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OS EFEITOS DO TREINAMENTO DE FORÇA NA SARCOPENIA

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Academic year: 2021

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OS EFEITOS DO TREINAMENTO DE FORÇA

NA SARCOPENIA

Maria Nilva Alves Ribeiro Pós -Graduação em Educação Física Universidade Gama Filho – UGF

Brasília/DF - Brasil

Resumo

Sarcopenia é a perda da força e da massa muscular em decorrência do envelhecimento normal.

Durante o processo de envelhecimento ocorrem diversas alterações nos sistemas neuromuscular, endócrino e imunológico.

Associados a má nutrição, uso de medicamentos e presença de doenças e ao estilo de vida sedentário, esses fatores contribuem para a perda da força e da massa muscular determinante da incapacidade física e funcional na velhice.

Todavia, a literatura especializada comprova que o treinamento de força conjugado com hábitos saudáveis pode ser extremamente eficaz na prevenção da sarcopenia e na promoção da saúde e qualidade de vida do indivíduo idoso.

Palavras - chave: Treinamento de Força, Sarcopenia e Envelhecimento

The Effects of Strength Training on Sarcopenia.

Abstract

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The use of medicine, the presence of disease and the sedentary life- style associated to a poor nutrition are factors that contribute to the waste of power and muscular mass with determines the physical and functional incapacity in the aging process.

Nevertheless, the specialized literature proves that the strength training with healthy habits can be extremely effective in sarcopenia prevention and in the promotion of healthy and life- quality in elderly people.

Key words: Sarcopenia, aging and strength training.

De acordo com Rosemberg (1989) e Baumgartner (1998), sarcopenia é a perda da força e da massa muscular causada pelo envelhecimento normal.

Por sua vez, Melton (2000) considera configurar-se síndrome sarcopênica quando a perda de massa muscular corresponde a mais de dois desvios padrão abaixo da média da massa muscular esperada para o sexo na idade jovem.

A sarcopenia distingue-se da perda de músculos proveniente de regimes de fome, cachexia e doenças catabólicas, como stress, sepses e câncer (Roubenoff et al, 1997). Classicamente, ela está presente em pessoas mais velhas comparadas com jovens e adultos s audáveis. (Baumgartner, 1997).

A massa muscular humana constitui 40% - 50% do peso corporal, 70% – 80% de células musculares e mais ou menos 50% das proteínas do corpo (Royackers & Nair, 1997). Por conseguinte, grande perda de massa muscular é incompatível com sobrevida.

Baseados em regime de fome, pacientes de Aids e doenças críticas, Winick (1979), Kortler et al (1989) e Tellado et al (1989), sugeriram que uma perda muscular de aproximadamente 40% é fatal.

O prognóstico da perda de massa muscular é importante, especialmente para o indivíduo que já tem a massa muscular reduzida com a idade.

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estado funcional das pessoas idosas. Ressalta, por exemplo, que mulheres sarcopênicas apresentam taxas 3,6% maiores de invalidez e homens taxas de 4,1% maiores quando comparados com indivíduos com massa muscular normal.

A sarcopenia está bastante definida e comprovada. Análises da secreção urinária de creatinina (Tzankoff & Norie, 1978) comprovam perda de quase 50% entre as idades de 20 a 90 anos e Spirduso (1995) e Fiatarone – Singh (1998), mediante análise do potássio corporal, relatam perdas em ambos os sexos de 3,6% por década.

Lexel (1983), através de amostras autopsiadas, demostrou que o número de fibras musculares na secção média do vasto lateral é significativamente menor no homem idoso (70 - 73 anos) comparado a indivíduo jovem de 19 – 37 anos de idade.

O declínio é mais acentuado nas fibras musculares do tipo II, que se reduz de 60% em média no homem sedentário jovem para menos de 30% após os 80 anos de idade (Larsson, 1983).

A tabela a seguir, elaborada com base em trabalho de vários autores, demonstra o percentual de redução das fibras musculares do tipo I e do tipo II, tendo sido usada tanto a técnica de biópsia in vivo, quanto análises de espécies cadavéricas no quadríceps humano.

AGE – RELATED REDUCTIONS IN QUADRÍCEPS MUSCLE FIBRA-SIZES.

STUDY SEX AGE (YR) REDUCTION OF FIBRESIZE

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Fatores Envolvidos na Sarcopenia

Alterações neurom usculares em conseqüência do envelhecimento acarretam perdas de neurônios e de fibras musculares. Para Hakkinem, Kallinen e Komi (1994), a redução gradativa no tamanho e número das fibras musculares com a idade pode decorrer da morte das células muscular es ou de processo degenerativo causado pela perda de contato com o nervo.

As fibras musculares denervadas são subseqüentemente substituídas por gordura e tecido fibroso e algumas passam por um processo de reinervação.

Como a capacidade regenerativa da fibra muscular também está comprometida pela idade, o processo de reinervação é limitado aos idosos.

Essas alterações neurológicas comprometem a capacidade funcional das unidades motoras. Estudos de Lexel (1997) e Doerty et al (1993), que utilizaram análises eletromiográficas computadorizadas das unidades motoras individuais, estimaram uma redução de 47% no número de unidades motoras em indivíduos entre 60 a 81 anos de idade.

A degradação dos sistemas nervoso e muscular decorrente do processo de envelhecimento não é a única causa da sarcopenia. Com o envelhecimento, temos:

Ø Diminuição dos níveis do hormônio de crescimento (GH);

Ø Diminuição dos hormônios sexuais (Testosterona e Estrogênio); Ø Diminuição do fator de crescimento (IGF1);

Ø Aumento da leptina e da produç ão das citocinas (Roubenoff, Faseb, 1999). Esses fatores, somados às doenças crônicas degenerativas, à desnutrição e à inatividade física, contribuem para a perda da massa muscular, num processo fisiológico adaptativo do envelhecimento.

A perda da massa muscular produz várias conseqüências funcionais e metabólicas, a saber:

Ø Intolerância a variação de temperatura; Ø Diminuição do ritmo metabólico;

Ø Redução da massa muscular Ø Aumento da adiposidade; Ø Resistência a insulina;

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Ø Perda da força e redução da capacidade funcional (Fiatarone – Singh 1998 b).

Força Muscular e Envelhecimento

A redução da força está associada à redução da massa muscular, especialmente pela perda preferencial das fibras musculares tipo II (contração rápida), da perda gradual dos motoneurônios e da quantidade e qualidade das proteínas contrateis (Fleck & Kramer, 1999).

O pico da força no ser humano é atingido entre os 20 - 30 anos de idade. Nesse período tem início uma redução gradual e progressiva, tornando-se clinicamente mais perceptível a partir dos 60 anos de idade. Para Both et al (1994), entre os 70 - 80 anos ocorre uma redução de 30%.

Estudos de Vandervoort (1992) e Porter et al (1995) indicam que indivíduos saudáveis entre 70-80 anos apresentam declínio de 20% a 40% e perda superior a 50% em indivíduos mais idosos.

A manutenção da força no envelhecimento é importante, visto que a redução da força muscular produz conseqüências negativas sobre a capacidade funcional desses indivíduos (Bassey, 1988).

Efetivação do Treinamento de Força

Coletânea de trabalhos científicos na última década mostra que o treinamento de força regular produz aumento da massa muscular, mais precisamente da força em pessoas idosas. Esses trabalhos registram igualmente significativo aumento da força de grupo treinado em relação a grupo não treinado.

O aumento da força em pessoas idosas é atribuído mais a adaptações neurais (capacidade do sistema nervoso ativar adequadamente os músculos) do que ao aumento da massa muscular.

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semana, a 80% de 1 RM com três séries de oito repetições, verificaram aumentos expressivos na capacidade da força muscular.

Fiatarone et al (1994) observou relevante aumento na força de homens e de mulheres muito idosos e frágeis com treinamento de alta intensidade (80% de 1 RM).

Barbosa (2000) aplicou treinamento de força em mulheres idosas com idade de 62 - 78 anos, durante dez semanas, três vezes por semana, com intensidade progressiva de exercícios dinâmicos, demostrando significativo ganho de força.

Apesar de os estudos de Feighambaum e Pollock (1999) e Porter e Vandervoort (1995) não terem apresentado ganhos expressivos de força e massa muscular com exercícios de baixa intensidade, Raso (2000), utilizando treinamento de força a 50% de 1RM em mulheres idosas durante doze semanas, três vezes por semana, com três séries de dez repetições, com repouso passivo entre séries de dois minutos, encontrou, no final do programa, relevante aumento na evolução da força muscular em todos os grupos musculares treinados comparados com os resultados do pré-programa.

O aumento da força muscular é mais evidenciado com o treinamento de alta intensidade do que com o treinamento de baixa a moderada intensidade (Fiatarone et al (1990), Fleck & Kramer (1999).

Os efeitos do treinamento de força estão relacionados a intensidade, duração do treinamento, características das pessoas e exatidão das mensurações (Fiatarone – Singh 1998 b).

Elencamos abaixo as principais recomendações de um programa de treinamento de força para idosos.

Ø Adequar os exercícios à condição clínica do idoso.

Ø Evitar a manobra de vassalva, expirando na fase concêntrica do movimento para minimizar o aumento de pressão arterial.

Ø Fazer sempre aquecimento prévio.

Ø Trabalhar os grandes grupos musculares importantes nas atividades da vida diária.

Ø Adequar o repouso entre as séries de acordo com a intensidade da carga e o condicionamento do idoso.

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Ø Individualizar o programa para atender ás necessidades e as condições de saúde de cada pessoa.

Considerações Finais

Atualmente, não há mais discussão se o treinamento de força pode ou não atenuar a perda da força e da massa muscular decorrente do processo de envelhecimento. A revisão desses trabalhos e outros presentes na literatura comprovam a potencialização do treinamento de força na preservação e reversão da sarcopenia.

Um programa de treinamento de força adequadamente planejado é considerado a melhor opção para a manutenção da força , da massa muscular e da capacidade funcional do idoso.

Aliás, o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACMS, 1998 a,1998 b) recomenda que o treinamento de força se torne parte integral de um programa de atividade física para as pessoas idosas.

A sarcopenia está associada a limitações funcionais importantes, incluindo déficit no andar, na mobilidade e na execução das atividades da vida diária, além de provocar quedas e fraturas.

Portanto, prevenir e diagnosticar a sarcopenia e tratá-la resulta em mudanças positivas na capacidade funcional, autonomia e independência do indivíduo idoso. Além do mais, há evidente minimização de problemas para ele — sobretudo considerando a melhoria da qualidade de vida — , para sua família e para a sociedade, hoje às volta com crescentes custos no tocante à saúde pública.

Referências Bibliográficas

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2. Matsudo, Sandra Marcela Mahecha. Envelhecimento e Atividade Física. Londrina; Midiograf.2001

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6. Mazzeo Robert S,Cavanagh Peter, Evans William J.,Fiatarone Maria,Hagberg James, McAuley Edward,Startzell Jill, Medicine e Science in Sports & Exercise, Atividade Física e Saúde Vol. 30,nº 6,1998

7. Mazzeo Robert S,Cavanagh Peter, Evans William J.,Fiatarone Maria,Hagberg James, McAuley Edward,Startzell Jill, Exercício e Atividade Física para Pessoas Idosas, Atividade Física e Saúde, Vol 3, nº1 ,1998

8. Matsudo Sandra Mahecha, Rodrigues Victor Keihan Matsudo, Barros Neto Turíbio Leite, Efeitos Benéficos da Atividade Física na Aptidão Física e Saúde Mental Durante o Processo de Envelhecimento, Atividade Física e Saúde Vol. 05,nº 2,2000 9. Raso Vagner, Andrade Erinaldo Luiz, Matsudo Sandra Mahecha e Matsudo Victor Keihan Rodrigues, Exercício Com Pesos Para Mulheres Idosas. Atividade Física e Saúde, Vol 2, nº4 , pág 17-26,1997.

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