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Número 8 4 o trimestre Marcos Santos - USP Imagens

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Academic year: 2021

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UM ANO PARA SE ESQUECER

Imagem do país no exterior despenca em 2015 e leva I See Brazil Index a 1,6 ponto

Número 8 | 4o trimestre | 2015

Crise política. Ameaça de impeachment. Desaceleração da economia. Perda do grau de investimento.

Desastre ambiental em Mariana (MG). Vírus zika. Ao longo de seus doze meses, 2015 trouxe o aprofundamento da situação crítica na política, na economia e em assuntos sociais e ambientais que já estava presente no ano anterior. A situação brasileira foi se tornando cada vez mais difícil – e a percepção da imprensa e de especialistas de outros países acompanhou essa tendência de perto. O retrato do Brasil como uma “nova potência”, “economia emergente de destaque” e “líder hemisférico” se desfez tão rapidamente quanto apareceu.

CADA SEMANA QUE SE PASSA EM MEIO À RECESSÃO NO BRASIL TRAZ UMA NOVA E MAIOR ESTIMATIVA EM TORNO DO ROMBO NAS FINANÇAS DO GOVERNO.

FINANCIAL TIMES, 9 DE NOVEMBRO DE 2015

O I See Brazil Index – metodologia criada pela Imagem Corporativa com a finalidade de medir as percepções externas em torno do país – mostrou que houve a continuidade da tendência de deterioração de imagem que teve início a partir do último trimestre de 2014. Considerando-se o resultado acumulado de 2015, a nota atribuída pelo indicador foi de apenas 1,6 ponto – mais de dois pontos inferior ao resultado obtido em 2014, que foi de 3,77 pontos. Vale lembrar que o índice é calculado em uma escala de zero a dez pontos, nas quais resultados abaixo de cinco pontos são considerados negativos.

Os desdobramentos das investigações da Operação Lava-Jato, que tratam do esquema de corrupção na Petrobras, e a crise política – os pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff, por um lado, e os embates com a Câmara dos Deputados, por outro – fizeram com que o subíndice I See Brazil Index Política apresentasse o maior recuo entre um ano e outro. A nota do país com relação à sua percepção externa

Roberto Stuckert Filho

AFP

Marcos Santos - USP Imagens

Wilson Dias, ABr

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Negligência provavelmente foi um fator crucial no rompimento da barragem [da Samarco] que devastou comunidades, causou destruição generalizada ao meio ambiente e matou pelo menos seis pessoas.

THE WALL STREET JOURNAL, 10 DE NOVEMBRO DE 2015

relativa à política caiu de 4,44 para 0,89 ponto. De forma similar foram registradas quedas nos subíndices I See Brazil Index Economia (de 4,088 para 1,82 ponto) e I See Brazil Index Socioambiental (de 2,999 para 1,78 ponto).

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Considerando-se apenas a abordagem da imprensa (uma vez que as notas do I See Brazil Index ponderam também a opinião de especialistas internacionais em América Latina e Brasil), observou-se ao longo de 2015 uma postura muito mais crítica com relação ao país. Nas 1.908 reportagens publicadas no ano que foram incluídas no estudo, é nítido um interesse maior sobre assuntos ligados à economia (47,33% do total) – com destaque para negócios envolvendo empresas brasileiras e, naturalmente, para a situação macroeconômica

do país.

A profunda crise na antiga maravilha econômica revela um sistema político quebrado e preso em megalomania, corrupção e desgoverno.

DER SPIEGEL, 10 DE OUTUBRO DE 2015

A crise entre os poderes Executivo e Legislativo, as

investigações da Operação Lava-Jato e as movimentações em torno de um possível processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff fizeram com que, mesmo em um ano sem eleições, a imprensa internacional dedicasse 40,15% de suas reportagens a questões políticas. Já a pauta de assuntos socioambientais encolheu para 12,53% do total – o que se deve ao fato de que os dois principais assuntos de interesse internacional em torno do tema (o desastre de Mariana e a proliferação do vírus zika) ocorreram no final do ano.

A inversão no teor das reportagens publicadas sobre o Brasil desde o final de 2014 continuou. Em 2015, quase três quartos (ou 72,3%) dos textos apresentaram uma percepção negativa em torno do Brasil, enquanto 27,7% das matérias foram favoráveis ao país. Vale notar que esses resultados são praticamente o contrário do que ocorreu em 2011, quando as reportagens positivas somaram 73,5% do total, e as negativas, 26,5%.

Naquele ano, o Brasil era visto como um exemplar país emergente que havia enfrentado de forma positiva a crise financeira mundial de 2008. Eram publicadas reportagens positivas sobre o ano inicial do primeiro mandato de Dilma Rousseff na Presidência da República; o ministro Guido Mantega (Fazenda) fazia otimistas previsões de que o Brasil seria a quinta economia mundial em breve; e quase 20% das matérias mostrava

Marcelo Camargo-ABr

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o país como um local de investimentos

estrangeiros. Quatro anos depois, essa imagem foi irremediavelmente deixada para trás – e o antigo “protagonista internacional” passa a ser visto como o “doente dos emergentes”.

Dois momentos da cobertura da revista: em 2009, o Brasil era visto como um país “condenado à pros- peridade”; no início de 2016, já se antecipava um ano bastante difícil para a antiga potência emergente.

BRASIL: ONTEM E HOJE

2009.11.14 | Suplemento especial sobre o Brasil 2016.01.02 | Capa Dilma

A MÍDIA DOS EUA E EXECUTIVOS DE NEGÓCIOS TÊM EXPRESSADO CHOQUE E SURPRESA PELO RÁPIDO DECLÍNIO DA ECONOMIA BRASILEIRA.

BENNO VAN DER LAAN, INTEREL GROUP (EUA)

2015.12.17 - La Nación 2015.11.28

The Economist 2015.12.02 - FT

2015.10.07 - Le Monde

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5 Com relação à distribuição das reportagens sobre o Brasil, vale ressaltar que mais uma vez o The Wall Street Journal foi a publicação que mais vezes citou o país, que esteve presente em 582 matérias ao longo do ano. Desse total, 72,85% (ou 424 textos) manifestaram uma percepção desfavorável, especialmente com relação à deterioração dos indicadores econômicos brasileiros e à difícil situação financeira da Petrobras.

A INSTABILIDADE DO GOVERNO

LENTAMENTE ERODINDO A CONFIANÇA DOS CIDADÃOS BRASILEIROS SOBRE O REGIME POLÍTICO DO PAÍS.

ROBERTO DURÁN, PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA (CHILE)

TRIMESTRE CRITICO

Tanto a crise política quanto a deterioração dos indicadores econômicos do país apresentaram seu ponto mais alto entre outubro e dezembro de 2015. Além disso, o desastre em Mariana (MG) e o aumento nos casos de microcefalia contribuíram ainda mais para que a imagem do Brasil no exterior apresentasse uma forte

queda ao longo do trimestre.

Com isso, o I See Brazil Index atingiu 2,2 pontos. Um resultado bastante fraco, consistente com a deterioração da nota observada nos trimestre anteriores. Os subíndices acompanharam essa tendência, com indicadores baixos no I See Brazil Política (0,96 ponto), no I See Brazil Economia (3,02 pontos) e no I See Brazil Socioambiental (1,86 ponto).

ABr

Tragédia de Mariana

2015.11.19 Der Spiegel - Desastre de Mariana

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A única nota que apresentou crescimento na comparação com o trimestre anterior foi a do I See Brazil Economia. Este comportamento não se deve a uma percepção mais favorável em torno da economia brasileira, mas sim ao registro de negócios envolvendo empresas brasileiras – como a compra da SABMiller pela AB InBev por US$ 109 bilhões, em outubro.

Houve um aumento na visão do Brasil como um hub para indústrias criativas em áreas como moda, cinema e design, assim como uma percepção positiva sobre a nova onda de jovens empreendedores brasileiros.

BEATRIZ GARCIA, UNIVERSADE DE LIVERPOOL (REINO UNIDO)

Mas, de forma geral, predominou a percepção já observada ao longo de 2015, que examinou de forma mais rigorosa os fatos em torno do Brasil no período. Considerando-se apenas as reportagens publicadas pela imprensa, por exemplo, as negativas responderam por 71% do total. Levando em conta os assuntos, houve uma visão mais crítica na cobertura política: 75,6% dos textos foram negativos.

2015.10.27 - Le Monde

2015.12.02 - WSJ 2015.11.13 Der Spiegel - Protestos

2015.11.01 - Le Monde

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Essa predominância de percepções negativas foi consequência do fato de que o 4º trimestre de 2015 foi um período bastante delicado em termos da imagem do país no exterior – e que, de certa forma, reproduziu as tendências presentes no restante do ano de forma mais intensa. Na política, a crise política chegou a seu ápice do ano no início de dezembro, quando o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),

Antonio Cruz - ABr

Valter Campanato - ABr

Enrique Castro - REUTERS

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acatou o pedido para abertura de um processo de impeachment da presidente da República Dilma Rousseff. Os avanços das investigações da Operação Lava-Jato, revelando a extensão do esquema de corrupção na Petrobras e o envolvimento de autoridades, assim como as denúncias em torno de Cunha e as tentativas do governo federal de buscar aliados com uma reforma ministerial, também contribuíram para esse quadro.

A desaceleração econômica, acompanhada pela escalada da inflação e aumento no desemprego, deram ao final de 2015 um tom desfavorável – que seria reforçado em dezembro, com a decisão da agência classificadora internacional Fitch de rebaixar o rating soberano no Brasil. A Standard &

Poor’s já havia reduzido a nota do país em setembro – quando foi perdido o grau de investimento. Tal estado de coisas fragilizou ainda mais a situação do ministro Joaquim Levy (Fazenda), que acabou sendo substituído na segunda quinzena de dezembro.

O MINISTRO [NELSON BARBOSA] INICIA SEU MANDATO COM UMA DESVANTAGEM:

SUA REPUTAÇÃO DE

“KEYNESIANO”.

LE MONDE,

23 DE DEZEMBRO DE 2015

Os textos da imprensa internacional que antecederam a 21º Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP-21), realizada em Paris

(França) no final do ano, trouxeram uma série de referências positivas

à redução no desflorestamento da Amazônia. No entanto, o rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, em

novembro, trouxe um tom bastante negativo na percepção externa em torno de temas socioambientais. A destruição trazida à região de Mariana (MG), assim como as evidências de negligência da mineradora, foram objeto de diversas análises, sempre negativas. “O rompimento das barragens provocou mortes e deixou uma imagem de ineficiência”, afirmou o professor Roberto Vecchi, da Universidade de Bolonha (Itália). Outra questão apareceria com força no final do ano: a proliferação de casos de microcefalia, causados pelo vírus zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.

Alguns dos temas que poderão continuar presentes no primeiro trimestre de 2016 são:

• A desaceleração econômica do país;

• A retomada da crise política;

• Manifestações de rua pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Outros assuntos que poderão ganhar força entre janeiro e março deste ano incluem:

• A continuidade das investigações da Operação Lava-Jato;

• Os efeitos da queda nas cotações internacionais do petróleo;

• Trasmissão do vírus zika;

• Preparativos para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

O que vem por aí

Mosquito da zika 2015.12.28 - NYT

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9 O I See Brazil é produzido pela agência de comunicação Imagem Corporativa com a finalidade de mostrar como está a imagem do Brasil em outros países, reunindo e analisando referências à política, à economia e aos as- suntos socioambientais. Os resultados são ponderados e geram uma nota de zero a dez – o I See Brazil Index – que traduz como o país foi visto no exterior naquele tri- mestre. Sua metodologia leva em conta a avaliação dos principais veículos da imprensa internacional e de uma equipe de especialistas de outros países.

O I See Brazil analisa as reportagens sobre o Brasil, pu- blicadas ao longo de 2015, por nove veículos internacio- nais de imprensa:

• Clarín (Argentina);

• Der Spiegel (Alemanha);

• El País (Espanha);

• Financial Times (Reino Unido);

• La Nación (Argentina);

• Le Monde (França);

• The Economist (Reino Unido);

• The New York Times (EUA); e

• The Wall Street Journal (EUA).

Além disso, o boletim traz os resultados de uma pesquisa feita com especialistas internacionais que opinaram sobre a imagem do país. Participaram do levantamento em 2015: Beatriz Garcia, da Universidade de Liverpool (Reino Unido); Benno van der Laan, do Interel Group (EUA); Laurie Williford e Bryan Reber, da Universidade da Geórgia (EUA); Mary Paula Arends-Kuenning, do Lemann Institute for Brazilian Studies (EUA); Michael Kuczynski, do Centre of Latin-American Studies da Universidade de Cambridge (Reino Unido); Roberto Durán, do Instituto de Ciência Política da Pontificia Universidad Católica do Chile (Chile); Roberto Vecchi, da Universidade de Bolonha (Itália); Stephanie Dennison, da Universidade de Leeds (Reino Unido); Walter Astié Burgos, da Universidade Anáhuac México Sur (México); e Zhou Zhiwei, do Centro de Estudos Brasileiros do Instituto da América Latina, Academia Chinesa de Ciências Sociais (China).

Foram considerados ainda relatórios e análises sobre o Brasil elaborados por: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal); Deloitte Touche Tohmatsu; Deloitte University; Deutsche Bank; Eurasia Group; Fitch; Institute of International Finance (IIF);

Moody’s; Pioneer Investments; Real Instituto Elcano;

Standard & Poor’s; e Stratfor.

Referências

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