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Covid-19, fake news e a formação da opinião pública. Pesquisa de Opinião Pública Rejane de Oliveira Pozobon 2020

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Covid-19, fake news e a

formação da opinião pública

Pesquisa de Opinião Pública Rejane de Oliveira Pozobon

2020

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O contexto das fake news

Com a Internet, foram criadas as condições tecnológicas para o surgimento de uma sociedade em rede e, por sua vez, de uma prática de comunicação em rede, a qual proporcionou um espaço de expressão livre onde praticamente qualquer informação pode ser produzida, transmitida e recebida.

O problema das fake news, da forma como hoje o entendemos, encontra-se ligado à sociedade em rede, à comunicação em rede e às próprias redes sociais, uma vez que se criam os pressupostos para reforçar ideias e opiniões numa perspectiva não dialógica.

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Gradualmente, observamos um conjunto de práticas pseudo-jornalísticas ou baseadas na distorção mais ou menos voluntária de informações jornalísticas, voltadas à desinformação e à deslegitimação dos saberes e atores institucionalizados.

A toda esta dimensão de troca de fatos por falsidades, acrescenta-se a perda de confiança nas estatísticas oficiais e os ataques deliberados contra as entidades que as realizam.

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A gravidade das fake news se intensifica

com a falta de confiança nas instituições,

tanto públicas como privadas. As teorias

conspirativas – que ocupam um espaço

interessante nas discussões públicas

sobre, nomeadamente, questões

políticas e econômicas – resultam, em

grande parte, de uma dinâmica de

desconfiança nas instituições e nos

agentes que as constituem.

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Vamos, então, tentar compreender

o que são as fake news, pois, hoje

em dia, o termo é usado com grande

frequência no espaço público, tendo

deixado de ser uma questão

meramente acadêmica.

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É importante contextualizar conceitualmente as fake news, especialmente num contexto cultural desafiado por uma opinião pública condicionada, por sua vez, pela emoção pública, isso é, por aquelas características comunicacionais que enquadram o tema da pós-verdade, onde se tende a praticar e difundir o uso de argumentos mais ligados à dimensão emocional do que à dimensão racional e fundamentada, argumentos para os quais as provas de refutação são geralmente ignoradas ou desvalorizadas.

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Um exemplo prático pode ser encontrado no Facebook, cujo feed disponibiliza informação selecionada de acordo com os hábitos e interesses dos usuários. Apesar das tentativas para contornar este efeito, podemos considerar que, num contexto como o das redes sociais contemporâneas, verifica-se um afunilamento algorítmico dos espaços informativos que poderá, com maior ou menor intensidade, limitar as percepções e o discernimento face ao que é entendido por realidade. Daí que o problema das fake news, da forma como hoje o entendemos, esteja tão ligado à sociedade em rede, à comunicação em rede e às próprias redes sociais, uma vez que se criam os pressupostos para reforçar opiniões numa perspectiva não dialógica.

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Hoje em dia, várias instituições jornalísticas, seguindo um modelo ambíguo de negócio que se cruza com o da economia da atenção online, tendem a criar notícias com base no denominado clickbait. Ou seja, de olho no número de visualizações, são produzidos títulos e/ou conteúdos que servem para ser clicados pelos usuários. Nesse sentido, reforçando a relação entre fake news e o aspeto emocional chamado em causa pela noção de pós-verdade, os estudos confirmam a tendência dos usuários partilharem muito mais as notícias caracterizadas por uma linguagem e conteúdos sensacionalistas.

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Nos últimos tempos, reservou-se (e, com isso, popularizou-se) o termo fake news para designar os relatos pretensamente factuais que inventam ou alteram os fatos que narram e que são disseminados, em larga escala, nas mídias sociais, por pessoas interessadas nos efeitos que eles poderiam produzir, principalmente os relatos inventados, alterados e difundidos com propósitos políticos.

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Um dos eventos que ajudou ampliar o uso do termo fake news no espaço público foi a candidatura, e posterior vitória, de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos da

América (EUA). Outro

acontecimento, ocorrido com alguma

coincidência temporal, foi o Brexit.

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Um artigo do The Guardian (https://goo.gl/19ycij) chama a atenção para a crescente tendência de que as estatísticas sejam de alguma forma distorcidas, descontextualizadas ou rebatidas no debate público, dada a maior desconfiança dos indivíduos em relação às instituições que as apresentam ou disseminam. O artigo cita o fato, por exemplo, que muitos britânicos desconfiavam das estatísticas oficiais do Governo relativas ao número de imigrantes no Reino Unido.

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De que forma as instituições e os agentes (meios de comunicação,

jornalistas, plataformas em rede como o Facebook, governos, entre outros) estão lidando com a questão das fake news? Que tipo de soluções

e regulações têm sido produzidas com o objetivo de minimizar o efeito

de tal fenômeno?

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A constante presença de notícias falsas nas redes sociais digitais levou atores institucionais a oferecer ferramentas com o objetivo de trazer informações precisas ao debate público. De um lado, o Tribunal Superior Eleitoral buscou regular judicialmente a disseminação de notícias, enquanto as empresas de tecnologia, como o Facebook, anunciaram a suspensão de contas que repassavam o conteúdo inverídico.

O Jornalismo também propôs uma solução dentro do seu campo de atuação: a checagem de fatos ( fact- checking ). Demonstrar o que é verdadeiro, falso ou impreciso – a partir das técnicas de apuração tradicionais da atividade – nos conteúdos dispostos no debate público foi a tarefa assumida por essa modalidade específica de atuação jornalística.

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Algumas agências de checagem:

Lupa

https://www.youtube.com/watch?v=F6pHgsff Qyk

Aos fatos

https://www.youtube.com/watch?v=YmXWPI UIxZU

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As políticas públicas para inibir a proliferação de fake news:

CHINA: Limitação da liberdade de expressão dos seus cidadãos.

ITÁLIA: Criação de um portal online onde os cidadãos podem reportar fake news.

ALEMANHA: Multas para empresas de mídia que difundam notícias falsas.

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NO BRASIL: Projeto Comprova

Reuniu jornalistas de 24 diferentes meios de comunicação, dentre emissoras de rádio e televisão, jornais impressos e online de diversas regiões do Brasil. O projeto contou com o apoio de diversas entidades, incluindo grupos que reúnem profissionais do Jornalismo, como a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), e entidades empresariais de grande relevâncias no universo digital, como a Google News Initiative e Facebook’s Journalism Project.

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Neste ano de 2020, com a eclosão da pandemia do Covid-19, está sendo possível observarmos uma nova e intensa onda de fake news. À exemplo do que tínhamos vivenciado no último pleito eleitoral do Brasil, recebemos diariamente um significativo número de notícias falsas ou imprecisas. Paralelo a essa enxurrada de informações, o jornalismo tenta promover processos/ações de legitimação do campo.

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Proposta de atividade:

A partir do texto

https://portal.comunique-

se.com.br/covid-19-desafia-jornalismo- a-ser-mais-criativo-e-acessivel/

descreva como o jornalismo está

atuando no sentido de legitimar seu

campo de atuação e de que forma essas

ações implicam no processo de

formação da opinião pública.

Referências

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