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Prática Processual Civil I 3 de Março 2010

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Prática Processual Civil I

3 de Março 2010

Leia com atenção os textos que seguem e responda de maneira clara e concisa às questões que vão colocadas, fundamentando sempre as respostas que der nos textos, e também nos preceitos legais aplicáveis, os quais deverá sempre citar.

António, viúvo, residente na Rua do Mercado, 12, em Matosinhos, tendo a pretensão de intentar na comarca do Porto uma acção ordinária contra a Companhia de Seguros Prudente, SA., com sede em Angra do Heroísmo, desta exigindo uma indemnização de € 250.000,00 pelos danos patrimoniais e não patrimoniais que sofreu em consequência de acidente de viação no qual foi embatido, quando conduzia o seu automóvel, por veículo pesado cujo proprietário tinha seguro idóneo nessa seguradora, requereu previamente apoio judiciário na modalidade de dispensa de pagamentos de encargos. Fez entrega da petição na Secretaria Judicial respectiva que acompanhar de duplicado do seu requerimento de apoio judiciário. Mais tarde, já no decurso da causa, António foi notificado de decisão que lhe indeferiu a concessão do apoio judiciário que requerera.

a) – Podia António entregar a petição da acção nas referidas condições e vê-la aceite pela Secretaria? Em que condições? - 1 v.

b) – António poderá reagir contra a decisão de indeferimento? - 1 v.

c) – Que outros cuidados deverá António observar em consequência do aludido indeferimento? - 1 v.

A acção foi proposta em 9 de Dezembro de 2009 e o respectivo processo corre termos na 2ª Vara Cíve1, 1ª Secção, do Porto, com o nº. 3256/09.1TVPRT. António contacta-o agora e significa-lhe que Rafael da Costa, casado, morador na Rua de Cedofeita, 22-4º, Porto, é pessoa que assistiu ao acidente do qual ele, António, foi vítima, irá indicá-lo, por isso, como testemunha, mas ele já conta 87 anos e vai ser operado ao coração em Abril de 2010.

d) – Como Advogado de António, tomaria alguma iniciativa perante o referido quadro? Qual e como? - 1 v.

e) – Redija o que requereria. - 4 v.

A ré foi citada na pessoa de um funcionário de empresa de segurança, Manuel, contratada pela ré e que se disponibilizou para entregar a documentação à aludida seguradora. Ele assinou o Aviso de Recepção em 14 do referido mês de Dezembro.

f) – Em que dia terminou o prazo para apresentação de contestação? - 1 v.

Parta do princípio de que, na referida audiência, o Juiz iria procurar a conciliação das partes, definir a matéria de facto assente e organizar a base instrutória, e apresentação de meios de prova.

g) – Quem iria ser notificado para a ela comparecer? - 1 v.

h) – Não compareceu a ela o Advogado da ré mas enviou fax a comunicar que está doente. Que aconteceria? - 2 v.

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Discutida a causa e feita a prova, veio a ser proferida sentença que concluiu

por julgar a acção parcialmente procedente e condenou a ré no pagamento ao

autor da indemnização de € 248.000,00. A Companhia de Seguros Prudente, SA.

recorreu da sentença.

i) - Poderá António também dela recorrer? Como e em que prazo? - 2 v.

GRELHA

a) – António só poderia apresentar a petição nas condições referidas, e vê-la aceite pela secretaria se tivesse justificado a apresentação nessas condições em urgência ou se do duplicado do requerimento se concluísse por se ter formado deferimento tácito da pretensão (Lei nº. 34/04, de 29 de Julho, art. 29º-2; CPC, art. 467º-5). – 1 v.

b)- António poderá impugnar judicialmente a decisão no prazo de 15 dias a contar da notificação que lhe foi feita da decisão de indeferimento (idem, arts. 26º-2 e 27º-2). – 1 v.

c) – Deve, em 10 dias, pagar as importâncias de cujo pagamento estava provisoriamente dispensado, com a cominação a que se refere o art. 467º-5 do CPC (ibidem, arts. 24º-3 e 29º-6-c) – 1 v.

d) – Deverá requerer o depoimento antecipado da pessoa em causa nos termos do art. 520º e 521º-1 do CPC, por requerimento nos autos no qual justificará sumariamente a necessidade dessa antecipação, identificará essa pessoa e concretizará com precisão os factos sobre os quais o depoimento dela recairá - 1 v. e) –

Exmº. Senhor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível

1ª Secção – Pº. nº. 3.256/09.1TVPRT PORTO

António, A. na acção ordinária em que é ré a Companhia de Seguros Prudente, SA., vem expor e requerer a V. Excª. o seguinte ao abrigo do preceituado nos arts. 520º e 521º-1 do CPC:

1. O requerente irá oportunamente indicar como sua testemunha, F (identificação).

2. Acontece que essa pessoa é já de idade avançada: conta 87 anos pois que nasceu em ... (Doc. nº. 1). Além disso,

3. está seriamente doente, com insuficiência cardíaca (Doc. nº. 2), razão por que 4. vai ser sujeita a intervenção cirúrgica ao coração no próximo mês de Abril, que, designadamente pela sua referida idade, é de alto risco.

5. O requerente tem, pois, fundado receio de que se venha a tornar impossível ouvir tal testemunha se se tiver de aguardar pela realização da audiência final para nela ela prestar o depoimento.

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6. A testemunha em causa deverá depor sobre as seguintes matérias de facto: a) – enumerar quesitos da base instrutória, se já a houver, ou

b) – enumerar artigos de articulados, se a base instrutória ainda não tiver sido elaborada.

Termos em que, pelos fundamentos expostos requer que, pronunciando-se a ré, se digne deferir ao ora requerido depoimento antecipado da testemunha que se identificou em 1., quanto às matérias enumeradas em 6., designando dia e hora para tal diligência e seguindo-se os demais termos.

JUNTA – 2 documentos, suas cópias e duplicado (se não for apresentado pelo “citius”), documento comprovativo de que procedeu à notificação deste requerimento à ré na pessoa do seu Mandatário e comprovante do pagamento da taxa de justiça (Reg. art. 7º-3 e 6).

TESTEMUNHAS: 1ª - ... 2ª - ... 3ª - ...

O ADVOGADO – 4 v.

f)- "O prazo para contestar é de 30 dias (CPC, art. 486º-1). Acresce apenas a dilação a que se refere o art. 252º-A-2, ou seja de 15 dias (citação em Região Autónoma, correndo a causa no Porto). Não há lugar à dilação a que se refere o citado artigo em 1-a), por força do que dispõe o art. 236º-2 CPC. No entanto, aceitar-se-á resposta que contemple esta dilação, quer por haver alguma controvérsia em torno do assunto, quer porque o que importa sobretudo neste item é ver se o candidato sabe como se conta o prazo. Este corre seguido, mas suspende a contagem em férias (art. 144º-1 e, aqui, incorrem as férias do Natal, que vão de 22 de Dezembro de 2009 a 3 de Janeiro de 2010 (Lei 3/99, art. 12º). O prazo termina, pois, ou em 10 ou em 15 de Fevereiro. - 1 v."

g) – Teriam de ser notificados, pela secretaria, os Advogados das partes e também as próprias partes ou seu legal representante, se não estivesse já nos autos instrumento de mandato conferindo a Advogado poderes especiais para transigir (CPC, art. 509º-2) - 1 v.

h) – A audiência não seria adiada, pelo que se realizaria apesar disso, mas a ré poderá apresentar, no prazo de 5 dias, o requerimento de prova e requerer a gravação da audiência final ou a intervenção do tribunal colectivo (CPC, art. 508ª-A-4) – 2 v. i) – António poderia recorrer em recurso subordinado (CPC, arts. 678º-1 e 682º-1, 2 e 5, última parte). Este recurso teria de ser interposto no prazo de 30 dias (art. 685º-1) a contar da notificação que lhe fosse feita da interposição de recurso pela ré. - 2 v.

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EXAME DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL II 3 de Março de 2010

1.

No exercício da sua actividade comercial, a sociedade ABC, S.A., com sede no Porto, forneceu a Augusto Brito diversas mercadorias no valor global de € 80.000,00, que este destinou ao comércio no seu estabelecimento comercial de papelaria, sito em Braga.

Não tendo as respectivas facturas sido pagas na data do vencimento, que ocorreu a 16 de Setembro de 2009, imagine que foi procurado pela sociedade ABC, S.A. que lhe pediu que procedesse à cobrança do capital em dívida e juros de mora.

Para esse efeito, requereu em nome dessa sua cliente, no dia 4 de Novembro de 2009, no Balcão Nacional de Injunções, procedimento de injunção contra Augusto Brito, com o valor de € 80.900,00, ao qual veio a ser aposta a fórmula executória no dia 3 de Dezembro de 2009, uma vez que o Requerido, regularmente notificado, não deduziu oposição.

Apesar disso, Augusto Brito, casado com Clara sob o regime da comunhão de adquiridos, não pagou a quantia em dívida até à presente data.

1.1. Indique qual a via judicial adequada à defesa dos interesses da sua cliente e o Tribunal competente e como apuraria o valor do pedido. (1,25 valor)

1.2. Suponha agora que a sua cliente o informou que tinha conhecimento de que Clara era proprietária exclusiva de um apartamento no Algarve, onde Augusto e Clara habitualmente passam as suas férias. Diga se esse facto poderá assumir alguma relevância na elaboração do requerimento inicial, justificando a resposta. (1,00 valor)

1.3. Admita que Augusto veio deduzir oposição à execução, invocando que parte dos produtos fornecidos pela sociedade ABC, S.A. apresentava diversos defeitos, pelo que não conseguiu proceder à sua venda e redija a peça processual adequada à defesa dos interesses da sua cliente, apreciando o fundamento da oposição. (2,25 valores)

2.

António prometeu vender a Belarmino o seu prédio sito na Rua do Tronco, nº 19, no Porto, tendo-lhe entregue, no acto de assinatura do contrato-promessa, a respectiva chave para que o fosse habitando.

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Na data aprazada para a celebração do contrato definitivo, António não compareceu, pelo que Belarmino interpelou-o, por escrito, para o cumprimento do contrato fixando um prazo razoável para esse efeito, após o que, na ausência de resposta por parte de António, declarou a resolução do contrato-promessa e solicitou a António o pagamento da quantia de € 100.000,00 (cem mil euros), a título de devolução do sinal em dobro. António não deu, uma vez mais, qualquer resposta.

Quando se preparava para instaurar a competente acção declarativa, Belarmino viu afixar na porta do prédio prometido vender um edital anunciando que, em execução movida por Carolina contra António, iria ser vendido esse prédio em que ainda habitava.

Suponha que era procurado por Belarmino e aconselhe-o justificadamente sobre qual o procedimento a seguir. (1,50 valor)

EXAME DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL II 3 de Março de 2010

GRELHA DE CORRECÇÃO

1.1. O requerimento de injunção no qual tenha sido aposta a fórmula executória é título executivo nos termos da al. d) do nº1 do artº 46º do C.P.C., pelo que a via judicial adequada é uma acção executiva para pagamento de quantia certa que segue a forma comum (artºs 45º, nº 2 e 810º e segs do C.P.C. e 13º, nº 1 c) e 21º do Regime Anexo ao DL 269/98 de 1 de Setembro). (0,25 v)

O Tribunal competente é o Tribunal de Braga por ser o tribunal do domicílio do Executado (artº 94º, nº1, 1ª parte do C.P.C.). Uma vez que em Braga não há juízos de execução (cfr. artº 102º-A da L.O.F.T.J.) e tendo em conta que o valor da execução é superior à alçada do Tribunal da Relação (actualmente fixada em € 30.000,00 – artº 24º da LOFTJ- Lei 3/99, de 13 de Janeiro), seriam competentes as Varas de Competência Mista de Braga (Varas com competência cível), nos termos do artº 97º, nº 1, b) do C.P.C. (0,25 v)

Quanto ao valor do pedido, a execução tem como limites as importâncias a que se refere a alínea d) do artigo 13.º do Regime Anexo ao DL 269/98, de 1 de Setembro

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(artº 21º, nº 2 do mesmo diploma), pelo que temos de atender ao capital em dívida, aos juros de mora entretanto vencidos e aos juros de 5% ao ano previstos no referido artº 13º.

Desta forma, o pedido incluiria os seguintes valores:

- € 80.900,00 (valor líquido, correspondente ao capital, juros de mora calculados até á data da instauração do procedimento de injunção e taxa de justiça);

- juros de mora à taxa aplicável aos créditos de que são titulares empresas comerciais, fixada para o 2º semestre de 2009 e para o 1º semestre de 2010 em 8%, calculados sobre o capital (€ 80.000,00) desde a data da apresentação do requerimento de injunção (04-11-2009) até à data da instauração da execução (03-03-2010) – artº 13º, nº1 d) do Regime Anexo ao DL 269/98)

- juros de 5% ao ano sobre € 80.900,00 desde a data da aposição da fórmula executória( 03-12-2009) até à data da instauração da execução (03-03-2010). (0,75 v)

1.2. O bem em causa é um bem próprio de Clara, casada com Augusto sob o regime da comunhão de adquiridos (artº 1722º do Código Civil), em princípio não sujeito a esta execução.

No entanto se for alegada pela Exequente a comunicabilidade da dívida por ter sido contraída por Augusto no exercício do comércio (artº 1691º, nº 1 d) do Código Civil) a dívida poderá vir a ser considerada comum (caso Clara não requeira a separação de bens ou apresente certidão comprovativa de estar pendente acção destinada a esse fim), prosseguindo a execução não só contra Augusto, mas também contra Clara, podendo os bens próprios desta – entre os quais o referido prédio – ser subsidiariamente penhorados (artº 825º, nºs 2, 3 e 4 do C.P.C.).

Daí que a sociedade ABC, S.A. deveria alegar, fundadamente, no requerimento executivo a comunicabilidade da dívida em causa. (1,00 v)

1.3. O objectivo desta questão consiste na elaboração do articulado de Contestação da Oposição à Execução, com vista à sua improcedência, em virtude de o fundamento não se ajustar ao disposto no artº 814º do C.P.C..

Deverá ser valorizada ainda a formulação do pedido de improcedência da oposição e a junção do documento comprovativo do pagamento da taxa de justiça devida.

(2,25 v)

2. O credor que goze de garantia real sobre os bens penhorados pode reclamar, pelo produto destes, o pagamento dos respectivos créditos (artº 865º nº 1 do C.P.C.).

(7)

Belarmino, que é beneficiário da promessa de venda e obteve a tradição do prédio a que se referia o contrato prometido, goza do direito de retenção sobre esse prédio pelo crédito resultante do não cumprimento imputável ao promitente vendedor (crédito equivalente ao dobro do sinal entregue), nos termos dos artºs 754º, 755º, nº 1 f), 759º e 442º, nº 2 do Código Civil, dispondo assim de uma garantia real e podendo, por isso, reclamar espontaneamente o seu crédito na execução instaurada por Clara contra António até à transmissão dos bens penhorados (artº 865º, nº 3 do C.P.C.).

Contudo, não estando Belarmino ainda munido de título exequível pode requerer, dentro do prazo facultado para a reclamação de créditos, que a graduação dos créditos, relativamente ao prédio abrangido pela sua garantia, aguarde pela obtenção do título em falta: sentença na acção declarativa.

E se António, notificado desse requerimento, negar a existência do crédito, Belarmino deve instaurar a acção declarativa contra António e Carolina, juntar certidão dessa pendência na acção executiva, em 20 dias e, obtida sentença favorável, aí reclamar o seu crédito de € 100.000,00 Euros, juntando, ainda, em 15 dias após o trânsito em julgado da acção declarativa, certidão da sentença obtida (artº 869º, nºs 1 a 5 e 7, als. a) e c) do CPC). (1,50 v)

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