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GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP

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Academic year: 2021

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evolução do mercado de crédIto BrasIleIro em 2011

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Maria Cristina Penido de Freitas Doutora em Economia. Consultora do Grupo de Economia / Fundap

1. Este artigo foi elaborado com informações disponíveis até o dia 24 de março de 2012. A au-tora agradece os comentários e sugestões da equipe do Grupo de Economia / Fundap, assu-mindo a responsabilidade por erros e omissões.

Introdução

Este artigo tem como objetivo analisar a evolução do mercado de crédito brasileiro em 2011. O ponto de partida é a constatação de que o ritmo de expansão do crédito ao longo daquele ano foi afetado pelas medidas de contenção do crédito introduzidas em dezembro de 2010 e em abril de 2011, que potencializaram o efeito contracionista da elevação gradual da meta da taxa Selic entre janeiro e julho de 2011. Em consequência dessas medidas restritivas, ocorreu, a partir do mês de maio, uma redução do crescimento do estoque de crédito ao setor privado, a qual, todavia, não se deu de modo homogêneo nem sincronizado nos diferentes segmentos do mercado de crédito. No se-gundo semestre de 2011, ante uma desaceleração do nível da atividade econômica muito mais forte do que esperada e a deterioração das expectativas em relação ao cenário internacional, a política monetária começou a ser afrouxada a partir do mês de agosto e, no último trimestre do ano, efetuou-se a reversão parcial das medidas restritivas impostas ao crédito ao consumo. Porém, a concessão de crédito ao setor privado só voltou a ganhar ímpeto com a ação anticíclica das instituições financeiras públicas, notadamente do BNDES.

Além dessa breve introdução, o artigo contém três seções. Na primeira seção, apresenta-se o panorama geral da evolução do crédito ao setor privado sob o impacto da política financeira restritiva. Na sequência, na segunda seção, examina-se o comportamento das principais modalidades de cré-dito bancário com recursos livres às pessoas físicas e jurídicas. Na última seção, apresentam-se as considerações finais.

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pAnorAmA gerAl do mercAdo de crédIto em 2011: o ImpActo dA polítIcA fInAnceIrA

O volume de crédito do sistema financeiro no Brasil alcançou R$ 2,029 trilhões no final de 2011, o que corresponde a 49,1% do PIB. Na comparação com os dados do ano anterior, houve uma ligeira moderação no ritmo de crescimento do estoque de crédito total, que registrou alta de 11,7% em termos reais, em dezembro de 2011 (ante 13,9% em dezembro de 2010). Atingindo o equivalente a 47,1% do PIB, o saldo de crédito ao setor privado também variou, em termos reais, 11,7% em de-zembro de 2011 na comparação com o saldo registrado no mesmo mês do ano anterior, porém sua desaceleração foi ligeiramente maior em relação à havida em 2010 (14,1%).

Tal como no ano precedente, a expansão do crédito em 2011 foi liderada pelas operações com re-cursos direcionados, ou seja, operações de crédito com prazos e custos regulamentados, relacionadas às exigibilidades sobre os depósitos bancários, à vista e de poupança, aos fundos de natureza parafis-cal, como o FGTS, e aos fundos constitucionais regionais2. Nesse segmento, a modalidade

financiamen-to habitacional concedido às pessoas físicas foi o destaque, enquanfinanciamen-to o financiamenfinanciamen-to às atividades em-presariais, sobretudo com recursos do BNDES, registrou relativa atenuação do crescimento (Tabela 1).

TaBela 1. Panoramado mercado Brasileirode crédiToem 2011 (esToQue, Posição finaldo Período)

segmentos do mercado de crédito

volume (r$ milhões) variação real no ano (%)1 Participação no total do sFn (%) % do Pib 2010 2011 2010 2011 2010 2011 2010 2011 crédito total do sFn 1.705.890 2.029.998 13,9 11,7 100,0 100,0 45,2 49,1 Recursos livres 1.116.125 1.305.606 10,4 9,6 65,4 64,3 29,6 31,6 Pessoas Físicas 560.002 651.315 12,5 9,3 32,8 32,1 14,9 15,8 Pessoas Jurídicas 556.124 654.292 8,3 9,9 32,6 32,2 14,8 15,8 Recursos Direcionados 589.765 724.391 21,1 15,7 34,6 35,7 15,6 17,5 Pessoas Físicas 218.208 288.482 24,0 24,0 12,8 14,2 5,8 7,0 Pessoas Jurídicas 371.557 435.909 19,4 10,8 21,8 21,5 9,9 10,5 crédito do sFn ao setor privado 1.638.085 1.948.330 14,1 11,7 96,0 96,0 43,4 47,1 Pessoas Físicas 687.957 833.555 17,2 13,9 40,3 41,1 18,2 20,2 Habitação 138.778 200.495 42,6 35,7 8,1 9,9 3,7 4,8 Pessoas físicas 2 549.179 633.061 12,1 8,4 32,2 31,2 14,6 15,3 Pessoas Jurídicas 950.128 1.114.775 12,0 10,2 55,7 54,9 25,2 27,0 Indústria 361.163 418.072 11,9 8,5 21,2 20,6 9,6 10,1 Rural 123.902 141.033 4,2 6,4 7,3 6,9 3,3 3,4 Comércio 172.644 208.440 19,6 13,3 10,1 10,3 4,6 5,0 Outros serviços 292.419 347.230 11,5 11,6 17,1 17,1 7,8 8,4 crédito bancário com recursos livres 3 880.079 1.060.444 15,2 13,1 51,6 52,2 23,3 25,6

Pessoas Físicas 417.347 505.682 21,7 13,7 24,5 24,9 11,1 12,2 Consignado 98.966 115.333 28,8 9,4 5,8 5,7 2,6 2,8 Aquisição de veículos 140.339 173.310 40,8 16,0 8,2 8,5 3,7 4,2 Pessoas Jurídicas 462.732 554.762 9,8 12,6 27,1 27,3 12,3 13,4

Fonte: Banco Central do Brasil. 1. Deflacionado pelo IPCA.

2. Inclui operações de crédito consignado. Exclui operações de leasing e empréstimos de cooperativas de crédito. 3. Refere-se a créditos para acompanhamento das taxas de juros regulamentados pela Circular n. 2.957, de 30/12/1999.

2. As operações de crédito com recursos direcionados incluem os financiamentos concedidos dire-tamente pelo BNDES ao tomador final, os repasses de recursos do BNDES intermediados pelos ban-cos, o financiamento habitacional, efetuado pela Caixa Econômica Federal (CEF) e demais institui-ções financeiras participantes do Sistema Financeiro da Habitação, e o financiamento rural.

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Gráfico 1. crédiTo ToTaldo sfn Por naTurezados recursos (Taxade crescimenTo real1 em 12 meses, em %)

Total SFN Livres - Total Direcionados - Total Livre - PJ Livre - PF Direcionado - PJ Direcionado - PF 21,1 13,5 15,3 8,3 12,5 9,2 24,5 19,4 7,4 10,2 24,1 26,3 24,1 -6,0 -4,0 -2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0 26,0 28,0 30,0 32,0 34,0 de z. /0 9 ja n. /1 0 fe v. /1 0 m ar ./ 10 ab r./ 10 m ai ./ 10 ju n. /1 0 ju l./ 10 ag o. /1 0 se t./ 10 ou t./ 10 no v. /1 0 de z. /1 0 ja n. /1 1 fe v. /1 1 m ar ./ 11 ab r./ 11 m ai ./ 11 ju n. /1 1 ju l./ 11 ag o. /1 1 se t./ 11 ou t./ 11 no v. /1 1 de z. /1 1 % 36,0 38,0

Fonte: Banco Central do Brasil. Séries temporais. 1. Deflacionado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

A análise da evolução do crédito ao longo de 2011 revela, contudo, dois nítidos movimentos: claro arrefecimento do ritmo de expansão até meados do segundo semestre e aceleração no último trimestre do ano. O crédito total do sistema financeiro ao setor privado, que vinha crescendo em ritmo acelerado nos meses finais de 2010, apresentou diminuição no ímpeto de crescimento, sobretudo a partir do mês de maio. Essa desaceleração decorreu do efeito combinado das medidas de natureza macroprudencial de controle do crédito3, introduzidas em dezembro de 2010 e em abril de 2011, e da elevação gradual

da meta da taxa básica de juros em 1,75 ponto percentual (p.p.) entre os meses de janeiro e julho de 2011, quando atingiu 12,5% ao ano.

No que se refere a essas medidas, além da elevação, em dezembro de 2010, de 11% para 16,5%, do requerimento de capital mínimo para empréstimos ao consumo com prazo superior a 24 meses, e do adicional de compulsório sobre os depósitos à vista e a prazo de 8% para 12%, a alíquota de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidentes sobre as operações de crédito à pessoa físi-ca dobrou, a partir de abril de 2011, de 1,5% para 3%. Seu alvo principal foi o crescimento explosivo do crédito bancário com recursos livres às pessoas físicas nas modalidades de financiamento para aquisição de veículos e de crédito consignado, as quais registraram, em dezembro de 2010, expansão real em 12 meses da ordem de, respectivamente, 40,8% e 28,8% (ver Tabela 1). Essas operações de crédito ao consumo vinham sendo realizadas com alongamento de prazo, o que ampliava o risco de descasamento das operações passivas e ativas do sistema bancário, constituindo fonte potencial de instabilidade financeira4.

O exame da evolução do crédito por natureza e destino dos recursos mostra que, com a alta dos juros básicos e as medidas de contenção do crédito ao consumo, as operações de crédito do sistema financeiro com recursos livres às pessoas físicas registraram redução, relati-vamente suave, do ritmo de expansão (Gráfico 1). Em razão da defasagem temporal do impacto

3. Para mais detalhes sobre as medidas de natureza ma-croprudencial de controle do crédito, ver a seção Conjuntura Econômica em Foco do Boletim de Economia da Fundap n. 3, de abril de 2011.

4. No caso do financiamento de veículos, havia ainda o proble-ma adicional do desequilíbrio entre o volume de crédito e o valor das garantias.

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das políticas restritivas na trajetória do crédito nesse segmento, observa-se que a desaceleração se intensificou somente a partir do mês de agosto, quando a taxa real anual média declinou de 11,6% no período de janeiro a julho para 10,1% no período de agosto a dezembro. Em contraste, o segmento com recursos direcionados às pessoas físicas, basicamente financiamentos habita-cional e rural, sustentou taxas de crescimento em 12 meses superiores a 22% ao longo de todo o ano de 2011.

Já nos segmentos de crédito às pessoas jurídicas, sobretudo nas operações com recursos direcionados, nota-se um forte arrefecimento no ritmo de expansão ainda no primeiro semestre do ano. O saldo do crédito nessas operações, que vinha crescendo a uma taxa real média de 27,7% em 2010, registrou taxas reais decrescentes a partir de março de 2011, atingindo o seu patamar mais baixo no mês de outubro: 7,2%. No segmento de crédito com recursos livres ao setor corporativo, a desaceleração teve início no mês de maio, aprofundando-se no biênio outubro-novembro.

A diminuição da concessão de crédito com recursos do BNDES foi, sem dúvida, o principal motor da forte desaceleração observada no segmento do crédito direcionado às pessoas jurídicas em 2011 (Gráfico 2). Houve arrefecimento tanto na modalidade BNDES direto, na qual o BNDES concede financiamento diretamente ao tomador final, como na modalidade BNDES repasse, na qual os recursos são intermediados pelos bancos que, como agentes financeiros das operações, assumem o risco de crédito da operação. A redução do crescimento foi mais intensa na modali-dade BNDES repasse que, de uma taxa real de expansão em 12 meses da ordem de 33,3% em janeiro de 2011, declinou para apenas 8,3% em dezembro. Na modalidade BNDES direto, o saldo

Gráfico 2. modalidades selecionadasdo crédiTo ToTaldo sfn com recursos direcionados1

(Taxade crescimenTo real2 em 12 meses, em %)

6,3 0,8 3,3 13,5 35,9 13,0 8,3 19,4 7,2 10,9 42,0 35,1 33,3 10,5 -10,0 -5,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 de z. /0 9 ja n. /1 0 fe v. /1 0 m ar ./ 10 ab r./ 10 m ai ./ 10 ju n. /1 0 ju l./ 10 ag o. /1 0 se t./ 10 ou t./ 10 no v. /1 0 de z. /1 0 ja n. /1 1 fe v. /1 1 m ar ./ 11 ab r./ 11 m ai ./ 11 ju n. /1 1 ju l./ 11 ag o. /1 1 se t./ 11 ou t./ 11 no v. /1 1 de z. /1 1 %

BNDES - Direto BNDES - Repasses BNDES - Total Habitação3 Rural4 Fonte: Banco Central do Brasil. Séries temporais.

1. Refere-se a operações de crédito com recursos compulsórios ou governamentais. 2. Deflacionado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

3. Refere-se às operações realizadas com pessoas físicas e cooperativas habitacionais. 4. Refere-se apenas a crédito concedido por bancos e agências de fomento. Exclui cooperativas.

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das operações de crédito, que já vinha mantendo ritmo de crescimento moderado desde o último trimestre de 2010, passou de uma variação real em 12 meses de 5,1% em janeiro para 0,8% em junho, voltando a se acelerar no segundo semestre, encerrando o ano de 2011 com crescimento real de 13,5%. Essa evolução é indicativa da ação anticíclica desse banco, como será visto mais a frente.

Em termos de propriedade de capital das instituições financeiras, nota-se que a redução no ritmo de crescimento do crédito em 2011 também não se deu de maneira homogênea e sincroni-zada (Gráfico 3). Nas instituições privadas de capital nacional, esse ritmo manteve-se praticamente inalterado até o mês de julho, sustentando taxas reais de crescimento em 12 meses do estoque de crédito da ordem de 15%. Para escapar do adicional de compulsório sobre os depósitos à vista e a prazo – e, assim, sustentar a ampliação do crédito para recuperar as fatias de mercado perdidas para os bancos públicos em 20095–, as instituições privadas nacionais intensificaram no primeiro

semestre a captação de recursos no exterior mediante a emissão de bônus e notas6, bem como no

mercado doméstico mediante a emissão de letras financeiras. A partir de agosto, contudo, quando se aprofundou a desaceleração do consumo e do investimento, o grupo de instituições privadas na-cionais diminuiu significativamente o ritmo de concessão de crédito, inclusive os repasses de recur-sos do BNDES. A taxa de crescimento real em 12 meses do saldo de crédito desse grupo declinou de 14,7% em julho para 7,4% em dezembro. Já as instituições estrangeiras, que só a partir de maio de 2010 voltaram a registrar taxas positivas no crédito, sobretudo ao setor privado, aceleraram a concessão de crédito ao longo de todo o primeiro semestre, reduzindo o ritmo somente nos meses de julho e agosto.

Gráfico 3. crédiTodo sfn Por ProPriedadedo caPiTal (Taxade crescimenTo real1 em 12 meses, em %)

14,7 11,5 16,2 15,9 14,7 7,4 7,6 9,9 8,6 11,1 13,9 13,1 11,7 -5,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 de z. /0 9 ja n. /1 0 fe v. /1 0 m ar ./ 10 ab r./ 10 m ai ./ 10 ju n. /1 0 ju l./ 10 ag o. /1 0 se t./ 10 ou t./ 10 no v. /1 0 de z. /1 0 ja n. /1 1 fe v. /1 1 m ar ./ 11 ab r./ 11 m ai ./ 11 ju n. /1 1 ju l./ 11 ag o. /1 1 se t./ 11 ou t./ 11 no v. /1 1 de z. /1 1 %

SF Público2 SF Privado Nacional SF Estrangeiro Total SFN Fonte: Banco Central do Brasil. Séries temporais. 1. Deflacionado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

2. O Sistema Financeiro Público inclui bancos federais e estaduais, CEF, BNDES e agências estaduais de fomento.

5. Sobre o avanço dos bancos públicos nos diferentes segmen-tos do mercado de crédito e a reação dos bancos privados, ver Freitas (2011)

6; Essa arbitragem regulatória com a captação de recursos no exterior foi, contudo, neutra-lizada pelo governo por meio do Decreto n. 7.457 de abril de 2011 que estabeleceu alíquota de 6% para as captações exter-nas (novas e repactuações) com prazo de até 720 dias, de modo a encarecer o funding externo dos bancos e, assim, reduzir o afluxo de dólares.

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Em contraste, o grupo das instituições financeiras públicas foi o único que diminuiu o ritmo da expansão do crédito ainda no primeiro semestre de 2011, notadamente a partir de maio, dando continuidade a um movimento iniciado em setembro de 2010. É provável que, em consonância com o objetivo da política governamental de desaquecer a demanda doméstica e, assim, conter as pressões inflacionárias, essas instituições tenham moderado a oferta de crédito, agindo de modo anticíclico. Essa hipótese é corroborada pela análise dos fluxos de desembolsos do BNDES, principal fonte de crédito doméstico de longo prazo para o setor empresarial.

Em 2011, os fluxos acumulados de desembolsos do BNDES registraram uma retração de 3,3% em termos nominais (-9,3% em termos reais) ante o volume de desembolsos em 2010, a qual foi puxada pela forte diminuição dos desembolsos na modalidade indireta (-10,1% em termos nominais e -15,7% em termos reais), destinados, sobretudo, ao setor industrial (Tabela 2). Em contraste, em 2011 os fluxos de desembolsos para as médias, pequenas e microempresas cresceram 8,4% em ter-mos reais. Com isso, sua participação no total de desembolsos alcançou o patamar recorde de 36%.

TaBela 2. desemBolsosdo Bndes1 (fluxos acumulados, em r$ Bilhões correnTes)

desembolsos 1º sem. 2010 2º sem. 2010 2010 1º sem. 2011 2º sem. 2011 2011 1º sem. 11/ 2º sem.10 2º sem. 11/ 1º sem. 11 2011/2010 Por modalidades Direta 19,1 30,8 49,9 17,5 37,2 54,6 -43,3% 112,7% 9,4% Indireta 40,2 53,5 93,7 38,1 46,1 84,2 -28,8% 21,0% -10,1% Total 59,3 84,3 143,6 55,6 83,3 138,9 -34,1% 49,8% -3,3% Por setores Indústria 18,5 35,5 54,0 18,7 25,1 43,8 -47,3% 34,2% -18,8% Infraestrutura 24,1 28,6 52,7 22,6 33,5 56,1 -21,0% 48,2% 6,5% Comércio e Serviços 11,7 15,1 26,8 9,4 19,8 29,2 -37,6% 110,5% 9,0% Agropecuária 5,0 5,1 10,1 4,9 4,9 9,8 -4,6% 0,0% -3,2% Total 59,3 84,3 143,6 55,6 83,3 138,9 -34,1% 49,8% -3,3% Por porte Grandes 37,8 60,1 97,9 32,4 56,7 89,1 -46,1% 75,0% -9,0% MPME2 21,5 24,2 45,7 23,2 26,6 49,8 -4,1% 14,7% 9,0% total 59,3 84,3 143,6 55,6 82,3 138,9 -34,0% 48,0% -3,3%

Fonte: BNDES. Estatísticas operacionais.

1. O volume do desembolso do BNDES em 2010 exclui a operação especial da Petrobras no valor de R$ 24,8 bilhões, realizada em setembro daquele ano.

2. Inclui operações com pessoas físicas.

Houve, contudo, diferenças marcantes no desempenho dos desembolsos desse banco de fo-mento entre o primeiro e o segundo semestres. No primeiro semestre, os fluxos acumulados da mo-dalidade direta retraíram 43,3% em termos nominais (-45,6% reais), enquanto o volume acumulado dos fluxos de desembolso na modalidade indireta recuou 28,8% em termos nominais (queda real de 31,7%), ambos na comparação com o segundo semestre de 2010. A contração foi mais acentuada para as empresas de grande porte (46,1%)7 e, em termos dos setores, na indústria (-47,3%), seguida

pelos setores de comércio e serviços (-37,6%) e de infraestrutura (-21,0%).

7. Nas estatísticas operacionais do BNDES, as empresas de grande porte são aquelas com faturamento bruto anual supe-rior a R$ 90 milhões. Contudo, desde junho de 2010, em suas políticas operacionais, o banco classifica como média-grande a empresa com faturamento anual superior a R$ 90 milhões e infe-rior ou igual a R$ 300 milhões. Já grande empresa é aquela com faturamento anual superior a R$ 300 milhões. Anteriormente, o valor do faturamento bruto con-siderado para enquadrar a em-presa como de grande porte era acima de R$ 60 milhões.

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Essa forte contração dos desembolsos do BNDES no primeiro semestre foi fruto de um conjun-to de faconjun-tores. Em primeiro lugar, no início de 2011, o banco alterou suas políticas operacionais, com a clara e explícita intenção de reduzir sua participação no financiamento de longo prazo, sobretudo para empresas de grande porte em condições de se financiarem nos mercados privados de crédito no Brasil e no exterior8. Igualmente, o banco tornou público o seu propósito de manter o volume de

desembolso, em 2011, em torno de R$ 145 bilhões, próximo, portanto, do patamar do de 2010. Em segundo lugar, as empresas de grande porte recorreram a fontes alternativas de financia-mento, captando recursos no mercado de capitais, internacional e doméstico, seja para novo investi-mento produtivo ou para a aquisição de outras empresas. Ante as condições financeiras extremamen-te favoráveis dos mercados inextremamen-ternacionais associadas à liquidez abundanextremamen-te, as grandes empresas intensificaram suas emissões de títulos (bônus e notas) no exterior, reduzindo, assim, a demanda por crédito bancário no mercado doméstico e, em particular, junto ao BNDES. De acordo com informações coletadas pela Anbima (2011), houve, no primeiro semestre de 2011, 18 emissões de empresas bra-sileiras nos mercados internacionais de dívida direta, com destaque para as empresas de petróleo e gás. O volume de recursos foi recorde absoluto quando comparado com o mesmo período dos anos anteriores: US$ 15,4 bilhões (US$ 7,3 bilhões no primeiro semestre de 2010)9.

Também no mercado de capitais doméstico, a despeito da elevação da taxa básica de juros pelo Banco Central do Brasil (BCB), houve inúmeras emissões de títulos de renda fixa, bem como de ações. No primeiro semestre de 2011, o volume de captação das empresas atingiu R$ 64,8 bilhões, dos quais R$ 48,1 bilhões em títulos de renda fixa e R$ 15,7 bilhões em títulos de renda variável. Esse montante de recursos superou em mais de 25% o volume de captação no mesmo período de 2010 (ANBIMA, 2011).

Em terceiro lugar, a redução dos desembolsos do BNDES no primeiro semestre de 2011 pode ser igualmente, pelo menos em parte, reflexo da diminuição da demanda por crédito por parte das empre-sas de menor porte e/ou sem acesso ao mercado de capitais. De um lado, pode ter havido antecipação, para os meses finais de 2010, de uma parte da demanda de recursos do BNDES em condições mais favoráveis no âmbito do programa de sustentação ao investimento (PSI), em razão do temor das empre-sas de que o mesmo não fosse prorrogado. Financiado com aportes do Tesouro Federal, o PSI foi lan-çado em junho de 2009 e tinha prazo de encerramento previsto para 31 de março de 201110. De outro

lado, é plausível supor que o efeito combinado da imposição de medidas restritivas sobre o crédito ao consumo e do aumento da concorrência de bens importados, facilitada pela apreciação do real, tenha resultado no adiamento dos planos empresariais de ampliação da produção, com consequente redução na demanda por financiamentos do BNDES para investimentos industriais. Já no caso dos setores de comércio e serviços, a queda nos fluxos de desembolsos no 1º semestre é um fenômeno sazonal, uma vez que a necessidade de crédito das empresas comerciais é maior no segundo semestre.

Adotadas com o objetivo de desaquecer a demanda e, com isso, conter as pressões inflacio-nárias, as medidas restritivas de política financeira tiverem efeito muito maior do que o esperado na desaceleração do nível de atividade econômica. Iniciado ainda no segundo trimestre de 2011, o arrefecimento do ritmo de expansão da economia se aprofundou consideravelmente no segundo semestre (ver a seção Conjuntura em Foco deste Boletim). Nesse contexto, as instituições financei-ras, em particular as de capital privado nacional, temendo elevação da inadimplência, endureceram as exigências e desaceleraram a expansão do crédito (Gráfico 3). Essa perda de ritmo, contudo, foi

8. A principal modificação foi uma redução de 10 p.p. da par-ticipação máxima do BNDES nos financiamentos. Em nenhuma li-nha ou programa, o BNDES che-gará a financiar 100%, e o teto de 90% será utilizado nos seto-res mais prioritários, como apoio à inovação, micro, pequenas e médias empresas, subcréditos sociais e projetos específicos de infraestrutura no âmbito do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Para os de-mais, a participação máxima do Banco será em média de 70% (BNDES, 2011a). Essa redução da parcela financiável foi reali-zada, de acordo com o BNDES, para moderar o desembolso em 2011 e para abrir espaço para o mercado privado. Com o mesmo propósito, o Banco ampliou o acesso de empresas à linha BN-DES Automático e elevou de R$ 10 milhões para R$ 20 milhões o teto do valor dos projetos que poderão ser repassados pelos agentes financeiros a uma em-presa, em um ano.

9 Dado o grande diferencial en-tre as taxas de juros domésticas e internacionais, é provável que parte da captação de recursos no exterior tenha sido utilizada pelas grandes empresas em operações de arbitragem. Po-rém, a atratividade dessas ope-rações deve ter diminuído com a imposição do IOF de 6% sobre a captação externa com prazo até 720 dias.

10 No início de março de 2011, o BNDES prorrogou para o mês de dezembro o prazo de encer-ramento do PSI mas alterou as suas condições, elevando juros e reduzindo o teto da partici-pação máxima do banco nos fi-nanciamentos (BNDES, 2011b). Posteriormente, em agosto de 2011, no âmbito do Plano Bra-sil Maior, lançado pelo governo Dilma, o prazo de encerramento do PSI foi novamente prorroga-do para dezembro de 2012 (BN-DES, 2011c).

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mais intensa nas operações de crédito destinadas aos setores da indústria e do comércio do que nos empréstimos ao consumo das famílias (Gráfico 4), o que sugere que a redução da demanda de crédito foi motivada pela deterioração das expectativas desses setores empresariais.

Gráfico 4. crédiTodo sfn ao seTor PrivadoPor aTividade econômica

(Taxade crescimenTo real1 em 12 meses, em %)

14,4 7,8 42,6 35,7 4,2 6,4 19,6 21,3 13,3 12,1 9,0 14,1 -6,0 -3,0 0,0 3,0 6,0 9,0 12,0 15,0 18,0 21,0 24,0 27,0 30,0 33,0 36,0 39,0 42,0 45,0 48,0 51,0 de z. /0 9 ja n. /1 0 fe v. /1 0 m ar ./ 10 ab r./ 10 m ai ./ 10 ju n. /1 0 ju l./ 10 ag o. /1 0 se t./ 10 ou t./ 10 no v. /1 0 de z. /1 0 ja n. /1 1 fe v. /1 1 m ar ./ 11 ab r./ 11 m ai ./ 11 ju n. /1 1 ju l./ 11 ag o. /1 1 se t./ 11 ou t./ 11 no v. /1 1 de z. /1 1

Indústria Habitação Rural Comércio Outros Serviços Pessoas Físicas2 Total Setor Privado

11,7 8,4

Fonte: Banco Central do Brasil. Séries temporais. 1. Deflacionado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

2. Inclui operações de crédito consignado.

Em um cenário internacional de grande incerteza devido ao agravamento da crise das econo-mias da área do euro e à deterioração das perspectivas de crescimento da economia mundial, a de-saceleração do nível de atividade levou o governo a afrouxar parte das restrições ao crédito no último trimestre de 2011. Essa decisão foi antecedida pela ação do BCB que, em agosto de 2011, iniciou uma nova fase de cortes graduais na meta da taxa Selic. Após três reduções de 0,5 p.p, a meta da Selic encerrou o ano de 2011 no patamar de 11,0% a.a. Em novembro de 2011, além de eliminar a exigência de capital adicional para as operações de empréstimos ao consumo com prazo máximo de 60 meses11, a autoridade monetária desistiu de elevar o percentual mínimo de pagamento das faturas

de cartão de crédito de 15% para 20%, que havia sido determinado em junho de 2011 (Circular n. 3.563). No mês de dezembro, entre outras ações de estímulo12, o Ministério da Fazenda reduziu de

3% para 2,5% a alíquota do IOF sobre as operações de crédito ao consumo (Decreto n. 7.632). Com o afrouxamento da política monetária e financeira e as medidas de estímulo ao consumo, o estoque de crédito do SFN voltou a registrar taxas reais crescentes de expansão em 12 meses no último trimestre do ano (Gráfico 1). Esse movimento foi liderado pelas instituições financeiras públicas, com destaque para o BNDES, que mais uma vez agiram de modo anticíclico ante o aumento da aversão ao risco das instituições privadas (Gráfico 3). Enquanto as instituições privadas nacionais moderaram a concessão de crédito tanto para pessoas físicas como para pessoas jurídicas, as instituições públi-cas sustentaram taxas crescentes de expansão do crédito, ampliando sua participação em ambos os segmentos do mercado de crédito (Tabela A1 do Apêndice). Em termos dos setores de atividade, houve aceleração no ritmo de crescimento do crédito aos setores industrial e de serviços, enquanto o estoque

11. A eliminação da exigência de capital adicional para as opera-ções de empréstimos ao consu-mo com prazo de até cinco anos (60 meses) foi acompanhada da elevação do requerimento de capital para as operações de crédito ao consumo com prazo superior a cinco anos. 12. Para estimular o consumo, o governo federal concedeu, em dezembro de 2011, desonera-ção fiscal por quatro meses (até 31 de março de 2011) para os produtos da chamada “linha branca” (geladeira, fogão e la-vadora), para as massas (até 30 de junho de 2012) e prorrogou a desoneração de PIS/Cofins sobre trigo, farinha de trigo e pão comum.

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mercado doméstico. Em consequência, os desembolsos do BNDES na modalidade direta e para as empresas de grande porte voltaram a crescer no segundo semestre a taxas expressivas em relação aos do semestre anterior (Tabela 2). Também se ampliaram no segundo semestre os desembolsos do BNDES para as médias, pequenas e microempresas (MPME).

No que se refere à origem dos recursos, observa-se que a reativação dos créditos com recursos direcionados foi mais intensa do que a com recursos livres (Gráfico 1). Nesse último segmento, ape-nas a carteira de pessoas jurídicas registrou aceleração, em parte em razão da desvalorização do real nos meses finais de 201113, enquanto a carteira de pessoas físicas terminou o ano crescendo a taxas

reais decrescentes. O comportamento das principais modalidades de crédito bancário às pessoas físicas e jurídicas no segmento com recursos livres será examinado a seguir.

evolução do segmento de crédIto bAncárIo com recursos lIvres

As medidas de contenção de crédito ao consumo das famílias foram bem sucedidas em seu propósito de moderar o ritmo de crescimento das operações de crédito bancário com recursos livres com prazo superior a 24 meses (ou 36 meses no caso dos empréstimos consignados). O saldo das operações de crédito na modalidade de aquisição de veículos, que vinha crescendo a taxas reais em 12 meses acima de 40% no início de 2011, desacelerou forte e continuamente a partir do mês de março, recuando para 16% em dezembro (Gráfico 5). A modalidade de crédito consignado também

13. Em 2011, o governo adotou inúmeras medidas para reduzir o fluxo de capitais externos e conter a valorização do real, bem como para reduzir a espe-culação no mercado de câmbio. Com essas medidas, o real se desvalorizou em 20% em 2011 (BCB, 2012).

Gráfico 5. evoluçãodas PrinciPais modalidadesdo crédiTo Bancáriocom recursos livesàs Pessoas físicas

(Taxade crescimenTo real1em doze meses, em %)

21,7 21,0 13,7 6,2 15,4 9,4 16,6 41,3 16,0 7,3 11,2 21,0 -10,0 -5,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 de z./09 ja n./10 fe v./10 m ar.10 abr.10 m ai./10 jun./10 jul./10 ag o./10 se t./10 ou t./10 no v./10 de z./10 ja n./11 fev./11 m ar./11 abr./11 m ai./11 jun./11 jul./11 ag o./11 se t./11 ou t./11 no v./11 de z./11

Total -PF Cheque especial Crédito Pessoal Aquisição de Veículo Cartão de Crédito Consignado 14,8

2

Fonte: Banco Central do Brasil. Séries temporais. 1. Deflacionado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

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registrou diminuição, ainda que menos intensa, do ritmo de expansão ao longo de 2011. De variação real anual média da ordem de 27% em 2010, o estoque de crédito consignado registrou crescimento real médio da ordem de 13% em 2011. Além da alta verificada no custo dos empréstimos (ver Tabela 3), em razão da elevação da meta da taxa Selic e do aumento do IOF, as novas contratações de crédito nessas modalidades devem ter sido desestimuladas pelo requerimento de capital adicional, que freou o alongamento do prazo das amortizações. Esse expediente vinha sendo muito utilizado no mercado de crédito brasileiro para diluir o valor da prestação mensal a ser paga pelo mutuário, tornando o endividamento compatível com a sua renda disponível.

Em contraste com a moderação das taxas de crescimento dos saldos dos créditos para a aqui-sição de veículos e consignado, ocorreu, a partir do mês de março de 2011, aumento no ritmo de expansão dos saldos dos empréstimos rotativos (cheque especial e cartão de crédito), modalidades que se caracterizam pela cobrança de taxas de juros extorsivas. Essa piora no perfil do endividamento das famílias, que se manteve em trajetória ascendente ao longo de todo o ano de 2011 (Gráfico 6), redundou em elevação da inadimplência em todas as modalidade da carteira de crédito bancário às pessoas físicas (Tabela 3). A inflação ascendente ao longo de 2011, puxada pela alta dos alimentos e dos serviços, também deve ter contribuído para esse aumento, uma vez que a redução no poder de compra resultou na diminuição da renda disponível para pagamento das dívidas bancárias contraídas.

TaBela 3. modalidades selecionadasde crédiTo Bancáriocom recursos livres

(saldosem finaldo Período)

modalidades selecionadas

volume (r$ bilhões) Participação em % 1 Juros médios em % a.a2 spreads médios em % 3 inadimplência em % 4

dez./10 jun./11 dez./11 dez./10 jun./11 dez./10 dez./10 jun./11 dez./11 dez./10 jun./11 dez./11 dez./10 jun./11 dez/11 Pessoas Físicas 417,3 468,6 505,7 100,0 100,0 100,0 40,6 46,1 43,8 28,5 33,6 33,7 5,7 6,4 7,4 Cheque especial 16,3 20,6 18,9 3,9 4,4 3,7 170,7 184,7 188,1 161,6 172,9 177,9 10,1 8,5 11,4 Crédito pessoal 204,9 227,6 244,2 49,1 48,6 48,3 44,1 49,0 48,2 31,8 36,5 38,1 4,2 4,7 5,5 Sem consignação 105,9 119,8 128,9 25,4 25,6 25,5 56,4 65,1 67,8 n.d n.d n.d 7,3 6,5 7,2 Consignado 99,0 107,8 115,3 23,7 23,0 22,8 27,7 27,7 27,0 n.d n.d n.d 2,5 3,1 3,4 Aquisição de veículos 140,3 158,0 173,3 33,6 33,7 34,3 25,2 29,8 26,2 12,9 17,3 16,2 2,5 3,8 5,0 Aquisição de outros bens 10,4 9,0 9,4 2,5 1,9 1,9 47,9 58,0 65,9 36,4 45,6 55,7 8,8 13,2 13,9 Pessoas jurídicas 462,7 499,7 554,8 100,0 100,0 100,0 37,7 41,4 36,8 17,0 18,9 17,9 3,5 3,8 3,9 Desconto de duplicatas 17,9 17,9 20,3 3,9 3,6 3,7 39,1 42,6 37,2 30,4 25,9 26,5 7,9 8,5 7,2 Capital de giro 266,1 281,8 313,6 57,5 56,4 56,5 27,3 29,2 24,4 15,4 16,7 14,4 3,2 3,6 4,9 Conta garantida 53,4 59,8 59,7 11,5 12,0 10,8 95,7 106,2 110,5 86,6 94,4 100,3 4,9 3,8 5,6 Aquisição de bens 18,8 22,4 26,8 4,1 4,5 4,8 17,0 17,7 13,5 4,9 5,2 3,6 2,5 2,5 2,7 ACC (pós fixado) 29,4 36,0 38,4 6,3 7,2 6,9 17,8 20,0 17,9 4,4 3,5 4,1 1,0 0,8 0,7

Fonte: Banco Central do Brasil. Operações de Crédito do SFN.

1. Participação percentual de cada uma das modalidades selecionadas na carteira de crédito do segmento de pessoa física e/ou pessoa jurídica. Por essa razão, a soma dos percentuais nas linhas difere de 100%. 2. As taxas de juros médias apresentadas são taxas prefixadas, à exceção na modalidade de ACC no segmento de pessoas

jurídicas. Nessa modalidade, as operações de crédito são realizadas com taxa de juros pós-fixada, acrescida de variação cambial.

3. Spreads médios obtidos pela diferença entre as taxas de aplicação e de captação em cada uma das modalidades. 4. Saldo das operações de crédito com atraso superior a 90 dias em proporção ao saldo total das operações de crédito.

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Gráfico 6. comPromeTimenTode rendae endividamenTodas famílias 19,5 22,3 39,2 42,4 -5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 de z. /0 9 ja n. /1 0 fe v. /1 0 m ar ./ 10 ab r./ 10 m ai ./ 10 ju n. /1 0 ju l./ 10 ag o. /1 0 se t./ 10 ou t./ 10 no v. /1 0 de z. /1 0 ja n. /1 1 fe v. /1 1 m ar ./ 11 ab r./ 11 m ai ./ 11 ju n. /1 1 ju l./ 11 ag o. /1 1 se t./ 11 ou t./ 11 no v. /1 1 de z. /1 1 %

Comprometimento de renda 1 Endividamento2 Fonte: Banco Central do Brasil, 2012, p. 23.

1. Dados com ajuste sazonal.

2. Dívida junto ao SFN em relação à renda acumulada dos últimos 12 meses.

No segmento de pessoas físicas, a inadimplência média, em trajetória de queda desde julho de 2009, começou a subir continuamente já no mês de fevereiro de 2011, passando de 5,8% (5,7% em janeiro) para 7,3% em dezembro (Gráfico 7). A alta da inadimplência, aliada à elevação dos juros básicos, se traduziu em elevação dos juros médios de todas as modalidades de operações de crédito ao consumo. Nas modalidades de maior risco, há um círculo vicioso em elevação das taxas de juros e da inadimplência, pois os juros cobrados pelos bancos embutem a previsão de inadimplência, a qual

Gráfico 7. evoluçãoda inadimPlência1nas oPeraçõesde crédiTo Bancáriocom recursos livres (em %)

4,5 5,5 5,7 7,4 3,5 3,9 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 de z. /0 9 ja n. /1 0 fe v. /1 0 m ar ./ 10 ab r./ 10 m ai ./ 10 ju n. /1 0 ju l./ 10 ag o. /1 0 se t./ 10 ou t./ 10 no v. /1 0 de z. /1 0 ja n. /1 1 fe v. /1 1 m ar ./ 11 ab r./ 11 m ai ./ 11 ju n. /1 1 ju l./ 11 ag o. /1 1 se t./ 11 ou t./ 11 no v. /1 1 de z. /1 1 %

Total geral Total - PF Total - PJ

Fonte: Banco Central do Brasil. Séries temporais.

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termina por acontecer, pois os juros exorbitantes se tornam impagáveis ante qualquer redução na ren-da disponível ren-das famílias. Além disso, a alta ren-da inadimplência acaba servindo como justificativa para a rigidez dos juros cobrados das pessoas físicas nos momentos de redução da taxa básica de juros, o que resulta na elevação dos spreads bancários e no consequente aumento dos lucros dos bancos.

A alta da meta da Selic e as medidas de contenção do crédito ao consumo afetaram igualmente o comportamento das operações de crédito bancário ao setor corporativo, que registrou moderação no ritmo de crescimento em 2011 (Gráfico 8). Em primeiro lugar, a política monetária restritiva elevou o custo de todas as principais modalidades de crédito. Em segundo lugar, as iniciativas para a con-tenção do crédito ao consumo e a desaceleração da atividade econômica frustraram as expectativas empresais e se traduziram em revisão de planos de produção, com consequente redução na deman-da por crédito. Finalmente, o forte influxo de capitais externos, atraídos pela ampliação do diferencial entre juros domésticos em elevação e juros internacionais em patamares próximos de zero, resultou na apreciação do real e no aumento da penetração de produtos importados no mercado doméstico, o que contribuiu tanto para a diminuição na demanda por crédito por parte das empresas como para a queda de suas receitas operacionais, sobretudo nos setores das cadeias intermediárias de produção, resultando em aumento da inadimplência (Tabela 3 e Gráfico 8).

Gráfico 8. evoluçãodas PrinciPais modalidadesdo crédiTo Bancáriocom recursos livresàs Pessoas jurídicas

(Taxade crescimenTo real1 em 12 meses, em %)

12,6 16,2 10,7 5,0 15,9 33,6 33,8 25,1 22,9 -45,0 -40,0 -35,0 -30,0 -25,0 -20,0 -15,0 -10,0 -5,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 de z./09 ja n./10 fev./10 m ar./10 abr./10 m ai./10 jun./10 jul./10 ag o./10 set./10 ou t./10 no v./10 de z./10 ja n./11 fev./11 m ar./11 abr./11 m ai./11 jun./11 jul./11 ag o./11 se t./11 ou t./11 no v./11 de z./11

Total - PJ Capital de giro Conta garantida Aquisição de bens ACC Desconto de duplicatas

Fonte: Banco Central do Brasil. Séries temporais. 1. Deflacionado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Na carteira do crédito bancário às pessoas jurídicas, a inadimplência média subiu quase con-tinuamente ao longo de 2011, atingindo o patamar máximo de 4,0% no mês de outubro, declinando ligeiramente no último biênio do ano (Gráfico 7). Dentre as principais modalidades da carteira de crédito bancário para pessoas jurídicas, descontos de duplicadas, conta garantida e ACC registram redução da inadimplência entre os meses de junho e dezembro. Já nas modalidades de capital de giro e de aquisição de bens, as quais respondem, em conjunto, por 67% da carteira de crédito corpo-rativo, a inadimplência subiu no mesmo período (Tabela 3). Esse aumento do grau de inadimplência

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das pessoas jurídicas em 2011 está relacionado à ampliação da participação das pequenas e médias empresas na carteira de crédito bancário (FREITAS, 2011). Em geral, as operações de crédito para as PME têm como características prazos menores e juros mais elevados, o que, em um cenário de desa-celeração do nível de atividade, tal como o que prevaleceu no segundo semestre, resulta em elevação da inadimplência.

consIderAções fInAIs

O exame do mercado de crédito em 2011 mostra que as medidas de contenção do crédito e a elevação gradual da meta da taxa Selic entre janeiro e julho foram bem sucedidas em moderar o crescimento do crédito ao consumo das famílias, que vinha sendo realizado com alongamento de prazo e consequente aumento do risco potencial de instabilidade financeira. Essas políticas restritivas foram igualmente eficazes em seu intento de desacelerar o nível da atividade econômica para conter as pressões inflacionárias. Porém, tiveram como efeito colateral o aumento da captação de recursos externos por bancos e empresas e a ampliação do diferencial entre os juros internos e externos, o que contribuiu para a apreciação do real e consequente perda de competitividade do setor industrial do-méstico. O resultado foi uma desaceleração mais forte do que o esperado da economia brasileira no terceiro trimestre, levando o governo a reverter parcialmente as medidas macroprudenciais e a adotar novas medidas de estímulo ao consumo14.

Impulsionadas por essas iniciativas e pela queda da taxa Selic, iniciada em agosto de 2011, as condições de crédito ficaram menos restritivas nos meses finais de 2011, e o estoque de crédito voltou a crescer com maior intensidade, sob a liderança das instituições financeiras públicas. Em um contexto de aumento da aversão ao risco das instituições privadas e de fechamento do mercado in-ternacional para as empresas brasileiras, os bancos públicos, com destaque para o BNDES, voltaram a desempenhar função anticíclica.

Para 2012, se não houver surpresas negativas no cenário internacional, as perspectivas são de expansão da oferta de crédito, estimulada pela retomada do crescimento. O expressivo aumento real do salário mínimo no início de 2012 e a ampliação do emprego devem garantir a primazia da deman-da interna, alavancademan-da pelo crédito, como motor do crescimento deman-da economia brasileira. A retomademan-da do crescimento, mesmo moderado, e a ampliação do emprego formal devem resultar, de um lado, na incorporação de novos clientes no sistema bancário e, portanto, na ampliação da demanda de crédito. A inflação em queda, em trajetória de convergência com o centro da meta perseguida pelo BCB (4,5% ao ano) em 2012, a elevação do salário mínimo e da renda, o baixo desemprego e a recuperação da atividade econômica devem, por outro lado, ter impacto positivo sobre o nível de endividamento e a capacidade de pagamento de famílias, favorecendo a aumento da adimplência, bem como a contra-tação ou rolagem dos empréstimos. De igual modo, com a continuidade dos cortes da taxa básica de juros pela autoridade monetária, é de se esperar, ainda que de modo parcial, a transmissão da redu-ção da taxa básica de juros para as taxas ativas cobradas pelos bancos no segmento com recursos livres, o que contribuirá para reduzir a inadimplência das famílias e empresas.

Para forçar a redução das taxas de juros e dos elevadíssimos spreads praticados pelo sistema bancário, o governo já orientou os bancos públicos federais, notadamente a CEF e o BB, a cortarem os custos dos financiamentos tanto ao consumo como às empresas para os clientes com histórico

14. Além das já mencionadas medidas adotadas no final de 2011, foi autorizada, em janeiro de 2012, a utilização de recur-sos do FGTS para a aquisição de material de construção. Essa nova linha de crédito, cujo limite individual é de R$ 20 mil, terá custo efetivo total de no máximo 12% ao ano (incluindo juros e encargos) e prazo de pagamen-to de até 120 meses.

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positivo de crédito (D’AMORIN, 2012). De acordo com a imprensa, o novo pacote de corte de juros, que será anunciado em breve, deverá tornar menos onerosas as operações de empréstimo consignado, cartão de crédito, cheque especial e crédito direto ao consumidor (CDC). No caso das empresas, os juros serão reduzidos, sobretudo nos empréstimos para capital de giro e antecipação de recebíveis, bem como nas modalidades de cheques pré-datados, cartões de crédito e duplicatas (NAKAGAWA, 2012). O BB e a CEF foram igualmente orientados a realizar campanhas de educação financeira, que expliquem o custo e as opções de crédito disponíveis no mercado. Com essas iniciativas, o governo espera incentivar, tal como fez em 2009, a concorrência no sistema bancário, uma vez que, para não perder clientes para os bancos públicos, as instituições financeiras privadas serão obrigadas a dimi-nuir os seus juros.

referêncIAs bIblIográfIcAs

ALVES, Murilo R. FGTS vai financiar compra de material de construção. Valor Econômico, 11/01/2012. ANBIMA – Associação Brasileira de Mercados Financeiros e de Capitais. Boletim Anbima – Mercado de capitais, ano 6, nº 63, agosto de 2011. Disponível em http://www.anbima.com.br/_informaco-es/boletim.aspx

BCB – Banco Central do Brasil. Relatório de estabilidade financeira. Brasília, DF, BCB, vol. 11, nº 1 março de 2012. Disponível em www.bcb.gov.br

_____ Relatório de estabilidade financeira. Brasília, DF, BCB, setembro de 2011.

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Boletim de desempenho, AP/DE-ORÇ, Rio de Janeiro: BNDES, 31 de dezembro de 2011. Disponível em www.bndes.org.br

_____ BNDES modifica suas políticas operacionais. Notas, Sala de Imprensa, Rio de Janeiro: BNDES, 04/03/2011a. Disponível em www.bndes.org.br

_____ Programa BNDES PSI é prorrogado até o final de 2011 com novas taxas. Notas, Sala de Impren-sa, BNDES, 03/03/2011b. Disponível em www.bndes.org.br

_____ Novas medidas do BNDES reforçam o Plano Brasil Maior. Notas, Sala de Imprensa, BNDES, 02/08/2011c. Disponível em www.bndes.org.br

D’AMORIM, Sheila. BB e Caixa vão diminuir os juros para bons pagadores. Folha de S. Paulo, Mercado, 19 de março de 2012.

DURÃO, Vera S. Desembolso total do BNDES recua, mas cresce participação das microempresas. Valor Econômico, 22/06/2011.

FREITAS, M. Cristina. P. Estratégias concorrenciais e crédito bancário no Brasil no contexto pós-crise. Boletim de Economia, n. 6, São Paulo: Fundap, p. 19-40, agosto de 2011.

GOLDBERG, Simone. Cartão BNDES tem juro mais amistoso. Valor Econômico, 31/08/2011.

NAKAGAWA, Fernando. BB e Caixa podem cortar juro para menos de 2%. O Estado de S. Paulo, Economia&Negócios, 20 de março de 2012.

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ApêndIce

TaBela a1. crédiTodo sisTema financeiroao seTor Privado, Por ProPriedadedo caPiTale seGmenTo

(saldono finaldo Período)

crédito ao setor Privado - Pessoas Físicas1 crédito ao setor Privado - Pessoas Jurídicas2

volume (r$ milhões) variação real em 12 meses (%)3 Participação no total do sFn (%) em % do Pib inadimplência (%)4 volume (r$ milhões) variação real em 12 meses (%)3 Participação no total do sFn (%) em % do Pib inadimplência (%)4

sistema Financeiro Público5

dez./09 168.237 36,5 30,3 5,3 3,7 363.971 14,9 45,4 11,4 1,3

jun./10 195.078 30,2 32,0 5,7 3,3 390.577 14,4 45,6 11,4 1,2

dez./10 225.311 26,5 32,8 6,1 2,9 423.974 10,0 44,6 11,5 0,9

jun./11 258.543 24,2 34,2 6,6 2,9 444.633 6,7 44,0 11,4 0,9

dez./11 303.076 26,3 36,4 7,3 2,7 501.647 11,1 45,0 12,1 0,8

sistema Financeiro Privado nacional

dez./09 266.684 13,4 48,1 8,4 8,3 297.046 -3,8 37,1 9,3 3,2

jun./10 287.757 11,0 47,3 8,4 7,4 322.239 9,6 37,6 9,4 2,5

dez./10 323.998 14,7 47,1 8,8 6,6 369.010 17,3 38,8 10,0 2,3

jun./11 348.005 13,3 46,1 8,9 7,0 399.026 16,0 39,5 10,3 2,6

dez./11 368.929 6,9 44,3 8,9 7,8 423.896 7,9 38,0 10,2 3,0

sistema Financeiro estrangeiro

dez./09 119.410 4,9 21,5 3,7 8,8 139.983 -9,2 17,5 4,4 3,5

jun./10 125.913 7,1 20,7 3,7 7,6 143.292 -2,3 16,7 4,2 2,7

dez./10 138.671 9,7 20,2 3,8 6,6 157.146 6,0 16,5 4,3 2,0

jun./11 148.360 10,4 19,7 3,8 7,0 167.060 9,3 16,5 4,3 2,1

dez./11 161.550 9,4 19,4 3,9 7,4 189.233 13,1 17,0 4,6 2,2

total sistema Financeiro nacional

dez./09 554.331 17,4 100,0 17,4 6,5 801.000 2,8 100,0 25,1 2,4

jun./10 608.748 15,6 100,0 17,7 5,7 856.107 9,4 100,0 25,0 2,0

dez./10 687.981 17,2 100,0 18,7 5,0 950.130 12,0 100,0 25,9 1,7

jun./11 754.908 16,2 100,0 19,4 5,2 1.010.720 10,6 100,0 26,0 1,8

dez./11 833.555 13,8 100,0 20,1 5,5 1.114.775 10,2 100,0 27,0 1,9

Fonte: BCB. Série histórica de Empréstimos do Sistema Financeiro Nacional. 1. Inclui financiamento habitacional.

2. Soma das operações de crédito à indústria, setor rural, comércio e outros serviços. 3. Deflacionado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

4. Saldo das operações de crédito com atraso superior a 90 dias / Saldo total das operações de crédito. 5. Inclui bancos federais e estaduais, BNDES e agências estaduais de fomento.

Referências

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