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Educação comunitária: diretrizes para a implementação de um programa em Fortaleza

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EDUCAÇAO COMUNITARIA:

DIRETRIZES PARA A

IMPLEMENTAÇÃO DE UM

PROGRAMA EM FORTALEZA

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LAUR,t\ MARIA SOUZA VIEIRA

M. S. em Educação, Colorado State University - Co

EDCBA

V . S . A . Professor do' Departamento de

Educação da UFC.

1 - INTRODUÇÃO

A idéia de Educação da Comunidade é ainda muito recente no Brasil. Os estudos e práticas na área, têm sido, quase sempre, esforços isolados de efeito restrito ao âmbito locã, atingindo apenas a determinados grupos de pessoas. Por outro lado, pouco se tem realizado no sentido de se vincular o Processo de Educação Comunitária ao planejamento global da Educação.

No Estado do Ceará; em particular, a situacão se torna mais grªv~. Não se tem desenvolvido, até o presente momento, nenhum programa específico

de Educação Comunitária.

Pretendemos, neste trabalho, discutir sobre a necessidade e importância de um programa de Educação Comunitária em Fortaleza, sugerindo diretrizes para a sua implementação.

Para tornar mais compreensivo e melhor situar o problema, no âmbito do nosso contexto social, abordaremos o conceito de Educação Comunitária, seu relacionamento com o desenvolvimento comunitário, tomando como ponto de referência programas de Educação Comunitária desenvolvidos nos Estados Unidos da América.

2 - ÁLGUMAS.cONSIDERAÇÕES ACERCA DA EDUCAÇÃO

COMUNIT ARlA

Educação Comunitária não pode ser definida em termos simplistas, devendo ser aceita e entendida como um processo de desenvolvimento de uma comunidade.

Educação Comunitária é um movimento, é uma filosofía de vida. Quando totalmente compreendida e implementada torna-se o "processo pelo qual os

seres humanos aprendem como resolver seus problemas individuais, bem

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como os problemas sociais das comunidades onde vivem". (Totten, 1972). Educação Comunitária tem sido considerada uma inovação educacional recente, embora não seja realmente nova.

A novidade consiste em imprimir sentido mais amplo ao conceito de educação e propor um programa educacional participativo. Essa concepção transcende ao sistema educacional tradicionalmente estruturado, uma vez que considera cada indivíduo e cada estabelecimento da comunidade como

parte integrante do processo educativo. .

Analisando todo o contexto que a envolve, percebemos que existe um grande caminho que vai fornecer oportunidades educacionais para toda a comunidade. A sua principal meta é encontrar e usar os méto~os, as forç~s e fatores de aprendizagem que emergem da comunidade com o frrn de capacitar a todos a aprender o que devem saber para reso~ver seus problemas e melhorar suas vidas incluindo alunos, professores, pais, homens, mulheres, velhos, todas as pessoas, formando uma grande classe. _, . , . ,

Ainda dentro desta conceituação, a Educaçao Comunitárta esta preoc~-pada em encontrar caminhos par~ aj.~~da~a min.imizar as cau~as responsãveis pelo analfabetismo, pobreza, delinqüência, desigualdade SOCial,desemprego e todas as formas de conflito entre as pessoas.

A Educação Comunitária pode ser analisada sob dois. enfoques: No pri-meiro enfoque podemos considerá-Ia como um

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p r o c e s s o , isto é, capacitar as pessoas para mais efetivamente identificar os problemas que as ~f~tam. No segundo enfoque, 'pode ser considerada como um p r o g r a m a . de atividades ou

serviços estruturados, em resposta aos problemas ou necessidades, tanto das pessoas da comunidade, como da pr,ópria escola. ..

Uma explicação se faz necessana quanto aos limites e alcances das

ex-pressões Educação Comunitária e Comunidade Escolar. .

A primeira, como já foi mencionado acima, é um ~r?Ces~o ~e ~nvol~~-mento da comunidade, através do qual as necessidades individuais sao identifi-cadas e reconhecidas independentemente da área enfocada e da organização de onde se origina o programa. A segunda, re~ere-se a uma típi~a escola, ba-seada num programa de atividade para os residentes da comunidade escolar.

3 - OBJETIVOS E FUNÇÕES DA EDUCAÇÃO COMUNITÁRIA

O papel da Educação Comunitária varia de comunidade para comunida-de. Seu programa aproveita todas as experiências de ensino relevantes, na ten-tativa de ajudar o povo a descobrir suas potencial idades, resolver seus proble-mas, adquirir confiança neles próprios. Tenta melhor~r o ~í~el das p~ss~as alfabetizadas da comunidade, numa ajuda constante e sistemátíca, contnbum-do para estimular suas qualidades de liderança, adquirincontnbum-do técnicas de comu-nicação e práticas de relações humanas.

A criação de um programa efetivo de relacionamento entre escola e co-munidade faz-se necessãria, para melhorar o bem-estar físico e mental de todos os cidadãos e capacitá-Ios a se auto conhecerem, estabelecendo, de for-ma . correta, diretrizes de vida, desenvolvendo suas qualidades no mais alto grau possível. Neste particular, faz-se neces~rio menc!o,n~r a 'participação

de pessoas idosas num programa de Educaçao Comunitár ia, ajudando-as a

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continuar a preencher o tempo num trabalho dinâmico em suas comunidades e motivando aqueles que se resignaram a não ter uma vida ativa. A compreen-são entre os homens, a busca de uma vida melhor, e a procura de um lugar para viver é o papel da Educação Comunitária.

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4 - EDUCA';ÃO COMUNITÁRIA NOS ESTÀÔOS

üNilioS

DA"---' AMÉRICA

O movimento de Educação Comunitária, nos Estados Unidos, foi inicia-do nas últimas quatro décadas em Flint, cidade situada ao Norte de Michigan. Vagarosamente e consistentemente o movimento cresceu e ganhou acei-tação nos níveis local, estadual e federal. .

A idéia de Educação Comunitária se desenvolveu e se :propagou com relativa facilidade por fatores de natureza histórica, social, econômica e edu-cacional. O nível cultural do povo em geral é elevado, o número de analfa-betos está muito reduzido, as pessoas são politizadas e se interessam pela participação s atividades de grupo. Por todas estas razões, a Educação Co-munitária, neste país, se implantou rapidamente, por encontrar uma estrutura e um ambiente adequado ao desenvolvimento de programas dessa natureza. O país conta, atualmente, com quase uma centena de centros de Educa-ção Comunitária, localizados nas Instituições de Educação Superior, nas agên-cias educacionais de 45 Estados, possuindo alguns legislação própria, regula-mentada pelo governo federal e estadual, mantida por um grande número de organizações, formando, portanto, um dos mais importantes componentes de bem sucedidos modelos urbanos em todo o país. Seu objetivo geral é fazer da escola o centro da comunidade, oferecendo programas educacionais, recrea-cionais, culturais, vocarecrea-cionais, sociais, baseados nas necessidades locais, depois do horário regular da escola, iniciando após as 15:30 até às 21 horas. Esses programas são planejados de maneira a atender a grupos de diferentes idades e interesses diversos. ,

. Nesse país, o número de associações profissionais que apóia os programas de Educação Comunitária vem crescendo dia a dia, citando-se como a mais importante "The National Community School Education Association" (NCSEA), fundada em 1966.

Diversas agências promovem serviços recreacionais dentro de limites geo-gráficos específicos. Essas agências são mantidas por diferentes instituições, classificando-se, quanto a este aspecto, em agências particulares, agências pú-blicas, agências de voluntários, agências comerciais entre outras. As agências públicas compreendem: Departamento de Parque e Recreação, Distrito Es-colar, oferecendo à populaç" iervíços como: aulas de natação, dança, judô, caratê, música e esportes. As ••gências particulares, por sua vez, restringem ua atuação às camadas sociais de maior poder aquisitivo, oferecendo programa em clubes de campo, clubes de atletismo, clubes de fisioterapia e outro mal, As agências de voluntários prestam seus serviços através dos clube d LlonrI Rotary, Escoteiros, servindo à comunidade da forma que melhor Ih on vém. As agências comerciais, por sua vez, Jporcionam auvid d r Ct I

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nais tais como rinques de patinação, pistas de boliche, rinques de "skates", salões de jogos eletrônicos, visando atender a dimensão de educação para

o lazer. .

- Particularmente, no Estado do Colorado, a Educação Comunitária tem feito grande esforço para oferecer à sua c0n:tunidade programas na áre ~ de Educação de Adultos e de Educação Vocacional. Os programas oferecidos pela comunidade escolar são também extensivos e ~ontínuos, envolv~ndo pais, estudantes, agências representativas e pessoas Idosas. São oferecidos, ainda, programas especiais dirigidos à criança defeituosa e àquele~ que necessi-tam de instrução especial. Merece destaque o trabalho desenvolvido pela Fun-dação "Charles Stuart Mott Foundation Involvement", que já doou mais de um milhão de dólares às escolas de primeiro e segundo graus, em apoio à idéia de Educação Comunitária. Esses recursos visam à implementação de um plano qüínqüenal para essas escolas, a ser desenvolvido até 1983. A Fundação re-conhece a necessidade de identificar seus programas de investimentos com al-ternativas de introduzir o envolvirnento da comunidade nas escolas e cir-cunvizinhança.

Um outro relevante programa que o Estado do Colorado está desenvol-vendo é o chamado "Partiners of America" (Companheiros das Américas) que tem proporcionado uma série de a,tividades, ~~endo intercâmbio cul-tural entre professores e estudantes de palses da América do Sul.

No caso do Brasil, cada Estado tem um co-irmão americano, cit~ndo como exemplo o Estado de Minas Gerais que tem como companheiro o Estado do Colorado.

O programa que está sendo desenvolvido entre os doi~ ~~tados tem co~o metas: formar educadores na área de Educação Comunitària, promover m-tercâmbio, disseminar as idéias de Educação Comunitária através de todo o Estado de Minas Gerais.

5 - EDUCAÇÃO COMUNITÁRIA NO BRASIL

A Educação Comunitária no Brasil ainda se encontra em estado embrio-nário, a despeito de alguns esforços isolados e intermitentes. .

Num país como o nosso, onde o índice de analfabetismo é muito elevado e os recursos destinados à educação tomam-se cada dia mais escassos, progra-mas de Educação Comunitária se impõem como um possível caminho, uma vez que a Educação Comunitária. (solidária por. sua pró~r~ natureza) servir~ de suporte para superação das desigualdades SOClaIS,propiciando o desenvolvi-mento das comunidades a partir de seu próprio esforço e conscientização, preenchendo, assim, a grande lacuna deixada pela escola tradicional, dirigida exclusivamente para uma formação acadêmica, limitada e, até certo ponto, elitizante.

Só ultimamente, corno bem o demonstrou o III Seminário Interamerica-no de Educação Comunitária, realizado em Belo Horizonte, em outubro de

1979, a idéia de Educação Comunitária

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a p a r t ir d a e s c o la vem tomando

corpo, estando as autoridades governamentais bastante sensibilizadas para o problema.

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Em termos práticos pode-se dizer que o Brasil não conseguiu realizar grandes trabalhos neste setor; dois movimentos merecem destaque pelo per-centual de população atingida, bem como pelos objetivos almejados. São eles o Movimento Brasileiro de Educação (MEB) e a partir de 1967 o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), que por ser mais recente e encontrar-se em maior expansão encontrar-será enfocado neste artigo.

O MOBRAl foi criado como um pára-sistema educacional, destinado a atender à população não escolarizada. O programa destina-se à escolarização de adultos, ao desenvolvimento cultural, à educação para o lazer, bem como à qualificação para o trabalho, o que caracteriza uma ação educativa integrada.

Pela amplitude dos objetivos propostos e pelo alto índice populacional a ser atendido, o Movimento assumiu características de um programa comuni-tário, posto que, toda a população foi convocada a assumir sua parcela de responsabilidade na educação nacional. Se teoricamente o Movimento preten-deu desencadear uma ação comunitária, através da ação educacional partici-pativa, na prática, a própria posição ocupada em relação ao sistema de ensino regular, aliada a uma clientela culturalmente marginalizada, determinaram a impossibilidade de, através do MOBRAL, iniciar-se uma verdadeira revolução no sistema educacional, apoiando-o basícamente na ação da comunidade.

O Governo ederal, ao institucionalizar o MOBRAL, através da Lei 5.379, de 15 de dezembro de 1967, pretendeu erradicar o analfabetismo do país, o que obviamente não foi atingido. Entretanto, doze anos após a sua im-plantação, a Política Educacional, expressa no III Plano Setorial de Educação, volta-se, mais precisamente, para as populações urbanas e rurais, culturalmen-te marginalizadas e socialmenculturalmen-te carenculturalmen-tes, procurando um caminho para inte-grar o homem em seu ambiente, possibilitando-o a participar da vida social, em seu sentido mais abrangente. A fim de atingir esta meta, o Ministério da Educação e Cultura encontra-se empenhado em desenvolver programas dire-tamen te relacionados com as necessidades das zonas urbanas e rurais, como é o caso dos dois programas a seguir focalizados.

Os Programas de Ações - Sócio-Educativas e Culturais (PRODASEC) Para as Populações Carentes do Meio Urbano e Para o Meio Rural/situam a região nordeste como área prioritária, estando muito comprometidos com as classes sociais menos favorecidas. Concentram sua ação sobre as populações de áreas geográficas bem delimitadas, fazendo chegar a elas as diferentes li-nhas de atuação, dando apoio às ações de desenvolvimento e Educação C0-munitária de caráter formal e não formal, desenvolvidas por órgãos públicos e particulares integrantes ou não do setor educacional.

O Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP) também tem desenvolvido estudos que podem ser citados como de especial interesse com aportes à teoria do Desenvolvimento de Comunidades. Contudo, não passa de referências teóricas encontrando-se em fase de elaboração.

Além dessas referências mais amplas dirigidas para o desenvolvimento comunitário e ação social, alguns programas específicos de Educação Comu-nitária começaram a ser desenvolvidos em diferentes Estados do Brasil. Entre estes merecem destaque os seguintes:

P r o g r a m a d e A m p lia ç ã o d a E d u c a ç ã o P r é - E s c o la r (PAEPE) - Rio de

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neiro 1977 envolvendo a participação voluntária de mães ou de outras

pes-soas da com~riidade, aproveitando espaços ociosos da escola.

VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

A ç ã o I n t e g r a d a p a r a E d u c a ç ã o C o m u n i t á r i a - C o m u n i d a d e R u r a ~ ~ e P ~

F e r r o município de Bambuí Minas Gerais, com participação de vanos o~-

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, .' d ú . E E I MOBRAL e

envolvi-gãos do Estado, Prefeitura, In ústria; mater, sco as, mento da comunidade.

E d u c a ç ã o C o m u n i t á r i a e m P e r n a m b u c o , programa desenvolvido na co~u-nidade de Brasília Teimosa situada no Bairro de Pina, no Centro de Reclf~, tendo as relações escola/c;munidade como ponto de partida do desenvolvI-mento da Educação Comunitária.

U n i d a d e S a n i t á r i a M u r a l d o - S i s t e m a d e S a ú d e C o m u n i t á r i a - Progra-ma que está sendo desenvolvido nuProgra-ma área de 2,18 km2 com u~a p~p~la-ção de 28 111 habitantes no bairro de Partenon, Porto Alegre, c u jo objetivo precípuo

é

elevar o nível de saúde da população da área e conseqüentemente a qualidade da vida da comunidade.

C e i l â n d i a - A c i d a d e ... O h o m e m ... O t r a b a l h o c o m u n i t ~ r i o . Rr.asI1ia . Programa Integrado de Promoção Social e Humana, desenvolvido na ~Idade de Ceilândia, iniciado em 1975 com a participação ativa da comumdade.

A U n i d a d e E s c o l a r d e A ç ã o C o m u n i t á r ~ - U m a I ! x p e r i ê n c ~ a . e m E s c o l a s

R u r a i s n o E s t a d o d e S ã o P a u l o - Programa que esta sendo utilizado numa

área rural do Estado de São Paulo. no Vale da ~beir~,. iniciado .e m

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1 9 7 2 ;

somente nos últimos três anos a comunidade esta participando atlVamente.

A ç ã o d e D e s e n v o l v i m e n t o C o m u n i t á r i o - Promovida pe~a Florestal Ac~-sita S/A nas regiões do Vale do Jequitinhonha e Vale do Rio Doce, em MI-nas Ger;is, com a participação efetiva de todo o grupo, com

.0

voltada para objetivos da comunidade, iniciada em 1977.

P r o g r a m a d e D e s e n v o l v i m e n t o R u r a l n o E s t a d o d o P i a u i , lo~alizado em duas microrregiões situadas nos municípios de Teresina, c~pital do Estado, e Guadalupe, no interior, sendo escolhidas comunidades rurais com seu ~nv,ol-vimento ativo Foi firmado convênio com a Universidade Federal do PIa.uI, e a Universidad~ do Estado de Nebraska, com a homologação do M~nisténo da Educação e Cultura e sob os auspícios dos Companheiros das Américas.

A t i v i d a d e s I n t e g r a d a s V o l t a d a s p a r a u m a E d u c a ç ã o C o m u n i t á r i a . Estado de Santa Catarina. Programa em desenvolvimento de integração

escola/c_omu-nidade

que a partir deste ano fará parte do Plano Estadual de Educaçao do

Estado -

1980/83.

P r o g r a m a d e E d u c a ç ã o C o m u n i t á r i a , desenvolvido .na cida.de ?e Divinó-polis, Minas Gerais, em determinadas c?munidades ~~als e 'penfén~as com a participação das lideranças da comunidade, volu.ntano~, visando mtegrar o

homem

em seu meio, garantindo-lhe um nível de Vida mais digno.

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6 - A ESCOLA E A EDUCAÇÃO COMUNITÁRIA EM FORTALEZA

Em Fortaleza, como no resto do país, pouco se tem feito na área de Edu-cação Comunitária. As escolas de um modo geral não possuem um programa definido, entretanto alguns contatos são feitos entre esta e a comunidade, através dos alunos ou dos pais.

Alguns fatores de ordem social, econômica, material e humana, têm dificultado o desenvolvimento efetivo e objetivo de programas de Educação Comunitária nesta região. Entre estes destacam-se alguns que passamos a comentar. Em geral, os estabelecimentos de ensino funcionam em três turnos diários - manhã, tarde e noite, sem contudo conseguirem atender à crescente demanda. Suas dependências não são suficientemente grandes para aumentar a capacidade de atendimento do sistema de ensino, além das dificuldades de ordem financeira e da falta de pessoas habilitadas para trabalhar com a comunidade.

. Apesar de todas estas dificuldades, a escola tem provado ser ainda a me-lhor organização para servir como coordenadora e elo de ligação entre o siste-ma de ensino e a comunidade, uma vez que para lá convergem todas as aspi-rações da sociedade e os interesses do Estado .

Dentro dessa perspectiva, a partir da última década, foram construídos pelo Governo Centros Comunitários localizados em pontos estratégicos, a fim de atender e servir às populações dessas e de outras zonas da cidade. Geralmente, esses Centros vêm sendo dirigidos por pessoas ihteressadas, algumas sem qualquer habilitação específica. Não obstante apresentem defi-ciências, essas instituições oferecem à comunidade programas sociais, cultu-rais e esportivos que as qualifica para convênios de entrosagem com as escolas de primeiro e segundo graus, nos termos propostos pela Lei 5.672/71, em seu artigo 3, letra "b".

Ao lado dessas entidades existem outras associações, destinadas a uma clientela mais elitizada, que são os clubes sociais privados.

É de grande importância ressaltar o trabalho de desfavelamento empreen-dido pelo governo, para atender a uma grande quantidade de famílias menos favoreci das, constituindo-se um efetivo trabalho de desenvolvimento comuni-tário. Não podemos deixar de ressaltar a colaboração que os clubes de serviço como o Lions, Rotary, Câmara Júnior, Elos, as Associações Femininas, têm dado em benefício da comunidade, oferecendo suporte cultural e muitas vezes financeiro.

Nesse particular, deve-se destacar a atuação de órgãos como o Serviço ocial do Comércio (SESC), e o Serviço Nacional da Indústria (SENAI), numa linha de qualificação profissional e conseqüente promoção social. Uma palavra deve ser dada, ainda, sobre a ação comunitária que a Univer-'idade Federal do Ceará vem desenvolvendo, mais especificamente, através do ntro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária (CRUTAC) m comunidades interioranas. Ressalte-se o Estudo Experimental sobre

Meto-l i I gia de Ensino nas Escolas de Zona Rural, desenvolvido por uma equipe

I Pr fe ores do Departamento de Educação, realizado no município de

lr u p lp ca.e) Mais recentemente existe o projeto Aquirás.

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Como foi mencionado anteriormente, as escolas públicas encontram muitas dificuldades para servir, desenvolver e implementar um programa de Educação Comunitãría. No entanto, a experiência demonstra que a implan-tação de um programa é realmente difícil, mas não é impossível.

No momento vislumbra-se séria preocupação por parte das autoridades educacionais, em conscientizar os dirigentes das escolas sobre a necessidade de um trabalho integrado com a comunidade, em benefício dos alunos e .suas famílias, no sentido de proporcionar uma educação mais de acordo com

a realidade familiar.

. Por outro lado, a comunidade pr despertar e perceber que a escola sozinha, sem sua colaboração, não poderá realizar uma atividade social de real alcance em benefício de seus filhos, como também a escola precisa sentir que deve ajudar sua comunidade oferecendo não só o ensino acadêmico mas cursos que a comunidade possa aproveitar para utilizá-Ios como ajuda' para melhorar seus níveis de vida. A escola deverá então abrir suas portas nos fins de semana e também nos períodos de férias regulares?

Em suma, escola e comunidade precisam se unir para desenvolver um tra-balho efetivo e contínuo, em benefício, não só do alunado, como também

em benefício de toda a comunidade. .

7.4

Universidade Estadual do Ceará, Universidade de Fortaleza, outras Secretarias de Estado e Município, Centros Comunitários, Clubes de serviço, Clubes sociais e outras mais.

Criar um "Comitê Central" para elaborar um projeto de educação comunitária contando com a ajuda da Secretaria de Educação do Município e/ou do Estado, Uni~ersidades ~ .outras ,instituiçõe.s)á mencionadas. O grupo que compora este com~te devera ter exp.enen-cia na área educacional e conhecer as necessidades da comumdade.

7.5 Criar subcorriitês nas escolas que atuam diretamente na comunidade, acompanhando o bom desenvolvimento do programa, devendo cada escola indicar uma pessoa responsável pelas atividades.

7.8

Fazer uso do rádio, TV, jornais, indispensáveis para o estabeleci-mento de um sistema de boas comunicações com as autondades, escolas comunidade instituições públicas e particulares, e o povo em ger'al. A preparação de cartas, boletins, circulares será incluída no plano.

Elabo~r um programa baseado no levantamento dos recursos fí-sicos, financeiros e humanos, os quais deverão ser devidamente av~-liados no sentido de medir a praticabilidade do plano. Os dados reais reunidos pelos membros pertencentes aos subcomitês, contendo os desejos da comunidade, suas preferências, suas aspirações e sua pos-sível contribuição, construirão as prioridades recomendadas.

Os membros do "Comitê Central" receberão os relatórios dos se!!S subordinados e em seguida prepararão um único documento dirigido a todas as escolas comunitárias. Um esquema do plano trienal será discutido por todas as pessoas envolvidas no processo. Este plano definirá prioridades, instalações f~sicas, faci1i~a.des que serão usadas, procedimentos operacionais, medidas de efetividade, planos de con-trole e avaliação.

7.6

7 - DIRETRI~ES PARA. A I!dPLEMENTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE

EDUCAÇAO COMUNITARIA NA CIDADE DE FORTALEZA

7.7

Levando em consideração os estudos realizados e a realidade educacio-nal do Nordeste, propomos algumas diretrizes para a implementação de um programa de Educação Comunitária em Fortaleza.

7.1 Preparar todo o

EDCBA

S !!!ff das escolas, analisando com eles a importân-cia da Educação Comunitária para o desenvolvimento do homem sensibilizando-o através de palestras e reuniões para a necessidade d~ um maior envolvimento da comunidade nas atividades escolares. (Atividades estas que serão usadas por elas próprias para torná-Ias mais conhecedoras do mundo do qual fazem parte).

Convencer as autoridades educacionais da cidade e do Estado a tra-balharem juntas num plano de trabalho a ser desenvolvido na cidade

em uma área estratégica. As autoridades precisam conhecer suas

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c o

-munidades e sentir suas necessidades. E as escolas devem reconhecer que elas são o mais adequado veículo de penetração na comunidade. A escola abrirá suas portas ininterruptamente de janeiro a dezembro para oferecer programas especiais à comunidade.

8 INICIANDO AS ATIVIDADES

7.2

7.3 Incluir no plano de ação as organizações públicas e particulares é de grande importância. Ambas precisam estar envolvidas e comun-gando das mesmas idéias, porque o problema pertence também a elas, que devem contribuir no sentido de ajudar a dar melhores con-diç?e~ para o desenvolvimento dos programas. Dentre as instituições mais importantes podemos destacar as seguintes: Secretaria de Edu-cação ~~ Estado, Secretaria de EduEdu-cação do Município, Secretaria de Polícia, Batalhão de Trânsito, Universidade Federal do Ceará,

A fase de preparação do projeto- levará .u~ an? E baseado nas no~as estabelecidas anteriormente, o pessoal admínistratívo que desenvol:,era as atividades será escolhido e treinado. Um trabalho persistente e contínuo de convencimento será realizado, com o fim de desenvolver ~ma clara atitu~e através de toda a cidade, atitude esta voltada para o sentido de Educaçao Comunitária.

Esta fase culminará com a elaboração do plano trienal para

o

período de 1981 a 1983.

9 - PROCESSO A LONGO PRAZO

Embora o plano seja formulado por um período de 3 anos, será !ec~-mendada uma revisão anual do projeto, incluindo naturalmente uma avaliação

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e reformulação do plano, levando em consideração o desempenho do primei-ro ano de trabalho, como também as mudanças nas necessidades e preferên-cias da comunidade. O plano das atividades, para ser realístico e seguro, precisa ser essencialmente flexível e dinâmico.

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BA

Referências

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