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PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE ADULTOS JOVENS ACOMETIDOS POR ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

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Ciênc. saúde foco, São Paulo, v.1, 2020.

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE ADULTOS JOVENS ACOMETIDOS POR ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

Ana Flávia Pereira Rocha Carlos Roberto Pereira Lilian Aparecida Siqueira

Lucia Satiko Yamashita Raphael Akira Siqueira Ishibashi

Selma Benedita Ribeiro Raposo Lúcia Helena Hermanson Rosa

RESUMO

Introdução: O acidente vascular encefálico (AVE) é um quadro neurológico agudo que gera sequelas residuais incapacitando o individuo. Nas últimas décadas notou- se um aumento da incidência do AVE em adultos jovens, fato este que causa um impacto em termos de produtividade, refletindo também no setor público previdenciário.

Objetivo: Definir o perfil epidemiológico dos pacientes adultos jovens com alguma sequela proveniente de acidente vascular encefálico (AVE) que foram atendidos nos quatro centros clínicos universitários da Universidade Bandeirantes Anhanguera dos municípios de São Paulo (Campus Campo Limpo e Maria Cândida), Osasco e São Bernardo do Campo no período de janeiro de 2010 a Junho de 2013. Método: Foi realizada uma análise de prontuários para a definição do número total de adultos jovens acometidos pelo AVE e atendidos no período e locais acima citados. Os números apresentados foram: De 183 prontuários pesquisados com o diagnóstico de AVE, 31 foram estabelecidos como adultos jovens (faixa etária de 18 a 45 anos).

Resultados: Dos 31 prontuários que atenderam aos critérios de inclusão do presente trabalho, observou-se a média de idade total de 35,78 anos, sendo que 41,93% eram do gênero masculino com idade média de 39,07 anos e 58,06% indivíduos do gênero feminino, com idade média de 33,38 anos. Houve um predomínio da classificação de AVE isquêmico correspondendo a 70,96% da amostra, sendo 77,77% em mulheres e 61,53%

em homens. Em 90,32% dos prontuários encontrou-se pelo menos um fator de risco sendo que a hipertensão arterial sistêmica foi o fator de risco mais prevalente em 54,80% dos casos, seguido do tabagismo e da dislipidemia com 19,35% cada um. O diabetes melitus representou 12,90% dos casos. Observou-se que os principais fatores de risco das mulheres são hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes melitus e anticoncepcional oral (ACO), sendo que nos homens hipertensão arterial e o tabagismo foram predominantes em relação às mulheres. Na análise da topografia funcional o hemicorpo esquerdo foi o mais acometido correspondendo a 61,27% e das sequelas funcionais 25,80% apresentaram alterações na fala.Conclusão: o perfil epidemiológico do grupo estudado apresentou um predomínio de mulheres abaixo dos 35 anos que na sua maioria foram acometidas pelo AVE isquêmico apresentando como principal fator de risco a hipertensão arterial sistêmica, fator este que associado ao uso do ACO aumentou o risco do evento.

Palavra Chave: Acidente Vascular Encefálico; Epidemiologia; Adulto Jovem; Fatores de Risco.

1 INTROD

COMO REFERÊNCIAR ESTE ARTIGO:

ROCHA, A. F. P. et al. Perfil epidemiológico de adultos jovens acometidos por acidente vascular encefálico. Ciênc. saúde foco, São Paulo, v. 1, 2020. Disponível em: [endereço de acesso]. Acesso em: [dia mês abreviado e ano].

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Ciênc. saúde foco, São Paulo, v.1, 2020.

ABSTRACT

Introduction: The stroke is an acute neurological condition that generates residual sequel incapacitating the individual. In recent decades it was noted the increase of stroke in young adults, a fact that has an impact in terms of productivity, reflecting also in the public sector pension.

Objective: To define the epidemiological profile of young adult patients that suffered any sequel from stroke and were receiving cares in the four clinical schools belonging to University Bandeirantes Anhanguera from São Paulo city (Campus Campo Limpo and Maria Candida), Osasco and São Bernardo do Campo from January 2010 to June 2013. Method : It was made an analysis of clinical records to define the total number of young adults affected by stroke and cared at places and period above said. The results were: It was found 183 records diagnosed with stroke, 31 were established as young adults (18 to 45 years old). Results: Of the 31 records that met the inclusion criteria of this study, it was contemplated the mean age of 35,78 years old, of which 41.93%

were male with a mean age of 39,07 years old and 58,06 % were females, with mean age of 33.38 years old.

Throughout the study there was a predominance of ischemic stroke represented by 70.96 % of the sample. It was found 77,77% in women and 61.53 % men. In 90.32% of the records were found at least one risk factor and the hypertension was the most prevalent risk factor in 54.80% of cases, followed by smoking and dyslipidemia with 19.35% each one. Diabetes Mellitus represented 12.9% of cases. We observed that in men the four main risk factors, except the dyslipidemia were prevalent towards women. Regarding the analysis of the functional sequel the left hemibody was more affected and 25.80% of patients showed alterations in speech.

Conclusion: At the epidemiological profile of the group presented there was a predominance of women under 35 years old who were mostly affected by ischemic stroke being the hypertension as a principal risk factor and this factor associated with oral contraceptive increases the risk of the event.

Key Words: Stroke; Epidemiology; Young Adult; Risk Factors.

1 INTRODUÇÃO

2O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é um quadro neurológico agudo que pode ocorrer por conta de obstrução ou rompimento de um ou mais vasos sanguíneos que irrigam a região encefálica. Este evento desenvolve sinais clínicos de distúrbio focal e por vezes global da função neurológica com duração superior a 24 horas (ZÉTOLA et al, 2001; MAZZOLA, 2007).

Distúrbios neurológicos causados pelo AVE geram sequelas residuais que trarão impacto negativo na independência e capacidade funcional dos indivíduos acometidos, as sequelas podem resultar em distúrbios sensitivo-motores, da linguagem, da deglutição, da cognição e da memória. A limitação da capacidade funcional desencadeia uma série de problemas de ordem emocional e econômica, uma vez que a perda da autonomia gera a necessidade do auxílio e até mesmo dependência para a realização das atividades básicas da vida cotidiana9. O impacto em termos de produtividade perdida, principalmente em adultos jovens, reflete também no setor público previdenciário (Falcão, Carvalho, Barreto, Lessa, Leite, 2004).

A maior incidência de AVE ocorre a partir da sexta década de vida devido às alterações cardiovasculares e metabólicas ocasionadas pelo processo de envelhecimento C ZÉTOLA et al, 2001; JAB, et al, 2009), sendo relativamente comum em adultos jovens

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(PEREIRA; BRAGA; GARCIA, TEIXEIRA; 2010; CARDOSO; FONSECA;COSTA, 2003).

Os fatores de risco que podem desencadear o AVE são divididos em modificáveis e não modificáveis, os fatores que entram no primeiro grupo são a hipertensão arterial sistêmica, tabagismo, diabetes melitus, obesidade, sedentarismo, etilismo, uso de drogas ilícitas e dislipidemia e os que entram no segundo grupo são a idade, sexo, malformações arteriovenosas, raça e hereditariedade (CHAVES, 2000; PIRES; GAGLIARDI; GORZONI;

2004).

No contexto das doenças cerebrovasculares, o AVE representa a terceira principal causa de morte em países industrializados, sendo mais prevalentes em pessoas idosas é a primeira causa de incapacidade em adultos4. No Brasil, o AVE é a causa mais frequente de óbito na população adulta totalizando 10% dos óbitos e internações hospitalares públicas (BRASIL, 2011).

No Brasil no período de janeiro a dezembro de 2011 houve um total de 9.060 casos de AVE em adultos jovens (15 a 44 anos) divulgados no sistema de dados de domínio público do Sistema Único de Saúde (DATASUS) do Ministério da Saúde. Neste mesmo período em São Paulo, ocorreram 2.080 casos dentro da mesma faixa

etária. No ano seguinte, 2012, o número de adultos jovens acometidos no período de janeiro a dezembro foi de 9.420 casos no país, sendo que 1.973 na cidade de São Paulo (BRASIL, 2011).

Além de ser a principal causa de óbito no Brasil, o AVE é um fator importante de incapacidade funcional. As sequelas neurológicas residuais impossibilitam cerca de 70% dos indivíduos sobreviventes de retornarem a suas atividades laborais e em 30% dos casos resultam em alteração da marcha e na necessidade de auxílio para a deambulação, sendo oneroso à Previdência Social por conta da invalidez do associado4 e da mesma forma ao Sistema Único de Saúde pela necessidade constante de tratamento por uma equipe multidisciplinar (BRASIL, 2013).

Devido ao aumento da incidência de AVE em adultos jovens ocorridos nas ultimas décadas, o presente trabalho tem como objetivo identificar o perfil epidemiológico de indivíduos acometidos com idade entre 18 a 45 anos atendidos no Centro Clínico Uniban- Anhanguera no período de janeiro de 2010 a junho de 2013 e analisar os possíveis fatores de risco que desencadeiam o AVE, sejam eles modificáveis ou não, uma vez que a prevenção ainda é a melhor conduta para a conservação da vida e das doenças cerebrovasculares.

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2 MÉTODO

Foi realizado um estudo retrospectivo de caráter epidemiológico, descritivo e quantitativo, através da análise de prontuários clínicos de indivíduos com diagnóstico de Acidente Vascular Encefálico, atendidos no setor de Fisioterapia Neurofuncional dos Centros Clínicos da Universidade Uniban-Anhanguera dos municípios de São Paulo (Campus Campo Limpo e Maria Cândida), Osasco e São Bernardo do Campo no período de janeiro de 2010 a junho de 2013.

O critério de inclusão adotado foi a necessidade do diagnóstico médico de Acidente Vascular Encefálico independente da classificação e do gênero dos indivíduos.

Os critérios de exclusão foram: prontuários de indivíduos que sofreram o evento antes dos 18 anos e após 45 anos, os que foram submetidos às cirurgias neurológicas prévias, os que sofreram traumatismo crânio encefálico, os diagnosticados com HIV+ ou com neoplasias, os que estavam em tratamento de quimioterapia, os que faziam uso de substâncias barbitúricas ou diazepínicas antes do evento e os prontuários com ausência de informações.

O trabalho foi dividido nas seguintes etapas: levantamento bibliográfico (Scielo, Pubmed e Lilacs), coleta e tabulação de dados, entre o período de abril a outubro de 2013.

As variáveis analisadas foram gênero, classificação do AVE, fatores de riscos, topografia funcional e sequelas funcionais.

De acordo com os critérios, 152 prontuários não foram inclusos neste trabalho, sendo inclusos 31 prontuários.

Para a representação gráfica dos resultados foi usado o programa Excel Office 2010 da Microsoft.

3 RESULTADOS

Foram analisados 183 prontuários de pacientes com diagnóstico médico de AVE atendidos no setor de Fisioterapia Neurofuncional dos Centros Clínicos da Universidade Uniban-Anhanguera dos municípios de São Paulo, Campus Campo Limpo, Campus Maria Cândida, Campus Osasco e Campus São Bernardo do Campo. Destes, 31 prontuários (16,94%) foram validados por serem classificados adultos jovens, a idade média foi de 35,78 anos, sendo 13 (41,93%) do gênero masculino com idade média de 39,07 anos e 18 (58,06%) corresponderam ao gênero feminino com idade média de 33,38 anos.

Quando subdividido em faixa etária demonstrou que até os 35 anos a prevalência foi

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do gênero feminino e após essa idade a prevalência foi do gênero masculino.

Gráfico 01- Distribuição segundo gênero e faixa etária.

Fonte: Autores (2020).

Segundo a classificação do AVE 22 indivíduos (70,96%) sofreram AVE isquêmico, 4 (12,90%) apresentaram AVE hemorrágico e 5 (16,12%) não tiveram a classificação especificada nos prontuários.

Relacionando-se a classificação do AVE com o gênero, nota-se que em ambos há prevalência do AVE isquêmico como observado no gráfico:

Gráfico 02- Distribuição segundo classificação do AVE e gênero.

Fonte: Autores (2020).

Em 28 prontuários (90,32%) encontrou-se pelo menos 1 fator de risco, a Hipertensão Arterial Sistêmico (HAS) foi o fator de risco com maior prevalência, totalizando 17

69,23

% 55,55

%

44,45

% 30,77

%

77,77

%

61,53

%

23,07 15,38 %

% 11,11

% 11,11

%

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indivíduos (54,80%), o uso do anticoncepcional oral (ACO) foi encontrado em 2 casos (6,45%), a Malformação Arteriovenosa e as Drogas Ilícitas foram encontradas em 1 (3,22%) cada uma. Como demonstra a tabela 1 abaixo:

Tabela 1 – Distribuição segundo os fatores de risco

FATORES DE RISCO N %

HAS 17 54,80

DISLIPIDEMIA 6 19,35

TABAGISMO 6 19,35

DIABETES MELITUS 4 12,90

TROMBOSE VENOSA PROFUNDA 3 9,67

ANTICONCEPCIONAL ORAL 2 6,45

MALFORMAÇÃO ARTERIOVENOSA 1 3,22

DROGAS ILÍCITAS 1 3,22

FATOR DE RISCO NÃO RELATADO 3 9,67

Fonte: Autores (2020).

Os principais fatores de risco das mulheres são hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes melitus e anticoncepcional oral, sendo que nos homens hipertensão arterial e o tabagismo foram predominantes em relação às mulheres (gráfico 03).

Gráfico 03 – Distribuição segundo os fatores de risco e gênero

Fonte: Autores (2020).

Quanto à análise das sequelas funcionais a maior parte da amostra apresenta predomínio

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em hemicorpo esquerdo e 25,80% apresentaram alterações na fala, como observado na tabela 2.

Tabela 2 – Distribuição das sequelas funcional

Fonte: Autores (2020).

4 DISCUSSÃO

De acordo com a literatura não há um consenso quanto à definição da idade de adulto jovem, alguns estudos usaram a idade inferior a 50 anos (ZETOLA, et al, 2001; PEREIRA;

BRAGA; GARCIA; TEIXEIRA, 2010), já na população finlandesa outrora estudada a idade ficou entre 15 a 49 anos (PUTAALA, et al, 2009), entretanto no presente estudo, adulto jovem foi definido com idade entre 18 e 45 anos, adotando os mesmos critérios do estudo realizado na cidade de Porto-PT (CARDOSO; FONSECA; COSTA, 2003).

O resultado do estudo português demonstrou 6% de adultos jovens (PUTAALA, et al, 2009), já no estudo realizado na cidade de Passo Fundo-RS a média encontrada foi de 6,5% (MAZZOLA; POLESE; SCHUSTER, 2007) e em um estudo intermediário encontrou- se uma média de 5% a 10% em adultos com idade inferior a 45 anos (ROWLAND, 2007).

Do total de 183 prontuários aqui analisados, foram encontrados 31 adultos jovens correspondendo a 16,94%, número este acima da média encontrada na literatura (PUTAALA, et al, 2009; MAZZOLA; POLESE; SCHUSTER, 2007; ROWLAND, 2007).

O estudo da cidade de Porto-PT verificou-se um predomínio do gênero feminino até os 35 anos (CARDOSO; FONSECA; COSTA, 2003), assim também como em Helsinki-FI que encontrou 56% das mulheres acometidas por este distúrbio abaixo dos 30 anos

SEQUELAS FUNCIONAIS N %

HEMIPARESIA ESQUERDA 15 48,38

HEMIPARESIA DIREITA 8 25,80

HEMIPLEGIA ESQUERDA 3 9,67

HEMIPLEGIA DIREITA 2 6,45

DIPLEGIA ESQUERDA 1 3,22

NÃO ESPECIFICADO ALTERAÇÕES DA FALA PARALISIA FACIAL CENTRAL AUSÊNCIA DE ALTERAÇÃO DA FALA

3 8 1 22

9,67 25,80

3,22 70,96

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(PUTAALA, et al, 2009). Estes estudos corroboram com os resultados aqui encontrados que apresentam 55,55% das mulheres com idade igual e inferior a 35 anos (idade média 33,38 anos), supõe-se que isso ocorre devido às variações hormonais nessa faixa etária bem como o uso de anticoncepcional oral (BUSHNELL, 2008), sendo que acima dessa idade a prevalência foi do gênero masculino correspondendo 69,23% da amostra (idade média 39,07 anos).

Da população aqui estudada, a classificação mais encontrada foi o AVE isquêmico correspondendo a 70,96% da amostra, concordando com dados encontrado em outros estudos (ZETOLA, et al, 2001; CARDOSO; FONSECA; COSTA, 2003; SANTOS, et al, 2012;

MAZZOLA, 2007; RADANOVIC, 2000; ARAÚJO, et al, 2008). O AVE hemorrágico é mais prevalente em homens e representou 12,90% do total dos adultos jovens

Na pesquisa de fatores de risco foram avaliados hipertensão arterial sistêmica, tabagismo, dislipidemia, diabetes melitus, trombose venosa profunda, anticoncepcionais orais, malformação arteriovenosa e drogas ilícitas. Diversos estudos encontraram a hipertensão arterial sistêmica como sendo o fator de risco mais prevalente, não havendo distinção entre a classificação do AVE, idade ou gênero (ZETOLA, et al, 2001; PEREIRA et al, 2010; CARDOSO; FONSECA; COSTA, 2003; MAZZOLA, 2007; RODRIGUES, 2004), se associado a outros fatores de risco aumenta de três a cinco vezes a chance de desenvolver o AVE (PUTAALA, et al, 2009), dados igualmente encontrados nesta pesquisa corresponderam a 54,80% da amostra.

Foi encontrado como segundo fator de risco a dislipidemia e o tabagismo correspondendo 19,35% cada um. A dislipidemia mostrou um resultado abaixo dos relatos encontrados em alguns estudos (ZETOLA, et al, 2001; PEREIRA et al, 2010; CARDOSO;

FONSECA; COSTA, 2003; PUTAALA, et al, 2009). Em apenas um dos estudos pesquisados houve concordância de dados relacionados a dislipidemia (CASTTRO, et al, 2009). Apesar de o resultado ser significativo, esse fator está mais relacionado às alterações cardiovasculares do que em relação às cerebrovasculares, como no caso do AVE. Já o tabagismo (fator de risco modificável) foi encontrado em 38,46% dos homens aqui estudados, sendo que este aumenta em duas vezes a possibilidade de adoecer (PIRES; GAGLIARDI;

GORZONI; 2004). Seguido também da malformação arteriovenosa e drogas ilícitas que corresponderam cada um 7,69% dos homens.

O diabetes melitus também demonstrou um fator de risco a ser considerado, pois desenvolvem mecanismos aterogênicos diretos para o surgimento do AVE (PEREIRA et al, 2010). Neste estudo 12,90% dos adultos jovens eram diabéticos.

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Entre as mulheres analisadas 11,11% faziam uso de anticoncepcional oral, resultado próximo ao estudo realizado na clínica de fisioterapia da Unipar-PR que encontrou 16%

(ARAÚJO et al, 2008). Estudos mostraram que o uso do anticoncepcional oral altera o fator de coagulação e por si só aumenta em 2 vezes o risco para o desenvolvimento do AVE isquêmico (CARDOSO; FONSECA; COSTA, 2003) e se seu uso for associado a outro fator de risco, principalmente a hipertensão arterial sistêmica e/ou ao tabagismo aumenta em 8 vezes a ocorrência de trombose venosa profunda (BUSHNELL, 2008).

Em alguns estudos foram encontrados o predomínio da topografia funcional em hemicorpo direito (MAZZOLA; POLESE; SCHUSTER; OLIVEIRA, 2007; RODRIGUES;

SÁ; ALOUCHE, 2004) o que contradiz com os achados neste estudo. Alterações de fala foram encontradas em 25,80% dos casos, resultado semelhante aos encontrados na literatura (RODRIGUES; SÁ; ALOUCHE, 2004).

5 CONCLUSÃO

Foi observado um número significativo de jovens acometidos pelo AVE nos centros clínicos universitários UNIBAN Anhanguera, e na pesquisa realizada que objetivou definir o perfil epidemiológico deste grupo foi encontrado um predomínio de mulheres abaixo dos 35 anos que na sua maioria foram acometidas por AVE isquêmico apresentando como principal fator de risco a hipertensão arterial sistêmica, fator este que associado ao uso do ACO aumentou o risco do evento.

O número de adultos jovens encontrados nesta pesquisa foi superior ao encontrado na literatura, fato que justifica a importância deste trabalho e sugere que novos estudos sejam realizados.

REFERÊNCIAS

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