Aula 03
O Processo de Comunicação
Prezado(a) aluno(a),
Você já percebeu a importância da comunicação em nossa vida?
Segundo Abreu (2001):
(...) Não basta ser inteligente, ter uma boa formação universitária, falar várias línguas, para ser bem sucedido. (...) o verdadeiro sucesso depende da habilidade de relacio- namento interpessoal, da capacidade de compreender e comunicar idéias e emoções.
(ABREU, 2001).
Você concorda com o autor da obra “A Arte de Argumentar”? Você julga importante o indivíduo saber comunicar-se nas diversas situações de seu dia-a-dia? Reflita e responda para você mesmo(a). Pois bem, de acordo com Andrade & Medeiros (2001)
Comunicação provém do verbo latino communicare, que significa pôr em comum. A finalidade da comunicação é pôr em comum não apenas idéias, sentimentos, pensa- mentos, desejos, mas também compartilhar formas de comportamento, modos de vida, determinados por regra de caráter social. (ANDRADE & MEDEIROS, 2001, p. 15).
Você já percebeu que o homem não consegue viver só? Que ele sente necessidade de viver em sociedade e expor seus pensamentos, seus sentimentos e trocar idéias?Você já deve ter assistido a filmes que mostram tais situações e a reportagens em que pessoas seqüestradas são obrigadas a isolarem-se; sentem-se desesperadas por não poderem se comunicar e buscam alguma maneira de fazê-lo como escrever em paredes.
EMISSOR
CÓDIGO
RECEPTOR REFERENTE
CANAL DE COMUNICAÇÃO MENSAGEM
O ato de comunicação ocorre por meio de um processo que envolve seis elementos e pode ser representado pelo seguinte esquema:
Emissor, também conhecido como destinador, é quem emite a mensagem; representa um indivíduo ou um grupo.
Receptor ou destinatário é quem recebe a mensagem e também pode ser um indivíduo ou um grupo; não precisa, necessariamente, ser um decodificador da mensagem.
Mensagem é o objeto da comunicação, ou seja, é o que o emissor transmite ao receptor.
Tal transmissão dá-se por intermédio do Canal de Comunicação, podendo ser essa mensagem visual, sonora, tátil, olfativa ou gustativa.
Código define-se como um conjunto de signos e suas regras de comunicação. Existem códigos para cada situação comunicativa e podem ser verbais e não-verbais.
Referente é o assunto abordado na comunicação, isto é, o conteúdo da mensagem.
Vamos praticar um pouco? Responda às duas ativi- dades seguintes e, em seguida, envie pelo portfólio. Observe, antes, o exemplo da propagnda do “azeite Andorinha”
Emissor: azeite Andorinha Receptor: público leitor
Mensagem: todo o texto escrito mais a imagem Canal de comunicação: propaganda
Código: verbal (língua portuguesa) e não-verbal (imagem) Referente: as qualidades do azeite Andorinha
Função da linguagem predominante: função conativa/
apelativa
1. Observe a seguinte tirinha e verifique quais são os elementos da comunicação:
Emissor:
Receptor:
Mensagem:
Canal de Comunicação:
Código:
Referente:
2. Responda, a seguir, quais os elementos de comunicação dessa propaganda:
Emissor:
Receptor:
Mensagem:
Canal de Comunicação:
Código:
Referente:
Não se esqueça, caríssimo aluno, que apesar da mensagem ser enviada pelo emissor ao receptor, nem sempre haverá a comunicação, pois pode existir ruído, isto é, qualquer inter- ferência ou obstáculo na comunicação. Lembre-se, também, de que para que ela se concretize é necessário que o código seja comum ao emissor e ao receptor; caso contrário, a comunicação será apenas parcial ou não acontecerá.
http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://namu.zip.
Extraído do site: http://www.amhi.org.mx/eventos/
imagenes/imag_ruido2.gif Extraído do site: http://www.pibara.org.br/
imagens/interrogacao1.jpg
Vale destacar, ainda, que mesmo quando o código é comum, pode haver diferenças.
Exemplo: tanto emissor como receptor expressam-se por meio da língua portuguesa, mas a variante lingüística empregada por eles é diferente. Exemplo:
Comunicação e Linguagem
De acordo com Andrade & Medeiros (2001):
A comunicação implica fundamentalmente, a utilização de uma linguagem, de um sistema de símbolos, seja ele uma língua ou um dialeto, falado ou escrito, gestos, ba- tidas, cores, uma inscrição em pedra, sinais luminosos ou sinais sonoros, como os do código Morse, ou, ainda, uma série de pulsos de número binário em um computador.
(ANDRADE & MEDEIROS, 2001, p. 15).
Se você, aluno, atentar para essa explicação, perceberá que a linguagem pode ser verbal, não-verbal e mista. A primeira é a manifestação por meio da palavra oral ou escrita; a segunda, por intermédio de gestos, imagens etc. e a última utiliza-se da palavra e da imagem. Todas elas são importantes e contribuem para a eficiência da comunicação. Exemplos:
As funções da linguagem na comunicação
Você sabia que quando nos comunicamos, a linguagem apresenta funções? Que são seis essas funções e cada uma delas corresponde a um elemento da comunicação estudado no esquema apresentado. Pois bem, Roman Jakobson foi responsável pela definição dessas seis funções, a saber: expressiva ou emotiva; conativa ou apelativa; poética; fática; metalingüística e referencial.
CANAL DE COMUNICAÇÃO FUNÇÃO FÁTICA
MENSAGEM FUNÇÃO POÉTICA
REFERENTE FUNÇÃO REFERENCIAL
RECEPTOR FUNÇÃO CONATIVA
CÓDIGO
FUNÇÃO METALINGUÍSTICA EMISSOR
FUNÇÃO EMOTIVA
1. Função Emotiva ou Expressiva é a centrada no emissor; a linguagem é subjetiva e há emprego da primeira pessoa (verbos e pronomes). A interjeição é típica dessa função que é usada com a intenção de manifestar emoções e sentimentos. A poesia lírica é exemplo de destaque da função emotiva da linguagem, como vemos a seguir:
Epígrafe
Sou bem-nascido Menino, Fui, como os demais, feliz.
Depois, veio o mau destino E fez de mim o que quis.
[...]
2. Função Conativa ou Apelativa: cen- trada no receptor, deixa transparecer a intenção de persuadi-lo; os verbos, normalmente, são emprega- dos no modo imperativo e os pronomes freqüentes são tu e você. Os textos publicitários ilustram bem essa função:
BANDEIRA, Manuel. Seleta em prosa e verso. 4. ed. Rio de Janeiro:
http://www.mercadolivre.com.br/org-img/homepics/mth/
fitness0002MLB.gif
3. Função Poética: é aquela cujo alvo é a mensagem. Também conhecida como função estética por apresentar uma linguagem considerada criativa e afetiva, recorrendo à sonoridade, às figuras de linguagem, ao ritmo, às rimas etc.
Observe o poema de Mário Quintana (1982):
Se tu me amas, ama-me baixinho não o grites de cima dos telhados Deixa-me em paz os passarinhos Deixa-me em paz a mim.
Se me queres, enfim,
Tem de ser bem devagarinho, Amada;
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
Mário Quintana (1982, p. 41)
Vale ressaltar que a função poética não é característica exclusiva de versos, mas também da prosa poética, podendo manifestar-se em textos publicitários:
- Tem dor de cabeça?
- Tome melhoral; é bom e não faz mal.
4. Função Fática: é a responsável pela necessidade ou desejo de comunicar; centra-se no canal de comunicação e objetiva estabelecer, manter ou cortar o contato. O fragmento transcrito exemplifica bem essa função:
Ele: - Pois é.
Ela: - Pois é o quê?
Ele: - Eu só disse pois é!
Ela: - Mas “pois” é o quê?
Ele: - Melhor mudar de conversa porque você não me entende.
Ela: - Entende o quê?
Ele: - Santa Virgem, Macabéa, vamos mudar de assunto e já.
Clarice Lispector. A hora da estrela. 4. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olímpio, 1978.
http://www.jgaraujo.com.
br/antologia/mario%20 quintana.jpg
http://www.gsk.pt/Binaries/Images/Consumer/
Melhoral/Foto_Melhoral.jpg
5. Função Metalingüística: é a centrada no código; é a linguagem explicando a própria linguagem. São exemplos os textos explicativos e as definições. Os dicionários são modelos de caráter metalingüístico, assim como as enciclopédias, as gramáticas e os livros didáticos. Observe:
O que é lexicografia? Ciência do lexicógrafo, ou seja, autor de dicionário ou de trabalho a respeito de palavras duma língua; dicionarista;
lexicólogo.
FERREIRA, A. B. de H. e J. E. M. M. Aurélio - o dicionário da língua portuguesa. 3.
ed. Curitiba-PR: Positivo, 2004.
6. Função Referencial: é a que tem como alvo o referente, ou seja, quando o texto apresenta caráter informativo, criando efeito de objetividade;
não há comentários nem juízos de valor.
Observe um texto em que essa função se sobressai:
Atentado em Londres
Segunda, 11 de julho de 2005, 20h35
Bombas de Londres foram feitas pela mesma pessoa
Um especialista que utilizou explosivos militares é provavelmente o responsável por fabricar todas as bombas usadas nos ataques terroristas da semana
passada em Londres, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira.
Componentes similares foram encontrados pela polícia nas quatro explosões (uma no ônibus e três em estações de metrô), que causaram a morte de pelo menos 52 pessoas na manhã de quinta-feira passada, segundo o jornal The Times.
Investigadores acreditam que o material usado para fabricar as bombas era de uso militar e provavelmente foi trazido dos Balcãs, diz o jornal. “A natureza dos explosivos aparenta ser militar, o que é muito preocupante”, disse ao jornal o superintendente Christophe Chaboud,
chefe da polícia antiterrorista da França, que vem ajudando nas investigações.
Extraído do site: http://
noticias.terra.com.br