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Intensidade da comunicação de social corporativa na América Latina: reflexos do ambiente institucional

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO E CONTROLADORIA – MESTRADO PROFISSIONAL

FERNANDA ROSALINA DA SILVA MEIRELES

INTENSIDADE DA COMUNICAÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA NA AMÉRICA LATINA: REFLEXOS DO AMBIENTE

INSTITUCIONAL

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FERNANDA ROSALINA DA SILVA MEIRELES

INTENSIDADE DA COMUNICAÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA NA AMÉRICA LATINA: REFLEXOS DO AMBIENTE

INSTITUCIONAL

Dissertação apresentada à Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Administração e Controladoria.

Área de Concentração: Estratégia e Sustentabilidade Orientadora: Profª. Drª. Mônica Cavalcanti Sá de Abreu.

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade

__________________________________________________________________________________________ M453i Meireles, Fernanda Rosalina da Silva.

Intensidade da comunicação de responsabilidade social corporativa na América Latina: reflexos do ambiente institucional / Fernanda Rosalina da Silva Meireles – 2014.

116 f.: il.

Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria, Fortaleza, 2014.

Área de Concentração: Estratégia e Sustentabilidade. Orientação: Profª. Drª. Mônica Cavalcanti Sá de Abreu.

1.Responsabilidade social da empresa - América Latina 2.Ambiente institucional I. Título.

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FERNANDA ROSALINA DA SILVA MEIRELES

INTENSIDADE DA COMUNICAÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA NA AMÉRICA LATINA: REFLEXOS DO AMBIENTE

INSTITUCIONAL

Esta Dissertação foi submetida à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria – Profissional da Universidade Federal do Ceará, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Administração e Controladoria, outorgado pela Universidade Federal do Ceará – UFC e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca da referida Universidade.

A citação de qualquer trecho deste projeto de dissertação é permitida desde que feita de acordo com as normas da ética científica.

Aprovado em: _____/_____/________

BANCA EXAMINADORA:

________________________________________________ Profª. Drª. Mônica Cavalcanti Sá de Abreu (Orientadora)

Universidade Federal do Ceará

________________________________________________ Prof. Dr. José Milton de Sousa Filho

Universidade de Fortaleza

______________________________________________ Profª. Drª Sílvia Maria Dias Pedro Rebouças

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por sempre iluminar meus passos, me dar forças para lutar pelos meus sonhos e pela família maravilhosa que tenho.

Agradeço a minha mãe, por seu imenso amor, dedicação, apoio e doação a mim e meu irmão, sempre priorizando a nossa educação e felicidade. A minha tia-avó Juracy (in memoriam), meu grande exemplo de superação e determinação. A minha tia-avó Odaci, por sua dedicação total à família. Ao meu irmão Wallace, por seu companheirismo, exemplo de dedicação e amor ao que faz. A todos da minha família que contribuíram para a minha formação e que sempre trazem alegria aos meus dias.

Aos amigos Yara Barreto, Línnik Israel, João Felipe, Felipe Maia, João Victor, Jamille Moura, Nádia Thatiana, Nadja Nara (in memoriam), Sheiliane Sales, Ísis Albuquerque, Magda Vieira, Tereza Cristina, Adelaide Costa e Andreia Cavalcante. Obrigada pelo apoio, carinho e confiança.

À Professora Drª Mônica Cavalcanti Sá de Abreu, pela orientação, confiança em mim depositada, conhecimentos transmitidos e desafios propostos.

Agradeço aos professores José Milton de Sousa Filho e Sílvia Maria Dias Pedro Rebouças, pela participação em minha banca examinadora, contribuindo para o enriquecimento deste trabalho.

À turma MPAC 2012, pelas angústias divididas, conhecimentos partilhados e alegrias somadas.

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RESUMO

O presente estudo trata do impacto do ambiente institucional de Brasil, Chile, México e Panamá sobre a intensidade de comunicação de RSC e se propõe a responder à seguinte pergunta de pesquisa: Diferentes ambientes institucionais presentes nos países da América Latina, em especial Brasil, Chile, México e Panamá, influenciam a intensidade da comunicação de responsabilidade social corporativa de suas maiores empresas? Brasil, Chile, México e Panamá apresentam contextos nacionais, históricos, sociais, culturais, que contêm similaridades e diferenças, e formam distintos ambientes institucionais, resultando em diferentes ações e práticas empresariais, tais como a comunicação de RSC. A presente pesquisa trata-se de um estudo exploratório e descritivo, com abordagem quantitativa, desenvolvida mediante análise de dados secundários. As variáveis independentes utilizadas neste estudo, que representaram o ambiente institucional dos países, foram o ambiente de governança (representado pela soma dos indicadores do WGI), o desenvolvimento econômico (representado pelo PIB per capita), a corrupção governamental (representada pelo índice CPI) e o nível educacional (representado pela média de anos de escolaridade dos adultos). Tais indicadores tiveram como fonte os bancos de dados do Worldwide Governance Indicators (WGI), do World Bank, Transparency International (TI) e do United Nations Development Programme (UNDP). A variável dependente da pesquisa, intensidade da comunicação de RSC, foi mensurada através da metodologia desenvolvida por Maignan e Ralston (2002), pesquisando-se nos relatórios anuais das organizações vinte e um itens de comunicação de RSC. Os métodos quantitativos de análise foram estatística descritiva, análise de variância (ANOVA), teste de confiabilidade das variáveis, e modelo de dados em painel. Como resultado, apenas a variável nível educacional mostrou impactar positivamente sobre a intensidade de comunicação de RSC. A variável ambiente de governança impactou negativamente sobre a variável dependente, e as outras variáveis não impactaram sobre a intensidade de comunicação de RSC. Ao analisar a comunicação de RSC e sua relação com o ambiente institucional de países emergentes, países latino-americanos, os resultados desta pesquisa ampliam a discussão acerca da influência dos países sobre a comunicação de RSC.

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ABSTRACT

The present study is about the impact of the institutional environment of Brazil, Chile, Mexico and Panama on the intensity of CSR communication and aims to answer the following research question: Different institutional environments present in Latin America, particularly in Brazil, Chile, Mexico and Panama, influencing the intensity of corporate social responsibility communication of its biggest companies? Brazil, Chile, Mexico and Panama have national, historical, social, cultural contexts, which contains similarities and differences, and form distinct institutional environments, resulting in different actions and business practices, such as the communication of CSR. The present research is an exploratory and descriptive study with a quantitative approach, developed through analysis of secondary data. The independent variables used in this study, which represented the institutional environment of the country, were the governance environment (represented by the sum of the WGI indicators), economic development (represented by GDP per capita), government corruption (represented by the CPI index) and educational level (represented by average years of schooling of adults). The dependent variable of the research, intensity of CSR communication, was measured using the methodology developed by Maignan and Ralston (2002), by searching in the annual reports of organizations twenty-one items of CSR communication. Quantitative methods of analysis were descriptive statistics, analysis of variance (ANOVA), reliability of test variables and panel data model. As a result, only the educational level variable showed a positive impact on the intensity of CSR communication. The variable governance environment impacted negatively on the dependent variable, and the other variables did not impact on the intensity of CSR communication. By analyzing the communication of CSR and its relation with the institutional environment of Latin American countries, the results of this study extend the discussion about the influence of the countries on the communication of CSR.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – RSC e o contexto institucional da corporação ... 36

Figura 02 –Framework da comunicação de RSC ... 40

Figura 03 –Framework da relação do ambiente institucional com a comunicação de RSC. ... 58

Figura 04 – Distribuição das empresas por países ... 69

Figura 05 – Distribuição das empresas por setores ... 70

Figura 06 – Índice de ambiente de governança da amostra no período de 2006 a 2012 ... 72

Figura 07 – PIB per capita da amostra no período de 2006 a 2012 ... 73

Figura 08 – CPI da amostra no período de 2006 a 2012 ... 74

Figura 09 – Indicador do nível educacional da amostra no período de 2006 a 2012 ... 75

Figura 10 – Médias das variáveis independentes da amostra no período de 2006 a 2012 ... 76

Figura 11 – Intensidade da comunicação de RSC da amostra no período de 2006 a 2012 ... 78

Figura 12 – Princípios motivadores de RSC da amostra no período de 2006 a 2012. ... 79

Figura 13 – Processos de RSC da amostra no período de 2006 a 2012. ... 80

Figura 14 – Questões dos stakeholders da amostra no período de 2006 a 2012. ... 81

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Ambiente Institucional de Brasil, Chile, México e Panamá ... 30

Quadro 02 - Comparação entre o Novo Institucionalismo e a Abordagem de Sistemas de Negócios ... 35

Quadro 03 – Comparação entre os ambientes de governança rule-based e relation-based.. ... 52

Quadro 04 - Listagem das empresas pesquisadas ... 61

Quadro 05 – Categorias de RSC pesquisadas nos relatórios ... 63

Quadro 06 – Quadro-síntese das variáveis utilizadas na pesquisa ... 65

Quadro 07 - Classificação dos países quanto ao seu ambiente institucional ... 76

Quadro 08 - Classificação da intensidade de comunicação de RSC e suas categorias ... 83

Quadro 09 - Síntese dos resultados... 91

(10)

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Estatística descritiva das variáveis... 71

Tabela 02 – Teste de homogeneidade das variâncias ... 83

Tabela 03 – Análise de variância em relação aos países ... 84

Tabela 04 – Teste robusto de igualdade de médias (teste de Welch) ... 84

Tabela 05 – Alfa de Cronbach da intensidade da comunicação de RSC ... 85

Tabela 06 – Alfa de Cronbach da intensidade da comunicação de RSC com exclusão de itens ... 85

Tabela 07 – Alfa de Cronbach do ambiente de governança ... 86

Tabela 08 – Alfa de Cronbach do ambiente de governança com exclusão de itens ... 87

Tabela 09 – Modelo de Efeitos Fixos I ... 88

Tabela 10 – Modelo Efeitos Fixos II ... 89

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEPAL Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe CERES Coalizão para Economias Ambientalmente Responsáveis

CPI Corruption Perception Index

EIU Economist Intelligence Unit EUA Estados Unidos da América

FEDERASUR Federação de Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul

GRI Global Reporting Initiative

IDD-LAT Índice de Desenvolvimento Democrático da América Latina ISEA Institute of Social and Ethical Accountability

ISO International Organization for Standardization MBA Master of Business Administration

MS Master of Science

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OIT Organização Internacional do Trabalho

ONG Organização Não Governamental ONU Organizações das Nações Unidas

PIB Produto Interno Bruto

PISA Programme for International Student Assessment PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente RSC Responsabilidade Social Corporativa

SA Social Accountability

TI Transparency International

UNDP United Nations Development Programme

WBCSD World Business Council for Sustainable Development WGI Worldwide Governance Indicators

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 12

1.1 Pergunta de pesquisa ... 16

1.2 Objetivos ... 16

1.2.1 Objetivo geral ... 16

1.2.2 Objetivos específicos... 16

1.3 Justificativa ... 17

1.4 Estrutura do Trabalho ... 19

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 20

2.1 A América Latina ... 20

2.1.1 Brasil ... 23

2.1.2 Chile ... 24

2.1.3 México ... 26

2.1.4 Panamá ... 28

2.2 Teoria Institucional ... 30

2.3 Comunicação de Responsabilidade Social Corporativa ... 37

2.3.1 Abordagens da Comunicação de RSC ... 41

2.3.2 Mensagem e Canais da Comunicação de RSC... 42

2.3.2.1 Relatórios de RSC ... 44

2.3.3 Eficácia da Comunicação de RSC ... 48

2.4 Ambiente Institucional e Comunicação de RSC ... 50

2.4.1 Ambiente de Governança e Comunicação de RSC ... 52

2.4.2 Desenvolvimento Econômico e Comunicação de RSC ... 53

2.4.3 Corrupção e Comunicação de RSC ... 55

2.4.4 Nível Educacional e Comunicação de RSC ... 56

3 METODOLOGIA ... 59

3.1 Caracterização da Pesquisa ... 59

3.2 Amostra e Critérios de Seleção ... 60

3.3 Definições das Variáveis Analisadas ... 61

3.4 Técnicas de Análise dos Dados... 65

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 69

4.1 Análise Descritiva dos Dados ... 69

4.1.1 Análise Descritiva das Variáveis Independentes por País e Ano ... 72

4.1.2 Análise Descritiva da Variável Dependente por País e Ano ... 77

4.1.3 Análise de Variância ... 83

4.2 Teste de Confiabilidade das Variáveis Referentes à Comunicação de RSC e ao Ambiente de Governança ... 85

(13)

4.4 Análise das Hipóteses ... 90

4.5 Discussão dos Resultados ... 91

5 CONCLUSÕES ... 96

5.1 Atendimento aos Objetivos Propostos ... 96

5.2 Contribuições da Pesquisa ... 99

5.3 Limitações da Pesquisa ... 99

5.4 Sugestões para Pesquisas Futuras ... 100

REFERÊNCIAS ... 101

ANEXO A – Dados do ambiente institucional de Brasil, Chile, México e Panamá por ano ... 113

APÊNDICE A – Script usado no programa R para a construção do modelo de dados em painel ... 114

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1 INTRODUÇÃO

A responsabilidade social corporativa (RSC) tem sido vista como resposta ao principal problema contemporâneo da globalização, um sistema de governança global sem governo global (BLOWFIELD; MURRAY, 2008). A RSC trata-se de ações de uma empresa que têm consequências sociais e geram atenção pública, devendo, portanto, ser publicamente transmitidas via comunicações corporativas (LI et al., 2010). São práticas que fazem parte da estratégia corporativa, e que explicitamente procuram evitar danos e promover o bem-estar de stakeholders através do cumprimento da lei, e voluntariamente indo além dela (PEINADO-VARA, 2006).

O escopo da RSC expandiu-se a ponto dela infiltrar-se na consciência e cultura corporativas, moldar a estratégia corporativa, enriquecer a qualidade de vida da comunidade, ampliar a visão dos negócios, e procurar humanizar o empreendimento econômico onde quer que seja encontrada (FREDERICK, 2008).

Destaca-se que não há um padrão universal de RSC a ser implementado, uma vez que empresas internacionais operam em culturas, padrões normativos e circunstâncias diversificados, que geram diferentes expectativas, oportunidades e obstáculos às empresas (BIRD; SMUCKER, 2007). Blowfield e Murray (2008) afirmam que não há uma teoria unificadora da RSC, mas várias teorias sociais e econômicas que ajudam a explicar o papel das empresas na sociedade.

A RSC precisa ir além da abordagem de ‘tamanho único’, utilizando abordagens mais contextualizadas (PRIETO-CARRÓN et al., 2006). Blowfield e Murray (2008) afirmam que a RSC precisa levar em consideração as diferenças geográficas de região para região, de país para país, e dentro dos próprios países.

Diante da definição de RSC de ir além das prioridades econômicas, fomentar as relações com os stakeholders, e manter a transparência e o comportamento ético, a comunicação torna-se uma prática fundamental para a RSC (CAPRIOTTI; MORENO, 2007).

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identidade e ganhar legitimidade e apoio dos stakeholders. Assim, de acordo com Chaudhri e Wang (2007), torna-se uma questão-chave obter uma comunicação transparente e proativa de sua RSC.

Por não existir um quadro estabelecido de como comunicar a RSC de forma consistente, problemas de comunicação surgem no estabelecimento do que e como as informações de RSC devem ser comunicadas a fim de satisfazer as necessidades de informação dos stakeholders e, portanto, legitimar os comportamentos da empresa (ARVIDSSON, 2010). A comunicação de RSC, que não é obrigatória e vai além de relatórios financeiros, é repleta de desafios de credibilidade e, a fim de evitar críticas, a comunicação e as ações de RSC devem estar inter-relacionadas (CHAUDHRI; WANG, 2007).

Diferentes estudos sobre a RSC têm mostrado que a amplitude, o conteúdo e a intensidade de comunicação da RSC diferem entre as empresas, as regiões e os países (MAIGNAN; RALSTON, 2002; LATTEMANN et al., 2009; LI et al., 2010). Matten e Moon (2008) asseveram que a responsabilidade social corporativa, seus significados e as questões que trata, varia entre as diferentes nações, sendo a RSC reflexo dos diferentes contextos sociais, institucionais, culturais, setoriais, nacionais e históricos.

Muitos destes estudos foram realizados em países industrializados. No entanto, pouco se sabe acerca de como a prática de RSC se desenvolve nos países emergentes (WANDERLEY et al., 2008; ALON et al., 2010; LI et al., 2010). Nesse contexto, a América Latina é um caso interessante de como a comunicação de RSC das empresas líderes é influenciada pelos diferentes ambientes institucionais.

O ambiente institucional das nações é constituído por quatro grandes tipos de instituições: instituições políticas, instituições financeiras, instituições de educação e trabalho e instituições culturais (MATTEN; MOON, 2008). As diferenças apresentadas nestas instituições-chave traduzem-se em diferenças de práticas ao nível da empresa (BROOKES; BREWSTER; WOOD, 2005). Consequentemente, as diferenças encontradas entre as nações latino-americanas, constituídas por diferentes culturas, políticas, economias, resultam em diferentes ações e práticas empresariais, tais como a comunicação de RSC.

(16)

A região tem uma área de, aproximadamente, 21.069.500 km², e em 2012, sua população foi estimada em mais de 589 milhões, sendo o Brasil e o México os países mais populosos, e que juntos representam mais de dois terços da economia da região, estando entre as 13 maiores economias do mundo. Em 2011, o PIB combinado da América Latina foi de US$ 3.350.725,7 milhões, tendo a distribuição deste valor uma alta dispersão, o que contribui para tal região ser classificada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como a região mais desigual do mundo (CEPAL, 2013).

A RSC na América Latina, em seu âmbito institucional, é influenciada por questões sociais, econômicas e ambientais que desafiam o continente, como a pobreza e a desigualdade social. Em seu âmbito empresarial, é influenciada pelas crenças religiosas dos fundadores das empresas da região, que levam à adoção das contribuições sociais como parte de sua visão. Apesar das condições adversas, muitas empresas latino-americanas são bem-sucedidas globalmente, com forte liderança e capacidades como a agilidade na tomada de decisões e flexibilidade (CASANOVA; DUMAS, 2010). A pesquisa estuda os países Brasil, Chile, México e Panamá. O Brasil, país de maior economia da região, é utilizado como país referência, ao qual os outros países são comparados. Os demais países representam todos os subcontinentes que fazem parte da América Latina (América do Norte, América Central e América do Sul), sendo as nações latino-americanas que mais se destacam dentro de cada um destes.

Dentro da América Latina, Brasil, Chile, México e Panamá destacam-se como as nações de melhor nível de produtividade e competitividade, conforme Relatório de Competitividade Global 2011-2012 da Federação de Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul - FEDERASUR (2013).

Brasil, México e Chile são países que se destacam também por suas dimensões territoriais e pelo tamanho de suas populações, estando dentre as dez maiores e mais populosas nações latino-americanas. Por sua vez, o Panamá caracteriza-se como o sexto menor país e terceira nação menos populosa da América Latina. Esses quatro países apresentam como tipo de governo a República e configuram-se como democracias presidenciais.

Em termos econômicos, Brasil e México figuram entre as quinze maiores economias mundiais. Em 2013, o Brasil assumiu o posto de 7ª maior economia do mundo e o México assumiu o posto de 14ª maior economia. Por sua vez, o Chile assumiu o posto de 37ª maior economia, e o Panamá logrou a 88ª colocação.

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2007). O país figura-se como uma das nações mais multiculturais do mundo, e tem como religião predominante o catolicismo, constando como um dos países com maior número de católicos.

O Chile trata-se de um país socialmente conservador e conta com grande número de católicos, religião predominante no país. A cultura chilena reflete a população relativamente homogênea, uma mistura de elementos culturais espanhóis e indígenas. Conforme Beckman, Colwell e Cunningham (2009), embora o país tenha apresentado um decréscimo da pobreza nos anos 2000, ainda apresenta alto nível de desigualdade econômica. É um dos países mais estáveis e prósperos da América Latina, obtendo melhores indicadores em termos de desenvolvimento humano, estabilidade política e percepção de corrupção.

O ambiente institucional do México é fortemente influenciado pela Igreja Católica. O país é marcado pelo clima de corrupção, pelos baixos salários e benefícios aos trabalhadores, bem como por pobres sistemas educacionais e opções de cuidados de saúde (BECKER-OLSER et al., 2011). Assim como outros países da América Latina, o México apresenta desigualdade de distribuição de renda.

O Panamá apresenta uma população diversificada, resultante da mistura dos grupos indígenas e da constante imigração ao longo dos últimos 500 anos. De acordo com o jornal The Economist (2012), embora a economia do Panamá tenha apresentado altas taxas de crescimento nos últimos seis anos, o país ainda enfrenta grandes problemas, como desigualdade social, crescimento da taxa de homicídio e escassez de escolas secundárias. A religião está profundamente ligada às tradições e expressões culturais do país, sendo o catolicismo a religião predominante.

Brasil, Chile, México e Panamá são considerados países em desenvolvimento com grandes desigualdades sociais e problemas institucionais. Essa problemática social reflete-se nas taxas de alfabetização, nos coeficientes Gini e nos índices de percepção da corrupção dos quatro países. Analisando as taxas de alfabetização dos países, do período de 2007 a 2011, o Chile destaca-se por possuir uma taxa de alfabetização de cerca de 99%, o Panamá possui uma taxa de alfabetização de 94%, o México possui uma taxa de 93%, e o Brasil apresenta uma taxa de alfabetização de 90% (UNDATA, 2014).

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lugar com 42 pontos, o Panamá figura em 102º lugar com 35 pontos e o México figura em 106º lugar com 34 pontos (CPI, 2014).

Visto essas semelhanças e diferenças entre Brasil, Chile, México e Panamá, este estudo centra-se na necessidade de maior conhecimento acerca dos impactos do ambiente institucional destes países sobre a intensidade da comunicação de RSC de suas empresas.

1.1 Pergunta de Pesquisa

Diferentes ambientes institucionais presentes nos países da América Latina, em

especial Brasil, Chile, México e Panamá, influenciam a intensidade da comunicação de

responsabilidade social corporativa de suas maiores empresas? 1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Analisar a influência do ambiente institucional de Brasil, Chile, México e Panamá sobre a intensidade de comunicação de responsabilidade social corporativa das maiores empresas desses países.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Identificar as semelhanças e diferenças do Brasil em comparação ao Chile, México e Panamá, em relação aos seus ambientes institucionais (características econômicas e socioculturais);

b) Analisar a comunicação de responsabilidade social corporativa das maiores empresas dos países estudados através de informações extraídas dos relatórios destas organizações;

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1.3 Justificativa

Diversos estudos têm apontado que a RSC varia entre os países (MAIGNAN; RALSTON, 2002; GOLOB; BARTLETT, 2007; WANDERLEY et al., 2008; LATTEMANN et al., 2009; ALON et al., 2010; LI et al., 2010, SOBCZAK; MARTINS, 2010), demonstrando que os mecanismos do ambiente institucional funcionam como propulsores da adoção de novas práticas por parte das empresas (DIMAGGIO; POWELL, 1983; DACIN; GOODSTEIN; SCOTT, 2002). As instituições moldam os processos sociais e políticos de como os interesses dos stakeholders são "socialmente construídos" ou definidos, agregados e representados com relação à empresa (AGUILERA; JACKSON, 2003). Dacin, Goodstein e Scoot (2002) corroboram mostrando que novas formas institucionais interagem com arranjos institucionais existentes para a criação de diversas "novas" estruturas e processos.

As diferenças de RSC podem ser melhor explicadas através da Teoria Institucional, que de acordo com Zucker (1987), fornece uma visão rica e complexa das organizações. Assume-se que as instituições formais - constituição, leis, políticas governamentais - interagem com as instituições informais - normas sociais e modelos mentais de análise - e organizações - sociedade civil, entidades empresariais, organizações de trabalho - gerando quadros institucionais e culturais únicos, onde as empresas atuarão (WILLIAMS; AGUILERA, 2008).

De acordo com Matten e Moon (2008), os quadros institucionais historicamente enraizados de uma nação (seu sistema político, sistema de educação e trabalho, sistema cultural e sistema financeiro), moldam os chamados sistemas de negócios nacionais, estruturas estas que explicam os diferentes tipos de RSC encontrados entre as nações.

Assim, este estudo justifica-se pela busca do melhor entendimento da relação entre a intensidade da comunicação de RSC e o ambiente institucional, representada neste estudo pelas empresas e ambientes institucionais da América Latina. Justifica-se também pela relevância do tema no contexto atual das organizações empresariais. Ao analisar a comunicação de RSC sobre uma ótica da Teoria Institucional, esta pesquisa contribui ao mostrar que o ambiente institucional de um país é uma força motriz importante na intensidade das comunicações sobre RSC.

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média em todos os países da região. No período entre 1990 e 2007, a taxa de pobreza caiu 12% e a extrema pobreza 9,1%. Ainda assim, em 2008, a região ainda era o lar de 180 milhões de pessoas pobres, representando 34% da população total.

A América Latina saiu fortalecida da crise de 2008, com o reconhecimento mundial do seu sucesso e uma nova confiança; e tal sucesso, segundo a Latin Trade (2013), é resultado de: crescimento econômico da região, com pelo menos duas décadas de reforma econômica, visando à criação de ambientes macroeconômicos estáveis e baixa inflação, e à reconstrução de sistemas bancários; desenvolvimento social da região, resultado de programas sociais bem-sucedidos que diminuíram a pobreza da América Latina; e forte compromisso com os valores democráticos, com eleições periódicas, livres e justas na maioria da região. Ainda com todo este sucesso, a América Latina possui muitos desafios a superar, tendo que lidar com a educação, inovação, infraestrutura, crime e diversificação das exportações.

Reficco e Ogliastri (2009) afirmam que, na América Latina, a importância da RSC cresceu a partir dos anos oitenta, resultado de alguns fatores: a desregulamentação econômica e a liberalização do comércio, que deram ao setor privado um papel de protagonista no espaço público; e a desvalorização dos centros de legitimidade tradicionais (Igreja e Estado), que levou ao surgimento de um novo ator, que passou a ocupar um papel cada vez maior na formação da agenda pública: a sociedade civil.

De acordo com Ursini e Bruno (2005), as empresas latino-americanas têm, historicamente, preocupado-se com a filantropia. O entendimento de RSC como uma nova forma de gestão da empresa, que integre e trabalhe de maneira mais ampla com as dimensões ambiental, econômica e social é, portanto, algo recente e realizado por um pequeno número de empresas da região. Conforme Casanova e Dumas (2010), as multinacionais da América Latina, bem como os governos e o público em geral, enxergam na RSC uma forma de reduzir a pobreza, de aprimorar a sustentabilidade das empresas e de lidar com outras questões sociais urgentes da região.

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1.4 Estrutura do trabalho

Para a formulação teórica e empírica desta dissertação foi realizada uma divisão em cinco capítulos.

No capítulo introdutório foram apresentadas considerações iniciais sobre a temática explorada dentro de um contexto que envolve a comunicação de RSC e o papel de destaque da América Latina. Demonstrou-se também o problema de pesquisa, os objetivos do estudo e a justificativa do trabalho.

O capítulo seguinte aborda a fundamentação teórica do trabalho. Este capítulo é composto por uma revisão bibliográfica sobre o ambiente institucional da América Latina, em especial de Brasil, Chile, México e Panamá, da Teoria Institucional, e da comunicação de RSC. São apresentados os conceitos chaves sobre os temas, permitindo sua compreensão e a construção das hipóteses da pesquisa.

O capítulo três demonstra como o estudo foi desenhado a fim de atingir os objetivos propostos. Nele apresenta-se a caracterização da pesquisa, a definição das variáveis analisadas, a amostra e o critério de seleção e apresenta-se a técnica de análise de dados a ser utilizada no estudo. Os elementos da pesquisa necessários para o alcance dos objetivos propostos consistem em um universo que reúne indicadores de Brasil, Chile, México e Panamá, no período de 2006 a 2012, e a técnica de análise de dados em painel.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

O presente capítulo trata da fundamentação teórica e das hipóteses da pesquisa. Os conceitos teóricos abordados apresentam estreita relação com o problema e os objetivos da pesquisa. Assim, são abordados os temas América Latina (seção 2.1), Teoria Institucional (seção 2.2), Comunicação de Responsabilidade Social Corporativa (seção 2.3), e Ambiente Institucional e Comunicação de RSC (seção 2.4), onde as hipóteses da pesquisa são construídas.

2.1 A América Latina

A América Latina tem passado por grandes transformações nas últimas décadas. Casanova e Dumas (2010) asseveram que a América Latina teve forte crescimento econômico e tem alcançado mudanças sociais desde 2002. Observou-se o decréscimo do número de pobres e o aumento do tamanho da classe média em todos os países da região, tendo, do período entre 1990 e 2007, a taxa de pobreza da região caído 12% e a de extrema pobreza 9,1%.

Castro (2008) afirma que a educação na região melhorou. No geral, nos últimos 30 anos, aumentou de forma significativa o acesso à escolarização básica, e também a pressão social para que a obrigatoriedade do ensino fundamental fosse estendida à educação infantil. Nos anos de 1990, houve um dos grandes avanços da educação da região: a universalização da educação básica, especialmente no ensino fundamental. Abrantes (2010) destaca que, nas duas últimas décadas, os padrões educacionais têm aumentado consideravelmente na América Latina, matriculando quase todas as crianças, a maioria dos adolescentes e um segmento crescente de jovens adultos.

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Para Baquero (2008), nem mesmo o crescimento econômico da América Latina nas décadas recentes tem sido suficiente para fortalecer os mercados de trabalho e reduzir de modo satisfatório a incidência da pobreza, tendo a região uma distribuição de bens, serviços e oportunidades básicas desequilibradas. Abrantes (2010) destaca que o desemprego juvenil e o subemprego (empregos não qualificados, sem proteção social e oportunidades de formação) têm crescido na América Latina. Embora na região haja uma expansão educacional, ainda que lenta e desigual, a possibilidade de ficar desempregado ou trabalhar em um emprego não qualificado, após finalizar o ensino superior, é cada vez maior para os jovens latino-americanos. Portanto, na América Latina, não necessariamente os jovens que têm maior nível de educação formal conseguem um emprego.

Conceição, Dourado e Silva (2012) afirmam que a região é marcada por um modelo econômico de maciça importação de bens de produção e tecnologia, intensa produção agrícola e de commodities, baixa remuneração e reduzida qualificação de sua mão de obra, intensa presença de empresas multinacionais, nacionalização de indústrias estratégicas e por políticas de proteção dos mercados internos. Devido às mudanças estruturais geradas pelo grande endividamento das nações da região na década de 1980 (políticas de liberalização de mercado, desoneração alfandegária, reforma tributária, reforma financeira e privatização das empresas públicas), no início da década de 1990, nos países da região, presenciou-se um contexto aparentemente bem sucedido, marcado, no entanto, pelo crescimento da concentração de renda e da exclusão social dos seus habitantes.

A pobreza, a exclusão social e a desigualdade político-econômica persistem na América Latina. Em consequência, surgem barreiras ao progresso econômico e desenvolvimento social da região: a falta de respeito pela lei, a corrupção e a ineficácia dos governos na promoção de serviços essenciais básicos que proporcionem uma melhor qualidade de vida (BAQUERO, 2008). A América Latina, segundo Conceição, Dourado e Silva (2012), é constituída por países com problemas de distribuição de renda e dificuldades de acesso a direitos sociais (condições de saúde, segurança, educação, saneamento, etc.).

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comprometem o progresso econômico e o desenvolvimento social da região. Dada a incapacidade das instituições formais para mediar a política e regular os conflitos sociais, e buscando a ampliação da democracia representativa, o estabelecimento de novas práticas e modelos políticos, a América Latina tem acompanhado o surgimento de movimentos sociais.

Para Ribeiro (2011), nos países da América Latina, mesmo com o recente reestabelecimento das liberdades civis e direitos políticos, nota-se o crescente desencanto e desconfiança em relação às instituições, advindo das dificuldades dos sucessivos governos em resolver os graves problemas socioeconômicos que atingem a região como um todo. De modo geral, informa Schneider (2003), as democracias da América Latina apresentam déficits em seu Estado de direito e legitimidade.

Moller (2010) assevera que, em termos culturais, a América Latina é marcada pela grande diversidade de culturas que convivem juntas há muito tempo. No entanto, ainda existe discriminação em diferentes níveis de intensidade contra negros, índios, homossexuais, etc. Em termos religiosos, Oro e Ureta (2007) destacam que trata-se de uma região profundamente cristã, ocupando a Igreja Católica uma importância numérica, política e social na grande maioria dos países latino-americanos. No entanto, nas últimas décadas, a América Latina tem acompanhado o aumento pentecostal, e uma tendência de crescimento do número de indivíduos que se consideram sem religião.

Baquero (2008) afirma que, ainda que com suas diferenças culturais, históricas, políticas e econômicas, a América Latina parece ter uma homogeneidade quando se analisa sua situação socioeconômica. Ao se analisar a dimensão econômica da região, nota-se o alto índice de desigualdade de renda, e exclusão social. Em termos da dimensão política, percebem-se visíveis avanços institucionais, mas também é visível a falta de respeito pela lei (tanto por parte das autoridades quanto dos cidadãos), o aumento da corrupção em todos os níveis, a incapacidade ou ineficiência dos governos de plantão em desenhar e implementar políticas públicas sociais redistributivas e a violação dos direitos humanos.

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2.1.1 Brasil

O Brasil é o país mais populoso, de maior economia e de maior extensão da América Latina. De acordo com o ranking de 2012 do World Bank (2014), é classificado como a 7ª maior economia mundial. Conforme Griesse (2007), nos últimos anos, o Brasil tem sido classificado entre as dez nações mais ricas do mundo, em termos de PIB. Entretanto, o país apresenta grande desigualdade econômica, social e de classe.

Abreu e Barlow (2013) destacam que o sistema político brasileiro foi moldado por longo período de colonialismo, seguido por uma monarquia, uma república, uma reforma populista, uma ditadura militar repressiva e, finalmente, a redemocratização e reforma estrutural, que trouxe a liberalização do comércio e o decréscimo da intervenção do Estado. Nota-se, ao longo de todo esse período, a presença persistente da corrupção. Conforme Griesse (2007), o sistema político brasileiro teve uma turbulenta evolução, que levou a grandes disparidades de renda e altos índices de pobreza da população. Atualmente, o país apresenta como tipo de governo a República e configura-se como democracia presidencial.

A educação do Brasil avançou consideravelmente na última década. Isso pode ser demonstrado pela evolução do país na pesquisa feita pela OCDE, o Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (PISA). Em 2000, apenas metade das crianças brasileiras tinham completado o ensino primário, três em cada quatro adultos eram analfabetos funcionais, e mais de um em cada dez era totalmente analfabeto. Nesse período, o Brasil ficou em última colocação. Em 2010, com a publicação do quarto estudo PISA, o país obteve ganhos sólidos em todas as disciplinas avaliadas, e ficou em 53º lugar, entre os 65 países avaliados, em leitura e ciência. Apesar do avanço, o país ainda apresenta baixo desempenho, figurando entre as últimas posições do ranking mundial (THE ECONOMIST, 2010). No período de 2007 a 2011, o Brasil apresentou taxa de alfabetização de 90% (UNDATA, 2014).

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Cunha, Prates e Ferrari-Filho (2011) asseveram que o Brasil tem mostrado resistência à crise financeira internacional de 2008, o que sugere que o país construiu uma estrutura macroeconômica mais forte ao longo dos últimos anos. A redução dos desequilíbrios externos e orçamentais levou à diminuição da vulnerabilidade do país a choques externos. No entanto, entre o último trimestre de 2008 e o primeiro trimestre de 2009, a economia do país apresentou um decréscimo de 4,5% em seu PIB, efeito gerado pela crise financeira internacional.

O país figura-se como uma das nações mais multiculturais do mundo, e consta como um dos países com maior número de católicos, religião predominante no Brasil. Abreu e Barlow (2013), ao comparar a RSC de empresas brasileiras e britânicas, destacam que o Brasil tem um ambiente de governança muito mais informal e relacional. Devido aos problemas sociais enfrentados pelo país, as empresas têm desempenhado um papel na melhoria social, estando sua reputação fortemente relacionada com sua atividade de RSC. Em sua pesquisa, Conceição, Dourado e Silva (2012) demonstram que o Brasil, no contexto da América Latina, exerce um papel relevante no processo de evidenciação do desempenho em sustentabilidade a partir da publicação do relatório GRI, sendo responsável por mais de 50% dos informes realizados na região.

2.1.2 Chile

O Chile tem 16,5 milhões de habitantes, e desenvolveu, a partir da década de 1980, sua estabilização econômica, com inflação controlada, baixa volatilidade cambial e taxa de juros básica de um dígito, saindo assim na frente das economias vizinhas. O país apresenta a política de comércio exterior mais pragmática da América Latina (ANTUNES, 2009).

De acordo com Romero (2005), o país foi o primeiro da América Latina a liberalizar seus mercados para a economia internacional, implementando, durante o governo militar, medidas de desregulamentação e privatização de atividades produtivas do setor público, adiantando-se cerca de 10 anos aos programas de ajuste estrutural do continente (adoção da doutrina neoliberal pelas economias latino-americanas na década de 1980). Conforme o ranking de 2012 do World Bank (2014), o Chile classifica-se como a 37ª maior economia mundial.

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dos países menos corruptos da América Latina, de acordo com a percepção dos chilenos em relação a sua democracia. Conforme o ranking CPI (2014), em 2013, o Chile figurou em 22° lugar no ranking, com 71 pontos, o 4º menor índice de corrupção percebida da América Latina.

Budnik et al. (2011) afirmam que a educação pública no Chile é tradicionalmente marcada pela participação dos atores sociais, sendo possível apontar inúmeras experiências de participação do movimento social na política de educação na história do país. Os autores também destacam a modificação da estrutura educacional do Chile, gerada pela lei de financiamento do país, que trouxe como consequências a segmentação e segregação do sistema escolar de acordo com a capacidade econômica das famílias. Ainda assim, o país é reconhecido por ter a melhor educação da América Latina (THE ECONOMIST, 2011c). No período de 2007 a 2011, o país apresentou taxa de alfabetização de 99% (UNDATA, 2014).

Esse reconhecimento da qualidade educacional do Chile é demonstrado por pesquisas como o PISA, sendo considerado o país latino-americano com melhor pontuação no ranking. De acordo com matéria do Universia Chile (2013), o país não registrou melhoras significativas, se comparado ao ano de 2009, mas ainda assim continua na liderança, em matéria educacional, da América Latina. Considerando a evolução do Chile no PISA, do período 2000-2012, o país pode ser considerado um dos países de maior crescimento. No ano 2000, o país não encontrava-se em primeiro lugar em nenhuma categoria (INFOBAE, 2013).

Em 2012, o Chile obteve 441 pontos em leitura, ficando na 47ª posição, e obteve 445 pontos em ciências, ficando na 45ª posição. Mesmo obtendo os melhores resultados da região, o Chile apresenta um grande déficit em relação aos países da OCDE, apresentando o rendimento dentre os mais baixos destes (LATERCERA, 2013). O Chile teve um rendimento equivalente a um ano a menos de escolaridade que Espanha e Portugal, dois anos a menos do que a Suíça e 3 anos a menos do que Cingapura. Não se pode ignorar também o baixo desempenho da América Latina em relação ao resto do mundo: os oito países latino-americanos estão no terço inferior de desempenho em leitura, matemática e ciências, entre 65 países medidos (INFOBAE, 2013).

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marcada pela prática de diferentes formas de filantropia. Hoje, além da filantropia, a RSC tem se relacionado com os processos de produção de cada empresa e seus impactos sobre o meio ambiente e em uma multiplicidade de partes interessadas (BROWNE, 2010).

Browne (2010), ao analisar a cobertura da imprensa sobre a RSC no Chile, destaca que a filantropia continua a ocupar um espaço considerável no interior da cobertura de RSC. Assim, os meios de comunicação do país, em grande parte, continuam a tratar a RSC como o contributo das empresas à sociedade, ao invés de investigar os múltiplos impactos sociais e ambientais gerados por essas organizações, bem como a sua articulação com os stakeholders na busca do desenvolvimento sustentável.

2.1.3 México

O México é o segundo maior país da América Latina e possui a segunda maior população da região. O país figura-se como uma nação multicultural, sofrendo sua cultura influência de elementos indígenas, espanhóis, africanos e asiáticos. Sua cultura também é fortemente influenciada pela Igreja Católica.

Em termos educacionais, para os padrões da América Latina, conforme o The Economist (2011a), as escolas do México são muito boas e, conforme estudo PISA (um teste internacional de jovens de 15 anos com provas de leitura, matemática e ciências), o México tem a segunda melhor educação para as crianças da região, ficando atrás somente do Chile. No entanto, o México tem o que melhorar. Mesmo que a matrícula dos jovens de 15 anos tenha subido de 52% em 2000, para 66% em 2009, o Brasil saltou de 53% para 80% no mesmo período. E no âmbito da OCDE, o sistema de ensino mexicano classifica-se em último.

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México foi o país de toda a América a sofrer de forma mais acentuada com a crise financeira de 2008. Sua economia encolheu 6,1% em 2009 e entre o terceiro trimestre de 2008 e o segundo trimestre de 2009, 700 mil empregos foram perdidos. Ainda que com esse decréscimo, o México vem se recuperando economicamente, e um dos fatores positivos que vem gerando essa recuperação é o fato do país ser pouco burocrático. O Banco Mundial classifica o México como o lugar da América Latina mais fácil para fazer negócios. Outro fator é a classificação das escolas do México entre as melhores na América Latina (THE ECONOMIST, 2011c). De acordo o ranking de 2012 do World Bank (2014), o México classifica-se como a 14ª maior economia mundial.

Entretanto, o mercado de trabalho ainda precisa se recuperar da recessão. A taxa oficial de desemprego, em 2009, foi de 6,4%. E, de modo geral, os novos empregos conquistados não são tão bons como os que foram perdidos, tendo uma média de pagamento, em 2010, 5% menor do que em 2008. Esse fator e o aumento dos preços dos alimentos tem levado um número maior de mexicanos à pobreza - em 2010, 46,2% dos mexicanos estavam abaixo da linha de pobreza, contra 44,5% em 2008 (THE ECONOMIST, 2011c).

Tyburski (2012) destaca que o México sofreu uma recente transformação política: após a crise econômica de 1988, iniciou a sua transição de um regime autoritário de partido único para uma democracia federal, descentralizada, com três principais partidos políticos, implementou políticas econômicas liberais, e aos poucos abriu o sistema político. O México tem como tipo de governo a República, e configura-se como democracia presidencial.

O país apresenta considerável variação de corrupção entre seus estados. Conforme o ranking CPI (2014), em 2013, o México figurou na 106ª colocação, com 34 pontos, estando entre os dez maiores índices de corrupção percebida da América Latina. Conforme Nieto (2013), a corrupção, como violação ao Estado de direito, tem uma longa tradição na história do México, sendo uma verdadeira constante nos diferentes momentos da história do país. A corrupção é considerada por muitos a base do sistema político mexicano, que tem como bases os privilégios, influência, favores, lealdade, discrição e silêncio. As nomeações políticas são vistas como uma oportunidade de enriquecer e como recompensa pela fidelidade.

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como a GRI. Blasco e Zølner (2010) afirmam que o país tem uma tradição filantrópica desde os tempos pré-coloniais, e que a responsabilidade pelo bem-estar social tem sido, tradicionalmente, vista como algo do domínio da igreja.

Araya (2006) destaca que a consciência e a comunicação de RSC na América Latina têm um atraso, mas nas empresas do Brasil, seguida pelas do México, os relatórios não-financeiros estão ganhando uma posição significativa. Ainda assim, o envolvimento das empresas no bem-estar social continua a ser escasso (BLASCO; ZØLNER, 2010).

Meyskens e Paul (2010) asseveram que, no México, o governo desempenha um papel mínimo sobre a divulgação de comunicação social. Em complemento, Blasco e Zølner (2010) destacam que uma instituição normativa relevante no que diz respeito à RSC no México é a opinião pública e as expectativas em relação à comunidade empresarial. O México é um dos quatro países da América Latina, juntamente com Argentina, Chile e Brasil, a ter mais esforços para promover a RSC.

2.1.4 Panamá

O Panamá tem se destacado por suas altas taxas de crescimento e declínio na taxa de pobreza. Caracteriza-se também por ser o sexto menor país da América Latina, e o terceiro país menos populoso da região. Pavoni (2013) assevera que o país destaca-se por a sua localização geográfica favorável e pela estabilidade dos seus sistemas fiscal, econômico e político. O Panamá é uma das economias que mais cresce na América Latina, e em 2012 manteve sua expansão econômica de 10,6% em relação ao ano anterior. Apresenta também a menor taxa de desemprego de todos os tempos, com uma taxa de desemprego de 4,4% registrada em 2012. De acordo o ranking de 2012 do World Bank (2014), o Panamá classifica-se como a 88ª maior economia mundial.

Conforme Araúz e Vasquez (2013), o governo panamenho tem apostado numa política externa de divulgar o país, tendo como característica mais importante, em 2012, a promoção do país como um espaço privilegiado para o investimento estrangeiro. No entanto, o governo parece apenas preocupado em fazer negócios, sendo, essencialmente, incapaz de se conectar com a necessidade de igualdade política e econômica do país que ele governa. O Panamá apresenta como tipo de governo a República, e configura-se como democracia presidencial.

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também que a falta de uma política governamental coerente contra a pobreza, acompanhada de políticas fiscais inadequados, tem agravado a desigualdade na distribuição da riqueza existente no Panamá.

Nas últimas décadas, agravou-se a desigualdade de renda entre os panamenhos. Destaca-se também que, nos últimos 20 anos, os movimentos sociais aumentaram, expressando as suas queixas nas ruas e nos campos, às quais os governos têm respondido com mais leis e repressão (GUADÁSEGUI, 2010). Pavoni (2013) afirma que a distribuição de renda e a inflação no Panamá são preocupantes. Outro desafio de desenvolvimento crucial enfrentado pelo país é a escassez de trabalhadores qualificados, afetando diretamente o setor de serviços e o imobiliário.

O Panamá participou do ranking PISA, Programa de Avaliação Internacional de Estudantes realizado pela OCDE, somente no ano de 2009. O país figurou na 63ª colocação, ficando à frente, dentre os países latino-americanos, somente do Peru, que figurou na 64ª colocação, e figurando entre os três últimos colocados no ranking. Essa colocação demonstrou o déficit dos estudantes panamenhos quanto à compreensão de leitura e ao conhecimento em ciência e matemática (CRÍTICA, 2014). No período de 2007 a 2011, o país apresentou taxa de alfabetização de 94% (UNDATA, 2014).

A democracia no Panamá, de acordo com o Índice de Desenvolvimento Democrático da América Latina (IDD-LAT), em 2012, foi a quarta mais avançada de toda a região, atrás apenas de Costa Rica, Chile e Uruguai. A estabilidade política do Panamá, conquistada através do respeito à vontade popular transmitido através do voto, tornou o país um alvo de investimento privado nacional e estrangeiro. Entretanto, esta estabilidade foi conseguida pela exclusão de grande parte da população de decisões políticas através do sistema de representação, o que traz, eventualmente, abuso e insatisfação dos excluídos (ARAÚZ; VASQUEZ, 2013).

O país possui instituições pouco desenvolvidas, não sendo classificado nem mesmo como a nação menos corrupta na América Central, colocação esta ocupada por Barbados. O Panamá é repreendido por ter funcionários públicos corruptíveis e falta de independência judicial (THE ECONOMIST, 2011b). Conforme o ranking CPI (2014), em 2013, o Panamá figura na 102ª colocação, com 35 pontos.

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Um resumo das semelhanças e diferenças de Brasil, Chile, México e Panamá, pode ser observado no Quadro 01, onde são apontados elementos do ambiente institucional dos quatro países. A saber: política, economia, educação e cultura.

Quadro 01 - Ambiente Institucional de Brasil, Chile, México e Panamá.

País Política Economia Educação Cultura

Brasil Democracia presidencialista Forte presença de corrupção - 72ª colocado no índice CPI

7ª maior economia

mundial

5º Pior colocado da América Latina no

PISA de 2009 Taxa de alfabetização

de 90%

Uma das nações mais multiculturais do

mundo.

Chile Democracia presidencialista Um dos países menos corruptos da América Latina

– 22ª colocado no índice CPI

37ª maior economia mundial

Melhor colocado da América Latina no

PISA de 2009 Taxa de alfabetização

de 99%

Cultura relativamente homogênea, resultante

da mistura de elementos culturais espanhóis e indígenas. México Democracia presidencialista

Forte presença de corrupção - 106ª colocado no índice

CPI

14ª maior economia mundial

2º Melhor colocado da América Latina no

PISA de 2009 Taxa de alfabetização

de 93%

Nação multicultural, com influência de elementos indígenas, espanhóis, africanos e

asiáticos. Panamá Democracia presidencialista

Forte presença de corrupção - 102ª colocado no índice

CPI

88ª maior economia mundial

2º Pior colocado da América Latina no

PISA de 2009 Taxa de alfabetização

de 94%

Nação multicultura, com influência de elementos indígenas e da constante imigração

ao país. Fonte: Elaborado pela autora (2014).

Como demonstrado, Brasil, Chile, México e Panamá apresentam diferentes contextos nacionais, históricos, culturais e institucionais, que podem influenciar as empresas destes países, trazendo variações de práticas organizacionais. Buscando estudar tais variações, Perez-Batres, Miller, Pisani (2011) asseveram que a Teoria Institucional trata-se da teoria indicada para esse fim, pois reconhece que as influências sociais afetam a estrutura das organizações.

2.2 Teoria Institucional

A Teoria Institucional, afirmam Matten e Moon (2008), permite que as organizações sejam exploradas e comparadas dentro de seus contextos nacionais, culturais e institucionais. Assim, como destacado por Campbell (2006), a maneira como as empresas tratam os seus atores depende das instituições com as quais atuam.

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entre gerações, e impõem restrições ao definir os limites morais, legais e culturais (SCOTT, 2008).

A Teoria Institucional foca-se na influência do ambiente social ou cultural sobre as organizações (SCOTT, 2008; DIMAGGIO; POWELL, 1983; ZUCKER, 1987). As novas formas institucionais interagem com os arranjos institucionais existentes para a criação de “novas" estruturas e processos variados (DACIN; GOODSTEIN; SCOTT, 2002). A estrutura social (nível macro) determina o comportamento dos indivíduos e de pequenos grupos (nível micro) e existe independentemente deles. Ambos os níveis, tanto o macro quanto o micro, estão intimamente interligados (ZUCKER, 1987).

De acordo com Tempel e Walgenbach (2007), a Teoria Institucional possui duas tradições principais que focam-se na adaptação das organizações aos seus ambientes institucionais: o Novo Institucionalismo e a Abordagem de Sistemas de Negócios.

No Novo Institucionalismo, as instituições são vistas como atores políticos e tomadores de decisões (MARCH; OLSEN, 1984). O Novo Institucionalismo interessa-se nas instituições como variáveis independentes, nas explicações cognitivas e culturais, e nas propriedades de unidades análise supraindividuais que não podem ser reduzidas a conjuntos ou a consequências diretas de atributos e motivos individuais (SELZNICK, 1996).

De acordo com Matten e Moon (2008), o Novo Institucionalismo foca-se na homogeneização dos ambientes institucionais através das fronteiras nacionais, indicando como processos regulatórios, normativos e cognitivos levam a práticas cada vez mais padronizadas e racionalizadas em organizações de todos os setores e fronteiras nacionais. O argumento fundamental é que as práticas organizacionais mudam e tornam-se institucionalizadas, a fim de serem consideradas legítimas.

Perez-Batres, Miller e Pisani (2011) destacam que, ao aderir às instituições e às práticas que elas englobam, as empresas adquirem legitimidade social. Conforme Selznick (1996), o Novo Institucionalismo foca-se na legitimação como uma força sustentada e dirigida aos atores organizacionais. A legitimidade é vista como um "imperativo" da organização, agindo muitas vezes como fonte de inércia e como justificativa para a adoção de determinadas formas e práticas. Através da adoção de formas e práticas semelhantes, incentiva-se o mimetismo ou isomorfismo institucional, demonstrando que as organizações são altamente sensíveis ao ambiente cultural em que vivem.

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esse conhecido como isomorfismo institucional. O isomorfismo pode ser definido como um processo restritivo que força uma unidade, em uma população, a assemelhar-se às outras unidades que se defrontam com o mesmo conjunto de condições ambientais, visando obter poder político, legitimidade institucional, adequação social e econômica.

Conforme Tempel e Walgenbach (2007), as organizações buscam cumprir as expectativas de seu ambiente, a fim de garantir a sua sobrevivência, adotando assim elementos institucionalizados, resultando em um isomorfismo de organização e ambiente institucional.

Três mecanismos são responsáveis pela mudança isomórfica institucional (DIMAGGIO; POWELL, 1983):

a) Isomorfismo coercitivo: advém da influência política (ambiente legal e governo), de pressões formais e informais exercidas sobre as organizações por outras organizações das quais elas são dependentes, e de expectativas culturais da sociedade em que as organizações funcionam.

b) Isomorfismo mimético: resultante de respostas padrão a incerteza, encorajando as organizações à imitação. As organizações tendem a imitar organizações similares em seu campo que eles percebem ser mais legítimas ou bem-sucedidas. c) Isomorfismo normativo: associado à profissionalização do setor ou de seus membros (organizações sindicais), que gera padronização de através da educação formal, e das redes profissionais que abrangem as organizações, através das quais os novos modelos são rapidamente difundidos, e tenta-se definir as condições e métodos de trabalho para legitimar sua autonomia profissional.

Desta forma, afirmam Perez-Batres, Miller e Pisani (2011), as práticas isomórficas emanam da decisão da organização de ser como as outras (isomorfismo mimético), de fazer o profissionalmente correto (isomorfismo normativo), ou de cumprir as regras aplicadas por forças externas (isomorfismo coercitivo). Brookes, Brewster e Wood (2005) argumentam que o isomorfismo reflete a centralidade do poder do Estado e estruturas regulatórias formais associadas, e o fato do processo de socialização ser moldado não só por fenômenos culturais transnacionais, mas também por padrões específicos formais e informais de comportamento a nível nacional.

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A Abordagem de Sistemas de Negócios destaca como a organização é influenciada pelos quadros institucionais nacionais em que está inserida, expressando assim dúvidas quanto ao fato da globalização realmente levar à convergência e uniformização das práticas (TEMPEL; WALGENBACH, 2007). Conforme Matten e Moon (2008), as instituições de uma sociedade constituem o chamado sistema nacional de negócios. Diferentes sociedades desenvolveram diferentes sistemas de mercados, refletindo as suas instituições, as suas éticas habituais, e suas relações sociais, gerando diferenças nas formas em que as corporações expressam e perseguem suas responsabilidades sociais entre diferentes sociedades.

Foss (1997) discorre que os sistemas de negócios estão inseridos em um contexto institucional específico mais amplo (incluindo cultura nacional) para diferentes nações e regiões, com o qual ele conjuntamente evolui e apresenta uma relação de dependência ao longo de sua trajetória. Conforme Whitley (2007), para compreender a importância dos tipos de sistemas de negócios para cada economia de mercado, é necessário identificar as instituições-chave que governam a natureza da propriedade privada, direitos, relações de confiança e autoridade, acesso financeiro, o desenvolvimento de habilidades e conhecimento, e as relações de trabalho. Muitas destas instituições-chave são nacionalmente específicas, variando muito entre os países.

Brookes, Brewster e Wood (2005) argumentam que a Abordagem de Sistemas de Negócio defende que as nações estão interligadas a uma determinada trajetória de desenvolvimento que reflete as diferentes configurações institucionais e ações sociais, variações estas que influenciam o papel e a estruturação das empresas.

Matten e Moon (2008) asseveram que as diferenças nacionais em matéria de RSC podem ser explicadas por quadros institucionais historicamente cultivados que formam os sistemas nacionais de negócios. As mudanças desses quadros institucionais e sistemas nacionais de negócios geram novos incentivos e oportunidades para as empresas de se relacionar e posicionar com relação a sistemas mais amplos de responsabilidade. Como destacado por Brookes, Brewster e Wood (2005), as diferenças nos sistemas nacionais de negócios se traduzem em diferenças de práticas ao nível da empresa.

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reguladores, associações comerciais, sindicatos, associações profissionais e sistemas judiciais) que utilizam uma combinação de controles regulatórios e normativos sobre as atividades e os atores dentro do campo organizacional (SCOTT, 2008).

A Abordagem de Sistemas de Negócios procura explicar a relação entre o que as empresas fazem e o contexto institucional maior. Busca explicar porque certos conjuntos de práticas persistem em determinados contextos institucionais nacionais, e também como as empresas e outros coletivos sociais interagem e competem dentro deste contexto nacional-institucional (BROOKES; BREWSTER; WOOD, 2005).

Como destacado por Whitley (2003), a distinção e integração nacional dos sistemas de negócios é muito dependente do quão padronizados e complementares são as instituições que regem a constituição e o comportamento dos agentes econômicos dentro de Estados-Nações, e em quanto eles divergem entre os países. Assim, os sistemas de negócios e os tipos de empresas distinguem-se nacionalmente de acordo com a medida em que as características dos Estados e instituições relacionadas são complementares em suas implicações para as empresas e mercados, assim como da estruturação ativa e coordenação de grupos de interesse e suas inter-relações com as agências estatais.

Os Estados possuem um poder extraordinário de definir a capacidade, a natureza e os direitos gozados pelos atores políticos e econômicos (SCOTT, 2008). Portanto, variações nas estruturas e ações estatais geram consequências significativas na forma como as empresas e os mercados organizam-se em diferentes países, bem como em quão padronizadas e complementares são instituições fundamentais (WHITLEY, 2003).

Confrontando-se as duas vertentes da Teoria Institucional pode-se notar algumas semelhanças e diferenças, observadas no Quadro 02. Tanto uma vertente do institucionalismo quanto na outra apresentam limitações, podendo aprender uma com a outra, obtendo uma visão mais ampla e rica do ambiente institucional.

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Quadro 02 - Comparação entre o Novo Institucionalismo e a Abordagem de Sistemas de Negócios.

Novo Institucionalismo Abordagem de Sistemas de Negócios

Mecanismo de adaptação

Difusão global de conceitos através do isomorfismo.

Limitações – pouco claro se há difusão de uma língua global comum, deixando margem para a interpretação local, ou se os próprios conceitos tornam-se mais parecidos globalmente.

Reprodução de instituições e sistemas de negócios intimamente ligados. Limitações – não considera a possibilidade de empresas adotarem práticas divergentes e não fornece nenhum mecanismo claro para reconhecer o impacto dos desenvolvimentos transnacionais.

Unidade de Análise

Campo organizacional – fronteiras são atraídas pelas fronteiras nacionais porque os estudos empíricos focam-se na América do Norte.

Limitações – dimensões transnacionais dos campos organizações são negligenciadas.

Sistema de negócios - fronteiras são equiparadas às fronteiras nacionais devido à influência-chave das ações estatais.

Limitações – efeito das atividades internacionais sobre os sistemas de negócios são minimizados.

Instituições

Instituições normativas e cognitivas - padrões de pensamento e suposições tidas como certas sobre as formas de organização e práticas de gestão.

Limitações - não contém prescrições claras de comportamento e são, portanto, abertas a interpretação local.

Instituições estruturais-reguladoras: o Estado, o sistema financeiro, o desenvolvimento de habilidades e sistema de controle, relações de confiança e autoridade.

Limitações – minimizam a influência das instituições supranacionais e a difusão de conceitos normativos e cognitivos dos atores globais.

Representação das organizações

Passiva: ênfase em fatores que fazem os atores não reconhecerem ou agir em seu interesse.

Limitações - retrato excessivamente socializado dos atores, deixando pouca margem de manobra para reconhecer o importante papel que os atores desempenham na interpretação local e implementação de práticas globalmente difundidas.

Passiva: estreita retroalimentação entre os sistemas empresariais e instituições.

Limitações - opõe-se a possibilidade de reconhecer como atores podem adotar estruturas organizacionais e práticas de gestão divergentes.

Fonte: Tempel e Walgenbach (2007).

O Novo Institucionalismo pode aprender com a Abordagem de Sistemas de Negócios a:ampliar as fronteiras de campos organizacionais por meio do engajamento em pesquisa entre as nações, investigar o contexto institucional em que novas formas organizacionais institucionalizadas e práticas de gestão são difundidas, pesquisar a velocidade da difusão de conceitos de nova organização e gestão entre nações (TEMPEL; WALGENBACH, 2007, p.11-14).

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Figura 01 - RSC e o contexto institucional da corporação.
Figura 02 - Framework da comunicação de RSC.
Figura  03  -  Framework  da  relação  do  ambiente  institucional  com  a  comunicação  de  RSC
Figura 04 - Distribuição das empresas por países.
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Referências

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