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ONDE ESTAMOS NA IMPLEMENTAÇÃO DO CÓDIGO FLORESTAL?

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Academic year: 2021

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Joana Chiavari Cristina Leme Lopes

RELATÓRIO

ONDE ESTAMOS NA IMPLEMENTAÇÃO DO CÓDIGO FLORESTAL?

RADIOGRAFIA DO CAR E DO PRA NOS ESTADOS BRASILEIROS

2019

(2)
(3)

Joana Chiavari Cristina Leme Lopes

Dezembro de 2019

RELATÓRIO

ONDE ESTAMOS NA IMPLEMENTAÇÃO DO CÓDIGO FLORESTAL?

RADIOGRAFIA DO CAR E DO PRA NOS ESTADOS BRASILEIROS

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INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Setor Uso da terra Região Brasil

Palavras-Chave Uso da terra, Código Florestal, Cadastro Ambiental Rural, CAR, Programa de Regularização Ambiental, PRA

Autoras

Joana Chiavari joana.chiavari@cpirio.org

Cristina Leme Lopes cristina.leme@cpirio.org

Edição e revisão Mariana Campos Carolina Marques

Projeto gráfico e diagramação Meyrele Nascimento

Nina Oswald Vieira

Citação sugerida

CHIAVARI, Joana; LOPES, Cristina Leme. Relatório. Onde estamos na implementação do Código Florestal? Radiografia do CAR e do PRA nos estados brasileiros. Rio de Janeiro: Climate Policy Initiative, 2019. Disponível em: https://www.inputbrasil.org/publicacoes/ onde-estamos-na- implementacao-do-codigo-florestal

SOBRE O CPI E INPUT

O Climate Policy Initiative (CPI) é formado por um grupo de analistas e consultores que trabalham para melhorar as políticas públicas mais relevantes de energia e uso da terra em diversos países. O CPI oferece conhecimento aplicado e soluções aos tomadores de decisão por meio de análises aprofundadas, a fim de auxiliar no aprimoramento do ambiente regulatório relevante para questões climáticas. No Brasil, o CPI tem uma parceria com o Núcleo de

Avaliação de Políticas Climáticas da PUC-Rio (NAPC/PUC-Rio).

A Iniciativa para o Uso da Terra (INPUT) é composta por uma equipe de especialistas que trazem ideias inovadoras para conciliar a produção de alimentos com a proteção ambiental. O INPUT visa avaliar e influenciar a criação de uma nova geração de políticas voltadas para uma economia de baixo carbono no Brasil.

Conteúdo sob licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. Os textos desta publicação podem ser reproduzidos no todo ou em parte desde que a fonte e os respectivos autores sejam citados.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos participantes do workshop promovido pelo Climate Policy Initiative/ Núcleo de Avaliação de Políticas Climáticas da PUC-Rio (CPI/ NAPC PUC-Rio) e aos entrevistados dos órgãos e agências dos estados e do Distrito Federal por suas valiosas contribuições sobre a implementação do Cadastro Ambiental Rural e do Programa de Regularização Ambiental em seus respectivos estados: Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre (Sema/AC); Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL); Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema/BA); Instituto Brasília Ambiental (Ibram/DF); Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (IDAF/ES); Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad/GO); Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos

Naturais do Maranhão (Sema/MA); Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF/MG);

Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas/PA); Instituto Ambiental do Paraná (IAP/PR); Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH/PE); Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do Piauí (Semar/PI); Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea/RJ); Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul (Sema/RS); Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental de Rondônia (Sedam/RO); Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Roraima (FEMARH/

RR); Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo (SAA/SP); Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins); Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Mato Grosso (Sema/MT);

Instituto do Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul (Imasul); Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (Semace); Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema/RN); Superintendência de Administração do Meio Ambiente da Paraíba (Sudema/PB); Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA/SC); Administração Estadual do Meio Ambiente de Sergipe (Adema/SE); Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Amapá (Sema/AP); Serviço Florestal Brasileiro (SFB); e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Agradecemos especialmente aos assistentes do CPI/NAPC PUC-Rio, Julia Nardi de Araujo, pela pela valiosa contribuição para o levantamento das informações necessárias à realização deste relatório e Gabriel Cozendey pela revisão e sugestões..

Este trabalho não seria possível sem o apoio financeiro de Norway’s International Climate and Forest Initiative (NICFI) e do Instituto Clima e Sociedade (iCS).

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SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 9

LISTA DE FIGURAS, TABELAS E BOX 11

APRESENTAÇÃO 13

SUMÁRIO EXECUTIVO 15

INTRODUÇÃO 19

1. PROCEDIMENTO DE REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL DE ACORDO COM O CÓDIGO FLORESTAL 23

1.1 Regularização de áreas consolidadas em APP e Reserva Legal (antes de 22 de julho de 2008) 23 1.2 Regularização de imóveis rurais com passivos em APP e Reserva Legal após 22 de julho de 2008 26

2. REGULAMENTAÇÃO DO CÓDIGO FLORESTAL NOS ESTADOS 29

2.1 Regulamentação dos PRAs estaduais 29

2.2 Regras para regularização das áreas consolidadas em APP e Reserva Legal 31

Restauração de APP e Reserva Legal 31

Compensação de Reserva Legal 34

Artigo 68 do Código Florestal: Aplicação da lei no tempo para definição do percentual de Reserva Legal 36 Redução do percentual de Reserva Legal nos estados da Amazônia Legal com Zoneamento Ecológico-Econômico 36

2.3 Regras para regularização de imóveis rurais com passivos em APP

e Reserva Legal após 22 de julho de 2008 37

2.4 Regras para o monitoramento da regularização ambiental 38

3. SITUAÇÃO ATUAL DO CAR E DO PRA NOS ESTADOS 41

3.1 Status do CAR 41

Inscrição no CAR 41

Análise e validação do CAR 41

3.2 Status do PRA 44

Solicitação de adesão ao PRA, apresentação e validação do PRADA, assinatura do Termo de Compromisso 44 Execução e monitoramento dos projetos de regularização de APP e Reserva Legal 46

ANEXO 1 – LEGISLAÇÃO CONSULTADA PARA O PROJETO 49

ANEXO 2 – QUESTIONÁRIO ENVIADO AOS ESTADOS 63

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AC Acre AL Alagoas AM Amazonas AP Amapá

APP Área de Preservação Permanente ART Anotação de Responsabilidade Técnica ASV Autorização de Supressão de Vegetação BA Bahia

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CAR Cadastro Ambiental Rural CE Ceará

CEFIR Cadastro Estadual Florestal de Imóveis Rurais da Bahia

CNUC Cadastro Nacional de Unidades de Conservação

CPI Climate Policy Initiative CRA Cota de Reserva Ambiental DF Distrito Federal

ES Espírito Santo

FUNAI Fundação Nacional do Índio GO Goiás

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

MA Maranhão MG Minas Gerais MP Medida Provisória MS Mato Grosso do Sul

MT Mato Grosso

NAPC Núcleo de Avaliação de Políticas Climáticas da PUC-Rio

PA Pará PB Paraíba PE Pernambuco PI Piauí

PR Paraná

PRA Programa de Regularização Ambiental

PRADA Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas RJ Rio de Janeiro

RL Reserva Legal RN Rio Grande do Norte RO Rondônia

RR Roraima

RS Rio Grande do Sul SAF Sistema Agroflorestal

SIMCAR Sistema Mato-Grossense de Cadastro Ambiental Rural

SC Santa Catarina SE Sergipe

SFB Serviço Florestal Brasileiro

SICAR Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural SP São Paulo

TAC Termo de Ajustamento de Conduta TO Tocantins

UC Unidade de Conservação

ZEE Zoneamento Ecológico-Econômico

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LISTA DE FIGURAS, TABELAS E BOX

Figura 1 Progresso da implementação do CAR e do PRA pelos estados 16 Figura 2 Etapas da regularização ambiental de imóveis rurais de acordo com o Código Florestal 24 Tabela 1 Regulamentação nos estados com relação à regularização dos passivos em APP e Reserva Legal 18 Tabela 2 Prazos para restauração das áreas consolidadas em APP e Reserva Legal 33

Box 1 PRA Federal 31

Box 2 O papel do Serviço Florestal Brasileiro na implementação do Código Florestal 43

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APRESENTAÇÃO

No Brasil, existe hoje uma importante oportunidade de alinhar o crescimento da agropecuária com a proteção dos recursos naturais. Segundo estimativas, podemos dobrar nossa produção agrícola aproveitando as áreas já abertas, sem a necessidade de novos desmatamentos.1 A Lei de Proteção da Vegetação Nativa (Lei nº 12.651/2012), ou simplesmente Código Florestal, é um instrumento fundamental para estimular os esforços do Brasil nessa direção. Mais do que simplesmente uma ferramenta de proteção dos nossos remanescentes florestais, o código pode acelerar a intensificação do uso da terra, incentivando a expansão da produção agropecuária através de ganhos de produtividade, ao invés da abertura de novas áreas.

O Código Florestal é uma lei federal, mas sua implementação se dá no âmbito estadual, por isso o protagonismo dos estados na regulamentação e operacionalização das regras e instrumentos do código é fundamental para o seu sucesso. Para isso, os estados precisam tomar uma série de medidas que incluem: (i) a regulamentação dos procedimentos de regularização ambiental, incluindo as regras relativas ao Cadastro Ambiental Rural (CAR) e ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), e das modalidades e parâmetros de restauração da vegetação;

(ii) a implementação de sistemas de informação capazes de processar muitos dados sobre os imóveis rurais; (iii) a aquisição de recursos técnicos como imagens de satélites e bases cartográficas; e (iv) a contratação e capacitação de recursos humanos.

O mapeamento, análise e monitoramento contínuo das iniciativas estaduais para a implementação do Código Florestal são fundamentais para acompanhar o progresso na

efetivação da lei, para identificar ações exitosas adotadas pelos estados que se encontram mais avançados e que podem ser replicadas, e para propor estratégias customizadas de acordo com os gargalos e as peculiaridades de cada estado.

Diversas propostas de alteração ao Código Florestal têm sido apresentadas no Congresso Nacional sob o argumento de que é preciso modificar a lei porque os estados não estão conseguindo implementá-la e, por isso, os produtores rurais não podem se regularizar.

Entretanto, a realidade na maioria dos estados é bem diferente. Há esforços significativos para regulamentar o Código Florestal e estruturar um sistema robusto de regularização ambiental das propriedades rurais. Em quase todos os estados, os avanços observados são surpreendentes.

Portanto, nenhuma alteração ao Código Florestal deve ser proposta sem uma análise muito criteriosa dos impactos de tais mudanças na implementação do código nos estados. A maioria dos estados já regulamentou diferentes aspectos da lei federal, muitas vezes com a participação ativa dos produtores rurais e da sociedade civil. Qualquer alteração na legislação federal que implique numa revisão significativa das regras estaduais seria simplesmente ignorar todo o esforço e recursos que foram empreendidos na elaboração e implementação destas normas.

1  Antonaccio, L., Assunção, J., Celidonio M., Chiavari, J., Leme Lopes, C., Schutze, A. Ensuring Greener Economic Growth for Brazil. Rio de Janeiro: Climate Policy Initiative, 2018. Disponível em: https://climatepolicyinitiative.org/wp-content/uploads/2018/12/BID-Ensuring-Greener- Economic-Growth-for-Brazil.pdf

(14)

Esta publicação do Climate Policy Initiative/ Núcleo de Avaliação de Políticas Climáticas da PUC-Rio (CPI/ NAPC PUC-Rio) traça o panorama do Código Florestal nos estados brasileiros, com uma análise detalhada das regulamentações estaduais, identificando ações que estão em curso nos estados, os avanços alcançados, as principais dificuldades, as lacunas existentes e as principais recomendações para política pública.

Com base neste relatório, formuladores de política pública e todos os demais atores que direta ou indiretamente trabalham com a agenda de implementação do Código Florestal conseguirão ter uma visão objetiva do status da regulamentação e implementação da lei em cada um dos estados brasileiros e saberão identificar quais são as principais barreiras e oportunidades para avançar, tendo um guia para direcionar os esforços e recursos disponíveis. Além disso, o relatório traz informações relevantes que antes não estavam disponíveis ao público, servindo também como ferramenta de conhecimento e transparência das ações estaduais.

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SUMÁRIO EXECUTIVO

A regularização ambiental de propriedades rurais é um procedimento que envolve várias etapas e a intervenção de diferentes atores. A inscrição e validação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) são as etapas iniciais, mas os estados também precisam regulamentar o Código Florestal e implementar o Programa de Regularização Ambiental (PRA). Por se tratar de um fluxo, uma vez que uma propriedade já teve o seu CAR validado, ela já está apta a aderir ao PRA e iniciar as ações de recuperação dos passivos ambientais. Assim, concentrar esforços apenas na etapa de análise e validação de todos os cadastros para apenas depois implementar o PRA pode atrasar a regularização das propriedades rurais. Além disso, por não conhecerem previamente as regras do PRA, proprietários e possuidores se sentem inseguros. Eles precisam ter clareza de como se dará todo o processo de regularização de seus passivos desde a etapa inicial. Os estados devem, desde já, viabilizar tanto as ações de análise e validação do CAR como também as ações necessárias para a implementação do PRA.

A Figura 1, abaixo, representa o progresso da implementação do CAR e do PRA pelos estados, que será explicada de maneira resumida a seguir.

Todos os estados estão bem avançados na etapa de inscrição das propriedades no CAR, embora o registro de pequenos proprietários, possuidores e povos e comunidades tradicionais ainda necessite de auxílio do poder público para progredir. Com relação à análise e validação dos cadastros, alguns estados estão bem mais adiantados do que outros, mas em todos há uma grande dificuldade de avançar nesta etapa devido ao elevado volume e baixa qualidade dos cadastros e escassez de recursos técnicos e humanos para executar a validação. Dez estados ainda se encontram na fase de inscrição e não começaram a validação do CAR.

Quinze estados já editaram normas instituindo o PRA no estado, embora alguns deles ainda

precisem adotar normas complementares para promover adequadamente a regularização ambiental das propriedades rurais. Dentre os estados remanescentes, alguns não estão necessariamente paralisados e já possuem minutas prontas para a regulamentação dos seus PRAs. Outros, entretanto, estão bastante atrasados, o que os torna também candidatos a serem os mais impactados pelo PRA Federal, a ser implantado pela União.

Atualmente, há muitas incertezas com relação ao PRA Federal, pois até o momento nenhuma regra foi editada visando estabelecer o procedimento de adesão e cumprimento do programa e as atribuições da União e dos estados neste caso. Além disso, o PRA Federal pode ser questionado judicialmente por ferir o princípio federativo, criando insegurança jurídica na implementação do Código Florestal nestes estados. Uma alternativa para essa situação seria o governo federal auxiliar os estados mais atrasados na regulamentação estadual do Código Florestal a adotar um pacote de regras mínimas sem o qual o processo de regularização ambiental dos imóveis rurais não pode avançar.

(16)

A regulamentação é o primeiro passo, mas a efetiva implementação do PRA depende da adoção de muitas medidas pelos estados, como a implementação de sistemas de informação, a aquisição de recursos técnicos e capacitação de recursos humanos, dentre outras. Por isso, na maioria dos estados a operacionalização do PRA ainda está longe de acontecer. Em apenas cinco estados o PRA já está efetivamente implementado, com sistema operacional em pleno funcionamento, termos de compromisso assinados e projetos de regularização de Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal em execução e monitoramento.

Figura 1: Progresso da implementação do CAR e do PRA pelos estados

REGIÃO NORTE REGIÃO CENTRO-OESTE REGIÃO NORDESTE REGIÃO SUDESTE REGIÃO SUL

PRA já está implementado

Execução e monitoramento dos projetos de regularização

de APP e Reserva Legal Recursos humanos, técnicos e operacionais para implementar o PRA

Inscrição no CAR

Regulamentação do PRA Análise e validação

dos cadastros

TO RN RRSE ACAL APBA AMCE MAPA

RO PE RRPI PA RO PB

RO RRRR TOTO AC

AC APAP AMAM PAPA

ACES MGAP AMRJ SPPA GOPR MTRS MSSC GO

GO MTMT MSMSMS GOGODF

AP BA AMCE

RO PE PA RO PB

RO TOTO AC

AC AMAM PAPA

ACES AMRJ GOPR MSSC GO

GO MTMT MSMSMS GOGODF

AP BA

RO RO PE

RO TOTO AC

AC AMAM PAPA

AMRJ SPPA GOPR MSSC GO

GO MTMT MSMSMS GO

GODF

AP BA RO

RO AC

AC PAPA

AMRJ SPPA GOPR MT

MT MSMSMS

MSMS MS

MS MS MS GOGODF

AP BA RO

RO

PA

PA MTMT

AP BA RO

RO

PA

PA MTMT

Figura elaborada pelo CPI/ NAPC PUC-Rio, 2019

16

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As Regiões Norte e Centro-Oeste apresentam os estados mais avançados na implementação do Código Florestal, com termos de compromissos já assinados e com ações de regularização dos passivos em APP e Reserva Legal em curso. Já a Região Nordeste é a mais atrasada. Seis estados não possuem regulamentação alguma, e apenas recentemente alguns deles iniciaram a fase de análise e validação do CAR. Os esforços para a implementação do PRA ainda são incipientes. A Bahia é a única exceção: além de estar bastante adiantada, possui uma dinâmica própria para implementar o Código Florestal.

A implementação do PRA depende também da regulamentação pelos estados das modalidades e parâmetros para a regularização ambiental das áreas consolidadas em APP e Reserva Legal.

A Tabela 1, abaixo, sintetiza a legislação dos estados com relação à regularização dos passivos em APP e Reserva Legal, que será explicada de maneira resumida a seguir.

A maioria já estabeleceu as regras mínimas sobre recomposição de APP e Reserva Legal, porém 12 estados ainda não estabeleceram nenhuma regra para a regularização dos passivos em APP e Reserva Legal.

Alguns estados instituíram regras jurídicas estabelecendo diretrizes e critérios sobre a elaboração, execução e monitoramento de projetos de restauração da vegetação nativa em áreas degradadas e alteradas, enquanto outros estão dispondo sobre a restauração da vegetação nativa e recuperação de áreas degradadas por meio de manuais e cartilhas.

A compensação de Reserva Legal por meio de doação ao poder público de área em Unidade de Conservação pendente de regularização fundiária é a modalidade mais implementada, tendo sido regulamentada em 12 estados.

Além disso, todo o investimento realizado pelos estados para estruturar um robusto sistema de regularização ambiental deveria ser usado para promover a regularização de todas as propriedades em situação irregular, independentemente da data na qual ocorreu o desmatamento. Apenas cinco estados estão usando ou pretendem usar o Módulo PRA do Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SICAR) ou um sistema similar para regularizar passivos anteriores e posteriores a 22 de julho de 2008.

Outra questão importante é o papel do governo federal no processo de implementação do PRA pelos estados. A fim de auxiliá-los, o Serviço Florestal Brasileiro tem desenvolvido diversas ferramentas no SICAR. A utilização pelos estados da plataforma do SICAR e de seus módulos, entre os quais o Módulo de Cadastro e o Módulo de Regularização Ambiental, traz muitas vantagens, mas os estados ficam totalmente dependentes do governo federal. Qualquer decisão, paralização ou atraso no âmbito do SICAR afeta diretamente os estados e pode ter um impacto muito significativo na implementação do Código Florestal.

Finalmente, cabe ressaltar que os estados deveriam disponibilizar informações sobre as ações de implementação do Código Florestal de forma clara e acessível, incluindo a legislação adotada, status de validação do CAR e implementação do PRA. A transparência é importante para garantir o acompanhamento e monitoramento pela sociedade civil, parlamentares e governo federal.

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Tabela 1: Regulamentação nos estados com relação à regularização dos passivos em APP e Reserva Legal

Tabela elaborada pelo CPI/ NAPC PUC-Rio, 2019

REGIÃO NORTE REGIÃO CENTRO-OESTE REGIÃO SUDESTE REGIÃO SUL REGIÃO NORDESTE

AC AP AM PA RO RR TO DF GO MT MS ES MG RJ SP PR RS SC AL BA CE MA PB PE PI RN SE

Regularização de áreas consolidadas em APP

Define prazo para a restauração de APP

Define a possibilidade de uso econômico das parcelas não abrangidas pelo cronograma de

restauração de APP

Define as modalidades e os parâmetros de

regularização de áreas consolidadas em APP

Estabelece regras detalhadas para a elaboração, execução e monitoramento de projetos de

restauração de APP

Regularização de áreas consolidadas em Reserva Legal

Define prazo para a restauração de RL

Define a possibilidade de uso econômico das parcelas não abrangidas pelo cronograma de

restauração de RL

Define as modalidades e os parâmetros de

regularização de áreas consolidadas em RL

Estabelece regras detalhadas para a elaboração, execução e monitoramento de projetos de

restauração de RL

Regulamenta o art. 68 do Código Florestal que trata

do percentual de RL de acordo com a lei em vigor

Possui ZEE aprovado (Estados da Amazônia Legal) n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a

Compensação de Reserva Legal

Define regras básicas para a compensação de RL

Procedimento próprio para compensação de RL em

UC de domínio público

Procedimento próprio para compensação de RL por

meio de arrendamento de servidão ambiental ou RL

Procedimento próprio para compensação por meio

de CRA

Procedimento próprio para compensação de RL por

meio de cadastramento de área equivalente

Define as áreas prioritárias no estado para receber

compensação de RL de outro estado

Regularização de passivos após 2008

Define regras para regularização de passivos em

APP e Reserva Legal após 2008

Status dos estados

Situação do estado com relação à regulamentação estadual para regularização dos passivos de APP

e RL 😄😄 😟😟 😄😄 😄😄 😄😄 😟😟 😟😟 😄😄 😐😐 😐😐 😐😐 😟😟 😐😐 😄😄 😄😄 😐😐 😟😟 😐😐 😟😟 😄😄 😟😟 😟😟 😟😟 😄😄 😟😟 😟😟 😟😟

Legenda: 😄😄Status avançado - possui um conjunto normativo suficiente para implementar as ações de regulamentação dos passivos em APP e Reserva Legal

😐😐Status intermediário - possui algumas regras para a regularização de APP e Reserva Legal, mas é necessária a adoção de atos normativos complementares

😟😟Status atrasado - não possui regulamentação para implementar as ações de regulamentação dos passivos em APP e Reserva Legal Sim

Não

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INTRODUÇÃO

A Lei de Proteção da Vegetação Nativa (Lei Federal nº 12.651/2012), comumente chamada de novo Código Florestal, é hoje a principal ferramenta da política florestal brasileira em áreas privadas. Ela define como deve ser a ocupação e uso do solo nos imóveis rurais e estabelece regras claras para a conservação e a restauração de vegetação nativa. É uma das leis

ambientais mais importantes do país, com um grande potencial de promover o uso eficiente da terra no Brasil, conciliando produção agropecuária com preservação ambiental.

A implementação do Código Florestal se dá no âmbito estadual. Assim, todos os estados precisam editar normas próprias incorporando as inovações trazidas pela nova lei federal na legislação estadual. A regulamentação do código concede aos estados uma ótima oportunidade para estabelecer procedimentos de regularização ambiental que atendam às peculiaridades e necessidades estaduais. Entretanto, os estados passam a ter não só a responsabilidade pela regulamentação, mas também pela implantação de um sistema próprio para atender às novas exigências. Isso requer recursos humanos, financeiros e operacionais destinados à implementação da lei.

Acontece que, passados sete anos de sua promulgação, a Lei nº 12.651/2012 está longe de ser efetivamente implementada em todos os estados brasileiros. Isso não significa que os estados não avançaram nesta área. Pelo contrário, na maioria deles, podemos identificar progressos significativos. Entretanto, há um grupo de estados que ainda está bastante atrasado.

Neste documento, pesquisadoras do Climate Policy Initiative/ Núcleo de Avaliação de Políticas Climáticas da PUC-Rio (CPI/ NAPC PUC-Rio) explicam o procedimento de regularização ambiental em âmbito federal, como disciplinado pelo Código Florestal, para, a partir daí, apresentar um panorama da implementação da lei nos estados brasileiros. Em especial, o relatório analisa a regulamentação estadual existente, com ênfase na identificação de regras referentes à regularização de passivos em Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal, como as que tratam de restauro, compensação de Reserva Legal, aplicação do artigo 68, entre outras. Finalmente, as pesquisadoras apresentam a situação atual do processo de operacionalização do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e do Programa de Regularização Ambiental (PRA) nos estados, identificando em qual etapa do processo cada estado se encontra, as principais diferenças entre eles, bem como as maiores dificuldades e as oportunidades para progredir.

É importante ressaltar que este relatório descreve somente o processo de regularização ambiental de imóveis rurais para fins de adequação às principais obrigações estabelecidas pelo Código Florestal. Entretanto, a legislação ambiental impõe outras regras que devem ser observadas por proprietários e possuidores rurais para que seus imóveis sejam considerados totalmente regularizados, tais como procedimentos relativos ao licenciamento ambiental e outorga de recursos hídricos – normas que não fazem parte do escopo deste documento.

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Para traçar o panorama do Código Florestal nos estados brasileiros, foi feito, inicialmente, um levantamento de toda a legislação federal aplicável e de cada uma das unidades da federação (Anexo 1). Esse mapeamento inclui tanto a legislação estadual específica que regulamenta dispositivos do Código Florestal, como legislações estaduais florestais ou Códigos Ambientais Estaduais revisados após a entrada em vigor da Lei nº 12.651/2012. Em seguida, um questionário foi enviado para representantes dos órgãos estaduais responsáveis pela regulamentação e implementação do Código Florestal (Anexo 2). O objetivo do questionário era entender quais foram os principais desafios nas etapas de análise e validação das inscrições no CAR, bem como na implementação dos PRAs estaduais.

Após a análise das informações recebidas, realizou-se um workshop com representantes de 14 estados mais o Distrito Federal em maio de 2019.2 Além dos técnicos estaduais estavam presentes representantes do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Durante o evento, os participantes falaram sobre a regulamentação estadual, os sistemas operacionais que estão sendo implementados para rodar o módulo de PRA, o status atual da análise e validação do CAR e da implementação do PRA, e sobre os possíveis impactos da alteração da Lei nº 12.651/2012 nos estados a partir das propostas legislativas em discussão.

As informações coletadas no workshop e através dos questionários foram consolidadas pelas autoras e eventuais dúvidas remascentes foram submetidas aos técnicos estaduais para complementação. Todas as informações foram sistematizadas e são apresentadas nesta publicação.

O relatório está dividido em três partes. A Parte I descreve de forma resumida as principais etapas do procedimento de regularização ambiental, de acordo com as regras estabelecidas pelo Código Florestal. Para facilitar o entendimento do processo de regularização, há um fluxograma representando suas etapas. A Parte I está dividida em duas seções: a primeira descreve o processo de regularização ambiental de áreas rurais consolidadas em APP e Reserva Legal (antes de 22 de julho de 2008) e a segunda trata da regularização ambiental de imóveis rurais com passivos em APP e Reserva Legal após 22 de julho de 2008.

A Parte II descreve e analisa a regulamentação do Código Florestal pelos estados e Distrito Federal. Esta segunda parte também está dividida em seções. A primeira dedica-se à análise da regulamentação dos PRAs estaduais; a segunda expõe detalhadamente as regras de regularização das áreas consolidadas em APP e Reserva Legal; e a terceira trata das regras de regularização dos passivos em APP e Reserva Legal após 22 de julho de 2008.

A Parte III descreve a situação atual do CAR e do PRA em todas as unidades da federação.

Para uma melhor compreensão, esta parte divide a situação dos estados em quatro seções: (i) inscrição no CAR; (ii) análise e validação do CAR; (iii) solicitação de adesão ao PRA, apresentação e validação do PRADA e assinatura do Termo de Compromisso; e (iv) execução e monitoramento dos projetos de regularização de APP e Reserva Legal.

2  Os estados que participaram do workshop, além do Distrito Federal, foram: Acre, Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo e Tocantins.

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(22)
(23)

1. PROCEDIMENTO DE REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL DE ACORDO COM O CÓDIGO FLORESTAL

O Código Florestal apoia-se em dois instrumentos de fundamental importância para a conservação ambiental em terras privadas: as Áreas de Preservação Permanente (APP) e a Reserva Legal. Além disso, a lei também estabelece outros instrumentos de gestão,

monitoramento e adequação ambiental, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o Programa de Regularização Ambiental (PRA).

O código criou um regime jurídico especial, aplicável apenas às propriedades e posses nas quais tenha havido supressão irregular de vegetação nativa para a prática de atividades agrossilvipastoris antes de 22 de julho de 2008. A regularização ambiental dessas áreas, denominadas áreas rurais consolidadas, segue regras e parâmetros de proteção mais flexíveis.

A nova lei florestal também criou regras especiais em função do tamanho dos imóveis rurais, classificando-os em dois grupos: maiores ou menores que (ou iguais a) quatro módulos fiscais.

O regime jurídico das áreas rurais consolidadas em APP e Reserva Legal em imóveis rurais menores que (ou iguais a) quatro módulos fiscais segue regras ainda mais permissivas.

Em síntese, a regularização ambiental de imóveis rurais depende de duas condições: (i) se a vegetação nativa em APP e Reserva Legal foi desmatada antes ou depois de 22 de julho de 2008, o que determina se o imóvel rural se enquadra ou não no regime especial das áreas consolidadas; e (ii) do tamanho do imóvel rural (maior ou menor que quatro módulos fiscais). 3

Esta primeira parte do relatório descreve as regras procedimentais para a regularização ambiental de acordo com o Código Florestal. As regras materiais de regularização ambiental, aquelas que estabelecem as modalidades e os parâmetros para a regularização, serão descritas na Parte II do relatório, como contexto para descrever e analisar as regulamentações estaduais.

1.1 Regularização de áreas consolidadas em APP e Reserva Legal (antes de 22 de julho de 2008)

A regularização ambiental de imóveis rurais com áreas rurais consolidadas em APP e Reserva Legal possui três grandes etapas: (i) a primeira consiste na inscrição, análise e validação do CAR;

(ii) a segunda se relaciona ao pedido de adesão ao PRA, na apresentação e validação do Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADA) e na assinatura do Termo de Compromisso; e (iii) a terceira compreende a recuperação dos passivos em APP e Reserva Legal e o monitoramento do Termo de Compromisso (Figura 2).

3  Para entender melhor o Código Florestal, o regime jurídico geral, o regime jurídico das áreas consolidadas e as regras especiais para imóveis pequenos, recomendamos a leitura de: CHIAVARI, Joana; LOPES, Cristina Leme. Resumo para Políticas Públicas. Novo Código Florestal – Parte I: Decifrando o Novo Código Florestal. Rio de Janeiro: Climate Policy Initiative, 2015. Disponível em: https://www.inputbrasil.

org/publicacoes/novo-codigo-florestal-parte-i-decifrando-o-novo-codigo-florestal/

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Mais informações

CAR

Órgão estadual

Órgão estadual

Órgão estadual

PRA PRADA

TERMO DE COMPROMISSO

Não

Sim Produtor

Etapa 1:

CAR

Etapa 2:

PRA

Etapa 3:

Cumprimento do PRA

Produtor

Produtor

+

CAR ok?

Mais informações

Sim PRADA ok?

Não

Execução e monitoramento dos projetos de regularização

de APP e Reserva Legal

Figura 2: Etapas da regularização ambiental de imóveis rurais de acordo com o Código Florestal

Figura elaborada pelo CPI/ NAPC PUC-Rio, 2019

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Etapa 1

A primeira etapa consiste na inscrição, análise e validação do CAR. O cadastro é um dos pilares do Código Florestal e sua função é reunir informações ambientais de todos os imóveis rurais, incluindo perímetro, localização, APPs, Reserva Legal, áreas com remanescentes de vegetação nativa e áreas rurais consolidadas. É um cadastro obrigatório e autodeclaratório, e suas informações compõem um banco de dados que serve para controle, monitoramento, planejamento e gestão ambiental.

A redação original do Código Florestal definia que a inscrição no CAR deveria ser feita no prazo de um ano contado da implantação do sistema de cadastro, podendo ser prorrogada uma única vez, por igual período, por ato do Presidente do país. Porém, este prazo foi prorrogado várias vezes até 31 de dezembro de 2018 e uma alteração recente na lei extinguiu a data limite para inscrição no CAR, tornando-o um cadastro permanente. Ainda assim, para garantir o direito de aderir ao PRA e se beneficiar das regras mais flexíveis para regularização ambiental das áreas rurais consolidadas, a inscrição do imóvel rural no CAR deve ser feita até 31 de dezembro de 2020. 4

A análise e validação do CAR pelo órgão estadual competente visa verificar se as informações declaradas estão corretas, se há passivos ambientais (desmatamento irregular em APP ou Reserva Legal), excedente de vegetação nativa e se é preciso fazer alguma correção ou complementação nas informações do cadastro.

Etapa 2

A etapa seguinte consiste no pedido de adesão ao PRA, na apresentação e validação do PRADA e na assinatura do Termo de Compromisso. A adesão ao PRA permite aos produtores rurais manter as atividades agropecuárias nas áreas rurais consolidadas e promover a regularização dos passivos de APP e Reserva Legal por meio de regras e parâmetros mais flexíveis.

Embora o Código Florestal tenha previsto que o pedido de adesão ao PRA ocorreria após a etapa de análise e validação do CAR, na maioria dos estados, o pedido de adesão ao PRA é feito concomitantemente à inscrição do imóvel rural no CAR.

Uma vez o pedido de adesão feito e o CAR validado, o produtor precisa apresentar ao órgão competente um PRADA contendo as ações de recomposição dos passivos em APP e/ou Reserva Legal. Após a análise e aprovação do PRADA, o órgão estadual competente convoca o produtor para assinar um Termo de Compromisso, documento que formaliza a adesão do proprietário ao PRA. Ele deve especificar as áreas de APP e Reserva Legal a serem regularizadas, bem como a descrição da metodologia, prazos e cronograma de execução das ações de

regularização.

4  CHIAVARI, Joana; LOPES, Cristina Leme. Nota Técnica. Congresso Nacional aprova alterações ao Código Florestal: Mudanças na lei trazem mais segurança jurídica para o CAR e PRA. Rio de Janeiro: Climate Policy Initiative, 2019. Disponível em: https://www.inputbrasil.org/

publicacoes/congresso-nacional-aprova-alteracoes-ao-codigo-florestal/

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Etapa 3

A terceira e última etapa consiste na execução das ações de recuperação ambiental e no monitoramento. Com a assinatura do Termo de Compromisso, o produtor deve colocar em prática a recuperação dos passivos em APP e/ou Reserva Legal, de acordo com o cronograma apresentado. Durante esta etapa de recuperação dos passivos o órgão ambiental deve

monitorar o cumprimento do Termo de Compromisso e aplicar as sanções cabíveis quando identificar alguma irregularidade. Apenas quando todas as obrigações estabelecidas no Termo de Compromisso estiverem cumpridas, o imóvel rural será considerado regular nos termos do Código Florestal.

1.2 Regularização de imóveis rurais com passivos em APP e Reserva Legal após 22 de julho de 2008

A regularização ambiental de passivos em APP e Reserva Legal que foram constituídos após 22 de julho de 2008 deve seguir parâmetros mais restritivos, estabelecidos na parte geral do Código Florestal. A lei, entretanto, não dispõe que a regularização ambiental dos imóveis que se enquadram nesta situação seja executada no âmbito do PRA ou de outro programa semelhante.

Determina-se apenas a suspensão imediata das atividades desempenhadas irregularmente em APP e Reserva Legal, além da obrigatoriedade de recomposição da vegetação suprimida, de acordo com as regras gerais.

Como todos os imóveis rurais, independentemente da data em que ocorreu a supressão irregular de vegetação em APP e Reserva Legal, devem passar pela primeira etapa da regularização ambiental, que consiste na inscrição, análise e validação do CAR, faria todo sentido que todos os imóveis também prosseguissem nas etapas seguintes do fluxo de regularização no âmbito do PRA, respeitando-se as regras de regularização para passivos anteriores ou posteriores a 22 de julho de 2008.

Tal lacuna na regulamentação federal gera um desafio para os estados. Ao aplicar o Código Florestal, os estados devem prever o procedimento de regularização ambiental de todos os imóveis rurais, com passivos anteriores e posteriores a 22 de julho de 2008.

Como veremos, os estados estão colocando esforços significativos para regulamentar o Código Florestal e montar um robusto sistema de regularização ambiental para as áreas consolidadas, com investimentos em tecnologia da informação, bases cartográficas e na capacitação de recursos humanos. A tecnologia atual permite aos sistemas operacionais de PRA ajustar os PRADAS e termos de compromisso de acordo com a data dos passivos em APP e Reserva Legal.

Portanto, os PRAs estaduais poderiam servir de plataforma para a regularização ambiental de todos os imóveis rurais em situação irregular, e não apenas daqueles com passivos anteriores a 2008, como tem ocorrido em diversos estados.

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2. REGULAMENTAÇÃO DO CÓDIGO FLORESTAL NOS ESTADOS

2.1 Regulamentação dos PRAs estaduais

A regulamentação do Código Florestal pelos estados deve incluir normas mínimas que estabeleçam:

• inscrição, análise e validação do CAR;

• adesão ao PRA e elaboração dos projetos de recuperação dos passivos em APP e Reserva Legal (PRADA);

• conteúdo do Termo de Compromisso e as correspondentes sanções em caso de descumprimento; e

regras de transparência, monitoramento e fiscalização do procedimento de regularização ambiental.

Além disso, os estados devem prever normas especiais para certas categorias fundiárias, como imóveis menores que quatro módulos fiscais, assentamentos da reforma agrária e povos e comunidades tradicionais.

Até o momento, nenhum estado possui legislação que abranja detalhadamente todas estas matérias. Porém, a maioria dos estados já adotou um conjunto normativo mínimo capaz de garantir a implementação do PRA no estado.

Os estados do Acre, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo e o Distrito Federal já regulamentaram de forma satisfatória o PRA.

Os estados do Amazonas, Goiás, Paraná, Pernambuco, Santa Catarina e Tocantins já

regulamentaram o CAR e o PRA, porém precisam editar normas complementares para promover adequadamente a regularização ambiental dos imóveis rurais.

Seis estados, Alagoas, Amapá, Ceará, Rio Grande do Norte, Roraima e Sergipe estão totalmente descolados dos demais na implementação do Código Florestal. A regulamentação do CAR e do PRA ainda está na fase de minuta, sem apresentar grandes avanços com relação à implementação do PRA. Dois estados estão em posição ligeiramente mais avançada. A Paraíba adotou recentemente diversas ações de fortalecimento do CAR e está finalizando a regulamentação do PRA. O Piauí instituiu regras básicas sobre o CAR e PRA no estado, logo antes da promulgação do Código Florestal, mas o PRA precisa ser regulamentado através de normas complementares, que estão atualmente em elaboração.

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Os demais estados, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais e Rio Grande do Sul estão atrasados com relação à regulamentação do PRA. Entretanto, isso não quer dizer que estes estados não estejam tomando providências e empreendendo iniciativas para a implementação do Código Florestal.

Minas Gerais, por exemplo, editou uma lei estadual estabelecendo a política florestal do estado, nos termos da Lei nº 12.651/2012. A lei florestal mineira possui dispositivos sobre o CAR, as Áreas de Preservação Permanente, as áreas de Reserva Legal e os parâmetros e as modalidades de regularização das áreas consolidadas em APP e Reserva Legal, mas a lei não dispõe sobre o PRA estadual. Assim, o estado contratou uma consultoria para auxiliá-lo na elaboração de decreto e de manual técnico para implementar o PRA. Além disso, Minas Gerais também já elaborou minuta de resolução regulamentando o uso de sistemas agroflorestais (SAFs) na recomposição de Reserva Legal. Entretanto, o processo de aprovação destas normas encontra- se paralisado, dentre outros motivos, devido à edição de medidas provisórias (MP) alterando dispositivos do CAR e do PRA no Código Florestal. Com o fim da tramitação das medidas provisórias e com a conversão da MP nº 884/2019 em lei,5 espera-se que Minas possa aprovar logo o decreto regulamentando o PRA. Outros estados também já possuem minutas para regulamentação do PRA, como é o caso de Alagoas, Espírito Santo, Maranhão, Paraíba e Piauí.

Embora o Maranhão tenha editado lei estadual para a implementação do PRA, a lei não estabelece de forma satisfatória o procedimento de adesão ao PRA nem as demais regras para a regularização ambiental. O estado pretende revogar a lei em vigor e adotar uma nova regulamentação.

O Rio Grande do Sul formou um grupo de trabalho para elaborar um decreto regulamentando o PRA no estado. Porém, devido a problemas com a migração do sistema de cadastro próprio para o Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SICAR), o grupo está atualmente paralisado.

O estado está finalizando um acordo de cooperação técnica com o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) para retomar a proposta de regulamentação do PRA.

Em alguns estados, decisões judiciais suspendendo os efeitos da legislação estadual também têm atrasado a implementação do PRA. A lei do PRA em São Paulo, por exemplo, foi objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) e teve a sua eficácia suspensa por uma decisão liminar durante três anos, tendo sido declarada constitucional apenas em junho de 2019. O decreto sobre o Pampa do Rio Grande do Sul, que estabelece um regime jurídico especial com regras mais flexíveis para o bioma, também está suspenso por uma liminar deferida em Ação Civil Pública.

5  CHIAVARI, Joana; LOPES, Cristina Leme. Op. Cit.

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2.2 Regras para regularização das áreas consolidadas em APP e Reserva Legal

Restauração de APP e Reserva Legal

O Código Florestal estabelece as modalidades e os parâmetros mínimos para a regularização das áreas rurais consolidadas de APP. A recuperação da vegetação da APP de cursos d’água, nascentes e lagos pode ser feita por: (i) regeneração natural; (ii) plantio de espécies nativas; ou (iii) combinação da regeneração natural com plantio de espécies nativas.

A recuperação da vegetação de APP consolidada de cursos d’água segue parâmetros bem mais flexíveis que aqueles estabelecidos como regra geral no Código Florestal. Como regra geral, as faixas de vegetação nas margens dos rios aumentam à medida que aumenta a largura do rio, independentemente do tamanho do imóvel rural. Assim, quanto mais largo for o rio, maior deve ser a faixa de vegetação a ser preservada ao longo de seu curso. No entanto, as regras para as áreas consolidadas não seguem esta lógica. Para os imóveis rurais pequenos, a faixa marginal de proteção não depende da largura do rio e sim do tamanho da propriedade. Para imóveis rurais

Box 1: PRA Federal

A recente edição da Lei nº 13.887/2019, que resultou da aprovação da MP nº 884/2019, pode

impactar consideravelmente os estados que ainda não concluíram a regulamentação de seus PRAs. A lei inclui um novo dispositivo no Código Florestal estabelecendo que, caso os estados não implantem o PRA até 31 de dezembro de 2020, o proprietário ou possuidor poderá aderir ao PRA a ser instaurado pela União.

O próprio Código Florestal reconhece que a elaboração e implementação dos PRAs são de

competência dos estados. Desta forma, esta nova regra traz bastante insegurança jurídica, pois a lei não traz qualquer critério para a implantação de um PRA federal e pode ser objeto de judicialização por parte dos estados que não quiserem perder a competência sobre o PRA.

Além disso, não há informação sobre como seria este PRA federal: sua implementação, adesão pelos proprietários e possuidores e monitoramento de quem fizesse esta adesão. Caso a União estabeleça um PRA com regras mais vantajosas, produtores rurais de estados onde o PRA já foi implementado poderiam reivindicar adesão ao PRA Federal, sob o princípio da isonomia.

Ao invés de criar um PRA Federal, totalmente diferente da dinâmica já instituída pelo Código Florestal, o governo federal poderia auxiliar os estados que ainda estão com dificuldades de implementar seus PRAs. É preciso acompanhar com atenção como será a regulamentação desta nova regra, para que não represente uma barreira para a efetiva implementação do código.

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