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39º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais. 26 a 30 de outubro de 2015, Caxambu, MG

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39º Encontro Anual da Associação Nacional de PósGraduação  e Pesquisa em Ciências Sociais 

 

26 a 30 de outubro de 2015, Caxambu, MG   

     

GT 33: Sexualidade e gênero: sujeitos, práticas, regulações  Coordenação:  ​ ​ Júlio Assis Simões (USP) e María Elvira Díaz 

Benítez (UFRJ)   

   

 

Notas sobre práticas homoeróticas e experiências de 

envelhecimento entre mulheres em Maceió (AL) e João Pessoa 

(PB) 

 

 

Jainara Gomes de Oliveira (UFSC) 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Notas sobre práticas homoeróticas e experiências de envelhecimento                 entre mulheres em Maceió (AL) e João Pessoa (PB)  

   

Jainara Gomes de Oliveira (UFSC)   

1

 

   

Resumo:   Esta comunicação objetiva problematizar a relação entre               experiências de envelhecimento e práticas homoeróticas entre mulheres,                 enquanto experiências individuais e coletivas, que se exprimem em uma                     multiplicidade discursiva. Para tanto, apresento as trajetórias individuais de                   Clara (negra, 52 anos) e Ana (negra, 51 anos), o foco de análise recai sobre as                                 suas experiências individuais de envelhecimento como efeitos de atos de                     linguagem concebidos a partir de um campo relacional. A experiência                     geracional, deste modo, será analisada como um campo de possibilidades que                       permite atribuir sentidos ao lugar que a sexualidade possui na configuração das                         trajetórias destas mulheres e, o pertencimento geracional, por sua vez, será                       interpelado a partir de um 'dispositivo de idade' que produz um marcador etário.                          

Pode­se sugerir, assim, que Clara e Ana compartilham experiências básicas,                     experiências estas que são construídas a partir de uma gramática geracional                       particular. Gramática que produz, assim, um vocabulário singular que permite                     conferir inteligibilidade às interações sociais, no curso da vida, em uma                       sociabilidade dada. 

     

 

Introdução   

 

A produção acadêmica sobre práticas homoeróticas entre mulheres, no                   campo das ciências sociais brasileiras, tem adquirido relevante expressividade.                  

No entanto, ainda permanecem incipientes os estudos que versam sobre a                       relação entre práticas homoeróticas e experiências de envelhecimento entre                   mulheres (ALVES, 2009; 2010). Esta temática ainda desperta pouco interesse                     dos pesquisadores, principalmente se comparada aos estudos sobre                 envelhecimento e sua relação com a heterossexualidade feminina e a                     homossexualidade masculina (BARROS, 1999, 2006; MOTTA, 2014; PAIVA,                 2009; MOTA, 2009, 2012; SANTOS, 2012; SANTOS & LAGO, 2013). Esta                      

1 Doutoranda em Antropologia Social pelo Programa de Pós      ​graduação em Antropologia Social da          Universidade Federal de Santa Catarina [PPGAS/UFSC]; Pesquisadora do NIGS – Núcleo de       

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comunicação, nesse sentido, pretende contribuir para a constituição do                   emergente campo de pesquisa sobre as experiências de envelhecimento e                     práticas homoeróticas tendo como foco as mulheres.  

Deste modo, a presente comunicação objetiva analisar, sob a ótica de                       um olhar etnográfico, a relação entre experiências de envelhecimento e                     práticas homoeróticas entre mulheres, enquanto experiências individuais e                 coletivas, que se exprimem em uma multiplicidade discursiva (TÓTORA, 2008,                     2013). Podendo, assim, ser problematizadas como estilos de vida, formas de                       sociabilidade e visões de mundo que produzem um ethos e um modo de                           existência (VELHO, 2006). Para tanto, apresento as trajetórias individuais de                     Clara (negra, 52 anos) e Ana (negra, 51 anos), a entrevista com Clara foi                             realizada no verão de 2012 e a de Ana no verão de 2013, a primeira na cidade                                   de Maceió, Alagoas , e, a segunda na cidade de João Pessoa, Paraíba .  

2 3

O foco de análise sobre as suas experiências individuais de                     envelhecimento como efeitos de atos de linguagem concebidos a partir de um                         campo relacional (DEBERT, 2004, 2006; DEBERT & SIMÕES, 2011). A                     experiência geracional, deste modo, será analisada como um campo de                     possibilidades que permite atribuir sentidos ao lugar que a sexualidade possui                       na configuração das trajetórias destas mulheres e, o pertencimento geracional,                     por sua vez, será interpelado a partir de um 'dispositivo de idade' que produz                             um marcador etário (POCAHY, 2011, 2012; SIMÕES, 2004a, 2004b, 2011a,                     2011b, 2014).  

Nos rastros das análises alvitradas por Koury (2014a), assim, procuro                     analisar o processo de construção simbólica do envelhecimento como forma de                       vida pessoal, ou seja, a partir dos ajustamentos pessoais e sociais de Clara e                            

2 A entrevista de Clara resulta da pesquisa realizada em Maceió, Alagoas, para a elaboração do  meu Trabalho de Conclusão de Curso em Bacharelado em Ciências Sociais, realizado junto ao  Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas, sob orientação da Profa. Dra. 

Nádia Meinerz, em 2012, ver Oliveira (2012).  

3   A entrevista de Ana resulta da minha pesquisa realizada em João Pessoa, Paraíba, para a        elaboração da minha dissertação de mestrado em antropologia, realizada junto ao Programa de       

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Ana e das suas interações sociais com os outros relacionais. Deste modo,                         como uma nova configuração social, nas palavras de Koury (2014b, p.                      

152158): 

 

A construção simbólica do envelhecimento se manifesta               segundo a vivência específica de cada um. São as reações ao                       outro ou dos outros em relação a si que vão compondo um                         panorama onde o sentimento e a percepção do envelhecer se                     molda. Essas reações traduzem situações intuídas como o                 marco, o ponto nodal que os fez admitir o envelhecimento                     como forma de vida pessoal. [...] Esta busca para um novo                       amoldamento e socialização pessoal e social, no adentrar do                   envelhecimento, são preenchidos de desconforto e temores               que tendem a se desenvolver e refrear o sujeito que a vivencia,                         ou ao seu avesso, a ser superada como uma nova forma de                         encarar o próprio envelhecer e a integração social afiançada                   pelos laços sociais e afetos de cada pessoa.  

   

Sob esta ótica de análise, assim, busco problematizar a tensa relação                       entre subjetividade e objetividade na construção simbólica do envelhecimento,                   particularmente a complexidade da rede de significados que singularizam estas                     vivências individuais de Clara e Ana. Deste modo, procuro analisar os sistemas                         normativos que produzem hierarquias morais e delimitações de fronteiras e                     inteligibilidade sobre a regulação do desejo homoerótico no curso da vida de                         Clara e Ana.  

Para tanto, procuro problematizar, ainda, a tensão entre os enunciados                    

normativos que sustentam a heterossexualidade compulsória e a matriz                  

heterossexual, produzindo e organizando uma coerência interna e linear de                    

inteligibilidade do gênero e da sexualidade, e, os campos de possibilidades que                        

permitem fissuras, divergências e conflitos que singularizam as experiências                  

geracionais de Clara e Ana. Experiências geracionais estas que possibilitam                    

provocar uma desestabilização dos sistemas normativos e dos modelos                  

hegemônicos que prescrevem formas de produzir as experiências de                  

estilizações do homoerotismo no curso da vida entre mulheres, ou seja, do                        

pressuposto da naturalidade da heterossexualidade (RUBIN, 1993).  

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Nesse   sentido,   procura­se   problematizar   a   naturalização   da   heterossexualidade como categoria que organiza a sociedade de maneira                   hierárquica e excludente, uma vez que a heterossexualidade como condição                     natural condicionou as práticas homoeróticas entre mulheres a uma condição                     de desvio. Deste modo, a hegemonia impositiva da heterossexualidade                   estigmatizou as experiências homoeróticas entre mulheres, que passarem a                   ser consideradas como comportamentos desviantes.  

Esta naturalização das diferenças sexuais e das sexualidades entre os                     sexos, como categoria de análise, diz respeito à heterossexualidade                   compulsória como definida nos pressupostos conceitos de Adrienne Rich                   ([1980] 2010). Na sua análise, portanto, a heterossexualidade compulsória                   funciona como um mecanismo regulador do desejo e das práticas sexuais, se                         configurando em um ideal regulatório de legitimidades e aceitabilidades.                  

Produzindo, deste modo, materialidades corporais as que se atribui um                     significado binário, como efeitos discursivos de expressão normalizadora da                   sexualidade.  

Trata­se, portanto, de uma instituição política que se esforça em                     associar estreitamente sexo, gênero, sexualidade e heterossexualidade. Desta                 maneira, a heterossexualidade compulsória, como categoria analítica nos                 auxilia a analisar as normas que sustentam as relações de poder na esfera da                             sexualidade, do desejo e a hierarquia de gênero, bem como os efeitos de                           práticas discursivas que funcionam como ideais regulatórios.  

A análise aqui alvitrada, deste modo, procura tensionar o conceito de                      

heterossexualidade compulsória, no sentido de radicalizar essa crítica à                  

construção binária do “sexo” e do gênero. Nesse sentido, se pretende                      

problematizar, ainda, a matriz heterossexual e a heterossexualidade, como                  

regimes de normalização que conformam o sujeito do gênero. De modo que, ao                          

interpelar os atores sociais a partir do ato pelo qual se assume o “sexo”, estes                              

regimes de normalização produzem uma inteligibilidade das identidades e dos                    

sujeitos interpelados por tais regimes.  

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Deste modo, na esteira das análises desenvolvidas por Butler (2002a,                     2002b, 2006), pode­se analisar os regimes de normalização que governam a                       inteligibilidade social da ação, particularmente as normas que são incorporadas                     e reconhecidas Clara e Ana. Nesta respectiva de análise, a norma figura como                           fronteira rígida e excludente entre os atores individuais que são socialmente                       aceitos e os que são relegados à exclusão. Aqui, reside o paradoxo da norma,                             uma vez que ao conferir inteligibilidade ao campo social, a norma orienta as                           ações sociais com o intuito de preservar a ordem social, na mesma medida que                             exclui os atores sociais que não incorporam e performatizam os códigos morais                         que conformam esta exclusão normativa.  

Nesta comunicação, assim, procura­se apontar como a norma designa                   inteligibilidade ao campo social e define os parâmetros para que determinadas                       práticas e ações possam ser reconhecidas e legitimadas pelo social, situando                       em particular, a relação entre práticas homoeróticas e experiências de                     envelhecimento entre mulheres. Ou seja, busca­se perceber como linhas                   discursivas produzem códigos de condutas e regimes morais que designam                     estilos de vida, ethos e visões de mundo no curso da vida destas mulheres. 

 

Trajetórias individuais e campo de possibilidades 

 

   

Esta comunicação parte da pressuposição de que os processos de                     subjetivação de mulheres com práticas homoeróticas são historicamente                 abarcados por processos de estigmatização. E essa historicidade possibilita                   que esses sujeitos sejam inseridos de diversas maneiras nos sistemas de                       socialização, bem como nas estruturas de poder de uma sociabilidade dada.                      

No entanto, essa situação não significa que o estigma seja uma relação                        

permanente, mas sim um processo social dialético em constante variação, uma                      

vez que os diversos modos como os diferentes atores sociais experimentam as                        

relações afetivo­sexuais são constituídos, também, como campos políticos.  

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A respeito do caráter interacional do estigma, Goffman (1985, 1998)                     esclarece que a linha divisória entre o normal e o estigmatizado é perspectivas                           construídas a partir de interações sociais entre indivíduos concretos. Assim, os                       processos de estigmatização podem ser percebidos como linhas produzidas                   que se relacionam com os diversos marcadores sociais da diferença. Essas                       linhas, por sua vez, delimitam diferentes superfícies de estigmatização que                     incisam   as   subjetividades   dissidentes   da   heterossexualidade   e   as   homogeneízam em suas diferentes formas de exterioridade.  

A dinâmica desta pretensa homogeneização de práticas de conduta e                     comportamento, principalmente da forma de os indivíduos se apresentarem e                     se portarem em público, pode ser visualizada por meio das linhas que operam                           os dispositivos de disciplinamento e normatização dos sujeitos estigmatizados.                  

Os processos de estigmatização acerca das práticas homoeróticas entre                   mulheres circunscrevem, deste modo, mapas que servem como bússolas na                     elaboração e produção de supostas verdades que são naturalizadas, fixando                     esse estilo de vida como abjeto. Essas verdades se materializam em práticas                         discursivas que produzem mecanismos para tentar cunhar compartimentos                 estanques ao localizar esses sujeitos em territórios fixos. Estes territórios, por                       sua vez, são situados nas instâncias normativas do sistema sociocultural.  

Deste modo, no interior do sistema hegemônico da heterossexualidade,                   estas pretensas verdades instauram, de maneira heteronormativa, modos                 singulares de experimentação do erotismo, uma vez que a heterossexualidade                     compulsória figura como um regime que define a construção social de práticas                         discursivas normativas. Estas múltiplas e difusas práticas discursivas, por sua                     vez, funcionam como ideais regulatórios que deslegitimam, no campo simbólico                     das fronteiras da moralidade, os desejos e prazeres das relações homoeróticas                       entre mulheres.  

Em virtude do exposto, ao partir das premissas teóricas aqui elencadas,                      

apresento breves notas etnográficas para contextualizar as trajetórias                

individuais de Clara e Ana. Para iniciar, apresento a trajetória individual de                        

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Clara, uma mulher negra de 52 anos, funcionária pública, nascida em Maceió,                         capital do estado de Alagoas.  

Estávamos sentadas na varanda da casa de Clara, quando ela me conta                         sobre sua trajetória afetiva e sexual. Ela começa me narrando que a sua                           primeira experiência sexual aconteceu com um homem, com quem manteve                     um relacionamento estável durante dezesseis anos e juntos tiveram dois filhos,                       este foi seu único relacionamento heterossexual. Ela relatava que o sexo entre                         eles acontecia sem troca de carícias e a penetração costumava ser                       desconfortável. Durante a nossa conversa ela enfatiza a indiferença por parte                       de seu ex­parceiro:  

 

Quando minha mãe era viva a gente conversava muito sobre                     tudo e um dia eu disse assim: mãe meu marido é um galo.                          

Como vocês dizem que o galo chega lá na galinha e pá e                           pronto. Ele não tocava. Meu marido não tinha esse negócio de                       fazer carinho, beijo, abraços, não. Ele queria, queria e pronto.                    

Hoje ele quer, eu abria as pernas e ele rapidamente se                       satisfazia. Virava pro lado e ia dormir. Para mim o sexo era                         aquilo. Aquilo para mim era sexo. Tanto é que quando eu digo                         que engravidei do menino e da menina completamente sem                   saber o quê estava fazendo… Porque a menina foi eu                     dormindo. Quantas vezes eu [es]tava dormindo e me acordava                   com ele em cima de mim se satisfazendo.  

 

Com relação a sua primeira experiência sexual com uma mulher ela relata que                           as trocas de caricias fazem parte do ato sexual. Dizia que o sexo com sua                               parceira, diferentemente do seu relacionamento heterossexual, costumava ser                 mais carinhoso.  

 

O primeiro prazer que eu senti mesmo, saber o que era prazer                         foi com Rosa (...). Foi difícil, as primeiras vezes da gente foram                         muito difícil mesmo porque a gente foi se descobrindo. Eu fui                       me descobrindo e ela também. E hoje em dia eu posso dizer                         que eu sei do que Rosa gosta, sei do que ela quer, quando ela                             quer. Ela também já me conhece.  

 

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Enquanto no seu relacionamento heterossexual o desconforto no ato                   sexual era causado pela indiferença, no sexo com sua parceira, o desconforto                         e estranhamento se sentem pelo fato de ela desconhecer a maneira como                         habitualmente acontecem as práticas sexuais entre mulheres. 

Para Clara o fato de ter tido experiências sexuais apenas com homem                         durante um largo período de sua vida contribui para o estranhamento em                         relação ao sexo praticado com sua parceira. ‘O medo de não saber o que                             estava fazendo’ foi apontada, assim, como um dos fatores que inibia seu                         comportamento durante suas práticas sexuais e eróticas.  

Nesse sentido, ‘o medo do desconhecido’, nos relatos de Clara,                     apresenta aspectos morais e emocionais diversos, podendo ser entendo, deste                     modo, como uma emoção que aponta a possibilidade de escolha, de aventura,                         de prazer e de dissidência das fronteiras morais. Assim, experimentar uma                       relação homoerótica prazerosa representava, para Clara, um ato de coragem,                     uma vez que tal ação rompe com os medos imediatos e abre espaço para a                               construção do diferente.  

Trago aqui também alguns relatos de Rose (branca, 35 anos),                     companheira de Clara, para aprofundar a análise desse ato de coragem de                         Clara de se entregar ao desconhecido. Mas antes farei uma breve síntese de                           como Rose entrou na vida de Clara e como se deu suas experiências afetivas e                               sexuais.  

Rose namorava Patrícia, mas acabou com esta quando descobriu que                     ela (para agradar a mãe) tinha noivado com um rapaz, enquanto elas ainda                           estavam namorando, “era só pra deixar a mãe feliz”. Com o passar do tempo,                             Rose conheceu Rita na internet, era uma relação caracterizada de amizade,                      

“eu a chamava de maninha”. A amizade entre elas foi adquirindo intimidade, e,                          

assim, elas ficavam cada vez mais próximas uma da outra. Em relação à                          

amizade com Rita, Rose comenta: “algumas pessoas achavam que eu tinha                      

interesse nela, mas não. Era só amizade”.  

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Na festa do aniversário de Rita, Rose conheceu Clara, mãe de Rita.                        

Clara já era viúva e em um determinado momento de descontração, Rose fala                           para Clara: “eu vou fazer com você o que homem nenhum fez. Vou te fazer                               uma pessoa feliz”. Todos os presentes riram da situação, fazendo torcida e                         insinuações. Rose comentou que soltou aquelas palavras na ‘brincadeira’, que                     ela nunca se imaginou com Clara.  

A partir daquele dia, Rose se aproximou de Clara. E na medida em que                             a amizade foi adquirindo laços de intimidade, Clara se sentia incomodada com                         um segredo que guardava. Até que em um determinado momento, Clara revela                         para Rose, que sua filha, Rita, estava namorando Patrícia (a ex de Rose) e não                               achava correto o fato da filha esconder isso de Rose. Naquele momento, Rose                           se sentiu traída, pela amiga Rita e pela ex­namorada Patrícia, assim, decidiu                         que não se envolveria mais com ninguém e se afastou de todos. Nas palavras                             de Rose: “tudo lembrava ela”. Rose então queria esquecer aquela fase ruim de                           sua vida.  

Rose se afastou e só reencontrou Clara no velório de uma amiga em                           comum. Elas se reaproximam e a restabeleceram o contato. Até que surgiu a                           ideia de fazer uma brincadeira, de Clara comentar com a filha, Rita, que estava                             namorando Rose. Era uma maneira de ‘vingança’ ao falar que estava                       namorando Rose “Mas não estávamos juntas. Era só resenha”, nas palavras                       de Rose. Com a ‘vingança’ em prática reaparece Elisa, uma ex de Rose. Elisa                             ficou sabendo do namoro de Rose e Clara e não aceitou a relação. Assim,                             Elisa comentou que na parada gay queria vê­las se beijando.  

“Como era uma brincadeira, como poderia ter beijo?” Rose comenta                    

para Clara a provocação de Elisa, e, para sua surpresa, Clara disse que a                            

beijaria na parada, sem problemas. Neste dia, Clara tinha ido fazer uma visita a                            

Rose, em sua casa, e, ao chegar lá, Rose a convida para ir a um mercado                                

próximo, comprar os remédios da mãe. Quando Rose estacionou o carro, Clara                        

a surpreende com um beijo na boca. Nas palavras de Rose: “eu não imaginava                            

que ela teria essa atitude, e não eu. Foi gostoso, porque eu parecia uma                            

menina amando pela primeira vez”.  

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Na primeira noite afetiva e sexual de Clara com Rose, aconteceu o                         primeiro orgasmo para ambas. Tanto para Rose, que já tinha vivenciado outros                         relacionamentos homoeróticos, mas até então nenhuma mulher lhe                 proporcionava prazer; quanto para Clara, que só satisfazia os desejos do                       marido. Esse momento foi tão novo na vida de ambas, que Rose ligou para                             uma amiga para perguntar o que estava acontecendo. Segundo Rose, era algo                         tão bom que ela não saberia me descrever aquele momento. Nas palavras de                           Rose: “foi maravilhoso e queria todo tempo estar repetindo, parece que você                         fica… Eu não sei nem explicar”.  

Clara surpreendeu Rose tanto com o beijo, quanto com o fato de ter se                             permitido práticas sexuais que as outras namoradas de Rose não se permitiam.                        

Nas palavras de Rose:  

 

Foi a primeira pessoa que me deu prazer. Não que só sentiu,                         mas que sentiu e me deu prazer. Foi ela quem me fez mulher.                          

Isso eu posso dizer, e olha que é uma pessoa que eu nem                           imaginava que pudesse rolar essas coisas. Eu não sei como                     foi, mas até antes dela eu era virgem.  

 

Nos relatos de ambas, o relacionamento entre elas era caracterizado                     como muito afetuosos. Nesse sentido, a vivência da sexualidade era                     experimentada pelas duas como uma prática muito prazerosa, cheia de                     descobertas tanto afetivas quanto sexuais.  

Por sua vez, Ana, uma mulher negra de 51 anos, nasceu em uma das                            

cidades localizadas no interior da Paraíba. Filha de pais católicos, disse que                        

desde criança se sentia atraída por mulheres. Mas, preferiu ocultar a revelação                        

desse desejo, pois sentia medo da reação de sua mãe. Além disso, ela morava                            

em uma pequena cidade do interior e sabia que sua mãe era uma mulher com                              

valores muito tradicionais. O pai de Ana faleceu quando ela tinha sete anos de                            

idade. Ela, por sua vez, passou a morar apenas com sua mãe, o que, com                              

base em seus relatos, dificultou ainda mais a possibilidade de vir assumir um                          

(12)

No ensino médio, Ana passou a estudar em uma escola pública                       estadual, na cidade de Campina Grande. Ao concluir o ensino médio, ela                         retornou para a cidade na qual morava com a mãe. Em seguida, fez vestibular                             para o curso de Letras. Aprovada no vestibular, a universidade na qual ela                           estudava estava localizada na cidade de Guarabira. Nesta cidade, Ana disse                       ter conhecido várias mulheres com as quais estabeleceu relações                   homoeróticas. Como Ana estudava em uma cidade distante da sua mãe, essa                         distância lhe encorajou a constituir relacionamentos com mulheres.  

Não satisfeita, depois de concluir o curso de Letras, Ana resolveu                       realizar outro vestibular. Desta vez ela optou por fazer o curso de Filosofia, na                             cidade de João Pessoa. No decorrer do curso, Ana foi convidada por um dos                             seus primos para morar com ele, no bairro do Castelo Branco. Logo depois da                             mudança, Ana foi convidada, por um amigo, para lecionar em uma escola de                           uma cidade localizada na região metropolitana de João Pessoa.  

Na referida escola, Ana conhece o professor de arte, que vem a ser o                             seu futuro parceiro. Segundo os seus relatos, ele era gay. Ela relatava que eles                             se relacionavam muito bem, pois compartilhavam o mesmo interesse pela                     política. A aproximação mais cotidiana acabou provocando um sentimento de                     desejo em Ana em relação àquele amigo. Esse processo de encontro e                         construção de afetos poderia ser sintetizado nestas suas palavras:  

 

Eu me apaixonei pela alma feminina dele e ele pela alma                       masculina que eu tinha. Eu não esqueço nunca. Foi ali                     naquele banco da lagoa às seis horas da noite. Um olhou pro                         outro e disse: “ei, eu acho que estou sentindo alguma coisa                       por tu”. O outro disse: “é, eu também acho que estou sentindo                         alguma coisa por tu”. E aí? Ele disse: “eita, e agora?” Aí ele                           disse: “e aí, tu vai querer viver isso?”. Ele perguntou a mim, e                           eu disse: “eu quero viver isso”. Aí ele fez: “então, vamos viver                         né?”. Aí a gente começou a namorar.  

 

Ana e seu parceiro permaneceram juntos por doze anos, juntos tiveram                      

um filho e uma filha. No entanto, passados nove anos dessa experiência, a                          

relação entre os dois começou a se desestabilizar. Ela descobriu que seu                        

(13)

parceiro estava se relacionamento com uma das alunas da escola em que eles                           trabalhavam. A aluna, por sua vez, estava grávida do parceiro de Ana. Ana                           relatava, ainda, que precisou de um tempo para superar o sofrimento e a dor                             que a separação lhe provocou, “eu amei esse cara perdidamente”. Depois                       desse momento de dor e sofrimento, ela começou a se permitir ter novas                           relações com mulheres.  

Sobre as suas experiências com o seu ex­parceiro, Ana faz o seguinte                         relato:  

 

Eu nunca gozei com meu ex­marido. [...] Era uma relação                     mecânica. Era tanta que eu dava graças a Deus dele terminar a                         relação comigo, que eu ficava lá, havia a penetração e eu nem                         gozava. [...] Meu marido não sabia onde botar o dedo parecia                       uma lixa tocando o meu clitóris. Não tinha a sensibilidade de                       uma mulher, porque homem também tem que ter sensibilidade.  

 

Nesta nova fase da vida, Ana começa a se relacionar com uma mulher                           que tinha acabado de conhecer. Logo no início do relacionamento, elas                       passam a morar juntas na casa de Ana. Neste mesmo período, Ana se                           aproxima de uma das suas alunas. Dessa aproximação surge um envolvimento                       afetivo e sexual entre elas. Ana então terminar o relacionamento anterior e logo                           inicia um relacionamento com a sua aluna. Ela conta que antes de levar esta                             sua nova parceira para casa, resolveu conversar com seus filhos e saber a                           opinião deles sobre o assunto. Só depois dessa conversa, sua parceira passou                         a morar com eles. Elas ficaram juntas durante cinco anos. Segundo os relatos                           de Ana, era um relacionamento caraterizado por muitas trocas de afetos,                      

“existe muita cumplicidade e muito carinho entre a gente”.  

Deste modo, uma relação com uma mulher, para Ana, poderia ser                      

definida como uma experiência mais acolhedora “porque uma mulher entende                    

a outra”. No entanto, ela ressalta que não são todos os relacionamentos com                          

mulheres que podem ser caracterizados dessa forma. Nesse sentido, ela relata                      

(14)

 

Eu acho que o carinho é tudo na relação de mulheres.                      

Mulheres entendem muito mais as outras. Pelas experiências                 que eu tenho, que eu vejo, e, converso com elas, eu acho que                           as mulheres entendem muito mais as outras. [...] No entanto,                     eu acho que na prática sexual as pessoas se esquecem muito                       do carinho. Eu digo isso a partir das minhas experiências com                       mulheres. Esquecem do toque.  

 

Além das trocas de carícias nas relações sexuais, Ana chama a atenção                         para a prática da masturbação, com uma forma de descoberta pessoal, mas                         também como forma de aprender a proporcionar prazer à parceira. Nesse                       sentido, ela relata que:  

 

As mulheres não são acostumadas a se masturbar. E aí elas                       não conhecem o corpo, não sabem onde querem ter prazer. Eu                       digo onde eu quero que ela bote a mão. Já ela não diz, porque                             ela não tinha essa prática. Eu sempre me masturbei, desde os                       dez anos que eu me masturbava e eu contínuo me                     masturbando. Se eu tiver com vontade vou me masturbar. Ela                     não sabe se masturbar com o dedo, eu sei me masturbar com                         o dedo. Eu acho que essas mulheres que se masturbam são                       mais fáceis de dar prazer e ter prazer.  

 

No processo de descoberta do prazer nas relações sexuais, Ana ressalta                       que não considera o orgasmo como finalidade principal. Para ela, o ‘roteiro                         sexual’ também envolve afinidades afetivas, as quais proporciona um                   sentimento comum de intimidade entre as parceiras, como descrito no relato                       abaixo:  

 

Eu acho que o orgasmo não é o fim de tudo. Existe a troca de                               carinho que as mulheres deixam passar. As mulheres                 geralmente quando tem um orgasmo, elas morrem. Elas ficam                   cansadas. Inclusive, minha parceira outro dia disse assim:                

“Oxente, como é que pode você depois do orgasmo, depois de                      

gozar, ainda ficar assim ativa”? [...] Ela não consegue relaxar                    

antes, eu consigo relaxar antes para quando eu gozar ficar                    

mais ativa ainda. Ela não consegue fazer isso. Não sei se é a                          

(15)

minha experiência. Com homem eu nunca tive isso. [...] Do                     mesmo jeito tem mulher, não estou dizendo que só é homem. 

 

Nos seus relatos, no entanto, Ana também disse existe diferença no                       sexo entre mulheres, que estas experiências nem sempre envolvem trocas de                       carícias. Para Ana, assim, nem todas as mulheres “entendem o que a outra                           quer”. Além disso, ela ressalta que não existe hierarquização nas suas práticas                         sexuais, pois ela e sua parceira trocam carícias mutuamente. Em suas                       palavras:  

 

Tem mulher que não sabe colocar o dedo no clitóris da outra.                        

Não sabem nem onde botar, não sabem nem como penetrar a                       outra. Tem mulheres que você coloca o dedo para gozar, mas                       tem mulheres que não querem o dedo para gozar. Tem                     mulheres que gostam de fazer sexo oral, tem mulheres que                     gostam de receber sexo oral. [...] A história de dizer quem é o                           homem e quem a mulher da relação, isso é ridículo, eu acho.                        

Porque em uma relação de mulheres, eu estou dizendo de                     mulheres, essa prática pra mim não existe. Eu que você tem                       fase, tem fase que você só quer ser ativa, tem fase que você só                             quer ser passiva. Agora eu tenho amigas só querem ser                     passivas, outras que só querem ser ativas, e eu respeito.                    

Comigo não, comigo nunca rolou de uma pessoa ser só ativa,                       porque eu sou ativa e passiva, minha parceira é ativa e                       passiva. Não tem essa história não. Eu acho que o prazer é                         isso, é essa troca. [...] Eu acho que na cama você tem que                           estar sempre aberta para mudanças. Você descobre uma coisa                   hoje, você descobre outra coisa amanhã. 

   

A respeito da sua experiência de envelhecimento relacionada à sua                     forma de vivenciar a sexualidade, Ana faz o seguinte relato:  

 

Eu já estou na menopausa, eu não menstruo. Quando eu entrei                      

na menopausa, eu fui para uma ginecologista do PSF. Quando                    

eu cheguei lá, ela disse que eu ia ficar com a vagina seca, que                            

eu não ia ter libido mais. A ginecologista dizia: "você não vai                        

molhar mais". Eu respondi: "eu vou ficar uma mulher sem                    

tensão, é?". Cheguei pra ela e disse: "me dê um remédio". Ela                        

(16)

preparadas para a menopausa, [...] Falam de tudo, menos da                     menopausa. Eu conheço amiga que piram com a menopausa.                  

Não piro eu, porque coloquei na minha cabeça o seguinte: você                       não morreu, não. É tanto que a vida sexual continua do mesmo                         jeito ou até melhor. Eu acho que a minha vida sexual anda                         melhor porque eu até consigo retardar um orgasmo e antes eu                       não retardava. [...] Eu estou melhor do que antes porque eu                       consegui melhorar a minha cabeça. 

 

Dado o exposto, ao partir das premissas analíticas aqui elencadas,                     pode­se sugerir que Clara e Ana compartilham experiências básicas,                   experiências estas que são constituídas a partir de uma gramática geracional                       particular. Gramática que produz, assim, um vocabulário singular que permite                     conferir inteligibilidade às suas interações sociais, no curso de suas vidas, em                         uma sociabilidade dada.  

Deste modo, as suas vivências individuais assinalam para a                   possibilidade de problematizar a produção discursiva do envelhecimento e do                     desejo homoerótico como processos de individualização e de diferenciação,                   modos de vida e formas de inserção individual no urbano. Nesse sentido,                         fez­se necessário também destacar suas experiências heterossexuais, ainda                 que estas experiências não figurassem como meu objeto principal de análise.  

Estas experiências heterossexuais foram relevantes, contudo, para o                 entendimento do modo como estas mulheres organizam simbolicamente e                   modificam, em discursos e posturas políticas, suas experiências homoeróticas.                  

Nas trajetórias aqui analisadas, as experiências homoeróticas figuram como                   uma ruptura nas curvas de vida destas mulheres, de modo a instituir uma nova                             temporalidade em relação aos seus projetos individuais e coletivos, estilos de                       vida e visões de mundo.  

 

Considerações    

Esta comunicação, sob a ótica de um olhar etnográfico, intentou                    

problematizar esta relação entre experiências de envelhecimento e práticas                  

(17)

homoeróticas entre mulheres, a partir das trajetórias individuais de Clara e Ana.                        

Na análise aqui oferecida, assim, estas trajetórias apresentam os ajustamentos                     às circunstâncias dos seus respectivos processos de vida, os quais possibilitam                       entender ainda a temporalidade dos fatores que singularizam suas                   experiências sexuais e geracionais.  

Nesse sentido, a partir de uma análise sobre suas práticas sexuais, que                         articula os marcadores sociais da diferença gênero, sexualidade e geração,                     procura­se, deste modo, apontar como a participação de Clara e Ana em um                           estilo de vida e em uma visão de mundo, produz a possibilidade de uma                             demarcação de fronteiras simbólicas e em uma elaboração de identidades                     relacionais. De modo que, as particularidades que constituem uma identidade                     adquirida, em função de uma trajetória alicerçada a partir de campos de                         possibilidades e de projetos individuais, possibilitam que Clara e Ana                     dramatizem as diversas configurações de valores em conflito de uma                     sociabilidade dada. 

   

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Referências

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