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A GUERRA DO PARAGUAI:

fedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

~ P Á T R I A M Ã E G E N T I L V A I .I i G U E R R A / I

xwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

CLÊNCIOBRAZ DA SILVA FILHO·

RESUMO

O texto debate o processo de íntegração latino-americana e o papel da ciência histórica

na constituição de identidades e representações. Utiliza-se da taxinomia historiográfica

sobre a Guerra do Paraguai para demonstrar a construção de uma "cultura nacional".

servindo-se da análise de obras editadas no processo desencadeador do Golpe Militar de

1930 (Revolução de 30) e seus desdobramentos. Conclui com a análise da formação de

estratégias discursivas a fim de re-apresentar a figura do militar à sociedade brasileira.

PALAVRAS-CHAVE:lntegração latino-americana. Guerra do paraguai. historiografia. primeiro período

Vargas. representação.

I - INTEGRAÇÃO

tA

TINO-AMERICANA:

LKJIHGFEDCBA

L U G A R E S C O M U N S E E S P A Ç O S

V A Z I O S

o

limiar do século XX denotou o reaparecimento da proposta de integração

dos países latino-americanos' e/ou entre regiões específicas neste contexto.

Historicamente. a América Latina esteve permeada por projetos políticos e econômicos

Que visaram a aproximação das populações como forma de concretizar tais modelos.

M ajoritariamente dotados de caráter impositivo. não proporcionaram um debate em

Que a sociedade fosse incentivada a pensar. participar e internalizar as melhores formas

de convivência harmoniosa e democrática com seus pares latino-americanos.

Atualmente. temos a opção e a liberdade de avaliar-mos tais propostas. decifrá-Ias e

fazer da sua análise um elemento importante para Que aos diversos setores da

sociedade possam participar da sua dinâmica.

À medida Que a sociedade informa-se sobre as possibilidades da integração. o

projeto institucional estatal se transpõe para o campo das deliberações sociais.

licenciado em História pela Fundação Universidade do Rio Grande/RS; mestrando do Programa de

Pós-Graduação em tntegração latino-Americana (concentração em História) da Universidade Federal de Santa

Maria/RS; bolsista da CAPES.

(2)

A sociedade torna-se, então, o único e viável veículo para Que tais projetos sejalll

ratificados e constantemente reavaliados como parte do

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m o d u s v i v e n d icotidiano d o s sujeitos sociais envolvidos. Se é nos planos político e econômico Que as propostas se

põem, somente na sociedade elas devem encontrar seus defensores e detratores. Esse debate, plural e complexo, deve ser conduzido aos mais distantes "recantos" da sociedade, consumando-se assim a difícil vida democrática, Que a América Latina começa a exercer. Para Guazelli (1997, p. 7), "essa integração, porém, deve transcender a frouxa associação pela mera troca de algumas mercadorias e procurar soluções comuns, para o Que depende efetivamente das vontades políticas e de uma práxis mais eficaz".

No entanto, os modelos de integração na América Latina ainda se encontram

nos estágios primários dos acordos econômicos, Que, devido

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à dependência nacional

ao capital financeiro externo, sofrem as intempéries das constantes crises globak'. A formação de acordos comerciais, sem maiores encontros com a sociedade, faz Com Que a circulação de capitais, bens e serviços (mesmo Que restrita entre os pares)

prolifere o discurso daoueles Que olham a integração como ataoue ao seu modo de

vida, à sua produção e à sua própria existência. Nas palavras de Medeiros

(1997,

p. 109), "o fenômeno da integração sempre esteve presente nos projetos da América Latina. Percebe-se, porém, Que tem sido concebido de forma circunscrita a Questões de natureza econômica, particularmente comercial".

Cabe-nos interrogar sobre Que rumos objetivamos para a integração latino-americana. Uma integração movida pelos interesses da política estatal e pelas elites dos grandes centros econômicos? Ou uma integração orgânica, fruto da inteligibilidade social Que a população latino-americana soube edificar ao longo do seu processo de

formação: a habilidade de viver nadíversidade: e da inteligibilidade emocional materna,

harmoniosa e persistente Que encontra na precariedade e miséria da maioria da população uma fonte de solidariedade, Que dá prova de possibilidade nos atos mais simples da vida dos sujeitos nas localidades fronteiriças, separadas apenas pelo formalismo político dos Estados nacionais?

2 - O PAPEL DA CIÊNCIA HISTÓRICA NO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO

As propostas de integração possuem um histórico de ações fragmentadas, pois estiveram confinadas "ao plano econômico e não se constituíram em mecanismos

desenhados para satisfazer as reais necessidadesde nossassociedades" (Medeiros,

1997,

p. I 13). Objetivando processos plurais de integração Que vão além das proposições simplistas dos pactos econômicos, as instituições culturais e educacionais buscam

fortalecer os pontos de convergência entre esses países, a fim de fomentar estudosQUe

ldentlllouem l u g a r e s c o m u n s nos mais diversos campos do conhecimento humano.

IPara uma análise das conscoüênclas do projeto político neoliberal, ver: M EDEIROS, 1997, p. 7-13.

112 Biblos. Rio Grande. 15: 111.128.2003.

Nesse contexto, integrar não pode significar apenas exortar as similitudes, e

sim, compreender de melhor forma as assimetrias, Que constituem verdadeiros espaços

vazios a serem ocupados por um conhecimento multidisciplinar e multinacional, à

medida Que a idéia de sociedade ainda se encontra enraizada no formalismo político

estatal/nacional. Compõem-se, então, uma importante instância para debater,

compreender e, se possível, superar as "divergências" existentes (políticas, econômicas

e socioculturais) entre os países enouanto processo histórico e cotidiano.

Desencontros Que compreendem o desenvolvimento econômico heterogêneos Que, no entanto, promoveram enormes abismos sociais entre diminutas elites proprietárias dos meios de produção e a grande maioria da população Que comunga da miséria e da baixaQualidade de vida. Politicamente, dispares na presença ou ausência de um Estado Quese alternava entre as forças conservadoras e liberais; ou ainda sobre a forma de governo, o Que não impediu a formação de Estados elitistas e pouco democráticos.

Essa integração perpassa a reformulação de premissas hipotético-históricas internas e externas em relação ao "nacional", em Que a aproximação desses países seja

interpretada como conjunto de nações soberanas impondo suas vontades e

negociando as melhores formas de se inserirem no contexto internacional, e

constituindo-se, assim, como horizonte frente à dominação econômica e cultural dos

paísesdesenvolvidos"

[... [ o ideal de integraçãofoi buscadocomo a fonte Quereservariaas forças necessárias para impulsionar a modernidade, eliminando a situação marginal do continente latino-americano... Hoje, o movimento integracionistadeve configurar-se não apenascomo mecanismode defesae fortalecimento de minorias, mas também como instrumento de

inteligência para o enfrentamentode uma nova ordem, onde a revoluçãotecnológíca

reouer, cadavez mais,conhecimentoe eficiência.(Medeiros, 1997, p. 109).

Denotando as possibilidades e os entraves dos processos de integração,

Seitenfus

(1997,

p. I 16) ressaltou três ordens de fatores pertinentes: político,

econômico e cultural, este último influindo incondicionalmente no debate sobre a

identidade nacional e o princípio (étnico-cultural) das nacionalidades, em cuja

construção a disciplina história possui papel importante.

A constante recuperação das relações históricas e culturais entre os países latino-americanos contribui para reavaliação das representações acerca das "tradições

culturais", das -ouais provêm as premissas constitutivas do Estado-Nação

contemporâneo. Assim, a ciência histórica comporta em si seu próprio antagonismo, de disciplina formulada como base para os discursos nacionais (onde o Estado é seu principal objeto), para meio atual de redigir o "inventário" das sincronias e diacronias entre as sociedades latino-americanas.

2Sobre o papel da tecnociência: M OTA, "2000, p. 7-14.

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Dessa forma, a ciência histórica cumpre sua parcela de responsabilidade recuperando o processo histórico no âmbito latino-americano e/ou regional. onde as representaçõessobre a Guerra do Paraguaiestá incluída, e é objeto de estudo deste texto.

3 - UM OLHAR ATRAVÉS DA NOVA HISTÓRIA CULTURAL SOBRE A GUERRA

DO PARAGUAI

No século XIX, o fenômeno da constituição dos Estados nacionais latino_ americanos impôs

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à disciplina História a difícil função de edíf1car as "verdades"

oue

deveriam explicitar as tradições culturais dos povos, o Que garantiria a origem comum

da nação, com suasfronteiras' delimitadas por destino de uma vontade transcendental,

do Qual o governo nacional destinava a ser a expressão maior.

E nessesentidomuito cedo a "HistóriaPolítica"se impôscomo dominante,como "História Geral". E o objetivo dessaHistória é o "Estado"e tudo Queestá vinculadoa ele. Essa

perspectivatem várias explicações:o senso comum costuma referir-seà História de

determinadopovoe, com poucasexceções,povoscostumamser relacionados,por suavez,

com determinadosEstados;no séculoXIX, Quandoa História começoua firmar-secomo

disciplinaautônoma,aindaestavamuito presenteo passadoabsolutista.em Queo Estadose

impunhaà sociedadee os indivíduos; mas mesmo com a revolução antiabsolutistaa

sociedadee os indivíduosabdicaramda sua soberaniaem favor de "representantes"Que

agiamno aparelhode Estado... (Rémond.1999. p.2).

Ao longo dos tempos, "verdade" passou a ser o ponto divergente enouanto aplicação de metodologias e teorias diversas, Que definharam em ouestíonarnentos

sobre as propriedades científicas dos resultados adojrírldos pela "história-verdade".

Ainda hoje, o historiador "pretende construir fatos 'verdadeiros', mesmo sabendo Que esta verdade é parcial, imperfeita e muitas vezes insatisfatória" (Abreu, 1995, p. 310).

É

nessa condição instável e relativa Que se encontra o historiador. Para alguns a

chamada "pós-modernidade histórica" oferece um risco metodológico e teórico pela perda da credibilidade científica e/ou pelo enfraouecírnento do caráter mobilizador;

para outros reflete a renovação das possibilidades frente à crise gerada pela derrocada

do marxismo, história total e história tradicional. A chamada "nova história cultural" tente a ocupar espaço privilegiado nesse contexto, não por simples modismo frenético, mas como reflexo de mais de dois decênios de debates sobre os métodos. teorias e filosofias Que se encontram como fomentadores de uma nova perspectiva sobre a ciência histórica.

J O conceito de fronteira e limite político surgiu para definir o fim do espaço nacional: do outro lado da

fronteira vive a diferença - o "outro" -, Que difere do modo de existência do elemento nacional. Assim. fronteira significou por um longo período a "distinção". Hoje resgatamos esse conceito. com a intenção de promover a aproximação Jie populações Que possuem heranças e hábitos comuns. e Que foram separadas

apenas pelo formalismo político necessário àconstituição do projeto nacional.

114 Biblos. Rio Grande. 1S: 111· 128. 2003.

A nova história cultural oferece-nos possibilidades para compreendermos os sentidos dados pela historiografia e a sua função propagandista enouanto contendora de "verdades"úteis aos projetos nacionais". Analisar a historiografia significa um projeto Que "abordaos sistemas simbólicos de idéias e imagens de representação coletiva a Que se dá o nome de 'imaginário social'" (Pesavento, 1995, p. 280). Dessa forma. a Guerra do paraguai pode ser revista por um conjunto de premissas Que nos fazem Questionar a origem do Estado Nacional brasileiro e sua relação com a sociedade.

Primeiramente, a sociedade se apresenta para o cientista histórico como modo de "pensar o social através de suas representações", ou seja, "admitir o 'real' através de suas representações", o Que nos remete a "uma relação ambígua entre ausência e presença" (Pesavento, 1995, p. 280). O historiador é impelido a encontrar nas rupturas do processo histórico espaços Que necessitavam ser preenchidos por sentidos novos, capazes da "presentíf1cação de um ausente, Que é dada a ver segundo uma imagem do mimetismo puro e simples e trabalha com uma atribuição de sentido"

(Pesavento, 1995, p.

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2 8 W .

A Guerra do Paraguai exernplíflca, em seu primeiro viés historiográfico

(historiografia tradicional). duas re-apresentações de significados: o discurso

civílízador/pacífico e a herança gloriosa da gênese republicana através do papel dos

militares no concerto nacional. O primeiro caso nos remete à situação de sociedade

escravistado Segundo Império, no Qual a guerra foi símbolo construído de "pátria mãe gentil", atacada em seus brios pacíficos, obrigada a civilizar os recantos bárbaros da América (entende-se Paraguai). Assim, a Guerra do Paraguai serviu para ocultar uma sociedade monárouíca cercada por repúblicas e dirigida por uma elite escravista.

O segundo sentido foi construído no nascimento da República, desprovida de símbolos e de heróis. A guerra possibilitou o ufanismo em torno da figura dos militares

genitores da nova forma de governo. O imaginário social foi inundado por

representações dos personagens históricos Que não lutavam pelo Império, mas por um povo e seu "futuro glorioso" retratado na república.

A 10largo de Ia historia. Iassociedadesse entregana una invención permanentede sus

propías representacionesglobales. otras tantas ideas-imágenesatravésde Ias cualesse

dan una identidad perciben sus divisiones,legítíman su poder o elaboran modelos

formadorespara sus cíudadanos tales como "valienteguerrero", el "buen ciudadano",el

militante comprometido!...1(Baszko.1991, p.8).

Ambos os casos foram apropriados pelos regimes de exceção, do pós-3D e pós-64, com a intenção de fomentar o papel libertador/salvador do agente militar

• CHARTIER. 1990. Especialmente o. capítulo VIII: C o n s t r u ç ã o d o E s t a d o m o d e r n o e f o r m a s c u l t u r a i s .

;erspectivas e Questões, p. 115-229.

Sobre a origem do conceito de representação. ver GINZBURG, 200 I. p. 85-103. Ver ainda: CHARTIER.

2002.

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frente aos inimigos externos e internos, impondo a "ordem e o progresso" ao

tortuosos caminhos da nação brasileira. Nesse contexto, a história oficial foi a genitor

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S

da re-apresentação dos militares à sociedade e o obscurecimento de regirnea

autoritários e antidemocráticos. S

Os tenentes tiveram papel signiflcativo no planejamento e organização da RevoluÇãode 1930, contribuindo para a vitória final, o Que Ihes valeu importantes cargos públicos no período do governo de Vargas e além dele. Muitos desses jovens oficiais haviam aprendido a lição no exercício da função de soldado-salvador, ao promoverem mudanças políticas e sociais no Brasil, ao "redimirem" a nação. No passado a classe política havia apelado para Que o soldado-salvador "salvasse"a República, mas esperava deles Que, uma vez concluída sua missão "providencial", retornassemàcaserna. A partir

de 1922, entretanto, muitos oficiais passaram a assumir com todo o ardor o seu novo papel de personagens políticos atuantes, na tentativa de servirem como salvadores permanentes do sistema Que haviam ajudado a instituir. Quando esse sistema claudicasse por causa de excessos praticados por políticos civis, os soldados estariam prontos para "salvá-lo", restituindo sua direção de volta aos civis. Haveria, no entanto, de chegar o dia em Que tais "excessos" seriam considerados irreparáveis, a ponto de convencer os soldados de Que deveriam assumir o completo controle do sistema político, a fim de "salvá-lo" de uma vez por todas. (Keith. 1989, p. 278).

Desta maneira, os espaços deixaram de ser apenas uma ausência, estabelece-se

"a diferença entre aquilo Que representa e o Que é representado"; esse novo significado

contido nos textos e imagens exorta um sentido, e ao historiador cabe "atingir esta

inteligibilidade, usando o conceito (representação) como um instrumento para

interrogar o mundo, garantindo a sua inserção como categoria central para uma nova

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e p is te m e para a história" (Pesavento, 1995, p. 280).

É

na relação entre as

idéias-imagens e seus sentidos Que o historiador torna-se capaz de analisar uma

"representação de mundo". Portanto, a história passou a ser entendida como uma

representação do passado Que não fora v iv id o , em Que o "real acontecido" é tomado

como "passeidade". A preocupação principal do historiador não se centra mais no

resgate do "real acontecido", mas sim das formas com Que ele é re-apresentado pelos

discursos (Pesavento, 1995, p. 280).

4 -A GUERRA DO PARAGUAI: DOS CAMPOS DE BATALHA AOS LIVROS

A Guerra do Paraguai é formalmente delimitada no interregno entre

1865/1870. Seus primeiros relatos históricos são constituídos no próprio

d e s e n v o lv im e n to dos conflitos bélicos, Que lançaram olhares sobre os aspectos militares, políticos e cotidianos do teatro de guerra. Essas fontes são compostas por

diários pessoais e de guerra, por cartas de combatentes, políticos, diplomatas,

observadores, pelas obras literárias (poemas, romances, anedotas), pela imprensa nas

116

Biblos. Rio Grande. 15: 1 1 1.128. 2003.

suas d iv e r s a s estratégias de escrita e ilustração, assim como através de imagens

capturadas por pinturas, gravuras e fotografias. Em sentido mais amplo, essas

representações, mesmo Que não constituam uma historiografia unívoca baseada em

uma metodologia específica ou na intenção de publicação e circulação na sociedade,

contêm uma representação do acontecido e, por assim dizer, uma visão histórica.

No entanto, tradicionalmente a historiografia sobre a Guerra do Paraguai foi

classificada de forma dual: tradicional e revisionista.

Os autores Que trilham a primeira pecam pelo oflcíallsmo e por um ufanismo excessivo, buscando as causas da guerra na agressividade e ambição expansíonísta do governo de Solano López. Os revisionistas, por sua vez, dividem-se entre os Que, numa explicação simpllsta, atribuem as responsabilidades ao imperialismo inglês, e aoueles Que, além de levar em conta a Questão inglesa, realizam uma análise mais aprofundada das Questões de limites, livre navegação dos rios e concorrência econômica (Romero, 1998, p. 29).

Dessa forma, ao longo da história dos historiadores configuraram-se dois

troncos explicativos sobre asm o tiv a ç õ e s , acontecimentos e conseoüêncías do conflito.

A chamada "historiografia tradicional", segundo Romero (1998, p. 31), tem erigido a

guerra "de forma apaixonada e, por isso mesmo, mltifícadora". assim "constituindo-se

numa vertente patrioteira e cultuadora de grandes heróis". Solano López é apresentado como um "monstro, com a intenção de criar, pela força, um império no Rio da Prata,

sonho impedido por grandes heróis como Caxias, Osório e Tamandaré" (Romero,

1998, p. 31). O eixo das explicações aponta a República do Paraguai como agressora, estereotipada na figura do ditador Solano López, além de ressaltar o papel civilizador da Tríplice Aliança frente ao barbarismo paraguaio. Essa linha teórica possui como autores militares, políticos, diplomatas e historiadores, oue tentaram dar um sentido nacionalista e unificado r frente ao inimigo comum de toda a nação (Romero, 1998, p. 31).

O chamado revisionismo histórico surgiu na década de 50 do século XX, ete v e

como base o materialismo histórico de tendência marxista, apontando Solano López como um "líder socialista oue buscava construir uma nação autônoma, livre do imperialismo inglês". Confundindo nacionalismo e ideologias de esouerda, o espaço platino foi palco da

construção do "mito do lopísrno. promovendo o líder paraguaio de tirano a figura

antiimperialista, de agressor a vítima, desconstruindo mitos e criando outros sem a

suficiente profundidade". Destaca-se nesse momento a participação do historiador

argentino León Pomer e sua obra A G u e r r a d o P a r a g u a i - g r a n d e n e g ó c io . Nessa mesma linha notabilizaram-se Júlio Chiavenato e Eduardo Galeano (Romero, 1998, p. 3 I).

Nestas últimas décadas pode-se observar uma crescente proliferação de

estudos relacionados àGuerra do Paraguai, e conseoüenternente de uma n o v a geração

de historiadores Que propõem Questionar alguns posicionamentos derivados da

historiografia tradicional e revisionista. Conjugando algumas perspectivas econômicas e

as relações diplomáticas na região platina, assim como baseando-se em inúmeras

(5)

fontes inéditas (documentos confidenciais. arouívos extraplatinos. cartas pessoais. etc.)

e literatura extensa. promoveram a negação do princípio economicista e imperialista

dos revisionistas. Solidificaram um discurso no Qual a consolidação dos Estados

Nacionais. através das lutas internas. tomou significativa importância para o

desencadeamento do conflito e seu desenvolvimento.

Em recente estudo sobre os livros didáticos aplicados nos ensinos fundamental

e médio dos países envolvidos no confüto. Ana Paula Sojrínelo (2002) retratou a

historiografia sobre a guerra propondo uma taxinomia tripla.

Três momentos marcam essa produção historiográfica: o primeiro. Que abrange Os

livros escritos no período Que se estende da década de 1920 até a década de 1960 do século XX. oferecendo uma visão "patriótica" do confltto, como. por exemplo. as obras de Fragoso e Pombo; o segundo. Que compreende os estudos divulgados a partir da década de 1960. Que desenvolveram a visão "imperialista" do litígio. como os de Pomer e Chiavenato; e. finalmente. o terceiro. Que agrupa obras editadas a partir da década de 1980. dentre asouaísdestacam-se os livros de Ooratioto e Sales. inovadores e menos tendenciosos (Souineio. 2002. p. 21).

Todavia. essa nova geração não contribuiu apenas teoricamente. mas também no

Que tange

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à metodologia. com novas fontes e

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o b je to s de pesouísa, Diários dos combatentes. cartas dos agentes diplomáticos. gravuras. ilustrações. pinturas. fotografias e

imprensa passaram a ocupar significativo papel na ampliação do campo de considerações

da história. Tal fenômeno contribuiu para a renovação das abordagens proferidas acerca

da guerra. antes limitadas àdescrição bélica. ao economicismo e aos recortes políticos. Em recente obra publicada por Doratioto (2002. p. 17-2 I). A M a /d ita G u e r r a :

nova história da Guerra do Paraguai. o autor propôs a inserção da corrente positivista

no limiar do século XIX e início do século XX. Sob essa perspectiva. os positivistas

davam significativo valor à autoria do conflito ao Império brasileiro; assim como na

mesma época a construção do mito lopista no Paraguai. posteriormente utilizado pelas

ditaduras militares nesse mesmo país.

A composição dessas linhas historiográficas denotam Que a Guerra do Paraguai foi

utilizada para fomentar estratégias de manipulação dos bens simbólicos em prol de uma

"identidade". ou ainda. de um projeto político. No desenrolar do Golpe Militar de 1930

(Revolução de 30). essa manipulação teve espaço privilegiado como fomentadora da

"SOciedade una. indivisa e homogênea; advoga um controle Que normalize e totalize o

c o n ju n to da vida social em nome de um valor dominante Que pressupõe a identificação entre o público e o privado. o Estado e a sociedade civil{ ... )" (Outra. 1997. p. 16).

5 - A HISTORlOGRAFIA TRADICIONAL BRASILEIRA E O DISCURSO OFICIAL

No Brasil. a forma republicana de governo (1889) inaugurou uma nova etapa

do projeto de integração da nação brasileira e da contenção dos poderes das

118

Bíblos, Rio Grande.

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1 5 : 1 1 1-128. 2003.

oligarQ!Jias regionais. no difícil Quadro da formação das fronteiras e da identidade

brasileira. Durante o período do Segundo Império. a permanência da Casa de

Bragança obstruiu a consolidação da representação do Que deveria ser a "essência do

povo brasileiro". devido em grande parte ao poder regional das oügarouías, das

revoluções contra o poder proveniente da Corte e dos elos identitários mantidos com

portugal. Todavia. a nova forma de governo foi instituída como reflexo das relações

do poder derivadas dos latifúndios cafeicultores de São Paulo e Minas Gerais.

A

ambicionada "unidade nacional" degenerou-se ao longo da chamada República

Velha; assim. deu-se início à "política dos governadores". em Que o poder eleitoral de

São Paulo e Minas Gerais impôs ao Estado brasileiro aalternâncía da presidência em

torno da "política do café com leite".

Com o advento do Golpe Militar de 1930 (Revolução de 30) ocorreu a

tentativa "de acabar com os entroncamentos regionais de poder ilimitado" (Campos.

200 I. p. 36). Getúlio Vargas novamente reacendeu o projeto centralizador e

integrado r do poder em torno do Governo Federal. Até 1937 as relações Que se

estabeleceram entre as oligarQuias e os revolucionários varguistas são dadas pela luta

entre representações díspares do retrato do Brasil pós-30.

Os anos do pós-30 foram marcados por diversos momentos em Que as

olígarouías estaduais escamotearam a sua luta pela aoulslção do poder através do

federalismo. Por outro lado. o projeto unitarista revolucionário fortaleceu 6 controle

centralizado do poder. constituindo um Estado conservador/regulador da vida política

e cotidiana do país.

A experiência do Governo Provisório no Brasil (1930-32). o New Oeal de Rooselvelt. os fascismos na Europa. os frutos da Revolução Russa. tudo leva a repensar o papel do Estado em relação à sociedade. O Brasil está extrinsecamente ligado a outros países na medida em Que começa a elaborar um modelo de Estado centralizador. Que opta por tal caminho como uma forma de defender os ta tu s Q U O da elite econômica frente à crescente

radicalização daesquerda Que agrupa em torno da ANL (Campos. 200 I. p. 40).

A Revolução Constitucionalista em São Paulo (1932) surgiu como primeiro

obstáculo à centralização do poder pelo Estado Federal. A consecüêncía desse

retrocedimento foi a elaboração da Constituição de 1934 (implantação novembro

de 1933 - promulgação ju lh o de 1934). Que por um curto período amenizou

os conflltos na arena política. Todavia. a aprovação da lei de Segurança Nacional.

em ja n e ir o de 1935. pôs fim à abertura política e á possibilidade de "impedir os abusos do Executivo" e "fortalecer o legislativo" (Campos. 200 I. p. 35). Segundo

Castro. "{ ...J apesar de todas as inovações introduzidas. a Constituição de 1934

propunha um modelo político liberal e ainda nitidamente federalista, portanto muito

mais identificado com asolígaroutas do Que com o projeto centralizado r dos tenentes." (apud Campos. 200 I. p. 3 5 ) .

(6)

A Constituição de 1934. Que deveria ser o instrumento de apaziguamento do conflito entre os poderes regionais e centrais. transformou-se em argumento para

a instalação da LSN

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6

• O governo justificava. assim. Que a LSN era a forma de

conter "os extremismos políticos". O governo central passou a interpretar "todas as tentativas feitas no sentido de reverter essa nova ordem" como "subversões da ordem Que passam para a esfera da LSN e posteriormente pelo estado de guerra" (Campos. 200 I. p. 39).

O estado permanente de sítio foi então transformado em estado de guerra

(janeiro de 1936). Essa atitude foi

[ustíflcada

a partir da Intentona Comunista de

novembro I 935. o Que facilitou a aproximação da direita militarista estereotipada na

AIB7 e com Vargas: ambos aliaram-se contra o chamado "perigo vermelho".

Os dois anos Que antecedem o Estado Novo foram marcados por sucessivas

prorrogaçõesde medidasde exceção;usandoo velhochavão comunista. registraram-se

avançose recuos do poder federal e dos poderesestaduais.Finalmente.a necessidade de fortalecer o Estado Nacional foi uma condição imposta pelo poder central para cooptar aselites regionaisna concretlzação desseprojeto (Campos.200 I. p. 42).

O ano de 1937 e a consolidação do Estado Novo denotaram a ruptura do período de estabilização das forças federalistas e unitaristas. O regime autoritário e centralizado r tornou-se hegemônico através do poder armado e militarizado do Estado

Federal. Todavia. a nova conjuntura impõe-se com a difícil tarefa de ré-apresentar a

figura do militar à sociedade. Esse elemento Que estava na base do regime de exceção

deveria ser reeditado enouanto sua origem histórica na evolução da nação e como

agente libertador/salvador da sociedade. Na ausência de valores positivos na política intervencionista e autoritária dos militares. ocorreu a presentlflcação de um passado

coberto de' "glórias e conquistas". ligadas principalmente ao exército. Assim. os

"heróis" imperiais da Guerra do Paraguai. Que foram apropriados como símbolos da República Velha. passaram a ser novamente utilizados nos períodos de violência política do pós-3D. e posteriormente. do pós-64.

A L~N8 serviu como instrumento de cerceamento da circulação das

idéias-6lei de Segurança Nacional.

7Ação Integralista Brasileira. grupo de extrema direita identificado com o fascismo europeu.

8 Segundo Derocina Alves Campos. "A lei de Segurança Nacional representa efetivamente uma medida

centralizadora do governo federal. poroue impõe restrições às atividades dos cidadãos. QualQuer atitude

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s u s p e ita .

como simples oposição ao governo. era motivo mais do ®e suficientes para incluir oin fra to r na LSN e pela mJal

seria julgado.1... 1A lei. portanto. ocasionou o fim da Constituição seis meses depois de promulgada. Pretendia

barrar, assim. os avanços conseguidos com a carta ®e dava amplos poderes ao legislativo e deixava o Executivo praticamente subjugado a esse. O anteprojeto da lei acaba passando aceleradamente pelas diversas comissões da Câmara Federal. sendo aprovado pela maioria dos deputados conservadores. Teve o apoio da burguesia nacional. da Igreja e dos militares. bem como dos integra listas" (200 I. p. 43).

120 Biblos. Rio Grande. 1S: 111· 128. 2003.

imagens no regime Estado-novista. Um discurso unitarista e integralista passou a oficializar a vontade do poder federal. Entende-se. por outro lado. a assimilação e transfiguração desse discurso por grande parte da população. acreditando Que a nova interferência militar refletia a esperança de um futuro promissor para a nação.

Compreender tal processo implica não identificar a circulação dos modelos culturais como uma simples difusão (do Estado para a sociedade.da corte para a cidade. dos dominantes para os dominados). mas. pelo contrário. pensá-Ia como uma tensão sempre a ser reproduzida entre. por um lado. a constituição de uma distinção pela diferença. e por outro. a sua apropriação pela imitação social e pela imposição aculturante(Chartier. 1990. p. 223).

Os militares foram concebidos como históricos guardiões da paz; chamados à luta para defender a integridade territorial e social contra os inimigos externos. Torna-se evidente a relação com os perigos de outrora. notadarnente. o "perigo vermelho" Que abalavaos alicerces da unidade social e a integridade nacional através do discurso da luta de classes e do internacionalismo comunista. A unidade nacional Que fora

preservada pelo caráter onipresente das forças armadas. no território pátrio do

Segundo Império e na inauguração da República. foi reeditada como ponto positivo do

Estadocentralizado frente àsollgarouias regionais e ao perigo vermelho.

Uma das primeiras tentativas de representação da "unidade nacional" e da presença benéfica dos militares na vida política e pública da nação nesse momento.

ligada à Guerra do Paraguai. foi exposta por Gustavo Barroso em sua obra A G u e r r a

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d o L o p e z . contos e episódios da campanha do Paraguai. em 1929. Esse livro media

12.5 cm x 18.5 cm. em forma aproximada de um livro de bolso. composto de papel jornal o Que provavelmente amenizava o seu custo final em tal época. Em sua capa uma ilustração de refrega. em Que as linhas avançavam sobre um inimigo provável: em primeiro plano figurava um homem ferido na cabeça e outro caído. observado por um terceiro. além de obviamente outros altivos. viris e destemidos. Todos eles seguiam

obstinadamente contra um inimigo Que sequer foi representado graficamente.

Ospequenos contos e episódios narrados constituem uma mescla de acontecimentos

históricos. tradição oral e liberdade poética. Além desses aspectos. são inaugurados por uma epígrafe sobre a "arte da guerra" ou sobre a própria Guerra do Paraguai. Em sua terceira edição. contava a incrível soma de 13 mil livros impressos. Assim concebido. o livro de fácil manipulação. com uma leitura agradável e emocional. propunha ao final de cada narrativa uma "moral da história". uma "lição para a vida". uma memória. uma identidade para o cidadão brasileiro.

[ ••• 1memóriadeveser entendidatambém.ou sobretudo. como um fenômenocoletivo e

social. ou seja. como um fenômenoconstruído coletivamentee submetido aflutuações.

transformações. mutações constantes1 ... 1 sãoa c o n te c im e n to s vividos pessoalmente

Biblos.Rio Grande. IS: 111· 128.2003.

FPR ~

BC/SA

8\8L10TECA

(7)

[... ] vividos pelo grupo ou pela coletividade

xwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

àQual a pessoa sente pertencer [... ] pode/lj existir acontecimentos regionais Que traumatizaram tanto. marcaram tanto uma região

ou um grupo. QJ.Iesua memória pode ser transmitida ao longo dos séculos cO/lj

altíssimo grau de identificação [... ] é constituída por

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p e s s o a s . p e r s o n a g e n s [... [ encontradas no decorrer da vida. de personagens freoüentadas por tabela

indiretamente. mas Que. por assim dizer. se transformam QuaseQue conhecidas. e aind; de personagens Que não pertenceram necessariamente ao espaço-tempo da pessoa [...[

finalmente lu g a r e s [... ] particularmente ligados a uma lembrança. Que pode ser

lembrança pessoal. mas também pode não ter apoio no tempo cronológico [... [ locais muito longjnouos, fora do espaço-tempo da vida de uma pessoa. podem constituir lugar importante para a memória do grupo e. por conseguinte. da própria pessoa. seja por tabela. seja por pertencimento a esse grupo [... ] (Pollack. 1992. p. 200-212).

Sob O prisma do caráter pacífico do povo brasileiro e de nação soberana em

seu território. Barroso demonstra Que as disputas envolvendo a posse terrestre e fluvial

no Mato Grosso não tinham intenções belicosas; apesar das reivindicações das partes.

Que consideravam a aplicação do u t ip o s s id e tis como a única possível no caso.

Apesar de todas as reclamações feitas na Corte. até da tribuna do Congresso. o governo imperial não armara. nem guarnecera ou municiara a província de Mato Grosso. Embora os paraguaios propalassem Que ali o Brasil acumulava petrechos bélicos. os documentos

contemporâneos desmentem essaasserção. (Barroso. 1929. p. 26).

Barroso descartou oualouer atribuição imperialista do governo brasileiro na

região do Prata. assim como da crescente presença de militares na região de Mato Grosso e da edificação de colônias militares. Negou Que o Império há muito vinha cogitando um eventual conflito com a República do Paraguai devido às disputas pela

demarcação de fronteiras. Que tiveram longa história de ações mal-sucedidas devido à

inflexibilidade brasileira (Doratioto, 2002. p. 38). Julgou a Questão das fronteiras com

o Paraguai como um desígnio natural do d e v í r de uma nação predestinada a ocupar

esse espaço vital e de direito. As posições relacionadas com a soberania territorial

brasileira e as suas fronteiras ficam melhor definidas no episódio. transmitido pela

tradição oral dos combatentes. da rendição das forças paraguaias em Uruguaiana.

Mitre olhava aquela cena como simples testemunho. ao lado de Pedro 11.os braços

cruzados. Flores. a Quem Porto Alegre eTamandaré, por def.erência. tinham sempre

consentido Que firmasse em primeiro lugar as notas de intimação. estendeu a mão. tomou uma caneta e molhou-a no tinteiro. Porto Alegre tocou-lhe no ombro. O chefe uruguaio voltou-se. [... ] - Estamos no território do Brasil e na presença de Sua Majestade o Imperador. disse. rápida e incisivamente. o general imperial. [... ] Só assina Quem for.brasileíro. [... ] Flores deixou cair a caneta. (Barroso. 1929. p. 55).

O autor definiu o espaço brasileiro pelo elo da identidade nacional

representada pela figura do Imperador. A presença do chefe do Estado/Governo

122 Bíblos. Rio Grande. 15: I "· 128.

LKJIHGFEDCBA

2 0 0 3 .

brasileiro assegurava a natureza política da separação de Fronteiras. Se por um lado

. definiU a igualdade dos elementos brasileiros. por outro estabeleceu adiferença entre

os elementos externos aos limites territoriais ratificados pelo Iormallsrno das Fronteiras.

Em 19299• era necessário. segundo os setores militarizados e adjacentes das Forças

revolucionárias do pós-30. Fomentar a unidade da população contra o poder local das oligarQl.lÍas regionais. Sob esse aspecto a diversidade humana constituinte do exército se dissolvia frente à unidade de comando e de propósitos. Q!le fora re-apresentada no

episódio da rendição de Uruguaiana. "A rigor. pode-se dizer Que. além da

transferência entre datas oficias. há também o predomínio da memória sobre

determinada cronologia política. ainda Que esta última esteja mais fortemente investida

pela retórica. até mesmo pela reconstrução historiográfica" (Pollack, 1992. p. 203).

Essa imagem-idéia de unidade populacional. representada nos combates e nas

atitudes cotidianas das tropas foi constantemente reeditada ao longo de sua obra.

Em cena de refrega. o autor justapôs os elementos étnicos e regionais. em Que o gaúcho no progresso do combate prestava auxílio ao elemento da divisão paulista (nomeado b a i a n o p r e t o ) .

[... ] E a espada do gaúcho cantador. Que vinha a pé ao lado do corneta. Fazia

prodígios. Ele gritava: [ ] - Toca firme. baiano preto! Ah! Si eu visse o López!. ..

Puxa! Barbaridade!. .. [ ] O negro soltou um gemido e deixou cair o instrumento.

O gaúcho QJ.Ieo seguia. com a cabeça lavada de vermelho por um golpe de espada.

susteve-o. leão reagiu. aprumou-se e disse-lhe: [... ] - Camarada. apanhe a minha

corneta e dê-me-a QJ.Iea bala me Quebrou o braço. (Barroso. 1929. p. I 16).

Para o autor. ambos os guerreiros sacrificavam seus corpos pela paz Que o

Brasil foi obrigado a abandonar. mas sobretudo pela luta contra o barbarismo e

tiranismo de Solano Lopez. O Paraguai era entendido como um território sem Estado

de Direito. tomado pelo mando através da força de um caudilho. o Que poderia ser relacionado com o poder regional dos chefes políticos brasileiros Que impregnaram o aparelho estatal do governo federal às vésperas de 30. Nas últimas cenas do seu livro.

apresentou a morte de Solano Lopez. seguida da passagem: "Era o enterro do

caudilhismo Que passava." (Barroso. 1929. p. 260).

A obra A G u e r r a d o L o p e z apresenta-se como um marco da proliferação

discursiva do "princípio da nacionalidade" ligado à Guerra do Paraguai com intenção

de restabelecer o "pacto nacional". Lançada às portas da Revolução de 30. essa obra

recompôs a esperança de estabelecer o "futuro glorioso" para a nação. Q!le estava

infestada por políticos desonestos. dos ouals os militares representavam a antítese.

9GustavoBarroso(Ioãodo Norte) compôsa elite de intelectuaisQuepromoviama ascensãoda AIB nos

Q.uadrospolíticosdo pós-30.Olíder integralistapublicoua históriadasprincipaisaçõesbélicasdo exército

brasileiro.Dentreelasestão:A Guerrado Rosas.A Guerrado Florese A GuerradoLopez.

(8)

o

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projeto de exortar a figura do militar na vida política brasileira após a LSN fOi denotado na edição da

fedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

R e v i s t a M i l i t a r B r a s i l e i d o , em 25 de agosto de 1935. Corn dimensões de 16 cm x 18,5 cm, impressa em diversos tipos de papéis nobres, impregnada de ilustrações, fotografias, mapas, brasões, alto relevo, vários deles coloridos e com tipos gráficos diversos e de delicada concepção era uma edição de custo elevado para os parâmetros da época, e até mesmo aos nossos dias. Inaugurada com uma fotografia altiva de Getúlio Vargas com faixa presidencial, a RMB possuía diversas formas textuais: cartas, manifestações opinativas, hinos, transcrições, estudos pseudocientíficos e científicos, todos eles intercalados com o material gráfico ilustrativo acima citado. Os textos eram de autoria de militares, políticos, estudiosos e cientistas.

A revista destinava-se a comemorar o "Dia do Soldado", data sobreposta ao dia do nascimento do "Marechal de Exército Luiz Alves de Lima, DUQue de Caxias". O editorial explicitava a intenção do Estado-Maior em Que rendia "sua homenagem ao soldado brasileiro através do seu guia espiritual - o DUQue de Caxias'' (RMB, 1935, p. 3-4); assim, o "número especial" era impregnado por narrativas históricas dos feitos de Caxias nos diversos momentos da epopéia brasileira, como figura do soldado Que "serviu mais à Pátria do Que ao regime" (RMB, 1935, p. 3-4).

A RMB é inaugurada por uma carta escrita por Getúlio Vargas (redigida no Rio

de Janeiro em 8/8/1935), onde expôs o caráter de Caxías através dos "constantes e

inestimáveis serviços prestados ao Brasil", perpassando "mais de meio século" de nossa história nacional.

Nas lutas internas em Que foi chamado a intervir, nunca se deixou ganhar por ódios políticos ou paixõessubalternas.Agia dentro de um eoutlíbno perfeito entre o deverdo cidadão e o prestígio da função militar, orientado sempre pelo sentimento da unidade

nacional.[...JApós a vitória dasarmas,surgiao estadista,realizandoa obra fecundada

paz, com tolerânciae respeito pelos vencidos. [...JComo na lendado guerreiro grego,

dir-se-ía Quecuravaas feridas com a própria lançaQuegolpeava. [...J No decorrer do

tempo, a projeçãodo seu nome na história da nossaPátriatende semprea avultar,Quer como elemento integrador da nacionalidade,Quercomo condutor da vitória na defesa da nossasoberania

LKJIHGFEDCBA

( V a r g a s , RMB,I935, p. 5-6).

O conteúdo do discurso conteve múltiplas das idéias-imagens acerca do papel desempenhado pelo militar, resgatadas na figura simbólica máxima do exército e das forças armadas. No Que se referiu às chamadas "lutas internas", Caxlas sempre primou pela "unidade nacional"; assim, atualizava-se no pós-3D a presença do Estado centralizador e militarizado como instrumento de conservação do "sentimento nacional" contra as trincheiras erigidas pelos poderes regionais. O Estado varguista deveria ser representado por um regime composto por elementos Que tinham suas virtudes ligadas ao

10A partir deste momento, RMB.

124 Biblos. Rio Grande. 15: 111· 128. 2003.

símbolo identificador, elementos Que agiam com o "eoullibrto perfeito entre o dever do cidadãoe o prestígio da função militar" (RMB, 1935, p. 7-9).

A ausência de princípios democráticos era presentificada pela finalidade de realizar "a obra fecunda da paz, com tolerância e respeito pelos vencidos". Desta forma, a figura de Caxias foi descrita mitologicamente como um legendário "guerreiro grego", Que cumpria a função de mito "integrador da nacionalidade" e da "defesa de nossasoberania" (RMB, 1935, p. 7-9). Em seu discurso, Vargas expôs a doutrina e o retrato oficial do Estado militar e de exceção do pós-3D e do nascente Estado Novo.

A

limitação da circulação dos discursos e das representações neles contidas não

impossibilitava a sua negação e distinção por inúmeros setores da sociedade. Todavia, seria ingênuo pressupor Que setores da mesma sociedade não aceitassem a normatização da vida pública e privada do país, principalmente depois da Primeira Grande Guerra, da "Quebra" da Bolsa de Valores de Nova loroue, da Queda das exportações de café e das experiências totalitárias européias.

A RMB ainda continha o depoimento do General João Gomes, então ministro da Guerra. De forma mais explícita dirigiu seu discurso aos militares, relacionando a figura de Caxlas e a função do militar na sociedade.

São, evidentemente, do mais alto alcance educativo essas meditações anuais sobre

os cometimentosdo grande cidadão-soldado- arouétípo das maisacendradasvirtudes

cívicas - e nunca melhor do Que agora elas se recomendam como eficaz recurso de profilaxia social, dadas as circunstânciasocorrentes em Que, a par das agitações partidárias, exploradores internacionais procuram inocular na consciência nacional o insidioso vírus comunista, embotador do senso moral das multidões incultas (Gomes,RMB, 1935, p. 7-9).

Ficavam claras as intenções educativas dessa publicação, o combate ao comunismo antí-soberano Que invadiu as "multidões incultas", pois não são incapazes de interiorizar a "consciência nacional". Dessa forma, "neste momento histórico, os civis e militares", ao lerem a publicação dos feitos heróicos de Caxlas, despertariam em "todos, não só um constante incitamento a esse espírito de ordem, Que constitui a

ambiência imprescindível ao progresso, como, sobretudo, receberão a iterativa

sugestão do engrandecimento pátrio pelo fortalecimento da unidade nacional".

O exército torna-se portador de um capital simbólico11 para dirigir o processo de

integração nacional "no sul, no centro e no norte do país", e Que então "vibre unissonamente, na comunhão do mesmo pensamento". Assim, o símbolo Caxias responderia perfeitamente para alcançar a meta unificadora e centralizada do Estado (Gomes, RMB, 1935, p. 7-9).

" BOURDIEU, 1996, p.81-1 16.

(9)

'SoldadoslA melhor das homenagensQuepodeis prestar

xwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

à memóriade Caxlas,éfirrn e renovar anualmentenesta data o propósito de tomá-Io como exemplo, e, paraissar

será mister conheceres, não somente a atuação notável do grande soldado,mO'

principalmente,a sua compleiçãomoral. poroue a açãoéo reflexo do caráter. Procuras

bitolar-vos pela grandeza moral de Caxlas,cultivando em

LKJIHGFEDCBA

v ó s as nobres QualidadesQUal

em tão alto grau possuía(Gomes,RMB, 1935, p. 7-9). e

o

texto seguia exemplificando a função do militar na sociedade e das

dificuldades enfrentadas por este nos "exercícios estafantes", no sacrifício dos "interesses pessoais pelas exigências do serviço público", no "ferrão da crítica injusta Que, às vezes, tenta desconhecer a respeitabilidade da vossa missão gloriosa", na "política [... ] nas suas tramas enganosas, procurando fazer-vos crer não ser perjúrio o ouebrarnento dos deveres da disciplina e o insurgimento contra as autoridades" e, finalmente, "se o destino vos levar aos campos de batalha e o fragor da peleja vos entibiar" as Qualidades contidas na imagem de Caxias o farão superar as dificuldades (Gomes, RMB, 1935, p. 7-9). A imagem do militar na constituição desta nova ordem deveria então obscurecer a violência de sua imposição, desmistificando uma concepção Que ligava o poder militar do exército à força da vontade imposta pelas armas. Paratal, era necessário na burocracia estatal e no jogo político reouísítar habilidades adicionais, em Que mesmo Caxias, "o maior dos nossos guerreiros, fosse ao tempo o maior pacificador, mostrando assim Que, se boa era a têmpera de sua espada, melhor era o seu coração magnânimo" (Gomes, RMB, 1935, p. 7-9).

A RMB (agosto de 1935) deixou esclarecido o discurso oficial do setor militarizado do pós-3D, e prosseguia após os dois textos acima citados narrando diversos feitos heróicos de Caxias condicionados a sua virtude moral, consciência nacional, origem militar e personalidade. Escritos por historiadores, militares, eruditos, políticos e diplomatas serviram de orientação pedagógica, principalmente aos militares, frente aos inimigos externos (comunismo) e internos (olígaroutas regionais). Foi em Caxias e no exército Que floresceu novamente o "princípio da nacionalidade", ou seja, do pertencimento a uma nação integrada e soberana, do Qual o Estado impregnado pelos militares era a melhor concepção.

6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

A história da América Latina esteve permeada por episódios de soluções

belicosas (conservadoras ou revolucionárias), Que observadas em seu conjunto

agravaram o Quadro de miséria social e institucional em Que vivemos. Desta forma, o

projeto de integração latino-americana deve reservar espaço para o debate

historiográfico e social da representação do militar na vida pública das nações. Pois existem setores Que preservam a memória da guerra como instrumento de soberania e

126 Biblos. Rio Grande. 15: 111· 128. 2003.

'dade nacional; e outros Que encontram nos regimes militares e de exceção um

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sado de 'or em e progresso, como se aVIo encia [ustíicasse a presença

r:ervencionista do Estado militar.

A memória organizadíssima,Queé a memória nacional,constitui um objeto de disputa importante, e são comunsos conflitos para determinarQuedatase Queacontecimentos

vão ser gravadosna memória de um povo [...1

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a m e m ó r i a éu m f e n ô m e n o c o n s t r u í d o [ ... 1 u m e l e m e n t o c o n s t i t u i n t e d e s e n t i m e n t o d e i d e n t i d a d e [ ...1 Que se produz em

referênciaaos outros, em referênciaaos critérios de aceitabilidade,de admissibilidade,

de credibilidade, e Q!.lese faz por meio de negociação direta com os outros

1.. ·1

(pollack, 1992, p. 204).

Ufanamo-nos da história/memória de um passado "nacional", opondo-nos aos nossospares latino-americanos, negando a oportunidade de negociar memórias comuns Quenos identifiQuem como semelhantes em necessidades e vontades. Memória Que se deveconstruir hoje, com atos de aproximação e compreensão das diferenças, como foi a

Guerrado Paraguai, ocupando ose s p a ç o s v a z io sQue nos separam.

Essas histórias/memórias nacionais são as Que denotam a fragilidade das instituições democráticas e do Estado de Direito, em Que a vontade dos povos não constituiu a base das decisões governamentais. Os Estados latino-americanos, na sua maioria, são legislados pela lógica da coação e não da garantia das liberdades, maneira institucional e elitista de controlar as diferenças socioeconômicas e a revolta popular.

Reconstituindo a história da América Latina e da Bacia do Prata, observamos Que os encontros entre os atuais países foram dados na sua maioria pelos conflitos armados e regimes de violência. As histórias nacionais latino-americanas estão cobertas pela herança da violência armada colonial, das guerras de fronteiras, das guerras pela independência, das revoltas internas, dos levantes por justiça social, pela

tortura e ausência de cidadania. É no sangue das espadas e no cheiro da pólvora Que a

América Latina nasceu, e da dor e do medo dos vencidos Que alimentamos nosso estado de inércia frente à usurpação de nossos direitos e liberdades. Por outro lado, crescem os ódios contra a dominação das elites internas e externas; mais uma vez, a solução armada retorna à pauta da história latino-americana. Situação agravada pelas constantes crises econômicas Que geram um exército de famintos Que lutam pela sobrevivência. Não conseguimos ao longo de nossa história adouirlr instituições sólidas suficientes para amenizar os abismos sociais entre os estamentos das sociedades e muito menos para negociar a inserção internacional de forma integrada e positiva.

O Mercosul deve-nos dar provas de Que os contatos entre os países latino-americanos não devem ser apenas histórias/memórias de guerra, e sim de um amadurecimento das instituições democráticas e de povos Que primam pela paz, justiça SOciale cidadania.

r"

(10)

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128

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Referências

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