Enfermagem na Doação e
Transplante de órgãos e
tecidos
Taís Maria Nauderer
Agosto 2010HOSPITAL MOINHOS DE VENTO - INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA
Assistência de Enfermagem no Período Perioperatório I
Breve História dos Transplantes
...:Deus cria Eva a partir de uma costela de Adão
280: Os médicos gêmeos Cosme e Damião fazem um transplante da perna de um doador morto (negro) para um paciente branco. Por esse milagre, Cosme e Damião foram elevados à categoria de santos da Igreja Católica e são os patronos das Faculdades de Medicina
"Creazione della Dona"de Caterina Giorgetti
1822:ocorre o primeiro autotransplante de pele
1869: o cirurgião suíço Jacques Louis Reverdin
realiza o primeiro alotransplante de pele fresca 1880/1905: são relatados os primeiros casos de transplantes de córnea
1800s: A medula óssea é administrada via oral a pessoas com anemia e leucemia. Embora sem sucesso, essa tentativa de tratamento conduziu a outras tentativas até se chegar ao transplante de medula, posteriormente
1900: Karl Landsteiner, imunologista austríaco, define a classificação do sangue em quatro tipos: A B, AB, e O
1902:São realizado transplantes renais experimentais em cães, em Viena
1905:Alexis Carrel desenvolve uma técnica para unir vasos de sanguíneos para restabelecer a circulação, técnica que foi fundamental para os transplantes
1914:torna- se possível o armazenamento de sangue
1954:acontece o primeiro transplante de rim entre gêmeos idênticos
1959:reconhecido pela 1ª vez o critério de morte encefália como morte do indivíduo, em Paris
1940:Karl Landsteiner, Philip Levine e Alexander Wiener descobrem um antígeno no sangue de macacos de gênero Rhesus, que ficou conhecido com Fator Rh
1944: Criado o primeiro banco de olhos humano
1964:realizado o primeiro transplante renal no Brasil com doador cadáver, no Rio de Janeiro, quando Sérgio Vieira Miranda, 18 anos, portador de pielonefrite crônica, recebeu um rim de uma criança de nove meses, portadora de hidrocefalia
1967: realizado o primeiro transplante cardíaco em ser humano, retirando o coração de uma mulher de 25 anos, morta em acidente automobilístico, e implantando-o no peito de um dentista. A doadora era uma mulher branca; o receptor, um homem negro
Acontece o primeiro transplante de fígado no mundo, nos EUA
Comitê de Harvard normatiza a definição de morte como morte encefálica
1983:desenvolvimento da ciclosporina
1989: são realizado os primeiros transplantes de pulmão e de rim e pâncreas combinado da América
Latina, na Santa Casa de Porto Alegre. Os
receptores receberam os órgãos um doador morto em acidente de motocicleta
1993: acontece o primeiro transplante de pulmão com doador vivo. Um lobo da mãe e outro do pai são transplantados para uma criança
2000: é realizado o primeiro transplante de intestino no Brasil no Programa de Transplante de Fígado e Intestino da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. O receptor foi uma criança que recebeu o intestino delgado de outra criança
2002: anunciado o nascimento de porcos clonados com modificações genéticas para prevenir a rejeição no caso de transplantes em humanos
Existe a lenda de um camponês culpado por roubar um cavalo que pertencia ao rei. Quando sentenciado à morte, apresentou a seguinte objeção: “Se Vossa Majestade poupar a minha vida, prometo que ensinarei seu cavalo a falar”.O rei aceitou o apelo, dando ao homem um ano para completar a tarefa, após o qual, se fracassasse, a execução seria levada a cabo. Quando alguém salientou que havia poucas chances de ensinar o cavalo a falar e que com certeza do rei o executaria, o camponês respondeu:“Em um ano muito pode acontecer; eu posso morrer, o rei pode morrer ou o cavalo pode aprender a falar. Porém a alternativa, é minha morte imediata”. O camponês tinha uma tarefa difícil, quase impossível.
Todos aqueles que se submetem à cirurgia dos transplantes admitem que é a única opção terapêutica a ser realizada
Aspectos atuais
O índice de sucesso dos transplantes
de órgãos ultrapassa os
80%
, devido a
avanços nas áreas de terapia intensiva,
da imunologia e da farmacologia.
O
Brasil
é o
segundo país do mundo
em
número
de
transplantes
,
sendo
superado somente pelos Estados Unidos.
O
Brasil
dispõe do
maior programa
público de transplantes.
Epidemiologia no Brasil
O crescimento da taxa de doação no país, a partir de 2007, émarcante (60%).
Metas propostas para 2009 – de 8,5 doadores efetivos por milhão de população (pmp), de 4.000 transplantes de rim e de 1.300 de fígado – foram superadas.
2009: 1.658 doadores (8,7 pmp) e com 4.259 transplantes renais e 1.322 hepáticos.
Esses são os melhores resultados já obtidos no país
2010: objetivo de 10 doadores pmp, de 4.800 transplantes renais e de 1.500 transplantes hepáticos, desde que se mantenha o empenho de todos os setores envolvidos.
2009: crescimento de 26% na taxa de doação, devido ao aumento de 16% na taxa de efetivação, que passou de 22% para 25,5% (ainda distante do objetivo de 40%) e um aumento de 8% na taxa de notificação, que passou de 32,5 pmp para 34,2 pmp (também, ainda longe da meta prevista para 2017 de 50 notificações pmp).
Rio Grande do Sul
O
Rio
Grande
do
Sul,
que
historicamente foi o estado com a
maior taxa de doadores do país, e nos
últimos três anos, ao contrário do que
acontece no Brasil, vem apresentando
uma
queda
constante na
taxa
de
doação.
Fonte: Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos Fonte: Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos Fonte: Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos
Fonte: Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos Fonte: Ministério da saúde, Brasil
2010
Primeiro
semestre/2010:
quase
alcançando o objetivo previsto para
esse ano de 10 doadores por milhão
de população (pmp)
Atualmente 9,9 pmp, e taxas recordes
de transplante de rim, de fígado e de
pulmão.
Aspectos gerais do Tx
Os pacientes candidatos a receber um órgão para transplante no Brasil são organizados através de uma fila única, com a finalidade de facilitar o processo de distribuição dos órgãos
O processo de doação de órgãos e transplantes é complexo, pois além da ordem da fila, há a necessidade de total compatibilidade entre o receptor e o órgão doado
A fila de espera por um fígado é organizada de forma diferente em relação aos outros órgãos no Brasil (portaria do MS nº 1.160: a distribuição de fígado de doadores cadáveres para transplante segue o critério degravidade de estado clínico do paciente)
Listas de espera
A principal razão para o aumento dos
pacientes em lista de espera e o
aumento do tempo de espera por um
órgão, relaciona-se com a
demanda
,
que é muito superior ao número de
doadores ou de órgãos doados.
16 pacientes morrem diariamente
na
fila de espera por órgãos nos EUA
Fonte: Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos
Fonte: Ministério da saúde, Brasil
Fonte: Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos
Aspectos econômicos
A problemática dos transplantes de órgãos pode ser mais bem compreendida com a observação de algumas das características econômicas dos órgãos transplantáveis.
1. São essenciais.
2. Não podem ser estocados por muito tempo 3. Têm pouco uso. Portanto, existe baixo custo de
oportunidade, pois não há muito o que fazer com os órgãos doados, que se deterioram rapidamente.
4. Têm poucos substitutos, com exceção de rins que, durante algum tempo, e com baixa qualidade de vida, admitem as terapias renais substitutivas. 5. Os candidatos a receptores não comandam a
aquisição dos órgãos. A aquisição é comandada pelos profissionais de saúde, o que configura um modelo do tipo principal/agente.
6. Existe elevada “capacidade ociosa”, pois há um desperdício considerável de órgãos. No Brasil, de cada 8 potenciais doadores, apenas 1 é notificado e somente 20% destes são utilizados como doadores de múltiplos órgãos.
8. Os doadores não comandam a oferta. São os profissionais de saúde que, em última instância, decidem se um órgão doado pode ser aproveitado e para quem ele pode ser cedido.
O
problema
da
captação,
alocação
e
qualidade dos órgãos para transplante em
nosso
meio
é
fortemente
vinculado
à
desinformação do meio médico e da
população em geral
Muitos profissionais de saúde desconhecem
ou
ignoram
a
legislação
vigente
sobre
transplantes e não notificam a ocorrência de
morte encefálica às centrais de transplante
de órgãos.
Legislação
Legislação brasileira- Lei nº 9.434/97 modificou o tipo de doação: todo cidadão legalmente capaz passava a ser doador, a menos que não houvesse seu consentimento, sendo necessário expressar sua vontade de não doação na carteira nacional de habilitação ou no registro geral, a chamadadoação presumida.
Já em 1998, em virtude da grande polêmica gerada por essa legislação, foi editada medida provisória que transformou a doação presumida em doação consentida: a família deve ser consultada para a realização da doação, sendo sua decisão soberana sobre a vontade expressa pelo doador, em vida.
Coordenação processo Brasil
A coordenação de transplantes pelo SUS é
feita pelo Sistema Nacional de Transplantes
(SNT)
,
que
gerencia
as
Centrais
de
Notificação,
Captação
e
Distribuição
de
Órgãos e Tecidos
(CNCDO)
no nível estadual
O doador deve estar com diagnóstico de ME
(natural ou violenta) definido por equipe
médica,
seus
órgãos
devem
estar
em
funcionamento e o transplante deve ser
autorizado pelo SNT e pelo SUS
A
doação
entre
pessoas
vivas
não
é
responsabilidade do SNT
A partir dos CNCDOs o processo de doação é organizado nas instituições de saúde hospitalares através de Comissões Intra Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT)
É obrigatória a existência de uma comissão intra-hospitalar de transplante em todo hospital brasileiro com mais deoitenta leitos. Essa comissão deve ser composta portrês profissionais de nível
superior, dentre os quais um médico ou umenfermeiro será o coordenador.
As atividades da comissão incluem: identificação e manutenção do potencial doador; a agilidade do diagnóstico de morte encefálica; a abordagem da família do doador; o contato com a Central de Transplante e com o Departamento Médico Legal; o contato com as equipes de retirada e do agendamento do procedimento cirúrgico de retirada dos órgãos; o transporte dos mesmos e a devolução do corpo à família
Aspectos que influenciam o
consentiumento
Mitos populares também influenciam o
consentimento dos familiares em doar
os órgãos.
–
O diagnóstico de morte encefálica foi
dado ao paciente para forçar uma doação
–Razões religiosas
–
Medo de ter o tratamento negligenciado
ao ser identificado como doador
Religião, Doação e
Transplante
As religiões encorajam a doação de órgãos e tecidos como uma atitude de preservação da vida e um ato caridoso de amor ao próximo, considerando este ato uma decisão individual de seu seguidores.
Testemunhas de Jeová- órgão ou tecido é transplantado sem a presença de sangue.
Japão- outro conceito de morte encefálica
Judeus- o rabino participa da retirada.
MORTE ENCEFÁLICA
Acreditou-se, durante séculos, que a
morte se concretizava no momento
em
que
as
funções
cardíacas
e
respiratórias extinguiam-se, ou seja,
morria-se
somente
quando
os
batimentos cardíacos e a respiração
cessassem
MORTE ENCEFÁLICA
Embora
a
respiração
e
os
batimentos
cardíacos sejam vitais para o ser humano,
os avanços da medicina mostraram que a
atividade
cerebral
é
fundamental
para
manter o funcionamento do organismo
Ad Hoc Committee of the Harvard Medical
School classifica como “
coma irreversível
”
No Brasil, o conceito de morte encefálica
passou a ter o valor de morte clínica a partir
de
1990
, segundo determinação do CFM
MORTE ENCEFÁLICA
Segundo
o
CFM,
o
intervalo
entre
as
avaliações clínicas para diagnosticar a ME é
definido de acordo com a idade do paciente:
–Para crianças de 7 dias a dois meses de idade incompletos, intervalo de 48 horas;
–Para crianças de 2 meses a 1 ano incompleto, intervalo de 24 horas;
–Para crianças de 1 ano a 2 anos incompletos o intervalo deve ser de 12 horas.
–Acima de 2 anos o intervalo é de6 horas
MORTE ENCEFÁLICA
Para se constatar a ME de um paciente com
diagnóstico
de
coma
irreversível
e
que
possa
ser
estabelecida
sua
causa,
são
realizados
testes clínicos
com a finalidade
de detectar a ausência de função encefálica
Os testes só podem ser realizados se o
paciente
estiver
hemodinamicamente
estável
e devem ser realizados duas vezes,
por
médicos diferentes
(sendo que pelo
menos um deles deve ser
neurologista
)
TESTES PARA ME
Fotomotor: deve-se observar se existe fotorreação das pupilas ao incidir feixe de luz sobre as mesmas. No paciente com ME não há fotorreação, as pupilas permanecem fixas com tamanho que varia do médio (4 a 6 mm) ao dilatado (6 a 8 mm).
Córneo-palpebral: são abertas as pálpebras do paciente e com um instrumento delicado (SWAB) é realizado um estímulo da córnea. Não ocorrendo o fechamento reflexo das pálpebras indica morte encefálica.
Óculo-cefálico: são abertas as pálpebras e realizados movimentos rápidos no sentido horizontal e vertical com o cabeça, observando-se ausência de movimentos oculares (olhos de boneca). Este teste não deve ser realizado em pacientes com suspeita ou confirmação de lesão cervical.
Traqueal (pode ser realizado de várias maneiras): aspirando-se a cânula orotraqueal ou traqueostomia, com fricção da traquéia ou colocando-se abaixador de língua na região posterior da língua do paciente. A ausência do reflexo de tosse com qualquer um destes testes indica ME.
TESTES PARA ME
Óculo-vestibular: deve-se certificar que não há obstrução do canal auditivo, pois isto dificulta a realização do exame. Eleva-se a cabeceira do paciente a 30º, são injetados 50 ml de líquido frio (como SF) no conduto auditivo externo. Observa-se por um minuto a ausência de movimentos oculares, o que também confirma o diagnóstico de ME. Este teste deve ser realizado nos dois ouvidos com um intervalo mínimo de cinco minutos.
Prova da apnéia: devem ser tomadas algumas medidas para garantir a segurança: monitorização cardíaca, monitorização da pressão arterial e monitorização da oxigenação sangüínea. Teste: ventila-se o paciente com O2 a 100% durante dez minutos; é realizada uma gasometria arterial e instalado oxímetro de pulso, então é desconectado o ventilador e instalado cateter de oxigênio com fluxo de 6l/min; observa-se, então, durante dez minutos, se há movimentos respiratórios; realiza-se outra gasometria arterial e conecta-se o paciente novamente ao respirador. O teste será positivo se não forem constatados movimentos respiratórios durante o tempo em que o ventilador fica desconectado do paciente e o nível de PCO2 da segunda gasometria for superior a 55 mm HG
EXAMES PARA ME
Os
exames
complementares
para
a
comprovação de ME são os seguintes
EEG, Potencial Evocado Auditivo de Tronco
Encefálico: demonstra ausência de atividade
elétrica cerebral;
Angiografia
Cerebral,
Cintilografia
Radioisotópica,
Doppler
Transcraniano,
Ressonância
Magnética
de
crânio:
demonstra ausência de perfusão sangüínea
cerebral;
Pet-scan: demonstra ausência de atividade
metabólica.
Diagnóstico Clínico de
Morte Encefálica
Diagnóstico clínico de
Morte Encefálica
Angiografia com fluxo sangüíneo cerebral
Angiografia com ausência de fluxo sangüíneo cerebral
Diagnóstico gráfico de
Morte Encefálica
Diagnóstico gráfico de
Morte Encefálica
Doppler transcranino com fluxo sangüíneo cerebral
Doppler transcranino sem fluxo sangüíneo cerebral
Processo de Doação de Órgãos
ÓRGÃOS E TECIDOS DOÁVEISPâncreas, vasos sanguíneos, intestino, pele, coração,
válvulas cardíacas, córneas, medula óssea, fígado, rim
DOAÇÃO EM VIDA
Rim, medula óssea, fígado e pulmão.
DOADOR CADÁVER
Identificação do potencial doador: morte violenta ou não, suspeita de lesão irreversível do encéfalo
Atividade
Em trios, realizar leitura e destaque dos
principais aspectos dos texto fornecido
Para os artigos de pesquisa, identificar
objetivo, método, resultados e conclusões
Para
os
artigos
de
reflexão,
identificar
principais conceitos
Ao final da análise, compor a opinião do
grupo em relação ao tema lido no artigo
Imunologia dos Transplantes
Autoenxerto : Transplante de órgãos
ou
tecidos
procedentes
do
próprio
indivíduo
Não se desenvolve reações
Autólogo
Exemplos:
Ponte de Safena/Mamária
Enxerto de pele
Medula óssea
IMUNOLOGIA DOS TRANSPLANTES
Isoenxerto
Transplante de órgãos ou tecidos entre
indivíduos geneticamente idênticos
Singênico
Não há desenvolvimento de resposta
IMUNOLOGIA DOS TRANSPLANTES
Aloenxerto
Transplantes entre indivíduos da mesma
espécie
Enxerto é rejeitado
Grande maioria dos enxertos
IMUNOLOGIA DOS TRANSPLANTES
Xenoenxerto
Transplantes entre indivíduos de espécies
diferentes
Enxerto fortemente rejeitado
IMUNOLOGIA DOS TRANSPLANTES
REJEIÇÃO
Processo que resulta da reação do sistema imune do receptor aos antígenos do doador que estão ausentes no receptor
Diferença antigênicas entre receptor e doador
levam a uma resposta imune específica no
receptor, levando a rejeição do enxerto (antígenos de histo compatibilidade)
Principal tipo de célula envolvida:LINFÓCITOS T e B
Principais barreiras de histo compatibilidade na espécie humana são os sistemas ABO e HLA (tx renal)
Testes para pesquisa de
compatibilidade
Tipagem sanguínea
Compatibilidade do grupo sanguíneo
ABO
HLA
Testes: Crossmacth
Processo de Doação de Órgãos
CONTRA-INDICACAO À DOAÇÃOAbsolutas
–infecção não controlada
–HIV positivo –neoplasia maligna –hipotermia –hipotensão –intoxicação exógena Relativas –idade –peso
–doenças pré-existentes (cirrose, diabetes, etc)
Processo de doação de órgãos RS
Hospitais
de
Referência
Trimestral
para
receber potenciais doadores e principais
equipes de retirada transplante no RS: HSL,
Santa Casa, HCPA
Comissões Intra-hospitalares de Doação de
Órgãos e Tecidos para Transplantes atuante
nas três instituições
Legislação para Enfermagem
Resolução COFEN 292/2004: normatiza a Atuação
do Enfermeiro na Captação e Transplante de
Órgãos e Tecidos
Incumbências: receber e coordenar as equipes de retiradas de órgãos, zelando pelo cumprimento da
legislação vigente e ainda executar e/ou
supervisionar o acondicionamento do órgão até a cirurgia de implante do mesmo ou transporte para outra instituição.
Esta resolução além de respaldar a atuação do enfermeiro no processo de doação, faculta-lhe a oportunidade de contribuir para desenvolvimento do mesmo.
Atuação dos enfermeiros no
processo de transplante
Identificação do
potencial doador
(emergência e UTI)
Abordagem da
família para
consentimento
Manutenção da vida
do potencial doador
(UTI)
Coordenação da
RMO
Assistência aos candidatos a transplantes – possíveis receptores Assistência nas cirurgias de remoção e de transplante (BC) Assistência aos transplantados (UTI, unidade de internação, ambulatório)Coordenação da RMO (HCPA)
Exemplo HCPA:
Esquema de sobreaviso 24h/dia
Enfermeiros assistenciais no HCPA
–Início: Na confirmação da RMO, cerca de 2h antes do início da cirurgia
–Término: Entrega do corpo à família
–Tempo: de 04 a 10h
Atividades
administrativas
e técnicas
–Responsabilidade pela legalidade do
procedimento
Referência da CNCDO para comunicação
com o HCPA
Coordenação da RMO no HCPA
Enfermeiro
do
BC
aciona
Enfermeiro
Coordenador (EC) por telefone, informando
órgãos a serem retirados e horário de início
da cirurgia
EC chega ao HCPA com 1h de antecedência
–CTI: verificação dos documentos legais
•Termo de consentimento (assinatura de familiar de 1° grau, duas testemunhas, ambos pais)
•Termo de declaração de ME
•Atestado de óbito ou Laudo de encaminhamento ao DML
•Laudo do exame comprobatório
Obs: nome legível, assinatura, especialidade e CRM
•Historia do doador
•Exames e sorologias do doador
•Coleta de HLA (TX Renal)
Retirada de Múltiplos Órgãos
A seqüência de RMOT está relacionada às especificidades de cadaórgão, como o tempo de isquemia fria e a complexidade do procedimento cirúrgico.
O primeiro órgão a ser removido é o coração, seguido pelo pulmão, fígado, pâncreas, rins e córnea.
A isquemia fria corresponde a uma proteção significativa aos tecidos, se bem conduzida, especialmente se associadas às soluções nutrientes geladas, como por exemplo as usadas no transplante cardíaco.
Após a ME, o tempo em que os órgãos resistem é variável.
TEMPO DE ISQUEMIA FRIA Coração: 4 h Pulmão: 4 -6 h
Fígado: 12 h Pâncreas: Até 20 h
Retirada de Múltiplos Órgãos
A RMO do doador exige a mesma técnica
asséptica
inerente
aos
demais
procedimentos cirúrgicos.
A
tricotomia
deverá
ser
realizada
imediatamente ao início da cirurgia desde a
região mentoniana até a região dos joelhos.
A assepsia
abrange
o
pescoço,
a
face
anterior e lateral do tronco, abdômen e
membros
inferiores
até
os
joelhos.
Os
campos cirúrgicos são fixados diretamente
na pele, após a anti-sepsia
Retirada de Múltiplos Órgãos
Os passos cirúrgicos e a seqüência de atuação das equipes deverá ser previamente estabelecida e rigorosamente seguida.
A equipe de anestesia será a primeira a adentrar a sala cirúrgica, pois promoverá o relaxamento muscular e o controle das condições hemodinâmicas do doador. A próxima equipe deverá ser a de cirurgia cardíaca e
pulmonar, que realizarão a esternotomia e inspeção dos órgãos torácicos.
Os órgãos abdominais deverão ser os próximos a serem inspecionados, através da abertura da parede abdominal pelas equipes de fígado, pâncreas, rins e intestino, após esta inspeção o fígado e o pâncreas são dissecados e preparados para posterior perfusão
Retirada de Múltiplos Órgãos
As soluções de preservação de órgãos e tecidos devem ser resfriadas a 4º C e infundidas nesta temperatura. Os tipos de soluções utilizadas e a quantidade que deverá ser infundida na veia porta e na aorta, de acordo com cada órgão a ser armazenado são
–Perfusão do coração e pulmões:
- Solução Saint Thomas 1 e Saint Thomas 2 ;
- Soluções preparadas contendo potássio, tamponadas com bicabornato; -Pulmonar: solução com Dextran e potássio na dosagem normal a do plasma.
–Perfusão dos Órgãos Intra-abdominais:
-Solução de Wisconsin (UW): seu custo é elevado, pois para cada doador utiliza cinco litros dessa solução. Apresenta maior tempo de armazenamento dos órgãos e aumento significativo na taxa de sobrevida dos enxertos.
- Solução de Euro Collins: esta solução apresenta a vantagem de ter seu custo inferior ao da UW, porém seu tempo de armazenamento é reduzido a metade.
Acondicionamento e
armazenagem dos órgãos
CoraçãoO coração retirado deverá ser colocado em um saco plástico estéril com soro fisiológico a 4ºC, até ficar completamente imerso, amarrando a abertura deste com fita cardíaca. Após, é colocado em um segundo saco plástico com soro fisiológico gelado e amarrado também com fita cardíaca. Ainda é colocado em um terceiro saco plástico lacrado, que deverá conter uma etiqueta com o horário da cardioplegia
Para a realização do transporte desse enxerto deverão ser utilizados recipientes térmicos contendo blocos de gelo suficientes para cobri-lo. Pulmões
A remoção é feita em bloco, ou seja, os dois pulmões ligados ao átrio esquerdo são colocados em um saco plástico estéril contendo três litros de soro fisiológico a 10ºC. Este é hermeticamente fechado e o conjunto é colocado em mais dois sacos estéreis e mantido em geladeira térmica
Acondicionamento e
armazenagem dos órgãos
Fígado e PâncreasO acondicionamento desses órgãos deverá ocorrer separadamente, utilizando solução de UW à 4ºC. Cada saco plástico estéril será preenchido com um litro da solução de preservação e lacrado com fita cardíaca. Esse saco deverá ser envolvido em outro e novamente lacrado com fita cardíaca. Até a utilização dos enxertos estes deverão permanecer em geladeira térmica, coberto com gelo não estéril Rins
Cada rim deverá ser mantido em um saco plástico estéril contendo 500 ml de solução de UW ou solução de Euro- Collins a 4ºC. O primeiro saco estéril deverá ser lacrado com fita cardíaca e acondicionado em um novo saco contendo gelo moído. Imediatamente deverão ser armazenados a 4ºC em geladeira térmica com gelo não estéril
Córneas
As córneas devem ser armazenadas em solução de preservação a 4ºC, em frascos estéreis. O frasco (em câmara úmida) deverá ser forrado com gaze umedecida em solução salina para receber o globo ocular após sua enucleação. A irrigação do globo ocular deverá ser feita com solução salina e antibiótico (Cloranfenicol)
–Bloco Cirúrgico:
• Contatar CNCDO para confirmação
• Verificar sala cirúrgica, materiais, soluções de manutenção, frasqueiras, gelo
• Contatar equipes cirúrgica e anestésica para confirmação do horário
• Receber equipes
• Autorizar e receber doador
• Revisar documentação legal novamente
• Auxiliar na profilaxia antimicrobiana
• Acompanhar procedimento (realizar perfusão hepática com Belzer e renal com Collins)
• Coletar 2 amostras para Cross-Match
• Encaminhar Imunologia HCPA (bipar farmacêutica) e contatar CNCDO para encaminhar à Santa Casa
• Contatar equipes urologia e oftalmologia após perfusão hepática para informar estimativa de horário
•Contatar DML, se necessário
•Preencher relatórios
•Identificar exames, órgãos, frasqueiras
•Certificar que todas equipes preencheram descrições e relatórios
•Verificar fechamento do corpo e tamponamento
•Transportar corpo ao morgue –
Morgue
•Contatar segurança
•Acompanhar necrópsia, se necessário
•Entregar corpo à família, com documentação
•Comunicar CNCDO término do processo
Contato permanente com CNCDO – média de 20 ligações em cada processo
Protocolos específicos para cirurgias
de remoção e transplantes
Transplante Cardíaco
Período intra-operatório
A atuação da enfermagem nesse período tem como objetivos: avaliar, detectar e intervir precocemente nas possíveis complicações intra-operatórias; assegurar o posicionamento em mesa cirúrgica livre de danos devido ao tempo cirúrgico prolongado (5 a 6 horas); realizar tricotomia em sala de cirurgia, utilizando tricotomizador elétrico; realizar a sondagem vesical de demora utilizando dispositivo fechado, com técnica asséptica; monitorar hemorragias e perdas de líquidos, bem como a entrada de soluções parenterais
(soroterapia, hemoterapia e medicamentos);
administrar hemoderivados junto à equipe da
anestesia;
Realizar coleta de exames laboratoriais de
urgência; prevenir a ocorrência de hipotermia por meio da administração de soluções parenterais aquecidas (as soluções podem ser aquecidas em microondas por até 60 segundos, evitando-se a desnaturação de seus componentes a qual ocorre quando a temperatura atinge 42ºC) ou a utilização de insuflação de ar aquecido; prevenir a ocorrência de lesões ulcerativas por pressão, utilizando-se dispositivos acolchoados (gel ou espuma), ou curativos protetores (hidrocolóide), protegendo-se as saliências ósseas (regiões occipital, escapular, cubital, sacral, calcâneos).
Assistência na prevenção de
complicações de Tx cardíaco
Nefrectomia doadora
Incisão anterior, transperitoneal
Mesmos cuidados técnicos adotados
na nefrectomia com doador vivo
Clampeamento
da aorta - perfusão
renal
solução
Euro-Collins
gelada
(4c
o)
Rins
mantidos
em
geladeira
ou
recipientes
com
gelo
e
dentro
de
caixas com isolamento térmico.
Complicações do Tx Renal
Função reduzida ou ausente do enxerto nos
primeiros dias de P.O. pode ser causada por
hipovolemia,
hipertensão,
obstrução
urinária
intrínseca
ou
extrínseca,
fístula
urinária, trombose arterial ou venosa da
artéria renal, necrose tubular aguda ou
rejeição
Para estabelecer o diagnóstico, medidas
rápidas, uma vez que a futura viabilidade do
enxerto pode depender da rapidez com que
o tratamento é instituído
Complicações: rejeição
1.Hiperaguda (atualmente rara)
2.
Aguda (a mais comum) – pode ser tratada
em 80% dos casos
1. Normal aparece nos primeiros dias, mas pode ocorrer até um ano após o Tx.
2. Hipertensão arterial, febre, aumento de volume renal, dor, diminuição do volume urina, aumento de peso.
3.
Crônica – tempo aparecimento é muito
variável; difícil
diagnóstico - biópsia por
punção órgão; prognóstico ruim.
Complicações: infecção
Vários
fatores,
o
mais
importante
é
a
imunossupressão.
Infeccão,
pulmonar,
diagnóstico
difícil,
sombra
anormal
ao
Rx
tórax
(febre
e
leucocitose podem estar ausente)
ITU 26 à 61% dos casos de Tx renal
A alta incidência de ITU é atribuída a
ureteroneocistotomia, cateterização vesical
e a hipotonia da bexiga
Sepse
:
mesmos
sinais
e
sintomas
dos
pacientes não transplantados
–Alta taxa de mortalidadeImunossupressão
Drogas de indução e de manutenção
– tacrolimus ou ciclosporina, micofenolato ou azatioprina e prednisona.
Para saber mais...
CIDOTT/HCPA: www.hcpa.ufrgs.br
Associação Brasileira de Transplante de Órgãos:
www.abto.org.br
Sistema Nacional de Transplantes - Ministério da Saúde:
portal.saude.gov.br/portal/saude/area.cfm?id_area =1004
Campanha Doe Vida - Ministério da Saúde:
www.doevida.com.br
Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos:
www.adote.org.br
NATCO – The Organization for Transplant Professionals: www.natco1.org