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FRAGMENTOS DE UMA CIDADE:a Cidade do Rio Grande frente a alguns aspect

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FRAGMENTOS DE UMA CIDADE:

a Cidade do Rio Grande frente a alguns aspectos da Modernidade*

BEATRIZ ANSELMO OLlNTO"

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M ilh õ e s d e o lh o s e rg u e m -s e d ia n te d e ja n e la s p o n te s a lc a p a rra s e

SRQPONMLKJIHGFEDCBA

é c o m o s e e x a m in a s s e m u m a p á g in a em b ra n c o . M u ita s c id a d e s (...) e v ita m 0 $ o lh a re s , e x c e to

q u a n d o p e g a s d e s u rp re s a .

ITALO CALVINO,A s C id a d e s In v is ív e is .

U m a d a s fo rm a s d a s a ú d e é a d o e n ç a . U m h o m e m p e rfe ito ,se e x is tis s e , s e ria o s e r m a is a n o rm a l q u e s e p o d e ria e n c o n tra r.

FERNANDO PESSOA,L iv ro d o D e s a s s o s s e g o , v. 1.

Pelas ruas da cidade, por entre objetos, estátuas e propagandas,

as multidões de pessoas anônimas circulam incessantemente. Por trás de

cada um, um olhar inventando e reinventando esse microcosmo social.

Infinitas cidades em uma só, onde se organizam relações, discursos e

práticas. Espaço onde o cotidiano se inventa com mil maneiras de "caça não autorizada,,1 . O historiador também constrói uma visão, escrevendo história

em meio a fontes escritas e lembranças, dialoqando com estas e

permeando-as com o seu olhar, na busca de analisar, compreender,

interpretar um jogo intrincado de mediações, mudanças, adaptações e

resistências .

O olhar está perdido por entre as ruas de uma cidade chamada Rio

Grande, no Estado do Rio Grande do Sul. Cidade localizada em uma

peninsula espremida entre a Lagoa dos Patos e o Oceano Atlântico, um

lugar onde o ser humano teima há séculos em tentar estabelecer-se, contra

as intempéries da natureza. Uma região plana, formada de banhados e

---

Epid 'Artigo extraído da dissertação de mestrado "Uma Cidade em Tempo de emia", desenvolvido na Universidade Federal de Santa Catarina.

"Mestranda em História pela Universidade Federal de Santa Catarina.

• 1O termo "caça não autorizada" é de Michel de Certeau, em A In v e n ç ã o d o

l/ano, onde se refere às "maneiras de empregar os produtos impostos", em uma

~Priação e utilização de infinitas metamorfoses cotidianas.J á em Italo Calvino buscam-se

a d e s In v is lv e is , para compor a idéia de múltiplas cidades envoltas em memória e olhar.

(2)

dunas de areia, onde o vento muda de direção e intensidade, mas nunca se

ausenta. No presente, olhar para os seus prédios mais velhos do que

antigos, com as suas marcas deixadas pela umidade, é como ver lágrimas escuras que marcam um rosto triste.

O vento traz consigo os odores do mar, da areia, da chuva e das

indústrias No seu assovio, tem-se a impressão de ouvir vozes que contam

histórias de um passado, atordoando a ciência para falar de experiências

possibilitando um diálogo de temporalidades em que sujeito e objet~

fundem-se, contruindo a história Como diria Bibiana, personagem de Érico

Veríssimo: "noite de ventania, noite dos mortos"."

Essas histórias, essa multiplicidade de cidade, é com que se

pretende compor um diálogo, construindo algumas histórias possíveis, ao

perder-se pelas suas ruas, praças e cais por entre as primeiras décadas do século XX.

O

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s é c u lo X X , ta m p o u c o c o m o

SRQPONMLKJIHGFEDCBA

o a n te rio r, n ã o s o u b e c o rrig ir a d is c re p â n c ia e n tre as e n o rm e s p o s s ib ilid a d e s a b e rta s p e lo p ro g re s s o d a té c n ic a - as a s p ira ç õ e s d a m o d e rn iz a ç ã o - e a

fa lta e fe tiv a d a c ria ç ã o d e u m m u n d o m e lh o r. 3

Um novo século iniciava-se; a jovem república brasileira

continuava fazendo a riqueza dos cafeicultores, o endividamento do país e a

miséria da maioria da p o o u r a ç ã c " . Em nome da modernidade, a sociedade

era esquadrinhada e dissecada pelos saberes científicos, que impunham

sobre esta novas possibilidades técnicas, mas mantinham a mesma ordem

social. O corpo da sociedade era o alvo de uma proteção quase médica;

sobre ele eram aplicadas receitas terapêuticas, como a eliminação dos

doentes, o controle dos contagiosos e a exclusão dos detinqüentes". Nesse

sentido desenvolveram-se práticas intervencionistas no meio urbano, afinal a

concentração de pessoas havia-se revelado um paradoxo: se por um lado

possibilitava a aglutinação da mão-de-obra, a divisão do trabalho, a maior

produtividade, por outro representava uma ameaça potencial permanente à

"sociedade civilizada", não só pelo perigo de rompimento da ordem

estabeleéida, mas também pelo espectro da contaminação, já que o pobre

era visto pelas elites como um transmissor potencial de doenças, devido aos seus hábitos "degradados":

2VERISSIMO, Érico. A n a T e rra .

3BOLLE, Wille. F is io g n o m o n ia d a M e tró p o le M o d e rn a . São Paulo: Edusp, 1994. .

4 PESAVENTO, Sandra J. H is tó ria d o B ra s il C o n te m p o râ n e o . Porto Alegre.

UFRGS, 1991

5FOUCAUL T, Michel. M ic ro fís ic a d o P o d e r. 10. ed. Rio de Janeiro: Graal. 1992.

1 4 8

A in te rv e n ç ã o té c n ic a n a c id a d e p a rtic ip a d e u m m o v im e n to d o c o n h e c im e n to q u e p a rtiu d a C irc u n s c riç ã o d a d o e n ç a e d a o b s e rv a ç ã o d o s c o rp o s d o e n te s p a ra m o d ific a r om e io fís ic o em q u e a d o e n ç a a p a re c e . 6

Havia então uma necessidade de esquadrinhar, tornar legível,

disciplinar essa população. É o momento em que o saber médico-higienista lança o seu olhar sobre a sociedade, intervindo no sentido de constranger as

pessoas a um comportamento previsível e predeterminado, estendendo à

população pobre as regras disciplinarizadoras da "civilização".

Como a luz de uma vela sobre o papel branco torna-o aos olhos

amarelado, e a pouca intensidade da sua claridade deixa sombras que

pedem um maior esforço à visão, não afastando a escuridão a uma distância

confortável, para quem já está acostumado à iluminação elétrica, esta sim,

terminando com o mistério da penumbra, expõe a uma luz intensa e objetiva todos os cantos de um lugar, tornando impossível não enxergá-Ios como de

"fato" são, sem a dúvida que permitiria uma diversidade de elucubrações e

interpretações sobre eles; é dessa forma que a ciência lançou-se sobre a

sociedade, esmiuçando-a em todos os cantos, terminando com os mistérios,

estabelecendo "verdades", colocando coisas e pessoas sob a sua luz. Não é

à toa que é prática em um interrogatório focar-se uma luz intensa sobre os

olhos da vítima, a "luz da verdade", quando não é mais possível continuar mentindo. No caso, a "vítima" poderia ser a sociedade, sobre a qual a luz da ciência estava focada, regrando hábitos, gerenciando viveres.

Papel fundamental nessa intervenção é o exercido pela medicina e

o urbanismo. Desde o final do século XVIII, a Inglaterra presenciara o

aparecimento de uma "medicina social", que possibilitava a submissão da

população pobre a partir do momento em que esta se beneficiava do

sistema de assistência". É uma intervenção no corpo e na saúde do pobre,

tornando-o mais apto ao trabalho e menos ameaçador à sociedade,

necessidade que crescia à mesma medida que a multidão nas ruas dos

centros urbanos, hordas de operários, subempregados e desempregados

que haviam surgido junto com a industrialização. Já nos meados do século

X I X , são realizadas as reformas de Haussman em Paris. É um rnornentc em

que o urbanismo lê a cidade com o intuito de facilitar a circulação: grandes avenidas substituem as antigas ruelas e becos; parques, onde o ar possa

-c . 6BRESCIANNI, Maria Stella. P e rm a n ê n c ia e R u p tu ra n o E s tu d o d a s C id a d e s .

~nferencia, UniCamp, 1990. Também ver sobre as cidades e a multidão em Brescianni:

n d re s eP a ris , o e s p e tá c u lo d a p o b re z a . 7. ed. São Paulo: Brasiüense,: 1992.

Pe rSobre os olhares lançados sobre a cidade, ver: BRESCIANNI, M. S. Ruptura e

q Ilnanêncla no estudo das cidades. Sobre a "medicina social", Michel Foucault trabalha essa

Uestão em A M ic ro fís ic a d o P o d e r. op. cit.

(3)

purificar-se; o embelezamento para a cidade que seria "Luz".

No Brasil, percebe-se, principalmente a partir da virada do século

uma tendência crescente em meio às elites intelectuais, governamentais ~

econômicas de comporem discursos e práticas visando esse esquadrinhar

da sociedade em nome da modernidade e da civilização. Desta forma, as

reformas higiênico-urbanas iniciam-se nas principais cidades do Brasil.

As reformas empreendidas na prefeitura do engenheiro Pereira

Passos no Rio de Janeiro são o exemplo típico; por um lado a remodelação da cidade, com a abertura de avenidas, demolição dos cortiços, a expulsão

dos pobres do centro da cidade e o embelezamento, por outro a campanha

sanitarista a cargo do médico Oswaldo Cruz, tendo

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c o m o objetivo principal o

combate à febre amarela, à peste bubônica e à varíola. Com vistas a

melhorar a imagem da cidade, pois a sua insalubridade prejudicava o

comércio e a vinda de imigrantes, essas reformas também atingiam o perigo

que representava para as elites a divisão do mesmo espaço com os pobres,

operários e, conseqüentemente, considerados "doentes". Impostas

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à

população através de uma intervenção constante, coercitiva e autoritária,

estabelecendo regulamentos de saúde, proibindo habitações insalubres,

promovendo invasões de domicílios, vacinações obrigatórias, essas

campanhas ocasionaram várias formas de resistência, não só abertas e

diretas, como a Revolta da Vacina, mas também um engendrar de

comportamentos e adaptações no sentido de possibilitar a sobrevivência

díaría."

Nas reformas no Rio de Janeiro, vê-se um trabalho conjunto entre

engenheiros e. médicos, mas essa relação não é sempre "harmoniosa",

principalmente nas regiões do país onde os positivistas estavam mais

diretamente ligados ao governo, como no caso do estado do Rio Grande do

Sul, onde estes governavam.

A singularidade do Rio Grande do Sul nesse momento vem do fato de que, nesse estado, os positivistas estavam diretamente no governo. As

restrições de Augusto Comte em relação aos médicos, aos quais tinha

severas críticas, por achá-los materialistas, pois que "estes consideravam o

ser-humano como um corpo, não compreendendo a indivisibilidade deste

ser", iria marcar o pensamento dos positivistas qauchos". Como fora visto

no Rio de Janeiro, durante a Revolta da Vacina, onde os positivistas

8Sobre as reformas no Rio de Janeiro e suas correpondentes resistências, ver:

CARVALHO, José Murilo. Os B e s tia liz a d o s ; SOIHET, RacheI. O R io d e J a n e iro n a B e lfe

É p o q u e : modernização conservadora e resistência popular.

9Segundo Günter Weimer, Augusto Comte entenderia que a medicina estava

ligada exclusivamente à patologia fisiológica, razão por que reservava-lhe um lugar bastan~e

desprezível dentro do contexto geral da biologia. (WEIMER, G. U rb a n is m o n o R io G ra n d e o

S u l. Porto Alegre: UFRGS, 1992. p. 95).

150 BIBlOS, Rio Grande, 8 : 1 4 7- 1 5 8 , 1 9 9 6 ·

:'\- .,

•. >- \ ;;:_~, ~ .,~

ortodoxOS haviam sido contra a vacinação obrigatória, pois não aceitavam

nem

a existência do vírus, nem a interferência do poder material (o governo)

em questões de saúde, área reservada ao poder espiritual.

Para os positivistas rio-grandenses criava-se uma necessidade de

compor respostas positivistas para as questões coloca?as no momento.

Essas respostas configuraram-se através de deixar a cargo - não dos

médicos, mas sim dos engenheiros - os grandes projetos estaduais da

modernidade: urbanização, saneamento e higienização das principais

cidades do estado. Para isso foram criadas escolas de engenharia e nelas

instituídos cursos voltados especificamente para essas áreas1 0 , afinal não

havia muitos profissionais com essas especializações no Rio Grande do Sul.

Dessa forma, logo a cidade do Rio Grande seria a primeira do interior a ser saneada. Afinal, como único porto marítimo do estado, era uma região estratégica, o que a colocava no centro desses projetos, como será

visto a seguir. Já em 1909 o plano de saneamento de Rio Grande estava

pronto, mas somente em 1917 as obras seriam iniciadas, o que ocasionaria

que no ano de 1918 as ruas da cidade estivessem com enormes valas

abertas para a colocação dos encamentos para os esgotos, gerando

transtornos à população e a conseqüente antipatia pelas o b r a s . "

O projeto previa a instalação de redes de abastecimento de água e esgoto, além de uma drenagem dos inúmeros terrenos alagados da cidade.

É importante ressaltar que nos próprios relatórios das obras estava

determinada uma divisão de espaços entre médicos e engenheiros:

O s a n e a m e n to d a s c id a d e s n a p a rte q u e a fe c ta à e n g e n h a ria , c o m p re e n d e : s e rv iç o d e á g u a s , s e rv iç o s d e e s g o to s , d re n a g e m ,

re m o ç ã o e tra ta m e n to d o lix o , a e ra ç ã o e is o la ç ã o d a s ru a s e p ré d io s , e c a lç a m e n to s . T ra ta n d o a e n g e n h a ria d e re s o lv e r e s te s p ro b le m a s , c u m p re a h y g ie n e , e s p e c ia lm e n te a fe c ta a o s m é d ic o s , z e la r p e la m a n u te n ç ã o d o a s s e io em to d o s e s s e s s e rv iç o s e m a is a in d a p e la lim p e z a d o s p ré d io s , p e la v e rific a ç ã o d o b o m e s ta d o d o s g e n e ro s d e a lim e n ta ç ã o , p rin c ip a lm e n te o le ite , p e la in s p e c iã o de p a d a ria s , h o te is o u re s ta u ra n te s e la v a n d e ria s (síc).'

. A divisão aí colocada deixa o saber médico em uma posição

Inferior, como zeladores de um projeto, pensado e executado pelos

---1 0Idem, p. 97.

1 1Durante c-período anterior à epidemia, o jornal E c h o d o S u l refere-se a essa

1 2Relatório da Comissão de Saneamento, ano 1917, p. 6.

snuação.

B l a l O S , Rio Grande, 8 :1 4 7 _ 1 5 8 , 1 9 9 6 .

151

I

UFPR _

Be/SA

(4)

engenheiros: a estes sim caberia olhar cientificamente para a sociedade e reorganizá-Ia.

Várias outras obras estavam sendo realizadas na cidade com

vistas à modernidade; as obras no porto vinham sendo realizadas desde a

virada do século e seriam encerradas somente no ano de 1919. Através de

empréstimos no exterior, elas visavam possibilitar uma atracação em cais e

não mais que os navios fossem apenas fundeados em frente ao porto, o que

possibilitaria uma maior facilidade de carga e descarga, além de uma maior

rapidez."

Por outro lado, os médicos, dentro da divisão das funções já

referida, zelavam pela higiene da cidade através da Diretoria de Higiene e

Assistência Pública Municipal; fiscalizavam os matadouros, faziam visitas

domiciliares e prediais, além de verificar a limpeza da cidade e realizar um

trabalho de assistência ápopulação, ao qual o relatório sobre o ano de 1917

se refere:

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C o n tin u a d e fe itu o s a

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e in s u fic ie n te a n o s s a a c tu a l in s ta la ç ã o q u e s e ria c o n v e n ie n te s e r m e lh o ra d a e m o d e rn is a d a o q u e j á e x ig e m n ã o s 6 o d e s e n v o lv im e n to d a c id a d e , c o m o ta m b é m o

d e v e r d e c o rre s p o n d e r a c o n fia n ç a e a c c e ita ç ã o p u b lic a s

(sic)."

Não só através de grandes obras e por fiscalização conjunta ao

governo o saber científico estava permeando a sociedade. Os seus múltiplos

e heterogêneos discursos, mesmo conflituosos entre si, dissecavam cada

meandro desta. No A lm a n a q u e G lo b o , editado em Porto Alegre no ano de

1918, encontra-se até mesmo uma descrição estabelecendo o que é

chamado de "A Mulher Perfeita", na qual consta o peso, o comprimento, a

largura e a proporcionalidade entre os membros de uma "mulher

perfeitamente formada", que inclusive deveria medir entre 1,57m e 1,70m e

"ficando erguida (...) um prumo ou linha vertical traçada desde a ponta do

seu nariz ao chão deverá ficar separado uns trez centimetros dos dedos

polegares dos pés", (sic) além de inúmeras outras especificações

em

medidas definidas 1 5 . Até mesmo sobre a arte estava focada a luz

desmitificadora da ciência, pois se a arte é uma manifestação da sociedade,

esta também deveria ser regrada e disciplinada para trabalhar como

um

"agente da civilização", pelo menos em artigo também publicado no

1994

1 3MOTOYAMA, Shozo. T e c n o lo g ia eIn d u s tria liz a ç ã o n o B ra s il. São Paulo: Unesp,

1 4Relatório da Delegacia de Higiene e Assistência Pública, ano 1917, p. 2.

1 5A lm a n a q u e G lo b o . Porto Alegre: Ed. Globo, 1918, p. 124.

5 8 1 9 9 5 .

BIBLOS, Rio Grande, 8: 147.1 ,

1 5 2

A lm a n a q u e G lo b o de 1918, cujo autor, que assina Ramalho Ortigão,

escreve:

A a rte m o d e rn a n ã o p o d e h o je b a s e a r-s e em ris o n h a s c o n je c tu ra s a b s tra ta s , te m d e a s s e n ta r, p a ra q u e n o s in te re s s e

ep a ra q u e te n h a a im p o rta n c ia d e u m a g e n te d a c iv ilis a ç ã o , em fa c to s d e c a ra te r s C ie n tific o , is to é , em fa c to s q u e s e ja m a fu n c ç ã o d e le is s o c io lo g ic a s . Q u e re m o s fa c to s , n ã o q u e re m o s e x c la m a ç õ e S (s ic ).1 6

Mulheres perfeitas e uma arte feita de fatos: a cíêncía impusera os ditames de uma Sociedade moderna, com pessoas ideais e manifestações civilizadoras. A vida podia ser definida por verdades rígidas e totalizantes . O

saber empírico era desmerecido com intensa propaganda de remédios,

tratamentos e dos próprios médicos, desde o enaltecimento dos institutos

Osvaldo Cruz ou Pasteur até a medicina homeoPática, cada um com os

seus métodos, mas sempre possuindo o poder de curar cientificamente e

estirpar os hábitos ignorantes. O discurso dos médicos estava longe de ser

coeso entre si, mas estes concordavam que a ciência possuía todas as

respostas, fossem quais fossem. Pode-se perceber isso nesta passagem da

R e v is ta P ro p a g a d o ra d a M e d ic in a N a tu ra l:

A e s te s q u e s e c o m p õ e a m a io ria , é q u e n o s c h a m a m o s d e ig n o ra n te s p o rq u e n ã o te m a p e rfe ita n o ç ã o d a s c o u z e s . N ã o s e

c o n h e c e m a s i m e s m o , n ã o c o n h e c e m a o s e u s e m e lh a n te , n ã o c o n h e c e m p e rfe ita m e n te o b je to a lg u m d e tu d o q u e o s c e rc a

(sic).17

Outro ponto importante a ser ressaltado é a mistura de teorias

eugênicas, em que o aprimoramento do meio é o caminho para a melhoria

da raça, com pinceladas darwinistas, através de apelos à seleção natural,

permeando esses discursos. 18

". c o m o o a g ru p a m e n to d e p o p u la ç õ e s p o r s i so, é o s u fic ie n te p a ra a s le v a r a u m c e rto g ra u d e d e je n e re s c e n c ia , em

---1 6ldem, p. 1 6 0 .

1 7R e v is ta P ro p a g a d o ra d a M e d ic in a N a tu ra l, p. 4.

t a t r a 1 8A eugenia é usualmente influenciada pela genética lamarckiana, e é de

! .'I a P nhar essa aproximação çorn idéias de seleção natural. No Brasil a eugenia foi a teoria que

s.ep0nd.eu aos anseios das elites empenhadas na higienização civilizadora. Segundo Nancy

Ioci ~,n, se recebeu a eugenia Como uma 'nova' ciência capaz de produzir uma 'nova ordem

a atraVés do aprimoramento médico da raça humana" (Quipu, p. 357).

'8, Rio Grande, 8: 147 _ 158, 1996.

(5)

v irtu d e d a le i d e tra n s fo rm a ç ã o d e m a te ria s q u e

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

se o p e ra , está e v id e n te q u e

SRQPONMLKJIHGFEDCBA

a m a io ria está s e m p re p e lo s fra c o s , p e lo s c u rto s

d e v id a , p e lo s p o b re s .p o d e h a v e r u m p ro d u to m a is e le v a d o q u a n d o a s e le ç ã o n a tu ra l re u n iu d o is e n te s d e c o m p o s iç ã o ro b u s ta ... (sic)."

Mas discursos são construções plurais, e as discordâncias dentro

da corporação médica são múltiplas; se por um lado o padrão Oswaldo Cruz é enaltecido, como pela R e v is ta M é d ic o C irú rg ic a d o B ra s il, pelos relatórios

da Delegacia de Higiene da Cidade do Rio Grande e até mesmo em

propagandas da Faculdade de Medicina de Porto Alegre, também

encontram-se críticas exacerbadas ao seu trabalho, no caso, sobre a

campanha contra a febre amarela no Pará, assinada pelo Dr. Saturnino

Fernandez y Alonso:

P e rm ita -m e d iz e r q u e p a ra c h e g a r a e s ta c o n c lu s ã o ( a te o ria d o

D r. O s w a ld o C ru z lim ita -s e a m a ta r to d o s q u a n to s m o s q u ito s a q u i e x is tire m in fe c ta d o s c o m o v iru s a m a ri/ic o e n ã o p e rm itir q u e o u tro s m o s q u ito s se in fe c c io n e m ) o p a trio tic o e b e n e m e rito e tc . D r. O s w a ld o C ru z o b rig o u a v , e x c o s r. g o v e rn a d o r a fa z e r u m a d e s p e z a d e tre z m il c o n to s d e ré is p e lo p rim e iro c a lc u lo

d e n tro d e u m a n o , e q u e se o q u iz e r le v a r a c a b o ta lv e z a in d a e x c e d a m u ito d is s o ; e e u c o m o s im p le s c h a rla tã o e p e lo fa to d e q u etra b a lh o em p ro l d a h u m a n id a d e v o u in d ic a r-lh e c o m q u a tro p a la v ra s o u tro p ro c e s s o q u e s e m g a s ta r u m u n ic o re a l, e s e m c a u z a r in c o m o d o a lg u m as fa m ilia s q u e a q u i h a b ita m c h e g a rá em tre z m e z e s a o n d e o D r. O s w a ld o d iz c h e g a r em u m a n o . (. ..) n ã o p e rm itir q u e s a lte p a ra a te rra p e s s o a a lg u m a q u e p o s s a s e r s u s c e p tiv e l d e c o n tra ir a fe b re a m a re la , fe ito is to d u ra n te tre z m e z e s , te re m o s a c e rte z a q u e n ã o h á m a is m o s q u ito a lg u m in fe c c io n a d o (. . .) , o u n ic o m e io d e d im in u ir os m a le s d e to d a e s p e c ie q u e a flig e m a h u m a n id a d e e s tá n a h ijie n e p u b lic a ep riv a d a . F a ç a -s e h ijie n e (sic).2o

As rivalidades internas entre os próprios médicos e o papel

secundário destes no Rio Grande do Sul frente aos engenheiros parecem

ser alguns caminhos que permitiam que mesmo com todas as campanhas

higienizantes sobre a população pobre, e mesmo com a medicalização

interna da familia burguesa, em que o médico vinha substituindo o padre

19R e v is ta P ro p a g a d o ra d a M e d ic in a N a tu ra l, op. cit.

2 0 Idem. p. 10.

154 e r e t o s . Rio Grande. 6: 147 _158.1996.

corno conselheiro e conhecedor da intimidade desta, o médico não

coseguisse ganhar uma total confiança em seu saber pela população. Em meio a artigos sobre higiene e civilização do A lm a n a q u e G lo b o de 1918, há

um poema de um poeta medieval português, que escreve:

o m é d ic o é s e m p re u m c e g o , Q u e te m n a s u a m ã o u m c a ja d o ;

P a ra e x e rc e r s e u e m p re g o

É p e lo e n fe rm o c h a m a d o .

L u c ta n d o o vê c o m am o le s tia , Q u e r ác o n te n d a p ô r te rm o , E rg u e o p a u , d á s e m d e te n ç a ;

M a ta , s i a c e rta n o e n fe rm o ,

C u ra , s i e s m a g a ad o e n ç a (síc)."

Sobre o médico na família burguesa, este há muito havia ocupado

um lugar que durante muitos séculos pertencera aos padres. Agora os

segredos mais íntimos eram confiados a alguém que forneceria explicações

científicas sobre o que causava a "histeria" nas mulheres, os hábitos

"depravados" nos homens, etc.22. Os novos saberes sobre a saúde.e o

corpo invadiram o espaço privado, com a intenção de "melhorar a família para melhorar a sociedade", a partir do momento em que se confia nesse

saber, o que possibilita uma transformação dos valores familiares, em que o

saber empírico transferido de mãe para filha perde espaço para a

cientificidade médica:

(. . .) o u tro s m o tiv o s e x p lic a m a in s is tê n c ia d a m e d ic in a h ig iê n ic a

em d e n o m in a r e c la s s ific a r fe n ô m e n o s fís ic o s e s e n tim e n ta is . A n e c e s s id a d e d e a p re s e n ta r o b a n a l s o b o s ig n o d o in s ó lito e ra u m a c o n d iç ã o n e c e s s á ria à im p la n ta ç ã o d a h e g e m o n ia m é d ic a .

A m e d ic in a s o c ia l c ria v a o fa to m é d ic o in é d ito e a p re s e n ta v a -o

à fa m ilia , q u e , a tô n ita , d e s c o b ria n o s a b e r h ig iê n ic o a p ro v a d a s u a in c o m p e tê n c ia . 23

Havia assim uma reorganização não só de costumes, mas dos

próprios sentimentos de confiança que permitiam a legitimação dos

conhecimentos empíricos. Criavam-se novos desejos e poderes, e no

2 1A lm a n a q u e G lo b o , op. cit., p. 272.

G 22Tanto Freire Costa, em O rd e m M é d ic a e N o rm a F a m ilia r (3 ed. Rio de Janeiro,

Craal, 1992) como, Barbara Ehrenreich e Deindre English, em B ru ja s . C o m a d re s e

o m a d ra n a s , trabalham essas questões.

23Costa, J. Freire. O rd e m M é d ic a eN o rm a F a m ilia r. op. cit. p. 71.

BIBLas. Rio Grande. 8' 147 _ 158. 1996.

(6)

espaço público, como já foi referido, existiam novas exigências de controle

trazidas pela industrialização, e a medicina daria respostas satisfatórias com

novos mecanismos reguladores, que por outro lado possibilitariam um

engendrar de novas capacidades e formas de resistência. Esperanças e

lutas, por entre a higienização, industrialização e urbanização que acenavam

com a modernidade:

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A s g ra n d e s o b ra s q u e e m p re h e n d e m o s ,

SRQPONMLKJIHGFEDCBA

o e s ta b e le c im e n to d e frig o rific o s e d e m u ita s fa b ric a s q u e a q u i se lo c a /is a rã o , s ã o g a ra n tia s s e g u ra s d e s s e d e s e n v o lv im e n to , c u ja a u ro ra

d iv is a m o s e q u e te rá o s e u e x p le n d o r d e p o is d e te rm in a d a a g ra n d e g u e rra e c o m o d e c o rre r d o te m p o . B e m v in d a p o is , s e ja e s s a p h a s e q u e as g e ra ç õ e s fu tu ra s u z u fru irã o , lo u v a d o , e n tã o

os tra b a lh o s d a n o s s a e p o c h a (síc)."

A Primeira Guerra Mundial estava sendo a grande oportunidade de

industrialização do país. Com as potências envolvidas no 'conflito impedidas

de continuar exportando os seus produtos, e necessitando serem

abastecidas de produtos alimentícios, abriram-se grandes possibilidades de

mercado. Além da onda de industrialização que isso possibilitou no centro

do país (leia-se São Paulo, onde havia uma capitalização graças ao café),

também o Rio Grande do Sul iria conhecer uma certa industrialização.

Os grandes frigoríficos internacionais, até então instalados nos

países platinos, foram para o sul do Brasil pela necessidade crescente de

uma maior quantidade de matéria-prima, mesmo de pior qualidade, para

abastecer a Europa, e a única maneira de enviar esses produtos para o

velho continente era pelo porto do Rio Grande, local onde desde o início do século também indústrias têxteis estavam se instalando. A cidade assumia

então uma posição privilegiada frente a esse desenvolvimento industrial,

transformando-se em um dos focos principais das políticas saneadoras do

governo do estado, complementadas com as obras de expansão e melhorias

no cais já referidas.

Posto isso, pode-se compreender melhor o otimismo que permeia

o Relatório da Comissão de Saneamento no ano de 1917: a guerra

aproximava-se do seu fim; com o término desta e das reformas urbanas, que

já se desenrolavam há anos, um desenvolvimento "positivo", baseando-se

no conhecido método - ordem para o início, trabalho como meio e progresSO ao fim - estaria sendo realizado. Para o governo do estado, nas mãos do

positivista Partido Republicano Riograndense, era o momento de colher OS

frutos e de ver diminuída a oposição ao governador Borges de Medeiros; a

2 4 Relatório Comissão de Saneamento, ano 1917, op. cit., p. 7.

156 BIBLOS. Rio Grande, 8: 147 _158.1996.

imagem de "celeiro do Brasil" estava consolidada para o Rio Grande do Sul e OSinteresses das várias elites estaduais s a t í s t e í t o s . "

Mas as contradições são explícitas: com o restabelecimento

econômico das potências européias, essa frágil industrialização seria

desmantelada, entrando em uma crise. Além disso, os operários vinham há

muito reivindicando os seus direitos, e desencadeariam greves na cidade do

Rio Grande nos anos de 1917, 1918 e 1919, através da organização de

sindicatos e principalmente da União Operária'": A calmaria encobria a

tempestade que estava por vir.

A industrialização, tão proclamada pelas autoridades e tão

desejada pelas camadas médias e altas da sociedade, trazia com ela a

promessa de emprego para as camadas mais pobres. Dessa forma, com a instalação das indústrias na cidade, ocorreu uma demanda muito grande de

pessoas em busca de oportunidades de trabalho, o que possibilitou um

crescimento populacional desorganizado, com a proliferação de cortiços; a

cidade mais inchava do que crescia, e em 1918 contavam-se 40.000 almas, o que fazia dela a terceira cidade do Estado em número de habitantes. Mesmo assim, vê-se no relatório da Delegacia de Higiene e Assistência Pública do ano de 1917 um parecer que louva o ótimo estado sanitário desta cidade."

Por outro lado, junto com a expansão do mercado externo

desenvolvia-se uma onda inflacionária dos preços dos produtos alimentícios

no mercado interno, tornando ainda mais difícil a vida, principalmente do

operariado e de toda a mão-de-obra que não fora absorvida pelas indústrias

e revesava-se na luta pela sobrevivência entre o desemprego, o

subemprego e os trabalhos por jornada.

Uma cidade operária, onde a indústria sobrepujava a vocação

pesqueira trazida pelos imigrantes açorianos, onde a população tentava

sobreviver amontoada em cortiços constantemente fiscalizados pelas

autoridades e os sindicatos organizavam-se na luta por direitos para os

trabalhadores, entre constantes conflitos e greves. Uma cidade burguesa,

onde grandes companhias de teatro e balé, rumo a Porto Alegre ou Buenos

Aires, faziam escala, com apresentações nos vários teatros da cidade,

também repleta de cinemas e praças, onde aos domingos as famílias iam

passear. Cidade portuária, com comércio forte, navios com diversas

bandeiras tremulando em seus mastros, incontáveis estranhos

2 5 Sobre a situação econômica do Rio Grande do Sul ver: PESAVENTO, Sandra J.

AB u rg u e s ia G a ú c h a . Porto Alegre, Mercado Aberto, 1988.

2 6A historiografia atual ressente-se de maiores trabalhos sobre a União Operária

na cidade do Rio Grande.

27Relatório da Delegacia de Higiene e Assistência Pública, ano 1917, op. cit.

BIBLOS. Rio Grande, 8: 147 - 158, 1996

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B l b I l Q o ~ Ib 0 I 3 ~

H•.••.\ ' t J ~ . . . , " " 3 r , Eiducaçill

(7)

desembarcando diariarnente'" . A modernidade havia chegado.

Como uma torre de cristal construfdas sobre a lama, a

modernidade erguia-se na cidade do Rio Grande, mas o final da guerra seria

acompanhado de uma epidemia, que, como o vento sul, levantar-se-ia na

frente da tempestade que vem a rebojo, surpreendendo os desavisados e

tombando tudo em seu caminho. A frágil modernidade demonstraria o seu

avesso, e isso era apenas um prelúdio do que ainda estava encoberto no

tempo insondável do futuro:

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À s v e z e s , n o s s a h is tó ria p e s s o a l c o in c id e c o m

SRQPONMLKJIHGFEDCBA

a h is tó ria d o u n iv e rs o . 3 0

A s c id a d e s , c o m o os s o n h o s , s ã o c o n s tru íd a s p o r d e s e jo s e m e d o s , a in d a q u e o fio c o n d u to r d e s e u d is c u rs o seja s e c re to , q u e as suas re g ra s sejam a b s u rd a s , as suas p e rs p e c tiv a s e n g a n o s a s , e q u e to d a s as c o is a s e s c o n d a m u m a o u tra c o is a 2 9

É nesse engendrar de medos e desejos, discursos e perspectivas

ou a falta destas, que se desenrola a luta pela sobrevivência, batalha

travada em um campo de referenciais fugidios e fluidos. Desejos e

concepções, por entre um refazer cotidiano de uma cidade sobre a qual

estes são depositados. Infinitas cidades e olhares colocando-se frente ao

tempo e compondo-se com este.

28Cidades na memória das entrevistadas D. Lyuba, D. Olga, D. Elcy.

2 9Calvino, Italo. As C id a d e s In v is ív e is . op. cit., p. 44.

3 0 ECO, Umberto. S e is P a s s e io s P e lo B o s q u e d a F ic ç ã o .

1 5 8

(

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