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Uma análise dos impactos de despesas públicas sobre a pobreza e a desigualdade nos estados brasileiros

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA – CAEN

MESTRADO EM ECONOMIA

IVANILDO LOPES DA SILVA

UMA ANÁLISE DOS IMPACTOS DE DESPESAS PÚBLICAS SOBRE

A POBREZA E A DESIGUALDADE NOS ESTADOS BRASILEIROS

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UMA ANÁLISE DOS IMPACTOS DE DESPESAS PÚBLICAS SOBRE

A POBREZA E A DESIGUALDADE NOS ESTADOS BRASILEIROS

Dissertação apresentada ao programa de Pós-graduação em Economia, Mestrado em Economia, da Universidade Federal do Ceará – UFC, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Economia.

Linha de pesquisa: Crescimento Econômico, Desigualdade e Pobreza.

Área de Concentração: Crescimento Econômico.

Orientador: Dr. Marcelo Lettieri Siqueira.

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UMA ANÁLISE DOS IMPACTOS DE DESPESAS PÚBLICAS SOBRE

A POBREZA E A DESIGUALDADE NOS ESTADOS BRASILEIROS

Dissertação apresentada ao programa de Pós-graduação em Economia, Mestrado em Economia, da Universidade Federal do Ceará – UFC, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Economia.

Aprovada em 26/07/2012.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Lettieri Siqueira (Orientador)

Universidade Federal do Ceará – UFC

______________________________________________________ Prof. Dr. Frederico Augusto Gomes de Alencar

Universidade Federal do Ceará – UFC

____________________________________________________ Prof. Dr. Fabrício Carneiro Linhares

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A Deus, por ser meu protetor e guia nas decisões sobre todo o meu caminhar. Por ser de extrema generosidade no cuidado a mim e a meus familiares e amigos. Por Seu amparo e fidelidade em me sustentar e fortalecer nesta conquista.

À minha mãe, Iracema Lopes da Silva, minha sempre amiga e aliada em minhas conquistas. A seu amor abundante e protetor, que jamais me permitiu desanimar. Sem sua contribuição jamais seria quem sou e estaria onde estou. Obrigado mãe querida! Ao meu pai, José Pedro da Silva, in memorian, pelo seu carinho e cuidado comigo nos poucos anos em que convivemos, e Charles Albert Johnson, in memorian, por ter sido um pai e amigo, compartilhando comigo sua fé cristã e experiências de vida, e sua esposa Doris Elaine Johnson, que cuidava de nós em nossos encontros e o ajudou a tornar-se o bom homem que foi. Aos dois, o meu obrigado por ensinar-me, pelo exemplo, como ser um servo cristão.

À minha esposa Kely Vanessa Leite Gomes da Silva, melhor amiga, por sempre me incentivar e instigar a alcançar patamares mais altos, sem, no entanto, esquecer das raízes e do amor ingênuo e verdadeiro dos servos. Agradeço pelo seu abraço e amor incondicional, pela torcida, pelo companheirismo inigualável, pela credibilidade em mim, pelas inúmeras orações e por ter ficado ao meu lado em dois fortes momentos durante esse mestrado: a perda do nosso primeiro filho e a dádiva do segundo, nossa pequena Yasmin.

Aos sujeitos que buscam tornar nossa sociedade menos desigual e mais justa,

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Ao meu orientador, Prof. Dr. Marcelo Lettieri Siqueira, pela sua disponibilidade e auxilio na construção deste trabalho. Pelo tempo de orientações, de incentivo e pelo exemplo de simplicidade e modéstia no meio acadêmico.

Aos professores do Mestrado, João Mário S. de França, Paulo Rogério Faustino Matos, Ricardo Pereira, José Coelho, Marcelo Callado, Paulo de Melo Jorge Neto, Flávio Ataliba, Ronaldo A. Arraes, Emerson Marinho, Frederico Alencar, Ricardo Brito Soares, Mauricio Benegas, Andrei G. Simonassi, Ivan de Oliveira, e aos monitores Kamila Vieira de Mendonça, Wellington Gomes, Daniel e Cristiano Modesto Penna, por contribuírem com o meu crescimento pessoal e profissional.

À Direção da Faculdade de Ciências Aplicadas Dr. Leão Sampaio (FCALS), pelo investimento na pesquisa e pela crença que ela pode provocar transformações positivas aos estudantes e à sociedade.

À coordenação do SENAC, representado pela amiga Raimunda Gonçalves Oliveira, pelos momentos de ausência concedidos para os meus estudos.

À banca examinadora desta pesquisa composta pelos professores Dr. Marcelo Lettieri Siqueira, Dr. Frederico Augusto Gomes de Alencar e Dr. Fabrício Carneiro Linhares. Pelas sugestões e partilhar de idéias em busca do crescimento e maturação profissional.

À minha sogra, Maria Leite Gomes, à minha cunhada Márcia Leite Gomes Campos e seu esposo Roberto Costa Campos, por me acolherem nas idas e vindas desse curso.

Aos amigos, irmãos em Cristo, que sempre estiveram colaborando com o meu desenvolvimento, orando por mim e minha família nas minhas ausências.

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É preciso mudar o foco de atenção dos estudos da fome na direção da capacidade das pessoas de comprar comida. [...] Não se pode ficar imune à fome só porque o mundo é rico. [...] É preciso uma economia em que não haja muitas pessoas excluídas, e é preciso um governo responsável. [...] Mesmo não havendo uma renda mínima regular, um governo responsável intervirá e criará uma renda [...] E isso terá o efeito de dar às pessoas o poder necessário para comprar comida.

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O Estado tem como objetivos satisfazer as necessidades sociais, promover um eficiente uso dos recursos e melhorar a distribuição de renda. Contudo, o grau de desigualdade de renda no Brasil ainda é muito elevado e se constitui como um dos principais indicadores da desigualdade social, necessitando desta forma que sejam avaliados os mecanismos de proteção à população e de promoção do desenvolvimento sócio-econômico. Partindo dessa premissa, este estudo consiste na análise dos efeitos de algumas despesas públicas em relação aos indicadores de pobreza e desigualdade de renda nos estados brasileiros no período de 2005 a 2009, identificando quais variáveis foram mais influentes para a melhora desses indicadores no período. O referencial teórico contempla os capítulos sobre Crescimento Econômico e Desigualdade de Renda, Despesas Públicas e Políticas Públicas Sociais no Brasil. O estudo foi constituído por meio de dados e informações do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – IPEA e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, e a relação das variáveis selecionadas com os indicadores de pobreza e desigualdade é demonstrada empiricamente por estimação das elasticidades utilizando modelos regressivos cross-section. Essa modelagem foi escolhida por ser de clara interpretação, permitindo dar suporte à elaboração de políticas que visem à redução da desigualdade nos estados. Os resultados demonstram que os avanços foram discretos no período para alguns dos indicadores selecionados, sendo mais significativos para aqueles relacionados a políticas com propostas de transferência de renda e redução da pobreza, os quais contribuíram para a queda da população pobre e indigente e aumento da renda, indicando que programas bem focalizados são melhores indutores de avanços sociais.

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The state aims to meet social needs, promote an efficient use of resources and improve income distribution. However, the degree of income inequality in Brazil is still very high and is one of the main indicators of social inequality, thus requiring re-examining the mechanisms to protect people and promote socio-economic development. From this premise, this study analyzed the effects of public expenditure in relation to indicators of poverty and income inequality in the Brazilian states in the period 2005 to 2009, identifying which variables were most influential to the improvement of these indicators in the period. The theoretical reference includes chapters on Economic Growth and Income Inequality, Public Expenditure and Social and Public Policy in Brazil. The study was made using data and information from the Institute of Applied Economic Research – IPEA and the Brazilian Institute of Geography and Statistics – IBGE, and the relationship of selected variables with indicators of poverty and inequality is demonstrated empirically by estimating the elasticities using regressive cross-section models. This model was chosen because of its clear interpretation, allowing support the development of policies aimed at reducing inequality in the states. The results show that the advances were discrete in time for some of the indicators selected, being more significant for those with policies relating to proposals to transfer income and poverty reduction, which contributed to the fall of the poor and indigent and increased income, indicating that well-focused programs are better inducers of social progress.

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A) TABELAS

Tabela 1 – Resultados do Modelo 01 em Valores per Capita Estaduais para o Índice de Gini (IG) ... 33 Tabela 2 – Resultados do Modelo 01 em Valores per Capita Estaduais para a Renda (RDEZ) ... 35 Tabela 3 – Resultados do Modelo 01 em Valores per Capita Estaduais para a Renda (RVINT) ... 38 Tabela 4 – Resultados do Modelo 02 em Percentuais do PIB Estadual para a Taxa de Extrema Pobreza (TEPOB) ... 40 Tabela 5 – Resultados do Modelo 02 em Valores per Capita Estaduais para a Taxa de Extrema Pobreza (TEPOB) ... 42 Tabela 6 – Resultados do Modelo 02 em Percentuais do PIB Estadual para a Taxa de Pobreza (TPOB) ... 44 Tabela 7 – Resultados do Modelo 02 em Valores per Capita Estaduais para a Taxa de Pobreza (TPOB) ... 46

B) QUADROS

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BPC – Benefício de Prestação Continuada

CAEN – Centro Avançado de Estudos do Nordeste CF – Constituição Federal

FPE – Cota-parte do Fundo de Participação Estadual GSF – Gasto Social Federal

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IG – Índice de Gini

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

IPEADATA – Base de dados de indicadores econômicos e sociais do IPEA OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico PBF – Programa Bolsa Família

PIB – Produto Interno Bruto

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios RMV – Renda Mensal Vitalícia

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1 INTRODUÇÃO ... 12

2 ASPECTOS TEÓRICOS ... 15

2.1CRESCIMENTO ECONÔMICO E DESIGUALDADE DE RENDA... 15

2.2DESPESAS PÚBLICAS ... 18

2.3POLÍTICAS PÚBLICAS SOCIAIS ... 21

3 METODOLOGIA ... 26

3.1BASE DE DADOS ... 26

3.2MODELOS E PROCEDIMENTOS UTILIZADOS NAS REGRESSÕES ... 27

4 RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISE DE DADOS ... 32

4.1DESIGUALDADE DE RENDA ... 32

4.1.1 Análise dos Resultados do Modelo 01 em Valores per Capita Estaduais para o Índice de Gini (IG) ... 32

4.1.2 Análise dos Resultados do Modelo 01 em Valores per Capita Estaduais para a Renda (RDEZ) ... 35

4.1.3 Análise dos Resultados do Modelo 01 em Valores per Capita Estaduais para a Renda (RVINT) ... 37

4.2POBREZA ... 40

4.2.1 Análise dos Resultados do Modelo 02 em Percentuais do PIB Estadual para a Taxa de Extrema Pobreza (TEPOB) ... 40

4.2.2 Análise dos Resultados do Modelo 02 em Valores per Capita Estaduais para a Taxa de Extrema Pobreza (TEPOB) ... 42

4.2.3 Análise dos Resultados do Modelo 02 em Percentuais do PIB Estadual para a Taxa de Pobreza (TPOB) ... 43

4.2.4 Análise dos Resultados do Modelo 02 em Valores per Capita Estaduais para a Taxa de Pobreza (TPOB) ... 45

5 CONCLUSÃO ... 48

REFERÊNCIAS ... 51

APÊNDICE A – BASE DE DADOS DOS INDICADORES SOCIAIS (POBREZA E DESIGUALDADE), DESPESAS PÚBLICAS E GASTOS PÚBLICOS PARA 2005 ... 55

APÊNDICE B – BASE DE DADOS DOS INDICADORES SOCIAIS (POBREZA E DESIGUALDADE), DESPESAS PÚBLICAS E GASTOS PÚBLICOS PARA 2009 ... 56

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O grau de desigualdade de renda no Brasil ainda é muito elevado e se constitui como um dos principais indicadores da desigualdade social, necessitando desta forma que sejam avaliados os mecanismos de proteção à população e de promoção do desenvolvimento sócio-econômico.

Barros, Henrique e Mendonça (2001) destacam como opções mais eficazes para o combate à pobreza políticas que promovam o crescimento e a distribuição mais igualitária da renda per capita, mas concluem que na tradição brasileira o crescimento econômico tem sido o caminho único e mais demorado para diminuir a pobreza no país.

O Brasil teve ao longo do século XX melhoria nos indicadores de bem-estar social, onde o Estado atuou a partir da década de 30 como regulador, por meio de dispositivos públicos de proteção social. Porém, ainda se percebe a presença da pobreza e desigualdade, contrariando assim o ideal de justiça social (ZAULI, 2005).

Por outro lado, os governos federal, estadual e municipal têm como meta a promoção do aumento de investimento social, destacando-se a saúde, educação e políticas públicas de proteção social, as quais envolvem a Assistência Social e a Previdência Social, todos visando à diminuição da desigualdade e da pobreza no país.

Sobre o papel do Estado, Nascimento (2006) descreve que os governos têm como objetivos satisfazer as necessidades sociais, promover um eficiente uso dos recursos e melhorar a distribuição de renda.

Para Gremaud, Vasconcellos e Toneto (2008) a ideia de desenvolvimento econômico está associada às condições de vida da população ou à qualidade de vida dos residentes no país. A distribuição de renda leva em consideração a forma pela qual os frutos do crescimento são partilhados pela população.

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políticas públicas, gestão e controle social afetam a vida de todos os cidadãos (IPEA, 2011).

Os gastos sociais são aqueles relacionados às fontes de receita que financiam as políticas públicas nos diversos âmbitos da sociedade e cujo objetivo é a diminuição das desigualdades sociais (GROSELLI, PEREIRA, RACTZ, 2008).

Dentre as despesas públicas selecionadas para este estudo, tomou-se como objeto de investigação o gasto social federal nos estados brasileiros aplicado em Assistência Social, Previdência Social, Saúde, Trabalho, Educação e Saneamento.

As despesas orçamentárias foram tratadas de acordo com as funções e subfunções do governo, em relação a programas a serem desenvolvidos de acordo com a portaria 42/99 do Ministério do Orçamento e Gestão.

Para Resende (2001) a divisão de função em subfunções dá-se pela implantação da técnica do orçamento-programa com o objetivo de aumentar a eficiência e eficácia na programação dos gastos. Sousa (2007) relata que essa classificação permite mostrar as realizações do governo para o desenvolvimento social e econômico e Castro (2008) complementa que isso permite agrupar as despesas de acordo com o critério de objetivo ou a finalidade dos gastos.

Se esses gastos sociais são eficazes na diminuição da pobreza, ou se apenas provocam impactos pontuais e inexpressivos na redução das desigualdades, é motivo de questionamento neste trabalho, que teve como objetivo principal avaliar os efeitos dos gastos sociais com Assistência Social, Previdência Social, Saúde, Trabalho, Educação e Saneamento na redução dos indicadores de pobreza e desigualdade nos estados brasileiros no período 2005-2009.

Os objetivos específicos almejados foram:

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2. Averiguar, por meio de modelos econométricos, a relação entre os gastos sociais e a redução dos indicadores de pobreza;

3. Propor políticas públicas que promovam a redução da pobreza e desigualdade social no país.

Para a pesquisa foram utilizados dados amplamente disponíveis nas bases do IPEADATA (Indicadores Sociais) e do IBGE (PNAD). Foram utilizados neste trabalho modelos econométricos estruturais, em que as variáveis dependentes foram os indicadores de pobreza e desigualdade e as variáveis independentes foram os principais gastos sociais, por função.

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2 ASPECTOS TEÓRICOS

2.1 Crescimento Econômico e Desigualdade de Renda

O Estado é uma instituição que organiza a ação coletiva dos cidadãos de cada Estado-nação por meio da Constituição nacional e das instituições legais ou jurídicas que cria ou legitima. É assim que o Estado moderno desempenha o papel econômico fundamental de institucionalizar os mercados e promover o desenvolvimento econômico dos países e a segurança econômica de cada cidadão (GREMAUD, VASCONCELLOS E TONETO, 2008).

Arvate e Biderman (2004) esclarecem que um bom Estado é aquele que promove o desenvolvimento a partir de boas instituições e políticas econômicas. Essas instituições devem assegurar que os objetivos políticos propostos sejam alcançados.

O Estado utiliza as suas receitas e despesas como instrumentos na dinâmica econômica. Para Musgrave e Musgrave (1980) a ação do governo na economia através da política fiscal é composta por três funções: alocativa, estabilizadora e distributiva.

A primeira função ocorre quando há alocação de recursos pelo Estado na ausência de eficiência da iniciativa privada ou quando da necessidade da presença do Estado. O governo utiliza os recursos no setor público e privado, oferecendo bens públicos, semipúblicos ou meritórios aos cidadãos (NASCIMENTO, 2006). Dessa forma, o sistema de mercado é substituído pelo processo político.

Nascimento (2006) esclarece que a função estabilizadora ocorre quando há a aplicação de políticas econômicas pelo governo para promoção de emprego, controle de preços e taxa adequada para o crescimento econômico, casos em que o mercado não garantiria esses objetivos. As políticas fiscais e monetárias são usadas para evitar flutuações bruscas na economia, evitando o desemprego e elevada inflação.

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governo usa a tributação dos agentes econômicos e cidadãos para adquirir receitas para financiamento dessas funções (MONTEIRO et al, 2008).

Os autores citados acima referem que na função alocativa ocorre a produção de bens e serviços, enquanto a transferência de renda contempla a função distributiva, na busca da distribuição de renda e combate à desigualdade social (MONTEIRO et al, 2008).

Estudos desenvolvidos por Barros e outros pesquisadores destacam que o grau de desigualdade no Brasil é elevado e constitui o maior determinante da pobreza (BARROS e CAMARGO, 1994; BARROS e MENDONÇA, 1995; BARROS, MENDONÇA e DUARTE, 1997; BARROS, HENRIQUE e MENDONÇA, 2001).

Dessa forma, Barros relata a estabilidade nos indicadores de concentração de renda nos anos 90 e aponta como estratégia de minimização da pobreza a redistribuição de renda.

Quadros e Antunes (2001) divergem da posição de Barros, expondo que a configuração sobre a estabilidade nos anos 90 não foi confirmada devido às mudanças dentro da estrutura social, o que aprofundou a desigualdade. Os autores destacam que apenas a elite sócio-ocupacional aumentou a renda nos anos 90. A renda se concentrava na camada mais alta, enquanto que as camadas mais baixas eram penalizadas e afetadas pelo desemprego.

Na década de 90, segundo Dedecca (2002), a relação entre política social e econômica é modificada, havendo uma autonomia da política econômica enquanto que a política social deveria ser conduzida nos limites permitidos por aquela.

Assim, nos anos 90, as políticas econômicas perdem o caráter intervencionista, porém garantem as formas de apropriação e valorização da riqueza. Houve contração de gastos públicos, restrição da política monetária e valorização da política de câmbio (DEDECCA, 2002).

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O índice de Gini acumulou uma queda de 6,5% entre 1995 e 2004, passando de 0,585 para 0,547 (POCHMANN, 2007). O BPC (Benefício de Prestação Continuada) e o Programa Bolsa Família foram os responsáveis por 28% da queda do Índice de Gini entre 1995 e 2004 (SOARES et al, 2006).

De acordo com a definição dada por Arvate e Biderman (2004, p. 355),

O Índice de Gini é uma medida do grau de concentração de renda em uma determinada sociedade. Ele é calculado a partir da chamada Curva de Lorenz. Essa curva mostra como a proporção acumulada da renda varia em função da proporção acumulada da população, tendo-se previamente ordenado as pessoas da mais pobre até a mais rica. O índice de Gini varia de 0 (nenhuma concentração) a 1 (concentração total).

Zauli (2005), em seu estudo sobre Gastos sociais, pobreza e desigualdade de renda no Brasil, sugere que são necessárias políticas voltadas para maior progressividade de gastos públicos e arrecadação tributária e de estímulo ao crescimento. O autor relata que os efeitos do crescimento econômico só têm influência sobre a pobreza e desigualdade quando há distribuição de renda entre os vários seguimentos da sociedade.

Gremaud, Vasconcellos e Toneto (2008) agregam ao Desenvolvimento Econômico os conceitos de equidade, de sustentabilidade e de participação. A equidade é entendida como um componente essencial ao desenvolvimento humano, em que as pessoas possam ter participação e se beneficiar dos frutos e oportunidades criadas pelo processo de crescimento econômico. O desenvolvimento sustentado é aquele onde as necessidades do presente são atendidas sem, contudo, comprometer o atendimento das necessidades de futuras gerações. Desenvolvimento participativo é aquele onde as decisões são tomadas por toda a comunidade.

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Para os autores, as principais justificativas para a intervenção do governo na economia são a promoção de eficiência na alocação de recursos e uma maior equidade na distribuição de renda e riqueza.

2.2 Despesas Públicas

Para Nascimento (2006), as despesas públicas são os gastos dos recursos públicos previstos nos orçamentos, com a devida autorização legislativa.

Jund (2008) complementa o conceito de despesa pública caracterizando-a como o conjunto de gcaracterizando-astos do Estcaracterizando-ado ou de outrcaracterizando-a pessocaracterizando-a de direito público, caracterizando-a fim de saldar gastos fixados na lei do orçamento ou em lei especial para o cumprimento das várias atribuições e funções governamentais.

O aumento das despesas públicas dá-se por diversos fatores, destacando-se: aumento e envelhecimento da população, aumento das necessidades de bem-estar, urbanização, dentre outros (GIAMBIAGI e ALÉM, 2000; RESENDE, 2001). Contudo, o crescimento das despesas públicas também pode se dar através do aumento da obtenção de recursos.

As despesas orçamentárias são destacadas de acordo com as funções do governo, as quais se caracterizam como o maior nível de agregação das diversas áreas do setor público (RESENDE, 2001).

Segundo Castro (2008), a classificação das despesas por funções orienta o agrupamento das despesas de caráter social segundo o critério de objetivo ou finalidade dos gastos.

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Nas subfunções, que são partições de cada função, agrega-se determinado subconjunto de despesas do setor público (RESENDE, 2001), conforme considerado abaixo:

QUADRO 1 – Funções e subfunções das despesas sociais

Funções Subfunções

1. Assistência Social 1.1. Assistência ao Idoso

1.2. Assistência ao Portador de Deficiência 1.3. Assistência à Criança e ao Adolescente 1.4. Assistência Comunitária

2. Previdência Social 2.1. Previdência Básica

2.2. Previdência Regime Estatutário 2.3. Previdência Complementar 2.4. Previdência Especial

3. Saúde 3.1. Atenção Básica

3.2. Assistência Hospitalar e Ambulatorial 3.3. Suporte Profilático e Terapêutico 3.4. Vigilância Sanitária

3.5. Vigilância Epidemiológica 3.6. Alimentação e Nutrição

4. Trabalho 4.1. Proteção e Benefícios ao Trabalhador

4.2. Relações de Trabalho 4.3. Empregabilidade 4.4. Fomento ao Trabalho

5. Educação 5.1. Ensino Fundamental

5.2. Ensino Médio 5.3. Ensino Profissional 5.4. Ensino Superior 5.5. Educação Infantil

5.6. Ensino de Jovens e Adultos 5.7. Ensino Especial

6. Saneamento 6.1. Saneamento Básico Urbano

6.2. Saneamento Básico Rural Fonte: Adaptado de Monteiro et al (2008)

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No que se refere ao gasto social, considera-se o gasto público do tributo arrecadado, na área social, com a finalidade de reduzir as desigualdades sociais.

Camargo (2003), em sua discussão sobre focalização versus universalização dos gastos sociais, descreve como possíveis respostas ao uso de recursos pelo Estado para desenvolver programas públicos em diversas áreas sociais a redução das desigualdades na distribuição da renda e da pobreza, decorrentes do funcionamento de uma economia de mercado. Nesse primeiro caso, a atenção seria voltada aos grupos relativamente mais pobres da população.

Outra opção seria a finalidade de programas sociais para criação de uma rede de proteção social para todos os cidadãos do país.

Por último, Camargo (2003) expõe a possibilidade dos programas terem como objetivo a manutenção do padrão de vida de todos os cidadãos. Esse autor defende que para a redução da desigualdade e da pobreza sejam utilizados critérios de focalização no desenho dos programas sociais, propondo a adoção do critério geográfico. Barros e Carvalho (2003) corroboram com essa ideia, afirmando que a baixa efetividade da política social no Brasil deve-se ao baixo grau de focalização e de eficácia.

Gomes et al (2006), discutindo as falhas na abordagem de focalização dos gastos defendida por Barros, aponta sobre a tarefa complexa da redução da pobreza. Enfatiza sobre a análise da estrutura de financiamento dos gastos sociais, considerando o ambiente econômico e político nos planos internacional e nacional.

Os gastos públicos são configurados por dispositivos legais, os quais determinam sua destinação, de forma que o poder público seja gestor do dinheiro arrecadado e informe ao povo a forma como foi empregado (GROSELLI, 2008).

A Constituição Federal de 1988 (CF/88) ampliou os gastos públicos com funções sociais, promovendo assim ampla descentralização das receitas públicas.

A seguridade social é abordada no Título VIII, Capítulo II da CF/88 enquanto ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos à Saúde, Previdência e Assistência Social.

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objetivos: a proteção à família, à maternidade, infância, adolescência e à velhice; a amparar crianças e adolescentes carentes; a promover a integração ao mercado de trabalho; a habilitar e reabilitar pessoas com deficiência e a garantir um salário mínimo mensalmente ao deficiente e ao idoso que não tenham sua provisão garantida.

A CF/88 ressalta a relevância pública das ações e serviços de saúde, dando-lhes o status de direito do povo e dever do Estado, visando à redução de risco de doença e agravos e assegurando acesso universal e igualitário.

Da mesma forma, a educação encontra-se entre os Direitos Sociais no Capítulo III, Seção I, Título VIII, destacando sua finalidade em almejar o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho.

Conclui-se, portanto, que a CF/88 possui normas a serem cumpridas para eliminar a desigualdade e que o gestor público deve aplicá-las para obter êxito em seus objetivos.

2.3 Políticas Públicas Sociais

O Brasil passou ao longo do século XX por uma melhoria dos indicadores de bem-estar social, em que a partir da década de 30 o Estado trata a questão social como prioridade pública, atuando como regulador através de dispositivos públicos de proteção social (ZAULI, 2005).

Políticas sociais são consideradas as intervenções públicas nas áreas de educação, saúde, seguridade e assistência social, emprego, saneamento e habitação (ARVATE & BIDERMAN, 2004).

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No final da década de 70 houve problemas organizacionais e de financiamento. As mudanças estruturais iniciaram na década de 80 e se consagraram em meados dessa década através da Constituição de 1988 (GOMES et al, 2006).

O Brasil inicia suas reformas no final dos anos 80, quando já durava quase 20 anos a crise que abalara os welfare states. Contudo, as políticas sociais se depararam com condicionantes econômicos e políticos. Com a hegemonia do projeto neoliberal há uma inflexão sobre os princípios defendidos na CF e desde a década de 90 estão sendo debatidas as políticas sociais existentes com o propósito de dotar o sistema de proteção social brasileiro de maior eficiência e efetividade (GOMES et al, 2006).

Dados do Ministério da Fazenda mostram que os gastos sociais do setor público correspondem a cerca de um quarto do PIB e que o orçamento social do Governo Federal alcançou em 2004 cerca de 16% do PIB, chamando a atenção sobre a constância dos níveis de desigualdade social (ZAULI, 2005).

Comparando o Brasil com países da OCDE com maior nível de renda, o seu gasto social estava na média, porém o impacto distributivo do orçamento social é muito inferior. Tal feito se deve ao caráter regressivo do gasto social no Brasil, em virtude do perfil de apropriação das transferências monetárias e não-monetárias do setor público por parte de diferentes estratos de renda (ZAULI, 2005).

Em dados demonstrados por Mendonça (Apud ZAULI, 2005) observou-se que o nível de renda per capita brasileiro é superado por menos de 20% de todos os países do mundo, porém o nível de desigualdade e índice de pobreza são superiores ao dos países cuja renda é menor que a do Brasil. Para o autor, tal fato não se deve à falta de recursos, mas ao padrão de distribuição dos recursos disponíveis.

Hoffman (2005) relata que o item rendimentos totais na PNAD sofreu crescimento, refletindo a ampliação dos programas oficiais de transferência de renda, destacando-se o Programa Bolsa Família a partir de 2003, o qual contribuiu para a redução da pobreza.

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relativa no orçamento social, apesar de terem considerável impacto no combate à desigualdade e pobreza (DRUCK e FILGUEIRAS, 2007; POCHMANN, 2007; LAVINAS, 2006). Pochmann conclui que apesar da elevada carga tributária, houve diminuição e alteração na composição dos gastos públicos.

Nos anos de 2002 a 2006, observando-se o comportamento dos gastos sociais, percebeu-se uma queda de investimentos dos serviços básicos e universais, reforçando os estudos de Druck e Filgueiras (2007), Pochmann (2007) e Lavinas (2006). Porém, a partir de 2005, os investimentos aumentaram com taxa de crescimento de 103,64%, e em 2006 de 21,12%.

Segundo Lavinas (2006) o aumento de despesas com serviços públicos de caráter universal garante igualdade de acesso e oportunidade aos cidadãos.

O Programa Bolsa Família (PBF), enquanto política de cunho social, foi instituído em 2003 e unificou os programas Bolsa Escola, Bolsa alimentação, Auxílio Gás e Cartão Alimentação. O PBF busca promover o aumento da renda da população pobre com o consequente aumento do consumo familiar (MONTEIRO, 2008).

Nascimento (2006) relata que a unificação de programas de transferência de renda visa integrar esforços e nacionalizar custos operacionais, dirigindo o foco da política governamental para a família com um todo. Ainda tem como objetivo promover o acesso aos serviços de educação e saúde.

Os objetivos do PBF são amplos e os efeitos são diversos, pois ativa as economias ao colocar recursos nos mercados através das famílias e essas participam dos serviços de educação e saúde, dentre outros (MONTEIRO et al, 2008).

No trabalho realizado por Monteiro et al (2008), verificou-se que os investimentos no Programa de Transferência de Renda Bolsa Família têm aumentado desde o seu início, com crescimento médio de 12,46% entre 2004-2007, crescendo duas vezes o nível da economia brasileira.

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às famílias que se encontram em maior vulnerabilidade social. A taxa média de crescimento foi de 10,26%, crescimento constante em decorrência de elevados investimentos desde a criação do PBF.

A respeito da crise de 2008/2009, enquanto mecanismo para sua contenção houve intensificação de políticas sociais, exigindo aumento de recursos para a área social e maior parcela do PIB destinados a essa área, bem como ampliação do PBF com ajustes para conceder os benefícios, bem como aumento do público-alvo e a distribuição territorial, beneficiando com o PBF de 11,1 milhões para 12,4 milhões de famílias em 2009, com reajustes para repor as perdas inflacionárias acumuladas (IPEA, 2011).

No estudo de Gomes, Pinto e Campos (2006) sobre a discussão da focalização das políticas públicas sociais, as autoras defendem que o combate da desigualdade social e pobreza não se dá exclusivamente pela política social. Para elas, o baixo crescimento econômico, o desemprego e restrições fiscais fortes são grandemente responsáveis pela situação social atual.

As autoras alertam para a relação entre o setor público e o privado na provisão de serviços públicos quanto aos riscos de clientelismo e corporativismo, necessitando assim de vigilância no setor administrativo e organizacional.

Gomes, Pinto e Campos (2006) acreditam que a efetividade na política social adentra na área estrutural, sendo que a política social a ser adotada deve se adaptar à realidade da política econômica e às suas restrições.

A respeito da trajetória do Gasto Social Federal (GSF), o IPEA (2011) apresentou o Comunicado no. 98 a respeito dos anos de 1995 a 2009, o qual se propôs a identificar o volume de recursos aplicados pelo Governo Federal nas políticas sociais.

No período de 1995 a 2009 observou-se crescimento permanente dos gastos, partindo de R$ 219,7 bilhões para R$ 541,3 bilhões, perfazendo um crescimento real de 146% em 15 anos (IPEA, 2011).

(26)

Na análise do período de 1995 a 2009, constatou-se que todas as áreas tiveram seus recursos crescendo acima da inflação, com diferenças na estabilidade e no nível de aceleração. A área da Previdência Social responde por cerca de metade do GSF, enquanto que a área de Assistência Social absorve 1/15 do GSF. A área de Saúde, que detinha 15,9% do GSF em 1995, sofreu redução para 11,5% em 2005 e chegou a 11,7% do GSF em 2009. Na Educação observou-se uma parcela de 5,6% do GSF em 2005 e 6,6% em 2009 (IPEA, 2011).

(27)

3 METODOLOGIA

Para mensurar os efeitos de algumas despesas públicas e gastos sociais sobre a pobreza e a desigualdade de renda nos estados brasileiros, inicialmente foram delimitados como corte analítico os anos de 2005 e 2009. A escolha desse período e tema foi em razão de serem os dados mais recentes disponíveis e ao questionamento se esses gastos sociais são eficazes na diminuição da pobreza e desigualdade de renda ou se apenas provocam impactos pontuais e inexpressivos, comparando e analisando esses dados. Porém os resultados do ano de 2005 não se mostraram significantes, e por essa razão serão apresentados na análise apenas os resultados do ano de 2009.

3.1 Base de Dados

O estudo foi baseado em dados secundários de organismos oficiais e de agências de pesquisas, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA). (Apêndices A e B)

Foi analisado um conjunto de indicadores brasileiros que foram agrupados nos seguintes temas: Indicadores de Pobreza e Desigualdade, Despesas Públicas e Gastos Públicos.

Para uma melhor compreensão da especificação do modelo, foi elaborado o Quadro 2 a seguir, com a sigla para cada uma das variáveis utilizadas na modelagem e a sua respectiva descrição.

QUADRO 2 – Definição das siglas referentes às variáveis do modelo Indicadores de Pobreza e Desigualdade

Variável Descrição

IG Renda - desigualdade - coeficiente de Gini

RDEZ Renda - razão entre a dos 10% mais ricos e a dos 40% mais pobres RVINT Renda - razão entre a dos 20% mais ricos e a dos 20% mais pobres TEPOB Pobreza - taxa de extrema pobreza - (%)

(28)

Despesas Públicas (D)

Variável Descrição

DFPE Cota-parte do fundo de participação - estadual - R$ DCOR Despesa - transferências correntes - estadual - R$ DINV Despesa de capital - investimento - estadual - R$

DEDUC Despesas por função - educação e cultura - estadual - R$ DTRAB Despesas por função - trabalho - estadual - R$

DSAU Despesas por função - saúde e saneamento - estadual - R$ DPREV Despesas por função - assistência e previdência - estadual - R$

Gastos Públicos (G)

Variável Descrição

GPBF Programa Bolsa Família (PBF) - valor total dos benefícios em dezembro - R$

GDBPC Benefício de Prestação Continuada (BPC) para deficientes - valor total dos benefícios em dezembro - R$

GIBPC Benefício de Prestação Continuada (BPC) para idosos - valor total dos benefícios em dezembro - R$

GDRMV Renda Mensal Vitalícia (RMV) para deficientes - valor total dos benefícios em dezembro - R$

GIRMV Renda Mensal Vitalícia (RMV) para idosos - valor total dos benefícios em dezembro - R$

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.

As variáveis dependentes do modelo são os indicadores de pobreza e de desigualdade selecionados, por serem medidores do grau de desigualdade e concentração de renda entre os diferentes estratos sociais. As variáveis explicativas são algumas despesas públicas e os principais gastos sociais, por função (Quadro 2).

3.2 Modelos e Procedimentos Utilizados nas Regressões

(29)

A eliminação das variáveis não significativas tornou necessário proceder a outro conjunto de regressões, com novas especificações de modelagem, adotando-se outra padronização para as variáveis explicativas, para que adquirisadotando-sem um maior peso e melhor representatividade no modelo.

A fim de obter uma melhor estimação na análise da pobreza e desigualdade, procurou-se obter: a despesa e o gasto públicos per capita; a despesa e o gasto públicos em percentuais do PIB estadual; e a variação dos indicadores de pobreza em relação às despesas e gastos per capita, conforme descrição a seguir:

a) Para a obtenção da despesa e do gasto per capita de cada estado no período pesquisado, dividiram-se os valores das variáveis explicativas do agrupamento Despesas Públicas e Gastos Públicos pela população de cada estado, tomando por base o Censo 2000, para o ano de 2005, e a Contagem da População do ano de 2007, para o ano de 2009. Para uma melhor compreensão, foi elaborado o Quadro 3 a seguir, com as siglas e descrições dessas variáveis.

QUADRO 3 – Definição das siglas referentes às variáveis per capita

Despesas Públicas per capita (DP)

Variável Descrição

DPFPE Cota-parte do fundo de participação per capita - estadual - R$ DPCOR Despesa - transferências correntes per capita - estadual - R$ DPINV Despesa de capital - investimento per capita - estadual - R$

DPEDUC Despesas por função - educação e cultura per capita - estadual - R$ DPTRAB Despesas por função - trabalho per capita - estadual - R$

DPSAU Despesas por função - saúde e saneamento per capita - estadual - R$ DPPREV Despesas por função - assistência e previdência per capita - estadual -

R$

Gastos Públicos per capita (GP)

Variável Descrição

GPPBF Programa Bolsa Família (PBF) - valor total dos benefícios per capita

em dezembro - R$

GPDBPC Benefício de Prestação Continuada (BPC) para deficientes per capita - valor total dos benefícios em dezembro - R$

GPIBPC Benefício de Prestação Continuada (BPC) para idosos per capita - valor total dos benefícios em dezembro - R$

GPDRMV Renda Mensal Vitalícia (RMV) para deficientes per capita - valor total dos benefícios em dezembro - R$

GPIRMV Renda Mensal Vitalícia (RMV) para idosos per capita - valor total dos benefícios em dezembro - R$

(30)

b) Para a obtenção da despesa e do gasto em percentuais do PIB estadual de cada estado no período pesquisado, dividiram-se os valores das variáveis explicativas do agrupamento Despesas Públicas e Gastos Públicos pelo PIB em reais de cada estado, disponível para o período. Para uma melhor compreensão, foi elaborado o Quadro 4 a seguir, com as siglas e descrições dessas variáveis.

QUADRO 4 – Definição das siglas referentes às variáveis em percentuais do PIB estadual

Despesas Públicas em Percentuais do PIB Estadual (DPIB)

Variável Descrição

DPIBPFPE Cota-parte do fundo de participação em percentuais do PIB - estadual - %

DPIBCOR Despesa - transferências correntes em percentuais do PIB - estadual - %

DPIBINV Despesa de capital - investimento em percentuais do PIB - estadual - %

DPIBEDUC Despesas por função - educação e cultura em percentuais do PIB - estadual - %

DPIBTRAB Despesas por função - trabalho em percentuais do PIB - estadual - % DPIBSAU Despesas por função - saúde e saneamento em percentuais do PIB -

estadual - %

DPIBPREV Despesas por função - assistência e previdência em percentuais do PIB - estadual - %

Gastos Públicos em Percentuais do PIB Estadual (GPIB)

Variável Descrição

GPIBPBF Programa Bolsa Família (PBF) - valor total dos benefícios em percentuais do PIB em dezembro - estadual - %

GPIBDBPC Benefício de Prestação Continuada (BPC) para deficientes em percentuais do PIB - valor total dos benefícios em dezembro - estadual - %

GPIBIBPC Benefício de Prestação Continuada (BPC) para idosos em percentuais do PIB - valor total dos benefícios em dezembro - estadual - %

GPIBDRMV Renda Mensal Vitalícia (RMV) para deficientes em percentuais do PIB - valor total dos benefícios em dezembro - estadual - %

GPIBIRMV Renda Mensal Vitalícia (RMV) para idosos em percentuais do PIB - valor total dos benefícios em dezembro - estadual - %

(31)

c) Em relação à análise da variação do indicador de pobreza, procurou-se descobrir o quanto a variação desse indicador no período pesquisado é explicada pela variação nas variáveis de despesas e gastos públicos per capita. Para a obtenção desses resultados, subtraiu-se do ano de 2009 o valor do ano de 2005 da variável do indicador de pobreza (TPOB), o mesmo sendo feito para todas as variáveis selecionadas do agrupamento Despesas Públicas e Gastos Públicos

per capita. Para uma melhor compreensão, foi elaborado o Quadro 5 a seguir, com as siglas e descrições dessas variáveis.

QUADRO 5 – Definição das siglas referentes à variação do indicador de pobreza dos anos 2005 – 2009 em relação às despesas e gastos per capita.

Variação dos Indicadores de Pobreza ( )

Variável Descrição

TPOB Pobreza - variação da taxa de pobreza - (%)

Variação das Despesas Públicas per capita ( DP)

Variável Descrição

DPINV Despesa de capital - variação do investimento per capita - estadual - R$

DPTRAB Despesas por função - variação do trabalho per capita - estadual - R$ DPPREV Despesas por função - variação da assistência e previdência per

capita - estadual - R$

Variação dos Gastos Públicos per capita ( GP)

Variável Descrição

GPDRMV Renda Mensal Vitalícia (RMV) para deficientes per capita - variação do valor total dos benefícios em dezembro - R$

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.

Após a análise exploratória das variáveis, foram então formulados três modelos a serem estimados, o primeiro, um modelo básico de regressão linear múltipla, formulado com as variáveis dependentes IG, RDEZ e RVINT, indicadores do grau de desigualdade, em relação às variáveis explicativas selecionadas dos agrupamentos Despesas Públicas e Gastos Públicos em valores per capita

estaduais em reais, de acordo com a seguinte especificação:

Yi = 0 + 1Xi1 + 2Xi2 + 3Xi3 + ... + kXik + i, i = 1, ..., n (1)

(32)

estadual e em valores per capita estaduais em reais, aplicando-se o logaritmo natural tanto à variável dependente quanto às variáveis explicativas. O uso das variáveis logaritmizadas foi adotado por apresentar duas vantagens: reduz a sua heteroscedasticidade, e seus coeficientes estimados na regressão representam as elasticidades de cada variável explicativa em relação à variável dependente. Assim, nesse modelo todas as variáveis foram usadas com logaritmo, de acordo com a seguinte especificação:

log(Yi) = 0 + 1logXi1 + 2logXi2 + 3logXi3 + ... + klogXik + i, i = 1, ..., n (2)

O terceiro modelo foi formulado com a variação da variável dependente TPOB, indicador de pobreza, em relação à variação das variáveis explicativas selecionadas dos agrupamentos Despesas Públicas e Gastos Públicos em valores

per capita estaduais em reais, de acordo com a seguinte especificação:

Yi = 0 + 1 Xi1 + 2 Xi2 + ... + k Xik + i, i = 1, ..., n (3)

Onde:

Y é o valor da variável dependente, representa a variação da variável,

0 é o termo constante,

k é o coeficiente associado à variável explicativa Xk, sendo a elasticidade

no segundo modelo. k = 1, 2, 3, ..., 12,

logXk é o valor da k-ésima variável explicativa no modelo, com k variando

de 1 a 12,

i denota as n observações da amostra, é o resíduo ou distúrbio aleatório.

(33)

4

RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISE DE DADOS

Com o propósito de explorar e escolher os melhores resultados para serem analisados, foram realizadas diversas estimações com a seleção de variáveis explicativas dos agrupamentos de Despesas Públicas e Gastos Públicos. Essas estimações podem ser consultadas no Anexo A: Análise Exploratória.

Os resultados das estimativas realizadas nos Modelos 01 e 02 são apresentados a seguir, de acordo com os agrupamentos formados e seguindo a proposta do estudo. Dessa forma, buscou-se analisar indicadores que representassem questões ligadas à desigualdade de renda e à pobreza e que possuem informações para o período pesquisado.

A subseção 4.1 apresenta a análise dos resultados do Modelo 01 para a Desigualdade de Renda, que estão expressos nas Tabelas 01 a 03. A subseção 4.2 apresenta a análise dos resultados do Modelo 02 para a Pobreza, que estão expressos nas Tabelas 04 a 07. O Modelo 03 apresentou problemas no resultado de sua estimação, e por essa razão sua análise não será apresentada.

4.1 Desigualdade de Renda

4.1.1 Análise dos Resultados do Modelo 01 em Valores per Capita Estaduais para o Índice de Gini (IG)

A Tabela 1 apresenta os resultados do Modelo 01 que estima a variação do grau de desigualdade na distribuição domiciliar per capita entre os indivíduos, medida pelo Índice de Gini no ano de 2009, em função do seguinte conjunto de variáveis explicativas: do agrupamento do gasto público estadual per capita em reais, o Benefício de Prestação Continuada para Deficientes (GPDBPC), e o Programa Bolsa Família (GPPBF); do agrupamento da despesa pública estadual per

capita em reais, a Previdência e Assistência Social (DPPREV), a Educação e

(34)

Considerados ao nível de significância de 5%, todos os coeficientes das variáveis explicativas foram estatisticamente significantes para explicar o modelo.

Tabela 1 – Resultados do Modelo 01 em Valores per Capita Estaduais para o Índice de Gini (IG)

Variável Explicativa Índice de Gini (IG)

GPDBPC 0,011783* (2,429334)

GPPBF 0,009227* (4,467598)

DPPREV 0,000141* (3,279612)

DPEDUC 0,000124* (4,126901)

DPFPE -0,0000379* (-3,398725)

R2 = 0,737048 R2 Ajustado = 0,674441

F = 11,77250 Prob (Estatística-F) = 0,000016 Fonte: Dados da pesquisa.

Notas: Os resultados entre parêntesis se referem às Estatísticas “t”;

* Estatisticamente diferente de zero para o nível de significância de 0,05.

(35)

desigualdade de renda, medida através do Índice de Gini (IG), é explicada pelo conjunto de variáveis independentes no modelo.

Segundo o modelo estimado, para cada R$ 1,00 per capita a mais de despesa com o Benefício de Prestação Continuada para Deficientes (GPDBPC) há uma elevação no Índice de Gini do Estado em 0,012. Para o Ceará, que em 2009 possuía um Índice de Gini de 0,544, o aumento de R$ 1,00 per capita no referido benefício provocaria um aumento de 2,17% no indicador da desigualdade. Como a população do estado em 2009 era de 8.185.286 pessoas, o aumento de R$ 8.185.286 no total deste benefício pagos aos cearenses aumentaria o indicador da desigualdade em 2,17%.

O incremento de R$ 1,00 no gasto per capita do Programa Bolsa Família (GPPBF) eleva o Índice de Gini do Estado em 0,009. Para o Estado do Tocantins, por exemplo, isso significa um aumento de 1,76% na desigualdade medida pelo Índice de Gini.

O Índice de Gini sofre uma elevação de 0,00014 a cada R$ 1,00 a mais na despesa per capita com Assistência e Previdência, segundo esse modelo. Isso representa para o Estado do Acre um aumento de 0,02% no indicador da desigualdade de renda.

O modelo estimado indica também que o Estado de São Paulo, cuja população em 2009 era de 39.827.570 habitantes, teria o indicador da desigualdade elevado em 0,025% a cada R$ 1,00 a mais na despesa per capita com Educação e Cultura (DPEDUC), equivalente a um aumento de 0,0001 no Índice de Gini do Estado.

(36)

4.1.2 Análise dos Resultados do Modelo 01 em Valores per Capita Estaduais para a Renda (RDEZ)

Os dados descritos na Tabela 2 apresentam os resultados do Modelo 01, referentes à variável dependente RDEZ, que é a razão entre a renda dos 10% mais ricos e a renda dos 40% mais pobres, sendo uma medida do grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita no ano de 2009, em função do seguinte conjunto de variáveis explicativas: do agrupamento do gasto público per capita estadual em reais, o Programa Bolsa Família (GPPBF) e o Benefício de Prestação Continuada para Deficientes (GPDBPC); do agrupamento da despesa pública per capita estadual em reais, a Previdência e Assistência Social (DPPREV), a Educação e Cultura (DPEDUC), o Trabalho (DPTRAB), as Transferências Correntes (DPCOR), e a Cota-parte do Fundo de Participação Estadual (DPFPE).

Considerados ao nível de significância de 5%, os coeficientes de quase todas as variáveis explicativas foram estatisticamente significantes para explicar o modelo, exceto os das variáveis Trabalho (DPTRAB) e Transferências Correntes (DPCOR).

Tabela 2 – Resultados do Modelo 01 em Valores per Capita Estaduais para a Renda (RDEZ)

Variável Explicativa Renda (RDEZ)

GPPBF 0,814180* (3,460267)

GPDBPC 1,182810* (2,396960)

DPPREV 0,016441* (3,772031)

DPEDUC 0,015090* (4,659927)

DPTRAB -0,071144NS (-1,811712)

DPCOR -0,005045 NS (-2,021584)

DPFPE -0,003533* (-3,044026)

R2 = 0,800247 R2 Ajustado = 0,726653

F = 10,87390 Prob (Estatística-F) = 0,000018 Fonte: Dados da pesquisa.

Notas: Os resultados entre parêntesis se referem às Estatísticas “t”;

* Estatisticamente diferente de zero para o nível de significância de 0,1;

(37)

De acordo com a Estatística-F o modelo apresenta significância global, rejeitando a hipótese nula de que todos os coeficientes são iguais a zero, apresentando-se válido conforme os testes de especificação ao nível de 5% de significância, sendo realizado o teste de White para verificar a ausência de homocedasticidade, cujo valor de probabilidade da estimação (0,324419) foi maior do que o nível de significância adotado, com evidência de que o modelo estimado não apresenta heterocedasticidade; para verificar a independência dos resíduos ou ausência de autocorrelação, foi realizado o teste de Breusch Godfrey (BG). Para esse teste o valor de probabilidade da estimação (0,056207) foi maior do que o nível de significância adotado, concluindo-se que o modelo estimado não apresenta autocorrelação; e o teste Jarque-Bera, cujo valor de probabilidade (0,729407) não rejeita a hipótese nula de que os resíduos obedecem a uma distribuição normal. O seu R-quadrado (R²) indica que 80% da variação da desigualdade de renda, medida através do indicador Renda (RDEZ), é explicada pelo conjunto das variáveis independentes no modelo.

O modelo estimado demonstra que a cada aumento de R$ 1,00 per capita

no gasto do Programa Bolsa Família (GPPBF) há uma elevação de 0,814 na desigualdade do Estado medida pela razão entre a renda dos 10% mais ricos e a renda dos 40% mais pobres (RDEZ). Para o Estado de Sergipe, que em 2009 apresentava um grau de concentração de renda, segundo esse indicador, de 20,17, isso representa um aumento de 4,04% no indicador da desigualdade. Sua população nesse ano era de 1.939.426 habitantes, o que significa que um aumento de R$ 1.939.426 no total desse programa pagos aos sergipanos aumentaria o índice da desigualdade em 4,04% no Estado.

O Benefício de Prestação Continuada para Deficientes (GPDBPC) em valores per capita produz um acréscimo de 1,183 no indicador da desigualdade de renda do Estado a cada novo aporte de R$ 1,00. No Estado de Goiás isso equivale a um aumento de 8,8% no índice da desigualdade do Estado.

(38)

A cada incremento de R$ 1,00 per capita nas despesas com Educação e Cultura (DPEDUC) nos estados, ocorre uma elevação de 0,015 no indicador da desigualdade de renda. Para o Estado de Minas Gerais isso representa aumentar o índice da desigualdade em 0,11%. E embora isso pareça não fazer sentido está de acordo com os estudos consultados, os quais indicam que os gastos com educação são mal focalizados, com maiores benefícios para as classes mais elevadas.

A única variável do modelo cujo coeficiente gera efeitos positivos na redução do indicador da desigualdade de renda é a Cota-parte do Fundo de Participação Estadual (DPFPE), que a cada R$ 1,00 per capita a mais transferido para os Estados reduz 0,0035 na medida da desigualdade. Tomando como exemplo o Estado do Rio Grande do Sul, que em 2009 tinha 10.582.840 habitantes, o aumento de R$ 10.582.840 no total dessa transferência para sua população causaria uma queda de 0,027% no indicador da desigualdade do Estado.

4.1.3 Análise dos Resultados do Modelo 01 em Valores per Capita Estaduais para a Renda (RVINT)

Os dados descritos na Tabela 3 apresentam os resultados do Modelo 01, referentes à variável dependente RVINT, que é a razão entre a renda dos 20% mais ricos e a renda dos 20% mais pobres, sendo uma medida do grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita no ano de 2009, em função do seguinte conjunto de variáveis explicativas: do agrupamento do gasto público per capita estadual em reais, o Programa Bolsa Família (GPPBF) e o Benefício de Prestação Continuada para Deficientes (GPDBPC); do agrupamento da despesa pública per capita estadual em reais, a Previdência e Assistência Social (DPPREV), a Educação e Cultura (DPEDUC), as Transferências Correntes (DPCOR), e a Cota-parte do Fundo de Participação Estadual (DPFPE).

(39)

Tabela 3 – Resultados do Modelo 01 em Valores per Capita Estaduais para a Renda (RVINT)

Variável Explicativa Renda (RVINT)

GPPBF 0,773276* (2,947131)

GPDBPC 1,706693* (3,105176)

DPPREV 0,014316* (2,846050)

DPEDUC 0,015452* (4,318765)

DPCOR -0,004156NS (-1,446383)

DPFPE -0,004536* (-3,404967)

R2 = 0,768241 R2 Ajustado = 0,698714

F = 11,04944 Prob (Estatística-F) = 0,000018 Fonte: Dados da pesquisa.

Notas: Os resultados entre parêntesis se referem às Estatísticas “t”;

* Estatisticamente diferente de zero para o nível de significância de 0,05;

NS Estatisticamente não significativo.

De acordo com a Estatística-F o modelo apresenta significância global, rejeitando a hipótese nula de que todos os coeficientes são iguais a zero, apresentando-se válido conforme os testes de especificação ao nível de 5% de significância, sendo realizado o teste de White para verificar a ausência de homocedasticidade, cujo valor de probabilidade da estimação (0,338549) foi maior do que o nível de significância adotado, com evidência de que o modelo estimado não apresenta heterocedasticidade; para verificar a independência dos resíduos ou ausência de autocorrelação, foi realizado o teste de Breusch Godfrey (BG). Para esse teste o valor de probabilidade da estimação (0,615833) foi maior do que o nível de significância adotado, concluindo-se que o modelo estimado não apresenta autocorrelação; e o teste Jarque-Bera, cujo valor de probabilidade (0,497103) não rejeita a hipótese nula de que os resíduos obedecem a uma distribuição normal. O seu R-quadrado (R²) indica que 76,82% da variação da desigualdade de renda, medida através do indicador Renda (RVINT), é explicada pelo conjunto das variáveis independentes no modelo.

Conforme os resultados do modelo estimado, a cada aumento de R$ 1,00

per capita no gasto do Programa Bolsa Família (GPPBF) há uma elevação de 0,773

(40)

população nesse ano era de 14.080.654 habitantes, o que significa que um aumento de R$ 14.080.654 no total desse programa pagos aos baianos aumentaria o índice da desigualdade em 3,95% no Estado.

O gasto per capita com o Benefício de Prestação Continuada para Deficientes (GPDBPC) produz um acréscimo de 1,706 no indicador da desigualdade de renda do Estado a cada novo aporte de R$ 1,00. No Estado do Espírito Santo isso corresponde a um aumento de 10,2% no índice da desigualdade de renda da população capixaba.

Segundo o modelo estimado, o aumento de R$ 1,00 per capita nas despesas dos estados com Previdência e Assistência Social (DPPREV) agrava o indicador da desigualdade de renda em 0,014. Isso pode ser ilustrado para o Estado do Mato Grosso, que no ano de 2009 abrigava 2.854.642 pessoas em seu território e no qual o índice da desigualdade de renda aumentaria 0,1% se ocorresse um aumento de R$ 2.854.642 nos gastos totais com essa despesa pagos aos mato-grossenses.

Ocorre uma elevação de 0,015 no indicador da desigualdade de renda a cada incremento de R$ 1,00 per capita nas despesas com Educação e Cultura (DPEDUC) nos estados, de acordo com o modelo, o que representa para o Estado do Pará uma elevação de 0,11% no índice da desigualdade dos paraenses.

(41)

4.2 Pobreza

4.2.1 Análise dos Resultados do Modelo 02 em Percentuais do PIB Estadual para a Taxa de Extrema Pobreza (TEPOB)

A Tabela 4 apresenta os resultados do Modelo 02 que mede a elasticidade para a variável dependente TEPOB, que é a Taxa de Extrema Pobreza, ou o percentual de pessoas na população total com renda domiciliar per capita

inferior à linha de miséria no ano de 2009, em função das seguintes variáveis explicativas: do agrupamento do gasto público em percentuais do PIB estadual, o Programa Bolsa Família (GPIBPBF), o Benefício de Prestação Continuada para Deficientes (GPIBDBPC), o Benefício de Prestação Continuada para Idosos (GPIBIBPC), a Renda Mensal Vitalícia para Deficientes (GPIBDRMV), e a Renda Mensal Vitalícia para Idosos (GPIBIRMV); do agrupamento da despesa pública em percentuais do PIB estadual, a Saúde (DPIBSAU), o Trabalho (DPIBTRAB), o Investimento (DPIBINV) e a Cota-parte do Fundo de Participação Estadual (DPIBFPE).

Considerados ao nível de significância de 5%, foram estatisticamente significantes para explicar o modelo somente os coeficientes das variáveis explicativas do Programa Bolsa Família (GPIBPBF) e da Cota-parte do Fundo de Participação Estadual (DPIBFPE).

Tabela 4 – Resultados do Modelo 02 em Percentuais do PIB Estadual para a Taxa de Extrema Pobreza (TEPOB)

Variável Explicativa Taxa de Extrema Pobreza (TEPOB)

GPIBPBF 0,848341* (3,099775)

GPIBDBPC 0,308213 NS (0,645881)

GPIBIBPC -0,168342 NS (-0,694476)

GPIBDRMV -0,127540 NS (-0,949787)

GPIBIRMV -0,095495 NS (-0,603848)

DPIBSAU 0,487855 NS (1,618321)

DPIBTRAB 0,028765 NS (0,584146)

DPIBINV -0,076497 NS (-0,562325)

DPIBFPE -0,268670* (-2,239309)

R2 = 0,911599 R2 Ajustado = 0,864798

F = 19,47834 Prob (Estatística-F) = 0,000000 Fonte: Dados da pesquisa.

Notas: Os resultados entre parêntesis se referem às Estatísticas “t”;

* Estatisticamente diferente de zero para o nível de significância de 0,05;

(42)

De acordo com a Estatística-F o modelo apresenta significância global, rejeitando a hipótese nula de que todos os coeficientes são iguais a zero, apresentando-se válido conforme os testes de especificação ao nível de 5% de significância, sendo realizado o teste de White para verificar a ausência de homocedasticidade, cujo valor de probabilidade da estimação (0,315881) foi maior do que o nível de significância adotado, com evidência de que o modelo estimado não apresenta heterocedasticidade; para verificar a independência dos resíduos ou ausência de autocorrelação, foi realizado o teste de Breusch Godfrey (BG). Para esse teste o valor de probabilidade da estimação (0,747920) foi maior do que o nível de significância adotado, concluindo-se que o modelo estimado não apresenta autocorrelação; e o teste Jarque-Bera, cujo valor de probabilidade (0,395916) não rejeita a hipótese nula de que os resíduos obedecem a uma distribuição normal. O seu R-quadrado (R²) indica que 91,2% da variação do percentual de miseráveis, medido pela Taxa de Extrema Pobreza (TEPOB), é explicada pelo conjunto das variáveis independentes no modelo.

A cada aumento de 1% nos gastos em percentuais do PIB estadual do Programa Bolsa Família (GPIBPBF) haverá uma elevação média de 0,85% na taxa do percentual de pessoas vivendo abaixo da linha de miséria. Isso pode ser um indicativo, de acordo com o referencial teórico, de que há a necessidade de uma maior focalização para gerar melhores resultados na redução da pobreza.

Com significância estatística a 5%, o coeficiente da Cota-parte do Fundo de Participação Estadual em percentuais do PIB estadual provoca nesse modelo a redução da taxa de extrema pobreza em 0,27% a cada 1% de aumento do repasse aos estados.

(43)

4.2.2 Análise dos Resultados do Modelo 02 em Valores per Capita Estaduais para a Taxa de Extrema Pobreza (TEPOB)

A Tabela 5 apresenta os resultados do Modelo 02 que mede a elasticidade para a variável dependente TEPOB, que é a Taxa de Extrema Pobreza, ou o percentual de pessoas na população total com renda domiciliar per capita

inferior à linha de miséria no ano de 2009, em função das seguintes variáveis explicativas: do agrupamento do gasto público per capita estadual em reais, o Programa Bolsa Família (GPPBF), o Benefício de Prestação Continuada para Deficientes (GPDBPC), o benefício de Prestação Continuada para Idosos (GPIBPC), e a Renda Mensal Vitalícia para deficientes (GPDRMV); do agrupamento da despesa pública per capita estadual em reais, a Educação e Cultura (DPEDUC), o Trabalho (DPTRAB), o Investimento (DPINV) e a Cota-parte do Fundo de Participação Estadual (DPFPE).

Considerados ao nível de significância de 5%, foram estatisticamente significantes para explicar o modelo somente os coeficientes das variáveis explicativas GPPBF e DPFPE.

Tabela 5 – Resultados do Modelo 02 em Valores per Capita Estaduais para a Taxa de Extrema Pobreza (TEPOB)

Variável Explicativa Taxa de Extrema Pobreza (TEPOB)

GPPBF 1,594099* (8,479843)

GPDBPC 0,684082 NS (2,085898)

GPIBPC -0,308200 NS (-1,962357)

GPDRMV -0,120287 NS (-1,336440)

DPEDUC 0,284985 NS (1,951152)

DPTRAB -0,012013 NS (-0,362061)

DPINV -0,079972 NS (-0,996966)

DPFPE -0,321734* (-3,527850)

R2 = 0,948066 R2 Ajustado = 0,924984

F = 41,07429 Prob (Estatística-F) = 0,000000 Fonte: Dados da pesquisa.

Notas: Os resultados entre parêntesis se referem às Estatísticas “t”;

* Estatisticamente diferente de zero para o nível de significância de 0,1;

(44)

De acordo com a Estatística-F o modelo apresenta significância global, rejeitando a hipótese nula de que todos os coeficientes são iguais a zero, apresentando-se válido conforme os testes de especificação ao nível de 5% de significância, sendo realizado o teste de White para verificar a ausência de homocedasticidade, cujo valor de probabilidade da estimação (0,271950) foi maior do que o nível de significância adotado, com evidência de que o modelo estimado não apresenta heterocedasticidade; para verificar a independência dos resíduos ou ausência de autocorrelação, foi realizado o teste de Breusch Godfrey (BG). Para esse teste o valor de probabilidade da estimação (0,152860) foi maior do que o nível de significância adotado, concluindo-se que o modelo estimado não apresenta autocorrelação; e o teste Jarque-Bera, cujo valor de probabilidade (0,087006) não rejeita a hipótese nula de que os resíduos obedecem a uma distribuição normal. O seu R-quadrado (R²) indica que 94,8% da variação do percentual de miseráveis, medido pela Taxa de Extrema Pobreza (TEPOB), é explicada pelo conjunto das variáveis independentes no modelo.

A cada aumento de 1% nos gastos per capita do Programa Bolsa Família (GPPBF) haverá uma elevação média de 1,59% na taxa do percentual de pessoas vivendo abaixo da linha de miséria. Embora pareça um resultado estranho, isso está de acordo com o referencial teórico consultado, que reitera a necessidade de uma maior focalização para gerar melhores resultados na redução da pobreza.

O modelo estimado indica que a despesa per capita da Cota-parte do Fundo de Participação Estadual provoca a diminuição da Taxa de Extrema Pobreza em 0,32%, a cada aumento de 1% nos seus gastos.

4.2.3 Análise dos Resultados do Modelo 02 em Percentuais do PIB Estadual para a Taxa de Pobreza (TPOB)

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