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A lógica do mercado e as retóricas de inclusão: articulações entre a crítica frankfurteana e a pós sobre as novas formas de dominação

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Academic year: 2018

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a r t icu la çõe s e n t r e a cr ít ica Fr a n k fu r t e a n a e a

Pós-Est r u t u r a list a sobr e a s n ov a s for m a s de dom in a çã o

Th e m a r k e t logic a n d in clu sion r e t h or ics: a r t icu la t ion s be t w e e n t h e fr a n k fu r t e a n a n d t h e post - st r u ct u r a list cr it iqu e a bou t t h e n e w w a y s of dom in a t ion

M a r ia de Fá t im a V ie ir a Se v e r ia n o*

Universidade Federal do Ceará – UFC, For t aleza, CE, Br asil

Pa blo Se v e r ia n o Be n e v id e s* *

Univer sidade Feder al do Cear á – UFC, Sobr al, CE, Br asil

RESU M O

O pr esent e t ext o obj et iva, a par t ir de um a ar t iculação t eór ica ent r e o pensam ent o fr ankfur t eano e o pós- est r ut ur alist a, pr oduzir um a r eflexão que cont em ple o m odo com o as novas for m as de dom inação vêm ganhando r elevo nas sociedades at uais. Na m edida em que am bas as per spect ivas lançam suspeit as fr ent e aos anúncios de que est ar íam os assist indo a um t em po de m aior liberdade, dem ocracia e posit ivação das singular idades, buscam os realizar um a conj ugação dest as per spect ivas com o pr opósit o de efet iv ar um a análise crít ica dos disposit iv os/ m ecanism os que m ascaram o exer cício do poder nas for m ações sociais capit alist as cont em por âneas. Par a t ant o, argum ent arem os que a pr et ensa dem ocracia e liberdade anunciadas pela Sociedade de consum o e pela I ndúst r ia Cult ur al est ão a ser v iço da unidim ensionalização do cor po social; do m esm o m odo com o cer t os discursos e polít icas que m ilit am pela inclusão social e escolar per m anecem lidando com a alt er idade sob o signo do est er eót ipo, capt ur a e m arginalização, suav izados pelo uso de figur as r et ór icas.

Pa la v r a s- ch a v e : Sociedade de Consum o, I ndúst r ia Cult ural,

Unidim ensional, Sociedades de Cont r ole; Ret ór icas.

ABSTRACT

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w it h t he alt er it y under t he sign of t he st er eot ype, capt ure and m arginalizat ion and soft ened by t he use of ret horical figures.

Ke yw or ds: Consum pt ion Societ y, Cult ur al I ndust r y, One- Dim ensional,

Cont r ol Societ ies, Ret horics.

A ut ilização fr equent e e cor r iqueir a de t er m os com o “ per sonalização” , “ singular idade” , “ liber dade de escolha” , “ diver sidade” , “ r econhecim ent o m inor it ár io” , “ inclusão social” et c. é car act er íst ica m ar cant e das for m ações discur sivas cont em por âneas, sej a na esfer a pública – m eios de com unicação de m assa, inst it uições educacionais, j ur ídicas e polít icas –, sej a na esfer a pr ivada – âm bit o fam iliar e r elações int er pessoais. I st o, à prim eir a vist a, par ece anunciar um a época em que a individualidade, a liber dade e a plur alidade t r iunfar am definit ivam ent e sobr e o m undo dit o hom ogêneo e aut or it ár io das sociedades de m assa do capit alism o indust r ial, encenando ver dadeir as r upt ur as com as ant igas r elações de poder ent ão vigent es.

Est e est udo pr et ende, cont udo, pôr em evidência o fat o de que est es discur sos que ant ev êem um t em po de m aior r espeit o, liber dade e aceit ação da diver sidade na cont em por aneidade podem consist ir , pr ecisam ent e, num a est r at égia de m anut enção da m esm a lógica excludent e que car act er izou as for m ações sociais capit alist as t r adicionais. Par a t al r ealização, ut ilizar em os um a abor dagem t r ansdisciplinar – pondo em discussão elem ent os t eór icos da Escola de Fr ankfur t e r efer enciais analít icos dos pensador es Pós-est r ut ur alist as – com o pr opósit o de dissolv er e desar t icular pr et ensos discur sos liber t ár ios que car act er izam a est r at égia de apaziguam ent o dos conflit os, t ípica das novas for m as de cont r ole vigent es no capit alism o t ar dio.

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( ...) as uniform idades declinam pr ogr essivam ent e com 1) as m udanças na capacidade t écnica, que possibilit am m aior variedade de produt os e m aior diferenciação a ser incor por ada nas sér ies de pr odução; e 2) a fr agm ent ação cr escent e do m er cado. Com efeit o cada vez m ais os indivíduos consom em pr odut os difer ent es ( ...) Em decor r ência, a cult ur a de consum o par ece ser capaz de se aproxim ar m ais da liber t ação da individualidade e das difer enças que sem pr e pr om et eu.

Nest e caso, nossa pr eocupação m aior r eside nos pr ocessos de hom ogeneização pr oduzidos at ualm ent e pela m ídia e pelo consum o, enquant o novas for m as de opr essão sim bólica que, ao elidir em os r eais pr ocessos de singular ização e individuação, at r avés de pseudo-individualidades de m er cado, cor r om pem e enfr aquecem pr incípios básicos de cidadania – lut as am plas pelos dir eit os de igualdade e liber dade – t r ocando- os sej a pelos alar deados “ dir eit os do consum idor ” , sej a por par t icipação “ m idiát ica int er at iva” ; num supost o univer so de m últ iplas escolhas no qual “ v ocê decide” : as cor es pr efer idas da nova sandália haw aiana, quem m er ece sair do Big

Br ot her, qual film e dever á ser exibido am anhã no I nt er Cine, et c.

Na esfer a polít ica, pr incipalm ent e quando ar t iculada ao dom ínio educacional, as for m as t r adicionais e opr essivas de exer cício do poder apr esent am - se com o suplant adas por um novo m odo de lidar com a alt er idade m ar ginalizada e excluída. Sob o signo das polít icas públicas de inclusão social e escolar , da m ilit ância pela educação “ m ult icult ur alist a” e de um a sér ie de m ecanism os out r os que par ecem valor izar e posit ivar a “ diver sidade” ( negr os, índios, ciganos, hom ossexuais, deficient es físicos e m ent ais et c.) , o ar gum ent o per m anece sendo o de que assist im os a um t em po em que a liber dade e a singular idade t r iunfaram sobr e as cinzas das for m as obsolet as e aut or it ár ias de lidar com a “ alt er idade” .

Cont udo, nossa suspeit a r ecai sobr e o fat o de que, nest es casos, o uso dos t er m os “ diver sidade” e “ plur alidade de escolhas” par ecem , ao cont r ár io, funcionar de m odo a r espaldar e/ ou cam uflar as novas for m as de cont r ole social. Não est ar iam est es m ecanism os, em ver dade, buscando equalizar e dissolver as t ensões que ser iam car act er íst icas do encont r o com a r eal “ difer ença” , com o “ out r o” que não se deixa capt ur ar pelas t er r it or ializações polít ico- educacionais, agor a t r ansm ut ada e docilizada quando t r anspost a par a o signo pacificador e r et ór ico da “ diversidade” ? Não buscar iam , por t ant o, har m onizar a lógica do m er cado à lógica da inclusão, na m edida em que se t r avest em sob a r oupagem de dem ocr at ização e liber dade?

A Escola de Fr a n k fu r t e a lógica da dom in a çã o

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t eór icos da Escola de Fr ankfur t , ( ADORNO; HORKHEI MER, 1991; MARCUSE, 1982) a par t ir do início do século XX, no I nst it ut o de Pesquisa Social, sediado em Fr ankfur t .

À luz do cont ext o hist ór ico das duas gr andes guer r as m undiais, do t r iunfo do nazism o, do cr escim ent o do st alinism o, do fr acasso da classe t r abalhador a eur opéia fr ent e à hegem onia capit alist a e da em er gência de um a cult ur a do consum o nas sociedades indust r iais avançadas da década de 60, est es t eór icos passar am a quest ionar a debilidade da r azão fr ent e à não- r azão, apont ando a fr agilidade da r esist ência hum ana ant e o t ot alit arism o, assim com o as novas for m as de poder or iundas da t ecnologia, da m ídia e do consum o m assivo de bens m at er iais.

Ador no e Hor kheim er ( 1991) , na “ Dialét ica do Esclar ecim ent o” , em pr eendem um a análise apr ofundada dos elem ent os da r acionalidade do m undo m oder no par a denunciá- los com o um a nova for m a de dom inação, car act er izada pela pr evisibilidade e unifor m ização das consciências. A cr ít ica filosófica da cult ur a r ealizada, nest e cont ext o, dem onst r a o fr acasso do pr ogr am a do Esclar ecim ent o, cuj a pr om essa de salvar o m undo dos gr ilhões da super st ição, da ignor ância e do m edo at r avés da sober ania do hom em e de seu dom ínio sobr e a nat ur eza, r esult ar am fr ust r ados.

O Esclarecim ent o, segundo esses aut or es, apr esent ou- se pr edom inant em ent e em sua face coer cit iv a: O hom em , em sua t ent at iva de dom ínio sobr e a nat ur eza, findou por desenvolver um dom ínio t ot alit ár io sobr e os pr ópr ios hom ens. A r azão, ao pr et ender conciliar - se com a r ealidade, t er m inou por degradar - se a si m esm a, t r ansfor m ando- se em um a r azão encur t ada, for m alizada e fat ídica: um a r azão inst r um ent al, m er a j ust ificação m ist ificador a do im ediat o, est r anha à r ealidade concr et a dos hom ens e ao seu m undo de vida. O único cr it ér io de ver dade dest e t ipo de r acionalidade passou a ser o seu valor oper at ivo, ou sej a, sua capacidade de eficácia na dom inação da nat ur eza. I st o por que a r azão, ao alienar - se da r eflexão sobr e seus fins e valor es, despoj a- se de qualquer j uízo ét ico, polít ico ou valor at ivo sobr e o hom em , per dendo seus poder es de cr ít ica e t ransfor m ando- se num inst r um ent o de legit im ação da or dem dom inant e e de adequação do hom em aos lim it es do fat o est abelecido. Ent r et ant o, vale r essalt ar que não er a à r azão em si que est es aut or es cr it icar am , m as um t ipo de r acionalidade que passou a pr edom inar principalm ent e após a consagr ação da epist em ologia do Posit ivism o, no século XI X, enquant o a “ legít im a” r epr esent ant e da Ciência Moder na.

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de dom inação. I st o quer dizer que, par a além da opr essão e explor ação visíveis das classes oper ár ias da época do capit alism o indust r ial, o conceit o passou a abr anger , ainda, for m as sut is de m anipulação do pensam ent o e do desej o, capazes de pr oduzir out r o est ilo de viver e per ceber o m undo. Assim nos define Mar cuse:

Dom ínio exist e e at ua sem pr e onde, no indivíduo, se encont r am cont idas as m et as e finalidades e onde, nele, se encont r am os m odos de as alcançar [ ...] O dom ínio pode ser exer cido pelos hom ens, pela nat ur eza, pelas coisas – e pode at é ser int er ior e r ealizado pelo indiv íduo em si pr ópr io, sur gindo ent ão na for m a de aut onom ia ( MARCUSE, 1980, p. 10)

É nest e sent ido que est e aut or nos fala de um t r iplo padr ão de dom inação: pr im eir am ent e dom inação sobr e o pr ópr io eu, sobr e sua pr ópr ia nat ur eza int er na; segundo, dom inação do t r abalho conseguida por sobr e indivíduos assim disciplinados e cont r olados; e t er ceir o, dom inação da nat ur eza ext er ior , ciência e t ecnologia.

Por t ant o, consider ando a com plexidade e o r elevo assum ido pelos elem ent os cult ur ais, at é ent ão concebidos pelo m ar xism o or t odox o com o um m er o r eflexo da esfer a polít ico- econôm ica ( a exem plo da noção de que a lut a de classe, assim com o os m ecanism os de dom inação, ocor r er iam essencialm ent e dent r o do lim it es da esfer a do t r abalho) , a Cr ít ica da Cult ur a fr ankfur t eana r adicaliza a Cr ít ica Social Mar xist a, est endendo suas análises par a além dos m ur os das fábr icas, alcançando os dom ínios da esfer a da ar t e, do lazer , da linguagem , da r eligião, da sexualidade e dos m eios de com unicação de m assa.

A pr im azia das for ças econôm icas passa a ser , por t ant o, quest ionada por est es aut or es, sob o ar gum ent o de que, par a se com pr eender o m om ent o hist ór ico pr evalent e a par t ir da década de 60 – a int egr ação da classe t r abalhador a no Ocident e e os aspect os polít icos da r acionalidade t ecnológica – ser ia necessár io um a r efor m ulação da noção m ar xist a or t odoxa de cult ur a com o um a m er a super est r ut ur a a r eboque da infr aest r ut ur a econôm ica, par a concebê- la com o um a esfer a que possui um papel chave na vida pr ivada e pública dos hom ens.

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os m eios de com unicação de m assa, a educação e o lazer - par a pr oduzir ident idades hom ogeneizadas, acr ít icas e em confor m idade com a lógica capit alist a. Assim nos esclar ece Ador no:

El papel del fact or subj et ivo se t r ansfor m a en el pr oceso social t ot al. Cuando se da una crecient e int egración, la r elación super st r uct ural- subest r uct ur a pier de su ant igua fuer za. Cuando m ás son capt ados los suj et os por la sociedad, cuant o m ás com plet am ent e son det er m inador por el sist em a, t ant o m ás se m ant iene el sist em a, no sim plem ent e por m edio del uso de la coacción sobr e los suj et os, sino t am bién a t r avés de ellos. ( ADORNO, 1996, p. 19)

Por t ant o, est e duplo deslocam ent o da dom inação vigent e nas sociedades do capit alism o indust r ial avançado ocor r er ia sob a for m a de um duplo m ovim ent o: do econôm ico par a o cult ur al, assim com o das for m as explícit as e concr et as par a as im per cept íveis e sim bólicas; o que exigir á de nós um a nova at it ude e um novo olhar , m ais per spicaz e escr ut inador , sobr e as novas for m as de cont r ole social, vist o que podem t r avest ir - se de liber dade e dem ocr acia, a par t ir dos desej os do pr ópr io suj eit o em quest ão. E é j ust am ent e ist o o que at ualm ent e se obser va com a expansão do dom ínio do m er cado par a a esfer a cult ur al, a exem plo da perda do car át er t r anscendent e da obr a de ar t e e sua r edução à m er a m er cador ia; da m ecanização do t em po do ócio e sua t r ansfor m ação em lazer planej ado pela indúst r ia do t ur ism o; da cr iação per pét ua de “ novas necessidades” no consum idor e do obsolet ism o planej ado dos pr odut os, confor m e fins apr ior íst icos da indúst r ia, além das pr om essas sem pr e incum pr idas por “ difer enciação” e “ felicidade” veiculadas pela m ídia.

Assim , as pr om essas de r ealização dos desej os hum anos at r avés da aquisição cr escent e de bens e ser viços, e a “ liberação” dos cont r oles societ ár ios par ecem concor r er , de for m a incont est e, par a o desapar ecim ent o cr escent e de qualquer t ipo de conflit o que venha subver t er essa or dem t ão “ confor t ável” .

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sociedade - em necessidades e aspir ações individuais, r econciliando, dest a for m a, as for ças oponent es ao sist em a.

Nas condições de um padr ão de vida cr escent e, o não conform ism o com o próprio sist em a par ece socialm ent e inút il ( ...) pr incipalm ent e quando acar r et a desvant agens econôm icas e polít icas t angív eis e am eaça o funcionam ent o suave do t odo ( MARCUSE, 1982, p. 32) .

Dest e m odo, ocor r e um a r adical inver são: a lógica do m er cado, cuj a m et a é o lucr o e a expansão dos negócios, nor t eada por um a r acionalidade inst rum ent al e posit ivist a, passa a apr esent ar - se sob a apar ência de um a inst ância m at er nal e solícit a, pr ont a par a “ r ealizar ” , de for m a “ plur al” e ao m esm o t em po “ individualizada” , os m ais car os ideais do hom em ; à “ m er cê” dos seus sonhos e desej os.

Com o r esult ado, t em os um a for m a de dom inação cada vez m ais abst r at a por que sim ula a liber dade dos desej os, apr esent ando o obj et o de consum o dest it uído de suas det er m inações obj et ivas, aos m oldes de um a t ela pr oj et iva onde t odos os sonhos par ecem se concr et izar . É o pr im ado absolut o do obj et o sobr e o suj eit o, o qual decr et a a dissolução do suj eit o, apelando par adoxalm ent e par a o seu im aginár io e seus anseios por difer enciação.

Mar cuse ( 1982, p. 65) , j á à sua época, r econheceu que a “ r ealidade do plur alism o se t or na ideológica e ilusór ia” . Ao com ent ar a int egr ação da classe t r abalhador a ao sist em a do capit alism o avançado, nos diz que est e “ plur alism o” , na r ealidade, m ilit a a favor da cont enção da t r ansfor m ação social, solidificando o poder da t ot alidade social sobr e o indivíduo, na m edida em que est á subor dinado às “ inst it uições com pet idor as” que pr om ovem um “ pr ogr esso t ecnológico” dissociado dos int er esses de em ancipação do indivíduo ( p. 64- 5) . Em confor m idade com o pensam ent o de Mar cuse, Ador no ( 1986, p. 64) t am bém ent ender á com o um engodo a ut ilização do t er m o “ plur alism o” par a significar os supost os benefícios “ pr opiciados” pelo capit alism o: “ pela palavr a plur alism o passa- se a supor a ut opia com o se ela j á exist isse: ser ve par a o acalant o ger al” . Da m esm a for m a, as “ dist inções enfát icas” ent r e cat egor ias de pr odut os visando a dist inguir o “ level“ de cada t ipo de consum idor , t ão car as aos defensor es do “ plur alism o” cont em por âneo, j á haviam t am bém sido t em at izadas por Ador no e Hor kheim er ( 1991, p. 116) :

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É a for m a do fet ichism o cont em por âneo: a subj et ividade do hom em é t r ansfer ida e alienada nos obj et os par a só ent ão r et or nar a ele sob a for m a de m er cador ia. O que ocor r e é que as “ difer enças” , t ão aclam adas na cont em por aneidade, cont inuam a ser fabr icadas em sér ie, só que, agora, de for m a segm ent ada, pela pr odução indust r ial r eor denada pelas novas t ecnologias, cuj a “ flex ibilidade” possibilit a, ao m esm o t em po, difer enciar as pessoas por segm ent os e hom ogeneizá-las em seu int er ior .

O r einado dest a supost a difer enciação fundada pelos obj et os de consum o é r eafir m ado por Baudr illar d ( 1970, p. 101) em seu conceit o de “ per sonalização” ao enfat izar que est e é inaugur ado, j ust am ent e, quando as difer enças r eais e cont r adit ór ias ent r e as pessoas são abolidas, em nom e das “ difer enças per sonalizant es” :

As difer enças r eais que m ar cavam as pessoas t r ansfor m avam - nas em ser es cont r adit ór ios. As difer enças “ per sonalizant es” deixam de opor os indiv iduos uns aos out r os, hierarquizam - se t odas num a escala indefinida e conver gem par a m odelos, a par t ir dos quais se pr oduzem e reproduzem com sut ileza. De t al m aneira que diferenciar- se consist e pr ecisam ent e em adot ar det er m inado m odelo, em qualificar- se pela referencia a um m odelo abst rat o, a um a figur a com binat ór ia da m oda e, por t ant o, em r enunciar assim a t oda a diferença real e t oda a singularidade, a qual só pode ocor r er na r elação concr et a e conflit ual com os out r os e com o m undo.

I n dú st r ia cu lt u r a l e u t opia

(9)

Ador no ( 1986a, p. 99) nos fala m uit o apr opr iadam ent e dest a r elação ent r e indúst r ia cult ur al e aut onom ia:

A sat isfação com pensat ór ia que a indúst r ia cult ur al ofer ece às pessoas ao desper t ar nelas a sensação confor t ável de que o m undo est á em ordem , frust ra- as na própria felicidade que ela ilusor iam ent e lhes pr opicia. O efeit o de conj unt o da indúst ria cult ur al é o de um a ant idesm ist ificação, a de um ant iilum inism o ( ant i- aufk lärung) ; nela, com o Hork heim er e eu dissem os, a desm ist ificação, a Aufklär ung, a saber , a dom inação t écnica pr ogr essiva, se t r ansfor m a em engodo das m assas, ist o é, em m eio de t olher a sua consciência. Ela im pede a for m ação de indivíduos aut ônom os, independent es, capazes de j ulgar e de decidir conscient em ent e. ( p. 99) .

Sua finalidade não ser ia, ent ão, a de ser vir às m assas, m as sim à r acionalidade t ecnológica e adm inist r at iva do gr ande capit al, pr oduzindo, assim , um a falsa m im ese: fusão pacificador a ent r e indivíduo e sociedade, a part ir da qual o par t icular ( indivíduo) ser ia diluído na univer salidade do social, de m odo a inst aur ar o r eino da posit ividade e o cult o ao pr esent e im ediat o com o a única for m a de r ealidade possível. A individuação, assim for j ada, ser ia “ pseudo-individuação” , na m edida em que não visar ia à difer enciação ent r e indivíduo e sociedade, m as sim à hom ogeneização das consciências. A afir m ação de Ador no ( 1986a, p. 93) a r espeit o da indúst r ia cult ur al m ost r a- se, nest e cont ext o, bast ant e at ual:

... A indúst r ia cult ur al inegavelm ent e especula sobr e o est ado de consciência e inconsciência de m ilhões de pessoas às quais ela se dir ige, as m assas não são, ent ão o fat or pr im eir o, m as um elem ent o secundár io, um elem ent o de cálculo; acessório da m aquinaria. O consum idor não é rei, com o a indúst r ia cult ur al gost aria de fazer crer, ele não é o suj eit o dessa indúst r ia, m as seu obj et o.

Dest e m odo, par afr aseando Ador no, ent endem os que a conclam ada “ individualidade” aufer ida pelo m er cado t r at a- se, na ver dade, de um pr ocesso de “ pseudo- individuação” em cur so nas sociedades cont em por âneas, que se paut a num a supost a difer enciação do indivíduo e t em por base a “ eleição” ( pr et ensam ent e livr e) de est ilos de consum o j á pr eviam ent e est andardizados e ar t iculados pela lógica do m er cado. Est e, ao invés de oper ar sob a lógica br ut a da explor ação, ser ve- se fundam ent alm ent e da lógica do desej o par a pr om over um a ident ificação idealizada com seus obj et os.

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suj eit o- obj et o, na qual o hom em som ent e adquir e valor quando de sua ident ificação com as im agens de m ar ca dos pr odut os “ ofer t ados” pelo m er cado, passando assim a confundir - se com est e, desej ando apenas aquilo que “ deve” ser desej ado.

Ador no e Hor kheim er ( 1991) r eafirm am t al quest ão ao enfat izar em que:

Na indúst ria, o indiv íduo é ilusór io não apenas por causa da padr onização do m odo de pr odução. Ele só é t oler ado na m edida em que sua ident idade incondicional com o univ ersal est á for a de quest ão.

Ent endida nessa per spect iva, o t er m o “ unidim ensionalidade” , ut ilizado por Mar cuse ( 1982) , não se opõe à “ plur alidade” ou à “ diver sidade” , na m edida em que est es últ im os t er m os são com pr eendidos, unicam ent e, sob os par âm et r os post os pela sociedade de consum o. I st o é, “ plur alidade” e “ diver sidade” per t encem à esfer a das im agens de m ar ca agr egadas ao obj et o, enquant o “ unidim ensionalidade” r efer e- se à r elação do suj eit o com o obj et o, ou sej a, à unidim ensionalização das vont ades hum anas em seu desej o de consum ir . As est r at égias do capit al incr em ent ado pelas nov as t ecnologias e pela publicidade nada m ais fazem do que escam ot ear est a r ealidade, ofer t ando um a “ pluridim ensionalidade” de m er cado. Mas a denúncia de um a “ sociedade adm inist r ada” pr ofer ida pelos fr ankfur t eanos não se r efer ia m er am ent e à hom ogeneização dos pr odut os do m er cado, m as sim à conv er gência e subsunção de desej os, necessidades e com por t am ent os dos hom ens à lógica do capit al. Que os pr odut os t enham se diver sificado, sej a em sua m at er ialidade, sej a em suas im agens, t r at a- se apenas de um a est r at égia de m ar ket ing. O que im por t av a aos t eór icos da Escola de Fr ankfur t er am os pr ocessos de singular ização e diver sificação dos hom ens. Não podem os im put ar os at r ibut os do obj et o ao suj eit o a não ser pela via da fet ichização, em que a ut opia supost am ent e r ealiza- se at r avés do m undo da m er cador ia.

Por t ant o, o que est á em quest ão é a per da da capacidade ut ópica do hom em , de sua capacidade de t r anscendência do m er o r eal/ fact ual, r esponsável pelo desapar ecim ent o da dist ância e da oposição cr ít ica, necessár ias aos pr ocessos de em ancipação hum ana. I nst ala- se, por seu t ur no, um a lógica ident it ár ia em que indivíduo e sociedade devem a t odo cust o ser pacificados, har m onizados e suavizados em seus conflit os, pr oduzindo um a unidim ensionalização do r eal.

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t odo definív el, um a vez que seus lim it es ext r apolam esse r eal num a per spect iva infinit am ent e m aior do que o m er o exist ent e, super ando a si pr ópr io e pr oj et ando- se num fut ur o possível.

Or a, a capacidade de im aginar m undos ut ópicos par t ilha de um a t r adição que, ao longo de m ilênios, paut ou- se por com pr om issos hum anit ár ios. Confor m e salient a Jacoby ( 2007, p. 10) :

Das idéias gr eco- r om anas de um a ‘época de our o’ at é as fant asias de r einos m ágicos no séc. XI X, noções de paz, bem - est ar e plenit ude car act er izar am a ut opia, no m ais das vezes ligadas à fr at er nidade e ao t rabalho colet ivo.

At ualm ent e, o t r iunfo da r acionalidade inst r um ent al j á anunciada há décadas pelos fr ankfur t eanos r eduz est e ideár io aos dit am es do m er cado, pr oduzindo um a fusão ent r e r ealidade e possibilidades ut ópicas do hom em .

I st o por que: enquant o o pensam ent o ut ópico, r espaldado pela im aginação cr iat iva, t r anscendia à m er a fact ualidade do pr esent e e t ecia a cr ít ica ao im ediat ism o do sist em a, r econhecendo suas falt as e pr oj et ando- se em m undos fut ur os, t em os na at ualidade um a linguagem m idiát ica que exacer ba ao ext r em o os pr ocessos de idealização, apr esent ando a ut opia com o j á r ealizada e o fut ur o não m ais necessár io, at r avés das vir t udes m ágicas dos pr odut os e da adesão incont est e aos códigos do consum o. Aqui o obj et o de consum o assum e ar es de per feição, const it uindo- se num a ext ensão do pr ópr io suj eit o, t or nando- se, por isso m esm o, im une à cr ít ica. I deais het er ônom os passam a subst it uir os ideais do indivíduo, num m ovim ent o r egr essivo que pr escinde da cr iat ividade e do pensam ent o cr ít ico, pr oduzindo um a falsa conciliação ent r e indivíduo e sociedade, num a pseudocom plet ude aconflit iva, r esult ando, em últ im a inst ância, na per da da t r anscendência e na m or t e do desej o, dos pr oj et os e das ut opias. Pr eso às im agens r epet idas à exaust ão e à visão im ediat ist a que fascina e seduz, a im aginação é confor m ada e enclausur ada ao sent ido que o pr odut or / publicit ár io/ sist em a desej a que sej a per cebido.

A r elação par ece ser inver sam ent e pr opor cional: quant o m ais as condições obj et ivas se dist anciam da consecução da r ealização dos ideais ut ópicos, m ais necessár io se faz a pr odução de m ecanism os de cont r ole subj et ivos que pr opiciem aos hom ens a ilusão de r ealização dest es ideais. Exat am ent e por est a r azão, quant o m aior for a necessidade de inst alação dest es m ecanism os de cont r ole, m ais escor r egadio e eufêm ico t or nam - se os discur sos que sust ent am algum as polít icas que se ar vor am a concr et izar um t em po de acolhim ent o aos excluídos, m ar ginalizados e discr im inados.

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social e, especificam ent e escolar , com o for m as de capt ur a e const it uição das alt er idades sob o signo das m ais dist int as t ipologias e const it uições ident it ár ias est er eot ipadas.

A socie da de de con t r ole e os t e ór icos da dife r e n ça

A análise dos m ecanism os de cont r ole social subj et ivo t am bém foi alvo de r eflexão cr ít ica por par t e dos cham ados “ Teór icos da Difer ença” ou “ pós- est r ut ur alist as” , a exem plo de Gilles Deleuze que, em sua obr a: “ Post - Scr ipt um Sobr e as Sociedades de Cont r ole” ( 1992) , car act er iza de for m a sem inal a passagem das “ sociedades disciplinares” par a o que denom ina de ” sociedades de cont r ole” , apr esent ando com o car act er íst ica essencial a cr ise das gr andes inst it uições de confinam ent o – a fábr ica, a caser na, a escola, a pr isão, o hospit al, et c.

Dest e m odo, pr et endem os t ecer algum as ar t iculações ent r e o diagnóst ico fr ankfurt eano de que est ar íam os sob a égide de um a “ sociedade adm inist r ada” ou “ unidim ensional” erigida a par t ir de um a pr et ensa dem ocr at ização dos bens de consum o – cuj a posit ivação de um a supost a plur alidade e singular idade se encont r a sob as r édeas da lógica do m er cado e não de for ças polít icas efet ivam ent e em ancipat ór ias – com a com pr eensão t r azida por Deleuze ( 1992) de que est ar íam os não m ais em um a sociedade disciplinar, t al com o descr it a por Foucault , m as sim de cont r ole.

A cr ise das gr andes inst it uições apont ada por Deleuze pode ser visualizada no const ant e r efor m ism o no uso do qual se visa r eest r ut ur ar as escolas ( com m ét odos alt er nat ivos, polít icas de inclusão e novas pedagogias pr ogr essist as) , os hospit ais psiquiát r icos ( com novas est r ut ur as ar quit et ônicas, novos m odos de com pr eender a r elação m édico- pacient e) , as or ganizações ( com novos m odelos de pr ó- at ividade e com novos t er m os que sur gem na gr am át ica or ganizacional) et c. I st o por que, de algum a for m a, sabem os, ou pr essent im os, “ que est as inst it uições est ão condenadas, num pr azo m ais ou m enos longo” ( DELEUZE, 1992, p. 220) .

Cont udo, se est a cr ise das inst it uições é sim ult ânea ao fr acasso das for m as disciplinar es de exercício do poder com o or ganizador as do cor po social, ist o dever á apont ar par a um a nova lógica de dom inação que exige um a cr ít ica dist int a daquela r ealizada pelas sociedades disciplinares. Pois “ a car act er íst ica básica dessas sociedades [ de cont r ole] é dar a ilusão de um a m aior aut onom ia m as, m esm o por isso, ser em m uit o m ais t ot alit ár ias que as ant er ior es” ( GALO, 2005, p. 108) .

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exer cício de um poder disciplinar encont r a- se m ais t er r it or ializado, m elhor discer nido e m enos im plícit o do que aquele que obser vam os nas sociedades de cont r ole.

Por t ant o, o desafio r eside em encont r ar for m as de resist ência em um a sociedade não m ais disciplinar , ao passo em que o per igo consist e em ut ilizar ar m as obsolet as par a com bat er ant igos inim igos. Cer t am ent e, est e er a o sent ido da m et áfor a ut ilizada por Deleuze – “ Os anéis de um a ser pent e são m ais com plicados que os bur acos de um a t opeir a” ( 1992, p. 226) –, fazendo alusão a um a concepção econom icist a do poder que, por conseqüência, apont ava par a um a dada for m a de resist ência que ent endem os ser inoper ant e na cont em por aneidade. I st o ocor r e precisam ent e por que as for m as de r esist ência apr egoadas pelo m ar xism o dever iam par t ir , fundam ent alm ent e, da classe oper ár ia, a par t ir de um a conscient ização fr ent e às for m as desiguais de apr opr iação do pr odut o do t r abalho e m anipulação das condições m at er iais de pr odução da exist ência. Nest e sent ido, as dem ais “ desigualdades” e for m as de opr essão ser iam r eflexos e r epr oduções da infr a- est r ut ur a econôm ica – o que nos per m it e ver , por exem plo, a escola com o um a m er a inst ância de repr odução das relações de produção ( ALTHUSSER, 1974/ 1998) . Na m edida, por t ant o, que o poder é descent r alizado, desem possado, dessubst ancializado e as inst it uições encont r am - se em vias de desar t iculação, as for m as de dom inação sut ilizam - se e sur gem nos m ais dist int os cont ext os m icr o- polít icos de m odo a não poder em conver gir em um a figur a/ inst ância concr et a, palpável e inst it uída.

Nest e sent ido, aut or es com o Foucault , Deleuze e Guat ar r i, em suas análises m icr o- polít icas acer ca do poder , apont am par a out r as for m as de r esist ência que não são nem de or dem pur am ent e econom icist a – em sem elhança à cr ít ica r ealizada pela Escola de Fr ankfur t – nem da or dem unicam ent e m olar , m acr o- polít ica. Com o salient a Cost a ( 2009) , no que t ange a um a análise ( e não a um a t eor ia! ) foucault iana acer ca do poder , “ t alvez a guer r a ( e não a econom ia) viesse a const it uir um analisador m ais pr odut ivo par a as suas pesquisas genealógicas” ( p. 28) .

Sob est es aspect os, quer em os cham ar at enção par a duas at it udes que, apesar de est ar em apar ent em ent e m ovida por fins dist int os, acabam apr esent ando conseqüências sem elhant es, dadas as “ for m as com plexas de dom inação polít ica e de gover no que funcionam est r at egicam ent e, aquém e além do r egist r o j ur ídico- polít ico” ( COSTA, 2009, p. 209- 210) . At it udes r einant es em um a sociedade de cont r ole, onde o “ inim igo” não é m ais facilm ent e cor por ificável na figur a do pat r ão da fábr ica, da dir et or a da escola ou do psiquiat r a do m anicôm io.

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um a guerr a que r equer out r as est r at égias. I st o se r efer e ao “ cer t o esgot am ent o ou cansaço dos t r adicionais m odelos de r efer ência que ser viam de hor izont e às lut as em ancipat ór ias pr ogr essist as ou de esquer da” ( COSTA, 2009, p. 209) . Nas palavr as de Galo ( 2005, p. 111) , “ não podem os apont ar um a adaga par a com bat er um a ogiva nuclear ” – o que equivaler ia, em cer t a m edida, a buscar eleger cent r os de onde em ana o poder e ent ender que suas m icr o m anifest ações não passam de um a “ r epr odução” do que ocor r e nest e cent r o.

Pr ecisam ent e por ser m ais cam aleônico que os m ecanism os disciplinares, os m ecanism os de cont r ole possuem a apar ência de acolher em as lut as, os m anifest os, as queixas e as insat isfações que lhes são apr esent ados. Nest e aspect o, os pr ópr ios discur sos que out r or a funcionavam com o r esist ência – sej a no âm bit o da educação, da cult ura ou m esm o da polít ica em ger al – hoj e em dia podem facilm ent e ser coopt ados pela lógica r efor m ist a, com pensat ór ia e m odular das sociedades de cont r ole. É exat am ent e am par ando, de for m a apar ent em ent e par adoxal, discur sos pr ogr essist as e/ ou de esquer das e discur sos conser vador es que, por exem plo, as “ novas igr ej as” apr esent am est r at égias m ais “ cont em por âneas” par a at r air o público j ovem ( sej a at r avés da m úsica “ m oderna” , das const r uções ar quit et ônicas “ est ilizadas” ou da apar ência est ét ica apr esent ada pelos novos “ padr es- est r elas” ) ; que as escolas se m unem de polít icas de inclusão e, quando m uit o, de nov os m ét odos pedagógicos dest inados a alunos que ganhar am a ext ensa nom enclat ur a de “ por t ador es de necessidades educat ivas especiais” , com a finalidade de ser em út eis e de se har m onizar em com a sociedade na qual vivem ; que os hospit ais psiquiát r icos cedem lugar aos CAPSs, onde a m et a passa a ser da cur a de um a pat ologia à r essocialização das condut as ( nov am ent e com a finalidade int egr at iva dur kheim iana) ; ou, m esm o, que os est udant es líder es de CAs e DCEs “ pedem est r anham ent e par a ser em ‘m ot ivados’, e solicit am novos est ágios e for m ação per m anent e” ( DELEUZE, 1992, p. 226) , sem t er em a ciência “ a que est ão sendo levados a ser vir ” ( idem ) – a saber , a lógica par adoxal das sociedades de cont r ole que t endem a neut r alizar as r esist ências e a per pet uar a “ for m ação” ao infinit o.

Um a segunda at it ude, igualm ent e pr oblem át ica, consist e na suposição de que a cr ise das inst it uições de confinam ent o disciplinares são coincident es com a em er gência de um t em po car act er izado por um a m aior liber dade e aut onom ia, e que, finalm ent e, est ar íam os vivenciando um a er a em que a diver sidade e a plur alidade de valor es, cr enças, et nias, est ilos de vida et c. coabit ar iam em um m undo de r espeit o e consider ação m út ua ent r e t odos os ser es hum anos.

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Com o conseqüência da adoção dest a at it ude, supor íam os, ainda que de for m a pr opedêut ica e lent a, est ar vivendo em um t em po onde a dem ocr at ização do ensino e o par adigm a da “ t ranspar ência” – post o em m ovim ent o pelos “ avaliador es ext er nos” que invest igam as “ m et as” a ser em alcançadas pelas escolas – funcionar iam em pr ol de um a escola “ de qualidade” e m ais pr óxim a de sua com unidade, pr est ando cont as a ela. I sso nos im pedir ia, ent ão, de enxer gar esse fenôm eno com o um a for m a de exer cício de cont r ole da sociedade sobr e a escola que, um a vez fundida a est a, não m ant er ia a dist ância e a t ensão necessár ias a um a cr ít ica da sociedade ( BATI STA, 2000) . I gualm ent e, a par t ir dest a at it ude, t er íam os a im pr essão de que, no âm bit o das em pr esas, “ o pr incípio m odulador ‘salár io por m ér it o’” ( DELEUZE, 1992) , ao t ender a subst it uir a punição salar ial pelo r efor ço, anunciar ia um t em po de m aior opor t unidade ao t r abalhador – e não ver íam os isso com o um a for m a de est im ular a r ivalidade hor izont al par a neut r alização de um confr ont o ver t ical e hier ár quico. Por fim , supor íam os que t odas as polít icas e discur sos de inclusão social e escolar – desde o AEE ( At endim ent o Educacional Especializado) , ao “ Bolsa Fam ília” – ser iam o pr enúncio de um t em po de inclusão dos m ais necessit ados par a que possam os concr et izar ver dadeir am ent e ( e não falsam ent e, com o alguns discur sos “ pós-m oder nos” ent endepós-m t er ocor r ido na Moder nidade) os ideais ilum inist as de univer salidade, individualidade e aut onom ia.

Todavia, ao est abelecer em um deslocam ent o de ênfase par a noções com o “ diver sidade” e “ singular idade” , est as for m ações discur sivas cont em por âneas, um a vez subsidiadas por um a lógica de m er cado pr et ensam ent e plur alist a r ecaem sob o signo daquilo que Duschat zky e Skilar ( 2001, p. 120) ent ender am com o sendo as “ r et ór icas sobr e a diver sidade” . Est as não passar iam de

( ...) palavr as suaves, de eufem ism os que t r anqüilizam nossas consciências ou pr oduzem a ilusão de que assist ir íam os a pr ofundas t r ansfor m ações sociais e cult ur ais sim plesm ent e porque elas se resguardam em palav ras da m oda ( ...) aliados de cer t os discur sos e pr át icas cult ur ais t ão polit icam ent e cor r et as com o sensivelm ent e confusas. ( DUSCHATZKY; SKI LAR, 2001, p. 120) .

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Assim , chegam os a um pont o de ar t iculação ent r e os fr ankfur t eanos e os pós- est r ut ur alist as. A ut ilização de for m as obsolet as de com bat e, assim com o a cr ença na r ealização de um t em po de m aior liber dade e r espeit o às difer enças desconhece o que há décadas aler t ar am est es aut or es acer ca das novas for m as de dom inação. Na m edida em que est a cr ia “ a falsa ident idade do univer sal e do par t icular ” ( ADORNO; HORKHEI MER, 1991, p. 114) , em que t udo é int egr ado, incluído e nada é negado ( a não ser a pr ópr ia liber dade de cr it icá- la) , est as for m as de dom inação se t r avest em , pelas figur as r et ór icas, em for m as de acolhim ent o, inclusão e aceit ação – o que apar ent a, por t ant o, j ust ificar a afir m ação de que vivem os em um a sociedade cuj os ideais liber t ár ios j á est ar iam , se não r ealizados, na im inência de ser em .

Nest e pont o, buscam os com Mar cuse ( 1982, p. 88) , adver t ir acer ca da ainda v igent e “ consciência feliz” , na qual t oda possív el t r anscendência é assim ilada pelo sist em a, não exist indo m ais conflit os absolut os, um a vez que é j ust am ent e em nom e da “ liber dade” , do “ sem pr e novo” , das “ m últ iplas escolhas” que se exer ce o cont r ole sobr e as consciências. Ent r et ant o, nos aler t a Mar cuse ( 1982, p. 28) :

A eleição livr e dos senhor es não abole os senhor es ou os escr avos. A livr e escolha ent r e am pla var iedade de m ercadorias e serviços não significa liber dade se esses ser viços e m er cador ias sust êm os cont r oles sociais sobr e um a v ida de labut a e t em or – ist o é, se sust êm alienação. E a r epr odução espont ânea, pelo indivíduo, de necessidades super im post as não est abelece aut onom ia; apenas t est em unha a eficácia dos cont r oles.

Ador no e Hor kheim er ( 1991, p. 126) j á haviam t am bém adver t ido par a a ilusão do “ novo” na er a da indúst r ia cult ur al, na qual,

( ...) a m áquina gir a sem sair do lugar . Ao m esm o t em po que j á det er m ina o consum o, ela descar t a o que ainda não foi exper im ent ado por que é um r isco. ( ...) Nada dev e ficar com o er a, t udo deve est ar em const ant e m ovim ent o. Pois só a vit ór ia univer sal do r it m o da pr odução e r epr odução m ecânica é a gar ant ia de que nada m udar á, de que nada sur gir á que não se adapt e.

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econôm icas e m esm o cot idianas, sob o signo das r et ór icas sobr e a diver sidade.

As r e t ór ica s sobr e a div e r sida de e a n e u t r a liz a çã o da s r e sist ê n cia s

Da m esm a for m a que a cr ít ica fr ankfur t eana lançou sever as suspeit as sobr e os m ecanism os de cont r ole engendr ados pela I ndúst r ia Cult ur al, desvelando um t er r eno fér t il par a pesquisas ( por exem plo, sobr e o poder das im agens m idiát icas e publicit ár ias na const it uição das subj et ividades cont em por âneas) a cr ít ica pós- est r ut ur alist a pôs em r elevo out r o t ipo de m ecanism o de cont r ole, dest a feit a, concer nent e às for m ações discur sivas, que, ant es de t er inser ção num plano m er am ent e lingüíst ico e analít ico, t r az pr ofundas conseqüências par a a vida concr et a dos indivíduos.

Aut or es com o Veiga- Net o ( 2005/ 2001) , Fer r e ( 2001) , Duschat zky e Skilar ( 2001) , ao levant ar em um a suspeit a r elat iva aos m odos de com o as polít icas de ident idade, os discur sos sobr e inclusão e um a sér ie de est udos cult ur ais lidam com a alt er idade, apont am par a a possibilidade de est es discur sos, que supost am ent e se apr esent am com o pr ogr essist as e/ ou de r esist ência, sej am m er am ent e r et ór icos. Or a, um a vez subsidiados pelos “ filósofos/ t eór icos da difer ença – Foucault , Guat t ar i, Deleuze, Der r ida – o que est es aut or es pr ocur am invest igar é, pr ecisam ent e, se est am os vivendo de fat o em um t em po em que a difer ença e a singular idade são efet ivam ent e posit ivadas pelas “ r et ór icas da m oda” ( DUSCHATZKY; SKI LAR, 2001, p. 119) . Tendo com o solo fér t il par a seu apar ecim ent o as sociedades de cont r ole – cuj a sut ileza e vir t ualidade dos m ecanism os de dom inação apont am par a um supost o t em po de ext inção dos pr econceit os, da violência e da int oler ância – post ulam os que as r et ór icas da m oda consist em no m aior signo da inst abilidade discur siva que vivenciam os.

Confor m e descr it o por Baum an ( 2001) , um a das car act er íst icas pr incipais da Moder nidade é sua busca desenfr eada pela dissolução – ou sej a, a t r ansfor m ação dos sólidos em líquidos. “ Dissolução” e “ liquefação” são m et áfor as que fazem alusão à pot encia devast ador a da Moder nidade que age no sent ido de ar r ancar e j ogar ao vent o as ant igas pilast r as que sust ent avam os valor es com base na t r adição. Exem plo em blem át ico dest a at it ude consist e na dúv ida r adical car t esiana esboçada no “ Discur so sobr e o m ét odo” ( 1637) e nas “ Medit ações Met afísicas” ( 1641) , onde o filósofo pr opunha a si “ r ej eit ar com o absolut am ent e falso t udo aquilo em que pudesse encont r ar a m enor dúvida” ( DESCARTES, 1637/ 2001, p. 41) .

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o que é possível pôr em dúvida com o fim de “ ver ificar se r est ar ia, depois, algum a coisa em m inha cr ença que fosse int eir am ent e indubit ável” ( DESCARTES, 1637/ 2001, p. 41) . Cont udo, a ir r ealização dos ideais ilum inist as e o fr acasso de Descart es em t erm os de alcançar o pr odut o sólido a que buscava ( a ver dade r acional) aliado ao sucesso do seu pr ocesso de busca ( o m ét odo) pr oduzem t oda a inst abilidade discur siva que car act er iza as for m ações discur sivas cont em por âneas. Assim , o est ado de “ anom ia” – confor m e descr it o por aut or es com o Dur kheim ( 1922/ 1973) e Mannhein ( 1971) , a saber , com o um a inoper ância dos m ecanism os de cont r ole – consist e no signo da dissolução dos valor es e num a ver dadeir a per da de sent ido par a a dir eção hum ana. O par adoxo, cont udo, é que não há a t ot al ausência e nem um a onipot ent e r epr esent ação e não-visualização dos valor es, das nor m as, do sent ido e da ver dade, m as t ão som ent e cer t o enfr aquecim ent o de sua for ça – o que leva, ao cont r ár io, não a um abandono desses valor es, m as a um a busca incessant e de definição, ident ificação, classificação, cult ur alização e delim it ação dos gr upos, das ident idades e das r efer ências cult ur as e sociais. E é pr ecisam ent e sob a fer t ilização dest e solo que br ot am as r et ór icas sobr e a diver sidade, ou r et ór icas da m oda.

Em ver dade, não é necessár io o esfor ço de um a r eflexão m ais elabor ada par a sim plesm ent e per cebem os as m anifest ações dessa inst abilidade discursiva que pr esenciam os. Signo dest e fenôm eno é, por um lado, o sur gim ent o de “ novas” pat ologias, “ novos” t r anst or nos, “ novas” dislexias – m uit as vezes est am pados a par t ir de um a sigla que condensa a ext ensa nom enclat ur a cor r espondent e – que inv adem os “ saber es” m édico, psicológico, psiquiát r ico e pedagógico. Per cebem os, t am bém , a m udança de t er m os que designam os novos “ guet os” , com suas car act er íst icas ident it ár ias t ão pr ofundam ent e confusas quant o pret ensam ent e pur ificadas – com o é o caso do deslocam ent o de t er m os par a designar os gr upos cuj as at it udes sexuais encont r am - se à som br a da nor m a: “ gays” – “ gls” – “ glsbt t ” ( cuj a at it ude cor r espondent e não é m ais o “ hom ossexualism o” ou a “ hom ossexualidade” , m as a “ hom oafet ividade” ) , cada vez m ais ent endendo a “ diver sidade” sexual e a singular idade de cada suj eit o em r elação ao sexo com o sendo fr ut o daquilo que cada um é em sua “ nat ur eza” e “ essência” .

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“ afr o- descendent e” , “ m elhor idade” , “ por t ador de necessidade especial” ) supost am ent e m ais acolhedor es a est es gr upos est er eot ipados e m ar ginalizados. Est es fenôm enos, por vezes – e nist o consist e o cer ne dest a cr ít ica! – não consist em em m udanças cot idianas e lent as, m as em r efor m ulações j ur ídicas im ediat as e inst ant âneas que indicam o t er m o adequado a ser usado em r efer ência às ident idades em quest ão. O per igo que est es at os j ur ídico- linguíst icos acar r et am é precisam ent e a pr odução da ilusão de que a m er a subst it uição t er m inológica j á ser ia o suficient e par a im plicar num novo t r at o com a alt er idade em quest ão.

Or a, a denúncia que fazem os é, por t ant o, que a nom eação consist e num exer cício de poder por par t e de quem r epar t e o cor po social em função da nor m a. Por t ant o, longe de ser um at o de cuidado, r espeit o e acolhim ent o fr ent e às singular idades excluídas, as “ polít icas de inclusão” e as “ r et ór icas da m oda” pr essupõem um a ação pr évia da nor m a que segm ent a os suj eit os com o inser idos sob seu cor po ( os nor m ais) ou sob sua som br a ( os anor m ais) . Por t ant o, a “ diver sidade” posit ivada pelas figur as r et ór icas faz, por um lado, par ecer em “ nat ur ais” ou “ espont âneas” as difer enças individuais e cult ur ais que, em ver dade, são im plicit am ent e significadas pelos m ecanism os de par t ição que a nor m a r ealiza em um gr upo, ou no cor po social em ger al. Sobr e isso, at enham o- nos às palavr as de Veiga- Net o ( 2001, p. 115) :

A norm a, ao m esm o t em po em que perm it e t irar, da ext erior idade selvagem , os perigosos, os desconhecidos, os bizarros – capt ur ando- os, t ornando- os int eligíveis, fam iliar es, acessív eis, cont roláv eis –, ela per m it e enquadrá- los a um a dist ância segur a a pont o que eles não se incorporem ao m esm o. I sso significa dizer que, ao fazer de um desconhecido um conhecido anor m al, a nor m a faz desse anor m al m ais um caso seu. ( ...) O anor m al é m ais um caso, sem pr e pr evist o pela nor m a.

Est e é pr ecisam ent e o pont o de ar t iculação ent r e a cr ít ica fr ankfur t eana e a cr ít ica t r azida pelos aut or es filiados aos “ filósofos da difer ença” . A “ diver sidade” est á par a a efet iva “ difer ença” e singular idade posit ivada por est es aut or es assim com o a supost a liber t ação apr egoada pela Sociedade de Consum o est ar ia par a os valor es de aut onom ia e em ancipação, t ão car os aos pensador es da Escola de Fr ankfur t .

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dest es fenôm enos cont em por âneos par ece, a am bas as per spect ivas em quest ão, m uit o clar as: desar t icular as for m as de r esist ência e/ ou ut opias.

Vinculados pela ver t ent e filosófica da “ ont ologia do pr esent e” ( COSTA, 2003) am bas cor r ent es de pensam ent o, apesar de suas dist int as posições epist em ológicas e polít icas em um a sér ie de aspect os, possuem em com um a int er r ogação e inquiet ação const ant es acer ca da at ualidade, assim com o a r eflexão cr ít ica sobr e o cam po de exper iências possíveis no pr esent e. Nest e est udo em específico, int er r ogam o suj eit o em suas r elações com a dim ensão da cult ur a, invest igando possibilidades de aut onom ia em m eio às novas for m as de pr odução e ocult am ent o do poder .

A suspeit a, por t ant o, de que a singular idade e a difer ença não est ão efet ivam ent e sendo pr esenciadas com o “ linhas de fuga” e/ ou com o evidência de r ealização de pr incípios em ancipat ór ios ( m as com o anor m alidades, sob os padrões pr evisíveis dos disposit ivos polít ico-educacionais capit alist as) , assim com o de que a liber dade e a aut onom ia não est ão, de fat o, sendo concr et izadas em nossa sociedade, t al com o conclam am de for m a t ão veem ent e alguns apologist as “ pós- m oder nos” e os defensor es da Sociedade de Consum o, t r az consigo um a sér ie de r azões que nos levam a cr er que exist em sem elhanças t eór icas ent r e am bas as per spect ivas que podem , a expensas de suas difer enças t eór icas indissolúveis, funcionar com o um apr im or ado inst r um ent o de denúncia fr ent e às ar m adilhas cam aleônicas de um a sociedade de cont r ole/ adm inist r ada, incapazes de ser em desar t iculadas pelos t r adicionais discur sos e/ ou im agens que se t r avest em de progr essist as e r evolucionár ias.

Sem o r econhecim ent o dessas novas for m as de cont r ole só r est a aos hom ens aceit ar os m ecanism os/ disposit ivos de dom inação com o um a “ fat alidade” ou um a “ nat ur alidade” , donde advém o sent im ent o cont em por âneo de um a indet er m inabilidade difusa, quando na r ealidade est am os m ais det er m inados do que nunca. Essa indet er m inabilidade difusa foi denom inada por Ador no ( 1986b, p. 71) com o “ o onipr esent e ét er da sociedade” :

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En de r e ço pa r a cor r e spon dê n cia

Mar ia de Fát im a Vieira Severiano

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Recebido em : 12/ 03/ 2010

Aceit o par a publicação em : 15/ 04/ 2010

Acom panham ent o do processo edit or ial: Ar iane P. Ew ald e Jor ge Coelho Soar es

N ot a s

* Dout or a, Pr ofessor a Associada I I da Univer sidade Feder al do Cear á – UFC, For t aleza, CE, Br asil

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