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Intervenção frente a problemas decorrentes da violência contra a criança no contexto familiar

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Academic year: 2018

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IN T E R

D A V IO L

A

WVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

-

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

O R

E

P R O B L E M A S D E C O R R

IA O RA

A C R IA N Ç A N O C O N T E X T O F A M IL IA R

A n a C e c í l i a d e S o u s a Bastos"

RESUMO

mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

E ste a rtig o a p re se n ta u m a re v isã o d a lite ra tu ra so b re a b u so H sic oàc rie n ç e . su a d e fin iç ã o , d e te rm in e ç ê o e

MLKJIHGFEDCBA

p re v e lé n c ie : S u g e re -se u m a a b o rd a g e m m a is c o m p re e n siv a d a q u e stã o , im p lic a n d o e m to m a r oa b u so àc ria n ç a c o m o u m a sp e c to d o p ro b le m a d a v io lê n c ia fa m ilia r; oq u a l, p o r su a v e z, se ria e x p re ssã o p a rtic u la r d a v io lê n c ia

in e re n te à e stru tu ra eo rg a n iza ç ã o d o m o d e lo d e so c ie d a d e e m v ig o r.

A sp e c to s lig a d o s aa ç õ e s d e re a b ilita ç ã o , ju n to afa rm 1 ia s v itim e s d a v io lê n c ia , sãofin a lm e n te e n fa tiza d o s,

e m v á rio s n ív e is (oin d iv íd u o , afa m J 1 ia ,a e sc o la , a c o m u n id a d e ), e sp e c ific a m e n te n o q u e sere fe re àa tu a ç ã o d o

p sic ó lo g o e n q u a n to p ro fissio n a l ec id a d ã o .

ABSTRACT

T h is e rtic le p re se n ts are v ie w o flh e lite ra tu re o n c h ild p h y sic a J a b u se , fo c u sin g p o in ts re le te d to its d e fin id o n ,

d e te n n in a d o n a n d p re v a le n c e .

A m o re c o m p re h e n siv e e p p ro e c h o flh is p ro b le m iss u g g e s te d , a n d lh e a u to r p ro p o se s to c o n sid e r c h ild

a b u se a s e n e sp e c t o f lh e p ro b le m o f fa m i/y v io le n c e , w ic h is c o n c e p tu e liz e d a s ap a rtic u la r e x p re ssio n o f

v io le n c e in h e re n t to lh e m o d e l o f, c u rre n t stru c tu re a n d o rg e ru zstio n o fso c ie ty .

S o m e a sp e c ts re le re d to re h e b d ite iio n p ro c e d u re s . inse v e re l le v e ls (lh e in d iv id u a l, lh e fa m i/y , lh e sc h o o /, lh e

c o m m u n ity ), w ith fa m ilie s w h o are v ic tirn s o f v io le n c e . a re fin a l/y e m p h e s iz e d . T h e ro le o f lh e p sy c h o lo g ist. a s a

p re c titio n e r a n d a sa c itize n ,is sp e c ia l/y c o n sid e re d

• Doutora em Psicologia (UnB), Professor adjunto do Departamento de Psicologia da UFBa., Participante no Programa de

Pós-Graduação em Saúde Coletiva (ISC/uFBa).

(2)

Introdução

A violência contra a criança é um dos aspectos mais cruéis da vida do homem contemporâneo, tal como se organiza atualmente. O progresso econôrni-co e científieconôrni-co, mesmo nos países desenvolvidos, não foi capaz de responder a demandas sociais de funda-mental importância, sobretudo no que conceme à con-vivência igualitária, democrática e fraterna entre os membros da espécie humana.

Essa violência é multifacetada, e tal diversifica-ção atinge tais requintes de sofisticadiversifica-ção, em sua selva-geria, a ponto de jogar por terra valores dos quais o homem civilizado pensou um dia poder orgulhar-se. A cronicidade do problema da violência, que infelizrnen-te não é "privilégio" das sociedades menos desenvolvi-das, é outra característica a acentuar a sua gravidade.

Não se pode dizer que essa violência se origine no contexto familiar, mesmo que seja este o contexto no qual o indivíduo se depara inicialmente com ela. No entanto, a família pode ser pensada como o palco privilegiado de uma experiência de violência, gerada pela dinâmica de um sistema social intrinsecamente perverso.

A cena que ocupa esse palco, por sua vez, é ca-paz de afetar profunda e irrevogavelmente o curso da experiência individual, moldando inclusive a capacida-de do indivíduo capacida-de atuar sobre o seu ambiente e capacida-de construir a sua própria história. Aqui se inserem

con-cepções de acordo com as quais se pode falar no

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c ic lo

d a . v io lê n c ia . ou na tre n sm issã o in te rg e re c io n e l d a . v io

-lê n c ia designando fenômenos como o de crianças víti-mas de abuso virem a ser pais abusivos, o do vínculo entre abuso e delinqüência e comportamento violento em geral, o do vínculo entre abuso, isolamento e com-portamento auto-destrutivo, bem como dos efeitos do testemunho infantil da violência, dentro e fora da

fa-rnília,

sobre comportamento agressivo (Widom,

1989).

O objetivo deste trabalho é examinar possibilida-des de intervenção profissional frente a esse grave pro-blema, a partir de uma revisão da literatura em língua inglesa. A literatura psicológica nacional examinada é relativamente escassa nesse sentido, até porque prati-camente não dispomos, em escala nacional, de estarís-ticas fidedignas e esse problema já começa pela preca-riedade dos registros disponíveis. Nesse sentido, o eRAMI (Centro de Registro e Atenção aos Maus Tra~ tos na Infância), vem tentando construir uma prática de registro sistemático, já em execução em algumas ci-dades brasileiras, como Campinas e Brasília,e com pers-pectivas de expansão. No caso da violência na família,

deve-se considerar ainda a persistência de concepções culturalmente modeladas onde o que acontece na farní-lia deve ser resolvido ~ ou não ~na própria famífarní-lia. As~ sim, quando o problema sai a público, sai diretamente para as páginas policiais dos jornais diários, já o último elo de uma cadeia freqüentemente mortal, como já em

1980

era assinalado por Luppi.

Os péssimos níveis que o Brasil alcança em indi-cadores de desenvolvimento social certamente dernar-cam um quadro geral de intensificação das formas de violência no cotidiano da população, especialmente das camadas mais pobres. Dentro do grupo de

65

países no qual o Brasil se inclui, segundo critérios como ta-manho populacional, PIB per capita e taxa de urbani-zação, definidos pelo Human Development Report para

1990,

o Brasil ostenta um Índice de Desenvolvimento

Humano inferior à média de seu grupo. Em outros indicadores de desenvolvimento social, o Brasil tem, nesse grupo, a pior distribuição de renda, a mais baixa taxa de escolarização no

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2 ° .grau e o maior índice de evasão escolar (Faria,

I 991 ).

Em meio a essa realidade, cuja consideração se faz obrigatória, e especialmente numa perspectiva de prevenção em nível primário e secundário, é essencial o lugar que ocupa uma atuação junto às famílias. É preciso crer que o ciclo da violência social, institucional, familiar e interpessoal não ocorre gratuitamente e pode ser rompido. Qualquer forma de intervenção que e x

-c1ua a família, por mais que seja necessária, não estará contribuindo efetivamente para quebrar esse ciclo. Tra-ta-se de um nível de intervenção para cuja

importân-cia já há uma conscientização entre parcela signiâcati-va dos profissionais preocupados com o problema, processo que tende a se intensificar. Infelizmente, fala-se muito e age-fala-se pouco. As denúncias são feitas até mesmo em nível internacional, mas estamos pratica-mente na estaca zero quanto ao envolvimento ativo de recursos profissionais e da comunidade para uma ação sistemática no sentido de coibir a violência, o que su-põe uma firme vontade política dos órgãos públicos.

A natureza da violência familiar contra a

criança, sua determinação e conseqüências

Essa discussão focalizará especificamente o abu-so físico à criança na família. Deve-se observar que podem ser identificadas muitas formas de abuso: assal-to físico ou emocional, abuso sexual. A definição é necessária, para determinar a incidência do abuso, estudá-lo e desenvolver programas de intervenção e tratamento. No entanto, há muitos problemas

(3)

vidos numa definição dificultando um consenso entre

os que lidam com esses problemas e o estabelecimento

de diretrizes para a atuação profissional.

No Cód\~.c Penal Brasileiro, definem-se maus

tra-tos como"

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e x p o r ap e rig o a v id a o u a sa ú d e d e

p e sso a so b su a a u to rid a d e , g u a rd a o u v ig ilâ n c ia .,

p a ra

MLKJIHGFEDCBA

fim d e e d u c a ç ã o , e n sin o , tra ta m e n to o uC U ~ tá d is ; q u e r p r iv s n d o -e d e a lim e n ta ç ã o o u c u id e

-d o s, q u e r su ie ite n d o -e a tra b a lh o e x c e ssiv o o u

in a d e q u a d o , q u e r a b u sa n d o d o s m e io s d e C O J T e ~

ç ã o o u d isc ip lin a " (Molinari, 1988).

Deve ser lembrada, aqui, a ambigüidade, se não a

hipocrisia, inerente a uma cultura ocidental que ora

con-dena a violência, ora exalta força e violência enquanto

valores cultiváveis. Essa relativização não deve impedir

o posicionamento claro e nem a decisão de

interferên-cia, inclusive no âmbito legal e apesar das dificuldades

representados por ideologias que impliquem numa

de-fesa cega de um valor de privacidade inerente ao grupo

familiar, acabando por legitimar o uso indevido do

po-der atribuído aos pais sobre seus filhos, pelo qual filhos

são vistos como propriedade paterna. No direito

brasi-leiro, a família se define como área de foro íntimo; as

pessoas não interferem em assuntos de disciplina entre

pais e filhos. Em um grupo de mães estudado por Meyer

( 1988), embora 34,3

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% relatassem ter presenciado epi-sódios violentos contra crianças na vizinhança, somente

uma revelou ter socorrido a vítima. Essa autora registra

ainda o fato de haver, no Brasil, grande aceitação

cultu-ral da violência, inclusive como forma de disciplinar

cri-anças. É oportuno considerar a sugestão de Emery

{ I989), segundo a qual" o sm e sm o s c rité rio s u sa d o s p a ra

d e sig n a r v io lê n c ia fo ra d a fa m J 1 ia d e v e ria m sea p lic a r à

d e sig n a ç ã o d a v io lê n c ia d e n tro d e li' (p.323); no

entan-to, estratégias de intervenção serão ineficazes caso não

levem em conta especificidades do contexto cultural para

o qual se dirigem.

A própria história oferece ajuda para estabelecer

esses critérios: embora a violência contra a criança

sem-pre tenha sido reportada, praticando-se o infanticídio

em culturas como a babilônica, a hebraica, a grega e a

romana, e mesmo prevalecendo formas cruéis de

abu-so em situação de trabalho, jáno século XVI, na

lngla-terra, aparecia, na legislação alguma interdição a essas

práticas. No início do nosso século, as cortes

america-nas ofereciam alguma proteção às crianças que fossem

tratadas cruelmente pelos pais (Frases, 1976, apudFried

&-

Holt, 1980). Antes de se formarem associações de

prevenção àcrueldade contra as crianças,

formaram-se as de proteção a animais ... Em 1877, formava-se a

Associação Humana Americana, em prol da

preven-ção àcrue\dade contra crianças ... e arumais' .

No entanto, só em 1962 Kempe (médico) e

ou-tros vieram a descrever asín d ro m e d a c risn ç e m e

ltrs-te d s: o u e sp e n c e d e , chamando a atenção para

possí-veis conseqüências quanto ao desenvolvimento infantil

e atraindo o interesse público e governamental para a

questão (O ates, Peacock

&-

Forrest, 1984; Hensey,

William

&-

Rosenblcorn. 1983). Em 1963, Curtis

(Widom, 1989) se perguntava se violência gera

vio-lência, preocupado com seus efeitos a longo prazo.

Note-se que a iniciativa de intervenção se origina ao

nível da prática pediátrica, para onde há maior

proba-bilidade de afluência de crianças vítimas de injúria

nâo-acidental. No Brasil, essa tendência também se

verifi-ca, de acordo com revisão feita por Meyer (1988),

que situa nos anos 80 os primeiros indicadores de uma

maior preocupação profissional envolvendo

educado-res, psicólogos, assistentes sociais, tendo sido

produzi-das duas dissertações de mestrado e uma tese de

dou-torado na área2 .

A tarefa de definir o abuso exige a consideração

dos modelos conceituais subjacentes à investigação do

abuso àcriança. Assim, são encontrados modelos que

enfatizam fatores psiquiátricos, sociológicos, ou

fato-res sociais-situacionais. Tais fatores podem ser

con-cebidos enquanto conjuntos unitários,

considerando-se sua influência isoladamente, ou podem ser integrados

dentro de um sistema conceitual coerente (Rosenberg

&-

Reppucci, 1985). Paralelamente, o foco da atenção

pode recair no abuso em si, na criança vítima do

abu-so, nos pais que praticam abuso, na violência familiar

(Widom, 1989).

Rosenberg

&-

Reppucci (1985), com base em

ampla revisão, apontam fatores causais para os

diver-sos níveis possíveis de análise: ao nível individual,

in-cluem-se variáveis ligadas à personalidade e à história

de socialização dos pais (experiência com violência,

rejeição parenta!, expectativas não apropriadas de

de-senvolvimento para os filhos). Deve-se notar aqui, como

o fazem Egeland e Sroufe (1981), que cuidado

inade-quado e maus tratos estão ligados à qualidade precária

da relação de apego. No âmbito da família, são

irn-portantes fatores como: interações disfuncionais entre

membros da família, características infantis eliciadoras

IComo no dito popular: " M e n in o , C A c h o r r o e ta m a n c o , tu d o d e b a ix o d o b e n c o " .

2A presente revisão, apresentada em 1994, alcança até o ano de 1990.

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(4)

de abuso e relações conjugais conflituosas. Ao

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n ív e l da comunidade, destacam-se fatores como isolamento de

suportes formais e informais, desemprego e estresse não c o n tro lá v e l; no plano mais geral da sociedade, a sanção à punição física como forma de controle do comportamento da criança. Revisões mais recentes enfatizam, ainda, a preponderância de fatores de risco dentro do ambiente familiar (Cicchetti. 1996), como relações conjungais instáveis, características parentais como abuso de drogas, psicopatologia, baixos n ív e is

de educação, desemprego, história de maltratos

du-rante a infância e pouca habilidade na criação de

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f i -lhos. Esse mesmo autor reconhece, porém, que

crian-ças maltratadas crescem, tipicamente, em condições de pobreza crônica, tornando-se evidente, numa

pers-p e c tiv a sistêrnica, a importância de agir sobre fatores de risco ao nível da sociedade, tais como altos índices de violência urbana e criminalidade, deficiência

(quan-tita tiv a e qualitativa) de escolas, aceitação cultural de violência e "prioridade legal dos direitos dos pais sobre os direitos dos filhos" (p.20).

Meyer (1988) relatou, no Rio Grande do Sul, fatores de natureza social na causação da violência contra as crianças, relatando maior incidência de prá-ticas disciplinares violentas entre famílias de baixa ren-da, nas quais atuam com mais intensidade e sirnultane-amente v a riá v e is como v a lo re s culturais apoiando coerção física, ignorância quanto à criação de filhos, pobreza e estresses a ela associados, dificuldades ambientais mais sérias, sobrecarga dos pais nas tarefas ligadas à criação de filhos, estrutura familiar propicia-dora (família nuclear isolada, mãe sozinha).

D e v e m ser mencionados os tipos de

conseqüên-ciasp ro v a v e lm e n te decorrentes de violência na infân-cia. À parte efeitos mais drásticos como morte e incapacitação física permanente ~ e as estatísticas são

te rrív e is nesse ponto: após intervenção sistemática e prolongada, Kempe e outros (1962) relatam que, de 50 crianças tratadas, 1I % morreram e 28% apresenta-ram injúrias permanentes. Elmer e Gregg (1967), em condições similares, encontraram 15% de morte e 10% de se v e ra deficiência física; Lynch e Roberts (1982, apud Wolfe, 1985) relatam 2,5% de morte e 10% de severa incapacidade neurológica. As conseqüências mais permanentes do abuso estão ligadas à questão: violên-cia gera violênviolên-cia? Em outras palavras, " c rie n ç e s q u e

sã o m a ltra ta d a s, n e g líg e n c ía d a s o u te ste m u n h a m a v

i-o lê n c ie e m su a s fa .lm 1 ía s d e o ríg e m d e tê m u m rísc o

c re sc e n te p a ra c o n tín u a r a v ío lê n c ía e m su a s fa m /1 ía s

d e p ro c ría ç ã o " (Ernery, 1989, p. 324) ou em outros contextos sociais. Observe-se que a experiência

vio-80

R e v is ta d e P s ic o lo g ia , F o r ta le z a , V .1 3 ( 1 /2 )

lenta pertence ao âmbito do que pode ser chamado desenvolvimento de famílias, dados seus efeitos intergeneracionais. Issov e m fortalecer a ênfase na

fa-mília como a lv o de intervenção contra violência.

JIHGFEDCBA

A n á l i s e d e e s t r a t é g i a s d e i n t e r v e n ç ã o d i a n t e

d a v i o l ê n c i a c o n t r a a c r i a n ç a

Uma observação iniciald e v e ser feita assinalan-do a especificidade inerente ao problema da interven-ção profissional e legal frente ao abuso à criança (sem

le v a r em conta especificidades de formas de abuso), remetendo à presença de mecanismos de proteção e segredo na família em tomo da agressão, em caso de abuso à criança ou ao cônjuge, em nome de p re se rv a r

uma ilusão, um mito de paz e harmonia no interior da família. Como conseqüência, além do desamparo e desespero tanto da vítima como do agressor, ocorre a sabotagem da intervenção terapêutica.

Obviamente, o termo v ítím a não é isento de am-bigüidade; não se pode assumir a sua passividade, nem perder de vista a dinâmica de um sistema familiar que se move como um todo. Nesse sentido, deve-se con-cordar com Bugental, Blue e Lewis (1990), entre ou-tros, para quem " siste m e s fa m ílía re s d ísfim c ío n a ís sã o

m e lh o r c o m p re e n d íd o s c o m o p ro c e sso s re c íp ro c o s n o s

q u a ís ta n to a s p ro p ríe d a d e s e líc ía d o ra s d a c ría n ç a . c o m o

a s p ro p rie d a d e s re a tív a s d o a d u lto a tu a m p a ra d e lin ír a

n a tu re za . e m a n u te n ç ã o d o siste m a to ta l' (p. 637). Há que analisar o problema devidamente contextualizado: no Brasil, dados de uma favela do Rio de Janeiro, ana-lisados na tese de doutorado de Maria Aparecida Bar-bosaMarques, conc\uídaem 1986, indicam não haver relação entre a atenção exigida pela criança e a agres-são física, enquanto que nos Estados Unidos constata-se que crianças difíceis e doentes aumentam a proba-bilidade de violência (Meyer, 1988). Nesse sentido, o termo v ío lê n c ía fa m ílía r parece mais adequado que o termo abuso à criança ~ embora este último possa in-c\uir a violência não fa m ilia r.

Qualquer forma de intervenção de fato efetiva, portanto, terá que fo c a liza r o nível individual em con-junto com o familiar, seja numa perspectiva mais irne-diata da dinâmica familiar em vigor, seja pela conside-ração dev a lo re s culturais e aspectos sócio-econômicos que conformam av id a e uma família em particular. Por conseguinte, assume-se aqui a família como a lv o

privilegiado de in ção na reabilitação após ocor-rência de maus à criança.

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foram expostos a violência, enfatizando-se. numa pers-pectiva de reabilitação, a organização de serviços e a reunião dos recursos necessários à correção, evitação e compensação das dificuldades causadas nesse indiví-duo pela exposição à violência no contexto familiar.

A literatura que examina essa intervenção focali-za, geralmente, a ação de uma equipe. O psicólogo tem um papel importante na dinâmica dessa equipe, passan-do por planejamento e avaliação. Nessa equipe devem estar presentes diversos profissionais, como assistentes sociais, pediatras, psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, educadores, osteopatas, neurologistas, oftalmologistas. Outra especificidade a ser levada em conta nessa área é que a violência familiar é um problema tanto legal quanto interpessoal, envolvendo por vezes sobre-posição e conflitos entre níveis de intervenção.

Diversos pontos devem ser examinados ao discu-tir níveis de intervenção frente à violência contra a criança no contexto familiar.

I. A identificação do abuso

Os mesmos problemas já vistos quanto

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à defini-ção do abuso ou violência contra a criança estão

envol-vidosaqui.

Nos EUA, desde inícios dos anos 70, profissio-nais como médicos, enfermeiras, osteopatas, comissá-rios da lei, professores, dentistas e assistentes sociais são obrigados por lei a notificar casos suspeitos de abu-so, havendo em alguns estados penalidades pela omis-são em notificar. Relatos espontâneos de membros da família e vizinho são porém as fontes mais freqüentes de notificação (Fried e Holt, 1980). Tem havido um trabalho sistemático de desenvolvimento de instrumen-tos para detecção de abuso, desde questionários a tes-tes projetivos, conforme se observa no conjunto da literatura percorrida. Emans (1988) chama a atenção para a necessidade de procedimentos metodológicos acurados para garantir fidedignidade e validade desses instrumentos, como uma das salvaguardas contra o perigo de identificação errônea.

No Reino Unido, foram estabelecidossistemas para identificar criança de risco, para detectar abuso e para proteger a segurança nsica das vítimas. A diretriz em vigor é, frente a crianças com danos suspeitos como não-acidentais, proceder imediatamente a uma avalia-ção do caso, em conferência envolvendo vários profissi-onais

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(c a se c o n fe re n c e ), para tomar decisões a respeito (Hensey, WilIiams e Rosenblcom, 1983).

A prática pediátrica parece ser o contexto privi-legiado para detecção do abuso físico à criança. Não é

por acaso que é a esse nível que se origina a interven-ção, uma vez que é aí que a família procura ajuda ~ explícita, frente ao dano apresentado pela criança, e silenciosa, do ponto de vista da dinâmica familiar. Diamond e Jaudes (1983) mencionam ainda o fato de que a equipe médica pode monitorar o abuso dentro do cuidado pediátrico e da estrutura de fo J J o w ~ u pque ele já possui. O exame pediátrico precoce seria ainda o contexto privilegiado para a detecção precoce de abuso, que poderia prevenir danos irreversíveis. Nesse sentido, Elmer

&-

Gregg (1967) recomendam que" o

d ia g n ó stic o d ife re n c ia l d e to d o b e b ê m u ito p e q u e n o

c o m

MLKJIHGFEDCBA

fe rim e m o s d e v e ria in d u ir a p o ssib ilid a d e d e e b u so , p ro c e d e n d o -s e àa v a lia ç ã .o e sq u e J e ta l c o m o u m a p e

r-te d a ro tin a d e a v a lia ç ã o m é d ic a em q u a lq u e r situ e

-ç ã .ó ' (p. 60I ).

A escola é o outro contexto privilegiado para de-tecção de abuso, por sua capacitação única para aju-dar crianças: professores são muitas vezes os primeiros a1ertados para os sintomas físicos e emocionais da cri-ança. McCaffrey

&-

Tewey (1978) observam que o professor é um profissional sub-utilizado no combate aos maus tratos, particularmente pelo acesso mais fácil e "natural" que em geral tem, não só à criança como à família. Nos EUA, onde os professores têm responsa-bilidade delegada na proteção à criança, têm sido fei-tos esforços para tomar os professores mais informa-dos sobre o problema melhorando por conseguinte o diagnóstico e o relato do caso, especialmente em cri-anças pequenas (embora as mais velhas constituam mais da metade das crianças maltratadas nos EUA).

Há registro de utilização, por pediatras de um Hospital em Belo Horizonte, de um R o te iro d e O b -se rv a ç ã .o p a ra C a so ssuspeitos de síndrome de

espan-camento (Molinari, 1988), adaptado de Kempe. As colocações acima se referem mais especifica-mente a reconhecimento do caso. A identificação, en-quanto um processo mais geral, implica a detecção de fatores de risco em vários níveis:grupos sociais,estressores específicos ocorrendo na família, comportamento pa-rental potencialmente abusivo, características nsicas e comportamentais da criança. Esse nível de identificação é apropriado a objetivos de prevenção mais que de rea-bilitação. Parece necessário desenvolver instrumentos es-pecíficos de detecção do abuso.

2. A tomada de decisão diante do caso identificado

Nesse momento, são definidos os níveis de inter-venção, bem como as especificidades de diferentes profissionais.

81

(6)

Na tomada de decisões, os fatores mais levados em conta são a extensão do dano sofrido pela criança e uma avaliação da adequação das circunstâncias fa-miliares presentes. O objetivo aqui será tomar a deci-são que possa garantir o desenvolvimento seguro e ade-quado tanto da criança maltratada como de outras crianças dentro da família.

Um exemplo de quão amplas podem ser as op-ções por aop-ções a serem desenvolvidas aqui é dado por Siegel

mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

et a i. (1980), a partir de uma intervenção junto a mães potencialmente abusivas, com filhos bebês. Em-bora se trate de prevenção secundária, vale a pena mencionar os focos da ação então desenvolvida: pro-moção da relação de apego mãe-criança: informação e monitoração do cuidado à criança; informação sobre desenvolvimento e sobre a importância do jogo e da estimulação para a aprendizagem do bebê e desenvol-vimento da linguagem; atendimento às necessidades especiais de mães e bebês nos primeiros meses e pro-moção do uso de recursos da comunidade adequados para o seu atendimento; promoção de habilidades ma-temas de descrição do desenvolvimento do bebê; pro-moção de contatos com outros membros da família e recursos da comunidade, e com profissionais espe-cializados no cuidado à criança visando a compor uma equipe de apoio mútuo.

Hensey, Williams e Rosenbloom (1983) utiliza-ram, como situação em que a decisão era tomada, em uma experiência levada a cabo em um hospital pediátrico para população carente de Liverpool, uma conferência clínica na qual cada caso era discutido por uma equipe. Nessa reunião, quando os danos não eram severos, decidia-se pelo retomo da criança à família, no momento em que isso era considerado seguro, isto é, quando a criança estivesse em condições físicas satisfatórias e quando suporte e aconselhamento apro-priados tivessem sido fornecidos aos pais (o que deve ser feito antes e depois do retomo da criança). Essa decisão era de caráter também judicial. Outros auto-res enfatizam a mobilização e acionamento paralelo de recursos disponíveis na comunidade, quando agên-cias comunitárias participam do manejo dos arranjos necessários. Oates, Peacock

&-

Forrest (1984) referem-se aqui a decisões

MLKJIHGFEDCBA

Uadministrativas". Parece que a

al-tem ativa do retomo é sempre a preferida, quando pos-sível e desde que acompanhada por fo lio w -u p necessário. Essa perspectiva é compatível com o pres-suposto de que a família como um todo é a real vítima da violência. Quando os dados eram severos, ou as circunstâncias familiares indesejáveis e sem chances de mudança a curto ou médio prazos, a decisão era pela

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remoção prolongada ou permanente da criança do ambiente familiar.

Cada decisão envolve a mobilização de profissi-onais diversos, com maior ou menor ênfase na ação de cada um. Assim, no primeiro caso, psicólogos e assis-tentes sociais serão responsáveis pela maior parte da ação. No segundo, a criança será colocada sob a cus-tódia do departamento social adequado, que assume direitos parentais e responsabilidades segundo prece-dimentos judiciais apropriados, podendo a criança ser encaminhada para adoção. O foco da ação do psicó-logo e do assistente social mudará, aqui.

A tomada de decisões pode considerar ainda al-temativas como a prisão e processamento do membro familiar violento. Pode também chegar à avaliação dos recursos terapêuticos mais indicados, já dentro da ação dos serviços sociais e dos sistemas de saúde mental (Emery, 1989).

3. A atuação junto aos pais

Nesse particular, têm sido utilizadas estratégias de psicoterapia mais tradicional, bem como aborda-gens de terapia comportamental e outras.

Supõe-se que qualquer estratégia empregada junto aos pais deva considerar que a típica família abusiva é desfavorecida social e ambientalmente (Hensey, Williams e Rosenbloom, 1983). Esses autores con-cordam que uma intervenção junto aos pais é indicada tanto em caso de retomo da criança à família quanto em caso de remoção; nesse último caso, o objetivo seria, não só a reabilitação do pai abusivo como a pre-venção do abuso contra outras crianças na família, in-c1usiveem caso de nova gravidez.

A literatura é ampla na indicação de característi-cas comportamentais, de personalidade, culturais/ide-ológicas dos pais abusivos, e esses aspectos deverão influenciar a conduta terapêutica. Spinetta ( 1978) en-controu que mães abusivas diferem de mães não-abusivas em sua relação passada e atual com os pró-prios pais, tendo mais altas expectativas para o desempenho de seus filhos e por falhar em separar seus próprios sentimentos dos sentimentos de seus fi-lhos. Foram encontradas também diferenças nas áreas de atitude e personalidade, sugerindo fraqueza no ma-nejo dos eventos da vida diária. Fried e Holt (1980) mencionam características dos pais abusivos como sen-do impulsivos, dependentes, isolasen-dos, deprimisen-dos, vul-neráveis a críticas, com poucas habilidades de c o p in g ,

ou de enfrentamento de dificuldades e crises, com bai-xa auto-estima e auto-controle. Além disso, relatam

(7)

mais altas taxas de abuso em áreas urbanas que em

cidades pequenas, subúrbios e comunidades rurais; em

trabalhadores manuais que em

mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

w h ite -c o lle r;

aurnen-!aI11com níveis educacionais e de renda mais baixos;

independem de raça; quanto mais jovens mais

violen-tos os pais; quanto àreligião, pais judeus apresentam

taxas mais baixas de violência.

A conclusão é que, para fins terapêuticos, é

aconselhável. no esforço de reabilitação ou de

preven-ção, buscar aliviar a família de estresses situacionais e

esenvolver nos pais a capacidade de manter

equilí-rio sob estresse. Trata-se de melhorar as atitudes

parentais em direção ao próprio eu e em direção à

criança, na esperança de reduzir o abuso potencial e o

abuso real.

Revisão mais recente feita por Emery

WVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

( 1 9 8 9 )

retira a ênfase de uma suposta personalidade abusiva,

om características psicopatológicas, para apontar como

correlatos mais comuns do abuso, estresses situacionais,

fatores cognitivos como limitado conhecimento sobre

criação de filhos, baixa tolerância para demandas

in-fantis tais como choro, e atribuições errôneas de

meti-ções infantis para comportar-se de maneira julgada

dequada. Assim, a tendência mais recente é de

aban-:: nar a idéia de que violência familiar resulta de

sicopatologia séria, assumindo-se a perspectiva da

agressão aprendida e reforçada no próprio contexto

familiar. Fala-se também de agressão aversivamente

es-rimulada, dirigindo-se então esforços para analisar

vio-lência dentro de um c o n tín u u m de interações

familia-res normais, devendo-se, quanto ao objetivo de

reabilitação, ajudar o indivíduo a inibir expressões

ina-equadas de agressão ou a aprender formas

alternati-vas de demonstrar raiva. Fortalece-se aqui a diretriz de

entrar a ação terapêutica na quebra dos padrões de

interação em vigor na família.

Uma perspectiva de mais amplo foco, mas que

não contraria a anterior, implica em reconhecer que

dificuldades familiares ocorrem com freqüência no

con-exto de múltiplos déficits sociais e arnbientais,

inclu-indo-se desordens psiquiátricas e outros problemas (de

natureza econômica, por exemplo), vindo essas variá,

veis a agir como forças inibidoras do desenvolvimento

e habilidades satisfatórias de criação de filhos (Ouinton

e Rutter, 1 9 8 4 ) .Assume-se aqui a chamada

perspecti-va ecológica (Belsky, 1 9 8 0 ) , sugerindo-se avaliar

pa-ternidade em termos de recursos disponíveis,

(habili-ades pessoais e características sociais), sendo a família

vista como um sistema funcional afetado por sua com,

osição interna e por forças externas. Em termos

terapêuticos, seriam então focalizados:

"o e sta d o e m o c io n a l d o s p sis: a p re se n ç a .

d e o u tro s e stre sse s ep ro b le m a s d a v id a c o tid ie

-n a ; a s q u a lid a d e s d o c ô -n ju g e ea e x te n sã o e m

q u e a c ria ç ã o d e filh o sép e rtilh e d e : a e x istê n c ia

d e o u tra s sa tísfà .ç õ e s ere a liza ç õ e s a lé m d e se r

p a i/m ã .e (c o m o u m tra b a lh o fo ra d e e sse ): a d

is-p o n ib ilid a d e d e su p o rte s so c ia is e d e q u e d o s: e

c o n d iç õ e s h e b ite c io n sls' (Ouinton e Rutter,

1 9 8 4 ,p. 2 4 6 ) .

Estratégias de educação dos pais têm sido de,

senvolvidas de forma mais compreensiva e sistemática

por vários autores.

Aqui, abrem-se muitas possibilidades de

inter-venção, sendo a tônica sobretudo preventiva (em nível

primário e secundário). Fried e Holt ( 1 9 8 0 )

apresen-tam um leque de formas de intervenção, descrevendo:

(a) programas voltados para fortalecer os laços de

apego, iniciados desde a maternidade e

envolven-do presença do pai na sala de parto, mais

sirnilari-dades sala de parto-casa, privacidade para pais e

bebês nos primeiros 3 0 A 5 minutos de vida, aloja,

mento conjunto mãe, bebê, incentivo ao aleita'

mente, incentivo a olhar, contato visual, falar e

tocar o bebê, visita de irmãos e contato geral com

o bebê por períodos mais extensos de tempo desde

a estadia no hospital.

(b) programas de visita àcasa, de tal maneira que se

forme um laço forte entre as instâncias pública e

privada do sistema de saúde. Aqui se faz

aconse-Ihamento aos pais quanto ànutrição, utilização de

recursos da comunidade, serviços sociais, cuida,

dos médicos etc. O visitador assume os papéis de

professor, amigo e ligação na comunidade. Deve

fornecer uma relação de apoio, não ameaçadora.

(c) programas utilizando meios de comunicação:

car-tas, T V , para informação e formação de atitudes,

explorando-se, além do cuidado e necessidades

in-fantis, temas como identidade, individualidade,

estimulação precoce, apego e independência,

dis-ciplina.

(d) Centros de Apoio ~ grupos de mães, iniciativas da

comunidade (a exemplo do " F e re n ts A n o n y m o a s',

que vêm funcionando com aparente sucesso nos

Estados Unidos, nos moldes dos Alcoólicos

Anôni-mos e similares).

4. A atuação junto à criança

Na atuação junto àcriança, parte do insucesso

encontrado durante a intervenção frente ao abuso em

83

(8)

crianças tem sido atribuída à ausência de ações psicoterápicas voltadas para a criança especificarnen-te. Em geral a literatura relata bem menor ênfase ao assessoramento direto de necessidades desenvolvirnen-tais e emocionais da criança, centrando-se a ação em alterar o seu ambiente ~o que se justifica plenamente.

Deve ser levado em conta que a criança não é um ser passivo: ela elicia respostas nos outros e suas características determinam como seus pais se compor-tam em relação a ela. Note-se, por exemplo, o fato de uma criança em particular ser eleita na família como alvo de abuso.

O segundo argumento para acompanhamento direto à criança liga-se à reprodução da violência e às seqüelas a longo prazo. Oates, Peacock e Forrest (1984) lembram que o dano físico, para o qual obviamente é sempre dado tratamento, é a porção menor do proble-ma. Esforços devem se dirigir para a possibilidade de incapacitação da criança para a vida adulta mesmo, requerendo-se avaliações periódicas da criança e um acompanhamento a longo prazo, no contexto de um amplo plano de ação e alcançando até mesmo a atua-ção dessas crianças enquanto pais.

Alguns desses efeitos a longo prazo são atraso na linguagem, déficits intelectuais, problemas compor-tamentais, distúrbios emocionais, baixa auto-estima, acentuadas agressividade e impulsividade, além de inca-pacitação neurológica e física permanente. Esses são achados revisados por Oates, Peacocke Forrest (1984), não se levando em conta aqui aspectos ligados à quali-dade metodológica desses dados.

A intervenção junto à criança requer, logicamente, procedimentos de avaliação ~ alguns dos quais foram já mencionados quando discutida a identificação do abuso. Para avaliação específica de seus efeitos, além de dados sobre saúde e desenvolvimento da criança, história da família e das práticas de cuidado nela vi-gentes, são buscados dados de avaliação pediátrica, psiquiátrica, audiométrica, esqueletal, psicológica, além de registros do desempenho escolar, do comportamento relacionado a pares e professores, especialmente as-pectos ligados ao estado emocional geral e a proble-mas de fala (Elrner e Gregg, 1967). Tem crescido o esforço no sentido de avaliar sempre melhor esses efei-tos sobre a criança, aumentando a efetividade da aiu-da específica à criança para liaiu-dar com a violência.

Programas especiais de estimulação da

WVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

l í n g u a

-gem oral e escrita, na escola e na família, têm sido feitos para suprir déficits intelectuais e melhorar de-sempenho acadêmico dessas crianças, tais como o

re-latado por Baher, 1976 (apud Oates

mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

e t

MLKJIHGFEDCBA

e l., 1984).

Nos Estados Unidos, organizações educacionais como o Conselho para Crianças Excepcionais reco-nhecem as necessidades especiais de crianças vítimas de abuso e negligência e recomendam a oferta de ser-viços especiais, pela comunidade profissional, para aten-der a essas necessidades. Esses serviços incluiriam aconselhamento, terapia de fala e linguagem, rnodifi-cação de comportamento, educação especial e trei-no trei-no cuidado à saúde (McCaflTey e Tewey, 1978).

Segundo McCaflTey e Tewey ( 1978), o arnbien-te escolar é possivelmenarnbien-te o melhor capacitado para promover" o p o rtu n id a d e s p a ra in te ra ç ã o p o sitiv a c o m p a re s e e x p e riê n c ia s p o sitiv a s c o m a d u lto s. Isto p o d e

a liv ia r o s se n tim e n to s d e iso la m e n to o u in a d e q u a ç ã o

d a c ria n ç a v ítim a d e a b u so /n e g lig ê n c ia " (p. 119).

Es-ses autores defendem igual ênfase na assistência a fa-mílias e à criança.

No ambiente familiar de origem, uma estratégia que tem sido positivamente avaliada, especialmente para crianças muito pequenas, é a de modificar a natureza da relação de apego que a criança estabelece, proven-do uma figura substituta ou complementar de apego, tal como a avó (Egeland e Sroufe, 1981).

Acompanhamento específico deve ser dado no caso de adoção por outras famílias; processo que por vezes implica em um número elevado de tentativas e transições para a criança (há relatos de até oito tentati-vas sucessitentati-vas, fracassadas, de adoção).

Pode-se supor que a ajuda para que a criança aprenda e utilize adequadamente habilidades de c o p in g

deveria ocupar um lugar na reabilitação após experi-ência de abuso. Peterson (1989) menciona oito áreas de competência que poderiam servir como recursos básicos de c o p in g :

" p e rso n a lid a d e (fa to re s c o m o su to -e stim s

e m o tiv a ç ã o p a ra re a liza ç ã o l se n sitiv id a d e e

p e rc e p ç ã o so c ia l, m o ra lid a d e (fa to re s c o m o e

l-tru ísm o e su to -c o n tro le ], h a b ilid a d e s m o to re

s-p e rc e s-p tu sis, a te n ç ã o , c e p e c id e d e c o g n itiv

s-lin g u ístic a (fa to re s v a ria n d o d e c o n se rv a ç ã o a

h a b ilid a d e s m a te m á .tic a s e c rie tiv id e d e }, m o

ti-v a ç ã o e h u m o r' (p. 381).

A literatura sobre efeitos do abuso no desenvol-vimento infantil indica ampla evidência de cornprorne-timento em todas essas áreas, sugerindo o quão diver-sificado deva ser o plano terapêutico com crianças vítimas de abuso e negligência.

Uma questão sobre a realidade de crianças bra-sileiras vítimas de abuso, considerando o baixo alcance dos programas de reabilitação disponíveis no país, leva

(9)

a pensar, além da família e da escola, na rua como local privilegiado para intervenção. Sabe-se que rnui-tas vezes a rua é a válvula de escape da violência farni-liar ' esta como o elo inicial de uma cadeia violenta impiedosa (família, a própria rua, a polícia, os grupos de extermínio). Aqui, serão de grande importância ações de reabilitação após abuso na família envolven-do organizações como educadores de rua, projeto "Meninos de Rua", casas-lar etc, e de trabalhos na linha do desenvolvido por Gomide (1990), que traba-Ihou diretamente a capacitação do próprio menor para conquistar sua reintegração. A experiência do Projeto AXÉ, em Salvador, vem sendo uma referência irn-portante nesse sentido. Além de sistematizar toda uma abordagem pedagógica no relacionamento com as cri, anças, inclui, explicitamente, em sua esfera de ação, estratégias para reintegração das crianças às famílias e à escola.

5. A atuação pela comunidade

Em países desenvolvidos, onde é bem maior e mais consistente o grau de organização da sociedade civil, já se pode relatar de maneira sistemática o envolvimento de agentes (instituições, grupos, indiví-duos) da comunidade na prevenção e reabilitação em abuso infantil, seja através de recursos, especialrnen-te financeiros' colocados à disposição das famílias onde ocorre abuso, seja pelo engajamento em prece-dimentos específicos. Assim, observa-se na literatura uma referência constante a agências e/ou a recursos da comunidade, embora em geral não tenham sido descritos os mecanismos pelos quais ela intervêm junto à família.

No Brasil, a sociedade civil tem uma já extensa história de organização, mas apenas começa a co, nhecer ainda a própria força, inclusive no que se re-fere ao enfrentarnento de problemas sociais. Pode-se supor como bastante generalizado o caráter informal

das formas de organização mais efetivas. Sem

WVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

d ú v i -da, iniciativas como a Ação da Cidadania contra a

Fome e a Miséria e de outras Organizações não Go-vernamentais podem contribuir para que a chamada sociedade civil reconheça mais seu próprio potencial para mudança.

Um primeiro nível a considerar aqui é o envolvimento imediato de profissionais já situados na própria comunidade (assistentes sociais, professores), com uma história prévia de relacionamento com a famí-lia, capazes do necessário engajamento antes, durante e depois da ocorrência de abuso.

Instituições formais também são importantes, es-pecialmente as que cuidam diretamente da criança, como a escola. McCaffrey e Tewey (1978) conside-ram que professores podem atuar bem além do mero relato do caso de abuso, por sua posição privilegiada de contato com a criança e a família, tendo sido cons-tatado que eles estão sensibilizados para essa perspec-tiva. Esses autores relatam um amplo programa de trei-namento de educadores para participar na resposta da comunidade à negligência e abuso à criança, objetivando capacitá-los a identificar recursos existentes no que se refere a pessoal e programas, a examinar caminhos alternativos de utilização desses recursos e para o de, senvolvimento de habilidades para trabalhar com cri, anças, pais e colegas. Tem crescido nos EUA a ação de equipes baseadas na escola, no sentido de ernpre-ender avaliação desenvolvimental e psicológica para diagnóstico de problemas específicos, desenvolver pro-gramas individualizados com pais e professores. Essa ação é particularmente importante, segundo esses au-tores, porque são poucos os que trabalham na prote-ção à criança, são poucos os recursos disponíveis e aumenta o número de casos relatados.

O sistema de saúde, hospitalar especialmente, já foi bastante referido, no que se refere ao trabalho de equipes pediátricas. No plano preventivo, profissionais que atuam na rede básica são essenciais nesse preces-so, desde que priorizem um trabalho efetivo de aten-ção integral à saúde das famílias.

A criação de grupos de auto, ajuda, como Pais Anônimos, já referidos, é um outro nível de atuação envolvendo a comunidade. Não é demais repetir que associações infantis, como o Movimento Nacional dos Meninos de Rua, têm um papel importante no cornba-te à violência familiar.

6. A atuação ao nível dos sistemas político, jurídico e de formação da consciência social

Aqui, o foco será sobre populações, não sobre in-divíduos, dentro dos objetivos gerais da prevenção pri-mária no contexto do abuso à criança, envolvendo "in-tervenções que instalam competências, recursos e

habilidades de

mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

c o p ín g , tais como programas de educa' ção de pais em hospitais e comunidade; intervenções

que previnem o início do comportamento abusivo, tais como campanhas através da mídia, orientação para si, tuações de crise, e incremento dos suportes sociais dis-poníveis na comunidade; e intervenções que visam a populações vulneráveis especialmente durante períodos de transição e estresse, incluindo programas que

facili-85

(10)

tam o vínculo pais-filho, visitas de agentes de saúde,

ajuda aos pais" (Rosenberg

WVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

& -Repucci, 1 9 8 5 ,p. 5 7 7 ) .

Esse nível de atuação, mais diretamente envolvi,

do quando se trata da prevenção primária, incluiria

todas as ações no sentido de garantir a proteção àcri,

ança e suas instâncias legais. No Brasil, os avanços

constitucionais que se expressam no Estatuto da Cri,

ança e do Adolescente podem representar, se não

garantias de fato de solução do problema, um

reco-nhecimento público de sua gravidade e alguma

evolu-ção da consciência social a respeito. Parece que é g e

-neralizada a dificuldade que as sociedades humanas

têm de reconhecer as expressões de sua própria

agressividade (o que envolve questões inclusive

filosó-ficas, que fogem ao objetivo desse texto). A história

tão recente da ação organizada contra a violência à

criança é um sintoma disso.

Observa-se alguma tensão na relação dos sete-res mais diretamente envolvidos no cuidado àcriança

e o sistema judicial-legal. Segundo Emery ( 1 9 8 9 ) , a

sanção legal e os sistemas de saúde mental se sobre,

põem na intervenção e isto tem gerado problemas.

Estes ofereceriam pouca proteção aos que sofrem ris,

co de violência continuada. Os agentes da lei ficariam

rericen es- as próprias vítimas não cooperam; os

cien-s r outro lado, enfaózam a natureza

rerpess da violência familiar e os possíveis efeitos

esrrutivos da ação penal sobre a família. O problema

cresce na medida em que mesmo intervenções inova,

deras. sociais e psicológicas, falham freqüentemente

em prevenir reincidência.

Quanto àformação da consciência social, trata-se

de tentar continuadamente, usando todos os recursos

disponíveis,

mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"e n sin a r a lte m a tiv a s

MLKJIHGFEDCBA

à v io lê n c ia , p ro m o v e r a q u a lid a d e a fe tiv a d a s re la ç õ e s F a m ilia re s, e d e e n c o

rs-ja r a in ib iç ã o d a e x p re ssã o in a d e q u a d a a g re ssiv a e d e

ra .iv a (..). M a is a m p la m e n te , àm e d id a e m q u e o E sta ,

d o a u m e n ta su a re sp o n sa b ilid a d e n o c u id a d o àc risn ç e .

o su p o rte e d u c a c io n a l e e c o n ô m ic o à s F a m /1 ia s,a lg u n s

d o s e stre sse s so c ia is lig a d o s à v io lê n c ia fa m ilia r se rã o

a u m e n ta d o s' (Ernery, 1 9 8 9 ,p.3 2 7 ) .

o

JIHGFEDCBA

i m p a c t o d o s p r o g r a m a s d ep r e v e n ç ã o f r e n t e àv i o l ê n c i a f a m i l i a r

Constata-se em geral baixo impacto relativo,

mesmo quando altos montantes de recursos estão

en-volvidos, das ações de reabilitação e prevenção frente

àviolência contra a criança no contexto familiar. Estariam as reais causas da violência fora do

al-cance dos programas desenvolvidos?

As avaliações disponíveis podem refletir, também,

uma estimativa distorcida dos objetivos e resultados da

reabilitação, com pouca valorização dos ganhos reais

possíveis e de ganhos secundários. Pode-se pensar que

a dimensão escandalosa do problema e a história ainda

recente da reabilitação na área, de fato, não permitem

que sejam visualizados resultados - mesmo porque

muitas ações têm perspectivas de longo prazo e de

continuidade.

No entanto, pode ser observada uma certa

ten-dência no sentido de menor impacto das ações de

pro-fissionais especializados e de maior daquelas que

sur-gem no âmbito da comunidade. Assim, o treinamento

a professores relatado por McCaffrey e Tewey é

avali-ado como eficaz e positivo; relata-se que os Pais Anô,

nimos vêm obtendo resultados insuperáveis na p r e v e n

-ção àreincidência do abuso (Fried e H o lt , I 9 8 0 ) .

Hensey e t a i. ( 1 9 8 3 ) utilizaram como critérios

para considerar um resultado insatisfatório a presença

de uma ou mais das seguintes características, após a

intervenção: desenvolvimento físico ou neurológico

anormal; persistência de distúrbio emocional (encoprese

secundária, alto grau de dispersão ou delinqüência);

pobre progresso educacional (necessidade de ensino

compensatório ou escola especial); ocorrência de dano

não-acidental posterior. Nesse programa, encontrou,

se que as crianças que melhor sobreviveram às suas

experiências foram aquelas para as quais se tomou

precocemente a decisão de remoção da família e de

colocação permanente em uma família substituta.

Oates et alo( 1 9 8 4 ) sugerem também que are,

moção drástica da família é o meio mais seguro para

prevenir reincidência de abuso. Emery ( 1 9 8 9 ) relata a

prisão e processamento do membro violento como

ca-paz efetivamente de reduzir a probabilidade de

violên-cia subseqüente. Esses dados sugerem o grau de

difi-culdade de intervir diretamente sobre os padrões de

interação em vigor na família, e possivelmente de

in-tervir no sentido de alterar suas condições de vida. No

entanto, observa-se que os planos de ação mais

abran-gentes, envolvendo recursos multidisciplinares e fo llo w ,

u p adequados mostraram-se mais efetivos (Oates

e t a i. , Hensey e t a I.)

São fatos que enfatizam, para concluir, a com pie,

xidade do problema da violência sofrida pela criança no

contexto de sua família, alertando mais uma vez para a

necessidade do envolvimento da sociedade como um

todo enfrentar efetivamente esse doloroso problema.

Uma observação final deve ser feita quanto à

importância de abordagens que efetivem uma integração

de intervenção e pesquisa. Nesse sentido, forma-se uma

(11)

compreensão, já empiricamente baseada, de que o mal, trato à criança pode significar uma falha profunda do ambiente em estabelecer condições mínimas que asse, gurem o curso normal do desenvolvimento (Cicchetti, 1996). A investigação focalizando a interaçâo de fa-tores e mecanismos de risco e proteção ao desenvol-vimento, e sua relação com níveis observados de vulne-rabilidade e resiliência, pode contribuir para uma maior eficácia das ações de prevenção e reabilitação junto a famílias que experienciam a violência em seus diversos aspectos.

JIHGFEDCBA

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