento domiciliar

Caso 2. Masculino, 37 anos, estável, Bairro Morro do Espelho, em isolamento domiciliar Caso 3. Feminino, 49 anos, Bairro Arroio da Manteiga, estável, em isolamento domiciliar Caso 4. Feminino, 32 anos, Bairro Vicentina, estável, em isolamento domiciliar

Caso 5. Masculino, 19 anos, Bairro Campina, Estável, em isolamento domiciliar

Caso 6. Masculino, 68 anos, Bairro Arroio da Manteiga, estável, em isolamento domiciliar Caso 7. Masculino, 22 anos, Bairro Santos Dumont, Estável, em isolamento domiciliar Caso 8. Masculino, 24 anos, Bairro Vicentina, estável, em isolamento domiciliar Caso 9. Feminino, 35 anos, Bairro São João Batista, estável, em isolamento domiciliar Caso 10.Masculino, idade 26 anos, Bairro Feitoria, estável, isolamento domiciliar Caso 11. Masculino, 33 anos, Bairro Santos Dumont, estável, em isolamento domiciliar Caso 12. Masculino, 71 anos, Bairro Vicentina, internado UTI Hospital Centenário

Caso 13. Feminino, 32 anos, Bairro Vicentina, estável, em isolamento domiciliar, profissional de saúde Caso 14. Masculino, 1 ano, Bairro Scharlau, estável, em isolamento domiciliar

Caso 15. Masculino, 1 ano, Bairro Scharlau, estável, em isolamento domiciliar Caso 16. Feminino, 6 anos, Bairro Scharlau, estável, em isolamento domiciliar

Caso 17. Masculino, 36 anos, Bairro Arroio da Manteiga, estável, em isolamento domiciliar Caso 18. Masculino, 20 anos, Bairro São Borja, estável, em isolamento domiciliar

Caso 19. Masculino, 31 anos, Bairro Arroio da Manteiga, estável, em isolamento domiciliar Caso 20. Feminino, 17 anos, Bairro Scharlau, estável, em isolamento domiciliar

Casos por bairro em São Leopoldo Arroio da Manteiga - 59

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