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A RELAÇÃO ENTRE O ASSENTAMENTO PADRE GINO E A FEIRA AGROECOLÓGICA DO CAMPUS I DA UFPB. 1

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A RELAÇÃO ENTRE O ASSENTAMENTO PADRE GINO E A FEIRA AGROECOLÓGICA DO

CAMPUS I DA UFPB. 1

Mariana Borba de Oliveira 2- UFPB- marianaborbajp@hotmail.com

INTRODUÇÃO

O assentamento Padre Gino, localizado no município de Sapé, na mesorregião da Zona da Mata Paraibana, foi criado pelo INCRA através da desapropriação da Fazenda Santa Luzia, em setembro de 1996. Possui uma área de 560 ha, 62 famílias assentadas, com uma área por parcela que varia entre 5 e 6,5 ha. Entre os produtos cultivados pelos assentados de uma forma geral estão as hortaliças, a cana-de-açúcar, o abacaxi, e culturas orgânicas para o auto-consumo e comercialização, entre outras. O rebanho é composto por bovinos, caprinos e ovinos, além das aves para consumo familiar que, algumas vezes, também são comercializadas nas feiras livres. Existem no total aproximadamente vinte famílias que optaram pela mudança da forma de produção, da tradicional para a agroecológica.

A Feira Agroecológica do Campus I da UFPB é composta por quatro assentamentos e um acampamento: assentamentos Dona Helena, Padre Gino, João Pedro Teixeira e Rainha dos Anjos, e o acampamento Ponta de Gramame. Destes, o assentamento Padre Gino é o de maior destaque na feira, tendo dez das vinte barracas existentes. A feira surgiu em 2002, após muitas reuniões e discussões sobre alternativas para comercialização, organização produtiva, práticas agroecológicas, e contato com experiências vivenciadas por outros grupos no Brasil, sobretudo no Sul do país. Desde sua criação, a feira vem apresentando, apesar das dificuldades, um contínuo crescimento, assim conquistando a aprovação dos consumidores.

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A presente pesquisa, atualmente em andamento, que será apresentada como monografia para a conclusão do curso de Bacharelado em Geografia, deriva de uma outra pesquisa igualmente em andamento que se denomina: “Feira Agroecológica do

Campus I da UFPB: Certificação Social e Revitalização.” 3

A fim de dar prosseguimento à pesquisa para nossa monografia de graduação, estamos elaborando os questionários a serem aplicados a todas as famílias assentadas no assentamento Padre Gino, bem como entrevistas a serem realizadas com as principais lideranças do assentamento, da coordenação da feira e da EcoVárzea.4 Temos como objetivo verificar se a alternativa de comercialização dos produtos orgânicos dos camponeses na feira agroecológica é válida, bem como se esta proporciona uma alternativa para o desenvolvimento auto-sustentável para a agricultura camponesa, no assentamento. E entre os objetivos específicos está a realização do diagnóstico do assentamento Padre Gino e da Feira Agroecológica do Campus I da UFPB.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para a estruturação da presente pesquisa, se fizeram necessárias leituras de textos de autores que abordam de formas diferentes a “Questão Agrária no Brasil”, em especial seus pressupostos, as lutas pela conquista da terra, e a formação dos assentamentos rurais. Foram também realizadas leituras sobre produtos agroecológicos, consumo responsável, e práticas alternativas de comercialização. Estas leituras foram feitas tanto no decorrer do curso de graduação, principalmente nas disciplinas de Geografia Agrária e Geografia Agrária do Nordeste, como também

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Trata-se de um Projeto de Extensão, coordenado pelo Prof. Dr. Paulo José Adisse, do Depto. de Engenharia de Produção do CT – UFPB, realizado com apoio financeiro do CNPq. A equipe original é composta por três professores universitários, quatro estudantes dos cursos de Graduação em Geografia, Engenharia de Produção e Comunicação Social.

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Associação dos Agricultores e Agricultoras Agroecológicos da Várzea Paraibana, registrada em cartório em abril de 2005.

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no decorrer da pesquisa. Para isso foi feito um levantamento bibliográfico de temas como: o processo de colonização do Brasil; estrutura fundiária do Brasil, Nordeste e Paraíba; capitalismo no campo; relações de trabalho na agricultura; movimentos sociais e Reforma Agrária, entre outros, junto à Biblioteca Central da UFPB, à Biblioteca Setorial do Deptº de Geociências e a Biblioteca do INCRA, bem como através de pesquisa na Internet, revistas especializadas e Anais de Congresso.

As visitas ao Assentamento Padre Gino, bem como à Feira Agroecológica do

Campus I da UFPB, vêm sendo realizadas há aproximadamente um ano, já que a

presente pesquisa deriva de uma outra, há qual participo como bolsista/CNPq, e que se denomina “Feira Agroecológica do Campus I da UFPB: Certificação Social e

Revitalização”, como já foi relacionado anteriormente. A partir da análise da paisagem,

e dos questionários aplicados junto aos camponeses do Assentamento Padre Gino e da Feira Agroecológica do Campus I da UFPB, encontra-se em andamento a construção do diagnóstico dos nossos objetos de estudo, e a partir do seu término será estabelecido a relação existente entre o Assentamento Padre Gino e a Feira

Agroecológica do Campus I da UFPB.

ASSENTAMENTO PADRE GINO

A questão agrária tem feito parte da vida nacional, e esteve presente em todas as fases e mudança no sistema governacional brasileiro, sendo o latifúndio x camponês o fator determinante de todas as discussões e projetos de Leis desde à nossa colonização até os dias atuais. A concentração fundiária do Nordeste, as mudanças ocorridas na agricultura em detrimento do avanço do capitalismo proporcionado pela chamada Revolução Verde e as políticas de exclusão do camponês empregado pelas usinas de açúcar, que não tinham nenhuma oportunidade de inserção no cenário de mudanças que vinham ocorrendo a partir da década de

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1950 no país, acarretou o atual quadro de desigualdades no campo nordestino e a sua desigualdade regional em relação ao Centro Sul. (ANDRADE, 1986; CONH, 1976).

A organização dos camponeses por melhores condições de vida, e pela luta à conquista da terra, se deu mais expressivamente a partir do surgimento da Ligas Camponesas na década de 1950, em Pernambuco e na Paraíba, e hoje essa luta é representada por camponeses de todo o Brasil, que estão organizados em movimentos sócias como o MST e a CPT, que lutam pela Reforma Agrária, e pela continuidade do campesinato no Brasil (SOUZA,1996).

O Assentamento Padre Gino, localizado no município de Sapé - PB, na mesorregião da Zona da Mata surgiu, através da desapropriação das terras da Fazenda Santa Luzia, realizado pelo INCRA no dia 17 de setembro de 1996. Possui uma área de 560 ha, 62 famílias assentadas, área por parcela variando entre 5 e 6,5 ha e tem a agrovila como forma de moradia. Entre os produtos cultivados pelos assentados estão hortaliças e culturas orgânicas como alface, chicória, espinafre, brócolis, cebolinha, coentro, couve, beterraba, cenoura, abrobrinha, berinjela, entre outras, além das culturas tradicionais como inhame, macaxeira, mandioca, feijão, feijão verde, batata doce e cana-de-açúcar. Em relação às frutas, o assentamento além de abacaxi, maracujá, caju, graviola, cajá etc, possui três áreas comunitárias de acerola que, ao todo, representam aproximadamente 20 ha, atualmente abandonadas mas, segundo relato de assentados, em vias de serem recuperadas. O rebanho animal é composto por bovinos, caprinos e ovinos, além da avicultura para o consumo familiar e a comercialização em feiras livres (MARCOS et alli, 2005).

As parcelas do Assentamento localizam-se distantes das casas de cada assentado, pelo mesmo ter a agrovila como forma de moradia, fato que dificulta a expansão do cultivo e a criação de animais, não só pela distância como também pela falta de segurança, ocasionando o intensivo uso das áreas comunitárias em volta do

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principal açude que abastece o assentamento. Mais da metade dos camponeses que produzem para Feira Agroecológica cultiva apenas na área comunitária, e apenas 4 dos mesmos estão em transição para suas parcelas, isso após dez anos da criação do Assentamento Padre Gino, fato que já prejudica as condições ambientais do solo e da água, como relata um dos assentados: “ estamos descendo porque o solo já não dá mais”.

A maior parte da produção do assentamento é escoada através de atravessadores, sobretudo no que se refere às culturas do abacaxi e do inhame. A produção de cana-de-açúcar, que não é muito grande mas que alguns relatam como sendo “renda certa”, é vendida aos donos de usinas mais próxima. O restante da produção, cultivada em bases tradicionais, é comercializado em feiras livres como a de Sapé e a de Mari, e aquelas cultivadas agroecologicamente são comercializadas junto à Feira Agroecológica do Campus I da UFPB.

O assentamento Padre Gino é aquele com maior participação na feira. Dez das vinte barracas são suas, com quatorze famílias e mais de vinte pessoas envolvidas diretamente na feira, além daquelas que estão envolvidas indiretamente. No total, aproximadamente vinte famílias assentadas obtêm renda proveniente da comercialização dos seus produtos na feira, e algumas dessas famílias têm nela a única renda para o seu sustento.

FEIRA AGROECOLÓGICA DO CAMPUS I DA UFPB

O processo de discussões e reuniões que antecederam a criação da Feira

Agroecológica do Campus I da UFPB aconteceu justamente pela necessidade dos

camponeses de se libertarem da dependência em relação à comercialização de seus produtos com os atravessadores. Era este o único meio de escoamento da produção dos camponeses dos assentamentos e acampamento que hoje fazem parte da feira:

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Assentamento Padre Gino, Assentamento Dona Helena, Assentamento Boa Vista, Assentamento Rainha dos Anjos, Acampamento Ponta de Gramame, e além desses, o Assentamento 21 de Abril, que na consolidação do processo de criação da feira, não fazia mais parte do grupo.

Esse processo de reuniões que acontecia mensalmente, tendo como foco principal a comercialização e diversificação da produção, era apoiado pela CPT e Cáritas. Começou em meados de 1997, justamente colocando em discussão os problemas enfrentados para comercialização, na tentativa de construir uma solução eficaz, proporcionando uma melhor qualidade de vida às famílias assentadas. Além dos assentados representando não só os assentamentos acima citados, como também a maioria dos assentamentos da Várzea, participavam os secretários de agricultura e prefeitos dos municípios de Cruz do Espírito Santo, Sapé e Sobrado, representantes da Cáritas, INCRA e do Gabinete do Deputado Frei Anastácio.

Conforme MARCOS et al (2005), foram levantadas várias possíveis soluções para o problema: a venda de alimentos para escolas, creches e hospitais públicos, a aquisição de um espaço público da feira de Sapé, venda em caminhões itinerantes, a criação de uma mini Ceasa as margens da BR 101 que liga João Pessoa à Recife, que pudesse concentrar a produção dos assentamentos e das pequenas propriedades da microrregião de Sapé, e que pudesse futuramente até comercializar a produção para os municípios de Bayeux, Santa Rita e João Pessoa. Todas estas propostas foram descartadas, por sua baixa aceitação entre os camponeses, pela baixa produtividade e diversidade de produtos, ou pela falta de incentivos por parte dos órgãos públicos. Enquanto isso, os camponeses continuavam vendendo a produção aos atravessadores e a situação parecia não ter solução. O tempo passava e as dificuldades encontradas desestimulavam a organização do grupo, fazendo com que a participação nas reuniões fosse diminuindo cada vez mais.

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Mesmo com a participação reduzida e o intervalo de tempo entre as reuniões aumentando, essas reuniões não deixavam de acontecer. As discussões evoluíam principalmente em torno da solução para comercialização, e sobre as mudanças das práticas produtivas, tanto no que se refere à conscientização quanto ao não uso de agrotóxico na produção, quanto a uma maior diversificação, não só para o maior sucesso em feiras livres, como também para o auto-consumo da família. Além disso, houve a estimulação pela troca de produtos por produtos entre os camponeses, para suprir a necessidade de determinados alimentos que não produziam (MARCOS et al, 2005). Isto porque a maioria dos camponeses era composta por antigos trabalhadores da monocultura da cana, e em função da prática e experiência acumulada ao longo da vida, apresentavam muita dificuldade em romper com a idéia fixa de monocultura.

Diante da necessidade dos camponeses envolvidos nas mudanças relacionadas à produção, e de maiores informações sobre práticas agroecológicas, ocorreu a primeira visita de um técnico vinculado à CPT a uma área com larga experiência em produção e comercialização em feiras agroecológicas, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. O relato do técnico fez renascer a esperança por parte dos camponeses em obter uma alternativa para comercialização e um preço justo aos seus produtos. Assim, com o apoio da Cáritas e técnicos da CPT, estudaram e analisaram o processo de plantio, sobretudo de hortaliças, implantado nas comunidades do Sul do país, e o regimento interno adotado pelo grupo gaúcho, além de participarem de oficinas sobre comercialização, abordando aspectos referentes ao relacionamento com o público, preparando o camponês para o contato com os consumidores. Optaram então em produzir agroecologicamente, respeitando o meio ambiente e os consumidores, e em vender diretamente seus produtos em uma feira livre.

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Foi nesse contexto e com os camponeses bem mais esclarecidos, que se deu em 2001 a possibilidade da mudança das práticas de produção convencional para prática de produção agroecológica5, pela necessidade de mudança na forma de comercialização, na tentativa de atrair um consumidor específico para produtos orgânicos, se libertando da obrigatoriedade de comercialização com os atravessadores e adquirindo uma alternativa de auto-sustentabilidade.

O próximo passo foi fazer o levantamento da produção, da capacidade produtiva das áreas e da infra-estrutura necessária para dar início aos pedidos de financiamento, bem como decidir o local onde seria realizada a feira. Procuraram o Banco do Brasil, o Banco do Nordeste e a Caixa Econômica, mas não obtiveram nenhuma resposta positiva. Diante destas dificuldades, a Cáritas disponibilizou a quantia de R$ 6.000,00 em forma de empréstimo para aquisição das barracas, batas, bonés e sacolas. O primeiro local pensado para a realização da primeira feira foi a Universidade, até pelo tipo de cultivo – agroecológico – que precisaria de consumidores mais esclarecidos. Porém, como naquela ocasião (outubro/2001) a UFPB encontrava-se em greve, os camponeses optaram por buscar uma alternativa. A segunda proposta foi o bairro de Mangabeira, por ser populoso e de fácil acesso. Contactaram o responsável que autorizou o funcionamento da feira em uma praça ao lado do Mercado Público de Mangabeira.

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De acordo com Adissi (1998), produtos agroecológicos são todos aqueles que sejam cultivados com práticas de plantio que se preocupem com o fortalecimento do solo e das plantas através de fertilizantes orgânicos, biofertilizantes e outras técnicas de fortalecimento do ecossistema e combate às pragas. Para que um produto seja considerado 100% agroecológico é necessário que ele seja cultivado por no mínimo três anos sem o uso de produtos químicos na plantação, principalmente em área que já foi sujeita à grande quantidade de veneno no solo, como é o caso das áreas até então cultivadas com a cana-de-açúcar. Na agricultura agroecológica, quando se faz necessária a intervenção humana ela é feita através de “defensivos naturais” como, por exemplo, as plantas companheiras que, quando cultivadas junto à cultura principal, atraem determinada praga e insetos para si, ou em outros casos repelem pelo seu odor, ou as “armadilhas físicas” que atraem e prendem os insetos em copos ou baldes.

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Após o empréstimo liberado e as principais medidas encaminhadas, formaram uma Coordenação que após dois anos de existência transformou-se em Associação e passou a se chamar EcoVárzea. Entre os objetivos da EcoVárzea estão, entre outros:

[...] unir os camponeses que optaram pela agricultura agroecológica, garantindo as condições de continuidade da produção e comercialização dos produtos dos associados; criar novos canais de escoamento da produção; fortalecer a auto-gestão dos camponeses e intermediar na elaboração de projetos que visem a melhoria das condições de produção dos associados. (MARCOS et al, 2005, p. 4).

Ao se formar a coordenação da feira, visaram como principal função organizar todo o processo que envolve na prática a realização da feira, como pagamento de empréstimos, balanço da produção por feira, prestação de contas, informes, etc. Elegeram Luizinho o coordenador, Marco o tesoureiro e Zé Antonio o secretário. Decidiram eleger uma Comissão de Ética, que tem como função fiscalizar junto à área de produção o não uso de agrotóxico, bem como as condições que os produtos chegam à feira para serem comercializados. Adotaram temporariamente o Regimento Interno trazido da experiência no Rio Grande do Sul.

Conforme Luizinho6, a primeira Feira Agroecológica aconteceu no dia 18 de novembro de 2001, com um número entre dez a doze famílias e com um total de dez barracas. Após a primeira feira que teve renda bruta em torno de R$ 700,00, outras cinco aconteceram no mesmo local. A renda obtida nas outras feiras porém, foi sempre diminuindo, tanto pelo mal planejamento da produção, quanto pelos contratempos do local, como perigo causado pela violência nos finais de semana - já que os camponeses chegavam ao local ainda de madrugada - ou também pela

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necessidade das trocas de dias a serem realizadas as feiras, fato que comprometeu o estabelecimento de uma rotina para os consumidores. Diante destes problemas, optaram por interromper o ciclo semanal da feira, repensando a produção e o local. Assim, após quatro meses de intervalo, e com o planejamento técnico a respeito da produção e o “medo” do contato com os clientes superado, os camponeses procuraram a Universidade para verificar a possibilidade de realização da feira no interior do Campus I, para assim poder dar continuidade à realização das Feiras Agroecológicas.

Foi assim que no dia 10 de maio de 2002 aconteceu a primeira Feira

Agroecológica do Campus I da UFPB, contando com a participação dos quatro

assentamentos – Padre Gino, Dona Helena, Boa Vista e Rainha dos Anjos – e do Acampamento Ponta de Gramame. No início participou também um grupo de jovens de Alagoa Grande, que no início ajudou em melhorar a diversidade de oferta de produtos, mas que depois desistiu do cultivo. Primeiramente eram dez barracas, mas após seis meses de feira, e diante do sucesso obtido pela mesma, receberam novas famílias, aumentando para quinze barracas. Contam atualmente com vinte barracas, dez das quais, como já foi dito, pertencentes ao Assentamento Padre Gino.

Para caracterizar a feira agroecológica do Campus I da UFPB e construir um diagnóstico da mesma foi elaborado um questionário através do Projeto “Feira

Agroecológica do Campus I da UFPB: Certificação Social e Revitalização” 7, o qual foi aplicado junto aos consumidores da feira, com o objetivo de traçar um perfil dos mesmos. Foram levantadas informações sobre o grau de satisfação, motivos e período que freqüentam a feira, e principais produtos consumidos, entre outras informações.

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Projeto financiado pelo CNPq, coordenado pelo Prof. Dr. Paulo José Adissi, e que conta com a participação da Profa. Dra. Valeria de Marcos, e de mais quatro bolsistas de graduação, como já foi mencionado anteriormente.

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Os questionários, num total de cem, foram aplicados pela equipe em agosto de 2005, distribuídos durante o período de funcionamento da feira: das 5 às 12 horas. Foi possível constatar que a clientela da feira é “fixa”, ou seja, a maioria deles são freqüentadores semanais ou quinzenais, há mais de três anos (Gráfico 1). Os consumidores em sua maioria são da comunidade universitária, ou moram nos arredores da mesma, nos bairros dos Bancários e Castelo Branco.

GRÁFICO 1

Tempo que os consumidores freqüentam a Feira Agroecológica do Campus I da UFPB.

In: Marcos et al, 2005, p.8.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados parciais dos quais dispomos nos permitem pensar que para os camponeses, a alternativa em mudar as práticas produtivas tradicionais para a agroecológica, que inicialmente parecia um objetivo difícil de ser alcançado, aos poucos conseguiu ser implantada com sucesso, graças aos grupos de estudo e debates no qual se encontravam camponeses, técnicos e instituições dispostas a colaborar com a construção deste outro caminho para a produção e comercialização camponesa, através da venda direta aos consumidores. Sendo assim, Feira

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responsável pela melhoria na qualidade de vida dos camponeses que optaram em produzir organicamente, bem como de toda a comunidade que dela se serve, que além de consumir produtos de melhor qualidade, contribui para o sucesso e crescimento de projetos ligados aos assentamentos rurais.

BIBLIOGRAFIA

ADISSI, Paulo José et al Horticultura Paraibana e o Impacto Ambiental e Social. Relatório de Pesquisa - João Pessoa, GEA, 1998-1999.

ANDRADE, Manoel Correia. A terra e o homem do Nordeste, 5.ed. São Paulo,SP: Atlas, 1986. Nordeste: Alternativas da agricultura. Campinas,SP: Papirus, 1988.

COHN, Amélia. Crise Regional e Planejamento. 2.ed. São Paulo, SP : Editora Perspectiva, 1976.

MARCOS, Valeria et al Feira Agroecológica do Campus I da UFPB: Certificação Social e

Revitalização. III Simpósio Nacional de Geografia Agrária, Presidente Prudente-SP, 2005.

MOREIRA, Emília. Capítulos de Geografia Agrária da Paraíba. Editora universitária/UFPB, 1997.

OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino. A longa marcha do campesinato brasileiro. Revista de Estudos Avançados da USP n°15(43), São Paulo, 2001.

SILVA, José Graziano. Questão Agrária. 17.ed. São Paulo,SP: Editora brasiliense, 1993. SOUZA, Francisco de Assis Lemos. Nordeste, o Vietnã que não houve: Ligas Camponesas e o Golpe de 64. Editora universitária/UFPB,1996.

STEDILE, João Pedro, A questão Agrária no Brasil 2.ed. São Paulo,SP: Editora Expressão Popular, 2005.

INCRA/ATECEL/UFPB/ENGERH. Relatório Ambiental Simplificado Assentamento Padre Gino-Sapé/PB, 2003.

Aptidão Agrícola do Assentamento Padre Gino-Sapé/PB.

Referências

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