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5 CONCLUSÕES

5.1 Atendimento aos Objetivos Propostos

O presente estudo teve como objetivo analisar a influência do ambiente institucional de Brasil, Chile, México e Panamá sobre a intensidade de comunicação de responsabilidade social corporativa das maiores empresas desses países. Propôs-se a responder à seguinte pergunta de pesquisa: Diferentes ambientes institucionais presentes nos países da América Latina, em especial Brasil, Chile, México e Panamá, influenciam a intensidade da comunicação de responsabilidade social corporativa de suas maiores empresas?

Para responder tal pergunta foram necessários atingir os três objetivos específicos propostos: a) identificar as semelhanças e diferenças do Brasil em comparação ao Chile, México, e Panamá em relação aos seus ambientes institucionais (características econômicas e socioculturais); b) analisar a comunicação de responsabilidade social corporativa das maiores empresas dos países estudados através de informações extraídas dos relatórios destas organizações; e c) identificar as semelhanças e diferenças do Brasil em comparação ao Chile, México, e Panamá em relação à intensidade de comunicação de responsabilidade social corporativa.

Através da análise dos dados, utilizando a técnica de análise de dados em painel, demonstrou-se que as variáveis do ambiente institucional explicam cerca de 42,09% da intensidade da comunicação de RSC. Dentre os modelos de efeitos fixos testados, o modelo considerado significante utilizou os efeitos do indivíduo, não apresentando os efeitos do tempo significância no modelo.

O modelo teve as variáveis ambiente de governança e nível educacional consideradas significativas. A variável nível educacional apresentou uma influência positiva sobre o crescimento da intensidade da comunicação de RSC, suportando assim a quarta hipótese da pesquisa. A variável ambiente de governança apresentou uma influência negativa sobre a intensidade da comunicação de RSC, demonstrando uma

relação diferente da proposta pela primeira hipótese da pesquisa e, portanto, refutando- a. As variáveis de desenvolvimento econômico e da corrupção governamental não mostraram-se significativas, não suportando assim à segunda e terceira hipóteses da pesquisa.

Ao analisar a influência do ambiente de governança, encontrou-se uma relação inversa entre o ambiente de governança rule-based e a intensidade da comunicação de RSC. O resultado encontrado pode ser explicado pelo fato das economias dos países estudados encontrarem-se em estágios de desenvolvimentos emergentes, fase em que o ambiente relation-based torna-se mais eficiente. Outra explicação para o impacto negativo do ambiente de governança sobre a intensidade da comunicação de RSC trata- se da influência do contexto internacional, que tende a levar a padronização das práticas de RSC globalmente.

Os resultados da pesquisa não encontraram relação significante entre o desenvolvimento econômico do país e a intensidade da comunicação de RSC. Sugere-se a inserção de outros indicadores econômicos, como o controle do governo sobre a economia, a tipologia do sistema econômico e os investimentos diretos estrangeiros, que podem trazer uma melhor perspectiva mais completa de desenvolvimento econômico do país.

O fato da corrupção governamental não ter impactado sobre a intensidade da comunicação de RSC pode ser explicado pelo fato do estudo não avaliar a natureza da corrupção (difusão e arbitrariedade), característica essencial para se compreender a diferenciação de corrupção entre países. Portanto, a intensidade da comunicação de RSC pode sofrer também influência do tipo de corrupção, ou junção do nível de corrupção e sua natureza. Outra possível para o resultado encontrado reside no fato do indicador escolhido, CPI, talvez não ser a melhor representação da corrupção governamental.

Por fim, a significância da variável nível educacional, corroborou com estudos anteriores, como os de Quazi (2003) e Huang (2013), que demonstraram o efeito positivo do nível educacional sobre a percepção dos gestores em relação às implicações de RSC e sobre o desempenho de RSC de suas empresas; o estudo de Sobczak, Debucquet e Havard (2006), que demonstrou a influência do nível educacional e da orientação educacional sobre a percepção do negócio e atitudes pessoais em relação a conceitos e ferramentas de RSC de estudantes e jovens gestores; os estudos de Pérez e Rodríguez del Bosque (2013) e Cai e Aguilar (2013), que mostraram que os clientes socialmente responsáveis são aqueles que tem maior nível educacional, possuindo

níveis de preferência mais elevados; o estudo de Tseng et al.(2010), que argumentam que a educação tem papel fundamental na implementação da RSC nas pequenas e médias empresas; e o estudo de Cheah et al. (2011), que demonstra que o nível educacional influencia os investidores a serem mais preocupados com os impactos socioambientais das empresas e a serem mais céticos em relação aos relatórios anuais destas. O estudo contribuiu ao ampliar a importância do nível educacional, evidenciando seu impacto sobre intensidade da comunicação de RSC.

O Quadro 10 relaciona as variáveis utilizadas na pesquisa com a síntese dos resultados alcançados.

Quadro 10 - Síntese das conclusões.

Variáveis Resultados

Ambiente de Governança

A variável influenciou negativamente a intensidade da comunicação de RSC. Uma explicação pode ser o fato das economias dos países estudados ainda encontrarem-se em estágios de desenvolvimentos emergentes, fase em que o ambiente relation-based torna-se mais eficiente que o rule-base. Outra explicação pode vir do fato do índice de comunicação de RSC ser obtido pelo comportamento das empresas, organizações estas que atuam em um mercado global, sofrendo pressões globais de padronização de práticas de RSC.

Desenvolvimento

Econômico A variável não influenciou a intensidade da comunicação de RSC. Uma explicação pode vir do fato do PIB per capita, indicador utilizado, não ser o único indicador de desenvolvimento econômico, devendo ser levados em consideração indicadores como o controle do governo sobre a economia e a tipologia do sistema econômico. Corrupção

Governamental A variável não influenciou a intensidade da comunicação de RSC. O estudo considerou somente o nível de percepção da corrupção governamental, índice este que pode não ser suficiente para demonstrar a variação da corrupção entre os países. Rodríguez, Uhlenbruck e Eden (2005) argumentam que faz necessário também avaliar a natureza da corrupção (difusão e arbitrariedade). Essa pode ser a principal explicação para a corrupção governamental não ter sido considerada significativa. Outra explicação é que o indicador escolhido, CPI, pode não ser a melhor representação da corrupção governamental.

Nível Educacional A variável influenciou positivamente a intensidade da comunicação de RSC. Estudos anteriores de Quazi (2003), Sobczak, Debucquet e Havard (2006), Huang (2013), Pérez e Rodríguez del Bosque (2013), Cai e Aguilar (2013), Tseng et al.(2010) e Cheah et al. (2011) evidenciavam a influência do nível educacional, respectivamente, sobre a percepção e desempenho de gestores e estudantes em relação às implicações, conceitos e ações de RSC, sobre a consciência de responsabilidade social dos clientes, sobre a implementação da RSC em pequenas e médias empresas, e sobre a preocupação dos investidores em relação aos impactos socioambientais das empresas. Destaca-se também o papel-chave que a educação exerce como motor do bem-estar, a longo prazo, dos países em desenvolvimento (GAO, 2010). A presente pesquisa amplia a importância do nível educacional, demonstrando sua influência sobre a intensidade de comunicação de RSC.

Fonte: Dados da pesquisa.

Assim, a partir dos resultados do presente estudo, pode-se afirmar que o nível educacional e o ambiente de governança influenciam a comunicação de RSC das organizações, merecendo estas variáveis maior atenção em futuros estudos.

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