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ADMISSÃO DO PACIENTE EM HOSPITAL PSIQUIÁTRICO. Elizabeth Dalle Vedove Barbosa

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Academic year: 2021

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1. C O N S I D E R A Ç Õ E S GERAIS

A admissão do paciente constitui uma das funções da e n f e r m e i r a , E m b o r a nos hospitais g e r a i s ela seja feita de maneira mais ou menos padronizada, nos hospitais psiquiátri-cos é quase totalmente individualizada. A atitude da enfermei r a nesse momento, em r e l a ç ã o ao doente e s u a f a m í l i a , é de grande importância, pois e o p r i m e i r o p a s s o p a r a o ajustamen_ to do paciente ao hospital, p a r a a tranqüilidade da família e sua confiança na instituição.

2. A T I T U D E D A E N F E R M E I R A N A A D M I S S Ã O

A atitude interessada, simpática e compreensiva da enfermeira, l e v a r á o paciente a sentir que o hospital o proteje e deseja beneficiá-lo e que estará s e m p r e junto de pessoas inte r e s s a d a s em seu bem e s t a r . A admissão pode nos p a r e c e r um ato comum, mas p a r a a maioria dos paciente é traumatizante. O paciente quando vem ao hospital está quase s e m p r e pertubado, com pensamento e sentimentos mórbidos e t r a z em s i idéias tris tes e confusas. Seu estado mental m e r e c e especial atenção. E s tá desajustado na sociedade e pode t r a n s f e r i r p a r a o hospital seus sentimentos de antagonismo. O doente mental pode não compreender os fatos tão claramente como o paciente que está sendo admitido p a r a se submeter a uma intervenção c i r ú r g i c a .

Este

pode sentir temor da operação, mas aquele pode não s a

-* P r o f e s s o r a da C a d e i r a de Enfermagem Psiquiátrica da E s c o l a de Enfermagem da Universidade de São P a u l o .

A D M I S S Ã O D O P A C I E N T E E M H O S P I T A L P S I Q U I Á T R I C O

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b e r siquer porque está sendo internado e muito menos o que o e s p e r a . Suas reações precisam s e r observadas, compreendi das e controladas com prudencia e s a b e d o r i a . A s s i m é que em nosso p r i m e i r o contato com o paciente devemos estudar bem a situação, pois embora saibamos que a intervenção de um doen te em hospital psiquiátrico é p a r a ele uma medida de proteção e segurança, não deixa de s e r , entretanto, uma situação que po de f a v o r e c e r o aparecimento de conflitos emocionais ou s e r sua c a u s a .

Ê limitado o numero de pacientes que compreen -dem estar doentes e aceitam a internação, dirigindo-se esponta neamente ao hospital. A m a i o r i a deles apresenta pertubaçÔes mentais com alteração da consciência e do Julgamento impossi büitando-os a consentir na sua hospitalização, sendo então l e vados ao hospital p o r parentes ou outras p e s s o a s .

Quer o paciente esteja ou não disposto a Be inter nar, não s e deve ocultar-lhe a v e r d a d e . Do ponto de vista psi cológico, é preferível l e v á - l o contrariado a levanto —ganado. Se o doente f o r conduzido ao hospital e v e r i f i c a r qtte foi iludido, p e r d e r á toda a confiança nos parentes e na instituição.

Esse

fa to faz com que ele inicie sua permanência na mesma com atitu de de não cooperação, falta de confiança, ressentimento ou sus peita de que a qualquer momento poderá c a i r em outra cilada. A maioria dos doentes mentais com r e m i s s ã o total dos sinto-mas mostra grande gratidão pela franqueza que lhes foi dispen sada nos períodos em que apresentavam g r a v e s desordens emo clonals. Portanto o paciente confuso, negativista, alucinado e t c . , não deve s e r conduzido ao hospital sem explicações

sobre

o fato. Ê necessário d i z e r - l h e de maneira c l a r a , simples e dje cisiva, que necessita i n t e r n a r - s e p a r a r e c e b e r tratamento e cuidados especiais em local adequado e com pessoal capaz de a u x i l i á - l o .

No momento da admissão, a enfermeira deve es t a r p r e p a r a d a p a r a os incidentes que possam advir, não somen te p o r parte do paciente como também de seus parentes ou acom panhantes. Deve s e r cordial, porém não f a l a r muito; o b s e r v a r com atenção o paciente e sua f a m ú i a , p a r a com isso o r i e n t a r s e quanto à melhor maneira de comunicarse com os mes -mos; l e m b r a r - s e que enquanto está observando o paciente este

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também a está observando. E l e nota como ela cuida de seus pertences, como fala, a segurança e satisfação com que t r a b a lha e s e cumpre exatamente o que promete.

O doente tem uma posição social que deve s e r con siderada. Deve s e r chamado pelo nome e s e tiver algum título este deve s e r conservado durante toda sua hospitalização, fa zendo-se assim com que s e j a respeitada sua individualidade. E v i t a r - s e - á s e m p r e c h a m á - l o p o r apelido ou simplesmente de •Você", "velho", "vovó", "tio", "tia", etc.

A enfermeira comum ente encontra r e s i s t ene i a por parte de alguns pacientes, em r e l a ç ã o a certas normas da roti na de admissão; entretanto i s s o pode s e r contornado s e lhes fo r e m explicados os benefícios que tais normas lhes t r a z e m .

O paciente nunca deve s e r deixado só durante a admissão; ele pode t e r em mente idéias de fuga ou de suicídio que nunca deixou t r a n s p a r e c e r .

3. CUIDADOS D E E N F E R M A G E M N A A D M I S S Ã O

O paciente deve s e r apresentado a todo o pessoal do hospital com o qual vai entrar em contacto, inclusive aos doentes internados que estão mais adaptados. Isso lhe dará boa impressão inicial e em conseqüência maior facilidade p a r a seu ajustamento.

A s dependências do hospital devem s e r mostradas calmamente, com explicações s o b r e o funcionamento rotineiro de cada uma enquanto são p e r c o r r i d a s . Informações

sobre

ho r á r i o s de visitas, cultos r e l i g i o s o s , atividades r e c r e a t i v a s e t c , não devem s e r esquecidas.

Após a aproximação inicial s e r i a ideal que o pa ciente fosse levado a uma s a l a especial p a r a s e r e m dados o s c u i dados g e r a i s de enfermagem tais como:

a ) medida de T . P . R . e P . A . ; b) medida de

peso e

altura;

c) arrolamento dos pertences do paciente. O s artigos pessoais que o doente poderá c o n s e r v a r no hospital de_ pendem do tipo de cuidado que estiver recebendo. E m g e r a l o s hospitais não dispõem de l u g a r p a r a g u a r d a r mais do que o n e c e s s á r i o .

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Há dois pontos importantes a s e r e m considerados com relação aos pertences do paciente: o p r i m e i r o é que p o -dem s e r os únicos e melhores que possui; o segundo é quequan to mais velhos e de pior aparência parecem s e r , mais impor tantes s e r ã o p a r a o paciente, pois s e a s s i m não fosse não s e r i a m eles trazidos ao hospital. Devem s e r portanto guardados com todo carinho e cuidado, dando-se ao doente conhecimento

do local onde i r ã o ficar, até que possam p e r m a n e c e r sob seus cuidados diretos.

Os v a l o r e s e artigos cuja entrada é proibida d e -vem s e r devolvidos à família antes do paciente s e r conduzido aos seus aposentos.

d) banho. Durante o banho o b s e r v a - s e - ã o detalhadamen te as condições físicas do paciente e a aparência da pele, a exis tência de cicatrizes e alterações, dados esses que deverão s e r anotados rigorosamente p a r a evitar que a família ou o paciente culpem o hospital p o r anormalidades existentes antes da admis s ã o .

e) anotações. Estando o paciente acomodado, a enfer-m e i r a p a s s a r á a f a z e r anotação dos dados obtidos durante a in ternação. Alguns hospitais têm ficha apropriada p a r a esse fim, com os itens que interessam , como p o r exemplo: identificação, diagnostico p r i v i s ó r i o , temperatura, pulso, p r e s s ã o a r t e r i a l , freqüência r e s p i r a t ó r i a , observações feitas durante o banho, r e referência s o b r e hospitalizações anteriores, hábitos, recomen dações dos f a m i l i a r e s , a i m p r e s s ã o pessoal da enfermeira so b r e o paciente, o que julgamos de grande importância e os cui dados de enfermagem especiais que j u l g a r n e c e s s á r i o s .

4. O R I E N T A Ç Ã O À F A M Í L I A

A família dever s e r informada s o b r e o enxoval que o paciente deverá t r a z e r e o que é fornecido pelo hospital. O r e gulamento hospitalar deve s e r explicado, frizando-se s e m p r e que o s f a m i l i a r e s e visitantes deverão consultar o médico ou a enfermeira, s e m p r e que desejarem t r a z e r ao doente qualquer objeto ou alimento. O s visitantes são orientados a manter, du rante as visitas, atitudes discretas, naturais, s e m manifesta

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ções emotivas exageradas, procurando s e m p r e evidenciar a o doente a confiança nos resultados do tratamento.

5. C O N C L U S Õ E S

A admissão do paciente, em hospital psiquiátrico, r e v e s t e - s e de características p r ó p r i a s . Os cuidados são espe ciais a fim de que s e j a m evitadas conseqüências desagradáveis tanto p a r a o doente como p a r a o hospital. A admissão deve s e r função da enfermeira e não de outros elementos do hospital. A enfermeira deve desempenhar e s s a função tendo em mente ati tude de segurança no que faz, simpatia, compreensão, interés s e e respeito. Deve t e r capacidade p a r a interpretar os senti mentos do doente, senso de observação e habilidade p a r a contor nar e vencer situações difíceis e imprevistas. Acreditamos que s e a enfermeira a s s i m a g i r estará atendendo o doente de maneira humana, objetivo máximo de nossas atividades.

R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S

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Referências

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