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O Supremo. Invoque. Caros amigos,

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Academic year: 2021

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Caros amigos,

O Basant Panchami traz consigo o frescor da primavera e todas as possibilidades de mudança. Embora busquemos a mudança com empenho e otimismo, muitas vezes nossos esforços são insuficientes.

Talvez você tenha tomado uma resolução de Ano Novo para se levantar antes do amanhecer e completar sua oração e meditação antes do nascer do sol, mas descobre que agora, algumas semanas depois, o hábito ainda não foi estabelecido. Ou, talvez você tenha decidido parar de perder tempo e energia com a inútil navegação on-line, mas o hábito indesejado permanece. Você pode, às vezes, perguntar-se perplexo: “Por que eu falhei? O que estava faltando em mim? O que me impede de atingir meus objetivos? Por que não consigo evitar manifestações e tendências negativas, apesar do meu interesse em removê-las permanentemente?”

No decorrer de uma vida, muitas vezes ficamos atormentados pelas mesmas tendências e limitações que sempre nos perturbaram. Essa situação é

resumida na declaração atribuída a Duryodhana na grande história épica do Mahabharatha: “Eu sei o que é o dharma, mas não consigo permanecer nele.

Invoque

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Eu sei o que é adharma, mas não consigo evitá-lo.” Esse apelo ressalta uma dor familiar - a dor de estar preso a falhas e tendências, apesar do nosso desejo de superá-las e de nossos esforços para transcendê-las. Reflitamos sobre essa síndrome de Duryodhana, que é tão presente.

E há ainda a importância espiritual de superar as imperfeições de caráter. Os shastras falam da Divindade que reside no coração de todos os seres, mas até que ponto essa Divindade se manifesta e até que ponto ela permanece oculta? Quando está oculta, a afirmação “nossa natureza é divina” é mera filosofia. De fato, nosso Adi Guru, Lalaji Maharaj, escreve: “Se uma pessoa estabeleceu sua abordagem ao Dhruva Pad, mas ainda tem fraqueza de caráter, eu considero que ela ainda não alcançou a verdadeira joia.” Uma pessoa pode ser um santo, mas no momento em que se comporta mal, é simplesmente uma pessoa que se comporta mal e nada mais. Em um nível interno, sua natureza pode estar altamente

elevada; ela pode ter progredido bem no que diz respeito ao yatra, mas essa elevação espiritual não tem sentido naquele momento, devido a um único ato que é contrário ao seu status espiritual. É como adicionar uma gota de veneno a um copo de água pura – ela torna-se mortal. Em outras palavras, é o caráter que expressamos através de vários níveis de ação que realmente nos define.

À medida que progredimos, expandimos o espectro de possibilidades até que ele toque o Divino. Entretanto, no momento em que ocorre uma ação, quando nossa natureza interior é medida através da expressão exterior, nossa natureza indefinida colapsa e apenas a ação permanece - uma ação que revela um nível predominante de consciência. É isto que define nossa natureza.

À medida que progredimos, expandimos o espectro de possibilidades até que ele toque o Divino. Entretanto, no momento em que ocorre uma ação, quando nossa natureza

interior é medida através da expressão exterior, nossa natureza indefinida colapsa e apenas a ação permanece

- uma ação que revela um nível predominante de consciência. É isto que define nossa natureza.

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Isto faz lembrar a “interpretação de Copenhague”, uma forma de entender o comportamento quântico, proposta pelos físicos Niels Bohr e Werner

Heisenberg. A interpretação de Copenhague postula que um sistema não tem nenhuma propriedade definida antes de ser medido, quando só há resultados prováveis. No momento da medição, entretanto, todos esses resultados prováveis colapsam em uma única realidade.

Isto evidencia o imenso significado do caráter na vida espiritual de uma pessoa. Em certos momentos críticos, nossa natureza indefinida se cristaliza em um caráter. Caso contrário, os testes dados a nós pelos Anciãos (quer estejamos ou não cientes deles) não teriam nenhum propósito. Portanto, nosso destino espiritual depende de nossa capacidade de superar nossas tendências profundamente arraigadas. De certa forma, o parâmetro para medir nossa

consciência em constante evolução é a medida exata da nossa capacidade natural de dominar as tendências.

Muitas vezes, nossos esforços de autotransformação apenas apertam os fios da rede de complexidades a que estamos presos. Enquanto tentamos nos libertar das tendências, acabamos nos envolvendo mais com elas, tornando-as mais fortes. É como se os nossos próprios esforços para nos libertarmos se tornassem partes da própria tendência. Assim como a frase atribuída a Albert Einstein: “Não podemos resolver nossos problemas com o mesmo pensamento utilizado para criá-los,” quando tentamos remover tendências insidiosas, nossos esforços são muitas vezes insuficientes e também contraproducentes. Uma ajuda mais elevada é necessária.

A técnica de Limpeza oferecida por nossos Mestres é sem precedentes em sua eficácia para remover a causa raiz de nossas tendências, os samskaras que se acumulam em nosso corpo sutil. Mas não é tão eficiente na remoção dos padrões habituais de pensamentos e tendências de comportamento que surgiram

Nosso destino espiritual depende de nossa capacidade de superar nossas tendências profundamente arraigadas. De certa forma, o parâmetro para medir nossa consciência em

constante evolução é a medida exata da nossa capacidade natural de dominar as tendências.

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a partir desses samskaras. Os samskaras são como as poderosas correntes de um rio, no qual até o nadador mais forte pode ser levado para longe. Elas podem, com seu puxa e empurra, desviar do caminho quase todo buscador. Sua remoção é vital e nós a realizamos com a nossa própria prática diária de Limpeza, bem como através de sessões de meditação com um treinador certificado ou com o Mestre. No entanto, mesmo quando removemos o fluxo dos samskaras de um rio, seu leito permanece. Se a água corrente representa os samskaras, o leito do rio simboliza os hábitos e tendências.

O leito seco de um rio parece inofensivo, não consegue nos varrer, nos levar em qualquer direção; é simplesmente um canal vazio. É por isso que depois de praticar a Limpeza, as tendências parecem estar inativas. E ainda assim esse leito de rio existe dentro de nós. Em outras palavras, as tendências podem permanecer, apesar de toda nossa Limpeza. Então, o que acontece quando chove? A água segue mais uma vez o mesmo leito do rio e os samskaras recomeçam a nos incomodar novamente.

O que é esta “chuva” que reanima um samskara, trazendo-o de volta à existência? A “chuva” representa nosso ambiente e circunstâncias externas. Quando estamos expostos a certas influências, de natureza semelhante àquelas que criaram o samskara em primeiro lugar, a tendência adormecida nos impulsiona a reagir de uma maneira que recria o velho samskara, mesmo que ele já tenha sido removido. Portanto, o efeito da Limpeza é impermanente, pois as tendências e hábitos não são destruídos. É por isso que as tendências continuam mostrando sua cara ao longo da nossa vida, nos chocando em momentos em que

pensávamos que elas já estariam transcendidas. Esta é a natureza persistente das tendências e é por isso que Babuji disse que devemos “nivelar o leito do rio”. Como buscadores, nosso objetivo é permanecer conectados com o Centro. Aqueles que estão orientados para o periférico, geralmente não se incomodam com as suas falhas e não sentem necessidade de mudar. Mesmo que façam resoluções, eles as fazem apenas da boca para fora, sem qualquer intenção de mudar. Estas não são resoluções verdadeiras, são mais como pensamentos passageiros, sem reflexão, facilmente esquecidos: “De agora em diante, vou fazer minha limpeza da noite,” mas depois essa intenção se vai.

As resoluções feitas a partir de um nível tão superficial mal abalam as

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mais comum porque as resoluções não são bem-sucedidas. Pode uma rocha ser removida utilizando-se uma folha de relva? Só quando usamos toda nossa força para empurrar essa rocha é que sentimos o quão resistente ela é. Aquele que permanece distante do Centro, identificado apenas com o periférico, não enfrenta a luta interior; não tenta remover as rochas de samskaras e as tendências de seu caminho. Com esta falta de empenho, ele nem percebe a dificuldade de mudar.

O guerreiro espiritual comprometido, que luta contra suas próprias imperfeições, logo percebe quão inútil é adotar uma abordagem tão enérgica. A força de

vontade individual é um poder limitado, pois deriva de manas (mente) e do fator restritivo de ahankar (ego). Na maioria das circunstâncias, a vontade é aplicada a partir desta dimensão mental, e assim sua ação permanece lá, sem jamais ir além da dimensão emocional - o campo do coração, onde nossas tendências ganham força.

Exercitar a força de vontade representa uma abordagem insistente. Insistência significa imposição. Forçar a vontade a impor mudanças é um tipo de violência. Por exemplo, o que acontece quando você utiliza a força para produzir mudanças em outra pessoa? Você só cria resistência. Mesmo que a pessoa satisfaça seus desejos, ela está apenas no nível da superfície. Seus esforços não produzem a verdadeira mudança.

Uma abordagem muito melhor é conseguir a cooperação voluntária. Você pode pedir educadamente: “Por favor, faça isto.” Ou, como Pujya Babuji, você pode ser bastante indireto sobre isso, e dizer: “Seria maravilhoso se isso fosse feito.” Tal abordagem cria ainda menos ondulações. A abordagem mais sutil, no entanto, não é dizer uma palavra, mas sim rezar e silenciosamente sugerir: “Que isso aconteça assim.” Formar uma vontade tão sutil e depois submeter em oração essa vontade sutil ao Senhor, sem qualquer apego e insistência, é de longe o tipo mais potente de sugestão. O resultado pode aparecer depois de muito tempo, mas

Como buscadores, nosso objetivo é permanecer conectados com o Centro.

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quando finalmente chega, a mudança é real e permanente. É como plantar um bulbo holandês no solo: Ele brota somente após seis meses, mas quando floresce é tão bonito! O segredo está em estar orientado para o Centro, abandonando o periférico e invocando o Supremo.

A recordação constante é a base. Não é um mero exercício mental, como muitos erroneamente o entendem. As pessoas frequentemente leem o capítulo “Recordação Constante” do livro Realidade ao Amanhecer e o interpretam como se devessem começar a se lembrar mentalmente do Mestre. Pensam nele esperando que este pensamento se torne permanente. Mas, na verdade, o que Babuji fala é que devemos passar desse ato inicial de lembrar do Mestre para um estado muito mais profundo de sentir sua presença o tempo todo. Na verdade, quando você se lembra realmente dele, ele já está ao seu lado. Não! Ele já está dentro de você!

Pensar constantemente em qualquer coisa é um fardo - um peso é sempre um peso, seja ferro ou ouro. Será que a recordação constante deveria ser um fardo? Nesse caso, torna-se uma penitência, um castigo, algo sem alegria; e se é sem alegria, é também sem vida e sem amor. Se essa recordação não cria amor, ela é inútil.

A semente da recordação constante é a meditação bem feita. Como a meditação nos leva do pensamento ao sentimento, nós sentimos, apreciamos e desfrutamos das nuances de cada condição que recebemos. Quando esta apreciação se

transforma e se torna plena de gratidão, ela cria vínculo e ressonância com o Doador. A posição de devoto é assim estabelecida em um buscador, marcando o verdadeiro início da recordação.

A semente da recordação constante é a meditação bem feita. Como a meditação nos leva do pensamento ao sentimento, nós sentimos, apreciamos e desfrutamos das nuances de cada condição que recebemos. Quando esta apreciação se transforma

e se torna plena de gratidão, ela cria vínculo e ressonância com o Doador. A posição de devoto é assim estabelecida em um

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Babuji escreveu que um devoto “tem a liberdade de submeter humildemente ao Mestre qualquer coisa que ele queira”. Isso implica em uma parceria entre o Mestre e o devoto. Simplesmente ter um Mestre não é suficiente para nos livrarmos de nossas tendências; também temos um papel a desempenhar nesse processo. O primeiro passo é tomar consciência das tendências interiores que carregamos. Enquanto não estiver consciente delas, será que você é capaz de colocá-las diante do Mestre? Isso não é possível. Conhecer nossas tendências surge a partir do nosso interesse em nos purificarmos e após suficiente prática de Limpeza. É a limpeza dos samskaras que revela as tendências, assim como a remoção da água revela o leito do rio.

Ao longo dos anos, tenho observado que os buscadores que progridem mais rapidamente são aqueles altamente conscientes de suas falhas. Quando você diagnostica um problema em si mesmo, a solução nunca está longe, contanto que sua atitude também seja correta. Uma mente reativa certamente pode ver o problema, mas permanece enredada nele, enquanto uma mente que reside no estado de saranagati simplesmente submete a tendência ao Senhor, em total humildade e sem exigências ou desespero. Há apenas o sentimento de: “Por favor, que seja feita a Tua vontade!” É somente em tais momentos de submissão total que o poder divino pode fluir em nós e negar nossas tendências mais profundas. Esta atitude é chamada de “morto-vivo”.

Babuji disse: “Viaje leve”, como o peregrino que entrega sua pesada bagagem, confiando-a aos cuidados do guarda do trem. Continuar nossa viagem com uma carga pesada é impossível, além de não estar dentro da nossa capacidade removê-la. A única solução, portanto, é confiá-la ao Mestre e aproveitar a viagem livre de peso.

Com amor e respeito,

Kamlesh Patel

Por Ocasião do 148

°

Aniversário de Nascimento de

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