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VIDAL, Laura da Rosa 1 ; CUNHA, Aimê 2 ; COSTA, Lia da Porciuncula Dias da 3 RESUMO

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Academic year: 2021

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O DESENVOLVIMENTO PERCEPTIVO DE UMA CRIANÇA

COM PARALISIA CEREBRAL ATRAVÉS DO CONTATO COM O

CAVALO: A IMPORTÂNCIA DO AMBIENTE LÚDICO E SEUS

ASPECTOS POSITIVOS

VIDAL, Laura da Rosa 1; CUNHA, Aimê2; COSTA, Lia da Porciuncula Dias da3

RESUMO

O presente artigo tem como delimitação temática a importância do ambiente lúdico e seus aspectos positivos no desenvolvimento perceptivo de uma criança com paralisia cerebral através do contato com o cavalo, caracterizado por um estudo de caso longitudinal analítico. No decorrer das sessões o praticante foi apresentando autonomia ao montar no cavalo e permanecer nele com mais segurança promovendo também a melhora da autoestima. Ficou concluído que a equoterapia mostrou-se ser um ambiente de ensino - aprendizagem informal, lúdico e perceptivo, promovendo qualidade de vida e inserção social da criança com paralisia cerebral.

Palavras- Chave: Equoterapia. Aprendizagem. Desenvolvimento. ABSTRACT

This article has as its thematic delimitation the importance of the play environment and its positive aspects in the perceptive development of a child with cerebral palsy through contact with the horse, characterized by an analytical longitudinal case study. In the course of the sessions the practitioner presented autonomy when riding the horse and stay in it with more safety, also promoting the improvement of self-esteem. It was concluded that equine therapy was shown to be an informal, playful and perceptive teaching-learning environment, promoting quality of life and social insertion of the child with cerebral palsy.

Keywords: Equine therapy. Learning. Development

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Acadêmica do 10° semestre do curso de Fisioterapia da Universidade de Cruz Alta. E-mail: laurinhavidal@hotmail.com

2 Acadêmica do 8° semestre do curso de Fisioterapia da Universidade de Cruz Alta. aimecunha4@gmail.com 3

Mestre em Educação nas ciências - Atualmente é Professora Adjunta da Universidade de Cruz Alta. Tem experiência na área de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, com ênfase em Desenvolvimento Humano. E-mail: lcosta@unicruz.edu.br

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INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como delimitação temática a importância do ambiente lúdico e seus aspectos positivos no desenvolvimento perceptivo de uma criança com paralisia cerebral através do contato com o cavalo, surgindo assim à questão problematizadora da pesquisa: Quais são os benefícios de um ambiente lúdico no desenvolvimento perceptivo de uma criança com paralisia cerebral através do contato com o cavalo?

Pensando nesses aspectos, justifica-se a realização da pesquisa, por ser a equoterapia um tratamento alternativo lúdico, que possibilita ao portador de paralisia cerebral, através de estímulos vindos do cavalo, explorar o seu desenvolvimento, melhorando sua qualidade de vida, pois quando a criança com deficiência é estimulada, ela desenvolve um paradigma, à medida que se adquire novas informações e conhecimentos sobre alguma coisa a percepção varia e modifica-se, desta forma propomos verificar e avaliar os efeitos da equoterapia no desenvolvimento perceptivo de uma criança portadora de paralisia cerebral e investigar a relevância do ambiente lúdico na sua evolução e quais seus aspectos positivos na qualidade de vida.

A paralisia cerebral afeta o movimento e a postura da criança devido a uma série de desordens permanentes, este distúrbio ocorre durante a maturação do cérebro, podendo ocorrer durante a gestação, no parto, ou após o nascimento. Esta desordem afeta principalmente as habilidades funcionais podendo estar ou não associada a um atraso mental, isso irá depender do grau da lesão (ASSIS-MADEIRA¹; DE CARVALHO, 2009; ZANINI et al., 2009; CURY; BRANDÃO, 2011).

A paralisia cerebral é denominada encefalopatia crônica não progressiva, em que ocorrem lesões no cérebro imaturo afetando a motricidade e o desenvolvimento neuropsicomotor da criança causando a evolução inadequada das reações de endireitamento e reflexos, responsáveis pelo progresso do controle tônico e postural (ROTTA, 2002; ZANINI

et al., 2009; CURY; BRANDÃO, 2011).

As causas são variadas e em consequência desta patologia ocorre uma rigidez muscular devido à área lesada. A cognição nem sempre é afetada, tendo assim uma inteligência normal, a mesma é afetada quando a lesão ocorre em áreas responsáveis pela memória ou percepção. Esta lesão corre no período pré, peri ou pós-natal e deve ser tratada

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desde o início com o auxílio de uma equipe multidisciplinar que deve conter médico, fisioterapeuta e fonoaudiólogo, que irá tratar e minimizar os efeitos desde os primeiros dias de vida da criança (ROTTA, 2002; LEITE; PRADO, 2004; ZANINI et al., 2009).

Podem ocorrer alterações visuais, mentais, auditivas, de linguagem, os efeitos irão depender da área afetada e sua gravidade, através da estimulação precoce é possível reduzir alguns dos sinais. Dentre as causas mais comuns destacam-se infecções maternas como citomegalovírus, sífilis, rubéola, AIDS, uso de drogas, hemorragias intracranianas, anóxia, traumas durante o parto, meningite, convulsão entre outras, ambas prejudicam seriamente o sistema nervoso central. A causa mais comum é a falta de oxigênio sendo este essencial para coordenar as funções no organismo prejudicando seu desenvolvimento (ROTTA, 2002; ZANINI et al., 2009; CURY; BRANDÃO, 2011).

O diagnóstico é realizado através de um exame físico, anamnese, eletroencefalograma e tomografia computadorizada. A criança irá apresentar um atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, espasticidade, movimentos involuntários e descoordenados, e reflexos inapropriados. O tratamento é individualizado, normalmente visa prevenir doenças, contraturas, e problemas decorrentes da lesão, medicamentos são ministrados quando a criança possui crises epilépticas. Quando a criança desenvolve deformidades é indicado realizar cirurgia para correção e estabilização para preservar a função evitando que ela sinta dor.

A fisioterapia visa normalizar o tônus da criança com paralisia cerebral, preservando a mobilidade e a função da musculatura e articulações, normalizando o tônus muscular, inibindo a atividade reflexa anormal, trabalhando a força, amplitude de movimento e as capacidades motoras básicas para uma estabilidade funcional. Um programa fisioterapêutico de reabilitação irá prevenir deformidades, otimizando as funções básicas do paciente. Para auxiliar na reabilitação da paralisia é necessária a combinação de uma intervenção utilizando a neurofisiologia, a biomecânica, e o tratamento sensorial combinando-os com o desenvolvimento neuropsicomotor para melhorar as atividades diárias e o desempenho funcional (LEITE; ROTTA, 2002; ZANINI et al., 2009; CURY; BRANDÃO, 2011; OLIVEIRA et al., 2013; LEVITT, 2014).

O prognóstico varia conforme o grau e a severidade da lesão, e da qualidade do tratamento recebido, este é fundamental para seu desenvolvimento e qualidade de vida, é

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preciso avaliar se existe deficiência mental, crises epilépticas e quais os distúrbios de comportamento presentes na criança, visto que a equoterapia é um recurso fisioterapêutico eficiente na reabilitação devido à diversidade de estímulos e o ambiente lúdico que proporciona ao paciente, melhorando a coordenação, a força, o tônus muscular, o equilíbrio, aquisição de padrões, habilidades sensoriais e desenvolvimento motor (LEITE; ROTTA, 2002; LEITE; PRADO, 2004; ZANINI et al., 2009; OLIVEIRA et al., 2013; LEVITT, 2014; OLIVEIRA et al., 2015).

A percepção é responsável pelo aprendizado do ser humano através de sentidos e estímulos sensoriais, por meio dela é possível organizar e interpretar as informações recebidas e sentidas quando se entra em contato com alguma coisa. Propondo assim adquirir, interpretar, e organizar as informações que são recebidas pelos órgãos responsáveis pela interpretação do sentido. O estudo da percepção é um processo antigo que envolve a cognição e a fisiologia humana, a aquisição de informações proporciona ao indivíduo observar, conhecer e distinguir o meio, auxiliando no desenvolvimento e no aprendizado do ser humano (DA FONSECA, 2009; FERREIRA, 2013; GALLAHUE et al., 2013).

A percepção ocorre quando a estimulação sensorial é integrada e produz sensações e significados. Ela ocorre através do olfato, tato, visão, audição, e paladar, por meio destas modalidades é possível responder e desenvolver estímulos automáticos. As técnicas perceptivas desenvolvem as habilidades motoras e cognitivas na criança, auxiliando a reconhecer pessoas, prestar atenção nas coisas, caracterizar lugares. A maneira como a criança interpreta e compreende os sentidos e as informações ao seu redor auxilia no seu desenvolvimento tanto físico quanto cognitivo (MAGALHÃES; GALLAHUE, 1982; DA FONSECA, 2009; ALMEIDA, 2012; FERREIRA, 2013; GALLAHUE et al., 2013; HAYWOOD; GETCHELL, 2016).

Na infância ocorrem mudanças rápidas no desenvolvimento neuropsicomotor e nas habilidades perceptivas de uma criança, por isso esta fase é tão importante na hora de compreender os processos de desenvolvimento. As capacidades sensoriais estão presentes desde o nascimento e se desenvolvem conforme o indivíduo cresce de acordo com os estímulos que recebe. A percepção tem início no processo de observação seletiva. Vários fatores influenciam na atenção e na percepção, podendo ser caracterizado por fatores externos oriundos do meio ambiente, ou por fatores internos, que partem do organismo do ser humano

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(MAGALHÃES; GALLAHUE, 1982; DIAMENT; CYPEL, 1996; NETO, 2004; DA FONSECA, 2009; WILLRICH et al., 2009; ALMEIDA, 2012; FERREIRA, 2013; GALLAHUE et al., 2013; HAYWOOD; GETCHELL, 2016).

Nas crianças, duas formas de percepção se destacam, a auditiva e a visual, estes elementos são fundamentais para a sobrevivência humana, além da percepção ligada ao tato, olfato, visão, audição e paladar, o ser humano possui uma capacidade de percepção de tempo e espaço. A capacidade de percepção espacial, também chamada de propriocepção faz, por exemplo, com que o indivíduo saiba a posição espacial do seu corpo, a orientação, e a posição de cada parte do corpo em relação às outras sem precisar olhar. Esta percepção permite a preservação do equilíbrio, a coordenação, a fala, auxiliando na hora de segurar e manipular objetos, mantendo a pessoa em pé e ajudando na hora de se posicionar para realizar alguma atividade. Ao estudá-la é necessário verificar a sua biologia e fisiologia, a percepção cognitiva, a influência na interpretação das informações recebidas (MAGALHÃES; GALLAHUE, 1982; DIAMENT; CYPEL, 1996; NETO, 2004; DA FONSECA, 2009; ALMEIDA, 2012; FERREIRA, 2013; GALLAHUE et al., 2013; HAYWOOD; GETCHELL, 2016).

Devido à percepção sensorial, uma pessoa se torna capaz de atribuir um significado as coisas, a partir da sua vivência, esse processo e aquisição, seleção e organização de conhecimento não depende da memória e sim de estímulos e informações recebidas. A função cognitiva se desenvolve, pois os órgãos sensoriais vinculam os estímulos e sensações que recebem, este estímulo é conduzido ao cérebro, e lá é processado da maneira adequada. A sensação afeta a cognição, ela relaciona episódios e estímulos recebidos no momento. A percepção é diferente da consciência, ela não remete a individualidade do indivíduo, sendo proveniente de um estímulo, para que a criança desenvolva a sua percepção sensorial é necessário que ela seja estimulada desde os primeiros anos de vida. Quando ela é acometida por algum tipo de lesão cerebral, o estímulo perceptivo, na reabilitação de um cérebro lesado, é necessário que ocorra, facilitando a neuroplasticidade que ocorre no sistema nervoso central e o auxilia a modificar sua estrutura e suas funções. Através de estímulos o cérebro é capaz de aprender, se reorganizar e se desenvolver de acordo com a orientação recebida (MAGALHÃES; GALLAHUE, 1982; DIAMENT; CYPEL, 1996; LEITE; PRADO, 2004; NETO, 2004; DA FONSECA, 2009; CURY; BRANDÃO, 2011; ALMEIDA, 2012;

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FERREIRA, 2013; GALLAHUE et al., 2013; LEVITT, 2014; HAYWOOD; GETCHELL, 2016).

A palavra lúdico é de origem masculina e significa diversão, proporciona prazer a quem esta envolvido. Jogos e conteúdos lúdicos são fundamentais na aprendizagem de uma criança, pois através de atividades lúdicas ela irá se desenvolver divertindo, quando esta possui alguma desordem neurológica, a reabilitação é afetada de forma direta contribuindo e potencializando seus efeitos (MOURA; AZEVEDO, 2001; CARVALHO, 2003; GADELHA; MENEZES, 2004; MOURA; VENTURELLI, 2004; PERES, 2004; FERLAND, 2005; 2006; FROTA et al., 2007; MAURÍCIO, 2009).

Atividades lúdicas desenvolvem a criatividade e motivam quem pratica, livre de regras e normas seu objetivo principal é proporcionar prazer. Quando uma criança brinca, ela estimula a memória, um ambiente lúdico é necessário em qualquer idade, ele facilita o aprendizado, o desenvolvimento social, pessoal, cultural, e promove uma melhora na saúde mental e física. Práticas lúdicas facilitam o desenvolvimento cognitivo e motor do ser humano, melhorando a coordenação, equilíbrio, atenção e aprendizado (CARVALHO, 2003; FERLAND, 2005; SALOMÃO et al., 2007; MAURÍCIO, 2009; PINTO; TAVARES, 2010).

Atividades lúdicas são essenciais em todas as fases da vida, sendo importantes para a saúde mental do ser humano, contribuem para o aprendizado de crianças com dificuldade ou atraso mental, proporcionando socialização, estimulando a criatividade, a capacidade motora, satisfação, motivação, desenvolvimento da intelectualidade e proporcionando bem estar. Estudos evidenciam que a criança que aprende de maneira lúdica consegue estabelecer relações lógicas, e percepções. É necessário que ela brinque para poder crescer, através da ludicidade são acionadas funções psico-neurológicas que estimulam o pensamento e a percepção aos estímulos. Durante uma sessão de equoterapia é possível utilizar materiais lúdicos para potencializar o efeito da terapia no desenvolvimento mental da criança, em que os jogos sensoriais auxiliam a desenvolver a percepção, a força, a coordenação motora, a organização de espaço e tempo (CIRILLO, 1998; CARVALHO, 2003; PERES, 2004; FERLAND, 2005; 2006; MAURÍCIO, 2009; PINTO; TAVARES, 2010; SEVERO, 2010).

A equoterapia é baseada em fundamentos técnicos e científicos utilizando o cavalo dentro de uma abordagem multiprofissional e interdisciplinar, necessitando de uma avaliação e indicação médica. Ela é desenvolvida por equipe multiprofissional, com profissionais das

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áreas da saúde, educação e equitação, que auxiliam a reabilitar as pessoas com necessidades especiais através da equoterapia, possibilitando ao praticante ganhos a níveis psíquicos como autoconfiança e autoestima; e físicos, como desenvolvimento da força muscular, da consciência corporal, da melhora da coordenação motora, do equilíbrio, do controle de tronco e da mobilidade (ANDE-BRASIL, 2004; ARAÚJO et al., 2010; FERLINI; CAVALARI, 2010).

As sessões são realizadas de acordo com a capacidade física e mental de cada indivíduo a partir de uma anamnese e um exame físico realizados no início do tratamento, por isso é necessidade realizar um plano de tratamento específico e individualizado para cada paciente, objetivando seu desenvolvimento neuropsicomotor, perceptivo e a melhora na qualidade de vida (CIRILLO, 1998; MEDEIROS; DIAS, 2002; SEVERO, 2010).

O Centro de Equoterapia EASA/UNICRUZ (CEEASA/UNICRUZ) foi criado em 2011. Busca promover uma terapia alternativa, através da reabilitação e da reeducação de pessoas com deficiência, auxiliando-os a superar as limitações impostas por suas condições, aprimorando suas habilidades eficientes, permitindo assim, um desenvolvimento global. O CEEASA/UNICRUZ tem um comprometimento com a inclusão social a serviço da comunidade por isso, a UNICRUZ e EASA disponibilizam uma equipe multiprofissional, envolvendo acadêmicos, professores e militares das áreas de saúde e educação, representadas pelos cursos de Pedagogia, Educação Física e Fisioterapia e profissionais das áreas da Psicologia e Educação Especial (CEASA/UNICRUZ, 2011; COSTA et al., 2015).

O objetivo geral da presente pesquisa visa conhecer os benefícios da equoterapia como método fisioterapêutico no desenvolvimento perceptivo de uma criança com paralisia cerebral através do contato com o cavalo.

Os objetivos específicos da pesquisa são:

- Descrever as consequências do ambiente lúdico no desenvolvimento perceptivo de uma criança com paralisia cerebral.

- Caracterizar as alterações presentes na percepção de uma criança com Paralisia Cerebral.

- Identificar os benefícios da equoterapia na qualidade de vida de uma criança com paralisia cerebral.

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METODOLOGIA

A presente pesquisa se caracteriza por um estudo de caso longitudinal analítico, sendo o estudo de caso, um método qualitativo que explora um indivíduo, auxiliando o pesquisador a responder dúvidas sobre o que é estudado. A pesquisa foi desenvolvida no Centro de Equoterapia EASA/UNICRUZ, rua Benjamin Constant- Centro, Cruz Alta- RS, 98025-110, com o praticante L.B.T, gênero masculino, 9 anos de idade, prematuro, que possui paralisia cerebral.

Durante os atendimentos o paciente montou com a terapeuta no cavalo ao passo, guiado por um soldado com dois auxiliares guias ao lado, foram utilizados materiais lúdicos durante a terapia para a estimulação e desenvolvimento perceptivo da criança e, realizados os seguintes exercícios: alongamentos voltados ao ganho de flexibilidade, exercícios cinesioterapêuticos passivos, onde o terapeuta realizou as movimentações no corpo do praticante, as quais ele não conseguia realizar ativamente, ajudando a manter a integridade articular e os padrões cinestésicos do movimento, técnica de Kabat para promover a facilitação neuromuscular proprioceptiva, e o movimento funcional, conceito neuroevolutivo Bobath promovendo a inibição e a integração dos padrões posturais primitivos, desenvolvendo a normalização do tônus anormal.

Foram realizadas três avaliações: uma pré-avaliação (inicial), uma pós-avaliação (ao final dos atendimentos) e uma reavaliação no paciente (após trinta dias de encerramento da pesquisa), através dos seguintes protocolos: “Ficha de Avaliação Neurológica Infantil” e “Ficha de Avaliação Motora da Equoterapia”. Foram descritos os resultados diários dos atendimentos através da Linha do Tempo, durante 36 sessões.

O estudo foi realizado dentro dos padrões éticos conforme propõe a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, onde antes de ser realizada a coleta de dados, a responsável pelo paciente foi informada sobre as possíveis dúvidas que possa ter sobre os objetivos da pesquisa e dos procedimentos que foram realizados durante a mesma. Foi entregue uma cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para o responsável.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

No decorrer das sessões o praticante foi apresentando autonomia ao montar no cavalo e permanecer nele com mais segurança promovendo também a melhora da autoestima. Adquiriu, através da retificação postural e reposicionamento da coluna cervical, o alinhamento da articulação temporomandibular, melhorando a articulação das palavras, da mastigação, do controle de tronco e fortalecimento de músculos paravertebrais pelo movimento tridimensional que o cavalo proporciona.

Comprovando a eficácia da terapia na reabilitação desses pacientes, pois segundo estudos de Chung, Kim e Lee (2013), apresentam dificuldade de equilíbrio e controle postural em pé, porque são prejudicados pela postura assimétrica, desequilíbrio corporal e déficit de transferência de peso.

Baseando-se em estudos de Han, Park e Kim (2012), onde relatam que durante uma sessão de 30 minutos, os pacientes experimentam cerca de 2700 a 3300 repetições de desafio postural obrigatória. Os movimentos do cavalo geram entradas vestibulares contínuas que causam ao praticante uma adaptação constantemente a esses movimentos. Obtendo reações para corrigir o reequilíbrio através do estimulo, proporcionando a melhora do controle postural e dos músculos do tronco.

A interação social entre praticante, cavalo e mediador, durante as sessões foi de extrema importância, pois segundo Mendes (2008) essa relação já possibilita um desenvolvimento da autoconfiança, da socialização e de afetividade, visto que o praticante apresenta mais independência nas suas atividades de vida diária, na escola, promovendo qualidade de vida, inserção social e melhora na sua autoestima e autoimagem.

Foi observado através do estudo que a equoterapia é um tratamento que traz vários benefícios para o paciente com paralisia cerebral que apresenta um padrão motor anormal e espasticidade muscular por que auxilia na correção da postura através da reação de endireitamento (SOBIESKA, 2014).

Como o praticante possui a lesão no sistema nervoso central eles possuem um desequilíbrio entre o sistema inibidor dos movimentos reflexos e o facilitador, a atividade alfa

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motora do fuso muscular fica potencializada e o sistema gama fica hiperativo (LIPORONI; OLIVEIRA, 2005).

Através da equoterapia obtive-se o relaxamento do padrão anormal melhorando e reduzindo a espasticidade devido à ritmicidade da andadura do cavalo e as posições que o paciente era submetido fazendo com que apresentasse um ganho do início para o final de cada sessão, embora cada sessão tenha tido suas particularidades e os ganhos não tenham sido exatamente iguais, o praticante evoluí dentro de suas potencialidades, ocorrendo também a redução dos reflexos patológicos.

Comprovando a eficácia do tratamento na reabilitação de pacientes com paralisia cerebral e espasticidade conforme estudos de Teixeira, Sassá e Silva (2016), a equoterapia beneficia membros inferiores de modo significativo na redução da espasticidade, além de promover o ganho de amplitude de movimento das articulações do quadril.

A marcha do cavalo dará a praticante movimentos rítmicos e repetitivos semelhantes à caminhada do ser humano, contribuindo para a melhora da postura, equilíbrio e força (LEE; KIM; YONG, 2014).

Este estímulo proprioceptivo irá contribuir para o amadurecimento sensório motor do praticante, pois fará uma reorganização postural a cada movimento do cavalo buscando equilíbrio (PEDEBOS et al., 2013).

O contato com a natureza e o cavalo proporcionou estímulos variados à criança, considerado lúdico, possibilitando o desenvolvimento e conhecimento do próprio corpo, resgate de conceitos, trabalhando e desenvolvendo a percepção, proporcionando entusiasmo e prazer. O lúdico é considerado um fator importante no processo de aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento, desafia, estimula a curiosidade, supera medos, favorece a cognição e a afetividade.

Por meio da equoterapia foi possível desenvolver a cognição e a percepção, além dos estímulos neuropsicomotores e biopsicossociais, proporcionado à criança um tratamento alternativo lúdico e, mediante ela, foi possível explorar a evolução e o progresso da criança com deficiência. O cavalo auxilia na reabilitação como um agente facilitador, proporcionando ao praticante um ambiente prazeroso e relaxante devido aos seus inúmeros estímulos.

Por meio do animal, é possível que o fisioterapeuta, além de trabalhar a motricidade da criança com necessidade especial, consiga desenvolver um trabalho emocional, priorizando

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um tratamento global, unindo fatores biológicos, motores, mentais e sociais (CIRILLO, 1998; MEDEIROS; DIAS, 2002; MARTINEZ, 2005; SEVERO, 2010).

O movimento do cavalo se assemelha ao movimento do útero materno, ele proporciona a sensação de controle e domínio ao praticante proporcionando novas experiências e o desenvolvimento de um vínculo afetivo. A equoterapia estimula a área sensório perceptiva da criança durante a atividade, esta terapia complementar necessita de um planejamento e um acompanhamento especial e individualizado (CIRILLO, 1998; MEDEIROS; DIAS, 2002; MARTINEZ, 2005; SEVERO, 2010; BARBOSA; MUNSTER, 2011).

A andadura do cavalo proporciona movimentos tridimensionais ao ser humano, semelhantes aos movimentos pélvicos que ocorrem durante a marcha humana, sendo realizado em três planos: vertical, sagital e frontal; o passo do cavalo, sua velocidade e sua direção auxiliam na estabilização do praticante, estimulando o equilíbrio, o sistema vestibular, a propriocepção, o estimulo tátil, a dissociação de tronco e das cinturas pélvica e escapular. Além de estímulos olfativos e visuais do ambiente lúdico e do contato com a natureza, estes estímulos somatossensoriais, proprioceptivos e vestibulares desenvolvem o controle postural do praticante pelo estímulo do controle motor local. Desenvolve o equilíbrio pelo estímulo postural, as reações de ajuste, de defesa e de endireitamento corporais, e por fim aperfeiçoa e estimula o controle motor global. Todos estes estímulos fazem com que o praticante melhore e aplique o feedback adquirido durante a sessão, permitindo que ele se mantenha equilibrado em cima do cavalo, desenvolvendo, junto com o cavalo um conjunto biomecânico entoado (NICOLAS, 1985; CIRILLO, 1998; BARBOSA; MUNSTER, 2011; ASSIS, 2012).

O praticante foi evoluindo dentro dos programas de equoterapia, perpassando o programa de hipoterapia e alcançando o programa de educação, pois o mesmo compreende bem e interage com atividades pedagógicas, além de estar mais independente no cavalo.

Além de ter promovido a reabilitação global do praticante, ofereceu aos acadêmicos uma formação diferenciada, demonstrando a preocupação da Universidade de Cruz Alta na qualificação dos profissionais e na qualidade de vida da comunidade, visando assim desenvolver um trabalho em equipe interdisciplinar, cujo foco é o praticante.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em suma, ficou concluído que a equoterapia mostrou ser um ambiente de ensino - aprendizagem informal, lúdico e perceptivo, sendo um método coadjuvante ao meio de aprendizagem formal promovendo o desenvolvimento neuropsicomotor, qualidade de vida e inserção social da criança com paralisia cerebral.

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